Armazenamento de Forragens para a Agricultura ... - Capril Virtual
Armazenamento de Forragens para a Agricultura ... - Capril Virtual
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EMPARN<br />
Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />
do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte S/A.<br />
<strong>Armazenamento</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Forragens</strong><br />
<strong>para</strong> a <strong>Agricultura</strong><br />
Familiar<br />
Ministério do<br />
Desenvolvimento Agrário<br />
Ministério do<br />
Desenvolvimento Social<br />
e Combate a Pobreza
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE<br />
SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA DA PECUÁRIA E DA PESCA<br />
<strong>Armazenamento</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Forragens</strong><br />
<strong>para</strong> a <strong>Agricultura</strong><br />
Familiar<br />
EMPARN<br />
Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />
do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte S/A.
Governadora do Estado do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />
Wilma Maria <strong>de</strong> Faria<br />
Secretário <strong>de</strong> Estado da <strong>Agricultura</strong>, da Pecuária e da Pesca<br />
Iberê Paiva Ferreira <strong>de</strong> Souza<br />
Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte S/A EMPARN<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima<br />
Diretor Presi<strong>de</strong>nte<br />
Instituto <strong>de</strong> Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte<br />
EMATER-RN<br />
Luiz Cláudio <strong>de</strong> Souza Macedo<br />
Diretor Geral<br />
Serviço Brasileiro <strong>de</strong> Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Gran<strong>de</strong> do<br />
Norte SEBRAE-RN<br />
José Ferreira <strong>de</strong> Melo Neto<br />
Diretor Superinten<strong>de</strong>nte<br />
Assessoria <strong>de</strong> Difusão e Profissionalização da EMPARN<br />
Marta Maria Souza Matos<br />
Layot<br />
Luciana Riu Ubach<br />
Revisão<br />
Maria <strong>de</strong> Fátima Pinto Barreto<br />
Divisão <strong>de</strong> Serviços Técnicos<br />
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN/Biblioteca Central Zila Mame<strong>de</strong><br />
Rio Gran<strong>de</strong> do Norte. Secretaria <strong>de</strong> Estado da <strong>Agricultura</strong>, da Pecuária e da<br />
Pesca.<br />
<strong>Armazenamento</strong> <strong>de</strong> <strong>Forragens</strong> <strong>para</strong> <strong>Agricultura</strong> familiar/Secretaria <strong>de</strong> Estado<br />
da <strong>Agricultura</strong>, da Pecuária e da Pesca; Guilherme Ferreira da Costa Lima;<br />
Francisco Canindé Maciel; Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s; Jorge Ferreira Torres;<br />
José Geraldo Me<strong>de</strong>iros da Silva; Newton Auto <strong>de</strong> Souza; Emerson Moreira <strong>de</strong><br />
Aguiar; Cláudio Adriano Correia <strong>de</strong> Lima; Genildo Fonseca Pereira; Henrique<br />
Rocha <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros; Luciana Riu Ubach Castello Garcia; Revisão: Maria <strong>de</strong><br />
Fátima Pinto Barreto. - Natal [RN], 2004.<br />
X páginas.<br />
1. Forragicultura. 2.<strong>Agricultura</strong> Familiar. 3.<strong>Armazenamento</strong><br />
I.<br />
RN/UF/BCZM CDU xxx
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE<br />
SECRETARIA DE ESTADO DA AGRICULTURA DA PECUÁRIA E DA PESCA<br />
EMPARN<br />
Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária<br />
do Rio Gran<strong>de</strong> do Norte S/A.<br />
<strong>Armazenamento</strong><br />
<strong>de</strong> <strong>Forragens</strong><br />
<strong>para</strong> a <strong>Agricultura</strong><br />
Familiar<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN<br />
Francisco Canindé Maciel - EMBRAPA / EMPARN<br />
Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s - EMPARN<br />
Jorge Ferreira Torres - EMPARN<br />
José Geraldo Me<strong>de</strong>iros da Silva - EMPARN<br />
Newton Auto <strong>de</strong> Souza - EMPARN<br />
Emerson Moreira <strong>de</strong> Aguiar - UFRN<br />
Cláudio Adriano Correia <strong>de</strong> Lima - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Genildo Fonseca Pereira - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Henrique Rocha <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq
Exemplares <strong>de</strong>sta publicação po<strong>de</strong>m ser adquiridos na:<br />
EMPARN<br />
Rua Jaguarari, 2192 - Lagoa Nova<br />
59062-500 - Natal/RN<br />
Fone: (84) 232-5858<br />
Fax: (84) 232-5868<br />
site:www.emparn.rn.gov.br<br />
E-mail: emparn@rn.gov.br<br />
Comitê Editorial<br />
Presi<strong>de</strong>nte: Maria <strong>de</strong> Fátima Pinto Barreto<br />
Secretária-Executiva: Vitória Régia Moreira Lopes<br />
Membros:<br />
Aldo Arnaldo <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />
Amilton Gurgel Guerra<br />
Francisco Canindé Maciel<br />
Marcelo Abdon Lira<br />
Salvador Barros Torres<br />
Terezinha Lúcia dos Santos<br />
José Robson dos Santos<br />
Manoel <strong>de</strong> Souza Araújo<br />
Marcone César Mendonça das Chagas<br />
Impressão<br />
Gráfica<br />
Tiragem<br />
x Exemplares<br />
Todos os direitos reservados.<br />
A reprodução não autorizada <strong>de</strong>sta publicação, no todo ou em parte, constitui<br />
violação <strong>de</strong> direitos autorais (Lei nº 9.610).
SUMÁRIO<br />
Secador Solar:<br />
A Fábrica <strong>de</strong> Feno <strong>para</strong> a <strong>Agricultura</strong> Familiar.............................<br />
Introdução..................................................................................<br />
Procedimentos.............................................................................<br />
Escolha da área..........................................................................<br />
Construção.................................................................................<br />
Distribuição do material...............................................................<br />
Revolvimento do material.............................................................<br />
Determinação do ponto <strong>de</strong> feno....................................................<br />
<strong>Armazenamento</strong>..........................................................................<br />
Flor-<strong>de</strong>-seda<br />
Fonte <strong>de</strong> Feno <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> <strong>para</strong> os Sertões.....................................<br />
Introdução..................................................................................<br />
Resultados <strong>de</strong> pesquisa...............................................................<br />
Preparo do feno da flor-<strong>de</strong>-seda...................................................<br />
Silo Cincho<br />
O Armazém <strong>de</strong> Forragem <strong>para</strong> a <strong>Agricultura</strong> Familiar.........................<br />
Introdução..................................................................................<br />
Preparo da silagem.....................................................................<br />
Silo <strong>de</strong> Superfície<br />
Alternativa Alimentar <strong>para</strong> Ruminantes em Secas Severas...................<br />
Introdução..................................................................................<br />
Preparo do silo <strong>de</strong> superfície.........................................................<br />
Xiquexique<br />
Alternativa Alimentar <strong>para</strong> Ruminantes em Secas Severas...................<br />
Introdução...................................................................................<br />
Características.............................................................................<br />
Plantio.........................................................................................<br />
Produtivida<strong>de</strong>...............................................................................<br />
Utilização animal..........................................................................<br />
Composição química.....................................................................<br />
Resultados obtidos........................................................................<br />
Instalações rústicas <strong>para</strong> a Caprinovinocultura........<br />
09<br />
12<br />
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34
APRESENTAÇÃO<br />
Estudos recentes da EMBRAPA/Semi-Árido em 107 municípios situados nas<br />
áreas secas do Nor<strong>de</strong>ste, constataram que cresce a renda dos produtores à medida que<br />
se eleva a participação da pecuária na unida<strong>de</strong> produtiva. E ainda, que o tipo <strong>de</strong><br />
agricultura <strong>de</strong> subsistência praticado na região só oferece chances <strong>de</strong> sucesso em três a<br />
cada 10 anos, enquanto que a pecuária, por sua menor vulnerabilida<strong>de</strong> à seca, tem-se<br />
constituído no principal fator <strong>de</strong> fixação do homem no semi-árido.<br />
No entanto, a produtivida<strong>de</strong> dos sistemas pecuários familiares do semi-árido é<br />
bastante baixa, principalmente, em função da ausência <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> gerenciamento e<br />
monitoramento dos custos <strong>de</strong> produção das fazendas e do grave déficit alimentar dos<br />
rebanhos nos períodos <strong>de</strong> seca.<br />
Não há dúvida que um dos principais impedimentos à viabilização <strong>de</strong> sistemas<br />
