“ Brincar com crianças, não e perder tempo, é ganha-lo; se ... - Unama
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LILIAN ROSY GOMES DE SOUZA<br />
O LÚDICO NA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS DA 2ª<br />
SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA<br />
ESTADUAL <strong>“</strong>SANTOS DUMONT”<br />
Bel<strong>é</strong>m- Pará<br />
<strong>Unama</strong><br />
2002<br />
11
O LÚDICO NA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS DA 2ª SÉRIE DO<br />
ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL<br />
<strong>“</strong>SANTOS DUMONT”<br />
Bel<strong>é</strong>m- Pará<br />
<strong>Unama</strong><br />
2002<br />
Lilian Rosy Gomes de Souza<br />
12<br />
Trabalho de conclusão de curso<br />
apre<strong>se</strong>ntado ao curso de Pedagogia do<br />
Centro de Ciências Humanas e<br />
Educação da <strong>Unama</strong>, <strong>com</strong>o requisito<br />
para obtenção do grau de Pedagogia,<br />
orientado pe<strong>lo</strong> professor H<strong>é</strong>lcio de<br />
Castro Monteiro.
O LÚDICO NA FORMAÇÃO DE CRIANÇAS DA 2ª SÉRIE DO<br />
ENSINO FUNDAMENTAL NA ESCOLA ESTADUAL<br />
<strong>“</strong>SANTOS DUMONT”<br />
Bel<strong>é</strong>m- Pará<br />
<strong>Unama</strong><br />
2002<br />
13<br />
Lilian Rosy Gomes de Souza<br />
Avaliado por:<br />
Data: ____/ ____/ _____
SUMÁRIO<br />
1- Apre<strong>se</strong>ntação .................................................................................................................... 11<br />
1.1- Memorial .................................................................................................................. 11<br />
1.2- Tema em estudo ....................................................................................................... 14<br />
1.3- Justificativa .............................................................................................................. 15<br />
1.4- Problemática ............................................................................................................ 17<br />
1.5- Objetivos .................................................................................................................. 17<br />
1.5.1- Objetivo Geral ......................................................................................................... 17<br />
1.5.2- Objetivos Específicos .............................................................................................. 18<br />
2- Referencial Teórico ........................................................................................................ 19<br />
2.1- Retrospectiva Histórica da Educação Lúdica ............................................................... 19<br />
2.2- Teorias de Jean Piaget e Vygotsky............................................................................... 22<br />
2.2.1- Teoria cognitiva interacionista de Jean Piaget .......................................................... 23<br />
2.2.2- Teoria sócio histórica de Vygotsky ......................................................................... 30<br />
2.3 - A importância do lúdico no de<strong>se</strong>nvolvimento infantil ................................................ 34<br />
2.4- A sucata <strong>com</strong>o fator lúdico no de<strong>se</strong>nvolvimento infantil ........................................... 38<br />
3- Estrutura Metodológica ................................................................................................... 68<br />
3.1- Tipos de estudo ............................................................................................................ 68<br />
3.2- Local ............................................................................................................................ 68<br />
3.3- Fontes de Informações ................................................................................................. 69<br />
3.4- Coletas de Dados ......................................................................................................... 69<br />
4- Análi<strong>se</strong> e Discussão dos resultados..................................................................................71<br />
5- Considerações Finais....................................................................................................... 79<br />
6- Referências Bibliográficas ............................................................................................. 82<br />
Anexos<br />
14
15<br />
<strong>“</strong> <strong>Brincar</strong> <strong>com</strong> <strong>crianças</strong>, <strong>não</strong> <strong>é</strong> <strong>perder</strong> <strong>tempo</strong>, <strong>é</strong><br />
ganhá-<strong>lo</strong>; <strong>se</strong> <strong>é</strong> triste ver meninos <strong>se</strong>m escolas ,mas<br />
triste ainda <strong>é</strong> vê-<strong>lo</strong>s <strong>se</strong>ntados <strong>se</strong>m ar, <strong>com</strong><br />
exercícios est<strong>é</strong>reis <strong>se</strong>m va<strong>lo</strong>r para a formação do<br />
homem”<br />
Car<strong>lo</strong>s Drummond de Andrade
16<br />
Agradeço a realização deste trabalho a todas as<br />
<strong>crianças</strong> participantes das Oficinas Pedagógicas; a<br />
escola Santos Dumont em especial a diretora<br />
Rosângela e <strong>se</strong>u <strong>se</strong>cretário Rubens, que<br />
acolheram- me e cederam o espaço para a minha<br />
atuação e enriquecimento profissional.
RESUMO<br />
Este trabalho teve <strong>com</strong>o objetivo analisar a importância da atividade lúdica, na 2ª s<strong>é</strong>rie<br />
do Ensino Fundamental, <strong>com</strong>o suporte na aprendizagem para o de<strong>se</strong>nvolvimento das<br />
potencialidades afetiva, criativa, cognitiva e social da criança e <strong>com</strong>o elemento básico para<br />
um crescimento equilibrado e consciente. A partir de uma pesquisa de campo realizada na<br />
Escola Santos Dumont, onde foi realizado o trabalho de ob<strong>se</strong>rvação e intervenção do<br />
cotidiano da instituição e atrav<strong>é</strong>s de entrevistas <strong>com</strong> as educadoras, pôde- <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rvar <strong>com</strong><br />
mais nitidez <strong>com</strong>o <strong>se</strong> efetiva o processo lúdico na escola pública assim <strong>com</strong>o verificou- <strong>se</strong> o<br />
quanto <strong>é</strong> importante que o lúdico tenha lugar em sala de aula <strong>com</strong>o parte integrante da vida<br />
das <strong>crianças</strong> nas instituição de ensino. Para tanto conclui-<strong>se</strong> que <strong>é</strong> es<strong>se</strong>ncial <strong>não</strong> esquecer que,<br />
<strong>se</strong> a criança brinca espontaneamente, a atuação dos educadores <strong>não</strong> pode <strong>se</strong>r improvisada.<br />
17
Dedicatória<br />
A Deus,<br />
Por ter me guiado nesta grande conquista.<br />
A minha mãe, Maria de Nazar<strong>é</strong> e avó Nair Gomes,<br />
Pela incansável dedicação, auxiliando minha<br />
jornada acadêmica e de vida, dedico esta<br />
conquista <strong>com</strong> profunda admiração.<br />
Ao meu irmão, Pau<strong>lo</strong> Rog<strong>é</strong>rio,<br />
Por ter me dado força e acreditado na<br />
concretização des<strong>se</strong> sonho.<br />
Ao meu noivo, Andr<strong>é</strong> Maia,<br />
Que muito amo, que me estimu<strong>lo</strong>u quando veio o<br />
desânimo, que suportou minha ausência nos<br />
momentos importantes e nos dias de fracasso<br />
respeitou meus <strong>se</strong>ntimentos.<br />
Ao meu sobrinho, Gustavo,<br />
Quem tanto amo.<br />
Ao meu orientador H<strong>é</strong>lcio de Castro Monteiro<br />
Pe<strong>lo</strong> admirável e singular profissionalismo que<br />
estiveram pre<strong>se</strong>ntes a cada ensinamento.<br />
18
Figura 01:<br />
LISTA DE FIGURAS<br />
Jean Piaget ....................................................................................................................... 20<br />
Figura 02:<br />
Vygotsky........................................................................................................................... 26<br />
Figura 03:<br />
Boliche Matemático ......................................................................................................... 44<br />
Figura 04:<br />
Ganhando Letras ...............................................................................................................46<br />
Figura 05:<br />
Bingo Matemático ............................................................................................................48<br />
Figura 06:<br />
Jogo do Mico ....................................................................................................................50<br />
Figura 07:<br />
Vivendo <strong>com</strong> Saúde ..........................................................................................................53<br />
Figura 08:<br />
Baralho das Estrelas ..........................................................................................................56<br />
Figura 09:<br />
Jogo do Percurso ...............................................................................................................58<br />
Figura 10:<br />
Futebol Matemático ...........................................................................................................62<br />
19
Figura 11:<br />
Quem Mora Aqui? ........................................................................................................... 65<br />
Figura 12:<br />
Rainha da Sucata .............................................................................................................. 73<br />
Figura 13:<br />
De<strong>se</strong>nvolvimento da Oficina Pedagógica ......................................................................... 74<br />
Figura 14 / 15:<br />
Produção da Oficina Pedagógica ...................................................................................... 75<br />
Figura 16:<br />
Criança demonstrando objeto construído <strong>com</strong> sucata ....................................................... 75<br />
Figura 17:<br />
De<strong>se</strong>nvolvimento do jogo Bingo Matemático .................................................................. 76<br />
Figura 18 / 19:<br />
De<strong>se</strong>nvolvimento da atividade Ganhando Letras .................................................... 77<br />
20
1- APRESENTAÇÃO<br />
1.1. Memorial<br />
Me chamo Lilian Rosy Gomes de Souza tenho 24 anos, estou noiva há 05 anos, moro<br />
<strong>com</strong> minha mãe e minha avó e venho de uma família de pais <strong>se</strong>parados há 24 anos, ou <strong>se</strong>ja,<br />
inexiste a pre<strong>se</strong>nça e a figura do pai em minha vida, por<strong>é</strong>m minha mãe de<strong>se</strong>mpenhou muito<br />
bem os dois pap<strong>é</strong>is que lhe fora incumbido. Tenho um irmão de 28 anos, que há 08 morra em<br />
São Pau<strong>lo</strong> e lá constituiu sua família.<br />
Comecei minha vida escolar aos 05 anos em uma escola particular <strong>“</strong>Escola Betel” no<br />
Bairro do Guamá onde moro, estudei nesta escola um pouco contra minha vontade, pois na<br />
<strong>é</strong>poca minha predileção era por uma outra escola a qual <strong>não</strong> aceitava <strong>crianças</strong> menores de 07<br />
anos. Foi nesta que tive meu primeiro contato <strong>com</strong> a educação formal, pois apesar de minha<br />
mãe <strong>se</strong>r professora <strong>não</strong> tinha <strong>tempo</strong> de me ensinar, esta primeira experiência escolar <strong>não</strong> foi<br />
muito significativa em minha vida pois só lembro das festas que por lá aconteciam. Permaneci<br />
nesta por 02 anos at<strong>é</strong> <strong>com</strong>pletar os 07 anos momento que fui matriculada na escola <strong>“</strong>Madre<br />
Zarife Sales” tamb<strong>é</strong>m situada no Bairro do Guamá, era uma escola administrada por freiras da<br />
congregação do Preciosíssimo Sangue, que mant<strong>é</strong>m a Educação Infantil at<strong>é</strong> a 4ª s<strong>é</strong>rie do<br />
ensino fundamental em regime particular e de 5ª a 8ª conveniada <strong>com</strong> o governo estadual. Foi<br />
nesta escola que a grande maioria da minha família estudou: tios, primos... e minha mãe lutou<br />
muito para me manter estudando, e vendo sua batalha <strong>se</strong>mpre me <strong>se</strong>nti pressionada para <strong>não</strong><br />
repetir de ano <strong>não</strong> que a mesma me cobras<strong>se</strong>, mais por mim mesma pois sabia que <strong>se</strong> ficas<strong>se</strong><br />
reprovada minha mãe <strong>não</strong> teria condições de pagar novamente então tinha que aproveitar a<br />
chance e dedicar-me nos estudos.<br />
O período que pas<strong>se</strong>i nesta escola foram os melhores e mais frustrantes da minha vida<br />
pois tive que me adequar dentro de uma fi<strong>lo</strong>sofia religiosa cujo lema era manter a ordem e a<br />
21
disciplina, resquiços do período militar do nosso país. Na educação infantil <strong>é</strong>ramos obrigados<br />
a andar <strong>se</strong>mpre em filas indianas, <strong>se</strong>ntados em carteiras tamb<strong>é</strong>m dispostas em filas, <strong>é</strong>ramos<br />
obrigados a olhar para a nuca do colega que <strong>se</strong>ntava a frente, <strong>não</strong> podíamos conversar, muito<br />
menos brincar em sala de aula, havia apenas um dia da <strong>se</strong>mana que para mim na <strong>é</strong>poca era o<br />
mais importante, o dia em que a professora liberava para levar brinquedos, só que os mesmos<br />
ficavam guardados at<strong>é</strong> <strong>se</strong>gunda ordem.<br />
Lembro de um fato que marcou este período, eu <strong>não</strong> era uma criança indisciplinada nem<br />
hiperativa, mas gostava e gosto muito de conversar e por este motivo levei um puxão de<br />
orelha e fui conduzida pela professora at<strong>é</strong> a frente do quadro e lá permaneci juntamente <strong>com</strong><br />
alguns outros colegas para <strong>se</strong>rvir de exemp<strong>lo</strong> para o restante da clas<strong>se</strong>, lembro que naquele<br />
momento me <strong>se</strong>nti ofendida, humilhada por um ato que <strong>com</strong>eti naturalmente e para mim <strong>não</strong><br />
percebia gravidade. Talvez este fato tenha de<strong>se</strong>ncadeado uma vontade intrín<strong>se</strong>ca de tentar<br />
reverter este quadro de autoritarismo por parte dos professores, imobilidade e silêncio por<br />
parte dos alunos no contexto escolar o que motivou o de<strong>se</strong>nvolvimento de minha pesquisa<br />
contextualizada no Trabalho de Conclusão de Curso ( TCC ).<br />
Ao terminar a 8ª s<strong>é</strong>rie preci<strong>se</strong>i fazer a primeira escolha importante da minha vida, o que<br />
iria fazer ao terminar o ensino fundamental ? Como na <strong>é</strong>poca <strong>não</strong> tinhamos condições em<br />
pagar col<strong>é</strong>gio para pros<strong>se</strong>guir meus estudos e <strong>com</strong>o eu tinha dentro de casa uma mãe que era<br />
professora e que de vez em quando me dava as avaliações de <strong>se</strong>us alunos para corrigir, que<br />
me levava para assistir suas aulas juntei a necessidade <strong>com</strong> a vontade e optei pe<strong>lo</strong> magist<strong>é</strong>rio<br />
no Instituto de Educação do Pará ( IEEP ), fiz a prova pas<strong>se</strong>i e em 03 anos me formei <strong>com</strong>o<br />
professora de 1ª a 4ª s<strong>é</strong>rie contrariando a vontade de meu irmão e alguns parentes.Com<br />
relação as amizades foi um excelente período, por<strong>é</strong>m academicamente foi o período menos<br />
significativo da minha vida pois daquela <strong>é</strong>poca qua<strong>se</strong> nada ficou registrado na minha memória<br />
a <strong>não</strong> <strong>se</strong>r um fato: houve uma mat<strong>é</strong>ria cujo nome <strong>não</strong> recordo cujo objetivo era de<strong>se</strong>nvolver<br />
22
atividades lúdicas para facilitar o processo ensino aprendizagem e me despertou o interes<strong>se</strong><br />
pe<strong>lo</strong> tema, e at<strong>é</strong> hoje guardo <strong>com</strong>o lembrança o recurso que confeccionei ( álbum e baralho<br />
pedagógico ) .<br />
Como essa formação inicial <strong>não</strong> me satisfez no ano <strong>se</strong>guinte após ter terminado o<br />
magist<strong>é</strong>rio entrei para um cursinho <strong>com</strong> o firme propósito de fazer vestibular para Pedagogia<br />
neste ano nem mesmo fiz a inscrição para o processo <strong>se</strong>letivo do vestibular, pois resolvi me<br />
mudar para São Pau<strong>lo</strong> <strong>com</strong> o meu irmão, mas depois de um mês a saudade bateu forte e<br />
retornei para Bel<strong>é</strong>m onde iniciei novamente o cursinho e me dediquei para <strong>se</strong>r aprovada,<br />
<strong>se</strong>mpre <strong>com</strong> o propósito de cursar Pedagogia. Fiz apenas uma vez o vestibular e somente na<br />
Universidade da Amazônia ( UNAMA ), pois as outras universidades <strong>não</strong> supriam as<br />
necessidades e expectativas que idealizava para o meu futuro profissional.<br />
Parte das minhas expectativas estão <strong>se</strong>ndo satisfeitas neste curso pois acredito que existe<br />
muito mais caminhos a <strong>se</strong>rem percorridos em minha formação e <strong>com</strong>o diz Brandão ( 1982: 48<br />
) O domínio de uma profissão <strong>não</strong> exclui o <strong>se</strong>u aperfeiçoamento, ao contrário <strong>se</strong>rá<br />
mestre quem continuar aprendendo. Por<strong>é</strong>m continuando a justificar a escolha do tema para<br />
o de<strong>se</strong>nvolvimento do TCC tive a felicidade de <strong>se</strong>r aluna do professor Celso Michiles no 1º<br />
ano do curso de Pedagogia da UNAMA na disciplina Psi<strong>com</strong>otricidade a qual reforçou o meu<br />
interes<strong>se</strong> pe<strong>lo</strong> brincar- aprendendo, quando o mesmo solicitou que produzís<strong>se</strong>mos dois<br />
trabalhos <strong>com</strong> propostas de atividades para <strong>se</strong>rem utilizados para a mobilidade do corpo das<br />
<strong>crianças</strong> nas escolas. E ao fazer o levantamento bibliográfico verifiquei que são restritos os<br />
bons autores que sugeriam atividades para <strong>se</strong>rem utilizadas em sala de aula, por<strong>é</strong>m mesmo os<br />
que encontrei ainda continuavam deixando um pouco vago tais atividades, <strong>não</strong> havia uma<br />
<strong>se</strong>qüência de <strong>com</strong>eço, meio e fim para orientar o professor então <strong>com</strong>o iniciação científica<br />
