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Apostila do Curso de Atualização em Ovinocultura - Capril Virtual

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CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

EM OVINOCULTURA<br />

Palestrantes:<br />

Carlos Eduar<strong>do</strong> C. Belluzo<br />

Carlos N. Kaneto<br />

Gustavo Martins Ferreira<br />

Coor<strong>de</strong>nação e Organização:<br />

Prof. Dr. Hamilton Caetano<br />

Prof. Dr. Luiz Eduar<strong>do</strong> Corrêa Fonseca<br />

Promoção:<br />

UNESP – CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA<br />

DEPARTAMENTO DE APOIO, PRODUÇÃO E SAÚDE ANIMAL<br />

CAMPUS DE ARAÇATUBA – SP<br />

Nov<strong>em</strong>bro - 2001


ÍNDICE<br />

I. INTRODUÇÃO A OVINOCULTURA 1<br />

1. Introdução 1<br />

2. Orig<strong>em</strong> e seleção natural 1<br />

3. Classificação zoológica 2<br />

4. Domesticação 3<br />

5. Clima 3<br />

6. Informações fisiológicas sobre ovinos 6<br />

7. Solo, topografia e qualida<strong>de</strong> das pastagens 7<br />

II. PRINCIPAIS RAÇAS OVINAS 8<br />

1. Raças especializadas na produção <strong>de</strong> lã fina 8<br />

2. Raças mistas 9<br />

3. Raças especializadas na produção <strong>de</strong> carne 9<br />

4. Raças <strong>de</strong>slanadas 11<br />

III. SISTEMA DE PRODUÇÃO 12<br />

IV. INSTALAÇÕES PARA OVINOS 13<br />

1. Pastagens 13<br />

2. Cercas 14<br />

3. Centro <strong>de</strong> manejo 16<br />

4. Cabanha 19<br />

5. Cochos 19<br />

6. Bebe<strong>do</strong>uros 20<br />

7. Equipamentos 20<br />

V. PASTAGENS PARA OVINOS 20<br />

1. Introdução 20<br />

2. Princípios básicos 23<br />

3. Hábitos <strong>de</strong> pastejo <strong>do</strong> ovino 24<br />

4. Produtivida<strong>de</strong> anual das pastagens e necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s ovinos 26<br />

5. Forrageiras mais indicadas 27<br />

6. Consorciação <strong>de</strong> gramíneas com leguminosas 30<br />

7. Manejo e lotação <strong>do</strong> pasto 32<br />

8. Importância da fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo 35


VI. CONSORCIAÇÃO DE OVINOS COM CULTURAS ANIMAIS E<br />

VEGETAIS<br />

1. Introdução 36<br />

2. Algumas culturas vegetais viáveis 36<br />

3. Consorciação com culturas animais: pastoreio múltiplo 41<br />

VII. NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE OVINOS 45<br />

1. Exigências nutricionais 46<br />

2. Supl<strong>em</strong>entação e rações 46<br />

3. confinamento <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros 48<br />

4. Creep-feeding 51<br />

5. Alimentos para ovinos: suas características 52<br />

VIII. ASPECTOS BÁSICOS EM UMA CRIAÇÃO DE OVINOS 61<br />

1. Reprodução 61<br />

2. Parição e lactação 66<br />

IX. SELEÇÃO E DESCARTE DE OVINOS 71<br />

1. Aspectos gerais 71<br />

2. Principais causas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte 72<br />

X. SANIDADE: PRINCIPAIS ENFERMIDADES DOS OVINOS 76<br />

1. Clostridioses 76<br />

2. Pasteurelose 78<br />

3. Diarréia <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros 79<br />

4. Podridão <strong>do</strong>s cascos (foot rot) 79<br />

5. Queratoconjuntivite 80<br />

6. Ectima contagioso 81<br />

7. Mastite 81<br />

8. Controle sanitário: principais recomendações 82<br />

9. Vias <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> medicamentos 84<br />

XI. SANIDADE: PRINCIPAIS DOENÇAS PARASITÁRIAS NA<br />

OVINOCULTURA<br />

1. Consi<strong>de</strong>rações gerais 89<br />

2. Controle 103<br />

XII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 105<br />

APÊNDICE: RAÇAS DE OVINOS 106<br />

35<br />

89


OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

I. INTRODUÇÃO A OVINOCULTURA<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Carvalho et al. (2001) e Sobrinho (1993).<br />

1. Introdução<br />

A ovinocultura foi uma das primeiras explorações animais levadas a efeito<br />

pelo hom<strong>em</strong>, no começo da civilização, proporcionan<strong>do</strong>-lhe alimento, <strong>em</strong> forma <strong>de</strong><br />

carne e leite, e proteção através da lã e da pele.<br />

As fibras <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> vegetais têm suas produções limitadas <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas<br />

regiões. A lã, ao contrário, é um produto que, <strong>em</strong> maior ou menor escala, é obti<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> quase todas as latitu<strong>de</strong>s.<br />

Com a reativação da ASPACO (Associação Paulista <strong>do</strong>s Cria<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Ovinos)<br />

<strong>em</strong> 1984 e a criação <strong>do</strong> <strong>de</strong>partamento <strong>de</strong> <strong>Ovinocultura</strong> pela CAFENOEL<br />

(Cooperativa <strong>do</strong>s Cafeicultores da Zona <strong>de</strong> São Manuel) <strong>em</strong> 1985, a ovinocultura<br />

paulista passou a se <strong>de</strong>stacar como mais uma opção agropecuária, l<strong>em</strong>bran<strong>do</strong>-nos<br />

<strong>de</strong> que a ovelha foi a primeira espécie <strong>do</strong>mesticada pelo hom<strong>em</strong>, acompanhan<strong>do</strong>-o<br />

pelo mun<strong>do</strong> inteiro, além <strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada, <strong>em</strong> muitas regiões, fonte <strong>de</strong><br />

subsistência para populações <strong>de</strong>sfavorecidas.<br />

As universida<strong>de</strong>s, instituições e órgãos <strong>de</strong> pesquisa liga<strong>do</strong>s à ovinocultura<br />

têm mostra<strong>do</strong> que o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo apresenta excelentes condições<br />

tecnológicas e ambientais para produzir racionalmente carne, lã, pele e até leite <strong>de</strong><br />

ovinos. A idéia <strong>de</strong> que ovino lana<strong>do</strong> só <strong>de</strong>ve ser cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> regiões frias é errônea. A<br />

lã é isolante térmico, protegen<strong>do</strong> tanto <strong>do</strong> frio quanto <strong>do</strong> calor. T<strong>em</strong>os como ex<strong>em</strong>plo<br />

a Austrália, que com seus rebanhos da raça Merino Australiano, cria<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

condições s<strong>em</strong>i<strong>de</strong>sérticas, é a maior produtora mundial <strong>de</strong> lã fina.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> é viável economicamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que obe<strong>de</strong>cidas certas<br />

normas, principalmente relacionadas aos manejos reprodutivo, nutricional e<br />

sanitário.<br />

2. Orig<strong>em</strong> e Seleção Natural<br />

O tronco original <strong>do</strong>s ovinos <strong>do</strong>mésticos <strong>de</strong>ve ser procura<strong>do</strong> no gênero Ovis e,<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>ste, nos grupos <strong>de</strong> ovinos selvagens representa<strong>do</strong>s pelo Argali (Ovis


OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

ammon), Urial (Ovis vignet) e Mouflon (Ovis musimon). Desses grupos, o Mouflon<br />

ainda é encontra<strong>do</strong> <strong>em</strong> esta<strong>do</strong> selvag<strong>em</strong> nas montanhas da Córsega e da Sar<strong>de</strong>nha.<br />

O Urial ainda existe no Irã, Afeganistão, partes da Índia e <strong>do</strong> Tibet.<br />

É conveniente reconhecer duas espécies <strong>de</strong> ovelhas selvagens: Ovis<br />

cana<strong>de</strong>nsis, a ovelha <strong>de</strong> corno grosso americana e Ovis ammon, a ovelha selvag<strong>em</strong><br />

asiática e européia. A Ovis cana<strong>de</strong>nsis nunca foi <strong>do</strong>mesticada e foi eliminada como<br />

antepassa<strong>do</strong> das ovelhas <strong>do</strong>mésticas por razões zoogeográficas. Só restou, como<br />

animal primitivo para a <strong>do</strong>mesticação, a Ovis ammon com suas subespécies.<br />

Atualmente, exist<strong>em</strong> no mun<strong>do</strong> mais <strong>de</strong> 800 raças <strong>de</strong> ovelhas <strong>do</strong>mésticas. A<br />

gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fenótipos sugeriu investigações sobre quais seriam as<br />

subespécies selvagens da ovelha <strong>do</strong>méstica, sen<strong>do</strong> provável que algumas<br />

subespécies tenham muda<strong>do</strong> <strong>de</strong> lugar <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a alterações climáticas ao final da<br />

época glacial. Também po<strong>de</strong>m ter <strong>de</strong>sapareci<strong>do</strong> algumas subespécies anteriores<br />

que intervieram na <strong>do</strong>mesticação.<br />

Durante as migrações <strong>do</strong>s povos e entre as tribos vizinhas, trocavam-se<br />

animais <strong>de</strong> cria. Alguns rebanhos <strong>de</strong> ovelhas <strong>do</strong>mésticas chegaram a regiões nas<br />

quais viviam outras subespécies, e com elas po<strong>de</strong>m ter se cruza<strong>do</strong>.<br />

Daí ser impossível <strong>de</strong>finir, atualmente, a espécie <strong>de</strong> ovelha selvag<strong>em</strong> que <strong>de</strong>u<br />

orig<strong>em</strong> às raças ovinas atuais.<br />

O menor tamanho <strong>do</strong>s animais é uma característica da <strong>do</strong>mesticação,<br />

referente às ovelhas que, <strong>em</strong> algumas estações <strong>do</strong> ano, sofriam restrições<br />

alimentares, <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong> perdas <strong>de</strong> peso e diminuição da produção <strong>de</strong> leite.<br />

