18.04.2013 Views

turismo pedagógico - Revista Global Tourism

turismo pedagógico - Revista Global Tourism

turismo pedagógico - Revista Global Tourism

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

TURISMO PEDAGÓGICO: UMA INTERFACE DIFERENCIAL NO<br />

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM<br />

PEDAGOGICAL TOURISM: A DISTINGUISHING INTERFACE IN<br />

THE PROCESS TECHING LEARNING<br />

Eladyr Boaventura Raykil 1<br />

Cristiano Raykil 2<br />

RESUMO: Turismo <strong>pedagógico</strong> ou <strong>turismo</strong> educativo, atividade que<br />

apontamos como importante mecanismo facilitador do processo ensino-<br />

aprendizagem. Observamos que algumas instituições de ensino estão adotando a<br />

atividade supracitada na integração de conteúdos curriculares em projetos<br />

multidisciplinares. Diante desse recurso, que surge com caráter interdisciplinar e<br />

rico no processo de construção do conhecimento socialmente adquirido, adaptável<br />

a qualquer nível de escolaridade, verificamos a eficácia das viagens de estudo na<br />

prática de ensino, constatando que através destas é possível aprender na prática,<br />

o que foi visto teoricamente em sala de aula.<br />

Palavras-chave: Turismo, <strong>turismo</strong> <strong>pedagógico</strong>, <strong>turismo</strong> educativo, ensinoaprendizagem,<br />

interdisciplinar.<br />

Abstract: Pedagogical tourism or educative tourism, an activity that we point out<br />

as an important mechanism to facilitate the learning-teaching process. We have<br />

noticed that some teaching institutions are adopting the above-mentioned activity<br />

in the integration of curricular contents in multidisciplinar projects. Before this<br />

recourse, that rises with an interdisciplinar character and still rich in the building up<br />

of the socially acquired knowledge, adaptable to any level of scholarship, we have<br />

checked the efficiency of the study trips on the practice of the teaching, realizing<br />

that through them it is possible to learn in practice, what had been seen in the<br />

classroom.<br />

Keywords: tourism, pedagogical tourism, educative tourism, teaching learning<br />

1<br />

Administradora de Empresas, Especialista em Projetos Turísticos, Ecologia e Docência Superior. Docente<br />

da Unisulbahia Faculdades Integradas.<br />

2<br />

Cientista Social, Especialista em Docência Superior. Docente da Unisulbahia Faculdades Integradas.


Discutindo o Conceito de Turismo<br />

Especialistas da área definem que o Turismo constitui-se, nos dias de hoje,<br />

em um dos mais importantes instrumentos de geração de emprego e renda, em<br />

todo o mundo (Beni, 2002, p.9). É o segmento capaz de alavancar a economia,<br />

além de contribuir significativamente para a preservação do patrimônio natural e<br />

cultural, uma vez que estes são matérias prima básica para a existência do<br />

fenômeno turístico.<br />

É um fenômeno social, complexo e diversificado (Andrade, 2000), tanto que<br />

hoje já se concebe o Turismo não só atrelado à idéia de atividade de lazer como o<br />

senso comum retrata; sua abrangência permite a inserção de novas formas de<br />

analisar o fenômeno, mobiliza pessoas pelos mais variados motivos para os mais<br />

diversos destinos turísticos. Só foi estudado cientificamente após a segunda<br />

guerra mundial, quando o movimento turístico começou a ganhar força econômica.<br />

As viagens de estudo ocorrem desde o século XVIII, inicialmente praticadas<br />

por jovens aristocratas ingleses às principais cidades européias, na ocasião<br />

intitulada grand tour. Hoje denominado como <strong>turismo</strong> <strong>pedagógico</strong>, ou <strong>turismo</strong><br />

educativo, a atividade vem sendo apontada como importante mecanismo<br />

facilitador do processo ensino-aprendizagem.<br />

O Turismo Pedagógico representa a oportunidade de explorar a relação<br />

homem-espaço, nas mais variadas perspectivas de análise do conhecimento<br />

humano (geográfico, físico, biológico, ecológico, etc) de forma interativa, divertida<br />

e multidisciplinar. A atividade do Turismo Pedagógico está em crescimento;<br />

observamos que algumas instituições de ensino estão adotando a atividade<br />

supracitada na integração de conteúdos curriculares em projetos<br />

multidisciplinares. Diante desse recurso, que surge com caráter interdisciplinar e<br />

rico no processo de transmissão do conhecimento socialmente adquirido,<br />

adaptável a qualquer nível de escolaridade, verificamos a eficácia das viagens de<br />

estudo na prática de ensino, constatando que através das viagens de estudo é<br />

possível aprender na prática, o que foi visto teoricamente em sala de aula.


