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A prática do Ecodesign na a do Ecodesign nas Novas Percep ...

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www.periodicodeturismo.com.br<br />

A <strong>prática</strong> a <strong>do</strong> <strong>Ecodesign</strong> <strong>na</strong>s <strong>Novas</strong> <strong>Percep</strong> <strong>Percep</strong>ções de<br />

Consumo.<br />

Jaqueline de Oliveira Monteiro *<br />

Jéssica de Oliveira Monteiro **<br />

www.globaltc.com.br<br />

* Bacharel em Turismo pela<br />

Universidade Federal Fluminense (UFF)<br />

E-mail: jackmonteiro28@yahoo.com.br,<br />

cikka18@yahoo.com.br<br />

** Bacharel em Turismo pela<br />

Universidade Federal Fluminense (UFF)<br />

E-mail: cikka18@yahoo.com.br<br />

ISSN: 1808-558X<br />

Resumo: O presente artigo aborda a inserção <strong>do</strong> <strong>Ecodesign</strong> codesign <strong>na</strong>s mudanças das relações de<br />

produção e consumo ao longo <strong>do</strong>s anos, exemplifican<strong>do</strong> a sua <strong>prática</strong>, ainda que incipiente,<br />

em um município <strong>do</strong> interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Para o embasamento <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>,<br />

foram realizadas pesquisas a fontes bibliográficas e eletrônicas e entrevistas semiestruturadas a<br />

profissio<strong>na</strong>is da área de artesa<strong>na</strong>to. Propõe Propõe-se, se, então, uma análise acerca dessa nova<br />

tendência pautada <strong>na</strong> sustentabilidade e <strong>na</strong> consciê consciência ncia socioambiental.<br />

Palavras--chave:<br />

<strong>Ecodesign</strong>, Sustentabilidade, Produção, Consumo.<br />

Abstract: This article approaches the integration of ecodesign in the changing relations of<br />

production and consumption over the years, an example of the practice, still in its incipient, in the<br />

country of Rio de Janeiro state. For this study, field researches were aaccomplished<br />

and of cabinet<br />

from interviews with professio<strong>na</strong>ls in the area of crafts and literature electronic material. Then, it<br />

proposes an a<strong>na</strong>lysis on this new trend on the sustai<strong>na</strong>bility and social and environmental<br />

awareness.<br />

Keywords: <strong>Ecodesign</strong>, Sustai<strong>na</strong>bility, Production, Consumption.<br />

Revista Global Tourism<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

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ISSN: 1808 1808-558X<br />

Introdução<br />

A mudança de percepção quanto às <strong>prática</strong>s<br />

sustentáveis vem adquirin<strong>do</strong> relevância ao<br />

longo <strong>do</strong>s anos devi<strong>do</strong> à preocupação com<br />

os grandes impactos da exploração huma<strong>na</strong><br />

sobre o meio ambiente, fruto de uma <strong>prática</strong><br />

capitalista e que se intensificou com a<br />

Revolução Industrial.<br />

Nessa vertente, ertente, houve a necessidade de se<br />

criar mecanismos para minimizar essa<br />

tendência de exploração inconseqüente <strong>do</strong>s<br />

recursos como se to<strong>do</strong>s fossem renováveis.<br />

Surgem, então, as noções de<br />

“ecologicamente correto” que adquirem um<br />

valor diferente, implican<strong>do</strong> em uma demanda<br />

consciente, adepta às atividades de cunho<br />

sustentável.<br />

“Desta forma o uso <strong>do</strong> ecodesign gráfico por<br />

entidades ambientais pode contribuir para a<br />

quantificação e caracterização <strong>do</strong>s processos<br />

e produtos gera<strong>do</strong>s que minimizem ou mesmo<br />

eliminem a po poluição ambiental” (BRAUN;<br />

GOMEZ, 2007, p.2).<br />

Sen<strong>do</strong> assim, o ecodesign aparece como um<br />

meio de inserção de uma <strong>prática</strong><br />

preservacionista em sua estrutura nortea<strong>do</strong><br />

por princípios que remetem ao perfil de um<br />

público ávi<strong>do</strong> por questões socioambientais.<br />

Este estu<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> objetiva denotar a importância <strong>do</strong><br />

ecodesign nesse processo de mudança de<br />

paradigmas e retratar essa atividade ainda<br />

que incipiente, <strong>na</strong> localidade de Barra <strong>do</strong><br />

Fura<strong>do</strong>, pertencente ao município de<br />

Quissamã, interior <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro.<br />

Para isto isto, foram realizadas pesquisas<br />

bibliográficas e eletrônicas referentes ao tema<br />

proposto e pesquisa de campo com<br />

entrevistas a profissio<strong>na</strong>is da área,<br />

especialistas em artesa<strong>na</strong>to de fibras <strong>na</strong>turais<br />

como taboa, junco, dentre outros.<br />

Breve reve histórico sobre prod produção e<br />

consumo<br />

No perío<strong>do</strong> feudal a produção para o<br />

consumo era elaborada de forma rudimentar,<br />

cujos produtos confeccio<strong>na</strong><strong>do</strong>s por artesãos<br />

estavam desti<strong>na</strong><strong>do</strong>s a suprir uma necessidade<br />

imediatista, atenden<strong>do</strong> a um público quan<strong>do</strong><br />

fosse solicita<strong>do</strong> sem a intenção de<br />

armaze<strong>na</strong>mento.<br />

A Igreja Católica exercia o seu <strong>do</strong>mínio sobre<br />

a economia, repudian<strong>do</strong> o lucro e autoafirman<strong>do</strong><br />