pecuários no Nor<strong>de</strong>ste é a pequena disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> volumosos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e o<br />
manejo ina<strong>de</strong>quado dos recursos forrageiros existentes. Numa região caracterizada pela<br />
marcada estacionalida<strong>de</strong> na disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forragens, a produção, manejo e<br />
armazenamento <strong>de</strong> volumosos, voltados aos aspectos quantitativos e qualitativos,<br />
exerce uma função estratégica na lucrativida<strong>de</strong> das fazendas, pela diminuição das<br />
diferenças sazonais na oferta <strong>de</strong> forragens e menor requerimento <strong>de</strong> suplementações<br />
energéticas e/ou protéicas.<br />
Ciente <strong>de</strong>sses problemas, a EMPARN, em parceria com a EMATER-RN e<br />
SEBRAE-RN <strong>de</strong>cidiram coor<strong>de</strong>nar uma ação no Estado no sentido <strong>de</strong> capacitar seus<br />
técnicos e produtores pela participação <strong>de</strong>stes em cursos específicos sobre produção e<br />
armazenamento <strong>de</strong> forragens.<br />
Esse evento constitui a primeira etapa do “I Circuito <strong>de</strong> Tecnologias Adaptadas<br />
<strong>para</strong> a <strong>Agricultura</strong> Familiar: Semanas <strong>de</strong> Ensilagem e Fenação”, que capacitará mais <strong>de</strong> 3<br />
mil produtores <strong>de</strong> sete microrregiões do Estado em 2004.<br />
Este programa representa mais uma ação do Governo Vilma <strong>de</strong> Faria, articulada<br />
pela Secretaria <strong>de</strong> <strong>Agricultura</strong>, da Pecuária e da Pesca SAPE, com o objetivo <strong>de</strong> apoiar e<br />
tornar mais eficiente e sustentável a ativida<strong>de</strong> pecuária estadual.<br />
Confirmando a importância <strong>de</strong>ssa ação <strong>de</strong> Governo, participam e apóiam essa<br />
programação instituições fe<strong>de</strong>rais, estaduais e municipais, tais como: Embrapa,<br />
Consepa, FINEP, Banco do Brasil, Banco do Nor<strong>de</strong>ste, Fetarn, ANORC, ANCOC, SENAR,<br />
Prefeituras Municipais, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério do<br />
Desenvolvimento Social e <strong>de</strong> Combate à Pobreza.<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima<br />
Diretor Presi<strong>de</strong>nte da EMPARN
Secador solar<br />
.................<br />
A Fábrica <strong>de</strong> Feno <strong>para</strong> a<br />
<strong>Agricultura</strong> Familiar<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN<br />
Emerson Moreira <strong>de</strong> Aguiar - UFRN<br />
Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN<br />
Genildo Fonseca Pereira - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s - EMPARN<br />
Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq
SECADOR SOLAR<br />
Introdução<br />
Pela própria natureza da vasta região semi-árida nor<strong>de</strong>stina, as condições<br />
climáticas (altas temperaturas, intensa luminosida<strong>de</strong> e fortes ventos) são amplamente<br />
favoráveis à realização da fenação.<br />
Com a baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte dos pastos nativos e a pequena área dos<br />
estabelecimentos rurais e das pastagens cultivadas, são limitadas as alternativas <strong>para</strong> o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma pecuária sustentável <strong>para</strong> a agricultura familiar, fora da<br />
produção intensiva <strong>de</strong> forragens e da utilização <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> armazenamento.<br />
Quando se enumeram as principais características <strong>de</strong>sejáveis <strong>de</strong> forrageiras<br />
apropriadas <strong>para</strong> o processo <strong>de</strong> fenação, são indicadas como condições essenciais, a<br />
existência <strong>de</strong> talos finos, abundância <strong>de</strong> folhas e pequeno porte <strong>para</strong> facilitar o trabalho<br />
das máquinas. Essas características são comuns em gramíneas como os capins Tifton,<br />
Pangola, Gramão, Buffel, entre outros, raramente presentes nas pequenas proprieda<strong>de</strong>s<br />
familiares.<br />
Dessa forma, <strong>para</strong> que um programa voltado ao armazenamento <strong>de</strong> forragens na<br />
forma <strong>de</strong> feno <strong>para</strong> a agricultura familiar no semi-árido tenha chances <strong>de</strong> sucesso, faz-se<br />
necessário que o processo <strong>de</strong> intervenção contemple, entre outros, os seguintes<br />
aspectos:<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Iniciar o processo mediante a utilização <strong>de</strong> forrageiras nativas ou cultivadas já<br />
existentes nas proprieda<strong>de</strong>s, <strong>para</strong> baixar os custos do investimento inicial;<br />
Concentrar as ações <strong>de</strong> difusão no período chuvoso, <strong>para</strong> quebrar o <strong>para</strong>digma da<br />
impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fenação durante o período das chuvas;<br />
Treinar a mão-<strong>de</strong>-obra familiar na utilização <strong>de</strong> equipamentos artesanais <strong>de</strong> fenação,<br />
como as sega<strong>de</strong>iras e enfarda<strong>de</strong>iras manuais e formas <strong>de</strong> armazenamento em<br />
galpões ou a campo;<br />
Utilizar a trituração <strong>para</strong> viabilizar a fenação <strong>de</strong> forrageiras <strong>de</strong> uso cotidiano dos<br />
pequenos produtores como o capim elefante, o sorgo, a maniçoba, a flor-<strong>de</strong>-seda, a<br />
maniva <strong>de</strong> mandioca e um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> outras forrageiras nativas ou cultivadas.<br />
O <strong>de</strong>senvolvimento e validação da tecnologia do SECADOR SOLAR <strong>para</strong> produção<br />
<strong>de</strong> fenos triturados foi efetuado pela EMPARN, na região do Seridó Potiguar, com apoio do<br />
PRONAF e Banco do Nor<strong>de</strong>ste. O processo incluiu a
avaliação <strong>de</strong> secadores solares cimentados (10 m x 10 m = 100 m²) <strong>para</strong><strong>de</strong>sidratação <strong>de</strong><br />
forragens trituradas em pequenas proprieda<strong>de</strong>s e tem obtido resultados bastante<br />
promissores <strong>para</strong> a agricultura familiar.<br />
Em práticas realizadas nos Campos Experimentais da EMPARN, tem-se<br />
conseguido, em média, o preparo <strong>de</strong> 2 kg <strong>de</strong> feno triturado por m² do secador. Esses<br />
secadores têm, então, uma capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> 200 kg <strong>de</strong> feno triturado por cada<br />
vez. Consi<strong>de</strong>rando a possibilida<strong>de</strong> do criador realizar esse processo pelo menos, 50<br />
vezes por ano (utilizando 100 dias/ano, em uma média <strong>de</strong> secagem <strong>de</strong> dois dias), isso<br />
resultaria numa produção <strong>de</strong> feno da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10 mil kg, suficiente <strong>para</strong> alimentar 50<br />
caprinos ou ovinos adultos durante 4 meses <strong>de</strong> seca.<br />
Através <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>senvolvida em parceria entre a EMPARN/Banco do<br />
Nor<strong>de</strong>ste/PRONAF/UFRN e UFRPE, foi comprovada a qualida<strong>de</strong> forrageira do feno<br />
triturado <strong>de</strong> capim elefante com mais <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> conservação em sacos. O período<br />
i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> corte <strong>para</strong> a fenação foi <strong>de</strong> 45 a 60 dias <strong>de</strong> rebrota, o que proporcionou um<br />
rendimento <strong>de</strong> 6 t. a 8 t. <strong>de</strong> matéria seca MS/ha/corte, com 6,3% a 7,8 % <strong>de</strong> proteína<br />
bruta (PB) e digestibilida<strong>de</strong> da MS <strong>de</strong> 56% a 59%.<br />
Entre as espécies forrageiras indicadas <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong> fenos triturados e<br />
<strong>de</strong>sidratados no secador solar, <strong>de</strong>stacam-se aquelas <strong>de</strong> maior porte, caules ou ramos<br />
grossos, e as que apresentam dificulda<strong>de</strong>s no processo <strong>de</strong> secagem, quando expostas ao<br />
sol na forma inteira, como o capim elefante ( Pennisetum purpureum Schum.), os sorgos<br />
granífero e forrageiro ( Sorghum bicolor L. Moench.), o milheto ( Pennisetum<br />
americanum (L.) Leeke.), o sorgo sudanense (Sorghum sp.), culturas <strong>de</strong> sorgo e milho<br />
que, pela seca, não conseguiram completar seus ciclos, a cana-<strong>de</strong>-açúcar, na produção<br />
da sacharina, as manivas da mandioca ( Manihot esculenta)<br />
e a própria raiz, a flor-<strong>de</strong>seda<br />
( Calotropis procera L.), a maniçoba (Manihot sp.), leguminosas arbustivas, como a<br />
leucena ( Leucaena leucocephala), o guandu ( Cajanus cajan<br />
), assim como várias<br />
espécies <strong>de</strong> forrageiras nativas arbustivas e herbáceas, que, processadas no final do<br />
período chuvoso, ainda trazem a vantagem <strong>de</strong> uma rebrota rica <strong>para</strong> ser consumida.<br />
Outra alternativa, na utilização do secador solar, como ferramenta no<br />
fortalecimento <strong>de</strong> reservas forrageiras estratégicas no semi-árido, é a secagem <strong>de</strong><br />
resíduos agroindustriais, como do sisal, do caju, do melão, do abacaxi e <strong>de</strong> tantos outros,<br />
que, na sua gran<strong>de</strong> maioria, são <strong>de</strong>sperdiçados.
