17.04.2013 Views

TEMA ENREDO E. S MIRIM MOCIDADE DO OBELISCO “No reviver ...

TEMA ENREDO E. S MIRIM MOCIDADE DO OBELISCO “No reviver ...

TEMA ENREDO E. S MIRIM MOCIDADE DO OBELISCO “No reviver ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>TEMA</strong> <strong>ENRE<strong>DO</strong></strong> E. S <strong>MIRIM</strong> <strong>MOCIDADE</strong> <strong>DO</strong> <strong>OBELISCO</strong><br />

<strong>“No</strong> <strong>reviver</strong> dos sonhos sonhados, vida e obra de Monteiro Lobato”<br />

Autores: Paulo Roberto Bastos Portela, José da Silva Portela,<br />

Iêda Pastorino Rizzolo, Marilú Araújo da Silva Mesquita<br />

Sentado no grande salão, sonolento, olho ao redor e noto uma porta branca.<br />

Empurro-a e entro numa sala ao estilo dos anos trinta e encontro ao longo da parede uma<br />

estante repleta de livros empoeirados. Escolho um, ao acaso, e leio as primeiras linhas: “<br />

Numa casinha branca, lá no sítio do pica pau amarelo....”. Cochilo......, permaneço na<br />

sonolência de fim de tarde. Alguém me chama, é um homem de cabelos grisalhos e<br />

sobrancelhas grossas que me estende um pozinho dourado para cheirar. No mesmo<br />

instante, estou em frente a uma casinha branca, e vejo uma velhinha de mais de sessenta<br />

anos, é Dona Benta, também uma vaca mocha e um porco. Entro na casa, vou até a<br />

cozinha e lá está tia Anastácia. Saio para a rua e encontro Narizinho e sua boneca de<br />

pano, Emília, o rinoceronte Quindim está no pasto, mas ninguém sabe do Visconde.<br />

Estranho, que todos me chamam de Pedrinho. Ao retornar a casa, ficamos ali sentados,<br />

pensando no que estaria acontecendo com o Sítio. Porque tudo estava sem graça? Ando<br />

até a sala onde há uma estante cheia de livros empoeirados. Pego um e leio o título<br />

“Reinações de Narizinho”. Abro o livro e, lá está: “Numa casinha branca...”.<br />

Ouço um gemido vindo da estante. Olho onde estivera o livro e vejo prensado<br />

contra a parede o Visconde de Saborosa. Chamo os outros e recuperamos o sábio. Nos<br />

conta ele, que perdera a noção do tempo, o ânimo, e se escondera na estante. Disse que<br />

sentia muito porque não falavam mais em nós, havia um desinteresse pelas nossas<br />

aventuras, e, estávamos por aí, atirados. Por um breve momento se sentiu animado,<br />

quando nos colocaram na televisão, mas, não era isso que queria, e voltou para trás dos<br />

livros. A causa daquela apatia era o descaso pela leitura, a perda do hábito de contar<br />

histórias. Sem ler-nos, não tínhamos vida. Ocorreu-me então uma idéia. Fazer um desfile<br />

de alerta, com bastante música, para as crianças e os pais, para que todos voltem a ler, a<br />

brincar, a serem livres em sua imaginação. Vamos mostrar aos seres viventes que nós<br />

ainda existimos e somos eternos nos corações de muitas pessoas. Vamos chamar de<br />

<strong>“No</strong> <strong>reviver</strong> dos sonhos sonhados, vida e obra de Monteiro Lobato“. Sons fortes martelam<br />

minha mente. Acordo. São batidas na porta. Olho ao redor e, ali estão, no formato de<br />

alegorias, figurinos, esculturas, os personagens que me acompanham desde a infância. O<br />

mundo encantado do Sítio do Pica Pau Amarelo. Mas, se tudo foi um sonho, porque o<br />

estranho brilho em minha mão? Seria o pó que o homem me fizera cheirar? O pó de<br />

pirlimpimpim? Ou seria purpurina? Num canto, rindo de minha estupefação, a boneca<br />

Emília ergue os olhos de retrós para o céu e murmura em agradecimento: obrigado<br />