a concepção de preço preço-justo,<br />

retrain<strong>do</strong> assim, um possível estímulo<br />

econômico.<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

Com a mudança nos paradigmas religiosos,<br />

através da reforma prot protestante no século<br />

XVI, não era mais atribuí<strong>do</strong> ao lucro o<br />

simbolismo <strong>do</strong> peca<strong>do</strong>, pelo contrário, o<br />

si<strong>na</strong>l de riqueza denotava a pessoa um<br />

status de relevância perante Deus.<br />

A modernidade e a Revolução Industrial<br />

provocaram mudanças significativas <strong>na</strong>s<br />

sociedades. es. Com os avanços das ciências e<br />

da tecnologia, o homem liberou liberou-se <strong>do</strong><br />

agra<strong>do</strong> e quebrou barreiras entre o sacro e<br />

o profano (ROJEK, 1993).<br />

Sem o entrave religioso que conde<strong>na</strong>va o<br />

lucro, o desenvolvimento <strong>do</strong> comércio<br />

alavancou, buscan<strong>do</strong> de forma voraz<br />

alcançar o tempo perdi<strong>do</strong>.<br />

A chegada da Revolução Industrial<br />

ocorrida <strong>na</strong> Inglaterra no século XVIII<br />

impulsionou o comércio por intermédio de<br />

novas tecnologias advindas das máqui<strong>na</strong>s<br />

de vapor, <strong>do</strong> aço e da energia elétrica, que<br />

elaboravam com uma agilidade nu nunca<br />

pós-vislumbrada, vislumbrada, produtos em larga escala<br />

com o intuito de estocagem.<br />

Para Krippen<strong>do</strong>rf (2003, p. 29) “foi o<br />

progresso científico e técnico que lançou a<br />

sociedade industrial moder<strong>na</strong> nessa<br />

trajetória. Ele pôs em marcha a<br />

industrialização da economia. Abriu a porta<br />

à produção de massa e à troca de bens em<br />

âmbito mundial [...]”.<br />

Críticas começam a surgir através <strong>do</strong>s<br />

recursos midiáticos que expunham em seus<br />

meios de comunicação como jor<strong>na</strong>is e<br />

televisões, a exploração trabalhista imposta<br />

pela ditadura ind industrial. Sua performance<br />

trabalhista era vivenciada pelo ator Charles<br />

Chaplin que, no filme, Tempos Modernos,<br />

mostrava de maneira satírica a pressão<br />

exercida pelos trabalha<strong>do</strong>res que eram<br />

vistos como meras máqui<strong>na</strong>s.<br />

Em outra ótica, o milagre produtivo<br />

alcança<strong>do</strong> nça<strong>do</strong> pela tecnologia também não<br />

mensura a utilização consciente <strong>do</strong>s<br />

recursos <strong>na</strong>turais e tampouco se preocupa<br />

com o destino da produção fi<strong>na</strong>l, os<br />

resíduos utiliza<strong>do</strong>s para a sua elaboração e<br />

a energia empregada para o seu processo.<br />

No livro De Masi (1999, ppg.<br />

27):<br />

Segun<strong>do</strong> sua teoria - amplamente<br />

aceita pelos economistas no início<br />

<strong>do</strong>s anos 60 - Rostow afirma que,<br />

depois da fase de decolagem em<br />

uma época de consumo de massa<br />

e depois em uma abundância que<br />

vai além <strong>do</strong> próprio consumo. Mais<br />

tarde, sobretu<strong>do</strong> em<br />

co consequência da crise petrolífera<br />

(1973), esta confiança em um<br />

bem bem- estar que cresce ao infinito<br />

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ISSN: 1808 1808-558X<br />

cederá o lugar a um me<strong>do</strong> difundi<strong>do</strong><br />

da iminência <strong>do</strong>s efeitos regressivos<br />

pelos limites <strong>do</strong> desenvolvimento.<br />

Nessa vertente de evolução capitalista o ciclo<br />

<strong>do</strong> crescimento demonstra o consumo voraz<br />

por novas tecnologias e recursos, de forma a<br />

alimentar o sistema econômico que em sua<br />

análise cíclica capitalista consome mais<br />

produção, que consequentemente<br />

proporcio proporcio<strong>na</strong> mais trabalho, geran<strong>do</strong> mais<br />

receitas, permitin<strong>do</strong> assim, mais consumo e<br />

necessitan<strong>do</strong> de uma maior produção. Esse<br />

círculo vicioso não pondera a fragilidade <strong>do</strong><br />

universo ambiental em conjunto com seus<br />

recursos <strong>na</strong>turais não renováveis, porém<br />

denota um consum consumo exacerba<strong>do</strong> de<br />

produção, que desconhece barreiras que<br />

detenham o seu crescimento (KRIPPENDORF,<br />

2003).<br />

Figura 11:<br />

Ciclo <strong>do</strong> crescimento<br />

Fonte Fonte: KRIPPENDORF, 2003.<br />

Como observa o autor supracita<strong>do</strong> (2003, p.<br />

31):<br />

O sistema da sociedade industrial,<br />

cujo funcio<strong>na</strong>mento foi tão perfeito<br />

durante um longo perío<strong>do</strong>, ameaça<br />

degenerar num círculo vicioso. O<br />

círculo mágico de outrora tor<strong>na</strong> tor<strong>na</strong>-se<br />

uma serpente de duas cabeças.<br />

Uma das cabeças devora os<br />

recursos <strong>na</strong>turais sob a form forma de<br />

matérias matérias-primas e energia. A outra já<br />

começou a engolir o próprio rabo.<br />

Esta serpente devolve uma<br />

montanha crescente de detritos:<br />

matérias e energias que não podem<br />

ser recicladas, e que deixam de<br />

servir novamente de alimento à<br />

primeira cabeça da serpe serpente. Tratase<br />

de uma perda de substância que<br />

constitui um golpe tremen<strong>do</strong> contra<br />

o meio ambiente. A isso opõem as<br />

novas tecnologias, que poderiam<br />

reduzir os efeitos nefastos sobre a<br />

ecologia e afastar o perigo. Porém,<br />

para dispor <strong>do</strong>s meios necessários,<br />

seri seria mais <strong>do</strong> que nunca<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