ou<strong>se</strong>i de<strong>se</strong>nvolver propostas de atividades direcionadas para professores de 1ª a 4ª s<strong>é</strong>rie do<br />
Ensino Fundamental <strong>com</strong> intuito de <strong>se</strong>rem de<strong>se</strong>nvolvidas atrav<strong>é</strong>s da confecção e utilização<br />
23
das atividades lúdicas para favorecimento do processo ensino-aprendizagem <strong>com</strong> os alunos de<br />
maneira prazerosa e que ao mesmo <strong>tempo</strong> que divirta esteja transmitindo ou reforçando um<br />
conteúdo do currícu<strong>lo</strong> escolar. Assim, desde o primeiro ano venho colecionando livros e<br />
periódicos que <strong>com</strong>entem sobre a questão do lúdico em sala de aula.<br />
Ao de<strong>se</strong>nvolver a disciplina Estágio Supervisionado IV, aproveitei a oportunidade para<br />
fazer a pesquisa de campo e escolhi a escola pública ( Santos Dumont ) em que minha mãe<br />
trabalhou por 13 anos por saber das deficiências que a mesma apre<strong>se</strong>nta. Optei por uma<br />
escola pública, pois a maioria do profissionais que trabalham nas escolas particulares já tem a<br />
plena consciência da importância do lúdico no processo ensino aprendizagem e lançam mão<br />
deste recurso .E o que eu pen<strong>se</strong>i que <strong>se</strong>ria um trabalho fácil me enganei, pois sofri <strong>com</strong> a<br />
resistência das professoras em colaborar <strong>com</strong> a minha pesquisa. Mas <strong>não</strong> desisti e fui at<strong>é</strong> o<br />
fim, con<strong>se</strong>guindo de<strong>se</strong>nvolver as atividades que tinha planejado para o de<strong>se</strong>nvolvimento do<br />
TCC.<br />
1.2- Tema em estudo<br />
O propósito deste trabalho <strong>é</strong> discutir a importância das atividades lúdicas na 2 ª s<strong>é</strong>rie do<br />
Ensino Fundamental, utilizando-<strong>se</strong> <strong>com</strong>o recurso pedagógico a sucata que <strong>se</strong>rvirá <strong>com</strong>o<br />
subsidio para a confecção de jogos e brinquedos que após confeccionados irão auxiliar no<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento do processo ensino-aprendizagem.<br />
Partindo dessa premissa, de<strong>se</strong>ja- <strong>se</strong> pros<strong>se</strong>guir <strong>com</strong> uma proposta que tente mostrar<br />
<strong>com</strong>o a ludicidade está <strong>se</strong>ndo trabalhada na Escola Estadual de Ensino Fundamental <strong>“</strong>Santos<br />
Dumont”.<br />
Para melhor <strong>com</strong>preensão <strong>é</strong> interessante o que MARLI apud ANDRADE e<br />
RODRIGUES, ( 1995: 11) nos diz :<br />
Os brinquedos e as brincadeiras, embora <strong>se</strong>ndo elementos pre<strong>se</strong>ntes no mundo<br />
da criança em todas as <strong>é</strong>pocas, culturas e clas<strong>se</strong>s sociais <strong>não</strong> tinham a<br />
24
conotação que tem hoje, eram vistos <strong>com</strong>o fúteis e tinham <strong>com</strong>o único objetivo<br />
a distração e o recreio. Foi preciso que houves<strong>se</strong> uma profunda mudança na<br />
sociedade, para que pudes<strong>se</strong> associar a uma visão positiva às suas atividades<br />
espontâneas, surgindo <strong>com</strong>o decorrência a va<strong>lo</strong>rização dos brinquedos e da<br />
forma de brincar. O aparecimento do Brinquedo <strong>com</strong>o fator de<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento infantil proporcionou um amp<strong>lo</strong> campo de estudos que<br />
pouco vêm influenciando na prática da educação infantil, pois a maioria das<br />
nossas escolas ainda considera o brinquedo <strong>com</strong>o <strong>não</strong> s<strong>é</strong>rio e utilizando-o <strong>com</strong>o<br />
divertimento e passa<strong>tempo</strong>.<br />
Para a autora as atividades lúdicas apesar de <strong>se</strong>rem um impulso natural da criança, o<br />
mesmo faz parte do <strong>se</strong>u patrimônio lúdico- cultural, por<strong>é</strong>m ainda <strong>não</strong> são vistos <strong>com</strong>o um<br />
facilitador da aprendizagem em nossas escolas e quando utilizados <strong>não</strong> lhes são conferidos o<br />
real va<strong>lo</strong>r de tais atividades para o de<strong>se</strong>nvolvimento infantil.<br />
Seguindo es<strong>se</strong> contexto e guiado pela curiosidade de obter um conhecimento mas<br />
profundo acerca do assunto resolveu-<strong>se</strong> pesquisar <strong>com</strong>o a ludicidade <strong>é</strong> tratada no contexto de<br />
sala de aula <strong>com</strong> <strong>crianças</strong> da 2ª s<strong>é</strong>rie do ensino fundamental.<br />
Em virtude do desfavorecimento do processo ensino- aprendizagem estabelecido pela<br />
educação tradicional este trabalho tem <strong>com</strong>o proposta o resgate da ludicidade <strong>com</strong>o uma das<br />
alternativas de ensino, por acreditar-<strong>se</strong> que a educação deve <strong>se</strong>r um processo prazeroso<br />
despertando as trocas de experiências e o interes<strong>se</strong> de exp<strong>lo</strong>ração do educando.<br />
1.3- Justificativa<br />
O brincar al<strong>é</strong>m de <strong>se</strong>r um ato natural e espontâneo da criança, <strong>é</strong> um direito da mesma e<br />
este direito <strong>é</strong> as<strong>se</strong>gurado e reconhecido em declarações e leis, <strong>com</strong>o foi mostrado na<br />
Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, a Constituição Brasileira de 1988 e o<br />
Estatuto da Criança e do Adolescente de1990 por<strong>é</strong>m, os direitos das <strong>crianças</strong> <strong>não</strong> estão <strong>se</strong>ndo<br />
cumpridos pois percebe- <strong>se</strong> na atual sociedade que muitas <strong>crianças</strong> <strong>não</strong> brincam, enquanto<br />
outras brincam pouco. E as razões para tanto manifestam-<strong>se</strong> de diversas formas.<br />
25
Muitas <strong>crianças</strong> precisam trabalhar para ajudar os pais no sustento da família em contra<br />
partida as <strong>crianças</strong> da clas<strong>se</strong> m<strong>é</strong>dia e alta muitas vezes são tolhidas em <strong>se</strong>u direito de brincar,<br />
pois cada vez mais cedo lhes são atribuídos atividades <strong>com</strong>o natação, dança, ginástica,<br />
música, judô dentre outras, que lhes ocupam qua<strong>se</strong> todo o <strong>se</strong>u dia, <strong>se</strong>m que sobre <strong>tempo</strong> para<br />
o lazer, levando em alguns casos extremos, ao estres<strong>se</strong> infantil causado pe<strong>lo</strong> cansaço físico e<br />
pela ansiedade devido as expectativas que <strong>se</strong>us pais depositam nos mesmos.<br />
Acerca das cobranças da vida moderna sobre a criança ARAUJO apud VALENTE (<br />
2001: 42 ) relata: A criança vem <strong>se</strong>ndo submetida precocemente a estímu<strong>lo</strong>s e<br />
responsabilidades da vida adulta. É uma pressão social que deve <strong>se</strong>r muito bem dosada<br />
pe<strong>lo</strong>s pais para <strong>não</strong> tirar do filho o direito de brincar, ter <strong>tempo</strong> livre e de <strong>se</strong>r criança.<br />
Um outro aspecto a citar <strong>é</strong> a falta de espaço físico, ocasionado pe<strong>lo</strong> progresso da<br />
civilização moderna, o que tem dificultado o ato de brincar, e os jogos populares <strong>com</strong>o<br />
<strong>“</strong>cantigas- de- roda” e <strong>“</strong>piras”, assim <strong>com</strong>o os brinquedos artesanais estão <strong>se</strong>ndo substituídos<br />
por brinquedos eletrônicos, dificultando o estímu<strong>lo</strong> dos aspectos cognitivos, emocionais e<br />
sociais da criança.<br />
Considerando es<strong>se</strong>s fatores, destaca-<strong>se</strong> neste objeto em estudo a importância do resgate<br />
da ludicidade e <strong>com</strong>o a mesma vem <strong>se</strong>ndo trabalhada na escola estadual de ensino<br />
fundamental e m<strong>é</strong>dio Santos Dumont, especificamente na 2 ª s<strong>é</strong>rie, ob<strong>se</strong>rvando quais os<br />
conceitos que professores e alunos fazem da mesma e quais as influências da ludicidade na<br />
formação da criança.<br />
A relevância da temática abordada existe porque atualmente as <strong>crianças</strong> passam grande<br />
parte de suas vidas <strong>se</strong>ntadas em salas de aulas e es<strong>se</strong> quadro precisa <strong>se</strong> reverter, pois as<br />
<strong>crianças</strong> são dotadas de mobilidade e criatividade, e <strong>com</strong>o diz FREIRE ( 1989: 14 ): sugiro<br />
que, a cada início de ano letivo, por ocasião das matrículas, tamb<strong>é</strong>m o corpo das<br />
<strong>crianças</strong> <strong>se</strong>ja matriculado.<br />
26
Para tanto es<strong>se</strong> estudo auxiliará na ação pedagógica das instituições de ensino, <strong>com</strong>o<br />
tamb<strong>é</strong>m irá colaborar <strong>com</strong> os educadores que de<strong>se</strong>jam modificar ou aprimorar sua ação<br />
pedagógica, propondo-<strong>se</strong> ao esclarecimento da importância do de<strong>se</strong>nvolvimento das<br />
atividades lúdicas em sala de aula.<br />
1.4- Problemática<br />
Resgatar o direito de brincar da criança, <strong>não</strong> constitui uma tarefa fácil, face os diversos<br />
problemas envolvidos . Contudo, <strong>é</strong> ob<strong>se</strong>rvável nos dias atuais, que a maioria das escolas <strong>não</strong><br />
assimilaram totalmente a importância do lúdico para a facilitação do processo ensino-<br />
aprendizagem, o educador <strong>não</strong> <strong>se</strong> dá conta de que, para que haja o de<strong>se</strong>nvolvimento integral<br />
da criança, esta temática <strong>não</strong> pode <strong>se</strong>r descartada. Desta forma constitui-<strong>se</strong> <strong>com</strong>o questão<br />
problematizadora deste estudo a devida inquietação, ou <strong>se</strong>ja:<br />
_ Como resgatar o lúdico na formação de <strong>crianças</strong> de 2ª s<strong>é</strong>rie do Ensino Fundamental na<br />
Escola Santos Dumont ?<br />
Seguindo esta lógica levanta-<strong>se</strong> algumas questões norteadoras à este estudo no intuito de<br />
abalizar a referida trajetória da pesquisa contida neste, que implica nas questões:<br />
_ Subsidiar historicamente a Educação Lúdica;<br />
_ Fomentar as teorias interacionistas de Jean Piaget e sócio histórica de Vygotsky;<br />
_ Nortear a importância do lúdico no de<strong>se</strong>nvolvimento infantil;<br />
_ Averiguar as possibilidades de utilização da sucata <strong>com</strong>o fator lúdico no<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento infantil;<br />
1.5- Objetivos<br />
1.5.1- Objetivo Geral:<br />
_ Refletir sobre a influência e uso de atividades lúdicas em uma escola da rede pública<br />
<strong>com</strong> <strong>crianças</strong> da 2ª s<strong>é</strong>rie do Ensino Fundamental.<br />
27
1.5.2-Objetivos Específicos:<br />
_ Verificar a influência da ludicidade nas diversas metodo<strong>lo</strong>gias de ensino;<br />
_ Identificar na escola a forma <strong>com</strong>o a ludicidade <strong>é</strong> trabalhada;<br />
_ Demonstrar a importância da ludicidade no processo de ensino- aprendizagem, bem<br />
<strong>com</strong>o no de<strong>se</strong>nvolvimento g<strong>lo</strong>bal da criança..<br />
2 -REFERENCIAL TEÓRICO<br />
2.1- Retrospectiva Histórica da Educação Lúdica<br />
A importância da aprendizagem lúdica infantil, reporta- nos a uma breve historização<br />
da <strong>com</strong>preensão social da formação e de<strong>se</strong>nvolvimento dos <strong>se</strong>ntimentos de infância ao <strong>lo</strong>ngo<br />
dos <strong>tempo</strong>s.<br />
Segundo historiadores, a Idade M<strong>é</strong>dia repre<strong>se</strong>nta o ponto de partida para a <strong>com</strong>preensão<br />
e con<strong>se</strong>qüente preocupação <strong>com</strong> a formação e aprendizagem infantil, graças ao<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento do Iluminismo que retomou importante concepção advindas da antigüidade,<br />
especialmente na Gr<strong>é</strong>cia, onde privilegiou- <strong>se</strong> a educação de <strong>crianças</strong> e adolescentes .<br />
Segundo ALMEIDA ( 1987 ) já na antiga Gr<strong>é</strong>cia pensadores <strong>com</strong>o Platão ( 427- 348 a.<br />
c. ) defendiam as atividades lúdicas <strong>com</strong> va<strong>lo</strong>r educativo. Platão introduziu de um modo<br />
bastante diferente para a <strong>é</strong>poca, uma prática matemática lúdica, tão enfatizada hoje em dia<br />
.Ele aplicava exercícios de cálcu<strong>lo</strong>s ligados a problemas concretos, extraídos da vida e dos<br />
negócios, onde o mesmo afirmava: Todas as <strong>crianças</strong> devem estudar a matemática, pe<strong>lo</strong><br />
menos no grau elementar, introduzindo desde o início atrativos em forma de jogo.<br />
Vale ressaltar que na Idade M<strong>é</strong>dia, havia uma concepção abstrata de infância onde a<br />
mesma <strong>não</strong> existia socialmente, o que con<strong>se</strong>quentemente resultou na falta de conhecimento<br />
quanto as peculiaridades infantis. Nessa <strong>é</strong>poca, considerava- <strong>se</strong> normal o alto índice de<br />
28
mortalidade infantil, pois fazia parte da natureza infantil, as <strong>crianças</strong> que sobreviviam essa<br />
fa<strong>se</strong> eram retiradas de suas famílias e levadas à <strong>com</strong>panhia de outras pessoas, recebendo<br />
educação <strong>se</strong>gundo <strong>se</strong>us princípios. Todas <strong>crianças</strong> at<strong>é</strong> 08 anos eram consideradas iguais, ou<br />
<strong>se</strong>ja, <strong>não</strong> <strong>se</strong> fazia diferenciação entre meninos e meninas os jogos e brincadeiras eram<br />
realizados entre ambos, <strong>se</strong>ndo que os brinquedos tamb<strong>é</strong>m eram iguais. A partir dos 08 anos já<br />
ingressavam no mundo dos adultos <strong>se</strong>m distinguir- <strong>se</strong> deles, acreditava- <strong>se</strong> que a capacidade<br />
de assimilação da criança era idêntica a do adulto, apenas menos de<strong>se</strong>nvolvida, dessa maneira<br />
o ensino acontecia <strong>com</strong> o objetivo de corrigir defeitos ou suprir deficiências. Tudo era<br />
realizado <strong>com</strong>o uma transmissão de conhecimentos. Nessa aprendizagem o aluno era um <strong>se</strong>r<br />
passivo, memorizando regras e fórmulas.<br />
Para o professor desta escola- transmissora e expositora de um conteúdos prontos e<br />
acabados, o uso de jogos e brincadeiras era pura perda de <strong>tempo</strong>, perturbando o silêncio ou a<br />
disciplinada da clas<strong>se</strong>.<br />
Com as mudanças sociais, e o avanço da ciência, ameniza- <strong>se</strong> a mortalidade infantil, e a<br />
família passa a exercer a função de educar, surgindo assim dois <strong>se</strong>ntimentos de infância: uma<br />
considerava a criança ingênua, inocente e graciosa, <strong>se</strong>rvindo muitas vezes <strong>com</strong>o distração ao<br />
adulto e <strong>é</strong> traduzida pela <strong>“</strong> paparicação ” e a outra vertente surge simultaneamente à primeira,<br />
mas <strong>se</strong> contrapõe a mesma, tomando a criança <strong>com</strong>o um <strong>se</strong>r imperfeito e in<strong>com</strong>pleto, que<br />
necessita da <strong>“</strong>moralização” e da educação realizada pe<strong>lo</strong> adulto, mesmo que para isso fos<strong>se</strong><br />
necessário castigos físicos adotados pe<strong>lo</strong>s professores que por sua vez eram incentivados a tal<br />
prática atrav<strong>é</strong>s de fra<strong>se</strong>s <strong>com</strong>o: <strong>“</strong> Quem poupa vara, odeia criança ”. Ambos <strong>se</strong>ntimentos<br />
possuíam um ponto em <strong>com</strong>um, continuavam excluindo a criança do mundo social uma vez<br />
que <strong>não</strong> consideravam suas necessidades.<br />
Por volta do s<strong>é</strong>c. XVII passou- <strong>se</strong> a questionar es<strong>se</strong> ensino e foi a partir do trabalho de<br />
Comenius ( 1593 ), Rous<strong>se</strong>au ( 1712 ) e Pesta<strong>lo</strong>zzi ( 1746 ) que surge um novo <strong>“</strong> Sentimento<br />
29
de Infância ” que protege as <strong>crianças</strong> e que auxilia este grupo etário a conquistar um lugar<br />
enquanto categoria social. Dá- <strong>se</strong> início à elaboração de m<strong>é</strong>todos próprios para educação<br />
utilizando- <strong>se</strong> de objetos extraídos da natureza ( pedra, <strong>se</strong>mentes, folhas dentre outros ) <strong>com</strong>o<br />
recurso didático, por<strong>é</strong>m tais recursos eram de cunho visual e <strong>não</strong> tinham o caráter<br />
manipulativo por parte dos alunos.<br />
Em <strong>se</strong>guida, pedagogos <strong>com</strong>o Friedrich Fröebel ( 1782- 1852 ), Maria Montessori (<br />
1870- 1909 ) e Ovide Decroly ( 1871- 1932 ) dentre outros elaboraram pesquisas a respeito da<br />
1ª infância, levando à educação grandes contribuições sobre o <strong>se</strong>u de<strong>se</strong>nvolvimento. Estes<br />
foram os primeiros pedagogos a romper <strong>com</strong> a educação verbal e tradicionalista da <strong>é</strong>poca<br />
inaugurando um período da história onde as <strong>crianças</strong> passaram a <strong>se</strong>r respeitadas e<br />
<strong>com</strong>preendidas enquanto <strong>se</strong>res ativos. Propu<strong>se</strong>ram uma educação <strong>se</strong>nsorial, ba<strong>se</strong>ada na<br />
utilização de jogos e materiais didáticos e manipulativos.<br />
Tais id<strong>é</strong>ias foram introduzidas no Brasil desde o período imperial <strong>com</strong> a instalação das<br />
primeiras escolas infantis, por<strong>é</strong>m teve <strong>se</strong>u ponto alto nos anos 20 e 30.<br />
KISHIMOTO ( 1993: 106 ) apre<strong>se</strong>nta o depoimento de um diretor de escola primária na<br />
d<strong>é</strong>cada de 30 o qual pode- <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rvar a influência de princípios da Escola Nova na adoção de<br />
jogos entre professores de escolas primárias: Nenhum professor, que pe<strong>lo</strong> menos tenha<br />
ouvido falar na escola nova, desconhece o va<strong>lo</strong>r dos jogos no ensino de todas e qualquer<br />
disciplina.<br />
Entretanto, a introdução dos jogos na escola primária <strong>não</strong> era bem vista. PASTOR apud<br />
KISHIMOTO ( 1993 ), <strong>com</strong>entou a aversão dos pais pe<strong>lo</strong> jogo uma vez que os mesmos<br />
<strong>com</strong>entavam que <strong>não</strong> enviavam os filhos à escola para brincarem.<br />
Predominava na <strong>é</strong>poca, especialmente nas escolas públicas, o hábito de utilizar jogos de<br />