Adicionalmente durante o período chuvoso, o secador solar po<strong>de</strong>rá funcionar como área<br />
<strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>stinada ao armazenamento em cisterna.<br />
O processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação das forragens no secador, é simples, rápido e não<br />
<strong>de</strong>manda muita mão-<strong>de</strong>-obra <strong>para</strong> os sistemas <strong>de</strong> agricultura familiar, po<strong>de</strong>ndo ser<br />
realizado, conjuntamente, pelo trabalhador, esposa e filhos.<br />
A combinação <strong>de</strong> recursos forrageiros englobando a silagem, o feno, a palma e a<br />
cana, <strong>de</strong> acordo com a adaptação <strong>de</strong>ssas espécies a cada ambiente, representa uma<br />
sólida base <strong>para</strong> edificar qualquer sistema <strong>de</strong> produção no semi-árido.·<br />
Procedimentos<br />
Escolha da Área<br />
A área <strong>de</strong>stinada à construção<br />
do SECADOR SOLAR <strong>de</strong>ve ser<br />
preferencialmente plana, não sujeita<br />
a encharcamento e a<br />
sombreamento, isolada <strong>para</strong> evitar a<br />
presença <strong>de</strong> animais.<br />
Construção<br />
Aquisição do material necessário <strong>para</strong> construção do<br />
secador solar, com 100 m² <strong>de</strong> área útil (10 m <strong>de</strong> comprimento por 10 m <strong>de</strong> largura) e<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra.<br />
DISCRIMINAÇÃO UNIDADE QUANTIDADE<br />
Cimento Saco 12<br />
Tijolo cerâmico Milheiro 1<br />
Areia Grossa m 3 2<br />
Brita m 3 2,5<br />
Pedreiro Diária 6<br />
Ajudante Pedreiro Diária 6<br />
Custo <strong>de</strong> construção aproximado <strong>de</strong> R$ 800,00.
Distribuição do Material<br />
O material <strong>de</strong>ve ser distribuído em<br />
camadas <strong>de</strong> no máximo 10 cm <strong>de</strong> altura <strong>para</strong> que<br />
o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sidratação ocorra com maior<br />
rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> forma homogênea.<br />
Camadas mais grossas não permitem<br />
uma secagem a<strong>de</strong>quada.<br />
Revolvimento do material<br />
É preciso revolver a forragem ou outros<br />
materiais a serem <strong>de</strong>sidratados ou secos a cada<br />
3-4 horas, durante o dia. No Nor<strong>de</strong>ste semiárido<br />
as forrageiras próprias <strong>para</strong> fenação<br />
atingem a cura (secagem) <strong>de</strong> um a no máximo<br />
três dias com 3a4revolvimentos.<br />
Determinação do ponto <strong>de</strong> feno<br />
Quando o material atingir <strong>de</strong> 10% a<br />
20% do seu peso total é alcançado o ponto<br />
<strong>de</strong> feno. E ainda quando o material não virou<br />
palha nem está suficientemente úmido <strong>para</strong><br />
provocar fermentações.<br />
<strong>Armazenamento</strong><br />
Depois <strong>de</strong> atingido o ponto <strong>de</strong> feno o<br />
material está pronto <strong>para</strong> ser armazenado<br />
em locais ventilados e secos, o qual po<strong>de</strong>rá<br />
ser feito em sacos <strong>de</strong> ráfia, <strong>para</strong> utilização em<br />
períodos <strong>de</strong> escassez.<br />
Recomenda-se a utilização <strong>de</strong><br />
estrados <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>para</strong> evitar contato dos sacos com o piso ou pare<strong>de</strong>s úmidas.<br />
É importante que freqüentemente o produtor verifique se não está<br />
ocorrendo aquecimento dos fenos, colocando a mão no interior dos sacos.
Flor-<strong>de</strong>-seda<br />
.................<br />
Fonte <strong>de</strong> Feno <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong><br />
<strong>para</strong> os Sertões<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN<br />
Emerson Moreira <strong>de</strong> Aguiar - UFRN<br />
Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN<br />
Cláudio Adriano Correia <strong>de</strong> Lima - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Genildo Fonseca Pereira - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s - EMPARN<br />
Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq
FLOR-DE-SEDA<br />
Introdução<br />
A flor-<strong>de</strong>-seda ( Calotropis procera<br />
R.Br.) faz parte da família<br />
Asclepiadaceae, sendo originária da Índia e África Tropical e,<br />
provavelmente, foi introduzida, no Brasil como planta ornamental. A<br />
espécie encontra-se disseminada em todo o semi-árido, <strong>de</strong>stacando-se<br />
na paisagem seca dos sertões, por permanecer ver<strong>de</strong> mesmo nos<br />
períodos mais críticos. No Nor<strong>de</strong>ste brasileiro é conhecida vulgarmente<br />
como Algodão-<strong>de</strong>-Seda, Ciúme, Ciumenta, Flor-<strong>de</strong>-Cera, Hortência e<br />
Seda.<br />
Entre outras características positivas da flor-<strong>de</strong>-seda como<br />
forrageira <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong> feno no semi-árido, incluem-se:<br />
·Permanência das folhas, mesmo durante os períodos mais<br />
críticos <strong>de</strong> estresse hídrico;<br />
·Rebrota vigorosa, em resposta aos cortes, mesmo nos períodos<br />
<strong>de</strong> seca e sem o registro <strong>de</strong> qualquer precipitação;<br />
·Gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sementes, sem qualquer dormência<br />
e excelente germinação, que facilita, sobremaneira, a<br />
produção <strong>de</strong> mudas ou o plantio direto;<br />
·Tolerância na utilização <strong>de</strong> solos salinos;<br />
·Embora não palatável quando ver<strong>de</strong>, o feno da flor-<strong>de</strong>-seda<br />
apresenta alta digestibilida<strong>de</strong> e consumo da matéria seca.<br />
A partir da experiência <strong>de</strong> produtores que utilizavam essa espécie<br />
<strong>para</strong> "escapar o gado" nas secas prolongadas, a EMPARN, iniciou um<br />
trabalho <strong>de</strong> avaliação da produção <strong>de</strong> feno triturado e <strong>de</strong>sidratado em<br />
secadores solares, a partir <strong>de</strong> plantas naturalmente disseminadas. A<br />
planta no seu estado ver<strong>de</strong> não é consumida pelos ruminantes,<br />
provavelmente em função da presença <strong>de</strong> látex, no entanto, após o<br />
processo <strong>de</strong> fenação é bem aceita pelos animais, particularmente<br />
caprinos e ovinos.
