mulheres do amazonas na narrativa dos viajantes - GT Nacional de ...
mulheres do amazonas na narrativa dos viajantes - GT Nacional de ...
mulheres do amazonas na narrativa dos viajantes - GT Nacional de ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
VI Simpósio Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> História Cultural<br />
Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>do</strong> Piauí – UFPI<br />
Teresi<strong>na</strong>-PI<br />
ISBN: 978-85-98711-10-2<br />
risadinhas e brinca<strong>de</strong>iras inocentes das belas e <strong>do</strong>ces selvagens com seus longos cabelos<br />
negros.<br />
Alfred Russel Wallace, 1862, ao viajar pelo Amazo<strong>na</strong>s, atesta a veracida<strong>de</strong> que<br />
muitos <strong>viajantes</strong> estrangeiros falaram sobre a elegância, o bom gosto, o requinte e a<br />
moda francesa que corria solta pelos salões sociais ma<strong>na</strong>uara.<br />
Como era <strong>de</strong> se esperar nessas circunstâncias, a moda é uma <strong>de</strong> suas<br />
maiores preocupações. Aos <strong>do</strong>mingos, <strong>na</strong> missa, trajam-se to<strong>do</strong>s em<br />
gran<strong>de</strong> estilo. As <strong>mulheres</strong> comparecem elegantíssimas, num<br />
multicolori<strong>do</strong> <strong>de</strong>sfile <strong>de</strong> musseli<strong>na</strong>s e gazes francesas. Suas belas<br />
cabeleiras, cuida<strong>do</strong>samente arrumadas e a<strong>do</strong>r<strong>na</strong>das <strong>de</strong> flores, jamais se<br />
escon<strong>de</strong>m sob toucas ou chapéus. 15<br />
Se as <strong>mulheres</strong> perfilavam suas toaletes elegantíssimas <strong>na</strong>s festivida<strong>de</strong>s sociais<br />
e religiosas, por seu la<strong>do</strong>, os homens se transformavam nestas ocasiões em verda<strong>de</strong>iros<br />
cavalheiros.<br />
A seu la<strong>do</strong>, os cavalheiros, que durante a sema<strong>na</strong> ficaram nos seus<br />
imun<strong>do</strong>s armazéns em mangas <strong>de</strong> camisa e chinelos, agora trajam<br />
finíssimos ternos pretos, chapéus <strong>de</strong> feltro, gravatas <strong>de</strong> cetim e boti<strong>na</strong>s<br />
<strong>de</strong> verniz <strong>de</strong> cano bem curto. 16<br />
Diante <strong>de</strong> tanta urbanida<strong>de</strong>, afetivida<strong>de</strong> e sociabilida<strong>de</strong> Wallace sutilmente<br />
consegue perceber as amenida<strong>de</strong>s que regem a população masculi<strong>na</strong> e femini<strong>na</strong> <strong>de</strong><br />
Ma<strong>na</strong>us. Ten<strong>do</strong> participa<strong>do</strong> da missa festiva, convida<strong>do</strong> pelo padre com quem<br />
<strong>de</strong>senvolveu uma profícua amiza<strong>de</strong> constatou:<br />
Depois da missa, é hora das visitas <strong>de</strong> cerimônia, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o<br />
mun<strong>do</strong> vai à casa <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, e lá ficam comentan<strong>do</strong> os<br />
escândalos que, se acumularam durante a sema<strong>na</strong>. Barra <strong>de</strong>ve ser a<br />
comunida<strong>de</strong> civilizada que tem os costumes mais <strong>de</strong>ca<strong>de</strong>ntes<br />
possíveis. 17<br />
A missa tor<strong>na</strong>va-se, <strong>na</strong> Ma<strong>na</strong>us <strong>do</strong> século XIX, ponto <strong>de</strong> encontro da<br />
sociabilida<strong>de</strong>, urbanida<strong>de</strong> e afetivida<strong>de</strong>. Era ao fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong>ste encontro que a cida<strong>de</strong><br />
15 WALLACE, Alfred Russel.”Viagens pelos rios Amazo<strong>na</strong>s e Negro/ Alfred Russel Wallace”;<br />
Tradução Eugênio Ama<strong>do</strong>; apresentação Mário Guimarães Ferri.- Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São<br />
Paulo: Ed. da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1979. p. 110.<br />
16 Ibid., p. 110.<br />
17 Ibid.<br />
8