SUPLEMENTO DE ATIVIDADES - Editora Saraiva
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<strong>SUPLEMENTO</strong><br />
<strong>DE</strong> ATIVIDA<strong>DE</strong>S<br />
A ESCRAVA ISAURA<br />
BERNARDO GUIMARAES<br />
NOME:<br />
Nº: SÉRIE/ANO:<br />
ESCOLA:<br />
Bernardo Guimarães foi um grande contador de histórias, as<br />
quais retratavam a realidade brasileira e ajudavam a construir a<br />
identidade nacional do país recém-independente. Seu romance<br />
de maior repercussão, A escrava Isaura, tem como “gancho” – o<br />
termo jornalístico que designa uma oportunidade para a publicação<br />
de um texto – a causa abolicionista, cujo debate estava no<br />
auge à época do lançamento do livro. Mas Bernardo Guimarães<br />
também deixou uma grande obra, incluindo poesia.<br />
As atividades a seguir pretendem ampliar a compreensão de A<br />
escrava Isaura e de seu tempo. Desenvolva-as após a leitura do<br />
livro, dos Diários de um Clássico, da Contextualização Histórica<br />
e da Entrevista Imaginária. Bom trabalho!<br />
1
UMA OBRA CLÁSSICA<br />
1. A escrava Isaura é um dos marcos do Romantismo brasileiro.<br />
Quais são as características desse gênero literário presentes no<br />
livro que você leu?<br />
2. Qual outro autor romântico brasileiro você poderia relacionar<br />
a Bernardo Guimarães com relação à formação acadêmica,<br />
artística e ao tema de A escrava Isaura, isto é, a escravidão?<br />
2
3. Que artifício Bernardo Guimarães usa para despertar no leitor<br />
simpatia pela causa que defendia?<br />
NARRATIVA<br />
4. Todas as obras romanescas do período romântico se iniciam<br />
quando a vida ou algum aspecto da vida do protagonista é abalado.<br />
Alguns críticos literários chamam esse momento de queda. É<br />
um chamado à aventura, quase sempre sob a forma de um erro,<br />
uma injustiça sofrida ou uma fatalidade. É apenas depois de a<br />
vida do herói ou da heroína ser virada de cabeça para baixo que<br />
a história propriamente dita se inicia. Identifique o momento da<br />
queda de Isaura.<br />
3
5. Nas narrativas romanescas, em especial as românticas, após<br />
muitas desventuras, quando o protagonista está prestes a ser derrotado<br />
e perder tudo, há uma reviravolta e o herói acaba vencendo,<br />
conquistando aquilo que é seu por direito. Esse momento da narrativa<br />
foi chamado pelo crítico norte-americano Joseph Campbell de iniciação.<br />
Identifique em A escrava Isaura a iniciação da protagonista.<br />
NARRADOR<br />
6. Qual voz narrativa Bernardo Guimarães usou em A escrava<br />
Isaura? Que dinâmica essa abordagem empresta à narrativa?<br />
4
PERSONAGENS<br />
7. Os romances do período romântico apresentam uma estrutura<br />
narrativa que conduz o protagonista ao seu amadurecimento<br />
pessoal por meio de uma série de aventuras, conflitos e dificuldades.<br />
As personagens centrais dessa estrutura, sempre circundadas<br />
por personagens menores, são: o protagonista, aquele que<br />
vive a aventura; o antagonista, isto é, o vilão, aquele que se opõe<br />
ao protagonista e cuja oposição faz com que o herói ou a heroína<br />
conquistem sua verdadeira força; e, finalmente, o guia, aquela<br />
pessoa do bem que sempre ajuda o protagonista a realizar sua<br />
missão. Identifique essas personagens centrais da estrutura romanesca<br />
na obra A escrava Isaura.<br />
8. Em torno das personagens centrais orbitam outras, menores,<br />
mas essenciais, pois conferem dinâmica à história. Suas vivências<br />
se entrecruzam com as das personagens centrais, complementando-as<br />
e ressaltando-as. Identifique pelo menos uma dessas personagens<br />
secundárias, relacionando-a às três personagens centrais<br />
(são pelo menos três personagens secundárias).<br />
5
INTERTEXTUALIDA<strong>DE</strong><br />