No início, o hom<strong>em</strong> <strong>do</strong>mesticou as ovelhas por sua carne e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>monstrou interesse pelo leite, or<strong>de</strong>nhan<strong>do</strong> as ovelhas, constituin<strong>do</strong> uma nova<br />

orientação a cria. Entretanto, a mudança mais importante para o hom<strong>em</strong>, quanto à<br />

<strong>do</strong>mesticação, aconteceu quan<strong>do</strong> o pêlo da ovelha selvag<strong>em</strong> foi substituí<strong>do</strong> por<br />

fibras <strong>de</strong> lã. Não se po<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar se o aparecimento da ovelha <strong>de</strong> lã fina foi<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à mutação ou seleção, aproveitan<strong>do</strong>-se crias obtidas através <strong>de</strong> cruzamentos<br />

consangüíneos.<br />

3. Classificação Zoológica<br />

Reino: Animal<br />

Sub-reino: Vertebrata<br />

Filo: Chordata


OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

Classe: Mammalia<br />

Or<strong>de</strong>m: Ungulata<br />

Sub-or<strong>de</strong>m: Artiodactyla<br />

Grupo: Ruminantia<br />

Família: Bovidae<br />

Sub-família: Ovinae<br />

Gênero: Ovis<br />

Espécie: Ovis aries (ovinos <strong>do</strong>mésticos)<br />

4. Domesticação<br />

A ovelha foi <strong>do</strong>mesticada pelo hom<strong>em</strong> primitivo, no perío<strong>do</strong> neolítico, quatro<br />

ou cinco mil anos a.C.<br />

Quase to<strong>do</strong>s os animais <strong>do</strong>mésticos têm seus antece<strong>de</strong>ntes selvagens na<br />

Europa e na Ásia. A ovelha e a cabra parec<strong>em</strong> ser os primeiros animais a ser<strong>em</strong><br />

<strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>s. O hom<strong>em</strong> <strong>do</strong>mesticou a ovelha selvag<strong>em</strong> <strong>em</strong> seu habitat, facilitada<br />

pela redução <strong>do</strong> estresse <strong>de</strong> adaptação.<br />

5. Clima<br />

5.1. T<strong>em</strong>peratura<br />

O clima é um <strong>do</strong>s principais fatores que <strong>de</strong>terminam as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> êxito<br />

<strong>em</strong> uma criação <strong>de</strong> ovinos.<br />

O comportamento e a adaptação <strong>do</strong>s ovinos ao clima é variável com o<br />

indivíduo, a raça e o manejo que lhe é dispensa<strong>do</strong>.<br />

Embora a espécie ovina se encontre difundida <strong>em</strong> todas as regiões <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, verifica-se que as maiores concentrações populacionais <strong>de</strong>sta espécie estão<br />

nas zonas <strong>de</strong> clima t<strong>em</strong>pera<strong>do</strong> frio, isto é, <strong>em</strong> latitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 25º a 40º <strong>em</strong> ambos os<br />

h<strong>em</strong>isférios. Exceções a esta regra são observadas quan<strong>do</strong> a redução da latitu<strong>de</strong> é<br />

compensada pela altitu<strong>de</strong>, como no Peru, <strong>em</strong> zona equatorial (clima tropical), on<strong>de</strong><br />

ovinos são cria<strong>do</strong>s nos altiplanos da cordilheira <strong>do</strong>s An<strong>de</strong>s a mais <strong>de</strong> 3000 metros <strong>de</strong><br />

altura.


OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

A t<strong>em</strong>peratura t<strong>em</strong> atuação prepon<strong>de</strong>rante sobre os ovinos, principalmente<br />

nas proprieda<strong>de</strong>s da lã.<br />

Altas t<strong>em</strong>peraturas contribu<strong>em</strong> para a congestão permanente das partes<br />

superficiais da <strong>de</strong>rme, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> as camadas profundas da <strong>de</strong>rme ficar com má<br />

circulação, o que se contrapõe à nutrição <strong>do</strong>s folículos pilosos, com fibras ten<strong>de</strong>n<strong>do</strong><br />

a se tornar<strong>em</strong> finas e curtas. Com frio permanente, os fenômenos são inversos,<br />

tornan<strong>do</strong> as fibras mais grossas e longas.<br />

Na América <strong>do</strong> Sul, há uma região que se esten<strong>de</strong> <strong>do</strong> trópico <strong>de</strong> Capricórnio<br />

ao paralelo <strong>de</strong> 38º <strong>de</strong> latitu<strong>de</strong> Sul que apresenta clima subtropical úmi<strong>do</strong> (clima <strong>de</strong><br />

transição). Abrange o Sul <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

Paraná, os Esta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Santa Catarina e <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, o Uruguai, várias<br />

províncias da Argentina e pequena área <strong>do</strong> Paraguai, caracterizan<strong>do</strong>-se por verão<br />

quente e inverno fresco.<br />

A Austrália, um <strong>do</strong>s países <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> ovinos no mun<strong>do</strong>, t<strong>em</strong><br />

gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong> seu rebanho na área <strong>de</strong> clima subtropical úmi<strong>do</strong>, análogo ao da<br />

América <strong>do</strong> Sul. Por outro la<strong>do</strong>, as áreas secas <strong>do</strong> Oeste <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, as<br />

extensas regiões s<strong>em</strong>i-áridas da Austrália e da Patagônia po<strong>de</strong>m impedir a criação<br />

<strong>de</strong> bovinos, suportan<strong>do</strong> uma certa população ovina.<br />

5.2. Umida<strong>de</strong> Relativa<br />

Umida<strong>de</strong> relativa alta diminui a produção <strong>de</strong> lã, afetan<strong>do</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s,<br />

principalmente a suavida<strong>de</strong> ao tato.<br />

suarda.<br />

A umida<strong>de</strong> baixa torna a lã menos elástica e resistente, pela diminuição da<br />

Os ovinos adaptam-se e produz<strong>em</strong> melhor sob t<strong>em</strong>peraturas medianas, com<br />

umida<strong>de</strong> relativa média.<br />

5.3. Precipitação Pluviométrica<br />

Precipitação pluviométrica elevada e alto grau <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ar dificultam a<br />

evaporação da água <strong>do</strong> solo, favorecen<strong>do</strong>, com isso, a proliferação <strong>de</strong> agentes<br />

patológicos, prejudiciais a espécies ovina.<br />

Zelândia.<br />

A Tabela 1 mostra as condições climáticas <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil, Austrália e Nova


OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

Tabela 1. Situação geográfica e condições climáticas <strong>do</strong> Sul <strong>do</strong> Brasil, Austrália e<br />

Nova Zelândia.<br />

Local Situação<br />

geográfica<br />

(latitu<strong>de</strong> sul)<br />

Precipitação<br />

pluviométrica (m)<br />

T<strong>em</strong>peratura<br />

média (ºC)<br />

Brasil (Sul) 19º 34º 800-2000 18.0<br />

Austrália 11º 39º 400-2000 18.0<br />

Nova Zelândia 34º 47º 1500-2000 16.5<br />

As seguintes condições são próprias para a criação <strong>de</strong> ovinos:<br />

- t<strong>em</strong>peratura: mínima = 5º C<br />

máxima = 25º C<br />

- precipitação pluviométrica = 75 mm a 115 mm por mês, ou seja, 900 mm a 1380<br />

mm por ano.<br />

- umida<strong>de</strong> relativa entre 55 a 70% <strong>em</strong> altas t<strong>em</strong>peraturas e entre 65 e 91% <strong>em</strong><br />

baixas t<strong>em</strong>peraturas.<br />

5.4. Fotoperío<strong>do</strong><br />

As ovelhas são, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> geral, poliéstricas estacionais, apresentan<strong>do</strong> cios<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> <strong>do</strong> ano, não haven<strong>do</strong> uniformida<strong>de</strong> quanto ao início e<br />

duração da estação reprodutiva. Nas diferentes raças, a amplitu<strong>de</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

reprodutivo é <strong>de</strong>terminada pela orig<strong>em</strong> geográfica das mesmas.<br />

O fator que controla o início e o término da estação <strong>de</strong> reprodução nos ovinos<br />

é a variação entre as horas diárias <strong>de</strong> luz e <strong>de</strong> escuridão (fotoperío<strong>do</strong>), através <strong>do</strong><br />

estímulo exerci<strong>do</strong> sobre a hipófise. O <strong>de</strong>créscimo da luminosida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong><br />

aumentar a fertilida<strong>de</strong> das ovelhas, estimula o <strong>de</strong>sejo sexual e ativa a produção<br />

espermática <strong>do</strong>s carneiros.<br />

Na Figura 1, é apresentada a curva teórica <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> das raças produtoras<br />

<strong>de</strong> lã no Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Observa-se que, no momento <strong>em</strong> que a curva <strong>de</strong><br />

luminosida<strong>de</strong> está começan<strong>do</strong> sua ascensão, <strong>em</strong> julho (a), a curva <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cresce. Quan<strong>do</strong> o incr<strong>em</strong>ento das horas diárias <strong>de</strong> luz é muito acentua<strong>do</strong>, (agosto<br />

– set<strong>em</strong>bro), as ovelhas paralisam a ativida<strong>de</strong> sexual (b). Ao contrário, <strong>de</strong> março a


OVINOCULTURA CURSO DE ATUALIZAÇÃO<br />

maio, quan<strong>do</strong> é intensa a diminuição da luminosida<strong>de</strong>, a fertilida<strong>de</strong> atinge seu ponto<br />

máximo (c).<br />

Figura 1. Curva da fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ovelhas no Rio gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, Brasil, <strong>em</strong> função da<br />

luminosida<strong>de</strong>.<br />

6. Informações fisiológicas sobre ovinos<br />

6.1. Zona <strong>de</strong> termoneutralida<strong>de</strong><br />

T<strong>em</strong>peratura crítica inferior: -15ºC a + 5ºC<br />

T<strong>em</strong>peratura crítica superior: 40ºC<br />

6.2. T<strong>em</strong>peratura corporal (retal)<br />

Ovinos com mais <strong>de</strong> um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: 38,5 a 40ºC<br />

Ovinos até um ano <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>: 38,5 a 40,5ºC<br />

6.3. Freqüência respiratória<br />

Normal: 12 a 20 movimentos/minuto<br />

Sob altas t<strong>em</strong>peraturas: 400 movimentos/ minuto<br />

O estresse térmico (câmara climática) aumenta a freqüência respiratória e a<br />

radiação solar direta aumenta a taxa <strong>de</strong> su<strong>do</strong>rese.


