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6.- Um currículo de autoconhecimento, re ... - Claudio Naranjo

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para o trabalho <strong>de</strong> evolução pessoal. E complementam os trabalhos mencionados aqueles em<br />

que se aten<strong>de</strong> à elaboração <strong>de</strong> outras situações interpessoais pen<strong>de</strong>ntes – o que se <strong>re</strong>aliza<br />

através <strong>de</strong> oficinas <strong>de</strong> Gestalt e do laboratório <strong>de</strong> psicoterapia integrativa.<br />

O programa ofe<strong>re</strong>ce suficiente oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experimentar a terapia gestáltica e <strong>de</strong><br />

ap<strong>re</strong>ndê-la, se há inte<strong>re</strong>sse, como um curso <strong>de</strong> aperfeiçoamento para muitos gestaltistas já<br />

formados. Esta ênfase em uma escola <strong>de</strong>terminada <strong>de</strong> psicoterapia bem po<strong>de</strong>ria pa<strong>re</strong>cer<br />

arbitrária em uma época em que as escolas <strong>de</strong> psicoterapeutas se multiplicaram e a Gestalt<br />

per<strong>de</strong>u a proeminência que teve umas três décadas atrás, porém, por mais que a Gestalt<br />

constitua uma <strong>de</strong> minhas especialida<strong>de</strong>s, c<strong>re</strong>io que a escolha <strong>de</strong>sta modalida<strong>de</strong> terapêutica<br />

(acima da PNL ou da AT, por exemplo), justifica-se plenamente por sua universalida<strong>de</strong>, sua<br />

utilida<strong>de</strong> para terapeutas ecléticos e, muito particularmente, por sua <strong>re</strong>levância na educação.<br />

Justamente porque a Gestalt é um meio muito plástico e muito criativo <strong>de</strong> abordar a vida<br />

emocional, já foi eleita como complemento terapêutico mais <strong>re</strong>levante para a instrução por<br />

George Brown, que há décadas atrás foi <strong>de</strong>cano da Escola <strong>de</strong> Educação da Universida<strong>de</strong> da<br />

Califórnia em Santa Bárbara. Brown foi fundador, muitos anos atrás (com o apoio da Fundação<br />

Ford) <strong>de</strong> um projeto que chamou Confluent Education (Educação Confluente) no qual se adotou<br />

a Gestalt para a p<strong>re</strong>paração <strong>de</strong> mest<strong>re</strong>s que tivessem, além da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ensinar, a <strong>de</strong><br />

haver-se com o que ocor<strong>re</strong> humanamente no aqui e agora, tanto em si próprios como com os<br />

estudantes. Para po<strong>de</strong>r, por exemplo, perguntar a alguém <strong>de</strong> cara feia, o que se passa, sem<br />

medo <strong>de</strong> não saber o que fazer com a <strong>re</strong>alida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua experiência. Isto implica em uma<br />

formação (caracteristicamente posta em <strong>re</strong>levo na Gestalt) que lhe permita entrar em um<br />

encontro verda<strong>de</strong>iro; <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r fazer um parêntese no processo <strong>de</strong> instrução quando for<br />

necessário aten<strong>de</strong>r a <strong>re</strong>alida<strong>de</strong> afetiva e interpessoal do momento.<br />

Quero sublinhar a gran<strong>de</strong> <strong>re</strong>levância da terapia Gestalt para a educação assinalando que,<br />

quando Perls ensinava nos EUA através do Instituto Esalen, muitas vezes não anunciava suas<br />

oficinas como psicoterapia, mas falava <strong>de</strong> “educação da exp<strong>re</strong>ssivida<strong>de</strong>”, “educação atencional”,<br />

“educação do estar p<strong>re</strong>sente”, etc. A capacida<strong>de</strong> que a Gestalt p<strong>re</strong>ten<strong>de</strong> educar é tão universal<br />

que nem sequer a ap<strong>re</strong>ciamos <strong>de</strong>vidamente: saber o que se passa conosco e ser capazes <strong>de</strong><br />

“estar aqui”. E, não obstante é algo tão difícil que só os buscado<strong>re</strong>s avançados, as pessoas que<br />

já têm um certo caminho andado ap<strong>re</strong>ciam <strong>de</strong>vidamente e comp<strong>re</strong>en<strong>de</strong>m cabalmente o que é<br />

isso <strong>de</strong> cultivar o estar p<strong>re</strong>sente. Muitas vezes perguntei às pessoas nos grupos com que trabalho<br />

“O que você busca?”, “O que conseguiu?”, “On<strong>de</strong> está?” E comprovo que só os mais maduros<br />

<strong>re</strong>spon<strong>de</strong>m que seu empenho é estar mais p<strong>re</strong>sentes.<br />

O laboratório <strong>de</strong> psicoterapia integrativa a que me <strong>re</strong>feri é um dos aspectos mais<br />

significativos e originais do programa SAT, pois através <strong>de</strong>le os participantes adqui<strong>re</strong>m<br />

rapidamente uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ajuda que não se apóia em conhecimentos teóricos, mas na<br />

experiência, na comp<strong>re</strong>ensão <strong>de</strong> que as capacida<strong>de</strong>s humanas tais como a <strong>de</strong> escutar,<br />

comp<strong>re</strong>en<strong>de</strong>r o que se diz e que<strong>re</strong>r o bem do outro. À parte o benefício que isto possa trazer<br />

para outros, o exercício terapêutico dos ap<strong>re</strong>ndizes ao longo da série graduada <strong>de</strong> exercícios<br />

terapêuticos que comp<strong>re</strong>en<strong>de</strong> este programa prático, <strong>re</strong>sultou um ap<strong>re</strong>ciável benefício <strong>de</strong>ntro do<br />

próprio grupo, estruturado <strong>de</strong> tal maneira que cada pessoa <strong>re</strong>cebe terapia <strong>de</strong> um companheiro e<br />

a ofe<strong>re</strong>ce a outro em uma situação supervisionada. Além do benefício terapêutico que se<br />

consegue para cada membro do grupo nesta situação, a experiência <strong>de</strong>ste laboratório – com<br />

suas sessões grupais <strong>de</strong> comentários que promovem um clima generalizado <strong>de</strong> transparência –<br />

contribui significativamente para a formação <strong>de</strong> uma verda<strong>de</strong>ira comunida<strong>de</strong>. E é assim como<br />

f<strong>re</strong>qüentemente, ao finalizar o programa, ouve-se dizer aos que compartilham suas imp<strong>re</strong>ssões<br />

<strong>re</strong>trospectivas que sua vida não será a mesma <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> te<strong>re</strong>m se sentido tão aceitos, acolhidos,<br />

comp<strong>re</strong>endidos ou queridos por seus companheiros.<br />

Este aspecto do programa me pa<strong>re</strong>ce uma <strong>de</strong> minhas contribuições mais inovadoras e<br />

surp<strong>re</strong>en<strong>de</strong>ntes por sua efetivida<strong>de</strong>, apesar <strong>de</strong> que, passo a passo, durante sua elaboração,<br />

longe <strong>de</strong> sentir-me original, apenas tentei formular exercícios inspirados nos aspectos mais<br />

universais da psicoterapia. Só ao tomar consciência <strong>de</strong> que não existe (que eu saiba) um<br />

programa tão b<strong>re</strong>ve e efetivo, pa<strong>re</strong>ceu-me original, e está claro que o centro <strong>de</strong>sta originalida<strong>de</strong>

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