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dinâmica da identidade em pessoas intersexuais entre vozes

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Considerações Finais<br />

SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Direito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,<br />

Diversi<strong>da</strong>de Sexual, Comunicação e Cultura<br />

04 a 06 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Centro de Convenções <strong>da</strong> Bahia<br />

Salvador - BA<br />

e eu não abstraí na<strong>da</strong> não .Eu sei que foi na região pelvica,<br />

mas exatamente para quê foi eu não me l<strong>em</strong>bro ..Se não me<br />

engano já me falaram comigo também , mas não l<strong>em</strong>bro.”( C,<br />

22anos)<br />

Tanto as <strong>vozes</strong> dos familiares, amigos, vizinhos, profissionais de saúde<br />

como os silêncios possuíram um importante papel na configuração <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de de gênero nas <strong>pessoas</strong> <strong>intersexuais</strong>, participando como mediadores<br />

na construção de significados sobre o corpo. A identi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> pessoa<br />

intersexual é assim construí<strong>da</strong> no <strong>entre</strong>laçamento de <strong>vozes</strong> e silêncios que dão<br />

significados a sua existência.<br />

Neste estudo foi possível compreender que o segredo tornou-se a<br />

principal estratégia <strong>da</strong> família para li<strong>da</strong>r com o nascimento de uma criança<br />

intersexual. O relativo silenciamento familiar sobre a história destas <strong>pessoas</strong> foi<br />

compreendido como forma de protegê-las do sofrimento que o “saber” poderia<br />

promover. Acredita-se que a integri<strong>da</strong>de <strong>em</strong>ocional destas <strong>pessoas</strong> seria<br />

assegura<strong>da</strong> pelo sigilo sobre seu nascimento e historia de vi<strong>da</strong>.<br />

Muitos pais não relatam fatos que envolv<strong>em</strong> a ambigui<strong>da</strong>de genital,<br />

sugerindo, por vezes, que seus filhos busqu<strong>em</strong> informações com os médicos.<br />

Este pacto do segredo termina se propagando (ou afetando) o próprio discurso<br />

destas <strong>pessoas</strong> <strong>intersexuais</strong> sobre si e sobre seu corpo. São usados termos<br />

vagos como “esse negócio” e “algum probl<strong>em</strong>a” para se referir ao clitóris<br />

“aumentado”.<br />

Percebe-se que a narrativa sobre a existência e sua vin<strong>da</strong> ao mundo é<br />

<strong>entre</strong>corta<strong>da</strong> por desconhecimento e pelo sigilo propagado pela família e pelos<br />

profissionais médicos. Origina-se então ambivalência, pois ao tentar preservar<br />

o sujeito do sofrimento, nega-se uma parte constitutiva <strong>da</strong> sua identi<strong>da</strong>de: sua<br />

historia e seu corpo.<br />

A construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de apresentou-se profun<strong>da</strong>mente articula<strong>da</strong> aos<br />

discursos sociais de normali<strong>da</strong>de e anormali<strong>da</strong>de representados ora pelos

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