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6.4. Valores fisiológicos normais <strong>do</strong> sangue da espécie ovina<br />

Tabela 2. Valores fisiológicos normais <strong>do</strong> sangue da espécie ovina.<br />

Valor <strong>de</strong> referência<br />

H<strong>em</strong>ácias (10 6 /mm 3 ) 8 a 16<br />

H<strong>em</strong>oglobina (g/100mL) 8 a 16<br />

H<strong>em</strong>atócrito (%) 24 a 50<br />

Leucócitos (10 3 /mm 3 ) 4 a 12<br />

Basófilos (%) 0 a 3<br />

Eosinófilos (%) 1 a 10<br />

Neutrófilos Bastonetes (%) 0 a 2<br />

Neutrófilos Segmenta<strong>do</strong>s (%) 10 a 50<br />

Linfócitos 40 a 75<br />

Monócitos 1 a 6<br />

7. Solo, Topografia e Qualida<strong>de</strong> das Pastagens<br />

O solo t<strong>em</strong> fundamental importância tanto na quantida<strong>de</strong> como na qualida<strong>de</strong><br />

das pastagens. A sua composição química <strong>de</strong>ve reunir os el<strong>em</strong>entos indispensáveis<br />

ao <strong>de</strong>senvolvimento das plantas que serão ingeridas pelos ovinos.<br />

Os solos arenosos são geralmente secos, muito permeáveis à água e, por<br />

isso, incapazes <strong>de</strong> fixar<strong>em</strong> os el<strong>em</strong>entos minerais. Neles, a vegetação é pouco<br />

variada e <strong>de</strong> baixo valor nutritivo. São chama<strong>do</strong>s campos pobres, on<strong>de</strong> não é<br />

possível criar raças especializadas para carne ou <strong>de</strong> dupla aptidão (carne e lã), mas<br />

somente raças pouco exigentes e produtoras <strong>de</strong> lã fina, como a Merino Australiano e<br />

a I<strong>de</strong>al.<br />

Solos <strong>de</strong> topografia aci<strong>de</strong>ntada, com pequenas camadas <strong>de</strong> terra arável, por<br />

ser<strong>em</strong> pouco profun<strong>do</strong>s, dificilmente permit<strong>em</strong> o estabelecimento <strong>de</strong> pastagens<br />

cultivadas, apesar da relativa fertilida<strong>de</strong>. Nesses campos, adaptam-se b<strong>em</strong> os ovinos<br />

<strong>de</strong> porte pequeno e médio, especialmente os <strong>de</strong> raça Merino, que são pouco<br />

exigentes nutricionalmente, mas sensíveis à umida<strong>de</strong>.<br />

Os solos argilosos, <strong>de</strong> um mo<strong>do</strong> geral, são profun<strong>do</strong>s, pouco permeáveis,<br />

porém com maior fertilida<strong>de</strong>. A vegetação pre<strong>do</strong>minante é <strong>de</strong> maior valor nutritivo,


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bastante variada e <strong>de</strong>nsa, permitin<strong>do</strong> o cultivo <strong>de</strong> forrageiras e a criação <strong>de</strong> raças <strong>de</strong><br />

dupla aptidão e as especializadas na produção <strong>de</strong> carne.<br />

A topografia <strong>de</strong>ve permitir o fácil escoamento das águas <strong>de</strong> chuva e um certo<br />

abrigo contra ventos frios. Os solos baixos, pouco permeáveis não são indica<strong>do</strong>s,<br />

favorecen<strong>do</strong> as afecções <strong>do</strong>s cascos e as infestações parasitárias <strong>do</strong>s ovinos.<br />

II. PRINCIPAIS RAÇAS OVINAS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Carvalho (2001). As fotos <strong>de</strong> animais <strong>de</strong> cada<br />

raça se encontram, <strong>em</strong> anexo, no final da apostila.<br />

1. Raças especializadas na produção <strong>de</strong> lã fina<br />

1.1. Merino Australiano<br />

Raça que apresenta lã <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong> e eleva<strong>do</strong> valor econômico,<br />

<strong>de</strong>stinada à fabricação <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s finos. Adapta-se perfeitamente às condições <strong>de</strong><br />

alta t<strong>em</strong>peratura e vegetação pobre <strong>em</strong> vista <strong>de</strong> seu pequeno porte e velo muito fino<br />

e <strong>de</strong>nso, que funciona como verda<strong>de</strong>iro isolante térmico. Não tolera, todavia,<br />

umida<strong>de</strong> excessiva. Em termos teóricos, teria 70% <strong>de</strong> potencial para produzir lã e<br />

30% para carne. A lã atinge, via <strong>de</strong> regra, as classes merina e amerinada.<br />

1.2. I<strong>de</strong>al ou Polwarth<br />

Originária da Austrália, a raça I<strong>de</strong>al possui <strong>em</strong> sua formação ¾ <strong>de</strong> sangue<br />

Merino Australiano e ¼ <strong>de</strong> sangue Lincoln, raça inglesa <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte e <strong>de</strong> lã<br />

grossa. O trabalho <strong>de</strong> seleção efetua<strong>do</strong> pelos Australianos <strong>de</strong>u como resulta<strong>do</strong> uma<br />

raça com excelente capacida<strong>de</strong> para produzir lã, aliada à produção <strong>de</strong> carcaça com<br />

<strong>de</strong>senvolvimento satisfatório. A lã é um pouco mais grossa que a da raça Merino<br />

Australiano, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência da infusão <strong>de</strong> sangue Lincoln, conservan<strong>do</strong>, no entanto,<br />

excelente qualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> classificação, enquadran<strong>do</strong>-se, basicamente, nas<br />

classes prima A e prima B.<br />

A raça I<strong>de</strong>al apresenta 60% <strong>de</strong> potencial para lã e 40% para carne.


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2. Raças Mistas<br />

2.1. Corriedale<br />

Raça mista por excelência (50% <strong>de</strong> potencial para lã e 50% <strong>de</strong> potencial para<br />

carne). Foi formada na Nova Zelândia, também a partir das Raças Merino<br />

Australiano e Lincoln, possuin<strong>do</strong>, porém, ½ sangue <strong>de</strong> cada. Em vista disto, sua lã<br />

se apresenta mais grossa que a da raça i<strong>de</strong>al (classificada como cruzadas 1 ou 2).<br />

Um pouco mais exigente que as raças anteriormente referidas, adapta-se b<strong>em</strong>,<br />

todavia, ao regime extensivo <strong>de</strong> exploração. É um fato natural que, à medida que<br />

aumenta o tamanho <strong>do</strong> animal, estarão se elevan<strong>do</strong>, paralelamente, seus<br />

requerimentos nutritivos.<br />

2.2. Romney Marsh<br />

Originária da Inglaterra, caracteriza-se pela produção <strong>de</strong> lã bastante grossa<br />

(pre<strong>do</strong>minant<strong>em</strong>ente cruzas <strong>de</strong> 3 e 4) e boa aptidão para a produção <strong>de</strong> carne. Um<br />

aspecto que cabe salientar, diz respeito a sua adaptabilida<strong>de</strong> a solos mais úmi<strong>do</strong>s,<br />

ten<strong>do</strong> <strong>em</strong> vista que sua região <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> é baixa e t<strong>em</strong> bastante umida<strong>de</strong>. Exige,<br />

porém, melhor nível nutricional que as raças já citadas. Apresenta 40% <strong>de</strong> potencial<br />

para produção <strong>de</strong> lã e 60% para produção <strong>de</strong> carne.<br />

3. Raças especializadas na produção <strong>de</strong> carne<br />

Este grupo é sabidamente mais exigente <strong>em</strong> termos nutricionais e <strong>de</strong><br />

ambiente <strong>em</strong> geral, adaptan<strong>do</strong>-se melhor às criações mais intensificadas, como no<br />

caso das pequenas proprieda<strong>de</strong>s. Nestas, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

trabalhar com gran<strong>de</strong>s rebanhos, o retorno econômico propicia<strong>do</strong> pela lã não seria<br />

tão significativo.<br />

3.1. Ile <strong>de</strong> France<br />

Originária da França, foi formada através <strong>de</strong> cruzamentos <strong>de</strong> raças inglesas<br />

com Merino Rambonillet. Foi introduzida no Brasil por volta <strong>de</strong> 1973 e teve uma boa


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aceitação <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir lã <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> relação às <strong>de</strong>mais<br />

raças <strong>de</strong> carne. São animais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, com bom <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> massa<br />

muscular nas regiões nobres (pernil, lombo e paleta).<br />

As fêmeas apresentam altos índices <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> e prolificida<strong>de</strong>, com média<br />

<strong>de</strong> 1,40 a 1,70 cor<strong>de</strong>iros por parto.<br />

Os cor<strong>de</strong>iros são bastante precoces, apresentan<strong>do</strong> ótimo ganho <strong>de</strong> peso, o<br />

que propicia a obtenção <strong>de</strong> carcaças <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

3.2. Hampshire Down<br />

Raça originária <strong>do</strong> Sul da Inglaterra através <strong>de</strong> cruzamentos entre carneiros<br />

Wiltshire e Berkshire. Também pertence ao grupo <strong>do</strong>s “Cara Negra” e expandiu-se<br />

bastante <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas regiões <strong>do</strong> Brasil, ten<strong>do</strong> se adapta<strong>do</strong> b<strong>em</strong> <strong>de</strong>ntro das<br />

condições <strong>de</strong> meio ambiente já comentadas. Possui gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> para<br />

produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong>.<br />

3.3. Poll Dorset<br />

Raça introduzida recent<strong>em</strong>ente no Brasil por uma cabanha paulista, no ano<br />

<strong>de</strong> 1991. É uma raça <strong>de</strong> carne, originária da Austrália. Em sua formação, entraram<br />

principalmente as raças I<strong>de</strong>al, Dorset Horn e Poll Merino. Embora <strong>de</strong> orig<strong>em</strong><br />

Australiana, os melhores rebanhos são Neozelan<strong>de</strong>ses, os quais sofreram um<br />

gran<strong>de</strong> melhoramento para produção <strong>de</strong> carne.<br />

Suas principais aptidões são a produção <strong>de</strong> carne <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong>,<br />

velo s<strong>em</strong> fibras meduladas e pigmentadas e não estacionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cio, sen<strong>do</strong> essa<br />

uma característica ainda não testada <strong>em</strong> condições brasileiras.<br />

3.4. Texel<br />

De orig<strong>em</strong> Holan<strong>de</strong>sa, foi introduzida no Brasil por volta <strong>de</strong> 1972. São animais<br />

que, também, apresentam lã branca e, por isso, são muito utiliza<strong>do</strong>s no cruzamento<br />

industrial com matrizes laneiras ou mistas. São animais bastante precoces,<br />

caracterizan<strong>do</strong>-se pela produção <strong>de</strong> carcaças <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, com baixo teor <strong>de</strong><br />

gordura.


