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Terceira Parte B (3,89 MB) - Instituto Anchietano de Pesquisas ...

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278<br />

André Osório Rosa<br />

moluscos. A costa do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul pertence à província faunística<br />

patagônica, caracterizada por abrigar espécies adaptadas a baixas<br />

temperaturas (Gil & Thomé, 2001) e, neste contexto ambiental, os organismos<br />

que aí vivem estão sujeitos às drásticas variações das condições físicas do<br />

meio, o que freqüentemente po<strong>de</strong> refletir-se em alterações faunísticas<br />

imprevisíveis (Gianuca, 1987 citado por Gil & Thomé, 2001). Sob tais<br />

alterações, as espécies po<strong>de</strong>m ter sua <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> significativamente reduzida,<br />

ou po<strong>de</strong>m mesmo <strong>de</strong>saparecer temporariamente da área. Neste sentido, as<br />

flutuações da abundância das populações <strong>de</strong> moluscos, sobretudo <strong>de</strong><br />

Meso<strong>de</strong>sma mactroi<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>riam refletir em algum momento baixas<br />

disponibilida<strong>de</strong>s ocasionais <strong>de</strong>sse recurso, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> variações<br />

regularmente sazonais.<br />

Nos sistemas costeiros, muitas espécies <strong>de</strong> aves e mamíferos<br />

apresentam hábitos migratórios, ocorrendo especificamente durante uma<br />

<strong>de</strong>terminada época do ano. No litoral sul do Brasil, constituem exemplos <strong>de</strong><br />

espécies migratórias, diversas espécies <strong>de</strong> aves, entre as quais o pingüim-<strong>de</strong>magalhães<br />

(Spheniscus magellanicus) e algumas espécies <strong>de</strong> mamíferos,<br />

<strong>de</strong>stacando-se os pinípe<strong>de</strong>s Arctocephalus australis (lobo-marinho) e Otaria<br />

flavescens (leão-marinho-do-sul), que são os mais freqüentes nesta região<br />

(Pinedo, 1988). Estes animais costumam aparecer ao longo da costa nas<br />

épocas mais frias do ano, ou seja, entre as estações <strong>de</strong> outono e primavera<br />

(Pinedo, 1988; Belton, 1994; Vooren & Ilha, 1995; Sanfelice et al., 1999).<br />

Observações sistemáticas <strong>de</strong>stes animais na área <strong>de</strong> estudo (observação<br />

pessoal do autor) confirmaram o padrão sazonal <strong>de</strong> ocorrência já mencionado<br />

pelos referidos autores.<br />

Os restos <strong>de</strong> pinípe<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> aves marinhas <strong>de</strong> hábitos migratórios<br />

(pingüins e albatrozes, entre outras) são freqüentes nos sambaquis do sul do<br />

Brasil, a exemplo do sambaqui <strong>de</strong> Itapeva (Jacobus & Gil, 1987; Gazzaneo et<br />

al., 19<strong>89</strong>; Rosa, 1996), no litoral norte do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul, do sambaqui do<br />

Rincão (Teixeira & Rosa, 2001; Teixeira, neste volume, 2.3), no sul do Estado<br />

<strong>de</strong> Santa Catarina, e ainda <strong>de</strong> outros sítios litorâneos catarinenses, situados<br />

mais ao norte <strong>de</strong>ste Estado, on<strong>de</strong> as informações mostram tratar-se <strong>de</strong><br />

assentamentos mais duradouros (Ban<strong>de</strong>ira, 1992). Ao contrário do que se<br />

observa nos característicos sambaquis, a incorporação <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> mamíferos<br />

e aves marinhas nos sítios da área em estudo é baixa, indicando não ter havido<br />

um efetivo aproveitamento <strong>de</strong>sses animais. Não é possível afirmar que a<br />

escassez dos restos <strong>de</strong>sses animais nos registros arqueológicos ocorra<br />

necessariamente <strong>de</strong>vido à ausência dos grupos humanos na região durante as<br />

estações mais frias do ano, já que tal escassez po<strong>de</strong>ria estar refletindo<br />

simplesmente a questão <strong>de</strong> tabús alimentares ou outros aspectos do sistema<br />

<strong>de</strong> subsistência. Não fosse esta razão, seria provável que houvesse uma<br />

presença mais significativa <strong>de</strong> restos <strong>de</strong>stes animais, se consi<strong>de</strong>ramos os<br />

mesmos padrões observados nos sambaquis mencionados, on<strong>de</strong> as espécies<br />

PESQUISAS, ANTROPOLOGIA

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