uma forma bastante diretiva para o ensino de conteúdos escolares por<strong>é</strong>m, o uso de jogos <strong>não</strong><br />
passava de emprego de materiais concretos, de forma mais significativa que o ensino<br />
30
verbalista vigente at<strong>é</strong> então. Neste contexto, <strong>não</strong> <strong>se</strong> va<strong>lo</strong>rizava a ação lúdica da criança mais<br />
sim o total direcionamento por parte do professor, ou <strong>se</strong>ja, o recurso continuava <strong>se</strong>ndo<br />
utilizado fundamentalmente no visual onde o aluno apenas ob<strong>se</strong>rvava o professor manipular.<br />
Entretanto para os anos 30 essa inovação tinha o significado de jogo, um jogo capaz de<br />
atender interes<strong>se</strong>s e necessidades infantis que contrapunha- <strong>se</strong> ao ensino que tradicionalmente<br />
ignorava recursos materiais <strong>com</strong>o auxiliares do processo ensino-aprendizagem.<br />
Hoje, a criança <strong>não</strong> pode <strong>se</strong>r mais considerada <strong>com</strong>o o <strong>“</strong>mine- adulto” ou <strong>“</strong>adulto<br />
in<strong>com</strong>pleto”, mais sim <strong>com</strong>o um <strong>se</strong>r histórico- social que tem características e ritmos próprios<br />
e torna- <strong>se</strong> <strong>com</strong>pleta dentro de <strong>se</strong>u nível de de<strong>se</strong>nvolvimento.<br />
KISHIMOTO ( 2001: 3 ) nos mostra que :<br />
Ser criança <strong>é</strong> ter identidade e autonomia, <strong>é</strong> poder expressar suas emoções, suas<br />
necessidades, <strong>é</strong> formar sua personalidade, <strong>é</strong> socializar- <strong>se</strong> em contato <strong>com</strong> a<br />
multiplicidade de atores sociais, <strong>é</strong> expressar a <strong>com</strong>preensão do mundo pelas<br />
linguagens gestuais, artísticas al<strong>é</strong>m de oral e escrita. Ser criança <strong>é</strong> ter direito à<br />
educação, ao brincar, aos amigos ao conhecimento, mas <strong>é</strong> principalmente, à<br />
liberdade de escolha.<br />
Como ob<strong>se</strong>rvou-<strong>se</strong> anteriormente, a educação lúdica passou por transformações<br />
contextuais ao <strong>lo</strong>ngo dos <strong>tempo</strong>s, faz-<strong>se</strong> necessário um embasamento de duas teorias que<br />
analisam o <strong>com</strong>portamento infantil na ótica interacionista de Jean Piaget e sócio- histórica de<br />
Vygotsky as quais <strong>se</strong>rão descritas a <strong>se</strong>guir.<br />
2.2- Teorias de Jean Piaget e Vygotsky<br />
Para fundamentar o pre<strong>se</strong>nte trabalho, <strong>se</strong>rão abordadas as teorias de Jean Piaget e<br />
Vygotsky, os quais apesar de apre<strong>se</strong>ntarem divergências entre si, caminham de forma paralela<br />
no que <strong>se</strong> refere à dimensão interacionista do de<strong>se</strong>nvolvimento.<br />
31
2.2.1- Teoria cognitiva interacionista de Jean Piaget<br />
Segundo KISHIMOTO ( 1996 ) a teoria piagetiana <strong>não</strong> discute a brincadeira em si. Em<br />
sínte<strong>se</strong> Piaget adota o uso metafórico vigente na <strong>é</strong>poca da brincadeira <strong>com</strong>o conduta livre,<br />
espontânea, que a criança expressa por sua vontade e pe<strong>lo</strong> prazer que lhe dá.<br />
Considerando PIAGET apud FRIEDMANN ( 1992 ) a criança <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolve de forma<br />
integrada nos aspectos cognitivos, afetivos, físico- motores, morais, lingüisticos e sociais.<br />
Este processo de de<strong>se</strong>nvolvimento <strong>se</strong> dá a partir da construção que a criança faz na sua<br />
interação <strong>com</strong> o meio físico e social. A criança vai conhecendo o mundo a partir de sua ação<br />
sobre ele. Nessa interação sujeito- objeto ( ou meio ), a criança vai assimilando determinadas<br />
informações, <strong>se</strong>gundo o <strong>se</strong>u estágio de de<strong>se</strong>nvolvimento.<br />
Para o autor, a criança ao manifestar condutas lúdicas demonstra o nível de <strong>se</strong>u estágio<br />
cognitivo e constrói conhecimentos.<br />
FIGURA 01: Jean Piaget<br />
Segundo o teórico o de<strong>se</strong>nvolvimento cognitivo da criança passa por 4 períodos<br />
distintos: <strong>se</strong>nsório- motor, pr<strong>é</strong>- operatório, operatório- concreto e a operatório formal. Neste<br />
<strong>se</strong>ntido, <strong>é</strong> fundamental o conhecimento dos estágios do de<strong>se</strong>nvolvimento infantil enquanto<br />
32
<strong>com</strong>ponentes do de<strong>se</strong>nvolvimento integral do homem descritos por PIAGET apud<br />
FRIEDMANN ( 1992: 24 / 25 ).<br />
• Período <strong>se</strong>nsório- motor ( 0 a 2 anos )<br />
É denominado assim porque <strong>é</strong> nele que a criança experiência situações e <strong>com</strong>eça a<br />
realizar a construção de um universo objetivo, associando <strong>se</strong>nsações às respostas motoras para<br />
resolver <strong>se</strong>us problemas, que são es<strong>se</strong>ncialmente práticos <strong>com</strong>o por exemp<strong>lo</strong> bater numa<br />
caixa, pegar um objeto ou jogar uma bola.<br />
Nes<strong>se</strong> período, muito embora a criança tenha uma conduta inteligente, considera-<strong>se</strong> que<br />
a mesma ainda <strong>não</strong> possui o pensamento elaborado. Isto porque, nessa idade, a criança está<br />
presa ao momento pre<strong>se</strong>nte .<br />
Dentre as principais aquisições do período destaca a construção do <strong>“</strong>eu”, atrav<strong>é</strong>s do qual<br />
a criança <strong>com</strong>eça a diferenciar o mundo externo do <strong>se</strong>u próprio corpo criando a partir deste<br />
referencial, noções de objetos.<br />
A criança conhece o mundo de acordo <strong>com</strong> suas ações, por<strong>é</strong>m só vai adquirir a noção de<br />
permanência do espaço e do objeto à medida que for vivenciando, o que <strong>se</strong> faz importante<br />
para suas aquisições psi<strong>com</strong>otoras, noções de <strong>tempo</strong>ralidade, causa e efeito.<br />
• Período pr<strong>é</strong>- operatório ( 2 a 6-7 anos )<br />
É marcado pe<strong>lo</strong> aparecimento da linguagem oral por volta dos dois anos. Neste período<br />
a criança reflete sobre suas ações <strong>com</strong>binadas a elaboração da linguagem e do pensamento,<br />
<strong>se</strong>m estar experienciando-as naquele momento, tal fato ocorre devido ao esquema de ações<br />
interiores chamadas PIAGET de esquemas repre<strong>se</strong>ntativos ou simbólicos.<br />
O pensamento pr<strong>é</strong>- operatório indica, portanto, inteligência capaz de ações<br />
interiorizadas, ações mentais. Ele <strong>é</strong>, entretanto, diferente do pensamento adulto uma vez que<br />
33
depende das experiências infantis, o teórico refere-<strong>se</strong> a elas, <strong>se</strong>ndo portanto um pensamento<br />
que a criança centra em si mesma. Por esta razão, o pensamento pr<strong>é</strong>- operatório recebe o<br />
nome de pensamento egocêntrico, ou <strong>se</strong>ja, centrado no ego, no sujeito.<br />
Outra característica do pensamento desta etapa <strong>é</strong> o animismo, este termo indica que a<br />
criança empresta <strong>“</strong>alma” as coisas e animais, atribuindo- lhes <strong>se</strong>ntimentos e intenções próprias<br />
do <strong>se</strong>r humano. Assim, <strong>é</strong> freqüente ouvi-la dizer por exemp<strong>lo</strong> que a mesa <strong>é</strong> má ,quando nela<br />
machuca a sua cabeça.<br />
As ações neste período, embora internalizadas, <strong>não</strong> são reversíveis uma vez que a<br />
criança ainda <strong>não</strong> <strong>é</strong> capaz de perceber que <strong>é</strong> possível retornar, mentalmente, ao ponto de<br />
partida, faltando-lhe a reversibilidade. É por isso que este período recebe o nome de pr<strong>é</strong>-<br />
operatório.<br />
• Período operatório- concreto ( 7 à 12 anos )<br />
Nes<strong>se</strong> período as ações interiorizadas vão <strong>se</strong> tornando cada vez mais reversíveis e,<br />
portanto, móveis e flexíveis. O pensamento <strong>se</strong> torna menos egocêntrico, menos centrado no<br />
sujeito. Agora a criança <strong>é</strong> capaz de construir um conhecimento mais <strong>com</strong>patível <strong>com</strong> o mundo<br />
que a rodeia. O real e o fantástico <strong>não</strong> mais <strong>se</strong> misturarão em sua percepção.<br />
O pensamento <strong>é</strong> denominado operatório porque <strong>é</strong> reversível: o sujeito pode retornar,<br />
mentalmente, ao ponto de partida uma vez que o pensamento agora ba<strong>se</strong>ia-<strong>se</strong> mais no<br />
raciocínio que na percepção; <strong>é</strong> denominado concreto porque a criança só con<strong>se</strong>gue pensar<br />
corretamente nesta etapa <strong>se</strong> os exemp<strong>lo</strong>s ou materiais que ela utiliza para apoiar <strong>se</strong>u<br />
pensamento existirem para poderem <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvadas. A criança <strong>não</strong> con<strong>se</strong>gue ainda pensar<br />
abstratamente, apenas <strong>com</strong> ba<strong>se</strong> em proposições e enunciados.<br />
No período entre 7-8 anos aproximadamente a criança <strong>com</strong>eça a dominar as operações<br />
responsáveis pe<strong>lo</strong>s esquemas de espaço, volume, números entre outros.<br />
34
Neste contexto, tal fa<strong>se</strong> foi escolhida para subsidiar a pesquisa em questão uma vez que<br />
às <strong>crianças</strong> do ensino fundamental deverão incorporar os conhecimentos sistematizados, todo<br />
consciência de <strong>se</strong>us atos, favorecendo <strong>com</strong> isso o despertar para um mundo em cooperação<br />
<strong>com</strong> <strong>se</strong>us <strong>se</strong>melhantes.<br />
As <strong>crianças</strong> da 2ª s<strong>é</strong>rie estão numa fa<strong>se</strong> de exp<strong>lo</strong>ração e questionamento do mundo a sua<br />
volta. São expostas a uma grande variedade de culturas, <strong>com</strong>unidades e tipos de leitura: dessa<br />
forma, aprendem a ler por prazer e para obter informações. Estão de<strong>se</strong>nvolvendo noções<br />
num<strong>é</strong>ricas, assimilando as operações básicas de matemática e trabalhando formas<br />
geom<strong>é</strong>tricas. Ao adquirir informações por meio da leitura, experiências próprias e atividades<br />
pedagógicas, as <strong>crianças</strong> da 2ª s<strong>é</strong>rie interagem de um modo efetivo <strong>com</strong> o meio que o cerca. A<br />
criança tamb<strong>é</strong>m adquire interes<strong>se</strong> em jogos de grupos, de regras, de escolha de parceiros e de<br />
amizade.<br />
Nessa fa<strong>se</strong>, a criança <strong>com</strong>eça a pensar inteligentemente, <strong>com</strong> certa lógica. Começa a<br />
entender o mundo mais objetivamente e ter consciência de suas ações, discernindo o certo do<br />
errado.<br />
• Período operatório formal ( 12 anos em diante )<br />
A principal característica do período operatório- formal, por sua vez, reside no fato de<br />
que o pensamento <strong>se</strong> torna livre das limitações da realidade concreta, a criança / adolescente<br />
constrói operações atrav<strong>é</strong>s de sua inteligência formal por meio de palavras, símbo<strong>lo</strong>s e<br />
linguagem.<br />
Neste período a criança / adolescente já resolve problemas atrav<strong>é</strong>s de hipóte<strong>se</strong>s. Quando<br />
uma criança <strong>se</strong> depara <strong>com</strong> um problema pode tentar resolvê-<strong>lo</strong>s atrav<strong>é</strong>s de ensaios e erros<br />
<strong>com</strong> o objetivo de levantar hipóte<strong>se</strong>s onde irá trabalhar sobre as mesmas.<br />
35
Por<strong>é</strong>m deve-<strong>se</strong> ressaltar que as faixas etárias previstas para cada etapa <strong>não</strong> são<br />
rigidamente demarcadas. Cada criança tem <strong>se</strong>u ritmo próprio de de<strong>se</strong>nvolvimento e<br />
características pessoais que a diferem das demais. Embora os estágios de de<strong>se</strong>nvolvimento,<br />
pe<strong>lo</strong>s quais toda criança passa, <strong>se</strong>jam <strong>se</strong>melhantes.<br />
O processo de interação entre criança e <strong>se</strong>u meio <strong>se</strong> dá, em cada um dos níveis de forma<br />
diferente. No <strong>se</strong>nsório – motor atrav<strong>é</strong>s da ação, na operações concretas atrav<strong>é</strong>s da intuição e<br />
na operações formais, atrav<strong>é</strong>s das operações. Graças a essas interações, das mais simples as<br />
mais <strong>com</strong>plexas, de<strong>se</strong>nvolve- <strong>se</strong> a capacidade de conhecer do indivíduo.<br />
Nes<strong>se</strong> processo de construção do conhecimento, o estado emocional da criança <strong>é</strong><br />
primordial na formação da sua personalidade. Amor, ódio, agressividade, medo, in<strong>se</strong>gurança,<br />
tenção, alegria ou tristeza, assim <strong>com</strong>o a motivação, são alguns dos afetos característicos do<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento infantil.<br />
Em relação ao de<strong>se</strong>nvolvimento moral, ele <strong>é</strong> igualmente um processo de construção<br />
desde o interior. A partir do momento em que a criança resolve <strong>“</strong> sacrificar ”certos benefícios<br />
pessoais em proveito de uma relação recíproca de confiança <strong>com</strong> o outro- <strong>se</strong>ja adulto ou<br />
criança- ela constrói sua própria regra moral. Essa relação constitui o pano de fundo para o<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento da autonomia.<br />
As interações sociais ocupam um espaço de destaque no de<strong>se</strong>nvolvimento infantil, pois<br />
<strong>é</strong> a partir delas que a criança tem acesso à cultura, aos va<strong>lo</strong>res e conhecimentos universais. A<br />
criança tem a oportunidade, atrav<strong>é</strong>s dessa interação <strong>com</strong> outras <strong>crianças</strong> e adultos, de<br />
cooperar, de <strong>com</strong>petir, de praticar e adquirir padrões sociais que irá usar, mais tarde, nos <strong>se</strong>us<br />
encontros <strong>com</strong> o mundo. E aqui entra a linguagem, que atua <strong>com</strong>o um canal de <strong>com</strong>unicação e<br />
expressão, nessa interação. Atrav<strong>é</strong>s da linguagem <strong>é</strong> possível de<strong>se</strong>nvolver a memória, a<br />
imaginação e a criatividade e, muito especialmente, passar do pensamento concreto para o<br />
mais abstrato.<br />
36
Ainda na perspectiva de PIAGET apud FRIEDMANN ( 1999 ), o mesmo postulava que<br />
ao <strong>lo</strong>ngo do período infantil, o jogo pode <strong>se</strong>r estruturado de três formas: de exercício,<br />
simbólico, construção e regra e, neste <strong>se</strong>ntido as brincadeiras evoluem conforme a faixa<br />
etária.<br />
At<strong>é</strong> 1 ano e meio/ 2 anos, fa<strong>se</strong> em que aparece a linguagem, a atividade lúdica tem<br />
<strong>com</strong>o característica es<strong>se</strong>ncial o exercício: a criança <strong>se</strong> exercita na sua atividade de brincar<br />
pe<strong>lo</strong> simples prazer de fazer rolar uma bola, produzir sons ou bater <strong>com</strong> um marte<strong>lo</strong>, repetindo<br />
essas ações e ob<strong>se</strong>rvando <strong>se</strong>us efeitos e resultados. Essas brincadeiras <strong>se</strong> pro<strong>lo</strong>ngam, muitas<br />
vezes, at<strong>é</strong> a idade adulta, mas <strong>com</strong> o passar dos anos, diminuem sua intensidade e<br />
importância.<br />
Entre os 2 e os 6/ 7 anos aproximadamente, a atividade lúdica adquire o caráter<br />
simbólico: a criança repre<strong>se</strong>nta <strong>se</strong>u mundo e o símbo<strong>lo</strong> <strong>se</strong>rve para evocar a realidade.<br />
Conversar <strong>com</strong> a boneca, brincar de m<strong>é</strong>dico, imitar bichos, <strong>se</strong> fantasiar, são brincadeiras<br />
de grande intensidade afetiva. Assim que as brincadeiras vão <strong>se</strong> aproximando mais do real ( a<br />
partir de 4 anos ), o símbo<strong>lo</strong> <strong>com</strong>eça a repre<strong>se</strong>ntar a realidade, imitando- a: a criança cria<br />
histórias nas quais há grande preocupação em <strong>se</strong>guir a <strong>se</strong>qüência que ela conhece na sua<br />
realidade. Por exemp<strong>lo</strong>: a boneca acorda, vai pôr roupa e vai para a escola. Depois vai<br />
almoçar, descansar, brincar, etc.<br />
Acerca da imitação atrav<strong>é</strong>s do jogo simbólico FREIRE ( 1989: 45 ) <strong>com</strong>enta: O que<br />
caracteriza o jogo simbólico <strong>é</strong> o brincar de fazer de conta , aqui<strong>lo</strong> que <strong>não</strong> <strong>é</strong>. São<br />
repre<strong>se</strong>ntações livres, pouco vinculadas à realidade concreta, que refletem o nível de<br />
<strong>com</strong>preensão da criança em relação ao mundo que a cerca.<br />
Os chamados jogos de construção constituem uma esp<strong>é</strong>cie de transição entre o jogo<br />
simbólico e o jogo de regras: atrav<strong>é</strong>s deles a criança <strong>com</strong>eça a <strong>se</strong> in<strong>se</strong>rir no mundo social e a<br />
<strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolver rumo a níveis mais elevados de cognição. Esta <strong>é</strong> uma fa<strong>se</strong> de passagem da<br />
37
fantasia para a realidade. Na construção de pr<strong>é</strong>dios, pontes, casas, utensílios, por exemp<strong>lo</strong>, <strong>é</strong><br />
interessante a utilização que a criança faz dos diversos materiais, <strong>com</strong>o ela repre<strong>se</strong>nta a<br />
realidade, <strong>com</strong>o <strong>se</strong> dá a passagem de uma construção mais individual para um momento de<br />
maior cooperação.<br />
At<strong>é</strong> aqui a atividade lúdica teve, <strong>com</strong>o característica predominante, a de <strong>se</strong>r muito<br />
egocêntrica. Por volta dos 6/7 anos, a criança abandona es<strong>se</strong> egocentrismo em proveito da<br />
aplicação efetiva de regras e do espírito de cooperação entre os jogadores.<br />
Entre os 7 e 11/12 anos, pode- <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rvar uma cooperação cada vez mais estreita de<br />
pap<strong>é</strong>is e um f<strong>lo</strong>rescimento da socialização, que <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolve e subsiste durante toda a vida.<br />
A partir dos 6 anos que surgem os jogos de regras, que supõe relações sociais. A regra<br />