indispensável que a economia<br />

continuasse a crescer. Assim, pois,<br />

o crescimento vai servi servi-nos para<br />

pagar seus próprios custos.<br />

Nesses meandros econômicos a<br />

padronização e a cadeia produtiva <strong>do</strong>s<br />

produtos começam a ser questio<strong>na</strong>das pelo<br />

público úblico consumi<strong>do</strong>r que muda sua<br />

percepção de consumo pelas múltiplas<br />

ofertas disponíveis, o que é evidencia<strong>do</strong><br />

após a Segunda Guerra Mundial.<br />

Na ótica de Trigo( 2003, p. 15):<br />

Essas definições estão<br />

relacio<strong>na</strong>das com o tempo livre <strong>do</strong><br />

indivíduo e surgem <strong>na</strong>s so sociedades<br />

mais desenvolvidas, especialmente<br />

após o fim da Segunda Guerra<br />

Mundial, quan<strong>do</strong> alguns países<br />

capitalistas e (então) socialistas se<br />

estabilizam e começam a garantir,<br />

para consideráveis parcelas de<br />

suas populações, a possibilidade<br />

pluralista e democ democrática de se<br />

dedicar a atividades de sua<br />

escolha.<br />

O perío<strong>do</strong> de massificação, que traduzia o<br />

poder das indústrias com a sua produção<br />

em larga escala sem o questio<strong>na</strong>mento <strong>do</strong><br />

consumi<strong>do</strong>r, fin<strong>do</strong>u fin<strong>do</strong>u-se. Esse público ciente<br />

de suas possibilidades de escolha passa a<br />

ser o protagonista <strong>do</strong> sistema econômico.<br />

Nessa vertente, as indústrias, para<br />

sobreviverem a essa nova demanda<br />

perso<strong>na</strong>lizada, buscaram se adequar a esse<br />

novo perfil de consumi<strong>do</strong>r, mais consciente<br />

de seu papel como catalisa<strong>do</strong>r de<br />

mudanças no panorama mundi mundial. Com isso<br />

o pós-industrialismo industrialismo transformou a indústria<br />

em um setor de serviços, alicerçada <strong>na</strong><br />

tecnologia que anseia desvelar os segre<strong>do</strong>s<br />

desse recente e almeja<strong>do</strong> perfil de cliente.<br />

Para Petrocchi (2004, p. 18):<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

O foco <strong>na</strong> produção, que<br />

pre<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>va nos estágios iniciais<br />

da formação <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s de<br />

consumo, foi confronta<strong>do</strong> por uma<br />

postura nova por parte <strong>do</strong>s<br />

clientes, que diante de tantas<br />

possibilidades de escolha<br />

passaram a selecio<strong>na</strong>r as opções<br />

que lhes trouxessem mais<br />

benefícios em relação ao preço<br />

de ve venda. Tais mudanças<br />

ambientais tiveram grande<br />

impacto <strong>na</strong>s abordagens da teoria<br />

clássica da administração. Novos e<br />

complexos desafios foram<br />

coloca<strong>do</strong>s para as funções<br />

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1 Eventos cita<strong>do</strong>s no artigo de Nida<br />

Coimbra encontra<strong>do</strong>s <strong>na</strong> Revista Jus<br />

Vigilantibus.<br />

ISSN: 1808 1808-558X<br />

comerciais, com o reconhecimento<br />

de que o poder de compra estava<br />

<strong>na</strong>s mãos <strong>do</strong>s clientes.<br />

Essa consciência trouxe uma nova percepção<br />

de consumo, o que obrigou as empresas a<br />

segmentarem seus produtos de maneir maneira a<br />

compreender melhor as nuances desses<br />

nichos de merca<strong>do</strong>. Dentre essas, uma nova<br />

concepção de consumi<strong>do</strong>r ávi<strong>do</strong> pelas<br />

causas ecológicas entra em ce<strong>na</strong>, questões<br />

ambientais começam a se destacar,<br />

soman<strong>do</strong> uma quantidade expressiva de<br />

adeptos. Com isso, surgi surgiram diversos eventos<br />

que propunham melhorias ambientais que<br />

visassem à sustentabilidade <strong>do</strong> planeta como:<br />

o Clube de Roma e Conferência em<br />

Estocolmo<br />

Estocolmo¹. A Conferência das Nações<br />

Unidas sobre o Meio Humano realizada no<br />

ano de 1972, <strong>na</strong> cidade de Estocolmo,<br />

buscava cava estabelecer critérios e princípios<br />

comuns aos mora<strong>do</strong>res globais, visan<strong>do</strong><br />

contribuir para a preservação <strong>do</strong> meio<br />

humano.<br />

O homem tem a responsabilidade<br />

especial de preservar e administrar<br />

ponderadamente o patrimônio<br />

representa<strong>do</strong> pela flora e pela fau<strong>na</strong><br />

silvestres, bem como pelo seu<br />

habitat, que se encontram<br />

atualmente em grave perigo, em<br />

virtude da conjugação de diversos<br />

fatores. Consequentemente, ao se<br />

planejar o desenvolvimento<br />

econômico, deve atribuir atribuir-se uma<br />

importância específica à<br />

conservação da <strong>na</strong> <strong>na</strong>tureza, aí<br />

incluídas a flora e a fau<strong>na</strong> silvestres<br />

(DECLARAÇÃO SOBRE O AMBIENTE<br />

HUMANO, 1972, s.p).<br />

Dessa forma, em uma perspectiva de<br />

desenvolvimento, consideram<br />

consideram-se as diversas<br />

dimensões em que o homem se insere e sua<br />

relevante função de agente multiplica<strong>do</strong>r <strong>na</strong><br />