Verificamos através de pesquisa bibliográfica os registros existentes sobre o tema,<br />

e por meio de entrevistas junto a alunos, professores e coordenadores, desde a<br />

educação infantil até o ensino superior.<br />

Especificamente, buscamos analisar como os atores do processo, ou seja,<br />

professores, alunos e coordenadores <strong>pedagógico</strong>s, vêem e/ou analisam o assunto<br />

supracitado, antes e depois da prática de tal atividade.<br />

O Turismo <strong>pedagógico</strong> tem sido apontado como uma prática inovadora, um<br />

instrumento freqüente em várias instituições de ensino, tornando-se uma<br />

oportunidade de negócio que tem estimulado a proliferação de empresas<br />

prestadoras de serviços específicos dessa vertente do segmento turístico.<br />

Breve Histórico do Turismo<br />

O Turismo apesar de ser um fenômeno já praticado pelas civilizações<br />

antigas, analisando sob o aspecto da mobilidade humana, só recentemente<br />

passou a ser um motivo de estudo. Em termos históricos se iniciou quando o<br />

homem nômade passou a viajar, principalmente motivado pela necessidade da<br />

busca de alimento e de acomodações, devido às mudanças climáticas (Lima,<br />

1998). Três mil anos antes de Cristo, o Egito já atraía muitos visitantes que para lá<br />

afluíam para contemplar as pirâmides (Ignarra, 1999). Esses visitantes viajavam<br />

pelo rio Nilo em embarcações ou por terra em carruagens. Na Grécia antiga<br />

existem registros de viagens organizadas para participação em jogos olímpicos.<br />

Durante o império romano os nobres viajavam longas distâncias para visitar<br />

templos ou cidades litorâneas para banhos medicinais (Lima, 1998). Chegavam a<br />

viajar 150km por dia através da troca periódica dos cavalos que puxavam suas<br />

carroças. Nesses postos de troca surgiram as primeiras hospedarias de que se<br />

tem notícia. No ano 1000d.C. começaram a aparecer as grandes estradas por<br />

onde circulavam os comerciantes que transportavam suas mercadorias em<br />

animais de carga, carruagens puxadas à cavalo, peregrinos, mendigos,


trovadores, monges e estudantes. A motivação religiosa também foi responsável<br />

por viagens na Idade Média, através das cruzadas. Com o fim da idade média e o<br />

surgimento do capitalismo as viagens foram se propagando. Criaram-se vias de<br />

circulação ao longo de todo território europeu. Os séculos XV e XVI foram<br />

marcados pelas grandes navegações, essas viagens atravessavam os oceanos,<br />

levavam centenas de pessoas e duravam vários meses, teriam sido as<br />

precursoras dos grandes cruzeiros marítimos da atualidade. O surgimento das<br />

ferrovias no século XIX propiciou o deslocamento à distâncias maiores em<br />

períodos de tempo menores.<br />

Grand Tour e o Turismo Pedagógico<br />

José Vicente de Andrade, em seu livro Turismo - fundamentos e<br />

dimensões, aborda com muita propriedade o início do <strong>turismo</strong> <strong>pedagógico</strong>:<br />

Nos séculos XVIII e XIX as famílias nobres enviavam seus filhos para<br />

estudarem nos grandes centros culturais da Europa, acompanhados de<br />

seus competentes e ilustres preceptores. O grand tour, sob o imponente<br />

e respeitável rótulo de viagens de estudos<br />

Assumindo assim o valor de um diploma que lhes conferia significativo<br />

status social, embora<br />

na realidade<br />

a programação se fundamentasse em<br />

grandes passeios de excelente qualidade e repletos de atrativos prazerosos.<br />