Resultados <strong>de</strong> Pesquisa<br />
Pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas pela EMPARN avaliaram o rendimento<br />
<strong>de</strong>ssa forrageira, cultivada em diferentes espaçamentos em solos<br />
aluvionais e obtiveram rendimentos da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1 t. MS/ha/corte aos 70<br />
dias, com 20% a 22% <strong>de</strong> proteína bruta (PB) e teores <strong>de</strong> matéria seca<br />
(MS) <strong>de</strong> 10% a 12% nos espaçamentos <strong>de</strong> 1,0 x 0,5 m e 1,0 x 1,0 m, com<br />
apenas 150 mm <strong>de</strong> precipitação pluvial. Cortes posteriores, realizados<br />
com <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 120 dias, possibilitaram rendimentos<br />
<strong>de</strong> 3 t. MS/ha/corte e potencial <strong>para</strong> efetivação <strong>de</strong> três cortes por ano (9 t.<br />
MS/ha).<br />
Alguns autores afirmam que as folhas fenadas <strong>de</strong>ssa espécie<br />
po<strong>de</strong>m ser usadas na alimentação <strong>de</strong> caprinos, sem exce<strong>de</strong>r 0,5 kg/dia ou<br />
misturadas a fenos <strong>de</strong> outras forrageiras, em até 50% do consumido.<br />
Outras pesquisas indicam valores <strong>de</strong> até 72% <strong>de</strong> digestibilida<strong>de</strong> da MS<br />
<strong>para</strong> o feno da flor-<strong>de</strong>-seda. Em estudos realizados em Minas Gerais, essa<br />
forragem chegou a substituir o feno <strong>de</strong> Coast Cross em até 60% na dieta<br />
<strong>de</strong> caprinos com vantagens em termos <strong>de</strong> digestibilida<strong>de</strong> da MS e da PB.<br />
Deve-se procurar colher as partes mais tenras da forrageira, pois<br />
estas apresentam melhor valor nutritivo em relação às mais lenhosas.<br />
O látex característico <strong>de</strong>ssas plantas é irritante e cáustico, e em<br />
contato com os olhos causa irritação. No entanto, a recuperação é<br />
espontânea e completa, sem tratamento específico. Mesmo assim, <strong>para</strong> o<br />
corte e manejo das plantas no processo <strong>de</strong> fenação, recomenda-se<br />
cuidado <strong>para</strong> evitar contato principalmente com a boca e olhos.<br />
Alguns pesquisadores realizaram estudos toxicológicos da<br />
utilização da flor-<strong>de</strong>-seda na alimentação <strong>de</strong> caprinos, com até 60% <strong>de</strong><br />
participação na dieta, por um período <strong>de</strong> 40 dias consecutivos, Avaliandose<br />
os efeitos clínicos e bioquímicos. Confirmando o
potencial forrageiro da espécie, esses autores concluíram que, a ingestão,<br />
na forma <strong>de</strong> feno, por caprinos adultos, não produziu quaisquer<br />
alterações clínicas, nem enzimáticas.<br />
Preparo do Feno da Flor-<strong>de</strong>-seda<br />
Área <strong>de</strong> Plantio<br />
Triturar as plantas em máquina<br />
forrageira<br />
Corte, plantas nativas ou<br />
cultivadas<br />
Transporte em carroções ou<br />
carroças
Espalhar em camadas <strong>de</strong> 10 cm e<br />
revirar três a quatro vezes ao dia<br />
Ponto <strong>de</strong> feno em dois a três dias<br />
Acondicionamento<br />
em sacos armazenados em locais<br />
ventilados e secos
Silo cincho<br />
.................<br />
O Armazém <strong>de</strong> Forragem <strong>para</strong> a<br />
<strong>Agricultura</strong> Familiar<br />
Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN<br />
Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s - EMPARN<br />
Henrique Rocha <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq
SILO CINCHO<br />
Introdução<br />
A eficácia da ensilagem como alternativa <strong>para</strong> enfrentar a escassez <strong>de</strong> forragens<br />
nos períodos <strong>de</strong> seca no Nor<strong>de</strong>ste brasileiro, é mencionada freqüentemente nos antigos<br />
e atuais estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> da pecuária regional.<br />
Armazenar forragens <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> <strong>para</strong> utilização no período seco significa<br />
ir <strong>de</strong> encontro a um dos principais problemas da exploração pecuária regional, que é a<br />
extrema estacionalida<strong>de</strong> da produção forrageira. Transferir o excesso <strong>de</strong> forragens<br />
cultivadas e nativas, do curto período <strong>de</strong> chuvas (3 a 5 meses), <strong>para</strong> a utilização no longo<br />
período seco do ano (7 a 9 meses) é uma proposta tão óbvia que não encontra<br />
contestadores.<br />
Na expressão popular “escapar o gado”, que muitas vezes significou a vitória do<br />
criador ao evitar a morte <strong>de</strong> seus animais nos períodos críticos <strong>de</strong> seca, po<strong>de</strong>m estar<br />
enraizados diversos valores culturais avessos aos processos <strong>de</strong> armazenamento e<br />
vinculados às habilida<strong>de</strong>s do produtor <strong>de</strong> retirar do ambiente inóspito, o alimento mínimo<br />
necessário à sobrevivência do gado. O problema situa-se na intrínseca imprevisibilida<strong>de</strong><br />
do regime pluvial da região e conseqüentemente, na incapacida<strong>de</strong> do criador em<br />
dimensionar o período <strong>de</strong> estresse alimentar a que estarão sujeitos seus animais. Assim<br />
sendo, em vez <strong>de</strong> perdas recuperáveis pelo ganho <strong>de</strong> peso compensatório do gado no<br />
início do período chuvoso, normalmente observam-se danos severos, claramente<br />
registrados nos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos manejados na caatinga e<br />
até na morte <strong>de</strong> animais.<br />
O armazenamento <strong>de</strong> forragens é o caminho certo <strong>para</strong> se elevar os índices<br />
produtivos da pecuária regional. Uma vez que o produtor <strong>de</strong>cida-se a adotá-lo,<br />
necessário se faz que ele tenha em mãos as informações <strong>de</strong> como fazê-lo.<br />
Dessa forma, esta publicação tem como objetivo contribuir com informações<br />
sobre práticas <strong>de</strong> ensilagem, utilizando o silo cincho.<br />
O silo cincho é um tipo <strong>de</strong> silo <strong>de</strong> superfície que, por sua menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