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3.5. Suffolk<br />

Raça originária da Inglaterra através <strong>de</strong> cruzamentos entre ovelhas Norfolk<br />

(animais nativos da região su<strong>de</strong>ste da Inglaterra) com carneiros da raça South<strong>do</strong>wn.<br />

Foi aceita como raça a partir <strong>de</strong> 1859. Pertence ao grupo <strong>do</strong>s “Cara Negra”,<br />

apresentan<strong>do</strong> cabeça e m<strong>em</strong>bros totalmente <strong>de</strong>sprovi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> lã e cobertos por pelos<br />

negros. Adaptou-se b<strong>em</strong> ao Brasil, sen<strong>do</strong> criada nas mais diferentes regiões.<br />

As fêmeas têm boa habilida<strong>de</strong> materna, com gran<strong>de</strong> produção leiteira,<br />

permitin<strong>do</strong> alimentar b<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> um cor<strong>de</strong>iro. São animais bastante precoces,<br />

produzin<strong>do</strong> carcaças magras e <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

4. Raças <strong>de</strong>slanadas<br />

As raças <strong>de</strong>slanadas se apresentam como alternativa para regiões on<strong>de</strong> não<br />

é conveniente a exploração da lã, como, por ex<strong>em</strong>plo, regiões <strong>de</strong> vegetação<br />

ina<strong>de</strong>quada ou com carência <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra para tosquia.<br />

Destacam como produtoras <strong>de</strong> pele <strong>de</strong> ótima qualida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> que <strong>em</strong> São<br />

Paulo estão representadas principalmente pelas raças Santa Inês e Morada Nova.<br />

4.1. Morada Nova<br />

Raça nativa <strong>do</strong> Nor<strong>de</strong>ste, resultante possivelmente <strong>de</strong> seleção natural e<br />

recombinação <strong>de</strong> fatores <strong>em</strong> ovinos Bor<strong>de</strong>leiros e Churros trazi<strong>do</strong>s pelos<br />

coloniza<strong>do</strong>res portugueses. A ação continuada <strong>do</strong> ambiente quente e seco <strong>do</strong><br />

Nor<strong>de</strong>ste promoveu a perda da lã e a adaptação <strong>do</strong> animal. Apresenta pelag<strong>em</strong><br />

vermelha ou branca.<br />

São animais bastante rústicos, que se adaptam às regiões mais áridas,<br />

<strong>de</strong>s<strong>em</strong>penhan<strong>do</strong> importantes funções sociais.<br />

Produz<strong>em</strong> carne e, principalmente, peles <strong>de</strong> ótima qualida<strong>de</strong>, são ovelhas<br />

muito prolíferas.


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4.2. Santa Inês<br />

Exist<strong>em</strong> muitas hipóteses <strong>em</strong> relação à orig<strong>em</strong> da raça Santa Inês, como a<br />

que diz que esta é o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> cruzamento entre as raças Bergamácia (raça<br />

italiana) e Morada Nova; e a que cita a <strong>de</strong>scendência <strong>de</strong> ovelhas africanas, trazidas<br />

pelos escravos negros.<br />

O Santa Inês é um ovino <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, produzin<strong>do</strong> boas carcaças e peles<br />

fortes e resistentes. As fêmeas são ótimas cria<strong>de</strong>iras, parin<strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iros vigorosos,<br />

com freqüentes partos duplos e apresentan<strong>do</strong> excelente capacida<strong>de</strong> leiteira.<br />

A raça é caracterizada por quatro pelagens: branca, chitada, vermelha ou<br />

marrom e preta.<br />

III. SISTEMA DE PRODUÇÃO<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong>.Carvalho et al. (2001).<br />

Sen<strong>do</strong> o ovino ruminante, o mesmo é capaz <strong>de</strong> transformar as forragens<br />

inviáveis para consumo humano <strong>em</strong> proteína animal <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> valor biológico. O<br />

mais indica<strong>do</strong> para a sua criação é explorar os recursos pastoris, principalmente se<br />

levarmos <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o clima extr<strong>em</strong>amente propício ao <strong>de</strong>senvolvimento das<br />

forrageiras <strong>em</strong> nosso País.<br />

Em São Paulo, o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção que apresenta maior eficiência <strong>em</strong><br />

pasto é aquele que visa a obtenção <strong>do</strong>s principais produtos oriun<strong>do</strong>s da ovelha:<br />

carne, lã e pele. Esta eficiência é obtida quan<strong>do</strong> se realiza o cruzamento industrial,<br />

ou seja, ovelhas <strong>de</strong> raça <strong>de</strong> lãs, mistas ou <strong>de</strong>slanadas são cobertas por carneiros <strong>de</strong><br />

raça <strong>de</strong> carne. A lã <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> seria produzida pelas ovelhas. To<strong>do</strong>s os<br />

cor<strong>de</strong>iros ½ sangue, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nt<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> sexo, seriam abati<strong>do</strong>s após <strong>de</strong>smame e<br />

terminação, originan<strong>do</strong> carcaças <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

A prática <strong>de</strong>ste sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção possibilitará a existência <strong>de</strong>, no mínimo,<br />

três tipos <strong>de</strong> cria<strong>do</strong>res:<br />

• Os cabanheiros <strong>de</strong> raças mistas, que se encarregariam <strong>de</strong> produzir reprodutores<br />

melhora<strong>do</strong>res para rebanhos comerciais;<br />

• Os cabanheiros <strong>de</strong> raças <strong>de</strong> carne, encarrega<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produzir reprodutores tipo<br />

carne para utilização nos rebanhos comerciais;


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• O cria<strong>do</strong>r comercial <strong>de</strong> rebanho base <strong>de</strong> raça mista, adquirin<strong>do</strong> reprodutores<br />

submeti<strong>do</strong>s a constante processo <strong>de</strong> seleção e melhoramento.<br />

Mais uma opção <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção seria o ovinocultor<br />

especializa<strong>do</strong> <strong>em</strong> engordar cor<strong>de</strong>iros e/ou borregos para abate, seja <strong>em</strong> pastag<strong>em</strong><br />

ou mesmo <strong>em</strong> confinamento. A escolha <strong>de</strong> um ou outro tipo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

área disponível, das condições ambientais como um to<strong>do</strong> e da aptidão <strong>do</strong> cria<strong>do</strong>r.<br />

IV. INSTALAÇÕES PARA OVINOS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Carvalho et al. (2001) e Sobrinho (1993).<br />

O manejo <strong>do</strong>s ovinos po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> simples, quan<strong>do</strong> se pu<strong>de</strong>r dispor<br />

<strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra habilitada e infra-estrutura a<strong>de</strong>quada. As instalações necessárias<br />

para o perfeito manejo <strong>do</strong>s animais não são complexas, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>, no entanto, ser<br />

planejadas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> padrões específicos. Os principais componentes da estrutura<br />

necessária à implantação <strong>de</strong> uma ovinocultura serão <strong>de</strong>scritos a seguir.<br />

1. Pastagens<br />

Como já diss<strong>em</strong>os, o ovino é um ruminante. Portanto, a pastag<strong>em</strong> é, s<strong>em</strong><br />

dúvida, o primeiro fator a ser analisa<strong>do</strong>.<br />

Antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se ter conhecimento, através <strong>de</strong> uma análise, das<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> solo, saben<strong>do</strong>-se que são comuns a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> fósforo, eleva<strong>do</strong><br />

teor <strong>de</strong> alumínio (tóxico para as plantas) e o baixo pH (aci<strong>de</strong>z).<br />

A ovelha não tolera pastagens muito altas. Esta condição é altamente<br />

estressante à espécie, que t<strong>em</strong> por hábito o convívio comunitário e a busca das<br />

partes mais baixas <strong>do</strong> capim. Por isso, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> corrigir o solo, é recomendável<br />

formar pastagens com gramíneas <strong>de</strong> crescimento rasteiro.<br />

O manejo das pastagens é muito importante. Deve-se levar <strong>em</strong> conta o<br />

comportamento <strong>do</strong> capim, a época <strong>do</strong> ano, o microclima da região e também o<br />

comportamento animal. A subdivisão <strong>em</strong> piquetes vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r muito <strong>do</strong> espaço<br />

disponível. Em áreas pequenas não se recomendam muitas subdivisões, <strong>em</strong> função<br />

<strong>de</strong> alta concentração <strong>de</strong> animais <strong>em</strong> espaços reduzi<strong>do</strong>s, provocan<strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> índice<br />

<strong>de</strong> reinfestação parasitária.


