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Moça Bonita, 3 de maio de 1998<br />
<strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong>: gols ao preço de 1.400 reais por mês<br />
Eles foram longe demais: Marcão, Naílton, Paulo Campos, Humberto, Isael e o goleiro Alex. Hernande, Sandro,<br />
Marquinhos, <strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong> e Edílson surpreenderam os “grandes” no Campeonato Carioca de 1998.<br />
Era difícil ganhar do Botafogo nos anos 90. Aliás, o clube da Estrela Solitária se especializara<br />
em ganhar títulos importantes a cada ano. Em 1995, ergueu o Campeonato Brasileiro; em 1996,<br />
levou a Taça Cidade Maravilhosa; em 1997, ganhou o Campeonato Carioca e em 1998, exibia<br />
fresquinho o título do Torneio Rio-São Paulo, conquistado com uma vitória sobre o São Paulo, no<br />
Morumbi. Para melhor a situação, o alvinegro contava com dois craques da Seleção Brasileira: o<br />
zagueiro Gonçalves e o atacante Bebeto.<br />
O <strong>Bangu</strong>, por sua vez, era uma incógnita para o Campeonato Carioca de 1998. Trazia um<br />
técnico novo, vindo do São Cristóvão: Alfredo Sampaio e tinha como maior aposta um atacante de<br />
nome engraçado que já tinha passado pelo clube em 1992, sem muito sucesso: <strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong>.<br />
Mesmo assim, com uma equipe formada praticamente em casa, o <strong>Bangu</strong> caminhava bem no<br />
Estadual. No 1º turno tinha derrotado o Flamengo e o Fluminense, sempre por 2 a 1.<br />
No dia 3 de maio, um domingo, o emergente <strong>Bangu</strong> e o consagrado Botafogo se enfrentaram<br />
em Moça Bonita. Pouquíssimos torcedores – apenas 823 pagaram ingressos – se aventuraram a<br />
prestigiar o confronto. Afinal de contas, havia a desconfiança que o Campeonato estava há muito<br />
tempo “no papo” do Vasco e que de pouco valeriam os esforços dos demais clubes para impedir que<br />
a taça fosse para São Januário.<br />
Em seu campo, o <strong>Bangu</strong> demonstrou maior classe e, além de surpreender em jogadas de<br />
velocidade, impedia os botafoguenses de criarem situações de gol.<br />
Aos 35 minutos, o folclórico <strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong> recebeu lançamento na área, aproveitou-se da<br />
falha da dupla Jorge Luís e Wilson Goiano, pegou a bola, driblou o goleiro Wagner, ex-<strong>Bangu</strong>, e<br />
concluiu para as redes: 1 a 0.<br />
Mas o Botafogo não se fez de rogado e empatou a partida antes de terminar o primeiro tempo.<br />
Aos 43 minutos, Túlio tocou para o tetracampeão Bebeto, que driblou o goleiro Alex e quase sem<br />
ângulo, conseguiu o gol: 1 a 1.<br />
O segundo tempo prometia muitas emoções. E logo aos 6 minutos, a pequena torcida alvirrubra<br />
comemorou outro gol. Desta vez, o lateral-esquerdo Flavinho – cria das divisões de base do <strong>Bangu</strong><br />
– cobrou falta com perfeição. O goleiro Wagner nem se mexeu. Era o placar que o time mais
gostava de fazer nos “grandes: 2 a 1.<br />
Esperava-se que o Botafogo partisse atrás do prejuízo, mas as melhores chances continuaram<br />
nos pés dos banguenses. Aos 44 minutos, o atacante Fabinho entrou na área e foi derrubado pelo<br />
meia Pingo. Pênalti claro que o juiz Cláudio Vinícius Cerdeira preferiu ignorar, para desespero do<br />
técnico Alfredo Sampaio.<br />
Acabou não precisando. Minutos depois, o apito final consolidou o <strong>Bangu</strong> na vice-liderança da<br />
Taça Rio, o 2º Turno do Campeonato Carioca. Os jornais, então, passaram a querer descobrir os<br />
segredos do incrível time de Moça Bonita que, pagando salários modestos e sem nenhuma estrela<br />
de primeira grandeza, vinha batendo sucessivamente os “grandes” do Rio, inclusive alijando os<br />
botafoguenses da disputa.<br />
O Jornal do Brasil, por exemplo, descobriu que o salário do artilheiro <strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong>, de 26<br />
anos, representava apenas 1% dos vencimentos de Bebeto, aos 34 anos, no Botafogo. O<br />
tetracampeão ganhava nada menos que 140 mil reais mensais... e <strong>Biquinho</strong> tinha que se virar com<br />
os 1.400 reais que o <strong>Bangu</strong> lhe pagava...<br />
Em termos de produtividade, no entanto, ambos tinham marcado quatro gols no Campeonato<br />
Carioca...<br />
Domingo, 3 de maio de 1998<br />
2 x 1<br />
Competição: Campeonato Carioca<br />
Local: Moça Bonita (RJ)<br />
Juiz: Cláudio Vinícius Cerdeira<br />
Público: 823<br />
<strong>Bangu</strong>: Alex, Roberto Teixeira (Marcelo Cardoso),<br />
Leonardo, Naílton e Flavinho; Marcelo Cruz,<br />
Humberto, Edílson e Wellington Monteiro (Fabinho);<br />
<strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong> e João Rodrigo (Paulo Andrade). T:<br />
Alfredo Sampaio.<br />
Botafogo: Wagner, Wilson Goiano (França), Jorge<br />
Luís, Gonçalves e Jéferson (Chiquinho); Pingo, Fábio<br />
Augusto (Tico Mineiro), Djair e Sérgio Manoel;<br />
Bebeto e Túlio. T: Paulo Autuori.<br />
Gols: No 1º tempo: <strong>André</strong> <strong>Biquinho</strong> (35) e Bebeto<br />
(43). No 2º tempo: Flavinho (6).<br />
Pts J V E D GP GC SG<br />
1 Vasco 9 3 3 - - 6 1 5<br />
2 <strong>Bangu</strong> 8 4 2 2 - 6 3 3<br />
3 Flamengo 5 3 1 2 - 6 5 1<br />
4 Madureira 5 5 1 2 2 6 8 -2<br />
5 Fluminense 4 3 1 1 1 2 2 0<br />
6 Friburguense 3 4 1 - 3 4 7 -3<br />
7 Botafogo 2 3 - 2 1 5 6 -1<br />
8 Americano 1 3 - 1 2 2 5 -3