9. Além de romancista, Bernardo Guimarães foi poeta, influenciado<br />
pela Segunda Geração Romântica. Esse desenvolvimento do<br />
Romantismo era conhecido como o Mal do Século, por conta do<br />
pessimismo e da morbidez. Seu mais proeminente representante é<br />
o inglês Lord Byron. Leia os poemas a seguir e identifique temas e<br />
abordagens comuns a esses dois poetas.<br />
A UMA TAÇA FEITA <strong>DE</strong> UM CRÂNIO HUMANO<br />
Não recues! De mim não foi-se o espírito...<br />
Em mim verás – pobre caveira fria –<br />
Único crânio que, ao invés dos vivos,<br />
Só derrama alegria.<br />
Vivi! amei! bebi qual tu: Na morte<br />
Arrancaram da terra os ossos meus.<br />
Não me insultes! empina-me!... que a larva<br />
Tem beijos mais sombrios do que os teus.<br />
Mais val guardar o sumo da parreira<br />
Do que ao verme do chão ser pasto vil;<br />
– Taça – levar dos Deuses a bebida,<br />
Que o pasto do reptil.<br />
(...)<br />
BYRON, Lord. Tradução de Castro Alves. O navio negreiro e outros poemas.<br />
São Paulo: <strong>Saraiva</strong>, 2007. p. 25 (Clássicos <strong>Saraiva</strong>).<br />
6
A ORGIA DOS DUEN<strong>DE</strong>S<br />
Mil duendes dos antros saíram<br />
Batucando e batendo matracas,<br />
E mil bruxas surgiram,<br />
Cavalgando em compridas estacas.<br />
Três diabos vestidos de roxo<br />
Se assentaram aos pés da rainha<br />
E um deles, que tinha o pé coxo,<br />
Começou a tocar campainha.<br />
Campainha que toca é caveira<br />
Com badalo de casco de burro,<br />
Que no meio da selva agoureira<br />
Vai fazendo medonho sussurro.<br />
GUIMARÃES, Bernardo. A Orgia dos Duendes. In: MASSAUD, Moisés.<br />
História da literatura brasileira. Vol. I. São Paulo: Cultrix, p. 473.<br />
7
CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA<br />
10. O trecho a seguir situa o momento romântico e as profundas<br />
mudanças desencadeadas por este movimento.<br />
O Romantismo constituiu profunda e vasta revolução cultural cujos<br />
efeitos não cessaram até os nossos dias. Além das Letras e das Artes,<br />
o conhecimento científico, filosófico e religioso sofreu um impacto que<br />
ainda repercute na crise permanente da cultura moderna. Na verdade,<br />
as metamorfoses contínuas e galopantes sofridas pela atividade artística<br />
desde o começo do século XX apenas prolongam e desenvolvem matrizes<br />
culturais postas em circulação com o advento do Romantismo: este,<br />
como o designativo de um novo ciclo de cultura, em que a cosmovisão<br />
hebraico-cristã é posta em cheque, perdura até os dias de hoje.<br />
(...) É certo que cada país afeiçoou o Romantismo às suas peculiaridades<br />
étnicas, históricas, geográficas etc., mas também é verdade que um<br />
denominador comum solidariza, ao menos no aspecto fundamental, as<br />
várias modalidades regionais do movimento. Numa palavra: aos vários<br />
romantismos corresponde um Romantismo. Do contrário, nem era<br />
possível empregar o mesmo vocábulo para designar processos literários<br />
autônomos. Se tem alguma procedência referir os vários romantismos é<br />
porque existe um Romantismo, lugar-comum de todos eles. (...)<br />
MOISÉS, Massaud. Romantismo – Preliminares. In: História da literatura<br />
brasileira. Vol. I. São Paulo: Cultrix, 2004, pp. 315 e 316.<br />
Como você situaria A escrava Isaura no processo de mudança da<br />
ordem mundial que o Romantismo preconizou?<br />
8
11. O trecho a seguir caracteriza o impulso emocional do<br />
Romantismo, a alma, por assim dizer, do movimento.<br />
O Romantismo assinala, em todo caso, uma separação profunda, relativamente<br />
às concepções precedentes. Ele representa as reivindicações<br />
do indivíduo, da sua personalidade móvel, sensibilidade, emoção e dos<br />
valores interiores. Ao abstracionismo dos princípios, ele contrapõe a<br />