Salienta Andrade (2002)<br />

Os ingleses, importantes e ricos, consideravam detentores de cultura<br />

apenas quem tivesse sua educação ou formação profissional coroadas<br />

por um grand tour através da Europa, programa que se iniciava na<br />

Holanda, passando depois, à Bélgica e Paris, de onde os turistas<br />

passavam ao sudeste francês e daí a Sevilha, via Madri e Lisboa. A<br />

etapa seguinte caracterizava pelos deslocamentos por pontos<br />

importantes da França não contemplados na etapa anterior, pela Suíça,<br />

Itália, até chegar à velha Grécia. Conhecidos os pontos remanescentes<br />

da riqueza da civilização helênica, os nobres cultos subiam o Danúbio,<br />

desde Viena, atingindo Munique e passando através da Alemanha, ao


longo do Reno. Depois, exaustos de tanto vagar, estudar e divertir-se,<br />

discípulos e mestres retornavam à Inglaterra, via Bremen e Hamburgo.<br />

Isto posto podemos afirmar que o Turismo <strong>pedagógico</strong> antecede o <strong>turismo</strong><br />

de lazer, pois como afirma a professora Nesuty Lima, em seu manual de Turismo:<br />

Turismo Educacional ou Pedagógico<br />

este só começou oficialmente e de forma organizada a partir da metade<br />

do século XIX quando em 1850, o surgimento da locomotiva, na<br />

Inglaterra e algumas melhorias nos navios e as viagens se tornara<br />

menos demoradas, menos onerosas, menos perigosas e mais<br />

confortáveis. Elas cresceram a partir daí em número, em distância e em<br />

função de novas motivações.<br />

Segundo Beni (2002) o Turismo Pedagógico constitui-se na:<br />

Retomada da antiga prática amplamente utilizada na Europa e<br />

principalmente nos Estados Unidos por colégios e Universidade<br />

particulares, e também adotada no Brasil por algumas escolas de elite,<br />

que consistia na organização de viagens culturais mediante o<br />

acompanhamento de professores especializados da própria instituição<br />

de ensino com programa de aulas e visitas a pontos históricos ou de<br />

interesse para o desenvolvimento educacional dos estudantes.<br />

Em palestra proferida pela professora Marisa Valladares, em 19 de Outubro<br />

de 2002, colocou-se que os cinco sentidos têm a mesma importância para a<br />

aprendizagem, que a conjugação de dois ou mais sentidos aumenta a eficácia da<br />

percepção. Por isso torna-se importante o emprego de métodos de ensino que<br />

utilizem simultaneamente recursos orais e visuais. O Turismo <strong>pedagógico</strong><br />

possibilita a aplicabilidade e verificação dos conceitos supra citados uma vez que<br />

os componentes do ambiente da aprendizagem que dão origem à estimulação<br />

para o aluno (Gagné, 1971. p.247).


O Turismo no Processo Educativo<br />

A sociedade vive um momento que sugere o enclausuramento, motivado<br />

pela violência, que serve de rótulo para problemas maiores como a desigualdade<br />

social que é, de fato, a causadora desse e outros problemas vivenciados pela<br />

sociedade atualmente.<br />

Aliado aos avanços da tecnologia e a falta de tempo dos pais em dar<br />

atenção aos filhos, o universo do aluno tem sido reduzido ao trajeto da escola para<br />

casa. A internet, para os poucos privilegiados que tem acesso, possibilita viajar<br />

pelo mundo, conhecer novas culturas, saber em tempo real o que acontece do<br />

outro lado do mundo, conhecer pessoas, mas até que ponto essas viagens virtuais<br />

realmente aproximam o ser ao mundo? O vivenciar cibernético possibilita as<br />

mesmas sensações, estimula e trabalha todos os sentidos? muitas escolas<br />

preferem incentivar esse tipo de experiência mas, num país como o Brasil que<br />

possui um patrimônio natural e histórico-cultural riquíssimo é uma pena e absoluto<br />

desperdiço, que alguns educadores não se sintam suficientemente motivados a<br />

estimular o alunado a vivenciar efetivamente todo esse potencial.<br />

Na opinião do professor Aziz Ab Saber:<br />

o papel do professor deve ser o de incentivar os alunos a construir o<br />

conhecimento da região onde vive, desde os limites territoriais até as<br />

características geográficas, econômicas e políticas, essas informações<br />

servirão para ele se localizar como cidadão e sempre servirão de base<br />

para qualquer estudo de espaços maiores, as chamadas macro-regiões<br />

(Nova Escola, jan/fev 2001 ed. 139)<br />

O educador ao rejeitar novas experiências acaba por perpetuar as práticas<br />

do ensino tradicional, já na década de 20 o pedagogo Celéstin Freinet sugeria, o<br />