Monteiro Lobato !!!!!<br />

José Renato Monteiro Lobato, nasceu em Taubaté, São Paulo, em 1882. Mais<br />

tarde trocou seu nome para José Bento, porque herdou de seu pai, a bengala que tinha


gravada no castão as iniciais J. B. M. L. Depois de realizar seus primeiros estudos na<br />

cidade natal, foi para São Paulo, onde se formou em direito, e, em seguida começou a<br />

trabalhar como Promotor Público. Com a morte de seu avô, Visconde de Tremembé,<br />

herdou algumas terras no município de Buquira, tornando-se fazendeiro. Escreveu na<br />

época, dois artigos, que mudaram sua vida, iniciando assim sua projeção como escritor.<br />

Foram eles: “ Velha Praga “ e “ Urupês “, onde critica a vida do caipira, com a figura do<br />

Jeca Tatu. Mal sucedido na agricultura, vendeu a propriedade e estabeleceu-se em São<br />

Paulo, onde fundou a Revista Paraíba, que durou muito pouco. A seguir, comprou a<br />

Revista do Brasil e editou seu livro “Urupês” “, e o ensaio “O Saci “. Logo após, fundou a<br />

Editora Monteiro Lobato e Cia. E, sucessivamente, a Cia. Gráfica Editora Monteiro Lobato,<br />

a Companhia Editora Nacional, onde publicou “ O peixinho que morreu afogado “ e, vários<br />

livros didáticos. Serviu em Nova York, como Adido Comercial e, ao retornar ao Brasil,<br />

sustentou sua luta pela exploração do petróleo e do ferro, o que lhe custou caro.<br />

Desiludido, radicou-se na Argentina, onde fundou a Editora Acteon, e, no Brasil, a Editora<br />

Brasiliense, onde publicou os 20 livros sobre o Sítio do Pica-pau Amarelo, além dos 18<br />

para o público adulto e mais de 85 traduções. Escreveu também, livros de contos, como, “<br />

Cidades mortas “, “O choque das raças “ ( mais tarde chamado “ O Presidente Negro “,<br />

em sua 2º edição ), “ Negrinha “, “ Idéias de Jeca Tatu “, “ O escândalo do petróleo e do<br />

ferro “além de crônicas, críticas, novelas e ensaios.<br />

Monteiro Lobato foi um dos escritores que, no estilo fluente, pictórico, sedutor e<br />

bastante pessoal, soube criticar os grandes problemas nacionais e, no fim da vida,<br />

mostrou à Nação, a verdade de suas críticas. No quadro evolutivo de nossa literatura, é<br />

considerado um regionalista, quando descreve o caboclo através de sua conformação<br />

psicológica e seu gênero de vida regional. A partir de 1921, iniciou sua literatura infantil.<br />

Neste gênero, Emília foi sua criação mais feliz...<br />

No mundo de sua ficção, viajou com seus personagens por lugares como, o céu,<br />

os planetas, países imaginários e verdadeiros, reinos encantados, aproveitando a<br />

mitologia e o folclore brasileiro com simplicidade de estilo, e, mostra o período helenístico,<br />

quando o mundo girava em torno da Grécia, em seus livros “O Minotauro“ e, “Os doze<br />

trabalhos de Hércules“.<br />

No universo encantado do Sítio do pica pau amarelo, observa-se sua dedicação<br />

ao ideal literário, quando cria personagens que representam o perfil do povo brasileiro:<br />

Dona Benta, Tia Anastácia, Narizinho, Pedrinho, Emília ( a boneca de pano falante ), o<br />

Visconde de Sabugosa ( o sábio feito de sabugo de milho ), o Marquês de Rabicó ( o<br />

porquinho covarde e glutão ), e outros.<br />

Jeca Tatu é uma apologia ao matuto, caipira, caboclo do interior paulista,<br />

nordestino, cerrados do Brasil Central, colônias do sul, cujo personagem é o exemplo do<br />

descaso das autoridades públicas, o poder feudal, que predomina até hoje. Cabe-lhe<br />

portanto, a glória de criador de nossa literatura infantil, sendo considerado o maior escritor<br />

de livros infantis das Américas.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!