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MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO JULGADOR - Prefeitura ...

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I – INTRODUÇÃO<br />

<strong>MANUAL</strong> <strong>DE</strong> <strong>PROCEDIMENTOS</strong> <strong>DO</strong> JULGA<strong>DO</strong>R<br />

A <strong>Prefeitura</strong> Municipal de Pelotas, através da Secretaria Municipal de Projetos<br />

Especiais, com a participação de representantes das entidades carnavalescas constituiu o<br />

presente manual, evidenciando os critérios de julgamento para cada quesito, buscando<br />

evitar interpretações individuais e/ou subjetivas do julgador.<br />

A partir deste documento, torna-se público que:<br />

• o julgamento deve ser realizado com absoluta isenção de anônimo;<br />

• o julgador deve manter discrição durante o desfile, afastando qualquer forma de<br />

manifestação que permita interpretações dúbias;<br />

• a função do julgador distancia-se do espetáculo geral para direcionar-se àquele<br />

quesito que está sob sua observação e análise crítica;<br />

• o julgamento do desfile deverá ser baseado nos critérios pré-estabelecidos,<br />

devendo o julgador justificar, sucintamente a nota atribuída, inclusive a nota<br />

dez;<br />

• após o fechamento do envelope com as notas, deverá ser mantido o mais<br />

absoluto sigilo sobre as impressões dos jurados, evitando entrevistas e<br />

comentários à imprensa a respeito do assunto enquanto não for divulgado o<br />

resultado;<br />

Com o propósito de assegurar o processo de transparência desta administração<br />

este manual reúne os elementos fundamentais que deverão servir de base para o<br />

julgamento dos desfiles de cada Entidade Carnavalesca.<br />

II – CARNAVAL <strong>DE</strong> TO<strong>DO</strong>S OS TEMPOS<br />

DA ANTIGUIDA<strong>DE</strong> À ATUALIDA<strong>DE</strong><br />

Segundo alguns estudiosos do tema, o Carnaval originou-se dos cultos praticados<br />

pelos povos da Antigüidade, quando homens e mulheres cobriam-se de peles e plumas,<br />

pintando os rostos para sair em cortejo, festejando as colheitas.<br />

Outras fontes de consulta vêem esta festa nascida dos cultos a Deusa egípcia Isis ou<br />

da veneração às divindades hebraicas. Autores romanos da época dos Césares descrevem<br />

bacanais, lupercais e satumais, como o culto ao Deus Dionísio.<br />

Na Grécia Antiga, por suas características, podem estar as origens do carnaval de<br />

nossos dias.<br />

Para outro grupo de estudiosos, o Carnaval teria se originado na Idade Média.<br />

Alguns Papas, como Inocêncio II, reagiram muito mal àquelas festas de cunho<br />

pagão. Outros como Paulo II mostraram-se bastante tolerantes àquelas festividades.<br />

Nascido na Antigüidade ou na Idade Média, a verdade é que o Carnaval difundiu-se<br />

por toda a Europa, tendo sido registrado com grande destaque em países como Espanha,<br />

Alemanha, Rússia, França e Itália.


Em Portugal, no entanto, o Carnaval não se caracterizou por apenas refinados bailes<br />

de máscaras, como fizeram os franceses e os italianos. Correndo de um lado para o outro,<br />

atirando ovos, água suja e substâncias menos limpas nos trausentes, os lisboetas e<br />

habitantes da cidade do Porto, na Península Ibérica, difundiram este hábito para as<br />

Américas portuguesa e espanhola popularizado entre nós com o nome de Entrudo.<br />

Quando o Entrudo chegou ao Brasil, no século XVII, tendo imediata aceitação por<br />

parte do povo, as autoridades da época proibiram as brincadeiras pelos problemas que<br />

acarretavam, como contusões nos participantes e muitas cenas vexatórias. O principal<br />

instrumento da diversão era o famoso limão de cheiro, artefato no tamanho e na forma de<br />

uma laranja, feito de cera, contendo água suja e/ou perfumada e colorida, que atirada contra<br />

os foliões, rompia-se, sujando-os e, muitas vezes, provocando ferimentos.<br />

O costume europeu dos bailes de máscaras e à fantasia transferiu-se para o Brasil<br />

por volta de 1850. Contemporâneas do surgimento dos bailes, as sociedades aparecem no<br />

Carnaval em meados do século passado, tornando-se um dos pontos mais altos da maior<br />

festa brasileira, com duração de três dias e, de acordo com o calendário gregoriano,<br />

iniciando 40 dias antes da Páscoa.<br />

O Carnaval de rua é uma forma de brincar que se diferencia dos bailes centenários<br />

pelo fato de os adeptos dessa modalidade preferirem as ruas da cidade para as suas<br />

brincadeiras. Historicamente, o Carnaval de Rua, com o Bloco dos Sujos, surgiu em 1846,<br />

tendo a comandá-lo o português José Nogueira de Azevedo Paredes (Zé Pereira). Locava<br />

ele um grande bumbo, percorrendo ruidosamente as ruas da cidade, acompanhado por um<br />

número sempre crescente de foliões que aderiam ao Zé Pereira quando da sua passagem.<br />