conservação e valorização de seu meio, nos<br />

aspectos culturais, econômicos, sociais e<br />

ambienta ambientais.<br />

<strong>Ecodesign</strong> e Sustentabilidade<br />

Com a aquisição de um novo olhar<br />

ambiental, diversos setores tiveram que se<br />

adequar a essa nova realidade ecológica, e,<br />

a partir da metade <strong>do</strong>s anos oitenta, em<br />

decorrência dessa tendência mundial, surge a<br />

<strong>prática</strong> profissio profissio<strong>na</strong>l <strong>do</strong> <strong>Ecodesign</strong>. O prefixo<br />

Eco evidencia a preocupação <strong>do</strong> profissio<strong>na</strong>l<br />

em elaborar peças que, dentro de sua<br />

funcio<strong>na</strong>lidade, tenham durabilidade,<br />

reduzam recursos e sejam reaproveitadas em<br />

seu descarte.<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

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Pela definição de Braun e Gomez (2007,<br />

p.2): “o termo <strong>Ecodesign</strong> é utiliza<strong>do</strong> para<br />

descrever uma crescente tendência nos<br />

campos da arquitetura, engenharia e<br />

design, onde o objetivo principal é projetar<br />

lugares, produtos e serviços que, de alguma<br />

forma, reduzam o uso de recursos nãorenováveis<br />

ou minimizem o im impacto<br />

ambiental”.<br />

Nesse novo viés merca<strong>do</strong>lógico o ciclo de<br />

vida de um produto é altera<strong>do</strong>. A<br />

sustentabilidade é a palavra palavra-chave para o<br />

desenvolvimento de qualquer produto que<br />

seja consumi<strong>do</strong> por esse público “verde”.<br />

Na concepção de Malaguti (2001, s.p):<br />

Exageros xageros à parte, sen<strong>do</strong> o design<br />

uma atividade realizada <strong>na</strong> etapa<br />

de concepção de novos produtos,<br />

ele permite uma atuação<br />

preventiva em relação aos<br />

potenciais problemas ambientais<br />

causa<strong>do</strong>s durante to<strong>do</strong> o ciclo de<br />

vida desses produtos, de sua<br />

fabricação ao ddescarte.<br />

Problemas de poluição e<br />

desperdício de materiais e<br />

energia, por exemplo, bem como<br />

enormes gastos com o emprego<br />

de tecnologias "de fi<strong>na</strong>l de<br />

processo" como filtros,<br />

incinera<strong>do</strong>res e estações de<br />

tratamento de efluentes podem<br />

ser evita<strong>do</strong>s ou minimiza<strong>do</strong><br />

minimiza<strong>do</strong>s<br />

através da incorporação de<br />

critérios ecológicos ao "briefing" de<br />

um projeto.<br />

O ciclo de vida de um produto de forma<br />

convencio<strong>na</strong>l salienta a sua criação de<br />

forma convencio<strong>na</strong>l, em um curto espaço<br />

de tempo, anteceden<strong>do</strong> assim, a<br />

concorrência <strong>na</strong> superação da das vendas e<br />

<strong>do</strong>s lucros. Assim, empresas visam rápida<br />

lucratividade de maneira a garantir o<br />

retorno de seus esforços e riscos,<br />

ausentan<strong>do</strong><br />

ausentan<strong>do</strong>-se, em sua maioria, da<br />

responsabilidade socioambiental em que<br />

estão inseridas.<br />

Para Kotler e Armstrong (2005, p. 251) o ciclo<br />

de vida <strong>do</strong> produto apresenta cinco<br />

estágios distintos:<br />

1 O desenvolvimento <strong>do</strong> produto<br />

começa quan<strong>do</strong> a empresa<br />

descobre e desenvolve uma idéia<br />

para um novo produto. Nesse<br />

estágio, as vendas são iguais a<br />

zero e os custos de investimento<br />

aumentam.<br />

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2 A introdução é um perío<strong>do</strong> de<br />

baixo crescimento das vendas, já<br />

que o produto está sen<strong>do</strong><br />

introduzi<strong>do</strong> no merca<strong>do</strong>. Nesse<br />

estágio, os lucros não existem devi<strong>do</strong><br />

às pesadas despesas com o<br />

lançamento.<br />

3 Crescimento é um perío<strong>do</strong> de<br />

rápida aceitação pelo merca<strong>do</strong> e<br />

crescimento <strong>do</strong>s lucros.<br />

4 A maturidade é um perío<strong>do</strong> de<br />

redução no crescimento das vendas,<br />

porque o produto já conseguiu a<br />

aceitação da maioria <strong>do</strong>s<br />

compra<strong>do</strong>res potenciais. O nível de<br />

lucros se eestabiliza<br />

ou decli<strong>na</strong> devi<strong>do</strong><br />

a maiores desembolsos de marketing<br />

desti<strong>na</strong>das a defender o produto da<br />

concorrência.<br />

5 O declínio é o perío<strong>do</strong> em que as<br />

vendas diminuem e os lucros<br />

decrescem.<br />

O ciclo de vida de um produto considera<strong>do</strong><br />

ecologicamente correto <strong>na</strong> ótica sustentável<br />

a<strong>na</strong>lisa os processos de desenvolvimento de<br />

peças que tenham como objetivo principal, a<br />

retração <strong>do</strong>s impactos causa<strong>do</strong>s por sua<br />

fabricação fora <strong>do</strong>s indica<strong>do</strong>res utiliza<strong>do</strong>s nos<br />

padrões ambientais. Nessa ideologia o<br />

merca<strong>do</strong> verde estimula uma (re)adaptação<br />

<strong>do</strong>s profissio<strong>na</strong>is que desejam interagir com<br />

esse recente conceito a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>.<br />

