mulheres do amazonas na narrativa dos viajantes - GT Nacional de ...
mulheres do amazonas na narrativa dos viajantes - GT Nacional de ...
mulheres do amazonas na narrativa dos viajantes - GT Nacional de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
VI Simpósio Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> História Cultural<br />
Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Piauí – UFPI<br />
Teresi<strong>na</strong>-PI<br />
ISBN: 978-85-98711-10-2<br />
temas <strong>de</strong>stacamos alguns pontos que contribuíram para que os <strong>viajantes</strong> elaborassem um<br />
conjunto <strong>de</strong> imagens da mulher ma<strong>na</strong>uara.<br />
No conjunto <strong>de</strong> imagens perscrutadas sobre as <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> Ma<strong>na</strong>us há uma<br />
reincidência <strong>de</strong> imagens encontradas nos relatos <strong>do</strong>s <strong>viajantes</strong>. Imagens estas que, em<br />
vários relatos retratam a mulher ma<strong>na</strong>uara num quadro on<strong>de</strong> são caracterizadas como<br />
“filhas livres da <strong>na</strong>tureza”, “elegantes”, “bem vestidas”, “faceirice selvagens”,<br />
“<strong>na</strong>mora<strong>de</strong>iras”, “andam nuas, até muito crescidas”, “sereias escuras”, “educadas”,<br />
“corpo elástico”, “mães <strong>de</strong>dicadas”, “vagavam para cima e para baixo,<br />
<strong>de</strong>sembaraçadamente”, “uma gran<strong>de</strong> negligência”, “<strong>mulheres</strong> muito fáceis <strong>de</strong><br />
contentar”, “sentimento <strong>de</strong> pu<strong>do</strong>r”, “jovem fusca das florestas”, “meni<strong>na</strong>s quietas”, e<br />
“mistura <strong>de</strong> três raças”. Retratadas pelas cores branca, amarela, parda, escura e até ao<br />
mais profun<strong>do</strong> preto africano, os <strong>viajantes</strong> nos revelam, <strong>na</strong>s entrelinhas <strong>do</strong>cumentais, o<br />
pouco contato que tiveram com as <strong>mulheres</strong> brancas e, quan<strong>do</strong> o fizeram estavam no<br />
seio familiar das mais distintas da cida<strong>de</strong>.<br />
Observamos que estes temas são características que permeiam as falas <strong>do</strong>s<br />
<strong>viajantes</strong> ao registrarem as práticas afetivas das <strong>mulheres</strong> <strong>de</strong> Ma<strong>na</strong>us no <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s<br />
séculos XVIII e XIX.<br />
LER, SENTIR E NARRAR<br />
O calor cedia lentamente seu espaço para a chuva que fi<strong>na</strong>lmente começava a<br />
chegar. O Rio Negro e Solimões escorriam faceiramente pelas terras <strong>do</strong> Amazo<strong>na</strong>s.<br />
Após o término da missa <strong>de</strong> <strong>do</strong>mingo, <strong>na</strong> igreja Matriz, não se falava outra coisa. O<br />
gran<strong>de</strong> baile espalhava-se pelas bucólicas esqui<strong>na</strong>s ma<strong>na</strong>uaras. O sol tinha rei<strong>na</strong>va<br />
solenemente sobre a floresta, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> chuva, e nesse ambiente a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
Ma<strong>na</strong>us, <strong>na</strong> sua inquietu<strong>de</strong>, fervilhava entre cochichos. To<strong>do</strong>s comentavam e esperavam<br />
ansiosos pela noite <strong>de</strong> 5 <strong>de</strong> novembro.<br />
E <strong>na</strong> noite <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> baile <strong>na</strong>s ruas escuras ao re<strong>do</strong>r <strong>do</strong> palácio iam surgin<strong>do</strong><br />
grupos <strong>de</strong> pessoas apressadas andan<strong>do</strong> a pé, com seus lampiões acesos a ilumi<strong>na</strong>r as<br />
ruas escuras da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ma<strong>na</strong>us.<br />
2