armazenamento <strong>de</strong> forragem (< 10 t.), baixo custo <strong>de</strong> produção, menor requerimento <strong>de</strong><br />
máquinas e mão-<strong>de</strong>-obra e maior rapi<strong>de</strong>z no enchimento, encontra
sua indicação no preparo <strong>de</strong> silagem em pequenas e médias proprieda<strong>de</strong>s agrícolas,<br />
particularmente as <strong>de</strong> base familiar.<br />
O silo cincho foi introduzido no Rio Gran<strong>de</strong> do Norte em 1993, pelo extensinista<br />
da EMATER Joaquim Dantas Teixeira e é assim <strong>de</strong>nominado em função da semelhança <strong>de</strong><br />
seu processo <strong>de</strong> enchimento com os cinchos ou formas usados na produção artesanal <strong>de</strong><br />
queijos. A forma final do silo cincho é dada por um aro <strong>de</strong> metal com 50 cm <strong>de</strong> altura e<br />
três metros <strong>de</strong> diâmetro, que se utiliza inicialmente sobre o solo e que se eleva pelo efeito<br />
da compactação da forragem.<br />
Entre alguns aspectos importantes <strong>para</strong> a utilização racional do silo cincho,<br />
<strong>de</strong>stacam-se:<br />
O silo <strong>de</strong>ve ser planejado <strong>para</strong> curtos períodos <strong>de</strong> armazenamento (pre<strong>para</strong>ção<br />
no período chuvoso <strong>para</strong> utilização no período seco);<br />
O silo é indicado <strong>para</strong> criadores com pequenos rebanhos, que possam, por<br />
exemplo, armazenar dois a três cortes <strong>de</strong> suas capineiras, não utilizadas no período<br />
chuvoso;<br />
Preparo da Silagem<br />
Entre as forrageiras indicadas <strong>para</strong><br />
ensilagem figuram o milho, o sorgo e o capim<br />
elefante. A época recomendável <strong>para</strong> a colheita<br />
do milho ou do sorgo correspon<strong>de</strong> ao estádio<br />
entre grãos pastosos a farináceos. O capim<br />
elefante <strong>de</strong>ve ser cortado com ida<strong>de</strong> em torno <strong>de</strong><br />
60 dias ou com altura inferior a 1,80 m antes da<br />
floração. A prática <strong>de</strong> emurchecimento ( 12<br />
horas <strong>de</strong> exposição do capim ao sol antes <strong>de</strong><br />
triturar ) é indicada.<br />
A área on<strong>de</strong> será localizado o silo <strong>de</strong>ve<br />
ser plana, bem drenada e selecionada em função<br />
da proximida<strong>de</strong> dos locais <strong>de</strong> alimentação dos<br />
animais.<br />
O aro metálico <strong>de</strong>verá ser montado<br />
sobre o solo nivelado e revestido com palha <strong>para</strong><br />
evitar o contato da forragem com a terra. Não se<br />
recomenda o uso <strong>de</strong> lona plástica em lugar da<br />
palha, pois essa impe<strong>de</strong> a drenagem dos líquidos<br />
da silagem (efluentes).
A forragem po<strong>de</strong> ser picada no campo ou<br />
na boca do silo. O importante é que os pedaços<br />
fiquem com tamanho entre 2 e 3 cm, distribuídos<br />
<strong>de</strong> forma homogênea em camadas <strong>de</strong> 20-25 cm<br />
<strong>para</strong> facilitar o processo <strong>de</strong> compactação.<br />
A compactação <strong>de</strong> cada camada da<br />
forragem é obtida pelo caminhar <strong>de</strong> 3 a 4<br />
pessoas, inicialmente em círculos no centro do<br />
aro e progressivamente ampliando-se esse<br />
círculo até atingir as bordas da estrutura<br />
metálica.<br />
Dedicar especial atenção na compactação (com<br />
os pés) da forragem situada próxima à pare<strong>de</strong> do<br />
silo, <strong>para</strong> que ocorra a elevação do aro e a<br />
expulsão do ar.<br />
Utilizar réguas e marcas na pare<strong>de</strong> do<br />
silo <strong>para</strong> controlar a subida do aro <strong>de</strong> forma<br />
uniforme e corrigir os <strong>de</strong>sníveis intensificando a<br />
compactação nas áreas em que o aro estiver com<br />
menor elevação.<br />
Quando o silo atingir a altura <strong>de</strong> 2 m,<br />
<strong>de</strong>ve-se efetuar o abaulamento da forragem<br />
situada no seu topo, <strong>de</strong> modo a permitir uma<br />
melhor a<strong>de</strong>rência da lona <strong>de</strong> cobertura à<br />
forragem. Neste ponto, o silo estará<br />
praticamente pronto, bastando que o aro<br />
metálico seja retirado e se proceda a abertura<br />
<strong>de</strong> uma vala <strong>para</strong> fixação da lona <strong>de</strong> cobertura.<br />
Silos menores com 1,0 a 1,5 m po<strong>de</strong>m ser feitos<br />
se o produtor não tiver forragens suficientes.
Utilizar lona plástica <strong>de</strong> espessura 200<br />
micra e tamanho 8 x 8 m <strong>para</strong> cobrir o silo,<br />
fixando-se primeiro a lona no topo com cordas ou<br />
cordões e a seguir, <strong>de</strong> cima <strong>para</strong> baixo realiza-se a<br />
expulsão do ar, até a vedação final na base,<br />
fixando-se as extremida<strong>de</strong>s da lona <strong>de</strong>ntro da<br />
vala com cobertura <strong>de</strong> areia.<br />
Uma vez concluída a construção do silo,<br />
este <strong>de</strong>ve ser isolado <strong>para</strong> evitar a presença <strong>de</strong><br />
animais que possam danificar a lona, vindo a<br />
comprometer a qualida<strong>de</strong> ou até mesmo<br />
ocasionar a perda da silagem.<br />
Os silos <strong>de</strong>vem ser inspecionados<br />
regularmente e o produtor <strong>de</strong>ve ter disponível<br />
pedaços <strong>de</strong> lona e cola <strong>para</strong> re<strong>para</strong>r eventuais<br />
perfurações.<br />
A abertura do silo po<strong>de</strong>rá ser realizada<br />
quando transcorridos pelo menos 30 dias <strong>de</strong> sua<br />
conclusão. Durante o uso da silagem <strong>de</strong>ve-se ter<br />
o cuidado <strong>de</strong> eliminar as partes estragadas por<br />
mofo e exposições à água e ao ar.<br />
A retirada da silagem <strong>de</strong>verá ser em fatias<br />
no sentido vertical, acondicionada em carros-<strong>de</strong>mão,<br />
sacos ou outros <strong>de</strong>pósitos e conduzida ao<br />
local <strong>de</strong> fornecimento aos animais.