Stahel, diretor <strong>do</strong> ciclo de vida <strong>do</strong> produto em<br />

Genebra, propõe um modelo econômico em<br />

loop-espiral espiral que reduza a utilização de<br />

recursos <strong>na</strong>turais, a energia gasta para o<br />

processamento e a extinção <strong>do</strong>s ambientes<br />

(MALAGUTI, 2001).<br />

Figura 2: : Paradigma de Walter Stahel<br />

Fonte: : Malaguti, 2001.<br />

A figura demonstra os ciclos que o produto<br />

com filosofia ambiental trabalha<strong>do</strong> por Stahel<br />

é processa<strong>do</strong> desde a sua reutilização,<br />

conserto, recondicio<strong>na</strong>mento e reciclagem,<br />

expressan<strong>do</strong> dessa maneira, o descarte<br />

adequa<strong>do</strong> com a fi<strong>na</strong>lidade de salvaguardar<br />

o ecossistema.<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

Malaguti (2001, s.p) relata os princípios para<br />

um design ecológico a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s pelo<br />

Conselho Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l das Sociedade de<br />

Desenho Industrial ocorri<strong>do</strong> em<br />

Glasgow/Escócia:<br />

defesa de produtos e serviços<br />

seguros;<br />

uso sustenta<strong>do</strong> e otimiza<strong>do</strong> de<br />

recursos <strong>na</strong>turais;<br />

uso da energia com sabe<strong>do</strong>ria;<br />

parâmet parâmetros<br />

excepcio<strong>na</strong>is;<br />

de desempenho<br />

proteção da biosfera;<br />

projeto da fase pós pós-uso;<br />

redução <strong>do</strong> lixo e incremento da<br />

reciclagem.<br />

O prefixo eco e suas múltiplas<br />

implicações<br />

O prefixo Eco passou a ser utiliza<strong>do</strong> para<br />

representar uma dinâmica mais consciente<br />

entre o homem e o meio ambiente, de<br />

forma a promover medi medidas que se<br />

preocupem com a utilização mais<br />

equilibrada <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais,<br />

promoven<strong>do</strong> a ecoeficiência.<br />

Com a preocupação cada vez<br />

mais direcio<strong>na</strong>da ao meio<br />

ambiente, e com um consumi<strong>do</strong>r<br />

cada vez mais exigente com a<br />

condição ecológica <strong>do</strong> planeta, a<br />

empresa, e nela o design se vê<br />

obrigada a render render-se também aos<br />

problemas provoca<strong>do</strong>s pelo<br />

próprio produto fi<strong>na</strong>l (MATTANA,<br />

2002 apud Braun e Gomez , 2007,<br />

p.2).<br />

Essa nova percepção ambiental que vem<br />

sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>tada começa a ser expressiva no<br />

merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r global, crian<strong>do</strong> por<br />

consequência uma demanda de consumo<br />

mais exigente em busca de produtos com<br />

valores agrega<strong>do</strong>s. Muitos produtos<br />

direcio<strong>na</strong><strong>do</strong>s para o merca<strong>do</strong> verde são<br />

cria<strong>do</strong>s pelo design e desenvolvi<strong>do</strong>s por<br />

comunidades, que além de processarem as<br />

peças com om matérias matérias-primas locais, atribui a<br />

identidade <strong>do</strong> grupo, fortalecen<strong>do</strong> assim a<br />

memória coletiva. Essa atitude denota a<br />

importância de toda a cadeia produtiva o<br />

que transforma o artesão em um<br />

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colabora<strong>do</strong>r fundamental dentro <strong>do</strong> ciclo <strong>do</strong><br />

produto sustentável. Na concepção de<br />

Castro (2008, p.1):<br />

quan<strong>do</strong> os bens de consumo são<br />

investiga<strong>do</strong>s, sob um ponto de vista<br />

antropológico, nota nota-se que os<br />

objetos construí<strong>do</strong>s por um<br />

determi<strong>na</strong><strong>do</strong> grupo social dizem<br />

mmuito<br />

a respeito de sua cultura. O<br />

conjunto de artefatos produzi<strong>do</strong>s e<br />

utiliza<strong>do</strong>s por um determi<strong>na</strong><strong>do</strong> grupo<br />

social é chama<strong>do</strong>, portanto, de sua<br />

cultura material.<br />

No interior desse universo sustentável vêm se<br />

destacan<strong>do</strong> empresas <strong>do</strong> terceiro setor que<br />

