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Igreja
no
Mundo
O Sínodo do Médio Oriente
Foram 185, entre patriarcas, arcebispos,
padres, leigos e observadores.
Reuniram-se em Roma para o primeiro
Sínodo dedicado exclusivamente à
Igreja no Médio Oriente. Em cima da
mesa estavam problemas profundos
e reais. Martírio, perseguição, medo
constante, o real perigo de extinção
da Igreja precisamente na região
onde nasceu.
Calcula-se em cerca de 20 milhões
o número de cristãos que vivem no
Médio Oriente. Desses, uns 5 milhões
são católicos, com a maioria a pertencer
a Igrejas Ortodoxas que não estão
em comunhão com Roma.
Mesmo os católicos estão divididos em
cinco igrejas orientais independentes,
mais a igreja latina (a nossa), que também
está representada no território.
Não há praticamente país
algum do Médio Oriente onde
seja permitido converter-se
ao Cristianismo
Na Palestina encontram-se entre a
espada e a parede, vistos com suspeição
pelos israelitas por serem árabes,
e com desprezo pelos muçulmanos,
por serem cristãos. No Iraque são identificados
com as forças invasoras, por
serem cristãos, e por isso frequentemente
raptados ou meramente assassinados.
De bispos a crianças, ninguém
está livre de perigo. Na Arábia Saudita
pode-se ser detido simplesmente por
usar um crucifixo ou possuir uma Bíblia.
No Egipto é frequente ouvir-se falar
de mulheres cristãs que são raptadas,
“convertidas” à força e casadas com
muçulmanos.
10 Partilha EJNS .Novembro 2010
Filipe D’Avillez
Não há praticamente país algum do
Médio Oriente onde seja permitido
converter-se ao Cristianismo, em contrapartida
as conversões ao Islão são
incentivadas. A cada dia que passa
há menos cristãos no Médio Oriente,
e ninguém parece preocupar-se com
isso.
O Papa preocupa-se. Chamou os
pastores destes nossos irmãos a discutir
o problema e procurar soluções. Nós,
pouco poderemos fazer. Apenas não
os esquecer, chamar atenção para os
seus suplícios e rezar. Só o mais importante,
portanto.
O fim do sínodo foi marcado por uma
questão diplomática. O Governo de
Israel levou a mal as declarações de
um dos arcebispos, que culpou aquele
país por grande parte da instabilidade
na região. Os Israelitas acharam inacreditável
que numa região onde os
cristãos sofrem perseguições e martírio
em quase todos os países islâmicos, o
seu fosse o único país a ser explicitamente
referenciado e criticado.
Têm alguma razão, embora exagerem
quando dizem que Israel é um paraíso
para os cristãos. Para os cristãos palestinianos,
que em tempos foram 20% da
população e agora estão em riscos
de desaparecer, não é. Se o número
de cristãos tem aumentado em Israel
é por causa da imigração de russos
e etíopes, principalmente, casados
com, ou filhos de, judeus.
Temos que lembrar que a maioria dos
bispos que esteve presente é culturalmente
árabe. A crítica a Israel, sincera
ou não, é uma forma de mostrarem
Os bispos pediram aos cristãos
de todo o mundo que fizessem
peregrinações aos lugares
santos do Médio Oriente
também aos muçulmanos com quem
vivem que também fazem parte da
comunidade.
Também se deve reconhecer que a
grande ameaça aos cristãos no Médio
Oriente vem hoje do islamismo radical,
e que esse cresce e alimenta-se em
grande parte do ressentimento pela
questão palestiniana, por isso indirectamente,
compreende-se a posição
dos bispos. Contudo, embora se tenha
falado de casos concretos durante o
sínodo, talvez tivesse sido boa ideia
elencar outros “culpados” pela situação
na mensagem final, e não apenas
Israel.
Uma das coisas que os bispos pediram,
no documento final, foi que os cristãos
de todo o mundo fizessem peregrinações
aos lugares santos do Médio
Oriente, e que nessas peregrinações
não fossem só ver os lugares como se
fossem museus, mas que fossem contactar
também as comunidades cristãs,
“pedras vivas” da Igreja universal.
Fica a sugestão para cada um de vós,
para as vossas famílias e, porque não,
para as EJNS enquanto movimento,
lembrando sempre que há equipistas
que vivem tudo isto na pele tanto na
Síria como no Líbano, não os abandonemos.