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Para calculo <strong>de</strong> lotação trabalha-se com unida<strong>de</strong> animal (U.A), saben<strong>do</strong>-se<br />

que uma vaca equivale a 1 U.A e um ovino adulto a 0,2 U.A Sen<strong>do</strong> assim se, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, uma pastag<strong>em</strong> suportar 2 U.A por hectare equivaleria a 2 vacas ou 1 vaca<br />

e 5 ovelhas.<br />

Outros aspectos importantes na pastag<strong>em</strong> estão relaciona<strong>do</strong>s à drenag<strong>em</strong> e<br />

sombreamento. Os pastos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser isentos <strong>de</strong> alagadiços e áreas inundadas. A<br />

falta <strong>de</strong> sombra na pastag<strong>em</strong> é fator limitante para a reprodução. O estresse térmico<br />

provoca <strong>em</strong> ovelhas no inicio <strong>de</strong> gestação a reabsorção <strong>do</strong> <strong>em</strong>brião, e nos<br />

reprodutores a má qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> sêmen. Isto coloca <strong>em</strong> risco toda reprodução <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> um ano. Daí a importância da arborização <strong>do</strong>s pastos ou <strong>do</strong>s bosques<br />

naturais e artificiais para a proteção contra os ventos e, principalmente, radiação<br />

solar. A proporção <strong>do</strong>s bosques é <strong>de</strong> 0,5 hectare para cada 500 ovelhas.<br />

2. Cercas<br />

Figura 2. Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> cerca para ovinos (medidas <strong>em</strong> centímetros)<br />

As cercas para ovinos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser construídas com 6 á 7 fios <strong>de</strong> arame liso,<br />

mourões com espaçamentos <strong>de</strong> 10 metros e 4 a 5 tramas nos meios. O 1º fio <strong>de</strong><br />

arame <strong>de</strong>ve ficar a 10 cm <strong>do</strong> solo. O 2º e o 3º fios <strong>de</strong>v<strong>em</strong> distanciar 15 cm entre si e<br />

<strong>em</strong> relação ao 1º. Entre o 3º e o 4º fios o espaço <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 25 cm e entre o 4º, 5º e<br />

o 6º fios <strong>de</strong> 30 cm, dan<strong>do</strong> uma altura total <strong>de</strong> 1,30 m que servirá também para<br />

manter animais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte. No entanto, se a proprieda<strong>de</strong> já possuir cercas para<br />

bovinos, mesmo <strong>de</strong> arame farpa<strong>do</strong>, basta acrescentar 2 ou 3 fios nos espaços<br />

inferiores.


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A cerca elétrica po<strong>de</strong> ser utilizada na subdivisão <strong>de</strong> pasto. Neste caso são 2<br />

fios, um a 10 e outro a 20 cm <strong>do</strong> solo.<br />

2.1. Cercas <strong>de</strong> arame farpa<strong>do</strong><br />

Este material só é utiliza<strong>do</strong> para ovinos <strong>de</strong>slana<strong>do</strong>s, explora<strong>do</strong>s para<br />

produção exclusiva <strong>de</strong> carne. Deve ser construída com seis fios, com o seguinte<br />

espaçamento a partir <strong>do</strong> solo:<br />

1º fio – 5 cm<br />

2º fio – 10 cm<br />

3º fio – 15 cm<br />

4º fio – 15 cm<br />

5º fio – 20 cm<br />

6º fio – 25 cm<br />

Total – 90 cm <strong>de</strong> altura<br />

Em locais on<strong>de</strong> há consorciação com eqüinos e bovinos, a altura da cerca<br />

será dimensionada <strong>em</strong> função <strong>de</strong>stes, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se construí-la <strong>de</strong> arame farpa<strong>do</strong>,<br />

colocan<strong>do</strong>-se arame liso galvaniza<strong>do</strong> apenas nos vãos inferiores.<br />

2.2. Cercas <strong>de</strong> arame liso<br />

É o mais utiliza<strong>do</strong>. Geralmente usamos fio ovala<strong>do</strong>, galvaniza<strong>do</strong>, nº 15/17<br />

(1000 m/ 15 Kg).<br />

Espaçamento <strong>do</strong>s fios:<br />

1º fio – 10 cm<br />

2º fio – 15 cm<br />

3º fio – 20 cm<br />

4º fio – 25 cm<br />

5º fio – 25 cm<br />

2.2.1.Cerca <strong>de</strong> 5 fios:<br />

Total – 95 cm <strong>de</strong> altura


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1º fio – 10 cm<br />

2º fio – 15 cm<br />

3º fio – 20 cm<br />

4º fio – 25 cm<br />

5º fio – 30 cm<br />

6º fio – 30 cm<br />

2.2.2. Cerca <strong>de</strong> 6 fios:<br />

Total – 1,30 m <strong>de</strong> altura (Aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> não só aos ovinos, como também aos bovinos e<br />

eqüinos).<br />

3. Centro <strong>de</strong> Manejo<br />

Como o próprio nome diz, esta indispensável instalação centraliza,<br />

funcionalmente, todas as práticas com o rebanho (Figura 3). É composto <strong>de</strong>:<br />

• Mangueiras: têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> facilitar a repartição <strong>do</strong> rebanho nas várias<br />

categorias <strong>de</strong>sejadas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> a caber um numero razoável <strong>de</strong> uma soa<br />

vez. Po<strong>de</strong>m ser feitas <strong>de</strong> tábuas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira ou outro material que a substitua,<br />

numa altura <strong>de</strong> 1 metro. Consi<strong>de</strong>rar 1m 2 / animal<br />

• Tronco <strong>de</strong> contensão (Figura 4): preferencialmente <strong>de</strong> tábua, <strong>de</strong>ve ter 90 cm<br />

<strong>de</strong> altura, e <strong>de</strong> 6 a 12 m <strong>de</strong> comprimento, abertura superior a 50cm inferior a<br />

30 cm. Outro mo<strong>de</strong>lo é o tronco no sist<strong>em</strong>a australiano, <strong>em</strong> que a largura é<br />

maior e no qual se enfileiram vários animais sen<strong>do</strong> que o trata<strong>do</strong>r caminha<br />

entre eles.<br />

• Pedilúvio: Para tal, po<strong>de</strong> ser aproveita<strong>do</strong> o piso <strong>do</strong> tronco ou ainda uma<br />

mangueira menor, com profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 10 cm. Requer atenção para não<br />

<strong>de</strong>ixar bordas que permitam que o animal <strong>de</strong>ixe os cascos fora da solução.


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Figura 3. Planta baixa <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> manejo.


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Figura 4. Vista frontal <strong>do</strong> tronco <strong>de</strong> contenção<br />

• Banheiro anti-sárnico (Figura 5): para controlar as parasitoses externas <strong>do</strong><br />

ovino (basicamente, sarna e piolho). Esta é a parte mais cara <strong>do</strong> centro <strong>de</strong><br />

manejo,mas indispensável para aquelas criações on<strong>de</strong> a lã t<strong>em</strong><br />

representativida<strong>de</strong> importante <strong>em</strong> termos econômicos. O tanque <strong>de</strong> imersão,<br />

<strong>em</strong> concreto, <strong>de</strong>ve ter 60cm <strong>de</strong> largura, 1,20m <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> e no mínimo<br />

8m <strong>de</strong> comprimento, com rampa <strong>de</strong> saída inician<strong>do</strong>- se 4m após a entrada.<br />

Estas medidas não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser superiores se não houver pretensão <strong>de</strong><br />

expandir o rebanho, uma vez que o excesso <strong>do</strong> produto utiliza<strong>do</strong> torna a<br />

prática <strong>de</strong> alto custo. Ao final da rampa <strong>de</strong> saída <strong>de</strong>verá haver <strong>do</strong>is currais<br />

cimenta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s escorre<strong>do</strong>uros, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> retornar à<br />

banheira parte da solução absorvida pela lã, após a passag<strong>em</strong> por uma caixa<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>cantação.<br />

Figura 5. Vista lateral da banheira e pedilúvio


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• Local <strong>de</strong> tosquia: po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> um barracão já existente na proprieda<strong>de</strong>, ou<br />

mesmo uma mangueira <strong>do</strong> centro <strong>de</strong> manejo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenha piso cimenta<strong>do</strong>,<br />

cobertura e energia elétrica.<br />

• Cobertura: <strong>de</strong>verá cobrir essencialmente o tronco <strong>de</strong> contenção, a banheira anti-<br />

sárnica e escorre<strong>do</strong>uros, além <strong>do</strong> local para tosquia.<br />

4. Cabanha<br />

Trata-se <strong>de</strong> uma instalação com piso ripa<strong>do</strong>, elevada <strong>do</strong> solo, que t<strong>em</strong> por<br />

finalida<strong>de</strong> principal abrigar reprodutores, animais <strong>de</strong> exposição e <strong>de</strong> alto nível.<br />

Portanto é dispensável nas criações comerciais. É conveniente que nas cabanhas<br />

<strong>de</strong>stinadas a abrigar reprodutores <strong>de</strong> raças <strong>de</strong> carne não se use o piso ripa<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

função <strong>do</strong>s probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> aprumo que po<strong>de</strong>m causar.<br />

5. Cochos<br />

Os cochos são usa<strong>do</strong>s basicamente para o fornecimento <strong>de</strong> sal mineral e<br />

rações . No campo, os cochos <strong>de</strong> sal po<strong>de</strong>m seguir vários mo<strong>de</strong>los, assim como os<br />

<strong>de</strong> ga<strong>do</strong>, mas <strong>em</strong> menores proporções. Po<strong>de</strong>m ser constituí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualquer material<br />

que não contamine o produto forneci<strong>do</strong>, como ma<strong>de</strong>ira, fibra e cimento. Os cochos<br />

<strong>de</strong> sal <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong> fácil manipulação, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se transporta-los <strong>de</strong> um piquete<br />

para outro, conforme o uso. A cobertura é importante para evitar que o sal seja<br />

molha<strong>do</strong> <strong>em</strong> dias <strong>de</strong> chuva.<br />

Ao contrário <strong>do</strong> sal, os cochos para rações <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter medidas mínimas para<br />

aten<strong>de</strong>r a to<strong>do</strong>s animais que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> acostuma<strong>do</strong>s, procuram a dieta avidamente.<br />

Estes são usa<strong>do</strong>s mais especificamente nas cabanhas ou nos confinamentos. Os<br />

cochos para confinamento <strong>de</strong>v<strong>em</strong> oferecer <strong>de</strong> 10 a 15cm/cabeça, no caso <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros, e <strong>de</strong> 25 a 30 cm/cabeça, para os animais adultos. As outras medidas<br />

po<strong>de</strong>m variar <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 30 cm para a largura, 20 a 25 cm para a profundida<strong>de</strong> e<br />

15 a 30 cm distantes <strong>do</strong> solo, conforme a categoria.<br />

Tambores serra<strong>do</strong>s ao meio funcionam b<strong>em</strong> para oferecer alimentos no pasto,<br />

como silagens.