dentro <strong>do</strong> <strong>do</strong>s seus princípios ambientais<br />

desenvolvem projetos que fomentem a<br />

conservação <strong>do</strong>s ecossistemas e são<br />

reputadas assim, por estarem vinculadas à<br />

sociedade civil como instrumento de utilidade<br />

pública como: ONGs (Organizações não<br />

gover<strong>na</strong>mentais), entidades fila filantrópicas,<br />

OSCIP (Organização da Sociedade Civil de<br />

Interesse Público) e organizações sem fins<br />

lucrativos (BRAUN E GOMEZ, 2007).<br />

Segun<strong>do</strong> Braun e Gomez (2007, p.2):<br />

estas empresas, atreladas cada vez<br />

mais às suas filosofias, procuram<br />

continuamente soluçõ soluções ecológicas<br />

para diversos problemas de origem<br />

antrópica. E como parte destas<br />

soluções, estão os produtos de<br />

origem gráfica, gera<strong>do</strong>s para a<br />

divulgação e valorização das<br />

próprias entidades que atendam a<br />

preceitos ecologicamente corretos.<br />

Nesse prisma é de extrema relevância que o<br />

profissio<strong>na</strong>l sustentável incorpore suas técnicas<br />

“ecologicamente corretas” no imenso setor<br />

que desponta, com o intuito de se transformar<br />

em um condicio<strong>na</strong>nte favorável <strong>na</strong> redução<br />

de impactos ambientais que possam<br />

comprometer o plane planeta.<br />

Na ótica de Kazazian (2005) apud Castro<br />

(2008, p.5):<br />

O objetivo de um produto <strong>do</strong><br />

ecodesign é tor<strong>na</strong>r a economia mais<br />

“leve”. Esse processo também é<br />

chama<strong>do</strong> de “ecoconcepção”,<br />

uma abordagem que procura reduzir<br />

os impactos ambientais de um<br />

produto, otimi otimizan<strong>do</strong> os recursos<br />

necessários para sua fabricação, ao<br />

mesmo tempo em que conserva sua<br />

qualidade de uso (funcio<strong>na</strong>lidade e<br />

desempenho), para melhorar a<br />

qualidade de vida <strong>do</strong>s usuários de<br />

hoje e de amanhã.<br />

Com essa dicotomia entre o produto<br />

convencio<strong>na</strong>l e o su sustentável, novas<br />

possibilidades surgem para a redução <strong>do</strong>s<br />

impactos causa<strong>do</strong>s por produtos sem<br />

respal<strong>do</strong> ambiental. Criam Criam-se múltiplas<br />

possibilidades de se elaborar produtos<br />

ecológicos que interajam em ambientes de<br />

convenções sociais de maneira a<br />

estabelecer uma sintonia mais <strong>na</strong>tural.<br />

Nessa ótica, mesclar a combi<strong>na</strong>ção desses<br />

produtos poderia ser uma alter<strong>na</strong>tiva de se<br />

acometer esse novo segmento a outros<br />

merca<strong>do</strong>s com o intuito de expandi expandi-lo <strong>na</strong><br />

economia global, objetivan<strong>do</strong> atingir outros<br />

públicos e assim, capila capilarizar sua filosofia de<br />

ética sustentável.<br />

A <strong>prática</strong> <strong>do</strong> ecodesign em barra<br />

<strong>do</strong> fura<strong>do</strong><br />

Figura 3: : Tapete elabora<strong>do</strong> com a fibra da taboa.<br />

Fonte: : Shirley Jardim<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

Na localidade de Barra <strong>do</strong> Fura<strong>do</strong>, no<br />

município de Quissamã, Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> Rio de<br />

Janeiro é desenvolvi<strong>do</strong> o artesa<strong>na</strong>to com<br />

diversas fibras <strong>na</strong>turais como palha da<br />

costa, taboa, junco e milho. Esse grupo<br />

quase em sua totalidade é regi<strong>do</strong> por<br />

mulheres da comunidade. A taboa, planta<br />

típica das margens de brejos e rios é<br />

encontrada com facilidade <strong>na</strong> região,<br />

sen<strong>do</strong> dessa maneira utilizada com<br />

expressividade <strong>na</strong> elaboração <strong>do</strong>s<br />

artefatos, antes cria<strong>do</strong>s ape<strong>na</strong>s para<br />

consumo próprio. A mudança de<br />

percepção em relação às peças criadas<br />

pelos artesãos baseou baseou-se <strong>na</strong> parceria entre<br />

o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e<br />

Peque<strong>na</strong>s Empresas ( (SEBRAE) e a Prefeitura<br />

local, que aperfeiçoan<strong>do</strong> a <strong>prática</strong> já<br />

vivenciada pelos mora<strong>do</strong>res, puderam criar<br />

novos produtos com os conceitos<br />

sustentáveis, is, agregan<strong>do</strong> assim, valores que<br />

são aprecia<strong>do</strong>s pelo público consumista. O<br />

trampolim para comercialização <strong>do</strong>s<br />

produtos, adequan<strong>do</strong><br />

adequan<strong>do</strong>-os de acor<strong>do</strong> com os<br />

critérios ambientais, consoli<strong>do</strong>u<br />

consoli<strong>do</strong>u-se com o<br />

apoio de um profissio<strong>na</strong>l em design que,<br />

introduzin<strong>do</strong> os conceito conceitos <strong>do</strong> ecodesign,<br />

incorporou novos valores aos artefatos.<br />

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2 Designer e consultora <strong>do</strong> SEBRAE/RJ<br />

que exerce consultoria <strong>na</strong><br />

localidade.de Barra <strong>do</strong> Fura<strong>do</strong>.<br />

3 Professora de artesa<strong>na</strong>to em fibras<br />

<strong>na</strong>turais. Trabalhou <strong>na</strong>s prefeituras de<br />

São Francisco de Itabapoa<strong>na</strong>,<br />

Macaé, Marataízes, dentre outras e<br />

participou <strong>do</strong> projeto Mosaico<br />

realiza<strong>do</strong> pela Petrobrás.<br />

ISSN: 1808 1808-558X<br />

Além de se transformarem em peças mais<br />

funcio<strong>na</strong>is, seguin<strong>do</strong> tendências<br />

inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is, introduz introduz-se a essência local ao<br />