Silo <strong>de</strong> superfície<br />
.................<br />
Segurança Alimentar dos<br />
Rebanhos na Seca<br />
Francisco Canindé Maciel - EMBRAPA / EMPARN<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN<br />
Henrique Rocha <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros - EMPARN / Bolsista CNPq<br />
Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s - EMPARN<br />
Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq
SILO DE SUPERFÍCIE<br />
Introdução<br />
Armazenar forragens <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> <strong>para</strong> utilizá-las no período seco significa<br />
ir <strong>de</strong> encontro a um dos principais problemas da exploração pecuária nor<strong>de</strong>stina que é a<br />
estacionalida<strong>de</strong> da produção forrageira. Transferir o excesso <strong>de</strong> forragens produzido na<br />
estação chuvosa (3 a 5 meses) <strong>para</strong> sua utilização na seca (7 a 9 meses) é uma proposta<br />
tão óbvia que não encontra contestadores. A eficácia da ensilagem como alternativa <strong>para</strong><br />
enfrentar a escassez <strong>de</strong> forragens nos períodos <strong>de</strong> seca do Nor<strong>de</strong>ste brasileiro, é<br />
mencionada freqüentemente nos estudos <strong>de</strong> viabilida<strong>de</strong> da pecuária <strong>de</strong>ssa região.<br />
Na expressão popular “escapar o gado”, que muitas vezes significou a vitória do<br />
criador ao evitar a morte <strong>de</strong> seus animais nos períodos críticos <strong>de</strong> seca, po<strong>de</strong>m estar<br />
enraizados diversos valores culturais avessos aos processos <strong>de</strong> armazenamento e<br />
vinculados às habilida<strong>de</strong>s do produtor <strong>de</strong> retirar do ambiente inóspito, o alimento mínimo<br />
necessário à sobrevivência do gado. O problema situa-se na intrínseca imprevisibilida<strong>de</strong><br />
do regime pluvial da região e conseqüentemente, na incapacida<strong>de</strong> do criador em<br />
dimensionar o período <strong>de</strong> estresse alimentar a que estarão sujeitos seus animais. Assim<br />
sendo, em vez <strong>de</strong> perdas recuperáveis pelo ganho <strong>de</strong> peso compensatório do gado no<br />
início do período chuvoso, normalmente observam-se danos severos, claramente<br />
registrados nos índices produtivos e reprodutivos dos rebanhos manejados na caatinga e<br />
até na morte <strong>de</strong> animais.<br />
Por esse motivo, o armazenamento <strong>de</strong> forragens é o caminho certo <strong>para</strong> se<br />
melhorar os índices produtivos da pecuária regional e faz-se necessário que o produtor<br />
disponha <strong>de</strong> informações a<strong>de</strong>quadas sobre como <strong>de</strong> como fazê-lo. Por esses motivos,<br />
esta publicação tem como objetivo fornecer informações sobre práticas <strong>de</strong> ensilagem<br />
utilizando o silo <strong>de</strong> superfície.<br />
O silo <strong>de</strong> superfície é indicado <strong>para</strong> o preparo <strong>de</strong> silagem em pequenas e médias<br />
proprieda<strong>de</strong>s agrícolas, particularmente as <strong>de</strong> base familiar, <strong>para</strong> o armazenamento <strong>de</strong>
quantida<strong>de</strong>s maiores que 10 toneladas <strong>de</strong> forragem.<br />
Esses silos po<strong>de</strong>m ser alocados próximos à área <strong>de</strong> produção da forragem ou <strong>de</strong><br />
arraçoamento dos animais sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construções rurais. Esses locais<br />
preferencialmente <strong>de</strong>vem apresentar um pequeno <strong>de</strong>clive e não estarem sujeitos a<br />
encharcamento.<br />
No dimensionamento do silo <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar sua largura entre 5,0 a 5,5m e<br />
altura <strong>de</strong> 1,2 a 1,5 m. O comprimento varia em função do volume <strong>de</strong> forragem que se<br />
<strong>de</strong>seja armazenar. Não é recomendável construir silos muito gran<strong>de</strong>s. Em termos<br />
referenciais, um silo construído com 13 m <strong>de</strong> comprimento, 5 m <strong>de</strong> largura e 1,5 m <strong>de</strong><br />
altura, proporciona armazenamento <strong>de</strong> 35 a 40 t <strong>de</strong> silagem.<br />
Preparo do Silo <strong>de</strong> Superfície<br />
O sorgo, o milho e o capim<br />
elefante são as forrageiras mais indicadas<br />
<strong>para</strong> ensilagem. A época recomendável<br />
<strong>para</strong> a colheita das duas primeiras<br />
forrageiras, correspon<strong>de</strong> ao estádo <strong>de</strong><br />
grãos pastosos a farináceos. O capim<br />
elefante <strong>de</strong>ve ser cortado com ida<strong>de</strong> em<br />
torno <strong>de</strong> 60 dias ou com altura inferior a<br />
1,80 m antes da floração. A prática <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ixar o capim exposto ao sol por 12 horas<br />
antes <strong>de</strong> triturá-lo é indicada.
Demarcar a área retangular da base do silo<br />
utilizando piquetes nas extremida<strong>de</strong>s e os unindo por<br />
um barbante <strong>para</strong> manter o alinhamento das laterais.<br />
Proce<strong>de</strong>r a cobertura do terreno <strong>de</strong>marcado com<br />
palhas <strong>para</strong> evitar o contato direto da forragem com o<br />
solo. Não utilizar lonas plásticas, pois estas impe<strong>de</strong>m a<br />
drenagem dos líquidos da silagem (efluentes).<br />
A forragem po<strong>de</strong> ser triturada no campo ou junto<br />
ao silo, em partículas <strong>de</strong> 2 a 3 cm <strong>de</strong> tamanho,<br />
utilizando-se máquinas forrageiras ou colheita<strong>de</strong>iras.<br />
O material picado é então <strong>de</strong>positado no silo. Nesta<br />
ocasião, se forem utilizados aditivos como uréia<br />
(0,5%), melaço (3%) entre outros, estes <strong>de</strong>vem ser<br />
muito bem misturados à massa <strong>de</strong> forragem.<br />
Espalhar a forragem em toda a extensão do silo,<br />
em camada uniforme <strong>de</strong> 20-25 cm <strong>de</strong> espessura <strong>para</strong><br />
facilitar o processo <strong>de</strong> compactação.Cada uma das<br />
camadas subseqüentes <strong>de</strong>verá ter sua largura<br />
reduzida, pela diminuição <strong>de</strong> 15 cm em cada lateral,<br />
<strong>de</strong> maneira a ir dando a forma <strong>de</strong> trapézio invertido ao<br />
silo.<br />
Cada camada <strong>de</strong> forragem <strong>de</strong>ve ser<br />
criteriosamente compactada. O trator <strong>de</strong>ve ser<br />
operado em velocida<strong>de</strong> lenta, com movimentos <strong>de</strong> ida<br />
e vinda em toda a extensão do silo. Com o aumento da<br />
altura do silo, <strong>de</strong>ixar uma inclinação suave em suas<br />
extremida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> facilitar o trabalho do trator<br />
durante a <strong>de</strong>scarga e compactação da forragem.<br />
O silo ao atingir 1,2 a 1,5 m <strong>de</strong> altura, <strong>de</strong>ve ter as<br />
rampas <strong>de</strong> suas extremida<strong>de</strong>s preenchidas com<br />
forragem e sofrerem compactação com os pneus<br />
dianteiros do trator. Em seguida efetua-se o<br />
acabamento e nivelamento manual <strong>de</strong> toda a<br />
superfície da massa <strong>de</strong> forragem armazenada,<br />
utilizando-se ancinhos e enxadas.
Abrir uma valeta <strong>de</strong> 20 cm <strong>de</strong> largura por 10 cm<br />
<strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> em todos os lados do silo <strong>para</strong><br />
fixação da lona <strong>de</strong> cobertura. De preferência esta<br />
lona, <strong>de</strong>ve possuir espessura <strong>de</strong> 200 micra, e<br />
dimensões <strong>de</strong> comprimento e largura 3 m maiores<br />
que a base do silo.<br />
A lona <strong>de</strong>verá ser estendida cobrindo toda a<br />
extensão do silo com uma sobra <strong>de</strong> pelo menos 0,5<br />
m em todos os lados, <strong>para</strong> facilitar a sua fixação. Este<br />
processo tem inicio trabalhando-se na lateral que<br />
está a favor do vento, fixando-se a lona na valeta<br />
com areia. Após isso, procedimento similar é<br />
adotado na lateral oposta e em uma das<br />
extremida<strong>de</strong>s.<br />
Para expulsar o ar remanescente, melhorar a<br />
compactação e a proteção do silo, este <strong>de</strong>ve ser<br />
recoberto com uma camada <strong>de</strong> terra, iniciando-se<br />
pela extremida<strong>de</strong> já fechada, até atingir a outra<br />
extremida<strong>de</strong> que permanecia aberta. Esta prática<br />
aumenta a longevida<strong>de</strong> da lona por protegê-la da<br />
ação direta dos raios solares.<br />
Após a conclusão do silo, este <strong>de</strong>ve ser isolado<br />
<strong>para</strong> evitar que a presença <strong>de</strong> animais possa<br />
danificar a lona e comprometer a qualida<strong>de</strong> ou até<br />
mesmo ocasionar a perda da silagem.<br />
Os silos <strong>de</strong>vem ser inspecionados regularmente,<br />
a fim <strong>de</strong> verificar se existem perfurações na lona e<br />
consertá-las.<br />
A abertura do silo po<strong>de</strong>rá ser realizada quando<br />
transcorridos pelo menos 30 dias após sua<br />
conclusão. Durante a utilização da silagem <strong>de</strong>ve-se<br />
ter o cuidado <strong>de</strong> eliminar as partes estragadas e<br />
mofadas. A retirada da silagem <strong>de</strong>verá ser feita em<br />
fatias no sentido vertical, acondicionada em<br />
<strong>de</strong>pósitos (carro-<strong>de</strong>-mão, sacos, carroções) e<br />
transportada ao local do fornecimento.