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As manje<strong>do</strong>uras para fornecimento <strong>de</strong> capins e fenos segu<strong>em</strong> as medidas <strong>de</strong><br />

10 cm entre ripas verticais <strong>de</strong> 5 cm, sain<strong>do</strong> <strong>de</strong> um ângulo <strong>de</strong> 45º. As telas, como as<br />

<strong>de</strong> alambra<strong>do</strong>, também funcionam na substituição das ripas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Na<br />

cabanha, as manje<strong>do</strong>uras construídas sobre o cocho permit<strong>em</strong> um maior<br />

aproveitamento <strong>do</strong> volumoso.<br />

6. Bebe<strong>do</strong>uros<br />

A água po<strong>de</strong> ser fornecida <strong>em</strong> caixas <strong>de</strong> alvenaria providas <strong>de</strong> bóia, ou<br />

recipientes <strong>de</strong> fácil manutenção e limpeza.<br />

Nas cabanhas, o sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> que cada baia apresenta seu bebe<strong>do</strong>uro, on<strong>de</strong><br />

to<strong>do</strong>s são alimenta<strong>do</strong>s por uma única caixa provida <strong>de</strong> bóia, é o mais recomendável<br />

pela eficiência <strong>de</strong> manutenção e limpeza.<br />

7. Equipamentos<br />

São poucos os equipamentos necessários para a ovinocultura. De mo<strong>do</strong><br />

geral, eles não são muito diferentes <strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s para bovinos e eqüinos.<br />

São eles: tesoura para corte <strong>de</strong> lã (martelo), tesoura para aparo <strong>do</strong>s cascos,<br />

pistola <strong>de</strong> vermifugação e vacinação, tatua<strong>do</strong>r ou alicate para brincos, ripa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira para tosquia, seringas, agulhas, e outros.<br />

V. PASTAGENS PARA OVINOS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong>.Sobrinho (1993) e Cunha et al. (1999).<br />

1. Introdução<br />

A produção <strong>de</strong> ovinos <strong>de</strong> corte se apresenta como uma boa opção <strong>de</strong><br />

ativida<strong>de</strong> econômica aos pecuaristas, <strong>em</strong>bora essa ativida<strong>de</strong> agropecuária s<strong>em</strong>pre<br />

teve a sua imag<strong>em</strong> ligada à produção <strong>de</strong> lã. Todavia essa associação v<strong>em</strong> sofren<strong>do</strong><br />

uma mudança acentuada, seja <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s baixos preços alcança<strong>do</strong>s pela lã,<br />

tanto no merca<strong>do</strong> interno como externo, seja pelo crescente aumento na <strong>de</strong>manda


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da carne ovina, mais especificamente pela carne <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iro. Em face disso os<br />

cria<strong>do</strong>res têm procura<strong>do</strong> direcionar a criação neste senti<strong>do</strong>.<br />

Em São Paulo, nos últimos anos t<strong>em</strong>-se verifica<strong>do</strong> não só um aumento no<br />

efetivo <strong>do</strong>s rebanhos, mas também no número <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s envolvidas nessa<br />

ativida<strong>de</strong>. Apesar <strong>de</strong> ainda não estar <strong>de</strong>finitivamente estabeleci<strong>do</strong>, n<strong>em</strong><br />

a<strong>de</strong>quadamente dimensiona<strong>do</strong>, o merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> carne ovina v<strong>em</strong> apresentan<strong>do</strong><br />

crescimento inconteste, o que se reflete nos preços relativamente altos observa<strong>do</strong>s<br />

<strong>em</strong> nível <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r. Essa maior <strong>de</strong>manda, todavia, é específica para<br />

carcaças <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, ou seja, com peso médio <strong>de</strong> 12 a 13 kg, provenientes <strong>de</strong><br />

animais novos, com no máximo 120 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Até essa ida<strong>de</strong>, os animais<br />

mostram alta velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento e maior eficiência no aproveitamento <strong>de</strong><br />

alimentos menos fibrosos que animais mais velhos, apresentan<strong>do</strong> uma proporção<br />

significativamente maior <strong>do</strong> corte traseiro <strong>em</strong> relação ao dianteiro e costilhar e, ainda<br />

um nível a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong> gordura corporal, suficiente para propiciar uma leve cobertura<br />

da carcaça, protegen<strong>do</strong>-a contra a perda excessiva <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> durante o processo<br />

<strong>de</strong> resfriamento e um mínimo <strong>de</strong> gordura intramuscular, a qual garante o paladar<br />

característico da carne ovina, o que alia<strong>do</strong> a pouca maturida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s feixes<br />

musculares <strong>do</strong> animal jov<strong>em</strong>, garante um bom nível <strong>de</strong> maciez.<br />

Mesmo na região Sul <strong>do</strong> país, on<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte <strong>do</strong>s planteis possui na lã o<br />

objetivo maior da criação, se t<strong>em</strong> verifica<strong>do</strong> uma maior preocupação na exploração<br />

mais intensiva da produção <strong>de</strong> carne. Para isso, utiliza-se reprodutores <strong>de</strong> raças com<br />

maior potencial para ganho <strong>de</strong> peso sobre os planteis já existentes <strong>de</strong> ovelhas <strong>de</strong><br />

raças lanígeras (Corriedale, I<strong>de</strong>al e Merino). Assim, busca-se a obtenção <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros mais precoces e com melhor caracterização <strong>de</strong> carcaça, manten<strong>do</strong>-se,<br />

ainda a produção <strong>de</strong> lã pelas matrizes.<br />

Na região su<strong>de</strong>ste t<strong>em</strong>-se torna<strong>do</strong> usual a utilização <strong>de</strong> matrizes comuns, s<strong>em</strong><br />

raça <strong>de</strong>finida, ou ainda <strong>de</strong> animais <strong>de</strong>slana<strong>do</strong>s, notadamente da raça Santa Inês,<br />

mantidas <strong>em</strong> pastagens e cruzadas com reprodutores <strong>de</strong> raças <strong>de</strong> corte, Suffolk e Ile<br />

<strong>de</strong> France. As crias são amamentadas <strong>em</strong> pastagens exclusivas para matrizes com<br />

crias ao pé, sen<strong>do</strong> confina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> <strong>de</strong>smame ao abate. Em algumas criações a<strong>do</strong>ta-se<br />

o confinamento das mães e crias já a partir <strong>do</strong> nascimento, o que possibilita a<br />

a<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> <strong>de</strong>smame precoce aos 45 dias, o que resulta <strong>em</strong> níveis <strong>de</strong> ganho <strong>de</strong> peso<br />

bastante eleva<strong>do</strong>s, além <strong>de</strong> menor mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crias.<br />

Através <strong>de</strong>sse sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> criação, consegue-se animais com peso vivo entre<br />

28 e 30 kg, consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> i<strong>de</strong>al para abate, com ida<strong>de</strong>s inferiores aos 120 dias. Para


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tanto, o peso ao nascer <strong>de</strong>ve estar <strong>em</strong> torno <strong>do</strong>s 3,5 kg com o <strong>de</strong>smame ocorren<strong>do</strong><br />

entre 45-60 dias, com os animais pesan<strong>do</strong> entre 15 e 19 kg. Para tanto a expectativa<br />

<strong>de</strong> ganho diário <strong>de</strong> peso vivo irá aproximar-se <strong>de</strong> 280 e 240 g, respectivamente nos<br />

perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> pré e pós <strong>de</strong>smame.<br />

Esses índices, todavia, não são obti<strong>do</strong>s unicamente pela utilização <strong>de</strong> bons<br />

reprodutores <strong>de</strong> raças <strong>de</strong> corte. Há ainda que se consi<strong>de</strong>rar vários outros pontos<br />

igualmente importantes tais como o nível alimentar e sanitário, tanto das matrizes<br />

como das crias, o uso <strong>de</strong> instalações a<strong>de</strong>quadas e <strong>de</strong> técnicas corretas <strong>de</strong> manejo.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista econômico, vale frisar que o ganho <strong>do</strong> produtor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> um la<strong>do</strong> da maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> comercialização, ou seja, <strong>de</strong>ve-<br />

se buscar obter maior número possível <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros por ano e por hectare <strong>de</strong> área<br />

utilizada para a produção <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> (pastag<strong>em</strong>, campineira e para material para<br />

ensilag<strong>em</strong>), e <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve-se buscar o menor custo <strong>de</strong> produção possível,<br />

todavia s<strong>em</strong> prejuízo da qualida<strong>de</strong>.<br />

Dessa maneira para se obter resulta<strong>do</strong>s positivos na ovinocultura é preciso<br />

além <strong>do</strong> bom <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho e qualida<strong>de</strong> individual <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros, ter-se ainda uma<br />

elevada disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> animais para abate, o que quer dizer, eleva<strong>do</strong> número <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros nasci<strong>do</strong>s (eficiência reprodutiva) e <strong>de</strong>smama<strong>do</strong>s (baixa mortalida<strong>de</strong> e alta<br />

aptidão materna) e, principalmente, um baixo custo <strong>de</strong> produção.<br />