<strong>é</strong> uma regularidade imposta pe<strong>lo</strong> grupo e viola- la repre<strong>se</strong>nta uma falta. As regras podem <strong>se</strong>r<br />
transmitidas de uma geração a outra ( ex.: o jogo de bolinha de gude ), ou espontâneas, a<br />
partir de um contrato momentâneo definido pela relação entre as <strong>crianças</strong> de diferentes faixas<br />
etárias, ou de uma mesma geração, ou ainda nas relações <strong>com</strong> os mais velhos.<br />
Os jogos de regras caracteriza- <strong>se</strong> por <strong>se</strong>r uma <strong>com</strong>binação <strong>se</strong>nsório- motora ( corrida,<br />
jogo de bola, dentre outras ) ou intelectual ( cartas, xadrez ), <strong>com</strong> <strong>com</strong>petição dos indivíduos<br />
regulamentado por um código.<br />
<strong>com</strong>enta:<br />
Considerando PIAGET apud CUNHA ( 1988: 7 ) acerca do lúdico na escola o mesmo<br />
Os professores podem guia-<strong>lo</strong>s proporcionando-lhes os materiais apropriados,<br />
mas o es<strong>se</strong>ncial <strong>é</strong> que, para que uma criança entenda, deve construir ela mesma,<br />
deve reinventar.<br />
Cada vez que ensinamos algo a uma criança estamos impedindo que ela<br />
descubra por si mesma. Por outro lado, aqui<strong>lo</strong> que permitimos que descubra<br />
por si mesma permanecerá <strong>com</strong> ela<br />
Neste contexto o professor deverá <strong>se</strong>r o facilitador ao inv<strong>é</strong>s do direcionador do processo<br />
ensino-aprendizagem de<strong>se</strong>nvolvido no contexto de sala de aula.<br />
38
2.2.2- Teoria Sócio Histórica de Vygotsky<br />
As id<strong>é</strong>ias de Lev Semenovich Vygotsky apesar de terem sido escritas nos anos 20 ainda<br />
hoje tem, em particular, grande importância para área de educação uma vez que sua visão<br />
sócio- interacionista de de<strong>se</strong>nvolvimento apoia- <strong>se</strong> na id<strong>é</strong>ia de interação entre o homem e o<br />
meio ambiente e essa interação acarreta mudanças sobre o indivíduo, pois quando o homem<br />
modifica o ambiente atrav<strong>é</strong>s de <strong>se</strong>us <strong>com</strong>portamentos, essas modificações irão influenciar<br />
suas atitudes futuras.<br />
Atento a <strong>“</strong>natureza social” do <strong>se</strong>r humano, que desde o berço vive rodeado por <strong>se</strong>us<br />
pares em um ambiente impregnado pela cultura, defendeu que o próprio de<strong>se</strong>nvolvimento da<br />
inteligência <strong>é</strong> produto dessa convivência.<br />
FIGURA 02: Vygotsky<br />
Por<strong>é</strong>m, as informações que o indivíduo recebe nunca são absorvidos diretamente do<br />
meio, são <strong>se</strong>mpre intermediadas, explícitas ou implicitamente, pelas pessoas que rodeiam a<br />
criança e tais informações <strong>se</strong>mpre vem carregadas de significados sociais e históricos<br />
correspondente ao meio em que o indivíduo está in<strong>se</strong>rido.<br />
39
Isso <strong>não</strong> significa que o indivíduo <strong>se</strong>ja <strong>com</strong>o um espelho, apenas refletindo o que<br />
aprende. As informações intermediadas são reelaboradas numa esp<strong>é</strong>cie de linguagem interna e<br />
<strong>se</strong>rá isso que caracterizará o individualismo.<br />
FREITAS apud LOPES ( 1996:34 ) nos diz: Nenhum conhecimento <strong>é</strong> construído pela<br />
pessoa sozinha, mas sim em parceria <strong>com</strong> as outras, que são os mediadores.<br />
Assim para Vygotsky apesar de importante, a atividade espontânea e individual da<br />
criança <strong>não</strong> <strong>é</strong> suficiente para a apropriação dos conhecimentos acumulados pela humanidade.<br />
Portanto deverá <strong>se</strong>r levado em consideração a importância da intervenção do educador, que <strong>é</strong><br />
entendido <strong>com</strong>o o condutor do processo, atuando na zona de de<strong>se</strong>nvolvimento proximal do<br />
aluno, provocando avanços que <strong>não</strong> ocorrerão espontaneamente.<br />
Segundo Vygotsky apud LOPES ( 1996: 33 ) na ausência do outro, o homem <strong>não</strong> <strong>se</strong><br />
constrói homem. Considerando essa concepção percebe- <strong>se</strong> a importância atribuída por<br />
Vygotsky ao papel do outro no de<strong>se</strong>nvolvimento.<br />
Mesmo <strong>não</strong> relacionando a capacidade cognitiva à experiência <strong>com</strong>o fez Piaget,<br />
Vygotsky descreve momentos significativos pe<strong>lo</strong>s quais as <strong>crianças</strong> passam a partir da relação<br />
<strong>com</strong> o outro. Como pode- <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rvar, as teorias das zonas de de<strong>se</strong>nvolvimento são<br />
demonstradas da <strong>se</strong>guinte forma:<br />
• Zona de De<strong>se</strong>nvolvimento Real<br />
É determinado por aqui<strong>lo</strong> que a criança <strong>é</strong> capaz de fazer sozinha porque já tem um<br />
conhecimento consolidado<br />
• Zona de De<strong>se</strong>nvolvimento Potencial<br />
É determinado por aqui<strong>lo</strong> que a criança ainda <strong>não</strong> domina, mas <strong>é</strong> capaz de realizar <strong>com</strong><br />
o auxílio de algu<strong>é</strong>m mais experiente.<br />
40
• Zona de De<strong>se</strong>nvolvimento Proximal<br />
É a distância entre o de<strong>se</strong>nvolvimento real e o potencial ou <strong>se</strong>ja, aqui<strong>lo</strong> que a criança<br />
hoje faz <strong>com</strong> a ajuda de um adulto ou de outra criança mais experiente amanhã poderá estar<br />
fazendo sozinha.<br />
Vygotsky em sua teoria trabalha, <strong>com</strong> um domínio da atividade infantil que tem claras<br />
relações <strong>com</strong> o de<strong>se</strong>nvolvimento: a brincadeira. E necessário ressaltar que Vygotsky faz<br />
referências a diversos tipos de brincadeiras por<strong>é</strong>m, discute o papel do brinquedo referindo- <strong>se</strong><br />
especificamente ao jogo de pap<strong>é</strong>is ou à brincadeiras de <strong>“</strong> faz- de- conta ”, <strong>com</strong>o brincar de<br />
casinha, brincar de escolinha, brincar <strong>com</strong> um cabo de vassoura <strong>com</strong>o <strong>se</strong> fos<strong>se</strong> um cava<strong>lo</strong>,<br />
pois numa situação imaginária <strong>com</strong>o a que ocorre na brincadeira de faz- de- conta, a criança <strong>é</strong><br />
levada a agir num mundo imaginário, onde a situação <strong>é</strong> definida pe<strong>lo</strong> significado estabelecido<br />
pela brincadeira e <strong>não</strong> pe<strong>lo</strong>s elementos reais concretamente pre<strong>se</strong>ntes. Pode- <strong>se</strong> perceber que a<br />
brincadeira de faz- de- conta estudada por Vygotsky corresponde ao jogo simbólico descrito<br />
por Piaget.<br />
Ao brincar <strong>com</strong> um cabo de vassoura <strong>com</strong>o <strong>se</strong> fos<strong>se</strong> um cava<strong>lo</strong>, por exemp<strong>lo</strong>, a criança<br />
<strong>se</strong> relaciona <strong>com</strong> o significado em questão, ou <strong>se</strong>ja, a id<strong>é</strong>ia de <strong>“</strong>cava<strong>lo</strong>” e <strong>não</strong> <strong>com</strong> o objeto<br />
concreto, cabo de vassoura, que tem em suas mãos.<br />
Neste <strong>se</strong>ntido VYGOTSKY apud REGO ( 1995 : 86-87 ) analisa que: No<br />
brinquedo, no entanto, os objetos perdem sua força determinadora. A criança vê um<br />
objeto, mas age de maneira diferente em relação àqui<strong>lo</strong> que vê. Assim, <strong>é</strong> alcançada uma<br />
condição em que a criança <strong>com</strong>eça a agir independentemente daqui<strong>lo</strong> que vê.<br />
De acordo <strong>com</strong> os postulados de Vygotsky, a brincadeira exerce uma forte influência no<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento infantil uma vez que <strong>é</strong> utilizada pela criança , de um lado pela necessidade<br />
de ação e por outra para satisfazer suas impossibilidades de executar determinadas ações. Por<br />
41
exemp<strong>lo</strong>, ao brincar de carro ele mesmo irá guia-<strong>lo</strong>, por<strong>é</strong>m na realidade <strong>não</strong> poderá agir assim<br />
pois ainda <strong>não</strong> dominou as operações exigidas para tal ação.<br />
No entanto para Vygotsky, a brincadeira <strong>não</strong> <strong>é</strong> apenas uma atividade simbólica, uma<br />
vez que mesmo envolvendo situações imaginárias, ela ba<strong>se</strong>ia-<strong>se</strong> em regras de <strong>com</strong>portamento<br />
condizentes <strong>com</strong> aqui<strong>lo</strong> que está <strong>se</strong>ndo repre<strong>se</strong>ntado o que fará <strong>com</strong> que a criança internalize<br />
regras de conduta, va<strong>lo</strong>res, modo de agir e de pensar de <strong>se</strong>u grupo social, que passará a<br />
orientar o <strong>se</strong>u <strong>com</strong>portamento e de<strong>se</strong>nvolvimento cognitivo. Numa brincadeira de escolinha<br />
por exemp<strong>lo</strong>, tem que haver alunos e professores e as atividades a <strong>se</strong>rem de<strong>se</strong>nvolvidas tem<br />
uma correspondência pr<strong>é</strong>- estabelecida <strong>com</strong> aquelas que ocorrem numa escola real. Não <strong>é</strong><br />
qualquer <strong>com</strong>portamento portanto, que <strong>é</strong> aceitável no âmbito de uma determinada brincadeira.<br />
Segundo VYGOTSKY apud REGO ( 1995: 82- 83 ) o mesmo <strong>com</strong>enta: no brinquedo<br />
a criança <strong>se</strong>mpre <strong>se</strong> <strong>com</strong>porta al<strong>é</strong>m do <strong>com</strong>portamento habitual de sua idade, al<strong>é</strong>m de<br />
<strong>se</strong>u <strong>com</strong>portamento diário: no brinquedo <strong>é</strong> <strong>com</strong>o <strong>se</strong> ela fos<strong>se</strong> maior do que <strong>é</strong> na<br />
realidade .<br />
Tanto pela criação de situações imaginárias <strong>com</strong>o pela apropriação de regras específicas<br />
o brinquedo irá interferir na zona de de<strong>se</strong>nvolvimento proximal da criança, uma vez que na<br />
medida em que a criança de<strong>se</strong>mpenha nas suas brincadeiras pap<strong>é</strong>is e situações para os quais<br />
ainda <strong>não</strong> estão preparadas na vida real.<br />
Ainda <strong>se</strong>gundo Vygotsky, a brincadeira possui três características a imaginação, a<br />
imitação e a regra. Elas estão pre<strong>se</strong>ntes em todos os tipos de brincadeiras infantis, <strong>se</strong>jam elas<br />
tradicionais, de faz- de- conta ou de regra e podem aparecer tamb<strong>é</strong>m no de<strong>se</strong>nho, considerado<br />
enquanto atividade lúdica.<br />
Para fomentar a pesquisa em questão faz-<strong>se</strong> necessário analisar a importância do lúdico<br />
no de<strong>se</strong>nvolvimento infantil em um terceiro momento.<br />
42
2.3- A Importância do Lúdico no De<strong>se</strong>nvolvimento Infantil<br />
O educador encontra-<strong>se</strong> em permanente processo de desafio e confronto <strong>com</strong> <strong>se</strong>us<br />
próprios limites diante de uma formação que o permita lidar de maneira mais eficaz <strong>com</strong> as<br />
diversas dificuldades que surgem em <strong>se</strong>u cotidiano de aprendizagem.<br />
Assim, uma das funções do educador, hoje, <strong>é</strong> cuidar para que a aprendizagem <strong>se</strong>ja uma<br />
conquista, nem <strong>se</strong>mpre fácil, mais que pode <strong>se</strong>r prazerosa. E, <strong>com</strong>o instrumento indispensável,<br />
pode utilizar o lúdico nas mais diferentes situações no contexto de sala de aula .<br />
Por<strong>é</strong>m pode- <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rvar que nem <strong>se</strong>mpre encontraremos professores que estejam<br />
dispostos a <strong>se</strong> desvincular do tradicionalismo para adotar uma postura lúdica. Neste contexto<br />
SANTOS ( 1998 ) nos mostra que existem 4 tipos de posturas e análi<strong>se</strong>s acerca do emprego de<br />
atividade lúdica no processo de ensino- aprendizagem.<br />
Há uma primeira corrente que <strong>se</strong> mostra totalmente avessa à id<strong>é</strong>ia da adoção do lúdico<br />
na educação, pois entendem que o processo educativo <strong>é</strong> algo <strong>“</strong>s<strong>é</strong>rio”, <strong>não</strong> podendo <strong>se</strong>r<br />
maculado ou ridicularizado <strong>com</strong> atividades destituídas de <strong>“</strong>va<strong>lo</strong>r acadêmico”. Devido à sua<br />
tônica con<strong>se</strong>rvadora, pode-<strong>se</strong> chamar de reacionária.<br />
Há uma <strong>se</strong>gunda corrente, de cunho mais pragmático e utilitarista, que analisa <strong>com</strong> bons<br />
olhos a adoção de atividades lúdicas na escola <strong>com</strong>o mais uma das t<strong>é</strong>cnicas de ensino. Desta<br />
corrente, que podemos chamar de utilitarista, fazem parte aqueles que recorrem aos manuais<br />
de t<strong>é</strong>cnicas de ensino, ávidos por aprenderem novos jogos e dinâmicas, concentrando- <strong>se</strong><br />
apenas no know- how e deixando de lado os pressupostos teóricos de cada atividade. Tais<br />
professores pecam, talvez, pela ausência de uma reflexão mais profunda sobre o lúdico<br />
enquanto fenômeno cultural, e sobre suas ba<strong>se</strong>s e implicações pedagógicas, psicológicas e<br />
epistemológicas.<br />
Uma terceira corrente, a mediadora, caracteriza- <strong>se</strong> pela defesa do lúdico enquanto<br />
elemento catalisador da aprendizagem. A adoção de uma postura lúdica associada a objetivos<br />
43
instrucionais, faria do jogo um mediador no processo educacional. Dessa forma, o jogo<br />
<strong>se</strong>rviria para de<strong>se</strong>nvolver <strong>com</strong>portamentos que propicias<strong>se</strong>m a formação de estruturas<br />
cognitivas, psi<strong>com</strong>otores e afetivas capazes de dar suporte e embasamento aos conhecimentos<br />
formais, al<strong>é</strong>m de estimular <strong>“</strong>habilidades pr<strong>é</strong>- requisito” para o aprendizado e criar espaço para<br />
a construção das atividades necessárias ao pleno exercício da cidadania. A quarta corrente <strong>é</strong><br />
defensora do lúdico, dissociado de objetivos instrucionais podendo então <strong>se</strong>r chamada de<br />
es<strong>se</strong>ncialista. Tal corrente enfatiza o resgate do prazer, do lazer, e analisa o jogo <strong>com</strong>o uma<br />
possibilidade de transformação e construção de novos saberes e de uma nova realidade social.<br />
Os educadores dessa última corrente entendem que o processo educativo traz consigo toda<br />
uma possibilidade de vivência concreta do lúdico, enquanto divertimento, prazer,<br />
engajamento e participação. Entendem que o lúdico <strong>não</strong> <strong>é</strong> um m<strong>é</strong>todo de ensino, <strong>é</strong> sim o<br />
conteúdo. Advogam, pois, a adoção de uma postura lúdica <strong>com</strong>o necessidade básica para um<br />
viver saudável e construtivo, onde os alunos tenham plena liberdade de criar, organizar e<br />
administrar <strong>se</strong>us brinquedos e jogos.<br />
O lúdico enquanto recurso pedagógico na aprendizagem, deve <strong>se</strong>r encarado de forma<br />
s<strong>é</strong>ria, <strong>com</strong>petente e responsável. Usado de maneira correta, poderá oportunizar ao educador e<br />
ao educando, importantes momentos de aprendizagens em múltip<strong>lo</strong>s aspectos .<br />
Considerando-<strong>se</strong> sua importância na aprendizagem, o lúdico favorecerá de forma eficaz<br />
o pleno de<strong>se</strong>nvolvimento das potencialidades criativas das <strong>crianças</strong>, cabendo ao educador,<br />
intervir de forma adequada, <strong>se</strong>m tolhir a criatividade da criança. Respeitando o<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento do processo lúdico, o educador poderá de<strong>se</strong>nvolver novas habilidades no<br />
repertório da aprendizagem infantil.<br />
O termo lúdico vem da palavra latina ludo que significa brincar. Neste brincar estão<br />
incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras <strong>se</strong>ndo relativa tamb<strong>é</strong>m a conduta daqueles que<br />
propõem o jogo e daqueles que jogam. Enquanto o adulto realiza tarefas que lhe promovem<br />
44
prazer <strong>com</strong>o ler, pintar e escrever a criança brinca, e para a mesma brincar <strong>é</strong> um <strong>com</strong>promisso<br />
s<strong>é</strong>rio tão <strong>com</strong>o ler ,pintar e escrever para o adulto.<br />
Em nossa cultura, os termos brincar, brincadeira, brinquedo, jogo e lúdico apre<strong>se</strong>ntam<br />
diferentes significados, muitas vezes contraditórios. O significado dessas palavras variam de<br />
acordo <strong>com</strong> o <strong>se</strong>u uso no dia- a- dia e na cultura de cada povo.<br />
Ao analisar um dicionário de 50 anos atrás, certamente o significado de tais palavras<br />
estarão impregnadas de uma visão de <strong>é</strong>poca. Hoje por<strong>é</strong>m pode- <strong>se</strong> perceber que há diferença<br />
entre elas.<br />
Para distingui-las faz-<strong>se</strong> necessário definir os termos brincar, brincadeira, brinquedo,<br />
jogo e lúdico tomando <strong>com</strong>o referência BUENO ( 1986 ):<br />
• <strong>Brincar</strong> → divertir- <strong>se</strong>; folgar; gracejar; zombar.<br />
• Brincadeira → divertimento, sobretudo entre criança; folgança; gracejo; zombaria;<br />
festa familiar.<br />
• Brinquedo → divertimento; folguedo, objeto <strong>com</strong> que <strong>se</strong> entretêm as <strong>crianças</strong>.<br />
• Jogo → brinquedo, folguedo; divertimento; partida esportiva; molejo; conjunto de<br />
mola; astúcia; jogo do bicho<br />
• Lúdico → relativo a brinquedos, jogos, <strong>se</strong>m mira de resultados materiais.<br />
Neste contexto, o trabalho enfatiza o resgate do lúdico na formação de <strong>crianças</strong> da 2ª<br />
s<strong>é</strong>rie pe<strong>lo</strong> fato de tal expressão visar o divertimento <strong>se</strong>m objetivar resultados materiais apenas<br />
a aprendizagem atrav<strong>é</strong>s de situações em que <strong>não</strong> estão pre<strong>se</strong>ntes o conflito, a ansiedade ou a<br />
tenção.<br />
Brincando, a criança exercita suas potencialidades e <strong>se</strong> de<strong>se</strong>nvolve . O desafio, contido<br />
nas situações lúdicas, provoca o pensamento e leva as <strong>crianças</strong> a alcançarem níveis de<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento que só as ações, por motivações intrín<strong>se</strong>cas con<strong>se</strong>guem. Ela age, esforça-<strong>se</strong><br />