XIQUEXIQUE<br />
.................<br />
Alternativa Alimentar <strong>para</strong><br />
Ruminantes em Secas Severas<br />
José Geraldo Me<strong>de</strong>iros da Silva - EMPARN<br />
Guilherme Ferreira da Costa Lima - EMBRAPA / EMPARN<br />
Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN<br />
Newton Auto <strong>de</strong> Souza - EMPARN<br />
Florisvaldo Xavier Gue<strong>de</strong>s - EMPARN<br />
Luciana Riu Ubach Castello Garcia - EMPARN / Bolsista CNPq
XIQUEXIQUE<br />
Introdução<br />
Em <strong>de</strong>terminadas<br />
regiões semi-áridas<br />
do Nor<strong>de</strong>ste<br />
brasileiro, as<br />
cactáceas nativas,<br />
particularmente o<br />
xiquexique<br />
( Pilosocereus<br />
gounellei A. Weber<br />
ex K. Schum.), são<br />
utilizadas durante<br />
secas drásticas como<br />
um dos principais suportes forrageiros <strong>para</strong> os ruminantes. Nesses<br />
períodos, em quase sua totalida<strong>de</strong>, o xiquexique é oriundo <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong><br />
ocorrência natural, o que indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> preservação e manejo<br />
sustentável da espécie. Apesar <strong>de</strong> ser utilizado como última reserva <strong>de</strong><br />
alimento e água <strong>para</strong> os animais, incrementos na produção animal<br />
po<strong>de</strong>rão ser alcançados se esse cacto for associado a outros alimentos.<br />
Para tanto, faz-se necessário o seu plantio <strong>para</strong> a formação <strong>de</strong> reservas<br />
estratégicas <strong>de</strong> forragem.<br />
Caracteristicas<br />
O xiquexique é um cacto colunar <strong>de</strong> porte baixo, que rebrota bem<br />
próximo à base, <strong>de</strong> 0,5 a 1,0 m do solo. Apresenta-se em forma <strong>de</strong><br />
can<strong>de</strong>labro, com 10 a 13 linhas <strong>de</strong> espinhos formando suas costelas.<br />
Desenvolve-se lentamente, em solos rasos, em cima <strong>de</strong> rochas e é<br />
resistente a altas temperaturas e baixa precipitação pluviométrica. Sua<br />
distribuição ocorre principalmente nas áreas mais secas da região semiárida<br />
nor<strong>de</strong>stina.
Plantio<br />
O plantio do<br />
xiquexique como reserva<br />
ecológica e forrageira<br />
contribui <strong>para</strong> minimizar a<br />
<strong>de</strong>gradação da caatinga e<br />
po<strong>de</strong> ser feito com<br />
estacas <strong>de</strong> 50 cm <strong>de</strong><br />
comprimento, em covas<br />
d e 1 5 c m d e<br />
profundida<strong>de</strong>, no sentido<br />
vertical, em solos com<br />
baixa fertilida<strong>de</strong>.<br />
Produtivida<strong>de</strong><br />
Resultados <strong>de</strong> pesquisa obtidos pela EMPARN no Campo<br />
Experimental e <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Cruzeta/RN, com plantio do xiquexique<br />
por estaquia com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6,5 anos, apresentaram, no espaçamento 1,5 x<br />
1,0 m uma produtivida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> 5.250 kg <strong>de</strong> forragem ver<strong>de</strong> e 1.008 kg<br />
<strong>de</strong> matéria seca e, no espaçamento 1,0 x 1,0 m, <strong>de</strong> 5.900 kg <strong>de</strong> forragem<br />
ver<strong>de</strong> e 1.120 kg <strong>de</strong> matéria seca por hectare.<br />
Utilização Animal<br />
Na caatinga, a colheita do<br />
xiquexique é feita manualmente<br />
pela retirada das brotações<br />
laterais, utilizando-se o facão e<br />
gancho próprio, tendo-se o cuidado<br />
<strong>de</strong> preservar o caule principal.
Posteriormente, o material colhido é transportado até o local <strong>de</strong><br />
fornecimento aos animais, on<strong>de</strong> serão queimados os espinhos por<br />
intermédio do lança-chamas a gás butano. Esse processo po<strong>de</strong>rá ocorrer<br />
<strong>de</strong> forma inversa, ou seja, após a colheita, a queima dos espinhos antes do<br />
transporte. Transcorridas 12 horas da queima dos espinhos, tritura-se o<br />
material colhido em máquina forrageira e fornece-se aos animais. Em<br />
função da suculência do material, é recomendável associá-lo a outros<br />
alimentos ricos em fibra e proteína, a exemplo <strong>de</strong> silagem e concentrados.<br />
Composição Química<br />
Matéria Seca (%)<br />
Matéria Seca ................................<br />
Proteína Bruta .............................<br />
Extrato Etéreo .............................<br />
Fibra em Detergente Neutro ........<br />
Cálcio ...........................................<br />
Fósforo .........................................<br />
12% a 20%<br />
5,00<br />
0,90<br />
40,00<br />
2,50<br />
0,08
Resultados Obtidos<br />
Ganho <strong>de</strong> peso<br />
<br />
<br />
GARROTAS (250 kg)<br />
Consumindo 50% (Xiquexique) + 50% (Silagem <strong>de</strong> Sorgo) + 1,7 kg<br />
(Concentrado)<br />
Ganho <strong>de</strong> Peso Vivo (kg/dia) = 0,45<br />
Consumindo 75% (Xiquexique) + 25% (Silagem <strong>de</strong> Sorgo) +1,7 kg<br />
(Concentrado)<br />
Produção <strong>de</strong> leite<br />
<br />
<br />
Ganho <strong>de</strong> Peso Vivo (kg/dia) = 0,40<br />
VACAS (520 kg)<br />
Consumindo 25% (Xiquexique) + 45% (Silagem <strong>de</strong> Sorgo) + 30%<br />
(Concentrado)<br />
Produção <strong>de</strong> leite (kg/dia) = 15,26<br />
Consumindo 50% (Xiquexique) + 20% (Silagem <strong>de</strong> Sorgo) + 30%<br />
(Concentrado)<br />
Produção <strong>de</strong> leite (kg/dia) = 14,72<br />
Preserve e multiplique o Xiquexique.<br />
Ele é uma reserva natural <strong>de</strong><br />
água e forragem.
