Quem surgiu primeiro, o ovo ou a galinha? - Universidade Gama Filho
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Jornal da Matemática – Nº 7 – abril de 2011 <strong>Universidade</strong> <strong>Gama</strong> <strong>Filho</strong><br />
<strong>Quem</strong> <strong>surgiu</strong> <strong>primeiro</strong>, o <strong>ovo</strong> <strong>ou</strong> a <strong>galinha</strong>?<br />
Dilema, Paradoxos e Sofismas<br />
Se a resposta a esta pergunta for “o <strong>ovo</strong>”, quem o pôs? Se a resposta for “a <strong>galinha</strong>”,<br />
mas uma <strong>galinha</strong> sai de um <strong>ovo</strong>...<br />
Veja uma <strong>ou</strong>tra situação “embaraçosa”: se uma pessoa lhe disser: “Eu est<strong>ou</strong><br />
mentindo.”. O que você pode concluir dessa declaração? Se ela for verdadeira, a pessoa<br />
estará mentindo (<strong>ou</strong> seja, não estará falando a verdade); então “Eu est<strong>ou</strong> mentindo.” não é<br />
verdade e, portanto, a pessoa não estará mentindo. Se, ao contrário, ela for falsa, a pessoa<br />
não estará mentindo (<strong>ou</strong> seja, estará falando a verdade); então, neste caso, “Eu est<strong>ou</strong><br />
mentindo.” é verdade e, portanto, a pessoa estará mentindo.<br />
Estes são exemplos de paradoxos dos mais antigos. Um paradoxo é uma declaração<br />
aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica. Esta contradição ocorre quando<br />
uma pergunta pode ter duas respostas, mas nenhuma é satisfatória <strong>ou</strong> conclusiva, <strong>ou</strong> quando<br />
uma afirmação é ao mesmo tempo verdadeira e falsa.<br />
No <strong>primeiro</strong> caso, o paradoxo cria um dilema: qual das respostas escolher. Um exemplo<br />
também muito conhecido é o dilema do condenado à morte: “Um homem é condenado à morte<br />
por cadeira elétrica <strong>ou</strong> por envenenamento. Se ele falar uma sentença verdadeira, ele morrerá<br />
na cadeira elétrica; mas, se ele falar uma sentença falsa, ele morrerá por envenenamento. O<br />
que ele deve dizer para que um paradoxo o salve da morte?” Veja a resposta no JM Online em<br />
“Dilemas, Paradoxos e Sofismas” (Seção Jogos Matemáticos).<br />
No segundo caso, pode levar a um círculo vicioso. Um bom<br />
exemplo deste tipo de paradoxo são os objetos impossíveis (um tipo de<br />
ilusão de ótica) como o triângulo de Penrose. Maurits Cornelis Escher,<br />
um artista gráfico holandês, se inspir<strong>ou</strong> nessa ideia em sua obra
Jornal da Matemática – Nº 7 – abril de 2011 <strong>Universidade</strong> <strong>Gama</strong> <strong>Filho</strong><br />
A Cascata, onde a água da base de uma cascata parece correr em direção ao topo da cascata.<br />
Um <strong>ou</strong>tro paradoxo também muito conhecido é o Paradoxo do Barbeiro, enunciado em<br />
1918 por Bertrand Russel: “O único barbeiro de um vilarejo imaginário faz a barba de todos os<br />
homens do vilarejo que não fazem as suas próprias barbas, e somente destes homens. O<br />
barbeiro se barbeia?”.<br />
É comum confundir paradoxo e sofisma. Um sofisma é um raciocínio aparentemente<br />
válido, mas que nos leva a uma conclusão falsa <strong>ou</strong> absurda. Mas, há uma sutil diferença: o<br />
paradoxo utiliza um raciocínio correto, mas que leva a uma contradição (<strong>ou</strong> seja, duas<br />
conclusões opostas <strong>ou</strong> uma conclusão contrária a conceitos e propriedades). O sofisma<br />
também leva a uma contradição, porém o raciocínio contém um erro (proposital e dissimulado).<br />
Veja, por exemplo, uma “demonstração” de que 2 = 3 (?!)<br />
2 - 2 = 3 - 3<br />
2(1 – 1) = 3(1 – 1 ) simplificando<br />
2 = 3<br />
Onde está o erro? Na simplificação. Estaria certo se não estivéssemos dividindo por<br />
0 (= 1 – 1)! Muitos dizem que isto é um paradoxo, pois é “aparentemente” verdadeira. Na<br />
verdade, isto é um sofisma. Os sofismas ocorrem muitas vezes por violação de regras: a<br />
divisão por zero normalmente está oculta no raciocínio utilizado.<br />
Veja no JM Online, em “Dilemas, Paradoxos e Sofismas”, as<br />
respostas ao “Paradoxo do Gato e o Pão com Manteiga” e do sofisma<br />
geométrico “64 = 65”.<br />
Sueli Cunha<br />
Profª do Departamento de Matemática