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Controle do imprinting gênico - Genética

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Universidade de São Paulo<br />

Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”<br />

Programa de Pós-Graduação em <strong>Genética</strong> e Melhoramento de Plantas<br />

Curso de Mestra<strong>do</strong><br />

Imprinting Gênico<br />

Luíza Lane de Barros Dantas<br />

Orienta<strong>do</strong>r: Marcio de Castro Silva Filho


Nos organismos eucariotos de<br />

reprodução sexuada, o zigoto<br />

recebe um alelo de cada<br />

parental e cada um deles tem<br />

iguais chances de ser<br />

expresso.<br />

Entretanto, a expressão de alguns alelos está<br />

intimamente relacionada à sua origem parental.


Primeiras evidências <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong>:<br />

Primeiras observações em D. melanogaster;<br />

Trabalhos publica<strong>do</strong>s em 1935, 1944, 1946 e 1947;<br />

Gene scute.<br />

Quan<strong>do</strong> o gene era herda<strong>do</strong> <strong>do</strong> parental ♂, ocorria<br />

heterocromatinização e manchas oculares surgiam no inseto.


Primeiras evidências <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong>:<br />

♂ ♀<br />

O cromossomo X de origem paterna é sempre elimina<strong>do</strong>.


Primeiras evidências <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong>:<br />

Genetics 66:69-85 September 1970<br />

Alelo R – pigmentação da aleurona<br />

R ♂ - poucos grãos com manchas<br />

R♀ - muitos grãos com manchas e<br />

grãos pigmenta<strong>do</strong>s


Primeiras evidências <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong>:<br />

É necessário o equilíbrio<br />

entre alelos ♀ e ♂ para a<br />

sobrevivência <strong>do</strong><br />

organismo.


Mais evidências <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong>:


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

É a expressão tendenciosa de alelos de acor<strong>do</strong> com sua origem<br />

parental;<br />

Enquanto um <strong>do</strong>s alelos é expresso, o outro é silencia<strong>do</strong>.<br />

Não ocorre, portanto, expressão aleatória <strong>do</strong>s alelos herda<strong>do</strong>s<br />

pelo parental masculino ou feminino.


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Um exemplo simplifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>:<br />

Gisele Büdchen e<br />

Tom Brady<br />

F1 com<br />

<strong>imprinting</strong><br />

Alelos de Gisele expressos<br />

Alelos de Tom expressos


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Um exemplo simplifica<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>:<br />

Gisele Büdchen e<br />

Tom Brady<br />

F1 sem<br />

<strong>imprinting</strong><br />

Expressão aleatória <strong>do</strong>s<br />

alelos herda<strong>do</strong>s de<br />

Gisele e de Tom.


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Rompe as leis mendelianas;<br />

Meiotic drive?<br />

Gregor Mendel


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

É um fenômeno observa<strong>do</strong> em mamíferos placentários, plantas<br />

Angiospermas, insetos e nematóides;<br />

Os genes que sofrem <strong>imprinting</strong> podem ser observa<strong>do</strong>s nas<br />

células somáticas e germinativas <strong>do</strong> organismo ou apenas em<br />

determinadas estruturas.


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

A cada geração o <strong>imprinting</strong> é renova<strong>do</strong>.


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Algumas das funções associadas aos genes que<br />

sofrem <strong>imprinting</strong>:<br />

Desenvolvimento;<br />

Nutrição embrionária;<br />

crescimento e proliferação celular;<br />

Homeostase.


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Até agora, 10 genes associa<strong>do</strong>s ao <strong>imprinting</strong> foram<br />

descritos em plantas...


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

... e 11 genes com <strong>imprinting</strong> foram encontra<strong>do</strong>s em D.<br />

melanogaster...


Mas afinal, o que é <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

... enquanto que em mamíferos há 80 genes que sofrem <strong>imprinting</strong>.<br />

Morison et al (2005). TRENDS in Genetics Vol.21: 458 – 460.


E como um organismo consegue distinguir um gene<br />

que sofre <strong>imprinting</strong> de um que não sofre?<br />

Poucos e menores íntrons<br />

Em média, os íntrons de genes que sofrem <strong>imprinting</strong> são menores e menos<br />

numerosos quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s aos genes que não sofrem <strong>imprinting</strong>.