que ele chamou de aula-passeio, onde o aluno é sempre considerado o centro da<br />

construção de seu conhecimento.<br />

A aula-passeio consistia em atividades extraclasse, organizadas<br />

coletivamente pelos alunos, onde o essencial era valorizar as necessidades vitais


do ser humano - criar, se expressar, se comunicar, viver em grupo, ter sucesso,<br />

agir-descobrir, se organizar - tornando-os cidadãos autônomos e cooperativos.<br />

Daí verifica-se que os pressupostos apresentados como os pilares da<br />

educação: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros<br />

e aprender a ser, nada tem de inovador, um vez que desde a década de 20 estes<br />

pressupostos, em outros termos, já eram sugeridos como prática pedagógica.<br />

Os Parâmetros Curriculares Nacionais, ao propor uma educação<br />

comprometida com a cidadania, elegeram baseados no texto constitucional,<br />

princípios para nortear a educação escolar. Dentre estes nos chama a atenção o<br />

item que trata da participação, apontado como:<br />

Princípio democrático, pois traz a noção da cidadania ativa, isto é, da<br />

complementaridade entre a representação política tradicional e a<br />

participação popular no espaço público, compreendendo que não se<br />

trata de uma sociedade homogênea e sim marcada por diferenças de<br />

classe, étnicas, religiosas, etc. (Parâmetros Curriculares<br />

Nacionais:Temas Transversais. 1998.p.21).<br />

Viajar, conhecer pessoas e lugares possibilita ao aluno justamente o que é<br />

proposto pelos PCN´s, a cidadania ativa que só se dá mediante a vivência que se<br />

tem com objeto de estudo. Só se ama o que se conhece, é um jargão popular que<br />

se enquadra nesse contexto, conhecer as belezas naturais, a riqueza cultural ou<br />

os problemas do país somente através de contextualizações superficiais em sala<br />

de aula não caracteriza a cidadania ativa. Para intervir positivamente é preciso<br />

literalmente conhecer, in loco.<br />

Turismo Pedagógico busca oferecer aos estudantes a oportunidade de<br />

aprender na prática o que foi visto nos conteúdos abordados em sala de aula.<br />

Através da utilização desse mecanismo facilitador no processo ensino-<br />

aprendizagem o que mais chama a atenção é a possibilidade de se trabalhar<br />

efetivamente a interdisciplinaridade.<br />

Numa revisão das concepções que norteiam as práticas educativas<br />

destacamos o enfoque dado por Heloisa Lück. Segundo ela é preciso estabelecer<br />

um sentido significativo às experiências pedagógicas, porque enquanto o


conhecimento for explicado de forma fragmentada, como parte da realidade,<br />

permanecerá sempre inacabado (Luck, 1994: 32), o Turismo Pedagógico<br />

possibilita trabalharmos efetivamente a questão da interdisciplinaridade. Através<br />

de um trabalho conjunto e bem planejado poderemos possibilitar ao alunado uma<br />

melhoria significativa na qualidade do ensino, saindo dos limites da sala de aula e<br />

apresentando um mundo de referências reais palpáveis.<br />

Ao analisar vários depoimentos sobre a eficácia do <strong>turismo</strong> <strong>pedagógico</strong>,<br />

verificamos que desde que se priorizem algumas ações, as viagens de estudo<br />

podem ser importantes aliadas do processo ensino aprendizagem.<br />

Dentre os depoimentos, nos chama a atenção o e Helda Fanucchi que<br />

salienta sair da sala de aula e promover atividade fora dos muros da escola é, no<br />

mínimo tão importante quanto planejar com cuidado trabalhos no laboratório .<br />