A maior eficiência reprodutiva é obtida pela seleção rigorosa das matrizes<br />

dan<strong>do</strong>-se preferência àquelas oriundas <strong>de</strong> parto múltiplo e <strong>de</strong>scartan<strong>do</strong>-se aquelas<br />

que apresent<strong>em</strong> ida<strong>de</strong> à primeira cobertura e intervalo entre partos superiores há 12<br />

meses. Deve-se buscar ainda peso ao nascer igual ou superior a 3,0 kg e peso ao<br />

<strong>de</strong>smame igual ou superior a 15,0 ou 19,0 kg, respectivamente aos 45 ou 60 dias <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>. Também um bom manejo reprodutivo e nutricional, como a realização <strong>do</strong><br />

“flushing” e o uso <strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> nível nutricional no terço final da gestão, <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

receber especial atenção, <strong>de</strong> forma a se trabalhar com índices <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> e<br />

prolificida<strong>de</strong> acima <strong>do</strong>s 85% e 150% respectivamente.<br />

A maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros para abate é obtida ainda com a<br />

diminuição da mortalida<strong>de</strong> das crias, resulta<strong>do</strong> da utilização <strong>de</strong> esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> manejo<br />

sanitário e técnicas criatórias a<strong>de</strong>quadas, incluin<strong>do</strong> a vacinação preventiva, seleção<br />

<strong>de</strong> fêmeas com maior habilida<strong>de</strong> materna e a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> práticas cuida<strong>do</strong>sas <strong>de</strong><br />

manejo das crias, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o parto até o abate.<br />

Já a diminuição <strong>do</strong> custo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das medidas anteriores e,<br />

mais ainda da produção <strong>de</strong> alimentos <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quadas, mas a


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baixo custo. Para isso, a base da alimentação <strong>de</strong>ve ser constituída <strong>de</strong> volumosos <strong>de</strong><br />

boa qualida<strong>de</strong>, ou seja, <strong>de</strong> alto valor nutritivo, o que quer dizer: alta concentração <strong>em</strong><br />

nutrientes, alta digestibilida<strong>de</strong> e alta aceitabilida<strong>de</strong> pelos animais.<br />

2. Princípios básicos<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as condições <strong>de</strong> clima e solo e ainda as características da<br />

estrutura e divisão fundiária pre<strong>do</strong>minantes na região Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil, a utilização<br />

<strong>de</strong> pastag<strong>em</strong> formadas por forrageiras <strong>de</strong> elevada produtivida<strong>de</strong> e bom valor<br />

nutritivo, utilizadas <strong>em</strong> regime <strong>de</strong> pastejo intensivo, mostra-se como uma das<br />

alternativas <strong>de</strong> maior interesse para a ovinocultura intensiva.<br />

É importante ressaltar que as ovelhas <strong>em</strong> fase final <strong>de</strong> gestação,<br />

principalmente aquelas com crias múltiplas no ventre, apresentam altos níveis <strong>de</strong><br />

exigência nutricional, o que quer dizer, necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> aporte <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>s<br />

consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> proteína, energia, minerais e vitaminas.<br />

Pastag<strong>em</strong> com elevada disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forragens <strong>de</strong> alto valor nutritivo<br />

po<strong>de</strong>m suprir a totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes necessários, tanto à manutenção corporal<br />

das matrizes como às <strong>de</strong>mandas da gestação. Já <strong>em</strong> condições <strong>de</strong> pastagens mais<br />

fracas, seja <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria seca (MS) ou baixa qualida<strong>de</strong><br />

da espécie forrageira pre<strong>do</strong>minante no pasto, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entação<br />

alimentar <strong>de</strong> forma a se fornecer, <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong>, os nutrientes que a<br />

pastag<strong>em</strong> não consegue suprir. Nessas condições é necessária a utilização<br />

excessiva <strong>de</strong> concentra<strong>do</strong>s na alimentação das matrizes, o que eleva<br />

significativamente o custo <strong>de</strong> produção e po<strong>de</strong> comprometer a viabilida<strong>de</strong> econômica<br />

da ativida<strong>de</strong>.<br />

A obtenção <strong>de</strong> boas pastagens para a utilização com ovinos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

atendimento <strong>de</strong> alguns pontos básicos:<br />

• Uso <strong>de</strong> forrageiras produtivas e <strong>de</strong> eleva<strong>do</strong> valor nutritivo, ou seja, com alta<br />

aceitabilida<strong>de</strong> pelos ovinos, elevada concentração <strong>em</strong> nutrientes (energia<br />

proteína, minerais e vitaminas) e boa digestibilida<strong>de</strong>.<br />

• A utilização <strong>de</strong> gramíneas <strong>de</strong> porte médio a baixo, com altura inferior a 1,0 m,<br />

são mais a<strong>de</strong>quadas ao comportamento <strong>do</strong>s ovinos <strong>em</strong> pastejo.<br />

• Manutenção <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s às exigências da<br />

forrageira utilizada, com reposição <strong>do</strong>s nutrientes r<strong>em</strong>ovi<strong>do</strong>s pelo pastejo e<br />

lixiviação através <strong>de</strong> adubações <strong>em</strong> épocas estratégicas.


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• A<strong>do</strong>ção <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> pastejo rotaciona<strong>do</strong> como forma <strong>de</strong> melhorar e<br />

uniformizar a utilização da forrag<strong>em</strong> e, principalmente, diminuir o nível <strong>de</strong><br />

infestação por lavas <strong>de</strong> helmintos (en<strong>do</strong>parasitos).<br />

• Diversificação das forrageiras utilizadas, seja pelo uso da consorciação com<br />

leguminosas ou pela formação <strong>de</strong> áreas com gramíneas diversas, <strong>em</strong> pastos<br />

exclusivos, garantin<strong>do</strong> a diversificação <strong>do</strong>s nutrientes disponíveis e<br />

aumentan<strong>do</strong> o nível <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> matéria seca pela variação da dieta. Isto<br />

resulta ainda <strong>em</strong> maior segurança <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

climática (secas e geadas) e fitossanitárias (pragas e <strong>do</strong>enças), <strong>em</strong> função<br />

da diferenciação das características e potencialida<strong>de</strong>s das diversas<br />

forrageiras.<br />

• Uso preferencial <strong>de</strong> espécies <strong>de</strong> hábito <strong>de</strong> crescimento cespitoso (porte<br />

ereto), que <strong>em</strong> função da sua arquitetura, favorec<strong>em</strong> a inativação <strong>de</strong> larvas e<br />

ovos <strong>de</strong> helmintos (en<strong>do</strong>parasitos), <strong>em</strong> razão <strong>de</strong> permitir<strong>em</strong> uma maior<br />

insolação (<strong>de</strong>ssecação das larvas pela diminuição da umida<strong>de</strong> e ação <strong>de</strong><br />

radiação ultravioleta).<br />

3. Hábitos <strong>de</strong> pastejo <strong>do</strong> ovino<br />

O ovino, <strong>de</strong> maneira geral, pasteja preferencialmente gramíneas, promoven<strong>do</strong><br />

corte uniforme e baixo da vegetação, à medida que percorre a pastag<strong>em</strong>. No<br />

entanto, o <strong>de</strong>slana<strong>do</strong> ten<strong>de</strong> a apresentar um comportamento algo s<strong>em</strong>elhante ao <strong>do</strong><br />

caprino, ingerin<strong>do</strong> uma quantia consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong> ramas e folhas, promoven<strong>do</strong> um<br />

pastejo mais seletivo e menos uniforme.<br />

O consórcio <strong>de</strong> ovino com bovino levaria à melhor utilização da pastag<strong>em</strong>,<br />

visto que o ovino pasta mais baixo, consumin<strong>do</strong> a forrag<strong>em</strong> que o bovino não<br />

conseguiria aproveitar.<br />

Outro aspecto importante <strong>do</strong> comportamento <strong>do</strong>s ovinos <strong>em</strong> pastag<strong>em</strong> é o<br />

fato <strong>de</strong> não entrar<strong>em</strong> <strong>em</strong> pastagens altas (acima <strong>de</strong> sua altura). Nessa situação, o<br />

plantel ten<strong>de</strong> a permanecer perifericamente, penetran<strong>do</strong> na pastag<strong>em</strong> somente após<br />

o rebaixamento da mesma, através <strong>do</strong> pastejo ou pisoteio por bovinos ou roça<strong>de</strong>iras.<br />

A produção animal <strong>em</strong> pastagens caracteriza-se, hoje, pelo baixo nível<br />

tecnológico, trazen<strong>do</strong> como conseqüência uma produtivida<strong>de</strong> insatisfatória,<br />

verificada <strong>em</strong> muitas áreas ocupadas pela pecuária.