E como um organismo consegue distinguir um gene<br />

que sofre <strong>imprinting</strong> de um que não sofre?<br />

Sequências repetitivas<br />

Características <strong>do</strong>s genes com <strong>imprinting</strong><br />

Gene<br />

CpG<br />

rica<br />

Direção RepetiçõesTamanho<br />

Repetidas Único<br />

Genes com <strong>imprinting</strong> têm mais sequências repetitivas.<br />

Localização<br />

da metilação


E como um organismo consegue distinguir um gene<br />

que sofre <strong>imprinting</strong> de um que não sofre?<br />

Translocações<br />

A translocação confere<br />

manchas oculares tanto<br />

em ♀ quan<strong>do</strong> em ♂<br />

quan<strong>do</strong> herdada <strong>do</strong><br />

parental ♂.


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Nos mamíferos, o surgimento<br />

<strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> acompanhou a<br />

divergência que gerou os<br />

mamíferos placentários, há<br />

cerca de 150 milhões de anos<br />

atrás.<br />

Neste grupo, há genes que sofrem <strong>imprinting</strong> tanto no embrião<br />

quanto na placenta, estrutura voltada para a nutrição embrionária.


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Em plantas, o aparecimento<br />

<strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> seguiu a<br />

origem das Angiospermas, há<br />

cerca de 140 milhões de anos<br />

atrás.<br />

Nas Angiospermas, há genes que sofrem <strong>imprinting</strong> apenas no<br />

en<strong>do</strong>sperma, teci<strong>do</strong> volta<strong>do</strong> para a nutrição embrionária.


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Então a origem <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong> estaria associada à<br />

estruturas voltadas para a nutrição embrionária?<br />

Como poderia ser explicada a evolução <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong>?<br />

Parental Materno<br />

Igualmente liga<strong>do</strong> a<br />

todas as proles que tiver<br />

na vida;<br />

Necessidade de divisão<br />

equitativa <strong>do</strong>s recursos<br />

para cada prole;<br />

Sobrevivência de todas<br />

as proles.<br />

A Teoria <strong>do</strong> Conflito Parental<br />

Parental Paterno<br />

Liga<strong>do</strong> apenas à(s)<br />

sua(s) prole(s);<br />

Tendência em alocar os<br />

recursos maternos para<br />

sua prole;<br />

Sobrevivência de sua<br />

prole.


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

A Teoria <strong>do</strong> Conflito Parental<br />

Ao longo da evolução, o parental masculino desenvolveu<br />

estratégias para maximizar o investimento <strong>do</strong>s recursos<br />

femininos na sua prole, ao passo que o parental feminino<br />

opôs-se procuran<strong>do</strong> dividir igualmente os recursos entre<br />

cada prole.


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Então como explicar o surgimento <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> nestes animais?


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

A teoria baseada na recombinação<br />

meiótica sugere uma ligação entre<br />

o <strong>imprinting</strong> a recombinação que<br />

acontece durante a meiose.


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

Esta teoria conta com experimentos que demonstraram que regiões <strong>do</strong><br />

genoma humano que sofrem <strong>imprinting</strong> apresentam altas taxas de<br />

recombinação:


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

A teoria da bomba relógio ovariana propõe que o <strong>imprinting</strong><br />

evoluiu para evitar a partenogênese.<br />

Esta teoria tem suporte nos experimentos feitos com<br />

mamíferos em que os embriões diplóides ginogenéticos ou<br />

androgenéticos não eram viáveis:


Como surgiu o <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>?<br />

As espécies apomíticas desenvolvem-se de um óvulo não fertiliza<strong>do</strong>, porém as<br />

sementes só são viáveis quan<strong>do</strong> contém genoma ♂ no en<strong>do</strong>sperma<br />

(pseu<strong>do</strong>gamia) na proporção 2 ♀: 1♂.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

O sistema regulatório de genes que sofrem<br />

<strong>imprinting</strong> é basea<strong>do</strong> em:<br />

ICRs (Regiões Controla<strong>do</strong>ras <strong>do</strong><br />

Imprinting);<br />

Metilação;<br />

Modificações histônicas;<br />

RNAi;<br />

PcG (Complexo Polycomb);<br />

Autorregulação.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

As ICRs (Regiões Controla<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Imprinting):<br />

Conhecidas por Domínios/Regiões Diferencialmente Metila<strong>do</strong>s (DMR/<br />

D);<br />

Sítios de metilação e de modificações histônicas basea<strong>do</strong>s na origem<br />

parental da sequência de DNA;<br />

Grandes regiões não conservadas;<br />

Ricas em ilhas de dinucleotídios CpG;<br />

Nos mamíferos, há formação de clusters de genes que sofrem<br />

<strong>imprinting</strong> em tornos das ICRs;<br />

F e il & B e rg e r (2 0 0 7 ). T R E N DS in G e ne tic s V ol.2 3 N o.4 , p. 1 9 3 .