produto, ou seja, a história coletiva da<br />

comunidade, contribuin<strong>do</strong> para o<br />

fortalecimento da identidade comunitária.<br />

Representada nomi<strong>na</strong>lmente como “Tranças<br />

e Tramas”, o grupo cresceu e originou frutos.<br />

Firmou sua identidade, o que favoreceu sua<br />

inclusão no universo artesan artesa<strong>na</strong>l com bases no<br />

desenvolvimento sustentável, alcançan<strong>do</strong><br />

assim, espaços territoriais antes intangíveis<br />

como Madri, <strong>na</strong> Espanha.<br />

Figura 4: : Peças expostas no evento em Madri, Espanha.<br />

Fonte: : Arquivo pessoal<br />

Dentre diversas peças que se evidenciam no<br />

ciclo <strong>do</strong> produto sustentável, destacam destacam-se<br />

artefatos de decoração para ambientes<br />

como: tapetes, puffs, corti<strong>na</strong>s e sofás que se<br />

mesclam com peças convencio<strong>na</strong>is,<br />

adequan<strong>do</strong> o ambiente padrão com o intuito<br />

de harmonizá<br />

harmonizá-lo dentro <strong>do</strong> contexto<br />

ecológico. ico. Algumas peças confeccio<strong>na</strong>das<br />

utilizam além das fibras que são a matériaprima<br />

principal, as garrafas petis que são<br />

reaproveitadas como suporte <strong>na</strong> criação <strong>do</strong><br />

puffs. O rigor também é observa<strong>do</strong> <strong>na</strong> não não-<br />

utilização <strong>do</strong> verniz como impermeabiliza<strong>do</strong>r,<br />

pois estaria taria desse mo<strong>do</strong> descaracterizan<strong>do</strong> o<br />

artefato volta<strong>do</strong> para o merca<strong>do</strong> verde.<br />

Figura 55:<br />

Peças de taboa<br />

Fonte: : Arquivo pessoal.<br />

Este estu<strong>do</strong> embasou embasou-se também <strong>na</strong>s<br />

percepções de profissio<strong>na</strong>is da área de<br />

artesa<strong>na</strong>to, através da realização de<br />

entrevistas, objetivan<strong>do</strong> identificar <strong>na</strong> <strong>prática</strong><br />

a nova tendência por um consumo<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

consciente e alter<strong>na</strong>tivo e seus reflexos <strong>na</strong>s<br />

“leis de merca<strong>do</strong>”.<br />

Em entrevista com a designer Paula<br />

Men<strong>do</strong>nça² ², verificou-se a importância da<br />

consciência ambiental <strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res<br />

para a aquisição <strong>do</strong> produto, ten<strong>do</strong> este<br />

um maior respal<strong>do</strong> com a mudança de<br />

mentalidade ao longo <strong>do</strong>s anos quanto à<br />

preservação <strong>do</strong> planeta. Quant Quanto às<br />

competências <strong>do</strong> ecodesigner, a<br />

entrevistada afirmou que esse tipo de<br />

profissio<strong>na</strong>l deve possuir um olhar diferente,<br />

com respeito à matéria matéria-prima,<br />

preocupan<strong>do</strong><br />

preocupan<strong>do</strong>-se com o impacto ao meio<br />

ambiente e às populações envolvidas no<br />

processo produtivo. Relatou ta também sua<br />

experiência com grupos de artesãos e a<br />

capacitação <strong>do</strong>s mesmos para uma<br />

extração consciente, descartan<strong>do</strong> o uso de<br />

produtos químicos, como verniz, cola, entre<br />

outros, e ressaltou a orientação dada pelo<br />

SEBRAE sobre Comércio Justo e<br />

Solidariedade Eco Econômica. Seu ofício tem<br />

como primazia a sustentabilidade com a<br />

preservação <strong>do</strong>s recursos <strong>na</strong>turais e o<br />

devi<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> com o seu desperdício.<br />

Ainda em sua assertiva, há um elemento<br />

importante para a expansão <strong>do</strong> conceito<br />

de ecodesign que são as etiquetas<br />

explicativas, ativas, descreven<strong>do</strong> as atividades<br />

realizadas pela comunidade envolvida no<br />

processo, sen<strong>do</strong> isto necessário para<br />

esclarecimentos e maior conscientização<br />

<strong>do</strong>s consumi<strong>do</strong>res. Destacou também que o<br />

perfil <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r de produtos que visam<br />

à preservação consiste <strong>na</strong>s classes A e B,<br />

devi<strong>do</strong> ao eleva<strong>do</strong> nível de escolaridade e<br />

também por questões de preços mais<br />

eleva<strong>do</strong>s.<br />

Vale ressaltar que a ecodesigner<br />

entrevistada afirma que a taboa, uma das<br />

matérias-primas primas utilizadas em seu trabalho,<br />

encontra-se se em processo de cert certificação<br />

de base ecológica e de responsabilidade<br />

socioambiental e, com isso, atesta atesta-se o<br />

ecodesign com o valor agrega<strong>do</strong> ao<br />

produto, abrin<strong>do</strong> abrin<strong>do</strong>-se novas portas para<br />

outros merca<strong>do</strong>s.<br />

A entrevista baseou baseou-se não ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong>s<br />

percepções de uma designer, mas também<br />

<strong>na</strong>s de uma instrutora de artesa<strong>na</strong>to.<br />

Shirley Jardim da Silva Santos Santos³ atua nesse<br />

ramo há 10 anos e trabalha com fibras de<br />

taboa, ba<strong>na</strong>neira, junco, palha de milho,<br />

sementes, etc. Shirley ressalta seu trabalho<br />

atual <strong>na</strong> localidade de Barra <strong>do</strong> Fura<strong>do</strong> em<br />

que o material aterial mais utiliza<strong>do</strong> é a taboa,<br />

necessitan<strong>do</strong> de um nível de<br />

conscientização desde sua retirada até sua<br />

venda. A professora de artesa<strong>na</strong>to acredita<br />

também que a moda está influencian<strong>do</strong><br />

pessoas para um consumo sustentável. Em<br />

seu trabalho realiza<strong>do</strong> <strong>na</strong> local localidade<br />