<strong>se</strong>m <strong>se</strong>ntir cansaço; <strong>não</strong> fica estressada porque está livre de cobranças; avança , ousa,<br />
45
descobre, realiza <strong>com</strong> alegria, <strong>se</strong>ntindo-<strong>se</strong> mais capaz e, portanto, mais confiante em si mesma<br />
e predisposta a aprender.<br />
Por sua vez a função educativa do jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, <strong>se</strong>u<br />
conhecimento e sua <strong>com</strong>preensão de mundo que influência significativamente no<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento cognitivo, psi<strong>com</strong>otor e afetivo da criança, mas a escola lhe nega, muitas<br />
vezes, o direito de brincar, e por isso, aprendendo <strong>com</strong> prazer obrigando-a a calar-<strong>se</strong>, a parar<br />
de movimentar-<strong>se</strong>, de exercitar sua criatividade e aprender passa a <strong>se</strong>r uma tarefa penosa.<br />
Acerca dessa educação SANTOS ( 1998: 51 ) nos diz:<br />
Recordo-me, <strong>com</strong> saudade, dos <strong>tempo</strong>s de escola. Lembro <strong>com</strong> que ansiedade<br />
aguardavamos pe<strong>lo</strong> recreio. Naqueles poucos minutos podiamos <strong>se</strong>r <strong>crianças</strong>:<br />
brincavamos , jogavamos, tinhamos lazer, tinhamos prazer.<br />
Quando voltavamos para a aula, deixavamos do lado de fora da sala toda<br />
nossa vivacidade, alegria e descontração, pois aula era coisa s<strong>é</strong>ria. Por isso <strong>não</strong><br />
<strong>se</strong> concebiam brincadeiras ou jogos na sala de aula, espaço re<strong>se</strong>rvado a<br />
atividades caracterizadas pela <strong>se</strong>riedade.<br />
A brincadeira constitui-<strong>se</strong>, basicamente, em um sistema que integra a vida social da<br />
criança, assim as brincadeiras fazem parte do patrimônio lúdico- cultural e precisam <strong>se</strong>r mais<br />
consideradas em nossas escolas, pois pela análi<strong>se</strong> da realidade educacional brasileira pode-<strong>se</strong><br />
verificar que na grande maioria das instituições de ensino as atividades lúdicas são pouco<br />
exp<strong>lo</strong>radas e, mesmo quando são realizadas , <strong>não</strong> lhes são dado o va<strong>lo</strong>r que merecem pois são<br />
vistos <strong>com</strong>o simples passa<strong>tempo</strong> e/ ou divertimento <strong>se</strong>m nenhuma finalidade didática.<br />
Sobre este aspecto CUNHA ( 1988: 42 ) nos afirma:<br />
... no brinquedo existe necessariamente participação e engajamento , o<br />
brinquedo <strong>é</strong> certamente uma forma de de<strong>se</strong>nvolver a capacidade de engajar<strong>se</strong>,<br />
de manter-<strong>se</strong> ativo e participante. A criança que brinca bastante <strong>se</strong>rá um<br />
adulto trabalhador. A criança que <strong>se</strong>mpre participou de jogos e brincadeiras<br />
grupais saberá trabalhar em grupo; por ter aprendido a aceitar as regras do<br />
jogo, saberá tamb<strong>é</strong>m respeitar as normas grupais e sociais. É brincando<br />
bastante que a criança vai aprendendo a <strong>se</strong>r um adulto consciente, capaz de<br />
participar e engajar-<strong>se</strong> na vida de sua <strong>com</strong>unidade.<br />
46
As atividades envolverão os alunos entre si. A participação cooperativa vai favorecer a<br />
aprendizagem, diminuir o egocentrismo o que favorecerá a socialização.<br />
Com relação a socialização proporcionada no de<strong>se</strong>nvolvimento das atividades lúdicas,<br />
VYGOTSKY apud REGO (1995:82 ) nos diz:<br />
... A brincadeira tem a função significativa no processo de de<strong>se</strong>nvolvimento<br />
infantil. Ela tamb<strong>é</strong>m <strong>é</strong> responsável por criar uma zona de de<strong>se</strong>nvolvimento<br />
proximal justamente porque, atrav<strong>é</strong>s da imitação realizada na brincadeira, a<br />
criança internaliza regras de conduta, va<strong>lo</strong>res, modo de agir e pensar de <strong>se</strong>u<br />
grupo social, que passam a orientar o <strong>se</strong>u próprio <strong>com</strong>portamento e<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento.<br />
Buscando solidificar a temática geradora desta pesquisa <strong>é</strong> que busca-<strong>se</strong> um quarto<br />
momento para discutir sobre o enfoque da sucata <strong>com</strong>o fator lúdico no de<strong>se</strong>nvolvimento<br />
infantil.<br />
2.4- A Sucata <strong>com</strong>o Fator Lúdico no De<strong>se</strong>nvolvimento Infantil.<br />
Pe<strong>lo</strong> menos at<strong>é</strong> a 4ª s<strong>é</strong>rie do ensino fundamental a escola conta <strong>com</strong> aluno que em <strong>se</strong>u<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento apre<strong>se</strong>ntam <strong>com</strong>o atividade preponderante o brincar, a proposta de atuação<br />
<strong>com</strong> tais alunos preconiza o de<strong>se</strong>nvolvimento do processo ensino- aprendizagem a qual<br />
deverá <strong>se</strong>r pautada pelas atividades lúdicas, cujos jogos e brinquedos são confeccionados<br />
pelas <strong>crianças</strong> sob a orientação do professor e utilizando-<strong>se</strong> de um material rico em<br />
possibilidades exp<strong>lo</strong>rativas e manipulativas que <strong>é</strong> a sucata.<br />
Costuma-<strong>se</strong> chamar de sucata ao material descartável, aquele material vindo do lixo de<br />
uma sociedade de consumo e que aparentemente <strong>não</strong> tem mais utilidade, mas que, <strong>com</strong> um<br />
pouco de criatividade poderá <strong>se</strong>r reaproveitado. A utilização de materiais descartáveis <strong>é</strong> uma<br />
necessidade por várias razões: <strong>é</strong> preciso reciclá-<strong>lo</strong>s para que <strong>não</strong> poluam o meio ambiente,<br />
pela economia e na maioria das vezes pode <strong>se</strong>r o único tipo de material disponível <strong>se</strong><br />
47
levarmos em consideração a realidade das nossas escolas brasileiras, qua<strong>se</strong> <strong>se</strong>mpre dura e<br />
difícil, mas principalmente porque precisamos criar o hábito de recriar, de enxergar<br />
possibilidades ao nosso redor, de buscar o novo e de transformar.<br />
A sucata pode dar origem a objetos construtivos e expressivos oferecendo uma riqueza<br />
muitas vezes maior que o objeto <strong>com</strong>prado pronto, fabricado em s<strong>é</strong>rie ou industrializado.<br />
Considerando OLIVEIRA apud SANTOS ( 1995: 6 ) ele nos diz: as mãos humanas<br />
são capazes de exprimir o que máquina alguma poderia fazer, ou <strong>se</strong>ja, nossa própria<br />
identidade.<br />
O brinquedo torna-<strong>se</strong>, hoje, um objeto de consumo, numa sociedade que propõe<br />
qualquer objeto para <strong>se</strong>r consumido <strong>com</strong>o brinquedo. Es<strong>se</strong> objeto <strong>se</strong> camufla em o que<br />
ALMEIDA ( 1987: 22 ) classifica <strong>com</strong>o falso- jogo .<br />
O marketing contribui para o consumo de massa e o brinquedo passa a <strong>se</strong>r consumido<br />
por outros fatores e <strong>não</strong> pe<strong>lo</strong> <strong>se</strong>u va<strong>lo</strong>r intrín<strong>se</strong>co e <strong>se</strong>rá a partir des<strong>se</strong> marketing de<strong>se</strong>nvolvido<br />
em torno dos brinquedos industrializados que irá gerar uma deslealdade para <strong>com</strong> a criança e<br />
<strong>não</strong> deixa de <strong>se</strong>r um ato de violência contra ela na medida em que , atrav<strong>é</strong>s de um processo de<br />
<strong>se</strong>dução, provoca a necessidade de <strong>com</strong>prar o brinquedo e após <strong>com</strong>prado tem <strong>com</strong>o destino<br />
satisfazer necessidades imediatas que tão <strong>lo</strong>go preenchidas vai-<strong>se</strong> em busca de outros objetos<br />
que satisfaça uma nova necessidade, al<strong>é</strong>m do que os brinquedos industrializados apre<strong>se</strong>ntam<br />
um alto custo. Não <strong>é</strong> justo criar necessidades que <strong>não</strong> podem <strong>se</strong>r satisfeitas pela grande<br />
maioria das nossas <strong>crianças</strong> brasileiras.<br />
Apesar de alguns estudiosos defenderem que as <strong>crianças</strong> devem ter acesso aos<br />
brinquedos tecnológicos, os mesmos sofrem <strong>com</strong> as con<strong>se</strong>qüências, ou <strong>se</strong>ja , as <strong>crianças</strong> que<br />
só brincam <strong>com</strong> jogos, carrinhos e bonecos eletrônicos tornam-<strong>se</strong> <strong>se</strong>res passivos, poucos<br />
criativos uma vez que o brinquedo faz tudo sozinho e a criança passa a <strong>se</strong>r mera espectadora<br />
das ações do brinquedo; al<strong>é</strong>m de tornarem-<strong>se</strong> anti-sociáveis, pois <strong>crianças</strong> que brincam<br />
48
sozinhas <strong>não</strong> de<strong>se</strong>nvolvem a sua solidariedade o que poderá vir a ocasionar problemas na vida<br />
adulta.<br />
Partindo des<strong>se</strong> pressuposto o brinquedo / sucata surge para preencher a lacuna entre a<br />
necessidade de consumir e a alegria de criar al<strong>é</strong>m de proporcionar o aprender- fazendo no<br />
contexto de sala de aula e criar um clima de socialização uma vez que exigirá a participação<br />
ativa das <strong>crianças</strong> sob o material <strong>com</strong> a orientação do professor.<br />
O brinquedo / sucata <strong>é</strong> assim denominado por tratar-<strong>se</strong> de um objeto construído<br />
artesanalmente, <strong>com</strong> diversos materiais extraídos do cotidiano.<br />
O manu<strong>se</strong>io de sucata em jogos e brinquedos permitem ao educador verificar o estágio<br />
cognitivo em que a criança <strong>se</strong> encontra.<br />
Segundo FRIEDMANN (1992: 106 ) as sucatas classificam-<strong>se</strong> em:<br />
_ Sucata natural, que <strong>com</strong>o o próprio nome indica, constitui-<strong>se</strong> de materiais extraídos<br />
da própria natureza tais <strong>com</strong>o: <strong>se</strong>mentes, pedras, conchas, folhas, penas, galhos, pedaços de<br />
madeira, areia dentre outros;<br />
_ Sucata industrializada, que inclui todos os tipos de embalagens, <strong>com</strong>o: copos<br />
plásticos, chapas metálicas, tecidos, papeis, lã, isopor dentre outros.<br />
At<strong>é</strong> LAVOISIER apud PANITZ ( 1997: 5 ), o sábio francês já afirmava que na<br />
natureza nada <strong>se</strong> cria, nada <strong>se</strong> perde, tudo <strong>se</strong> transforma. Então, <strong>com</strong>o fazer ?<br />
O primeiro passo <strong>é</strong> coletar a sucata, es<strong>se</strong>s materiais após reunidos exigem <strong>se</strong>paração,<br />
classificação e ordenação . Uma vez <strong>se</strong>parados, classificados e ordenados os materiais<br />
necessários para a confecção de jogos e brinquedos, os quais deverão <strong>se</strong>r limpos e examinados<br />
pe<strong>lo</strong> educador para que <strong>não</strong> haja resíduos ou eventuais perigos a saúde das <strong>crianças</strong><br />
.Providencia-<strong>se</strong> materiais acessórios, tais <strong>com</strong>o cola, jornais velhos, barbantes, tesoura ... Para<br />
cada faixa etária ocorrerá uma adaptação dos materiais, a tesoura por exemp<strong>lo</strong> deve <strong>se</strong>r<br />
utilizada sob a supervisão do educador ou somente <strong>com</strong> turmas de adolescentes.<br />
49
Com relação ao va<strong>lo</strong>r da sucata na confecção de jogos e brinquedos pode <strong>se</strong>r bem<br />
analisado <strong>com</strong> ba<strong>se</strong> no poema de JOSÉ ( 2000: 12 ):<br />
A professora pedia e a gente levava,<br />
Achando <strong>lo</strong>ucura ou monte de lixo:<br />
latas vazias de bebidas, caixas de fósforo,<br />
pedaços de papel de embrulho, fitas,<br />
brinquedos quebrados, xícaras <strong>se</strong>m asa,<br />
recortes e bichos, pessoas, luas e estrelas,<br />
revistas e jornais lidos, retalhos de tecidos,<br />
rendas, linhas, penas de aves, cascas de ovo,<br />
pedaços de madeira, de ferro ou de plástico.<br />
Um dia, a professora deu a partida<br />
e transformamos, colamos e co<strong>lo</strong>rimos.<br />
E surgiram bonecos esquisitos<br />
bichos de outros planetas, bruxas<br />
e coisas malucas que Deus <strong>não</strong> inventou.<br />
Tudo o que nascia <strong>ganha</strong>va nome, pais,<br />
casa, amigos, parentes e país.<br />
E nasceram histórias de rir ou de arrepiar!...<br />
Se a criança puder experimentar livremente <strong>se</strong>m a preocupação de errar, estará <strong>se</strong>ndo<br />
as<strong>se</strong>gurada a tranqüilidade necessária à manutenção do prazer na atividade, ou <strong>se</strong>ja , o papel<br />
do educador deve <strong>se</strong>r o de a<strong>com</strong>panhar a criança no <strong>se</strong>u processo de de<strong>se</strong>nvolvimento e de sua<br />
integração no ambiente <strong>é</strong> o que o educador deverá va<strong>lo</strong>rizar no trabalho <strong>com</strong> sucata <strong>é</strong> o<br />
processo, o <strong>“</strong><strong>com</strong>o” as coisas <strong>se</strong> encaminharam e <strong>não</strong> a perfeição est<strong>é</strong>tica do produto final,<br />
pois um dos pontos <strong>se</strong>gundo LOURDES ( s.d. ) que caracteriza o brinquedo <strong>com</strong> a sucata <strong>é</strong> a<br />
inexistência de acerto e erro, mas sim etapas do processo de descoberta. É a criança quem<br />
determina o que está fazendo, o que está repre<strong>se</strong>ntando, o que está vendo.<br />
Qualquer objeto pode significar, aos olhos da criança, uma infinidade de coisas. E ela<br />
pensa que os adultos tamb<strong>é</strong>m os percebem da mesma forma. Por isso o educador jamais<br />
deverá fazer determinadas perguntas as <strong>crianças</strong>, que denotem respostas concretas <strong>com</strong>o por<br />
exemp<strong>lo</strong>: O que <strong>é</strong> isto ? ou, isto <strong>é</strong> um bichinho ? , <strong>se</strong> assim o fizer, ela perceberá que o<br />
50
educador <strong>não</strong> entendeu o que ela fez, e poderá <strong>se</strong> frustrar. Nes<strong>se</strong> caso o que deverá <strong>se</strong>r feito <strong>é</strong><br />
pedir à criança que fale sobre o que fez, que conte uma história ou explique <strong>se</strong>u trabalho.<br />
Acerca da utilização da sucata ZÓBOLI ( 1995:96 ) diz: Aproveite <strong>se</strong>mpre a sua<br />
imaginação e faça os <strong>se</strong>us alunos tamb<strong>é</strong>m trabalharem <strong>com</strong> sucata, deixando-os livres ou<br />
orientando-os para a elaboração de materiais que <strong>se</strong>rão usados em clas<strong>se</strong>s nas diferentes<br />
áreas do currícu<strong>lo</strong>.<br />
Como contribuição neste momento abordará- <strong>se</strong>- a sugestões de atividades que podem<br />
auxiliar didaticamente o educador a trabalhar de maneira alegre e descontraída o processo de<br />
ensino- aprendizagem. Ao propor tais atividades as mesmas <strong>não</strong> legitimam- <strong>se</strong> em uma<br />
<strong>com</strong>petição ou uma disputa, onde existam regras preestabelecidas, mas <strong>com</strong>o atividades que<br />
fazem parte do cotidiano infantil e que <strong>se</strong>rvirá para tornar a aula prazerosa assim <strong>com</strong>o<br />
contribuirá na socialização das <strong>crianças</strong>, <strong>se</strong>m esquecer que o bom andamento dessas<br />
atividades dependem da boa formação e interes<strong>se</strong> do educador.<br />
Assim, o papel do educador <strong>é</strong> de fundamental importância durante as atividades,<br />
caracterizando- <strong>se</strong> <strong>com</strong>o o condutor do processo, provocando a participação coletiva e<br />
desafiando o aluno na busca de encaminhamento e solução dos problemas, pois <strong>é</strong> atrav<strong>é</strong>s do<br />
jogo que podemos despertar e incentivar a criança para o espírito de <strong>com</strong>panheirismo e de<br />
<strong>com</strong>preensão.<br />
Considerando RIBEIRO ( 1992: 76 ) o educador ao propor um jogo assume 03 pap<strong>é</strong>is:<br />
• Ob<strong>se</strong>rvador → o que lhe permite conhecer <strong>se</strong>us alunos, e con<strong>se</strong>quentemente avaliar a<br />
evolução a evolução dos mesmos;<br />
• Questionador → a criança precisa de<strong>se</strong>nvolver sua criatividade e <strong>se</strong>u pensamento<br />
lógico. Ao a<strong>com</strong>panhar as atividades dos alunos, nos jogos, o educador fará questionamentos<br />
que os ajudarão a encontrar as próprias soluções. Deve interferir, preferencialmente, ao <strong>se</strong>r<br />
51
solicitado, evitando ensinar respostas e respeitando as limitações do estágio de<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento da criança;<br />
• Participante → o educador participará das atividades, prestando assistência aos<br />
alunos em suas dificuldades, <strong>se</strong>mpre que necessário, e trabalhando junto <strong>com</strong> eles, <strong>se</strong>m<br />
realizar o trabalho por eles.<br />
Para OLIVEIRA apud KISHIMOTO ( 1998: 134 ) <strong>com</strong>enta que : o educador pode<br />
de<strong>se</strong>mpenhar um importante papel no transcorrer das brincadeiras <strong>se</strong> con<strong>se</strong>gue<br />
discernir os momentos em que deve só ob<strong>se</strong>rvar, em que deve intervir na coordenação,<br />
ou em que deve integrar-<strong>se</strong> <strong>com</strong>o participante das mesmas.<br />
Assim, <strong>com</strong> a utilização da sucata e uma boa do<strong>se</strong> de criatividade o educador poderá,<br />
juntamente <strong>com</strong> os alunos, realizar várias construções, uma vez que tais sugestões tem <strong>com</strong>o<br />
objetivo <strong>se</strong>rvir de ba<strong>se</strong> para o surgimento de novas id<strong>é</strong>ias para o favorecimento do processo<br />
ensino-aprendizagem.<br />
52
ATIVIDADE 01: Boliche Matemático<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Proporcionar a aplicação de cálcu<strong>lo</strong> mental<br />
• Dominar as t<strong>é</strong>cnicas da adição<br />
∗ Recursos Materiais:<br />
6 garrafas plásticas vazias;<br />
6 quadrados ( 8 x 8 ) de papel sulfite;<br />
1 Meia velha;<br />
Retalhos de tecido;<br />
Fita gomada;<br />
Barbante;<br />
Agulha;<br />
Linha.<br />
FIGURA 03: Boliche Matemático<br />
53
∗ Montagem do jogo:<br />
Limpar as garrafas, lavando-as e retirando os rótu<strong>lo</strong>s;<br />
Nos quadrados de papel sulfite escrever os números de 1 a 6 e gruda-las <strong>com</strong> o auxílio da fita<br />