concretização instável da vida, a pulsação infinita da Natureza, o fluir<br />
imanente e dramático da História. Ao frio domínio da razão, opõe a<br />
força dos sentimentos, das paixões, da fantasia. Aos absolutos imutáveis<br />
opõe o relativismo inquieto e sofrido da subjetividade. É um constante<br />
apelo ao “eu”, que, em relação a tudo e a todos, se contrapõe como sendo<br />
a alternativa mais autêntica. Modificando-se, com isto, as próprias<br />
concepções da arte. O significado de livre criação – fundada esta sobre<br />
valores emocionais subjetivos e fantásticos – passa para o primeiro plano.<br />
Ao passo que o Neoclassicismo, fundado na imitação dos antigos e<br />
na inspiração de um “belo ideal” elaborado, atestava que a forma nobre<br />
e o conteúdo sublime possuem mais valor do que a expressão individual<br />
e os fatos contingentes; o Romantismo, ao contrário, refuta tudo isto, e<br />
contrapõe, polemicamente, o seu próprio subjetivismo expressivo, mais<br />
a pesquisa, às vezes ostensiva, do sentimento.<br />
PISCHEL, Gina. O Oitocentismo: Romantismo e Realismo. In: História universal<br />
da arte. Vol. III. São Paulo: Melhoramentos: s/d, pp. 126-128.<br />
O Romantismo busca explorar e revelar elementos que repercutem<br />
a atenção dada ao indivíduo a partir das idéias de liberdade e igualdade<br />
preconizadas pelos filósofos do século XVIII. Cite alguns desses<br />
elementos psicológicos explorados pela arte romântica.<br />
9
A NOVA DO CADÁVER – A SUA ENTREVISTA IMAGINÁRIA<br />
Agora é com você, caro leitor.<br />
Valendo-se das orientações desta edição e das suas respostas às<br />
atividades de leitura, elabore uma nova entrevista com o autor,<br />
mais ou menos como a Entrevista Imaginária do final do livro.<br />
Que perguntas você faria, se tivesse a oportunidade de conversar<br />
com Bernardo Guimarães? Com base na obra e na vida do poeta,<br />
dê asas à criatividade e imagine as respostas que ele daria.<br />
Você pode perguntar, por exemplo, sobre as atividades do clube<br />
de estudantes do qual participou, a Sociedade Epicuréia. Na pequena<br />
e provinciana São paulo da época, corriam boatos que os<br />
estudantes promoviam rituais bizarros em cemitérios e outros<br />
lugares ermos. Será que era verdade? O que os membros desse<br />
clube faziam de fato?<br />
Um assunto imprescindível na sua conversa com Bernardo<br />
Guimarães é a defesa do abolicionismo. Conforme você leu nos<br />
Diários de um Clássico, o escritor mineiro defendeu o fim da<br />
escravidão com uma das suas obras mais famosas, A escrava<br />
Isaura. No entanto, conforme apontam muitos críticos, o motivo<br />
que justifica o merecimento de Isaura à compaixão da sociedade<br />
escravocata de então é o fato de ela ser branca, com pouquíssimos<br />
– ou mesmo nenhum – traços da raça negra. Isso poderia ser<br />
considerado racismo. Como será que Bernardo Guimarães<br />
responderia a esse argumento? Outra pergunta interessante que<br />
você poderia fazer ao autor de A escrava Isaura é sobre a idéia de<br />
criar uma cativa branca. Por que ele teria feito isso?<br />
Você poderia ainda indagar sobre o final da história. O que<br />
Bernardo Guimarães quis passar com o final de sua história? Ela<br />
poderia ter relação com a futura abolição da escravatura, tendo<br />
Bernardo morrido antes de a testemunhar. Além desses, há<br />
muitos outros assuntos, como as viagens pelo interior de Minas<br />
e de São Paulo, seu trabalho como juiz e depois como professor,<br />
o sucesso como escritor no século XIX entre outros temas. Use<br />
o conhecimento que você adquiriu com a leitura de A escrava<br />
Isaura e lance mão de sua criatividade.<br />
Bom trabalho e boa diversão!<br />
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