O agrupamento carnavalesco conhecido como Escola de Samba nasceu com a<br />

decorrência da nova maneira de marcar o ritmo do samba, criada por instrumentistas e<br />

compositores do bairro Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. Isso por volta de 1923. Em sua<br />

origem, o samba, como música e forma de dança aproximava-se muito do maxixe. Mas<br />

poucos anos depois do novo ritmo ser inaugurado com o samba Pelo Telefone, da autoria<br />

de Donga e Mauro de Almeida, sambistas do lendário bairro Estácio de Sá, entre eles<br />

Ismael Silva, Milton Bastos, Alcebíades Barcelos (Bide), Osvaldo Vasques (Baiaco) Silvio<br />

Fernandes (Brancura) imprimiram nova marcação do samba, afastando-o, definitivamente,<br />

do maxixe e dando-lhe a forma pela qual o conhecemos até nossos dias. Foi em torno desse<br />

novo ritmo que se formaram as Escolas de Samba.<br />

A primeira Escola de Samba, logo desaparecida, chamou-se Deixa Falar. Após<br />

seguiram-se duas outras que se tornaram expoentes do carnaval brasileiro: Portela e<br />

Mangueira. Ambas nascidas no final da década de 1920, porém, o primeiro desfile das<br />

escolas de samba realizou-se somente no ano de 1932, numa promoção do jornal Mundo<br />

Esportivo, sagrando-se campeã a Mangueira.<br />

Carnaval em Pelotas<br />

Os primeiros registros sobre o carnaval de Pelotas datam de 1870 quando o Jockey<br />

Clube e o Caritativo eram os principais clubes da época e desfilavam pelas ruas<br />

acompanhados das Bandas Lira e União.<br />

Já os bailes de máscara do Sete de Abril, Hotel Veneza, Hotel do Comércio, Clube<br />

do Comércio e Clube Comercial eram freqüentados pelos burgueses, enquanto as famílias<br />

mais ricas realizavam bailes em suas residências.


Nesse período a festa tem características da região inspirada nas charqueadas. Em<br />

1880 os desfiles aconteciam nas ruas: do Imperador (hoje Félix da Cunha), São Miguel<br />

(hoje Quinze de Novembro) e Andrade Neves. Essas ruas eram enfeitadas com folhagens,<br />

bandeiras, as sacadas com flores naturais e artificiais, colchas de seda assemelhando-se as<br />

festas religiosas. Os carros passavam pelas ruas tecendo críticas à atualidade da época sem<br />

obedecer a uma ordem pré-estabelecida, o que difere dos dias atuais.<br />

Também nesta década (1880) o Clube Democrático e o Clube Carnavalesco Nagô<br />

utilizaram a festa de Momo em prol da abolição da escravatura. Os componentes do Clube<br />

Nagô eram negros libertos de origem Nagô. Não foi o carnaval em si que mobilizou os<br />

negros em torno de um clube, mas ele serviu como um espaço alternativo que permitia,<br />

pelas características dos festejos, a livre expressão do grupo.<br />

As sociedades dos Nagôs e dos Congos, respectivamente, foram as primeiras a<br />

reivindicar o fim da escravidão nos desfiles, apresentando carros com manifestações de<br />

redenção dos cativos e angariando fundos para a compra de carta de alforria.<br />

O clube carnavalesco Nagô foi o responsável pelo baile do Redondo, composto<br />

exclusivamente por negros e aceito pelas autoridades. Ao final dos seus desfiles, seguido<br />

por multidões de admiradores, proporcionavam um baile no “rink” da Praça Cel. Pedro<br />

Osório. Nesses bailes todos podiam participar, ao contrário de outros que eram pagos e nos<br />

quais a seleção era realizada de acordo com o proprietário.<br />

A chegada do confete e da serpentina ocorreu em 1895, dando um toque de<br />

refinamento ao Entrudo.<br />

Nos carnavais de 1894, 1895 e 1896, as manifestações de rua foram fracas. A chuva<br />

de 1894 diminuiu o entusiasmo. O interesse estava nas batalhas de flores, lança-perfume,<br />

bailes nos salões dos clubes ou nas casas de família.<br />

No período de 1896 a 1906, a batalha dos confetes e serpentinas enfeitando ruas e<br />

salões concederam um toque festivo ao passeio burlesco e aos bailes tradicionais.<br />

Os confetes de cores diversas tinham grande poder de comunicação, servindo de<br />

mensagem ao serem lançados sobre uma pessoa e, por isso, o comércio disputava a venda<br />

do produto.<br />

Em 1897 a animação ficou com o desfile de 90 carros, da banda do Caixeiral o<br />

passeio burlesco do Estrela com banda de música e fogos de bengala, colocação de coretos<br />

nas ruas e os bailes de salão tradicionais.<br />

Em 1898 o passeio burlesco e o confete foram mantidos. A novidade ficou com o<br />

baile do Clube Caixeiral e os passeios com os grupos como o Satélites do Progresso,<br />

