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o que<br />
aprendi com<br />
os jovens. Havia inicialmente,<br />
grande maioria, os defensores do<br />
ficar. Aleatoriamente dividi o grupo em<br />
3 sub-grupos, e onde um mini grupo tinha<br />
que defender o FICAR, outro o NA-<br />
MORAR e o outro o ROLAR (este, é um<br />
ficar mais refinado; fica-se, vai se ficando,<br />
ficando... mas só ficando).<br />
Os jovens incorporaram o debate com veemência<br />
e passaram a defender suas idéias<br />
grupais. Após cerca de 40 minutos de debate,<br />
foi aberto para que eles falassem os sentimentos<br />
que rolaram durante a dinâmica. No<br />
princípio, as meninas em sua maioria defendiam<br />
o namorar e os meninos em sua maioria<br />
o ficar. No final a grande totalidade acabou<br />
se abrindo, dizendo que de fato gostariam<br />
de namorar, mas estava muito difícil.<br />
Começamos então a exposição dos motivos<br />
das dificuldades de se ter um namoro.<br />
Foi por demais interessante a conclusão.<br />
Os jovens daquele grupo, não namoravam<br />
por insegurança e medo.<br />
As meninas falavam que não namoravam,<br />
pois os meninos de maneira geral eram<br />
“uns galinhas”, “namoram a gente mais<br />
saem com outras” e elas não confiavam<br />
neles por não quererem ser chifradas. E os<br />
meninos falavam que não namoravam por<br />
não confiarem nas meninas, acreditando que<br />
“não namorar para não ser chifrados, pois<br />
hoje as meninas põem chifres a toda hora”.<br />
Esta amostra de um grupo de jovens que<br />
se reúne semanalmente e muitos são amigos<br />
de todo o dia, e a amostra que tenho<br />
diariamente entre meus pacientes jovens,<br />
que tem sentimentos e desejos muito semelhantes<br />
aos já citados, me levaram a<br />
pensar numa coisa importante: O jovem<br />
não tem vivido sua paixão como eu e nossa<br />
geração viveu em nosso tempo de jovem.<br />
Eles são muito mais livres, muito<br />
mais informados, mas estão presos num<br />
padrão doloroso da mudança de comportamento<br />
do feminino. A mulher diz e faz o<br />
que quer e isso assustou o homem que não<br />
acompanhou este processo de mudança.<br />
A mulher jovem que não tinha o modelo<br />
da liberdade, incorporou o modelo masculino<br />
que inibe muito o homem jovem<br />
que não sabe em muitas ocasiões<br />
lidar com esta nova postura feminina.<br />
A mulher jovem que tenta<br />
expressar toda a competência da nova<br />
liberdade, do prazer de escolher e decidir<br />
o que fazer com sua vida, corpo e sexualidade,<br />
não tem sabido como se utilizar desta<br />
liberdade. De maneira geral a menina<br />
caiu na mesma fórmula medíocre que o menino<br />
já mantinha de há muito tempo e não<br />
sobra espaço para se praticar o encontro,<br />
a troca, o olho no olho, o afeto, o<br />
compromisso de estar com alguém, o sabor<br />
do gostoso beijo roubado ou ter alguém<br />
para se voltar ou procurar.<br />
Creio que os jovens não têm aprendido a<br />
amar, pois não praticam o desenvolvimento<br />
para o ato de amar, que é o namoro.<br />
Ficar pode até ser uma evolução<br />
e uma nova maneira de se praticar nossa<br />
liberdade e expressão de nossa sexualidade,<br />
mas até agora o que tenho<br />
aprendido com quem pratica esse ficar,<br />
é que ele não tem trazido a esperada felicidade,<br />
pois a felicidade depende da<br />
continuação de um processo, da segurança<br />
que uma relação promove, até<br />
atingir o tão esperado amor.<br />
Amor... será que o jovem de hoje sabe o<br />
que isso significa? Será que o excesso<br />
de liberdade que nossa geração deu ao<br />
jovem é de fato um ato de amor, ou o<br />
jovem está preso nas teias do desamor?<br />
O ficar, será um processo do amor ou<br />
do desamor? Creio que seja necessária<br />
nossa reflexão, para aprendermos a conviver<br />
com este caminho e até criar um<br />
atalho novo para que ele complete o que<br />
todos nós buscamos: SER FELIZ!<br />
Dr. Irineu Deliberalli<br />
Psicólogo clínico, - JOL 8<br />
http://www.cristaisdeoz.com.br<br />
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<strong>Revista</strong> <strong>Técnicas</strong> <strong>Terapêuticas</strong> - 15