gomada.<br />
Para confeccionar a bola: encha a ponta do p<strong>é</strong> da meia <strong>com</strong> retalhos de tecido formando<br />
uma bola. Amarrar bem firme <strong>com</strong> o barbante, ir desvirando a meia, envolvendo- a na bola.<br />
No final, arrematar , costurando <strong>com</strong> linha bem forte.<br />
∗ Possibilidade de Exp<strong>lo</strong>ração:<br />
Jogar <strong>com</strong>o boliche, rolando a bola em direção às garrafas procurando derrubar o maior<br />
número das mesmas.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
As <strong>crianças</strong> estarão divididas em duas filas indianas paralelas à linha delimitada no chão <strong>com</strong><br />
o giz, pela professora.<br />
∗ Início da Atividade :<br />
No momento em que a professora oralmente permitir que as <strong>crianças</strong> iniciem o jogo.<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
Ao sinal da professora as primeiras <strong>crianças</strong> , uma de cada fila, irão rolar a bola at<strong>é</strong> as<br />
garrafas, e os números que estarão nas garrafas derrubadas <strong>se</strong>rão somadas mentalmente e<br />
anotado o resultado ou na <strong>lo</strong>usa ou em uma folha de papel a parte.<br />
Após somados os números, a criança irá retirar- <strong>se</strong> da fila para dar lugar a próxima criança<br />
obedecendo à ordem da mesma e assim sucessivamente at<strong>é</strong> o último participante.<br />
54
Quando o último participante concluir sua jogada a equipe <strong>se</strong> reunirá e somará os resultados o<br />
qual <strong>se</strong>rá <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> o outro grupo para ver quem ganhou<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando todas as <strong>crianças</strong> das filas tiverem jogado.<br />
Ganhará o jogo a fila que tiver o maior número de pontos.<br />
ATIVIDADE 02- Ganhando Letras<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Reconhecer as letras<br />
• Formar palavras<br />
• Coordenar os movimentos<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
15 garrafas plásticas vazias;<br />
48 tampinhas de garrafas plásticas;<br />
FIGURA 04: Ganhando Letras<br />
55
1 bastão de giz;<br />
1 caixa de papelão ( 60 x 40 );<br />
1 folha de papel de pre<strong>se</strong>nte;<br />
1 folha de papel crepom;<br />
1 estilete.<br />
∗ Montagem do jogo :<br />
• Limpe as garrafas, lavando-as e retirando os rótu<strong>lo</strong>s;<br />
• Corte-as a 10 cm da ba<strong>se</strong> ( fundo );<br />
• Corte a caixa de papelão na altura de 10 cm;<br />
• Forre a caixa <strong>com</strong> o papel de pre<strong>se</strong>nte e co<strong>lo</strong>que dentro as garrafas;<br />
• Da parte que sobrou das garrafas , recorte argolas e cubra- as, enrolando <strong>com</strong> papel crepom;<br />
• Cole nas tampas avulsas, aproximadamente 4 letras de cada, iguais as que estão nas<br />
garrafas.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
As <strong>crianças</strong> estarão divididas em duas filas indianas paralelas à linha delimitada <strong>com</strong> o giz<br />
pela professora.<br />
∗ Início da Atividade :<br />
No momento em que a professora oralmente permitir que as <strong>crianças</strong> iniciem o jogo.<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
Ao sinal da professora as primeiras <strong>crianças</strong>, uma de cada fila, irão jogar as argolas e a cada<br />
acerto <strong>ganha</strong>rão da professora uma letra igual à letra acertada.<br />
56
Regra: Cada jogador tem direito a cinco jogadas, terminadas as <strong>crianças</strong> darão a vez para a<br />
próxima, obedecendo à ordem da fila e assim sucessivamente at<strong>é</strong> a última criança<br />
participante.<br />
É interessante que o educador trace no chão uma linha para delimitar a distância de<br />
onde as argolas deverão <strong>se</strong>r atiradas.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando todas as <strong>crianças</strong> das duas filas tiverem jogado.<br />
Ganhará o jogo a fila que con<strong>se</strong>guir formar um maior número de palavras <strong>com</strong> as letras que<br />
con<strong>se</strong>guiu <strong>com</strong>o bonificação.<br />
ATIVIDADE 03- Bingo Matemático<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Proporcionar aplicação do cálcu<strong>lo</strong> mental<br />
FIGURA 05: Bingo Matemático<br />
• Interpretar e resolver problemas de multiplicação.<br />
57
∗ Recursos Materiais:<br />
1 Folha de Papel Cartão;<br />
Folhas de Papel Sulfite;<br />
1 R<strong>é</strong>gua;<br />
1 Caneta Hidrográfica;<br />
Tampas de garrafa;<br />
1 bastão de giz;<br />
1 saco.<br />
Nota: A quantidade de papel e de tampa irá variar de acordo <strong>com</strong> o número de alunos.<br />
∗ Montagem do jogo:<br />
• O educador produzirá as cartelas ( conforme o nº de alunos existentes na sala de aula ) ,<br />
dividindo uma folha de papel Sulfite em 10 quadrados de 2 x 5 cm cada.<br />
• Em cada quadrado escreverá o resultado de uma determinada multiplicação ( a<br />
multiplicação <strong>se</strong>rá de acordo <strong>com</strong> o objetivo da professora ) <strong>se</strong>m haver repetição de números.<br />
• Divida o papel cartão em pequenos quadrados e escreva as respostas das multiplicações.<br />
∗ Possibilidade de exp<strong>lo</strong>ração:<br />
Jogar <strong>com</strong>o bingo.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
As <strong>crianças</strong> estarão dispostas em suas carteiras.<br />
∗ Início do jogo:<br />
No momento em que a professora sortear o primeiro número do saco.<br />
58
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
A professora sorteará uma operação matemática ( multiplicação ), e a criança que tiver o<br />
resultado em sua cartela co<strong>lo</strong>cará uma tampinha em cima do <strong>se</strong>u resultado.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando o primeiro aluno da turma preencher a cartela, <strong>ganha</strong>ndo assim o jogo.<br />
ATIVIDADE 04- Jogo do Mico<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Fazer <strong>com</strong> que o aluno sistematize a tonicidade das palavras<br />
• Refletir sobre o uso correto das letras: L, O e U<br />
• Ob<strong>se</strong>rvar que a pre<strong>se</strong>nça ou ausência de uma letra muda o significado da palavra<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
1 folha de papel cartão;<br />
FIGURA 06: Jogo do Mico<br />
59
1 folha de papel de pre<strong>se</strong>nte <strong>com</strong> de<strong>se</strong>nhos de macaco;<br />
1 caneta hidrográfica preta;<br />
1 tesoura;<br />
1 r<strong>é</strong>gua;<br />
1 tubo de cola.<br />
∗ Montagem do jogo :<br />
• Com o auxílio da r<strong>é</strong>gua e da caneta marque no papel cartão 61 quadrados, cada um medindo<br />
( 6 x 6 ) e recorte- os.<br />
• Na face <strong>não</strong> co<strong>lo</strong>rida do papel cartão cole em cada um dos 61 quadrados o papel de pre<strong>se</strong>nte<br />
de maneira que fique o de<strong>se</strong>nho de um macaco em cada quadrado.<br />
• Em 30 dos 61 quadrados escreva palavras que contenham as letras L, O, U;<br />
• Em outros 30 quadrados escreva o significado de cada palavra.<br />
• Na última carta restante deverá escrever uma palavra que <strong>não</strong> possuirá par. Essa carta <strong>se</strong>rá o<br />
MICO.<br />
∗ Possibilidade de Exp<strong>lo</strong>ração:<br />
Jogar <strong>com</strong>o baralho<br />
Carro<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
Veícu<strong>lo</strong><br />
de rodas<br />
As <strong>crianças</strong> estarão reunidas em grupos de 3 ou 4, permanecendo <strong>se</strong>ntadas em suas mesas<br />
60
∗ Início da Atividade :<br />
O professor marcará o início do jogo.<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
• Um dos jogadores embaralha as cartas e retira do jogo uma delas, <strong>se</strong>m que ningu<strong>é</strong>m saiba<br />
qual <strong>é</strong>. O par dele <strong>se</strong>rá o MICO naquela jogada.<br />
• O jogador distribui as cartas, <strong>com</strong>eçando pe<strong>lo</strong> jogador que encontra- <strong>se</strong> a sua esquerda.<br />
Feito isso todos formam os pares que tiverem nas mãos e os co<strong>lo</strong>ca sobre a mesa.<br />
• O jogador que fez a distribuição apre<strong>se</strong>nta suas cartas ao jogador que estiver à sua<br />
esquerda. Este deverá puxar uma carta. O aluno ficará <strong>com</strong> a carta <strong>se</strong> <strong>não</strong> fizer par <strong>com</strong> as<br />
que já possui. Se fizer par, deverá co<strong>lo</strong>car as duas cartas que <strong>com</strong>binam sobre a mesa.<br />
• Em <strong>se</strong>guida, o jogador que <strong>com</strong>prou apre<strong>se</strong>nta suas cartas ao próximo e assim<br />
sucessivamente, at<strong>é</strong> que todos os pares <strong>se</strong>jam formados.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando restar apenas uma carta <strong>com</strong> um dos jogadores, este <strong>se</strong>rá o MICO do jogo.<br />
61
ATIVIDADE 05- Vivendo <strong>com</strong> Saúde<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Fazer <strong>com</strong> que o aluno perceba as condições necessárias para manutenção da saúde nas<br />
diferentes fa<strong>se</strong>s da vida.<br />
• De<strong>se</strong>nvolver atitudes adequadas de higiene.<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
1 folha de papel cartão ( branca );<br />
Canetas hidrográfica ( co<strong>lo</strong>rida );<br />
1 r<strong>é</strong>gua;<br />
1 dado;<br />
1 estilete;<br />
3 tampas de garrafas ( de cores diferenciadas para <strong>se</strong>rvirem de peões ).<br />
∗ Montagem do jogo :<br />
• Com a ajuda do estilete e da r<strong>é</strong>gua, divida o papel cartão ao meio onde metade <strong>se</strong>rvirá para<br />
fazer o tabuleiro e a outra metade os cartões.<br />
FIGURA 07: Vivendo <strong>com</strong> Saúde<br />
62
Tabuleiro:<br />
• Na metade do papel cartão de<strong>se</strong>nhe um caminho irregular e divida es<strong>se</strong> caminho do 01 at<strong>é</strong><br />
o 58.<br />
• Nas extremidades do caminho escreva SAÍDA ( antes do 01 ) e CHEGADA ( depois do 58)<br />
• No caminho traçado deverá dar destaque nos numerais 05,08,12,16,23,31,37,43,47,50 e 54<br />
pintando- os de vermelho e ilustrando-os pe<strong>lo</strong> lado de fora do caminho.<br />
Cartões:<br />
• Na outra metade do papel cartão e <strong>com</strong> o auxílio da r<strong>é</strong>gua irá dividi-<strong>lo</strong> em 14 quadrados,<br />
cada um medindo ( 10x10 ), cada cartão corresponderá a um dos numerais que estão em<br />
destaque no tabuleiro.<br />
• Em cada quadrado deverá conter de um lado o numeral correspondente ao tabuleiro, do<br />
outro a orientação para o jogador <strong>se</strong>guindo a <strong>se</strong>guinte <strong>se</strong>qüência:<br />
5 → Você escovou bem os dentes. Jogue outra vez.<br />
8 → Pare e <strong>com</strong>a <strong>se</strong>u lanche <strong>com</strong> calma. Fique uma rodada <strong>se</strong>m jogar<br />
12 → Você <strong>não</strong> <strong>se</strong> alimentou bem hoje, pois <strong>não</strong> <strong>com</strong>eu alimentos variados. Volte para a casa<br />
09<br />
16 → O lixo <strong>não</strong> foi bem embalado e entupiu os bueiros. A água da chuva <strong>não</strong> escoou,<br />
provocando enchentes. Não jogue durante 2 rodadas.<br />
20 → Você esqueceu de pôr o cinto de <strong>se</strong>gurança e <strong>se</strong>rá multado. Fique duas rodadas <strong>se</strong>m<br />
jogar.<br />
23 → Sua casa ficou muito <strong>tempo</strong> fechada. Abra as portas e janelas e aguarde uma rodada<br />
<strong>se</strong>m jogar, at<strong>é</strong> que a casa fique bem arejada.<br />
27 → Você <strong>não</strong> atravessou a rua pela faixa de pedestre. Volte para a casa 22.<br />
31 → A água que você bebeu estava filtrada. Avance duas casas.<br />
63
37 → Você <strong>não</strong> tem praticado esportes e precisa caminhar um pouco. Volte o dobro das casas<br />
que você tirou nos dados.<br />
40 → Se você chegou at<strong>é</strong> esta casa e outro jogador cair aqui, avance 2 casas<br />
43 → Você foi brincar em um parque agradável e <strong>se</strong>guro. Avance 3 casas.<br />
47 → Você já tomou todas as vacinas necessárias. Avance at<strong>é</strong> a casa 53<br />
50 → Você tem <strong>se</strong> preocupado <strong>com</strong> o ambiente em que vive e cuidado bem dele. Avance at<strong>é</strong> a<br />
casa 56.<br />
54 → Parab<strong>é</strong>ns! Você já sabe cuidar de sua saúde! Avance 2 casas.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
As <strong>crianças</strong> estarão reunidas em grupos de 2 ou 3<br />
∗ Início da Atividade :<br />
Cada jogador deverá jogar o dado para saber quem <strong>com</strong>eçará.<br />
Quem tirar o número maior <strong>se</strong>rá o primeiro, <strong>se</strong>guindo- <strong>se</strong> o jogador da esquerda, e assim<br />
sucessivamente.<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
Cada criança deverá jogar o dado e caminhar <strong>com</strong> <strong>se</strong>u peão pe<strong>lo</strong> percurso de acordo <strong>com</strong> o<br />
número que sair no dado.<br />
Se cair em uma casa que tenha alguma orientação, leia- a e siga-a, passando depois a vez para<br />
o próximo aluno.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando o primeiro aluno chegar ao final do percurso<br />
64
ATIVIDADE 06- Baralho das Estrelas<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Proporcionar reflexões sobre o uso de palavras <strong>com</strong> E ou I, assim <strong>com</strong>o outras dificuldades<br />
ortográficas, características da turma.<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
1 folha de papel cartão<br />
1 folha de papel de pre<strong>se</strong>nte<br />
1 caneta hidrográfica preta<br />
1 tesoura<br />
1 r<strong>é</strong>gua<br />
1 tubo de cola<br />
∗ Montagem do jogo :<br />
Na face <strong>não</strong> co<strong>lo</strong>rida do papel cartão cole o papel de pre<strong>se</strong>nte, alisando-o <strong>com</strong> o auxílio da<br />
r<strong>é</strong>gua para <strong>não</strong> formar bolhas.<br />
FIGURA 08: Baralho das Estrelas<br />
65
Com o auxílio da r<strong>é</strong>gua e da caneta, divida o papel cartão em 32 quadrados, cada um medindo<br />
( 10 x 10 )<br />
Em 30 quadrados escreva palavras que contenham I ou E, por<strong>é</strong>m omitindo tais letras e em <strong>se</strong>u<br />
lugar substitua por uma estrela.<br />
Nos 2 quadrados restantes escreva as letras I e E respectivamente.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
As <strong>crianças</strong> estarão divididas em duas filas indianas paralelamente em frente a uma mesa.<br />
∗ Início da Atividade :<br />
Ao sinal do professor<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
Co<strong>lo</strong>car as cartas <strong>com</strong> as palavras in<strong>com</strong>pletas viradas para baixo num monte no centro da<br />
mesa<br />
Co<strong>lo</strong>car as cartas E e I ao lado, viradas para cima.<br />
Um jogador de cada fila irá retirar uma carta do monte<br />
A um sinal do professor, os jogadores devem co<strong>lo</strong>car a carta ao lado da letra E ou I de acordo<br />
<strong>com</strong> a letra que falta<br />
Quem con<strong>se</strong>guir formar o par primeiro, corretamente, <strong>ganha</strong>rá um ponte<br />
Nota: <strong>se</strong> houver dúvidas <strong>se</strong> o jogador <strong>com</strong>pletou ou <strong>não</strong> a palavra corretamente, consultar os<br />
colegas de sua equipe que tenha certeza da escrita correta da palavra.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
66
Quando todas as <strong>crianças</strong> das duas filas tiverem jogado<br />
Ganhará o jogo a fila que tiver maior número de pontos.<br />
ATIVIDADE 07- Jogo do Percurso<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Proporcionar o conhecimento da planta baixa de um bairro.<br />
• De<strong>se</strong>nvolver no aluno conceitos de lateralidade e pontos de referências.<br />
• Demonstrar o tema transversal <strong>“</strong>Ética e Cidadania” atrav<strong>é</strong>s do conteúdo: trânsito.<br />
• Capacitar os alunos acerca do <strong>se</strong>ntido das placas de sinalização, faixa de pedestre e faróis<br />
bem <strong>com</strong>o o papel do guarda de trânsito.<br />
• Adquirir a noção de diferentes formas de moradia.<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
1 folha de isopor nº 12;<br />
1 pincel nº 16;<br />
1 lápis;<br />
1 r<strong>é</strong>gua;<br />
Tinta guache ( verde e preta );<br />
FIGURA 09: Jogo do percurso<br />
67
Cola;<br />
Tesoura;<br />
Caneta hidrográfica ( co<strong>lo</strong>rida );<br />
Carro ( peq. ) de plástico;<br />
Cartolina ( branca, verde e amarela );<br />
Palitos de fósforos ( usados );<br />
Caixas de fósforos;<br />
1 dado;<br />
Nota: A quantidade de carros dependerá do número de participantes.<br />
∗ Montagem do jogo :<br />
Tabuleiro:<br />
• Com o lápis, marque no isopor caminhos os quais <strong>se</strong>rão as ruas e avenidas do bairro.<br />
• Pinte <strong>com</strong> a tinta guache verde a folha de isopor, deixando a parte de dentro do caminho<br />
<strong>se</strong>m pintar.<br />
• Dentro do caminho, pinte de preto as faixas de pedestre e motorista. Posteriormente deixe<br />
<strong>se</strong>car.<br />
• Para formar as moradias, cubra as caixas de fósforo <strong>com</strong> a cartolina branca, <strong>se</strong>guindo a<br />
<strong>se</strong>guinte ordem:<br />
Pr<strong>é</strong>dios: junte 2 caixas empilhadas;<br />
Escola: junte 4 caixas empilhadas de duas em duas;<br />
Casas: basta 1 caixa<br />
• Com as canetas hidrográficas de<strong>se</strong>nhe os <strong>se</strong>máforos e as placas de sinalização (<br />
regulamentação e advertências ), pinte <strong>com</strong> as e recorte-as.<br />
• Na cartolina verde de<strong>se</strong>nhe formatos de árvores e recorte-as.<br />
68
• Para fixar as árvores, <strong>se</strong>máforos e placas de sinalização no isopor, cole palitos de fósforos<br />
no verso dos de<strong>se</strong>nhos e perfure o isopor de maneira que os mesmos fiquem no <strong>se</strong>ntido<br />
vertical.<br />
• Na folha de isopor <strong>se</strong>ca, cole as casas, escolas e os pr<strong>é</strong>dios, co<strong>lo</strong>cando a escola no centro do<br />
bairro.<br />
• Para formar o caminho por onde o jogador irá percorrer recorte retângu<strong>lo</strong>s de 3x1,5 cm,<br />
<strong>se</strong>ndo 10 retângu<strong>lo</strong>s da cartolina amarela e o restante da verde.<br />