Recreio dos Operários, Cuikas, Clube X, Banda do Clube Caixeiral e o Clube Cyclista.<br />

No ano seguinte (1899) permanecia o entusiasmo com confete, serpentina, batalha<br />

de flores e o passeio de gala do grupo Satélites do Progresso.<br />

Os festejos de Momo em 1902 continuaram com o confete e a serpentina. Os bailes<br />

à fantasia aconteceram com diversas sociedades e o público encheu as ruas com apitos,<br />

pandeiros, cornetas e violão.<br />

A avaliação nesses anos de 1890 a 1906 foi de um carnaval de rua prejudicado pela<br />

chuva, com pouca animação. Fizeram parte do entusiasmo o passeio burlesco, o corso, as<br />

brincadeiras de confetes, serpentinas e os bailes de salão ou familiares.<br />

Uma outra característica do período de 1890 a 1906 era a diferença entre os bailes<br />

públicos e os de elite. Os primeiros eram realizados durante o período pré-carnavalesco; os<br />

bailes de elite, durante o carnaval propriamente dito.


Até 1923 o carnaval de Pelotas teve como base os clubes. A partir daí proliferam os<br />

cordões carnavalescos como: Atrás das bombas, Almofadinha, Fica Aí Pra Ir Dizendo, Tira<br />

A Roupa Do Varal, Tira Um Fiapo E Deixa, Filhos do Sol, Filhos da Lua, Vamos Como<br />

Pode, Maçaneta, Quem Ri De Nós Tem Paixão, Dona Carlota, Miscelânea, Filhos da<br />

Alegria, Os Apaixonados, Democratas, Cuidado Com Os Garotos, Olha E Deixa, Bloco Do<br />

Peso e Que Importa a Vida.<br />

Os cordões mais antigos são respectivamente o Depois da Chuva e o Chove Não<br />

Molha, normalmente compostos por ex-escravos ou descendentes deles, não visavam o<br />

destaque do status de seus componentes, mas significavam uma cultura mais cômica,<br />

apresentando um carnaval participativo.<br />

Foi em 1941 que surgiram nas ruas os blocos com nomes de animais “um sucesso<br />

zoológico”, segundo a imprensa da época. Os principais foram os blocos: A Girafa da<br />

Cerquinha, Bode de Encruzilhada, Galo Tigre Real da Várzea, Canguru, Boi V-8, King<br />

Kong, Dromedário e o Dragão do Pepino, precursor da primeira escola de samba de<br />

Pelotas, a Estrela do Oriente.<br />

Surgem respectivamente as Escolas Academia do Samba (1949), General Telles<br />

(1950), General Osório, Ramiro Barcelos (1962) e Estação Primeira do Areal (1977).<br />

Em 1953, aconteceu o primeiro concurso das escolas de samba consagrando-se<br />

campeã a Academia do Samba.<br />

Na década de 60 o carnaval de rua mostrou muita animação, algum luxo, mas<br />

bastante diferente dos carnavais das décadas de 20, 30 e 40, sem o rigor das vestes usadas<br />

nesses períodos.<br />

Em 1965 foram erguidas as primeiras arquibancadas do carnaval pelotense,<br />

instaladas em frente à prefeitura.<br />

Na década de 70 os blocos carnavalescos foram transformados em escolas de samba<br />

do segundo grupo.<br />

Até 1977 as escolas eram amadoras, porém a partir de 1978 com o surgimento da<br />

Estação Primeira do Areal e o profissionalismo do figurinista Portela que o carnaval<br />

ganhou adereços gigantes e passou a ter novas modalidades de disputa. Foi o Sr. Portela<br />

também o responsável pela introdução no carnaval pelotense do samba de enredo e do<br />

porta-estandarte.<br />

Nas décadas seguintes, a organização do carnaval foi evoluindo progressivamente<br />

para o modelo que temos hoje, com a criação de novas entidades e/ou licenciamento de<br />

outras, através de uma Coordenadoria de Manifestações Populares que faz a ponte entre os<br />

carnavalescos e o órgão público além de qualificar e abrilhantar o carnaval pelotense.<br />

Hoje existe um cadastramento com documentação mínima exigida (CNPJ, ata de<br />

diretoria ativa e estatuto), um Regulamento Geral constituído com os carnavalescos e 06<br />

(seis) quesitos avaliados no decorrer do desfile. Toda esta documentação atualmente<br />

constitui-se em acervo indispensável que permite o registro e a continuidade da história do<br />

carnaval em Pelotas.<br />

Para o ano de 2004 há intenções da <strong>Prefeitura</strong> de inaugurar o Museu do Carnaval<br />

que reunirá doações de particulares e/ou das entidades carnavalescas para que os<br />

documentos (fotos, vestimentas, calçados) fique à disposição da comunidade pelotense.

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