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

As ICRs (Regiões Controla<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> Imprinting):<br />

Deleções nas ICRs levam à perda <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>do</strong>s genes sob sua<br />

regulação.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Metilação:<br />

Presente em todas as espécies que têm <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong>;<br />

A citosina das CpGs é metilada no seu carbono 5 (5-metil-citosina);<br />

Ocorre dentro das ICRs.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Metilação:


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Metilação:<br />

Nas cochonilhas, to<strong>do</strong> o<br />

genoma ♂ é silencia<strong>do</strong><br />

nos embriões ♂,<br />

entretanto o genoma ♀ é<br />

hipermetila<strong>do</strong>.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Modificações histônicas:<br />

Acompanham a metilação;<br />

Podem acontecer dentro e fora das ICRs.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

RNAi:<br />

RNAs longos não-codificantes;<br />

siRNAs, snoRNAs e miRNAs.<br />

Os miRNAs de Gtl2 possuem complementariedade perfeita com<br />

Rtl1, de mo<strong>do</strong> que degradam to<strong>do</strong> o mRNA e silenciam a<br />

expressão de to<strong>do</strong> o cluster Dkl1/Gtl2 em camu<strong>do</strong>ngos .


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

PcG (Complexo Polycomb) e autorregulação:<br />

O PcG é bem estuda<strong>do</strong> em plantas;<br />

A autorregulação só foi descrita em Arabi<strong>do</strong>psis até agora.<br />

Genes relaciona<strong>do</strong>s ao PcG:<br />

MEA - ♀ expresso<br />

FIS2 - ♀ expresso<br />

FWA - ♀ expresso<br />

PHE1 - ♂ expresso<br />

O gene MEA autorregula a sua expressão.


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

PcG (Complexo Polycomb)


<strong>Controle</strong> <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Autorregulação:<br />

O gene MEA de Arabi<strong>do</strong>psis tem seu <strong>imprinting</strong> regula<strong>do</strong><br />

independentemente tanto pelo complexo PcG quanto por<br />

autorregulação.


Renovação <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Mamíferos:<br />

A cada geração, o <strong>imprinting</strong> é “apaga<strong>do</strong>” ainda na fase<br />

embrionária e posteriormente, ao final da gametogênese é<br />

restaura<strong>do</strong>. Foi sugeri<strong>do</strong> que o mesmo acontece com insetos.


Renovação <strong>do</strong> <strong>imprinting</strong> <strong>gênico</strong><br />

Plantas:<br />

Como o <strong>imprinting</strong> é restrito ao en<strong>do</strong>sperma, não é necessário<br />

um mecanismo de seu restabelecimento a cada geração.


Conclusões<br />

O <strong>imprinting</strong> é um mecanismo epigenético de regulação da<br />

expressão gênica;<br />

Favorece a expressão de alelos basea<strong>do</strong> na sua origem parental;<br />

Foge, portanto, das leis mendelianas;<br />

É um mecanismo conserva<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> observa<strong>do</strong> em vários grupos<br />

de organismos;<br />

Está associa<strong>do</strong> ao desenvolvimento embrionário;<br />

A teoria <strong>do</strong> conflito parental propõe-se a explicar a evolução <strong>do</strong><br />

<strong>imprinting</strong>, embora outras teorias se oponham (recombinação e<br />

prevenção de partenogênese);<br />

Há regiões específicas para controlar o <strong>imprinting</strong>, as ICRs;<br />

O silenciamento <strong>do</strong>s alelos que sofrem <strong>imprinting</strong> e não são<br />

expressos pode se dar por metilação, modificações histônicas,<br />

autorregulação ou através de complexos protéicos (PcG);<br />

A cada geração o <strong>imprinting</strong> se renova nas espécies animais.


Obrigada!<br />

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