• Cole os retângu<strong>lo</strong>s verdes pelas ruas e avenidas intercalando <strong>com</strong> os amare<strong>lo</strong>s.<br />
• Em cada retângu<strong>lo</strong> amare<strong>lo</strong> escreverá <strong>com</strong> a caneta hidrográfica preta números de 01 a 10<br />
<strong>se</strong>ndo que o 10 deverá estar em frente a escola.<br />
Cartão:<br />
• Na folha de cartolina amarela restante divida-a em 10 quadrados de 10x10 cm. Cada cartão<br />
corresponderá a um dos numerais que estão formando o percurso os quais estão de amare<strong>lo</strong> no<br />
tabuleiro.<br />
• Em cada quadrado deverá conter :<br />
de um lado o número de 01 a 10 e no verso a orientação para o jogador, <strong>se</strong>guindo a <strong>se</strong>guinte<br />
<strong>se</strong>qüência:<br />
1. Não jogue uma rodada e jogue uma partida de futebol.<br />
2. Você <strong>é</strong> um bom motorista. Avance duas casas.<br />
3. Você entrou na contra- mão. Fique duas rodadas <strong>se</strong>m jogar.<br />
4. Descan<strong>se</strong> no Parque Monteiro Lobato. Não jogue duas rodadas.<br />
5. Avance duas casas. Chegue antes que chova.<br />
6. Você ultrapassou o farol vermelho. Volte duas casas.<br />
7. Você merece uma folga. Pare duas rodadas.<br />
8. Avançando na faixa de pedestre! Volte três casas.<br />
69
9. Vá <strong>com</strong> calma. Volte uma casa.<br />
10. Parab<strong>é</strong>ns! Você foi o vencedor.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
Os participantes estarão reunidos em grupos de 2 ou 3 <strong>crianças</strong>.<br />
∗ Início da Atividade :<br />
Cada participante deverá jogar o dado para saber quem <strong>com</strong>eçará a mover o carro.<br />
Quem tirar o maior número <strong>se</strong>rá o primeiro a movimentar o carro, <strong>se</strong>guindo- <strong>se</strong> o jogador da<br />
esquerda, e assim sucessivamente.<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
Cada participante deverá jogar o dado e caminhar <strong>com</strong> o carro pe<strong>lo</strong> percurso de acordo <strong>com</strong> o<br />
número que sair no dado, ob<strong>se</strong>rvando as mãos de direção.<br />
Se cair em uma casa que tenha alguma orientação, leia-a e siga-a, passando a vez para o<br />
próximo participante.<br />
Para vencer o jogo, o aluno deverá fazer o caminho que considera mais curto para chegar a<br />
escola.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando o primeiro aluno chegar ao nº 10 que corresponde ao final do percurso.<br />
70
ATIVIDADE 08- Futebol Matemático<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• De<strong>se</strong>nvolver o cálcu<strong>lo</strong> mental das quatro operações( divisão, multiplicação, adição e<br />
subtração )<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
1 folha de isopor nº 12;<br />
26 tampas de metal de garrafas de vidro;<br />
2 traves de futebol de botão;<br />
1 bola de gude ( peteca );<br />
folhas de papel cartão ( amarela e vermelha );<br />
Tinta guache verde;<br />
Alfinete;<br />
Caneta hidrográfica preta;<br />
Pincel;<br />
R<strong>é</strong>gua;<br />
Cola;<br />
Estilete;<br />
Tesoura.<br />
FIGURA 10: Futebol Matemático<br />
71
∗ Montagem do jogo :<br />
Tabuleiro:<br />
• Pinte de verde um dos lados da folha de isopor, o qual <strong>se</strong>rá o campo de futebol.<br />
• Com o estilete recorte duas tiras de isopor de 94 x2 cm, pinte-as de verde e cole em volta da<br />
folha de isopor, formando as bordas do campo.<br />
• Com o auxílio da r<strong>é</strong>gua faça um traço dividindo o campo ao meio.<br />
• Em cada metade, marque <strong>com</strong> a caneta, treze posições, usando as tampinhas de garrafa<br />
<strong>com</strong>o molde, ao todo <strong>se</strong>rão vinte e <strong>se</strong>is posições.<br />
• Duas dessas posições devem ficar uma em frente à outra, no centro do campo.<br />
• Com a ponta da caneta, tire o isopor de dentro das marcas formando buracos para encaixar<br />
as tampas.<br />
• Recorte vinte e <strong>se</strong>is círcu<strong>lo</strong>s de papel cartão, <strong>se</strong>ndo treze de amare<strong>lo</strong> e treze de vermelho.<br />
• Nos círcu<strong>lo</strong>s escreva números de 01 a 12, deixando um de cada cor <strong>se</strong>m nada escrito, nele<br />
de<strong>se</strong>nhe uma bola ou um símbo<strong>lo</strong> de sua preferência<br />
• Cole es<strong>se</strong>s círcu<strong>lo</strong>s dentro das tampas de garrafas.<br />
• Encaixe as tampas nos buracos feito na folha de isopor <strong>com</strong> a parte côncava para baixo,<br />
<strong>se</strong>ndo uma cor para cada lado do campo. Inverta as cores apenas nas tampas de nº 12 que<br />
<strong>se</strong>rvirão <strong>com</strong>o goleiro.<br />
• Fixe <strong>com</strong> o alfinete as travas de futebol sobre as tampas de nº 12<br />
Cartões:<br />
• Com o papel cartão restante corte vinte e quatro retângu<strong>lo</strong>s de 10x7 cm. Sendo doze de cada<br />
cor.<br />
• Cada cartão corresponderá a um dos numerais que estão no campo.<br />
72
• O mesmo deverá conter: de um lado o numeral de 01 a 12; e no verso cálcu<strong>lo</strong>s envolvendo<br />
as quatro operações matemáticas.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
Os alunos estarão divididos em dois grupos.<br />
∗ Início da Atividade :<br />
Um dos alunos de cada grupo disputará um <strong>“</strong>par- ou- ímpar”, opta por uma das cores e co<strong>lo</strong>ca<br />
a bolinha de gude na posição central do campo e inicia o jogo.<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
O aluno <strong>com</strong> o auxílio das mãos <strong>com</strong>eça rolando a bola de gude em direção ao campo<br />
adversário.<br />
Cada participantes tem direito a duas jogadas, uma delas no número doze ( gol ).<br />
Ao cair em um número, o aluno responderá à pergunta correspondente. Se acertar, <strong>com</strong>eça<br />
des<strong>se</strong> ponto na próxima jogada. Se errar, o adversário responde, conta uma jogada e continua<br />
a partir des<strong>se</strong> número, mas na posição da sua cor.<br />
Ao acertar no gol o mesmo só <strong>se</strong>rá valido <strong>se</strong> o participante acertar a resposta a essa posição.<br />
Cada acerto da pergunta dará direito a uma determinada pontuação a qual caracteriza-<strong>se</strong><br />
<strong>com</strong>o:<br />
Questão certa: 5 pontos<br />
Acerto da questão do colega: 10 pontos<br />
Acerto da questão do gol: 20 pontos<br />
∗ Final da Atividade:<br />
quando todos os participantes tiverem jogado no mínimo duas vezes, mesmo <strong>se</strong>m ter saído o<br />
gol.<br />
73
ATIVIDADE 09- Quem Mora Aqui ?<br />
* Objetivo da Atividade:<br />
• Perceber as particularidades dos diferentes âmbitos do planeta, identificando <strong>se</strong>us<br />
<strong>com</strong>ponentes;<br />
• Identificar ambientes aquáticos e terrestres;<br />
• Identificar os diferentes hábitos alimentares e características dos animais.<br />
∗ Recursos Materiais :<br />
1 garrafa plástica de água sanitária;<br />
Tampas plásticas de potes ( peq. ) de margarina;<br />
1 folha de papel carmem vermelho;<br />
Tinta guache;<br />
Pincel;<br />
Revistas;<br />
Lápis;<br />
ATIVIDADE 11: Quem Mora Aqui?<br />
74
Cola;<br />
Tesoura;<br />
Sacola de papel.<br />
∗ Montagem do jogo :<br />
• Lave a garrafa de água sanitária para retirar os detritos<br />
• Corte-a pela metade para construir a casinha<br />
• Pinte na garrafa porta e janela <strong>com</strong> a tinta guache<br />
• Para o telhado da casa corte um círcu<strong>lo</strong> de 15x15 cm, fazendo uma abertura no centro para<br />
encaixar no garga<strong>lo</strong> ( boca ) da garrafa.<br />
• Corte a borda de uma tampa de margarina e u<strong>se</strong> o círcu<strong>lo</strong> <strong>com</strong>o molde para riscar as figuras.<br />
• Recorte- as e cole cada uma em uma tampa.<br />
∗ Disposição dos participantes:<br />
Os alunos estarão dispostos em um círcu<strong>lo</strong>.<br />
∗ Início da Atividade :<br />
A professora escolhera o aluno que irá <strong>com</strong>eçar a brincadeira<br />
∗ De<strong>se</strong>nvolvimento:<br />
A professora irá escolher uma das figuras de animais que estão na sacola, a fim de que os<br />
outros<br />
Alunos <strong>não</strong> as vejam, e encaixará no fundo da casinha.<br />
A criança escolhida olha o bicho e pergunta aos colegas: <strong>“</strong> Quem mora aqui ?”<br />
75
Para adivinhar qual <strong>é</strong> o animal, as <strong>crianças</strong> deverão uma de cada vez fazerem perguntas aos<br />
colegas.<br />
As respostas só poderão <strong>se</strong>r <strong>“</strong>sim ou <strong>não</strong>”<br />
O aluno que con<strong>se</strong>guir adivinhar qual <strong>é</strong> o bicho <strong>ganha</strong> o direito de responder às perguntas<br />
feitas pe<strong>lo</strong>s colegas na próxima rodada.<br />
∗ Final da Atividade:<br />
Quando todos os bichos que estão na sacola forem adivinhados.<br />
3- ESTRUTURA METODOLÓGICA<br />
3.1- Tipo de Estudo<br />
Verifica-<strong>se</strong> que o estudo qualitativo <strong>é</strong> de suma importância para educação, <strong>se</strong>ndo assim<br />
tal estudo irá subsidiar a pesquisa, que dará ênfa<strong>se</strong> ao resgate das atividades lúdicas a partir da<br />
utilização da sucata.<br />
Segundo ANDRÉ ( 1995 ) a pesquisa qualitativa tem <strong>com</strong>o fundamento a perspectiva<br />
idealista- subjetivista, onde o pesquisador al<strong>é</strong>m de levar em consideração a transformação da<br />
história faz uso da subjetividade, visto que a aquisição do conhecimento <strong>não</strong> deve <strong>se</strong>r algo<br />
neutro, por<strong>é</strong>m crítico para que <strong>se</strong> possa situar no <strong>tempo</strong> e no espaço, abrangendo um<br />
conhecimento concreto de nossa realidade.<br />
Des<strong>se</strong> modo, a pre<strong>se</strong>nte pesquisa <strong>se</strong> constituirá em criar condições para que <strong>se</strong><br />
de<strong>se</strong>nvolva uma atitude de reflexão crítica, acerca da importância da ludicidade no contexto<br />
de sala de aula.<br />
76
3.2- Local<br />
Visto que a pesquisa qualitativa faz uso da subjetividade e <strong>não</strong> analisa a aquisição de<br />
conhecimento <strong>com</strong>o algo neutro, fez-<strong>se</strong> necessário pesquisar a ludicidade na Escola Estadual<br />
de Ensino Fundamental e M<strong>é</strong>dio <strong>“</strong>Santos Dumont”, situada no bairro do Guamá, município de<br />
Bel<strong>é</strong>m, enfatizando a utilização das atividades lúdicas a partir das possibilidades de utilização<br />
da sucata no processo ensino- aprendizagem.<br />
3.3- Fontes de Informações<br />
A pesquisa teve <strong>com</strong>o fonte de consulta: professores ( as ) e alunos ( as ) de uma turma<br />
de 2 ª s<strong>é</strong>rie do ensino fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental e M<strong>é</strong>dio Santos<br />
Dumont, do município de Bel<strong>é</strong>m.<br />
Foram tamb<strong>é</strong>m utilizados livros e periódicos para <strong>com</strong>plementar a pesquisa, os quais<br />
deram ba<strong>se</strong> a uma visão mais crítica para a realização da mesma.<br />
3.4- Coleta de Dados<br />
Para dar início a este trabalho fez-<strong>se</strong> necessário primeiramente um levantamento da<br />
literatura acerca do tema escolhido, em <strong>se</strong>guida houve visitas a Escola Santos Dumont.<br />
Inicialmente houve a entrevista <strong>com</strong> professores e alunos a respeito do tema de estudo.<br />
Os instrumentos utilizados foram dois roteiros de entrevista, contendo 05 perguntas<br />
direcionadas as professores ( as ) ( anexo 01 ) e a utilização de recursos audios- visuais ( fita<br />
de vídeo e fotos ), abordando a temática em questão no contexto de sala de aula.<br />
A escolha procedeu- <strong>se</strong> em virtude de entender que o instrumento de coleta de dados da<br />
entrevista <strong>é</strong> o mais adequado para o estudo pretendido <strong>com</strong> professores ( as ) e alunos ( as ) ,<br />
pois fornecerá um contato direto e pro<strong>lo</strong>ngado <strong>com</strong> todos os sujeitos integrantes deste estudo.<br />
77
Para <strong>com</strong>plementar os dados de coleta foi utilizado a ob<strong>se</strong>rvação direta no contexto de<br />
sala de aula <strong>com</strong> o objetivo de melhor confirmar as respostas concedidas pe<strong>lo</strong>s entrevistados,<br />
pois acredita- <strong>se</strong> que enquanto pesquisadora <strong>é</strong> preciso estar atenta <strong>não</strong> apenas ao roteiro da<br />
entrevista e as respostas dos entrevistados, mas tamb<strong>é</strong>m aos detalhes <strong>não</strong> verbais, que só o<br />
contato direto <strong>com</strong> os entrevistados pode oferecer.<br />
THIOLENTE apud LUDKE e ANDRÉ ( 1986: 36 ), afirma: Há toda uma gama de<br />
gestos, expressões, entonações, sinais, hesitações, alterações de ritmo, enfim toda uma<br />
<strong>com</strong>unicação <strong>não</strong> verbal cuja capitação <strong>é</strong> muito importante para a <strong>com</strong>preensão e<br />
avaliação do que foi efetivamente dito.<br />
Com ba<strong>se</strong> no exposto acima acredita- <strong>se</strong> <strong>se</strong>r necessário na realização da pesquisa a<br />
ob<strong>se</strong>rvação a<strong>com</strong>panhada das entrevistas para que possa <strong>se</strong>r confirmado <strong>com</strong> maior<br />
contextualização o que foi respondido nos questionários direcionados as professores ( as ) e<br />
alunos ( as ) .<br />
4- ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />
Para análi<strong>se</strong> dos pressupostos teóricos levantados neste estudo, a <strong>se</strong>guir <strong>se</strong>rão<br />
verificados os resultados obtidos durante a pesquisa de campo efetuada na Escola Estadual de<br />
Ensino Fundamental <strong>“</strong>Santos Dumont”, <strong>lo</strong>calizada no bairro do Guamá, conjunto Alacid<br />
Nunes, alameda Antônio Pimenta Magalhães s/n cujos níveis de modalidade de ensino são 1ª<br />
a 4ª s<strong>é</strong>ries do Ensino Fundamental; turma de aceleração e educação inclusiva do Ensino<br />
Fundamental; 1ª a 4ª etapas da educação de jovens e adultos; 1ª a 3ª s<strong>é</strong>ries do Ensino M<strong>é</strong>dio<br />
as quais são atendidas em 3 turnos onde o 1º turno corresponde ao período da manhã ( 07h30<br />
as 11h30 ) o 2º turno a tarde ( 14h as 18h ) e o 3º turno a noite ( 19h as 22h45 ).<br />
78
Vale destacar que a pesquisa de campo foi direcionada a alunos e professores de 2ª s<strong>é</strong>rie<br />
do Ensino Fundamental.<br />
A pesquisa procedeu-<strong>se</strong> atrav<strong>é</strong>s de três momentos: coleta de dados atrav<strong>é</strong>s de<br />
questionários, ob<strong>se</strong>rvação do espaço escolar e de sala de aula e oficinas pedagógicas.<br />
1º MOMENTO<br />
No primeiro momento foram direcionados questionários entre 05 professores de 2 ª s<strong>é</strong>rie<br />
( anexo 01 ) <strong>se</strong>ndo 03 de turmas normais e 02 de turmas de aceleração, cujo objetivo foi o de<br />
verificar o que os professores analisam e consideram enquanto atividade lúdica e <strong>com</strong>o essa<br />
<strong>se</strong> processa em sala de aula.<br />
A partir da análi<strong>se</strong> dos questionários pode- <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rvar que os professores consideram a<br />
necessidade de atividades lúdicas para <strong>crianças</strong> no processo ensino- aprendizagem, essa<br />
afirmativa pode <strong>se</strong>r analisada atrav<strong>é</strong>s das <strong>se</strong>guintes afirmações:<br />
Professora A<br />
<strong>“</strong> É importante considerar-mos que a infância tem que <strong>se</strong>r respeitada, pois <strong>se</strong><br />
reduzirmos a criança a um adulto em miniatura <strong>se</strong>rá pior para ela <strong>com</strong>o tamb<strong>é</strong>m a<br />
sociedade, pois a vida cobra as etapas <strong>não</strong> vividas. Sabemos que as necessidades<br />
lúdicas e afetivas da criança têm a mesma importância que as suas necessidades<br />
físicas”<br />
Professora B<br />
<strong>“</strong> O lúdico leva as <strong>crianças</strong> de forma solitária ou nos grupos a exp<strong>lo</strong>rarem as<br />
situações ao alcance de sua <strong>com</strong>preensão <strong>com</strong>o organizar espaços, criar regras,<br />
estabelecer desafios, construir novos conhecimentos e de<strong>se</strong>nvolver a linguagem<br />
verbal”<br />
79
2º MOMENTO<br />
Na referida escola o que <strong>se</strong> pode ob<strong>se</strong>rvar <strong>é</strong> que as salas de aulas possuem uma forma de<br />
organização tradicional: a mesa da professora à frente da clas<strong>se</strong> <strong>com</strong> sua respectiva cadeira,<br />
<strong>lo</strong>usa, mesas e cadeiras espalhadas em toda a sala, o que diminui o espaço físico, e um<br />
armário de alumínio o qual guarda os materiais, o mesmo permanece <strong>se</strong>mpre trancado e<br />
somente <strong>é</strong> aberto quando a professora necessita retirar materiais.<br />
Neste contexto verifica-<strong>se</strong> que o primeiro entrave a utilização do lúdico <strong>se</strong> dá a partir da<br />
organização física da sala de aula a qual <strong>se</strong> ob<strong>se</strong>rva <strong>não</strong> somente nesta escola mas nas demais<br />
escola da rede pública de ensino, onde o espaço foi planejado apenas para o aprendizado<br />
formal e tradicionalista. Por<strong>é</strong>m tal estrutura <strong>não</strong> possibilita a livre <strong>lo</strong><strong>com</strong>oção dos alunos uma<br />
vez que <strong>é</strong> muito trabalhoso e enfadonho a movimentação das mesas e cadeiras para iniciar<br />
atividades pois as mesmas são ergonomicamente inadequadas a estrutura físicas das <strong>crianças</strong>,<br />
pois são grandes, altas e pesadas.<br />
Tal estrutura pode <strong>se</strong>r analisada a partir da concepção de infância que <strong>se</strong> tem, apesar da<br />
mesma ter evoluído e <strong>não</strong> mais <strong>se</strong>r aceito a concepção de que criança <strong>é</strong> um adulto em<br />
miniatura que precisa deixar <strong>se</strong>us brinquedos para aprender conteúdos sistematizados.<br />
Considerando BOURDIE apud ZÓBOLI ( 1995:12 ) a escola enquanto instituição que<br />
prepara o indivíduo para o mercado de trabalho deixou de lado a criança, preocupou- <strong>se</strong> <strong>com</strong> o<br />
conteúdo a <strong>se</strong>r adquirido, assim a imagem deturpada de infância ainda permanecem na<br />
memória de alguns dos profissionais de educação.<br />
3º MOMENTO<br />
Procedeu-<strong>se</strong> a intervenção prática em sala de aula. Onde o primeiro contato <strong>com</strong> os<br />