Em pesquisa verificamos que algumas instituições promovem o Turismo<br />

<strong>pedagógico</strong> de forma organizada e dando um tratamento <strong>pedagógico</strong>, tornando o<br />

processo ensino-aprendizagem agradável e altamente produtivo. É o caso de um<br />

projeto de Turismo Pedagógico criado pela professora Teresinha Lobo Leite, que<br />

conforme relatou:<br />

o projeto visa conscientizar o aluno quanto ao valor do patrimônio<br />

histórico de Ouro Preto, tem como público alvo alunos da 4ª série do<br />

ensino fundamental do Estado de Minas Gerais, em especial da região<br />

de Ouro Preto. O roteiro é composto por pontos turísticos de Ouro Preto,<br />

o roteiro detalha o que é pedra-sabão - matéria-prima das esculturas de<br />

Aleijadinho -, conta a história das igrejas, do teatro etc. O projeto<br />

funciona desde 1999. Ao final da atividade os alunos fazem redação<br />

sobre o que viram e participam de um concurso de oratórios para<br />

concorrer a prêmios. Alguns estudantes já ganharam viagens para Belo<br />

Horizonte, Rio de Janeiro e Parati.<br />

Quando o aluno adquire o interesse pelo patrimônio natural e/ou cultural de<br />

seu país, abrem-se portas a um mundo de novas descobertas e experiências que<br />

introduzirão novos conceitos, aumentando sua capacidade intelectual,<br />

desenvolvendo a sensibilidade e criatividade. O aprender através do convívio, no


caso supracitado, com o acervo histórico-cultural proporciona aquisição de<br />

conhecimento aliado ao lazer, o aprender de forma dinâmica e divertida.<br />

Na coleta de dados obtivemos o parecer de professores e empresários,<br />

mas muito válida e mais importante é a opinião do público alvo, no caso, os<br />

alunos sobre o Turismo Pedagógico. Muitos se mostram maravilhados e<br />

comentam sobre o patrimônio natural e cultural, outros apresentam-se indignados<br />

como é o caso dos alunos Robert e Camila , da Escola Municipal Deputado Sólon<br />

Amaral, localizado em Goiânia que em visita ao Distrito Federal salientaram que<br />

A TV mostra isso todo dia, mas ao vivo é melhor. A única decepção foi quando<br />

visitamos a Câmara Federal e vimos que a maioria dos deputados não estava<br />

trabalhando .<br />

Podemos perceber que neste caso em especial, se deu a chamada<br />

cidadania ativa, esses alunos despertaram para questões que fazem parte do<br />

nosso cotidiano e com certeza estarão manifestando sua indignação de forma<br />

consciente, não por terem sido induzidos por alguém, mas porque estiveram lá e<br />

viram o descaso dos deputados para com os problemas do país.<br />

Os alunos da 1ª série do ensino fundamental, do Externato São José, de<br />

Goiânia, visitaram a Reserva Ambiental de Pesquisa e Educação Banana Menina,<br />

em Hidrolândia<br />

Goiás, ao final da atividade a aluna Laura Rios disse que as<br />

pessoas precisam parar de matar as plantas e bichos. A natureza é linda demais.<br />

Essa experiência jamais se apagará e essa e tantos outros alunos levaram<br />

dessa atividade lições para toda a vida, coisa que não seria possível sem o<br />

Turismo Pedagógico.<br />

Apesar da correria do dia-a-dia , do pouco tempo livre dos alunos de<br />

cursos noturnos, acreditamos que a prática do Turismo Pedagógico em muito<br />

contribuiria na formação profissional.<br />

A dinâmica das aulas nas faculdades têm sido alvo de várias discussões<br />

em funções das inúmeras dificuldades apresentadas pelo corpo discente, em


especial dos cursos noturnos. O planejamento <strong>pedagógico</strong> deveria contemplar<br />

viagens de estudo, pois através delas seria possível, além de possibilitar um<br />

aprendizado prazeroso, estaria contribuindo para que o aluno saísse da rotina e<br />

pudesse aproveitar seu tempo livre de forma criativa e produtiva.<br />

A FASB<br />

Faculdades do Sul da Bahia, situado na Rua Graciliano Viana, nº<br />

79, Bairro Bela Vista, município de Teixeira de Freitas, no Estado da Bahia, tem<br />

como público alvo alunos da rede particular do ensino superior. A Faculdade, em<br />

novembro de 2002 atende 783 (setecentos e oitenta e três) alunos, com<br />

funcionamento nos turnos matutino e noturno. Oferece os cursos de administração<br />

geral, ciências contábeis, marketing, pedagogia e <strong>turismo</strong>.<br />