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ISSN: 1808 1808-558X<br />

destacou algumas peças confeccio<strong>na</strong>das<br />

como cestas, bolsas, chapéus, tapetes,<br />

móveis, etc. Ainda ressaltou a importância de<br />

se repassar ao consumi<strong>do</strong>r a identidade local<br />

<strong>na</strong>s peças.<br />

Shirley também afirma que algumas peças<br />

confeccio<strong>na</strong>das para a mídia são feitas<br />

atenden<strong>do</strong> às necessidades <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r e<br />

alguns critérios estabeleci<strong>do</strong>s pelo mesmo,<br />

mas que há preocupação com a<br />

sustentabilidade. Em seu ofício, em alguns<br />

momentos, principalmente para eventos,<br />

solicita a consultor consultoria de algum designer.<br />

Verificou-se se que sua percepção abrange a<br />

necessidade de se pensar <strong>na</strong>s gerações<br />

futuras, <strong>na</strong> preservação <strong>do</strong> meio e destacou a<br />

importância <strong>do</strong> trabalho de um ecodesign,<br />

que consiste <strong>na</strong> escolha por materiais que<br />

ocasionem o mínimo de impac impacto ambiental,<br />

menos poluentes e recicla<strong>do</strong>s.<br />

Conclusão<br />

A evolução <strong>do</strong> industrialismo trouxe a euforia<br />

da produção em larga escala o que resultou<br />

em uma lucratividade antes intangível no<br />

merca<strong>do</strong> mundial, graças à explosão <strong>do</strong><br />

consumo exacerba<strong>do</strong>. Esse ciclo de<br />

produção basea<strong>do</strong> no consumo desenfrea<strong>do</strong><br />

por recursos n<strong>na</strong>turais<br />

começou a ser<br />

questio<strong>na</strong><strong>do</strong> em evidência <strong>na</strong> década de<br />

sessenta e setenta com o Clube de Roma e a<br />

Conferência de Estocolmo. Produzir sem uma<br />

consciência ambiental tornou tornou-se uma<br />

agressão ao planeta que necessita de<br />

perío<strong>do</strong>s para se recompor da exploraç exploração<br />

huma<strong>na</strong>.<br />

Através dessa nova ótica verde, inicia inicia-se uma<br />

filosofia baseada em um consumo mais limpo.<br />

O indivíduo se apercebe como parte <strong>do</strong> meio<br />

ambiente e nessa simbiose, compreende a<br />

necessidade de introduzir medidas que<br />

preservem o ecossistema para que tenha<br />

continuidade no universo.<br />

Dentro das múltiplas perspectivas ambientais<br />

surge o profissio<strong>na</strong>l ecologicamente correto<br />

intitula<strong>do</strong> <strong>Ecodesign</strong>er. Esse rótulo que o<br />

diferencia <strong>do</strong>s conceitos convencio<strong>na</strong>is<br />

aborda em sua temática a criação de<br />

produtos durávei duráveis que sejam elabora<strong>do</strong>s com<br />

ínfimos recursos e que tome por base a<br />

primazia pela sustentabilidade. Com o<br />

aumento expressivo de públicos ávi<strong>do</strong>s em<br />

consumir produtos com tecnologia limpa,<br />

acresce a procura por artefatos que tragam a<br />

simbologia “eco”, impulsio impulsio<strong>na</strong>n<strong>do</strong> o merca<strong>do</strong>,<br />

que retira o arcabouço <strong>do</strong> padronismo e<br />

começa, mesmo que de forma superficial,<br />

adentrar nos preceitos da ecoficiência.<br />

Este estu<strong>do</strong> evidenciou o crescimento da<br />

mudança de percepção <strong>na</strong>s questões<br />

ambientais, embasan<strong>do</strong><br />

embasan<strong>do</strong>-se em pesquisas<br />

Revista Global<br />

Tourism<br />

Vol.5 nº1 – Maio/2009<br />

realizadas adas com duas profissio<strong>na</strong>is que<br />

incorporaram <strong>na</strong> criação das peças<br />

elaboradas <strong>na</strong> localidade de Barra <strong>do</strong><br />

Fura<strong>do</strong>, valores ambientais e identitários que<br />

estabelecem parâmetros preservacionistas.<br />

Essas atitudes demonstram uma expressiva<br />

expansão <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> ver verde,<br />

evidencian<strong>do</strong> uma mudança <strong>na</strong><br />

conscientização de um público que vem<br />

crescen<strong>do</strong> e não descarta o consumo por<br />

produtos que tenham em sua essência os<br />

critérios sustentáveis. Assim, criar produtos<br />

com preceitos ecológicos virou uma<br />

questão de sobrevivência ta tanto para os<br />

recursos <strong>na</strong>turais imprescindíveis <strong>na</strong><br />

fabricação de produtos quanto para a<br />

preservação da vida no planeta Terra.<br />

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