alunos deu-<strong>se</strong> <strong>com</strong> a apre<strong>se</strong>ntação da acadêmica e a proposta do trabalho a <strong>se</strong>r realizada assim<br />
80
<strong>com</strong>o foi apre<strong>se</strong>ntado a <strong>“</strong>Rainha da Sucata” aos alunos onde foi lançada a campanha de<br />
arrecadação de sucatas.<br />
Para isso, foi necessário uma explicação inicial sobre: O que <strong>é</strong> sucata , e quais <strong>se</strong>riam<br />
as sucatas necessárias para a realização das oficinas pedagógicas.<br />
Como forma de ilustrar o objeto em estudo destacou-<strong>se</strong> três momentos das oficinas<br />
pedagógicas de<strong>se</strong>nvolvidas na E.E.E.F.M. <strong>“</strong>Santos Dumont”, as quais <strong>se</strong>rão descritas a <strong>se</strong>guir:<br />
1ª Oficina Pedagógica<br />
Iniciou- <strong>se</strong> <strong>com</strong> o recolhimento das sucatas trazidas pe<strong>lo</strong>s alunos onde foram co<strong>lo</strong>cada<br />
na Rainha da Sucata e a reordenação das carteiras as quais foram agrupadas em dupla pois o<br />
designe das mesas <strong>não</strong> possibilitava que fos<strong>se</strong>m agrupadas de 4 em 4, tal reordenação teve<br />
<strong>com</strong>o objetivo promover uma maior socialização das <strong>crianças</strong> uma vez que carteiras em filas<br />
indianas promove o individualismo e tal arrumação ainda <strong>é</strong> resultado da educação<br />
tradicionalista.<br />
FIGURA 12: Rainha da Sucata<br />
81
Logo após houve a leitura feita pela pesquisadora do paradidático <strong>“</strong> O Saci e a<br />
reciclagem do lixo” do autor Samuel Murgel Branco ( 1995 ) o qual foi subsidiada pe<strong>lo</strong><br />
álbum <strong>se</strong>riado <strong>com</strong>o recurso visual.<br />
A escolha do paradidático em questão procedeu-<strong>se</strong> devido o mesmo voltar- <strong>se</strong> para os<br />
problemas que o lixo traz para os cidadãos, assim <strong>com</strong>o a sua reciclagem onde o autor buscou<br />
personagens do folc<strong>lo</strong>re brasileiro <strong>com</strong>o o Saci e a Curupira para transmitir as <strong>crianças</strong><br />
conhecimentos científicos. Foi explicitado tamb<strong>é</strong>m o <strong>tempo</strong> que alguns produtos <strong>com</strong>o copos<br />
descartáveis, latas dentre outros levam para <strong>se</strong> de<strong>com</strong>por na natureza.<br />
Logo após o referencial teórico os alunos iniciaram livremente a confecção de <strong>se</strong>us<br />
brinquedos utilizando as sucatas e os acessórios <strong>com</strong>o tesoura, cola, tinta guache, fita gomada<br />
dentre outras.<br />
FIGURA 13 : De<strong>se</strong>nvolvimento da Oficina Pedagógica<br />
Após a confecção dos objetos os alunos individualmente explicaram o que haviam<br />
produzido e o resultado foi satisfatório apareceram: barcos guiados por <strong>com</strong>andantes, carros,<br />
telefones, sat<strong>é</strong>lites e at<strong>é</strong> mesmo churrascos foram repre<strong>se</strong>ntados.<br />
FIGURAS 14 / 15: Produção da Oficina Pedagógica<br />
82
Acerca do churrasco, a aluna M.P. que o confeccionou o relatou que havia produzido,<br />
pois sua mãe lhe dis<strong>se</strong> que <strong>“</strong> carne era coisa para rico ”. Neste contexto pode- <strong>se</strong> perceber a<br />
condição de vida e sobrevivência da aluna repre<strong>se</strong>ntada atrav<strong>é</strong>s do objeto confeccionado.<br />
Na oficina <strong>com</strong> sucata o que pode <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvado e destacado <strong>é</strong> a satisfação e o prazer<br />
das <strong>crianças</strong> ao confeccionar e vê o resultado final onde muitas indagam <strong>“</strong> Fui eu quem fiz ”<br />
FIGURA 16: Criança demonstrando objeto construído <strong>com</strong> sucata<br />
Considerando CUNHA ( 1998 ) o brinquedo de sucata do tipo <strong>“</strong> Fui eu quem fez ”, <strong>é</strong><br />
produto de uma emoção e expressa um <strong>se</strong>ntimento lúdico manifestado pela sua execução.<br />
Essa emoção <strong>é</strong> resultante da <strong>com</strong>binação da força do ato criativo <strong>com</strong> a simplicidade da<br />
mat<strong>é</strong>ria- prima utilizadas. As atividades criativas mobilizam potencialidades, provocam<br />
satisfação interior e elevam o auto conceito. Há muita alegria e descontração nos grupos de<br />
pessoas que criam <strong>com</strong> sucata assim CUNHA diz que <strong>“</strong> construir um brinquedo <strong>é</strong> uma<br />
enriquecedora forma de brincar ”.<br />
2ª Oficina Pedagógica<br />
A mesma <strong>não</strong> pode <strong>se</strong>r realizada <strong>com</strong> os alunos que há iniciaram uma vez que na data<br />
marcada a professora os dispensou e <strong>não</strong> <strong>com</strong>pareceu na escola. Por<strong>é</strong>m a oficina foi realizada,<br />
em outra turma da mesma escola.<br />
83
Inicialmente houve a apre<strong>se</strong>ntação da acadêmica e sua proposta de trabalho, bem <strong>com</strong>o<br />
as instruções para de<strong>se</strong>nvolver a atividade programada para a data, a qual <strong>se</strong>ria o Bingo<br />
Matemático ( ver proposta de atividade nº 03 ). O objetivo da atividade <strong>é</strong> enfatizar a disciplina<br />
Matemática, e exercite cálcu<strong>lo</strong>s mentais envolvendo as multiplicação de 3,4 e 5<br />
respectivamente. Tal atividade deve <strong>se</strong>r utilizada após a sistematização da mat<strong>é</strong>ria pela<br />
professora.<br />
Foram co<strong>lo</strong>cados no quadro negro <strong>com</strong>o recurso visual 03 cartazes contendo as tabuadas<br />
de 3, 4 e 5, bem <strong>com</strong>o suas respectivas respostas em cada cartaz, <strong>lo</strong>go após foram distribuídas<br />
folhas de papel Sulfite o qual continham previamente de<strong>se</strong>nhadas a cartela de um bingo,<br />
por<strong>é</strong>m <strong>se</strong>m os números.<br />
Foi solicitado que os alunos escolhes<strong>se</strong>m respostas da tabuada e escreves<strong>se</strong>m na cartela,<br />
por<strong>é</strong>m <strong>com</strong>o os alunos utilizaram lápis para escrever os números a medida que iam <strong>se</strong>ndo<br />
sorteados as multiplicações os alunos apagavam os que estavam em suas cartelas e os<br />
substituíam pela resposta que havia sido sorteada. Por<strong>é</strong>m tal fato <strong>não</strong> atrapalhou o decorrer da<br />
atividade.<br />
FIGURA 17: De<strong>se</strong>nvolvimento do Jogo Bingo Matemático<br />
O que pode <strong>se</strong>r ob<strong>se</strong>rvado no decorrer da atividade foi que na grande maioria os alunos<br />
encontraram dificuldades em realizar a atividade envolvendo multiplicação. A professora que<br />
84
encontrava- <strong>se</strong> em sala a<strong>com</strong>panhando a atividade <strong>se</strong> desculpava dizendo que <strong>“</strong> na hora que<br />
estava explicando a multiplicação em sala de aula os alunos estavam brincando ”.<br />
3ª Oficina Pedagógica<br />
Foi realizado a atividade <strong>“</strong> Ganhando Letras ” ( ver sugestão de atividade nº 02 ) cujo<br />
objetivo foi retomar aspectos importantes já trabalhados na 1ª s<strong>é</strong>rie , acerca da ortografia<br />
<strong>com</strong>o formação de palavras e a partir das palavras, fra<strong>se</strong>s. Após a atividade houve a<br />
sistematização do conteúdo.<br />
FIGURAS 18 / 19: De<strong>se</strong>nvolvimento da atividade Ganhando Letras<br />
Ao termino da pesquisa de campo pode-<strong>se</strong> verificar que o jogo para a criança <strong>é</strong>, al<strong>é</strong>m de<br />
fonte de lazer <strong>é</strong> uma fonte de conhecimento, possuindo uma natureza dupla, pois quando<br />
jogam, ao mesmo <strong>tempo</strong> em que de<strong>se</strong>nvolvem sua imaginação, constróem relações reais entre<br />
as regras e sua vida diária.<br />
Foi ob<strong>se</strong>rvado tamb<strong>é</strong>m, e deve <strong>se</strong>r destacado a questão da resistência por parte da<br />
maioria dos educadores em utilizar atividades lúdicas no contexto de sala de aula <strong>com</strong>o forma<br />
de favorecimento do processo ensino-aprendizagem, apesar do discurso <strong>se</strong>r oposto<br />
referendado em questionário de pesquisa ( anexo 01 ), pois o que ob<strong>se</strong>rvou-<strong>se</strong> <strong>é</strong> que na<br />
realidade os mesmos continuam trabalhando na perspectiva tradicionalista e imutável.<br />
85
Assim, deve-<strong>se</strong> enfatizar que <strong>se</strong>rá na reflexão sobre sua prática que o educador vai<br />
redimensionar o <strong>se</strong>u de<strong>se</strong>mpenho. É o repensar da importância do ato lúdico e sua efetivação<br />
na prática docente, <strong>se</strong>rvirá <strong>com</strong>o a pedra fundamental que irá alicerçar todo o conhecimento<br />
da criança e o <strong>se</strong>u futuro <strong>com</strong>o cidadão equilibrado e consciente do <strong>se</strong>u papel na sociedade.<br />
86
5- CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />
A partir das premissas levantadas neste estudo, constatou-<strong>se</strong> que, o sucesso da<br />
aprendizagem infantil <strong>se</strong> estabelece atrav<strong>é</strong>s de uma <strong>“</strong>praxis” pedagógica que leve em<br />
consideração a criança <strong>com</strong>o um <strong>se</strong>r <strong>com</strong> características e ritmos próprios, os quais podem <strong>se</strong>r<br />
trabalhados atrav<strong>é</strong>s de atividades lúdicas, as quais contribuem para a vida afetiva pela<br />
satisfação encontrada nas atividades, e pe<strong>lo</strong> alívio de tensões que permitem um clima de<br />
satisfação para o aluno, assim <strong>com</strong>o encorajam o de<strong>se</strong>nvolvimento intelectual por meio de<br />
exercício da atenção e da imaginação, e tamb<strong>é</strong>m pe<strong>lo</strong> uso progressivo de processos mentais<br />
mais <strong>com</strong>plexos ( <strong>com</strong>paração e discriminação ) e pe<strong>lo</strong> estímu<strong>lo</strong> imaginativo.<br />
Por con<strong>se</strong>guinte este empreendimento repre<strong>se</strong>nta tamb<strong>é</strong>m, adoção de uma postura, por<br />
parte do educador, <strong>com</strong>prometido <strong>com</strong> a educação da criança no contexto de uma<br />
<strong>com</strong>preensão crítica e reflexiva da sua prática pedagógica. Assim, faz-<strong>se</strong> necessário um<br />
repensar por parte dos educadores em: <strong>“</strong><strong>com</strong>o <strong>se</strong> analisa a criança”, <strong>com</strong>preendendo-a <strong>com</strong>o<br />
um <strong>se</strong>r capaz de construir os <strong>se</strong>us próprios conhecimentos, <strong>se</strong>r criativo e autônomo, para isso<br />
deve-<strong>se</strong> utilizar os jogos e brincadeiras <strong>com</strong>o recursos fundamentais para o trabalho no ensino<br />
fundamental, pois desta forma, entende-<strong>se</strong> à necessidade de ação, de movimentos e de<br />
aprendizagem do aluno.<br />
A va<strong>lo</strong>rização pe<strong>lo</strong> educador, do caráter lúdico e educativo dos jogos e brincadeiras<br />
torna o espaço de sala de aula adequado ao de<strong>se</strong>nvolvimento da criança, assim <strong>com</strong>o a<br />
aprendizagem dos conhecimentos escolares.<br />
Atrav<strong>é</strong>s das experiências práticas junto ao objeto de estudo em questão, objetivou-<strong>se</strong><br />
favorecer o reconhecimento das possibilidades da utilização da sucata na realidade do<br />
contexto escolar <strong>com</strong>o forma de estímu<strong>lo</strong> da livre expressão por parte dos alunos contribuindo<br />
87
<strong>com</strong> o processo de construção do conhecimento do aluno e <strong>não</strong> a perfeição est<strong>é</strong>tica do produto<br />
final.<br />
Na atual sociedade con<strong>tempo</strong>rânea o aluno precisa <strong>se</strong>r estimulado a <strong>se</strong> envolver no<br />
processo ensino- aprendizagem, levando-<strong>se</strong> em consideração de acordo <strong>com</strong> Piaget suas fa<strong>se</strong>s<br />
de de<strong>se</strong>nvolvimento, e de acordo <strong>com</strong> Vygotsky <strong>se</strong>u contexto sócio- cultural. Levando-<strong>se</strong> em<br />
consideração que o lúdico <strong>é</strong> inerente a criança, as escolas brasileiras deveriam utilizá-<strong>lo</strong> <strong>com</strong>o<br />
ponto estrat<strong>é</strong>gico no de<strong>se</strong>nvolvimento físico e intelectual do aluno.<br />
De acordo <strong>com</strong> a pesquisa de campo de<strong>se</strong>nvolvido na Escola Estadual de Ensino<br />
Fundamental <strong>“</strong>Santos Dumont”, verificou-<strong>se</strong> a <strong>com</strong>plexidade que envolve a aprendizagem<br />
infantil a qual <strong>não</strong> depende apenas da adequação do espaço físico e/ou da variedade de<br />
recursos. Certamente tais fatores influenciam, contudo <strong>não</strong> constitui o ponte de equalização<br />
dos problemas uma vez que a qualificação profissional e o <strong>com</strong>promisso educacional são<br />
pontos fundamentais para real qualidade da educação infantil.<br />
Nota-<strong>se</strong> que a ausência de uma prática <strong>com</strong>promissada <strong>com</strong> a aprendizagem infantil,<br />
está explicita no ensino público, em função de fatores <strong>com</strong>o a falta de estímu<strong>lo</strong> decorrente<br />
dos baixos salários, ausência de capacitação de pessoal, falta de identidade da escola pública,<br />
de uma fi<strong>lo</strong>sofia e metodo<strong>lo</strong>gia de trabalho al<strong>é</strong>m da ob<strong>se</strong>rvável <strong>“</strong>falta de <strong>tempo</strong>” necessária a<br />
mesma, perpetuando assim a escola <strong>com</strong>o mero transmissora de conhecimentos, marcada por<br />
uma ação castradora e diretiva, que <strong>não</strong> <strong>se</strong> ajusta à vida dos alunos, <strong>não</strong> lhes despertando o<br />
prazer de descobrir o conhecimento e <strong>não</strong> possibilitando a satisfação de criar. Entende-<strong>se</strong>, que<br />
<strong>não</strong> conv<strong>é</strong>m fazer um pr<strong>é</strong>-julgamento e / ou condenar tais profissionais, mas tamb<strong>é</strong>m o que<br />
<strong>não</strong> <strong>é</strong> permissivo <strong>é</strong> o conformismo <strong>com</strong> es<strong>se</strong> desinteres<strong>se</strong> e descaso.<br />
Assim a autora ao propor atividades para <strong>se</strong>rem de<strong>se</strong>nvolvidas no contexto de sala de<br />
aula pretende favorecer aos docentes reflexões e sugestões de novos horizontes contribuindo<br />
para que haja o favorecimento do lúdico no processo ensino-aprendizagem.<br />
88
Em suma, deve-<strong>se</strong> trabalhar a criança, tomando <strong>com</strong>o ponto de partida que esta <strong>é</strong> um <strong>se</strong>r<br />
<strong>com</strong> características individuais e que precisa de estímu<strong>lo</strong>s para o <strong>se</strong>u crescimento e<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento, de forma a possibilitar-lhes fatores fundamentais <strong>com</strong>o ,a criatividade, a<br />
capacidade inventiva, a iniciativa e, acima de tudo, o de<strong>se</strong>nvolvimento de um <strong>se</strong>nso crítico,<br />
objetivando o favorecimento da aprendizagem infantil. Isto significa redimensionar às práticas<br />
pedagógicas na aprendizagem infantil, onde o lúdico repre<strong>se</strong>nta a plena libertação do homem.<br />
89
6- BIBLIOGRAFIA<br />
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91
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sócio- histórico. São Pau<strong>lo</strong>: Scipione, 1997.<br />
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RIBEIRO, Lourdes E. O real do construtivismo. Be<strong>lo</strong> Horizonte, Minas Gerais: Fapi, 19<br />
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ZÓBOLI, Graziela. Prática de ensino. São Pau<strong>lo</strong>: Ática, 1995.<br />
93
ANEXOS<br />
95
ANEXO 01- QUESTIONÁRIO DIRECIONADO AOS PROFESSORES<br />
(AS )<br />
Prezado ( a ) Professor ( a ):<br />
Estamos realizando uma pesquisa sobre <strong>“</strong> O resgate do lúdico na formação de <strong>crianças</strong> de<br />
2ª s<strong>é</strong>rie do Ensino Fundamental ” na rede pública de Bel<strong>é</strong>m / Pará, e precisamos de sua<br />
colaboração no <strong>se</strong>ntido de nos esclarecer algumas questões.<br />
Atenciosamente,<br />
Lilian Rosy Gomes de Souza<br />
Acadêmica do curso de Pedagogia- Ciência da Educação<br />
Preencha <strong>se</strong>us dados de identificação e responda as questões específicas que <strong>se</strong>guem:<br />
Dados de Identificação:<br />
Nome:________________________________________________________________<br />
Local de Trabalho:______________________________________________________<br />
Idade:_________________________________________________________________<br />
1. Como você definiria as brincadeiras infantis ?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
2. O que você entende sobre atividade lúdica ?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
3. Como você analisa o uso de atividades lúdicas no processo de ensino- aprendizagem <strong>com</strong><br />
<strong>crianças</strong> de 2ª s<strong>é</strong>rie do Ensino Fundamental ?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
4. Você utiliza alguma atividade lúdica no contexto de sala de aula ? Em quais<br />
circunstâncias ?<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
5. Na sua opinião quais as possibilidades do emprego das atividades utilizando sucata para o<br />
de<strong>se</strong>nvolvimento da capacidade de criação das <strong>crianças</strong> de 2ª s<strong>é</strong>rie do Ensino<br />
Fundamental ?<br />
96
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
___________________________________________________________________________<br />
ANEXO 02- AUTORIZAÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PARA<br />
UTILIZAÇÃO DA IMAGEM DOS ALUNOS:<br />
Prezados Responsáveis :<br />
Solicitamos autorização para que o menor<br />
____________________________________________ participe das oficinas de brinquedos<br />
de sucata 2002, permitindo que <strong>se</strong>jam feitas fotos e filmagens, <strong>com</strong> a finalidade de ilustrar o<br />
trabalho de pesquisa da aluna Lilian Rosy Gomes de Souza do Curso de Pedagogia- Ciência<br />
da Educação –UNAMA<br />
Atenciosamente,<br />
______________________________________________<br />
Responsável<br />
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