A faculdade tem um total de 07 funcionários entre diretores, funcionários<br />

das áreas específicas, pessoal de serviços gerais e 33 professores.<br />

A instituição se utiliza as viagens de estudo como importante recurso na<br />

formação dos futuros profissionais, nos cursos supracitados. As atividades são<br />

embasados pelo projeto político <strong>pedagógico</strong> de cada curso e pelo regimento geral<br />

da instituição. Durante as viagens são desenvolvidas atividades interdisciplinares<br />

e em alguns casos, envolvendo vários cursos, como exemplo apresentaram a<br />

visita efetuada à C.S.T<br />

Companhia Siderúrgica de tubarão, Usiminas<br />

Usina<br />

Siderúrgica de Minas Gerais e o Porto de Tubarão, localizados na cidade de<br />

Vitória, no Estado do Espírito Santo.<br />

O objetivo fazer com que os alunos conhecessem as etapas da produção<br />

de aço, o processo mercadológico e o sistema portuário de distribuição.<br />

A fase de execução do projeto se deu ao longo do segundo semestre de<br />

2002, culminando com a viagem aos locais supracitados, onde os alunos e o<br />

professor orientador puderam conhecer o processo produtivo, mercadológico e o<br />

sistema de abastecimento e escoamento da produção.<br />

Foram envolvidos, no referido projeto, alunos do 3º semestre do curso de<br />

marketing e desenvolvidas atividades interdisciplinares nas disciplinas de teoria<br />

geral de administração e planejamento estratégico.


Considerações Finais<br />

O Turismo só se dá mediante o deslocamento do local de residência até o<br />

destino turístico. A escolha por um determinado destino depende da motivação<br />

principal da viagem. Considerando que a gama de motivações dos estudantes,<br />

estudiosos de todo gênero e professores, ávidos pelo conhecimento, podem ter<br />

como fonte de suas pesquisas os mais variados ambientes, concluímos que o<br />

<strong>turismo</strong> <strong>pedagógico</strong> contribui sobremaneira no processo ensino-aprendizagem, ou<br />

seja, o vivenciar através das viagens de estudo propiciam o aprendizado efetivo.<br />

As viagens expandem os horizontes culturais dos indivíduos, ampliam e<br />

enriquecem a forma de pensar e de atuar. Os atrativos turísticos, tanto naturais,<br />

quanto culturais, são infindáveis fontes, para as mais variadas áreas do<br />

conhecimento.<br />

Os diferentes destinos turísticos possibilitam o contato do turista com as<br />

mais variadas formas de cultura, além da diversidade em termos de fauna e flora,<br />

que são objetos de freqüentes pesquisas. Infelizmente, graças à ação<br />

irresponsável do homem, espécies estão em vias de extinção e/ou tem sido alvo<br />

de depredações. Só se ama e se preserva o que se conhece, e é saindo dos<br />

limites da sala de aula que o aluno pode de fato conhecer as riquezas de seu país.<br />

Tornar-se um cidadão consciente de sua responsabilidade para com o patrimônio<br />

natural e cultural e principalmente contribuir para a preservação além de entender<br />

e respeitar diversidade cultural.<br />

A resistência de algumas instituições em intensificar a prática das viagens<br />

de estudo, infelizmente se manifesta através de argumentos que não justificam<br />

sacrificar o nível de aprendizado que essa prática possibilita. Muitos professores<br />

se mostraram interessados em desenvolver atividades extraclasse, mas não tem o<br />

apoio da instituição para o desenvolvimento do trabalho. Os motivos desse<br />

desinteresse por parte da instituição são vários, dentre eles nos foi citado a<br />

preocupação com a integridade física do aluno, argumentando que seria um risco<br />

viajar com um grupo de crianças ou adolescentes, e até mesmo de adultos, como<br />

é o caso do corpo discente das faculdades. Na verdade, ao se utilizar tal


argumento, evidenciam que desconhecem quão rico poderia ser essa experiência<br />

no processo ensino-aprendizagem ou entendem que a organização das viagens<br />

desvia a missão da instituição. Nesse aspecto percebemos uma oportunidade de<br />

negócio que seria a criação de agências de viagens especializadas em <strong>turismo</strong><br />

