caderno de textos ii modulo curso sul enfoc/2007 - Contag
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Confe<strong>de</strong>ração Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – CONTAG<br />
posseiros, 4 % <strong>de</strong> meeiros, 9 % <strong>de</strong> arrendatários e 61 % <strong>de</strong> assalariados. Porém, esta<br />
composição nunca se reproduziu nas diretorias sindicais. A justificativa para isto era, <strong>de</strong><br />
um lado, que a proprieda<strong>de</strong> agrícola - ainda que pequena - funcionava como uma espécie<br />
<strong>de</strong> retaguarda, <strong>de</strong>ixando o sitiante mais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, mais à vonta<strong>de</strong>, mais livre para as<br />
tarefas sindicais; por outro lado, estes pequenos proprietários seriam mais interessados e<br />
<strong>de</strong>dicados ao sindicalismo, graças as suas melhores condições econômicas e culturais.<br />
Vejamos o caso <strong>de</strong> Maringá:<br />
“o sindicato <strong>de</strong>colou, começou a sua caminhada... quando eu tomei a direção,<br />
porque eu tinha o apoio dos pequenos proprietários. Na diretoria, eu era o único<br />
assalariado. O resto era tudo proprietário .... nossa diretoria era uma diretoria <strong>de</strong><br />
pequenos proprietários. Isto fortaleceu, isto viabilizou ... e ... <strong>de</strong>u vida ao sindicato.<br />
Porque ele (o pequeno proprietário) não se <strong>de</strong>slocava. E tinha muito interesse em<br />
apren<strong>de</strong>r e nós tínhamos muitas coisas a ensinar... Ele tinha também interesse <strong>de</strong><br />
ensinar aos seus filhos”. (entrevistas 7 e 4)<br />
Mais do que uma distância econômica em relação ao restante dos trabalhadores<br />
rurais, estes dirigentes sindicais pertenciam a um grupo social específico, diferente do<br />
conjunto da maioria dos associados. Estas diferenças entre a condição social da base e a<br />
direção do movimento trazia consigo outras diferenciações importantes em termos dos<br />
interesses imediatos, das estratégias políticas ou mesmo dos projetos i<strong>de</strong>ológicos.<br />
Entretanto, estas diferenças sociais no seio do sindicato comunista não chegaram a ter<br />
tempo <strong>de</strong> colocar-se como um problema para este sindicalismo nascente. O golpe do<br />
1964 interrompeu o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>stas organizações.<br />
Sindicato rural, mo<strong>de</strong>lo urbano<br />
Quando este sindicalismo se instalou nas áreas rurais, os comunistas brasileiros<br />
não levaram suficientemente em conta as particularida<strong>de</strong>s do meio rural. Tudo indica que<br />
as peculiarida<strong>de</strong> do meio ambiente e as características próprias das camadas sociais do<br />
campo não estimularam uma discussão mais aprofundada, nem tomadas <strong>de</strong> posição<br />
específicas sobre o assunto <strong>de</strong>ntro do Partido. Assim, o PCB aplicou, sem modificações, a<br />
receita <strong>de</strong> sindicalismo que já vinham implantando há algum tempo nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s.<br />
Des<strong>de</strong> a sua constituição, estes sindicatos rurais foram marcados por características<br />
urbanas, quer na sua estrutura, nas suas ações, quer no seu programa político. Esta falta<br />
<strong>de</strong> inventivida<strong>de</strong>, inércia ou conservadorismo po<strong>de</strong>m ser atribuídos a um conjunto <strong>de</strong><br />
fatores. Antes <strong>de</strong> mais nada, o “Partidão” se pretendia her<strong>de</strong>iro da tradição marxista-<br />
leninista, on<strong>de</strong> a classe operária industrial <strong>de</strong>sempenharia o papel dirigente, no quadro <strong>de</strong><br />
uma “aliança operário-camponesa”. Daí <strong>de</strong>correm julgamentos <strong>de</strong>preciativos em relação<br />
aos camponeses, consi<strong>de</strong>rados como embrutecidos, ignorantes e ingênuos, como<br />
“batatas em um saco” (MARX em “O 18 Brumário”). Além disso, após a revolução do<br />
1930, vivia-se no país um ambiente político <strong>de</strong> sobrevalorização do urbano - o novo, o<br />
2º Módulo Regional Sul<br />
São José (SC), <strong>de</strong> 07 a 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> <strong>2007</strong>.<br />
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