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dinâmica da identidade em pessoas intersexuais entre vozes

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES<br />

Direito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,<br />

Diversi<strong>da</strong>de Sexual, Comunicação e Cultura<br />

04 a 06 de Set<strong>em</strong>bro de 2011<br />

Centro de Convenções <strong>da</strong> Bahia<br />

Salvador - BA<br />

Dialogo <strong>entre</strong> <strong>vozes</strong> na construção <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de<br />

A configuração <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de vista como um processo dinâmico envolve<br />

a participação do outro social, a partir de seus discursos e práticas ao longo <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>. No caso <strong>da</strong>s pessoais <strong>intersexuais</strong> os desejos e expectativas familiares<br />

faz<strong>em</strong> parte <strong>da</strong> construção do repertorio de sentimentos que agregam <strong>em</strong><br />

grande parte aceitação ou rejeição. Como ex<strong>em</strong>plo t<strong>em</strong>-se o trecho abaixo <strong>em</strong><br />

que a <strong>entre</strong>vista<strong>da</strong> refere à rejeição do avô após seu nascimento.<br />

“Eu mesmo não tenho raiva de meu avô. Há nenhuma! Eu<br />

tenho pena dele, de ele não ter me aproveitado, de não ter<br />

cui<strong>da</strong>do de mim. Ele não tinha apego nenhum a mim.”( L, 37<br />

anos)<br />

O discurso dos profissionais de saúde também repercute sobre a<br />

configuração do senso de si destes sujeitos. Devido à ênfase na normalização<br />

<strong>da</strong> genitália infantil, os pais poderão experienciar culpa e vergonha pelo<br />

nascimento de uma criança anormal e a pessoa intersexual poderá<br />

experienciar um sentimento de rejeição 12 .<br />

“(cirurgia) Foi na vagina. Acho que foi para alguma correção,<br />

se não me engano, mas eu não liguei muito para isso não... Me<br />

falaram (os médicos) o que era, mas na época eu não ligava<br />

muito não.” (C, 22 anos)<br />

O estigma se apresentou como um aspecto central <strong>da</strong> construção <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de destes sujeitos, afetando a sua imag<strong>em</strong> corporal e dificultando o<br />

estabelecimento de relacionamentos afetivos e sexuais.<br />

“E vi que não era só eu, vi <strong>pessoas</strong> que passavam pelo mesmo<br />

probl<strong>em</strong>a que eu, passaram pelo bullying, <strong>pessoas</strong> que não<br />

conseguiam namorar...tanto é que eu vim namorar muito tarde.<br />

Com mais de 17. Por quê? Porque só comecei a namorar<br />

depois que meus traços f<strong>em</strong>ininos apareceram porque ninguém<br />

namora com uma menina como um musculo, ain<strong>da</strong> mais no<br />

interior. Na capital ninguém liga, mas no interior não. -Ô, o cara<br />

tá com um hom<strong>em</strong>.” (L, 37 anos)<br />

12 GREENBERG, J. Legal Aspects of Gender Assignment. The Endocrinologist, v.13, n.3, June 2003.

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