<strong>pedagógico</strong> em que a instituição de ensino teria todo respaldo técnico na<br />

organização das viagens.<br />

Em nossa pesquisa verificamos que são poucas as agências de viagens<br />

especializadas nessa área. Na região do extremo sul da Bahia, por exemplo, que<br />

comporta vinte e um municípios, não há nenhuma agência especializada.<br />

Os empreendedores que estiverem dispostos a aproveitar essa oportunidade de<br />

negócio devem estar cientes de que, além de dominar setor de agenciamento de<br />

viagens, devem também estar inseridos no segmento educacional, inclusive para<br />

compreender as necessidades e o nível de qualidade que o público alvo almeja.<br />

As viagens de estudo podem ser um importante diferencial para instituições,<br />

tanto particulares quanto públicas, que galgam um lugar especial no mercado.<br />

Muitas se preocupam em promover a instituição através da admissão de<br />

profissionais qualificados na área de educação e acabam por não possibilitar<br />

ação docente de fato, restringindo docentes e discentes à sala de aula.Se<br />

esquecem de otimizar as potencialidades locais e usufruir positivamente dos<br />

recursos locais, tanto humanos quanto naturais.<br />

Promovendo viagens de estudo estaríamos despertando no educando<br />

habilidades e competências que seriam estimuladas através da vivência, além de<br />

serem estes, turistas potenciais que quando adultos, além de promover o<br />

aquecimento da economia dos destinos turísticos, seriam defensores do<br />

patrimônio natural e cultural em qualquer parte do mundo.<br />

O Turismo Pedagógico contribuiria também para a minimização da<br />

sazonalidade da demanda que é uma situação que aflige grande parte das<br />

cidades turísticas. Durante o ano letivo a maioria da população não está em férias,<br />

assim viagens de cunho <strong>pedagógico</strong> se tornariam mais tranqüilas e confortáveis e<br />

contribuiriam com a geração de emprego e renda nos destinos turísticos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

A aula começa com um passeio. Disponível em:<br />

[http://www.jc.uol.com.br/noticias/ler.php?código]. acesso em 01 nov. 2002.<br />

A NATUREZA está ali, na esquina. Nova Escola. São Paulo. 1998 nº 115. p.40-42.<br />

ANDRADE, José Vicente. Turismo fundamentos e dimensões. 8º ed.São Paulo:<br />

Ática, 2000.<br />

BENI, Mário Carlos. Análise estrutural do Turismo. 7ª edição. São Paulo: Senac,<br />

2002.<br />

BRASIL. Secretaria da Educação Fundamental. Programa parâmetros em ação,<br />

meio ambiente na escola: guia do formador. Brasília: MEC; SEF, 2001. p.368<br />

379.<br />

BRASIL. Secretaria de educação fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:<br />

Temas transversais. Brasília: MEC/SEF,1997.<br />

Carta internacional de educação para o lazer. Associação Mundial de Recreação e<br />

Lazer. Disponível em Acesso em 01 nov. 2002.<br />

Diário de viagem Ouro Preto. <strong>Revista</strong> Nova Escola. Disponível em<br />

. Acesso em 11 nov. 2002.<br />

ESTUDAR o bairro para mudar o planeta. Nova Escola. São Paulo. 2001 nº 148.<br />

p.56-57.<br />

GAGNÉ, R. Como se realiza aprendizagem. Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1971.<br />

p.247.<br />

GUERRA, Rosangela. ENCONTRO com o velho Chico. Brasilia: TV ESCOLA. 2002<br />

º 27. p. 32-37.


GUERRA, Rosangela. Escola Verde-e-Amarela. Muitas aulas em um passeio.<br />

Brasilia: TV ESCOLA. 2002. p.34-36<br />

IGNARRA, Nesuty Lima<br />

p.14-19<br />

Manual de <strong>turismo</strong> 1º vol. 3ª edição. Guarapari:1998<br />

MARANGON, Cristiane. Caminhos do Brasil. Diário de Viagem Ouro Preto. Nova<br />

Escola On line. Disponível em:<br />

. Acesso em 01 nov. 2002.<br />

PESQUISE no próprio quintal. Nova Escola. São Paulo. 2001 nº 142. p. 38-41.<br />

Turismo <strong>pedagógico</strong>. Um jeito legal de estudar. Disponível em:<br />

. Acesso em 01 nov. 2002.


This document was created with Win2PDF available at http://www.win2pdf.com.<br />

The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!