Instalações e equipamentos<br />
rústicos parA<br />
caprinovinocultura<br />
.................<br />
Jorge Ferreira Torres - EMPARN<br />
Francisco Canindé MacieL - EMBRAPA / EMPARN
INSTALAÇÕES E EQUIPAMENTOS RÚSTICOS<br />
PARA A CAPRINOVINOCULTURA<br />
No semi-árido nor<strong>de</strong>stino, a caprinovinocultura <strong>de</strong>sponta como uma<br />
das ativida<strong>de</strong>s mais importantes e, tradicionalmente praticada junto à<br />
agricultura familiar.<br />
Diante da importância <strong>de</strong>ssa ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenhada por pequenos<br />
criadores faz-se necessária à adoção <strong>de</strong> tecnologias práticas e <strong>de</strong> fácil<br />
utilização.<br />
Instalações rústicas, tais como: apriscos, chiqueiros, cochos,<br />
bebedouros, currais, pedilúvios, fenis, saleiros, plataformas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha e<br />
esterqueiras po<strong>de</strong>m ser confeccionadas a partir <strong>de</strong> produtos e matériasprimas<br />
locais e <strong>de</strong> baixo custo.<br />
A construção <strong>de</strong>ssas instalações <strong>de</strong>ve ser orientada por um<br />
profissional habilitado. O aspecto econômico <strong>de</strong>ve sempre ser levado em<br />
consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planejamento até a execução da construção,<br />
procurando utilizar matérias-primas da própria fazenda com vistas a<br />
minimizar os custos e viabilizar o seu sistema <strong>de</strong> exploração, atentando,<br />
sobretudo, <strong>para</strong> o po<strong>de</strong>r aquisitivo do criador, o seu sistema <strong>de</strong> criação e a<br />
região.<br />
Rústicas ou sofisticadas, as instalações <strong>de</strong>vem ser funcionais <strong>para</strong><br />
facilitar o manejo dos animais, <strong>de</strong> modo a não afetar o comportamento<br />
dos mesmos <strong>para</strong> que os <strong>de</strong>sempenhos produtivo e reprodutivo não sejam<br />
prejudicados.<br />
As instalações <strong>de</strong>vem ser localizadas em terrenos livres <strong>de</strong><br />
encharcamento (<strong>para</strong> evitar excesso <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>), ter boa ventilação,<br />
permitir a entrada <strong>de</strong> sol durante algumas horas do dia e, <strong>de</strong> preferência,<br />
ficarem próximas à se<strong>de</strong> da proprieda<strong>de</strong>.<br />
A higienização é um aspecto <strong>de</strong> extrema importância na criação <strong>de</strong><br />
caprinos e ovinos, especialmente quando se refere aos currais, apriscos e<br />
centros <strong>de</strong> manejo.<br />
A construção <strong>de</strong> fenis (Figura 1) ou manjedouras (fixos ou
suspensos), cochos, plataformas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha, utilizando-se material da<br />
proprieda<strong>de</strong> (varas, estacotes) constitui-se numa alternativa viável <strong>para</strong> o<br />
pequeno criador que não dispõe <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> construir essas<br />
instalações com ma<strong>de</strong>ira serrada.<br />
A utilização <strong>de</strong> fenis ou manjedouras (fixos ou suspensos) <strong>para</strong><br />
administrar capim fresco ou em forma <strong>de</strong> feno, plantas <strong>de</strong> sorgo, milho,<br />
capim elefante, leucena e outras leguminosas nativas e cultivadas, evitará<br />
que os animais consumam o alimento contaminado por fezes, urina,<br />
poeira e germes encontrados no piso do chiqueiro.<br />
Figura 1. Cabras em alimentação com forragens<br />
ofertadas em fenil <strong>de</strong> vara.<br />
Cochos <strong>de</strong> formato triangular e/ou retangular (fixos ou suspensos -<br />
2,00 a 2,50 m <strong>de</strong> comprimento X 0,20 a 0,30 m <strong>de</strong> altura) (Figura 2a)<br />
também po<strong>de</strong>rão ser construídos com varas e estacotes amarrados com<br />
arame fino <strong>para</strong> administrar alimentos como silagens, plantas <strong>de</strong> milho,<br />
sorgo, capim elefante e leucena triturados.<br />
Os cochos acima <strong>de</strong>scritos também po<strong>de</strong>rão ser utilizados <strong>para</strong> o<br />
fornecimento <strong>de</strong> concentrados, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se aplique uma camada <strong>de</strong><br />
barro no fundo a fim <strong>de</strong> vedar as frestas entre as varas (como em casas <strong>de</strong><br />
taipa).<br />
Recomenda-se construir instalações suspensas e móveis <strong>para</strong> evitar<br />
que os animais entrem, pisem, e <strong>de</strong>fequem nos cochos, o que representa<br />
uma fonte <strong>de</strong> contaminação <strong>de</strong>ssas instalações e conseqüentemente, do<br />
alimento contido nas mesmas.
A construção <strong>de</strong> cochos móveis (em balanço) <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serrada<br />
(tábuas, barrotes) (Figura 2b) com formato triangular, trapezoidal ou<br />
retangular também se apresenta como alternativa viável <strong>para</strong> o<br />
fornecimento <strong>de</strong> alimentos, tanto <strong>para</strong> caprinos como <strong>para</strong> ovinos. Os <strong>de</strong><br />
formato triangular dificultam ainda mais a entrada dos animais, pelo fato<br />
<strong>de</strong> não possuírem uma base <strong>de</strong> apoio.<br />
Figura 2. a. Cocho móvel<br />
(em balanço) <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira serrada.<br />
a b<br />
b. Cocho triangular confeccionado<br />
com varas e estacotes amarrados com<br />
arame.<br />
Uma plataforma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha (Figura34) também po<strong>de</strong> ser construída<br />
a partir <strong>de</strong> materiais existentes na proprieda<strong>de</strong> (varas, estacotes). Ela<br />
po<strong>de</strong> ser mista,<br />
utilizando-se caibros e<br />
ripas inservíveis <strong>para</strong><br />
outras instalações.<br />
Utilizando essa<br />
instalação o or<strong>de</strong>nhador<br />
melhora sua postura e o<br />
leite fica menos sujeito<br />
a contaminação pelo<br />
fato <strong>de</strong> não ficar<br />
próximo do piso do<br />
chiqueiro, contribuindo<br />
<strong>para</strong> melhorar a<br />
qualida<strong>de</strong> do leite.<br />
Figura 3. Plataforma <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nha confeccionada com<br />
varas, estacotes, caibros e ripas usadas.
Os bebedouros (Figura 4a,b) se constituirão em fontes <strong>de</strong><br />
contaminação se não for feita a higiene a<strong>de</strong>quada, representando um<br />
sério problema sanitário <strong>para</strong> o rebanho face à fácil dispersão <strong>de</strong><br />
verminoses, especialmente <strong>para</strong> os animais jovens. Deve-se dar<br />
preferência àqueles em que a limpeza possa ser feita com freqüência.<br />
Nas proprieda<strong>de</strong>s nas quais existem reservatórios (caixas d'água), po<strong>de</strong>se<br />
utilizar bebedouros feitos com <strong>de</strong>pósitos vazios <strong>de</strong> óleo lubrificante<br />
(acima <strong>de</strong> 20 litros) ou em tubos <strong>de</strong> PVC (150 a 200 mm) munidos <strong>de</strong> bóia<br />
<strong>para</strong> restabelecer o nível da água após o consumo <strong>de</strong> cada animal.<br />
Figura 4. a. Bebedouro confeccionado artesanalmente em<br />
PVC <strong>de</strong> 15mm, e b. em <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong>scartável <strong>de</strong> plástico<br />
Os saleiros (Figura 5) po<strong>de</strong>m ser confeccionados <strong>de</strong> vários tipos e<br />
formatos. Uma das formas<br />
mais baratas e ecologicamente<br />
corretas <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong><br />
minerais aos animais é a<br />
utilização <strong>de</strong> um pneu<br />
pendurado na posição vertical,<br />
colocando-se o sal na parte<br />
interna. O saleiro <strong>de</strong>ve ser<br />
colocado embaixo <strong>de</strong> uma<br />
cobertura <strong>para</strong> evitar que no<br />
período chuvoso, o produto<br />
que está à disposição dos<br />
animais fique úmido.<br />
a b<br />
Figura 5. saleiro <strong>de</strong> “pneu”, barato e<br />
ecologicamente correto.
Para completar essas onstalações os criadores po<strong>de</strong>rão fazer uso <strong>de</strong><br />
diferentes equipamentos <strong>para</strong> armazenar alimentos como os silos cincho<br />
(Figura 6 e 7), enfarda<strong>de</strong>iras manuais (Figura 8 e 9) e secadores solares<br />
<strong>para</strong> trituração <strong>de</strong> forragens e pre<strong>para</strong>ção <strong>de</strong> fenos triturados (Figuras 10<br />
e 11).<br />
Figura 6 e 7. Silo Cincho<br />
Figura 8 e 9.<br />
Enfarda<strong>de</strong>ira manual<br />
Figura 10 e 11. Secador Solar <strong>para</strong> fenos triturados
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