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CaSoS CLÍNiCoS HOSPITAL DA LUZ

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ComeNTÁRioS e CoNCLuSÕeS<br />

A história do desenvolvimento, o contexto<br />

actual e os critérios classificativos do Manual<br />

de Diagnóstico e Estatística das Perturbações<br />

Mentais (DSM-IV-TR), 7 constituem o<br />

leitmotiv para o enquadramento diagnóstico<br />

de uma perturbação do desenvolvimento.<br />

No caso clínico que se apresenta, as queixas<br />

de dificuldade na interacção social (isolamento,<br />

desajustamento social, incapacidade<br />

para estabelecer padrões de relacionamento<br />

ajustados à idade cronológica) constituíram<br />

o motivo de consulta e de preocupação dos<br />

pais. Ao efectuar-se a história do desenvolvimento,<br />

verifica-se a existência de um padrão<br />

de dificuldades na regulação da interacção<br />

social desde a primeira infância, associado<br />

à manifestação de interesses restritos por<br />

determinados temas e objectos, em concomitância<br />

com dificuldades em lidar com a<br />

alteração das rotinas estabelecidas no quotidiano.<br />

A história do desenvolvimento indicou<br />

ainda que a cronologia das aquisições<br />

ocorreu dentro do esperado para a idade<br />

(marcha e linguagem) com peculiaridades<br />

no domínio da linguagem, nomeadamente,<br />

a existência de um vocabulário rico com<br />

alterações na prosódia e ecolália. A análise<br />

da história familiar excluiu a ocorrência de<br />

acontecimentos ou situações geradoras de<br />

desconforto emocional que pudessem justificar<br />

os comportamentos descritos e o perfil<br />

neurocognitivo indicou a manifestação de<br />

capacidades intelectuais acima do esperado<br />

sem dificuldades de aprendizagem, não obstante<br />

as queixas de dificuldades no controlo<br />

da atenção. A história do desenvolvimento<br />

(linguagem formalmente falada aos três<br />

anos de idade, ausência de reciprocidade<br />

emocional, manifestação de interesses restritos)<br />

a sintomatologia actual, o perfil cognitivo<br />

e o critério de exclusão (ausência de<br />

UM CASO CLÍNICO DE SÍNDROME DE ASPERGER.<br />

critérios para outra perturbação do desenvolvimento)<br />

consubstanciam o diagnóstico<br />

de síndrome de Asperger, 7 ou seja, de uma<br />

perturbação do espectro do autismo.<br />

O síndrome de Asperger e o autismo foram<br />

descritos na década de 40 por Hans Asperger<br />

(em Viena) e Leo Kanner (em Boston).<br />

As publicações de ambos os autores, descrevem<br />

rapazes com dificuldades sociais, com<br />

poucas capacidades de interacção e de linguagem<br />

e movimentos repetitivos e estereotipados,<br />

sendo a principal diferença entre<br />

as descrições, o facto de os rapazes descritos<br />

por Hans Asperger apresentarem competências<br />

linguísticas na infância. 8<br />

A designação de PEA tem sido amplamente<br />

utilizada com o objectivo de integrar um<br />

conjunto de diagnósticos a partir da tríade<br />

de défices nos domínios da interacção social,<br />

da comunicação e do pensamento imaginativo<br />

e jogo simbólico, sendo que, segundo<br />

o DSM-IV-TR, os critérios da linguagem,<br />

do nível intelectual e de exclusão de outra<br />

patologia, constituem-se como factores de<br />

discrepância entre os diagnósticos de síndrome<br />

de Asperger e de autismo altamente<br />

funcionante (AAF). Esta distinção, amplamente<br />

debatida na literatura não é consensual,<br />

9 conduzindo a ambiguidades na prática<br />

clínica. Pelo exposto, salienta-se que no<br />

caso apresentado foram utilizados os critérios<br />

classificativos do DSM-IV-TR e que este<br />

se elege pela singularidade do cumprimento<br />

desses critérios, mas sobretudo pela intensidade<br />

e perseverança do tema do Capitão<br />

Cuecas que conduz falsamente à percepção<br />

deste ter de facto visitado o Hospital da Luz.<br />

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