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Na nutrição animal, a quantida<strong>de</strong> ingerida <strong>de</strong> alimentos t<strong>em</strong> importância<br />

fundamental, visto ser um <strong>do</strong>s fatores <strong>de</strong>terminantes da maior ou menor<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nutrientes para os processos fisiológicos <strong>do</strong> animal, e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, ao seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho. O valor nutritivo, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

não apenas da composição química, como também da digestibilida<strong>de</strong> da gramínea,<br />

que diminui à medida que a planta avança seu processo <strong>de</strong> maturação, cujo ápice<br />

coinci<strong>de</strong> com a seca invernal, época <strong>em</strong> que há também, paralisação quase que<br />

total <strong>do</strong> crescimento. Esta estacionalida<strong>de</strong> da produção forrageira é um <strong>do</strong>s<br />

principais probl<strong>em</strong>as a se solucionar no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> ovinos a pasto.<br />

Quanto à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo <strong>do</strong> animal, consi<strong>de</strong>ra-se que é regida pelos<br />

seguintes fatores:<br />

- Palatabilida<strong>de</strong> da forrageira;<br />

- Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> passag<strong>em</strong> pelo tubo digestivo;<br />

- Efeito <strong>do</strong> ambiente sobre o animal;<br />

- Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> disponível.<br />

Ovinos apresentam hábitos alimentares diferentes, <strong>em</strong> alguns aspectos, <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> bovinos. Alguns são <strong>de</strong>correntes da própria anatomia, como é o caso da<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastejo rente ao solo, <strong>em</strong> razão <strong>do</strong>s lábios superiores fendi<strong>do</strong>s e<br />

bastante móveis, o que possibilita extr<strong>em</strong>a habilida<strong>de</strong> na apreensão <strong>de</strong> partes<br />

selecionadas das forragens, dada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>do</strong>s lábios, <strong>de</strong>ntes e<br />

língua. No caso <strong>do</strong>s bovinos, os lábios são rijos e <strong>de</strong> pouca mobilida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> a<br />

língua o principal instrumento <strong>de</strong> apreensão, trazen<strong>do</strong> os alimentos para <strong>de</strong>ntro da<br />

boca, para ser<strong>em</strong> corta<strong>do</strong>s pela ação <strong>do</strong>s <strong>de</strong>ntes contra a almofada <strong>de</strong>ntária. Dessa<br />

maneira, os bovinos têm maior dificulda<strong>de</strong> na apreensão das partes menores das<br />

forragens, o que impossibilita seleção tão eficiente <strong>do</strong>s alimentos, quanto a seleção<br />

feita por ovinos. Em termos práticos, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong>s a esta seletivida<strong>de</strong> exercida pelo ovino,<br />

não é conveniente estabelecer pastagens com diferentes espécies <strong>de</strong> gramíneas,<br />

pois a tendência seria a <strong>de</strong>gradação paulatina daquela que fosse mais palatável. A<br />

maneira correta seria escolher uma gramínea sabidamente recomendada, levan<strong>do</strong>-<br />

se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração sua adaptabilida<strong>de</strong> às condições <strong>de</strong> solo e clima da região,<br />

além <strong>de</strong> um manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> ao hábito alimentar <strong>do</strong> animal, levan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> conta a<br />

altura e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> da gramínea, <strong>de</strong> maneira que o animal consiga suprir sua<br />

capacida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> ingestão no menor espaço <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po possível.


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4. Produtivida<strong>de</strong> anual das pastagens e necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s ovinos<br />

A produção forrageira sofre estacionalida<strong>de</strong> que, muitas vezes, po<strong>de</strong> coincidir<br />

com fases <strong>em</strong> que as exigências nutricionais <strong>do</strong>s ovinos são altas.<br />

Uma maneira <strong>de</strong> amenizar este probl<strong>em</strong>a po<strong>de</strong>rá ser a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>-se técnicas <strong>de</strong><br />

conservação <strong>de</strong> forragens (silag<strong>em</strong> e/ou fenação), que permit<strong>em</strong> armazenar as<br />

sobras da época <strong>de</strong> máxima produção das pastagens, para suprir as <strong>de</strong>ficiências da<br />

fase <strong>de</strong> seca invernal.<br />

Outra maneira seria, conhecen<strong>do</strong>-se as necessida<strong>de</strong>s nutricionais das<br />

diferentes categorias ovinas, ajustar as fases <strong>do</strong> ciclo produtivo à disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

forrag<strong>em</strong>, apesar <strong>de</strong> não se conseguir, assim, resolver completamente o probl<strong>em</strong>a.<br />

No perío<strong>do</strong> pós-<strong>de</strong>smama, a ovelha é relativamente tolerante às restrições<br />

alimentares mo<strong>de</strong>radas, pois se encontra livre <strong>de</strong> lactação. Por isso, quan<strong>do</strong> as boas<br />

pastagens são escassas, <strong>de</strong>ve-se aproveitá-las com os cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>smama<strong>do</strong>s, para<br />

que o estresse da <strong>de</strong>smama não seja tão acentua<strong>do</strong>.<br />

Duas a três s<strong>em</strong>anas antes <strong>do</strong> início e duração <strong>do</strong> encarneiramento, <strong>de</strong>ve-se<br />

melhorar o nível nutricional, para que a ovelha seja fecundada com ganho <strong>de</strong> peso<br />

positivo, prática <strong>de</strong>nominada “flushing”.<br />

4.1. Sazonalida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> pastagens<br />

No esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, as condições climáticas <strong>de</strong>terminam a existência, no<br />

ano, <strong>de</strong> duas estações b<strong>em</strong> distintas: a das chuvas e calor (fim da primavera, verão<br />

e início <strong>de</strong> outono), com chuvas concentradas e t<strong>em</strong>peraturas elevadas; e a das<br />

seca (fim <strong>do</strong> outono, inverno e início da primavera), com poucas chuvas e<br />

t<strong>em</strong>peraturas baixas.<br />

Essas duas estações <strong>de</strong>terminam, nas espécies forrageiras, um ritmo <strong>de</strong><br />

crescimento bastante intenso na estação das águas, <strong>em</strong> confronto com baixas taxas<br />

<strong>de</strong> crescimento no perío<strong>do</strong> seco.<br />

Dessa maneira, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que o plantel ten<strong>de</strong> a permanecer estável<br />

durante o ano, ter<strong>em</strong>os a ocorrência <strong>de</strong> exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> produção nas águas e déficit<br />

na seca. Esse probl<strong>em</strong>a po<strong>de</strong>rá ser contorna<strong>do</strong> com a utilização <strong>de</strong> processos <strong>de</strong><br />

conservação <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> (feno ou silag<strong>em</strong>) para <strong>em</strong>prego posterior. A escolha <strong>do</strong><br />

méto<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar o tipo <strong>de</strong> forrageira e <strong>de</strong> maquinário disponíveis.


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Outra maneira seria a produção <strong>de</strong> forrageiras <strong>de</strong> inverno, como aveia,<br />

azevém ou centeio, <strong>em</strong>bora apresent<strong>em</strong> maiores custos e riscos (secas e geadas).<br />

5. Forrageiras mais indicadas<br />

Os ovinos têm por habito pastejar preferencialmente o topo das plantas,<br />

rebaixan<strong>do</strong> a altura da pastag<strong>em</strong> pouco a pouco, como se estivesse retiran<strong>do</strong> a<br />

forrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> camadas. Todavia <strong>em</strong> função da anatomia bucal, caracterizada pela<br />

extr<strong>em</strong>a mobilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s lábios e pela forma <strong>de</strong> apreensão <strong>do</strong> alimento com uso <strong>de</strong><br />

lábios, <strong>de</strong>ntes e língua, consegu<strong>em</strong> ser bastante eficientes na separação e escolha<br />

<strong>do</strong> alimento a ser ingeri<strong>do</strong>, conseguin<strong>do</strong> apreen<strong>de</strong>r, com facilida<strong>de</strong>, partes<br />

específicas da forrag<strong>em</strong> mesmo as <strong>de</strong> menor tamanho. Isso possibilita ao animal,<br />

quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> pastejo, escolher as partes mais tenras e palatáveis da planta, rejeitan<strong>do</strong><br />

as fibrosas e portanto <strong>de</strong> menor valor nutritivo. Dessa maneira os ovinos consegu<strong>em</strong><br />

realizar o pastejo bastante seletivo e rente ao solo.<br />

Em função disso as forrageiras mais indicais são aquelas que suport<strong>em</strong> o<br />

manejo baixo, apresent<strong>em</strong> intensa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rebrota através das g<strong>em</strong>as basais<br />

e que possu<strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a radicular b<strong>em</strong> <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> garantin<strong>do</strong> boa fixação ao solo<br />

O ovino mostra acentuada preferência por forrageiras <strong>de</strong> porte médio a baixo.<br />

Em pastagens com plantas <strong>de</strong> porte mais eleva<strong>do</strong>, com altura acima <strong>de</strong>1,0 metro, os<br />

animais ten<strong>de</strong>m a explorar mais intensivamente as áreas marginais, resultan<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

sub-aproveitamento da forrag<strong>em</strong> das áreas centrais. Outra característica típica é o<br />

comportamento extr<strong>em</strong>amente gregário apresenta<strong>do</strong> pela espécie, que dificilmente<br />

explora a pastag<strong>em</strong> isoladamente, movimentan<strong>do</strong>-se s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> grupos. Em face<br />

disto, quan<strong>do</strong> <strong>em</strong> pastagens <strong>de</strong> porte mais alto, que dificultam a visualização entre<br />

os animais <strong>do</strong> rebanho, os ovinos ten<strong>de</strong>m apresentar intensa movimentação pela<br />

área, mostran<strong>do</strong> maior preocupação <strong>em</strong> se manter<strong>em</strong> próximos aos <strong>de</strong>mais, o que<br />

prejudica o nível <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> alimento e resulta <strong>em</strong> aumento <strong>de</strong> perdas por<br />

acamamento <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao pisoteio excessivo.<br />

Toman<strong>do</strong>-se <strong>em</strong> conta somente esses aspectos, as forrageiras mais<br />

indicadas seriam aquelas <strong>de</strong> hábito estolonífero (prostra<strong>do</strong>), tais como Coast Cross,<br />

Tiftons e Estrelas (gênero Cyno<strong>do</strong>n), Pangola (gênero Digitaria), Pensacola (gênero<br />

Paspalum). Estas gramíneas aten<strong>de</strong>m relativamente b<strong>em</strong> às exigências da espécie e<br />

seus hábitos <strong>de</strong> pastejo peculiares, no entanto e apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> as mais utilizadas<br />

atualmente com ovinos, apresentam <strong>do</strong>is pontos bastante negativos: a maioria


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apresenta propagação por mudas, o que dificulta e encarece a formação <strong>de</strong> áreas<br />

maiores <strong>de</strong> pastagens e, mais importante, <strong>em</strong> função <strong>do</strong> hábito <strong>de</strong> crescimento<br />

prostra<strong>do</strong> formam uma massa vegetal fechada que, mesmo quan<strong>do</strong> rebaixada,<br />

impe<strong>de</strong> a penetração mais intensa da radiação solar e mantém um microclima<br />

favorável a sobrevivência das larvas <strong>do</strong>s helmintos. Isso dificulta o controle <strong>de</strong><br />

verminose, principal probl<strong>em</strong>a sanitário para os ovinos, sen<strong>do</strong> essa tanto maior<br />

quanto maior a lotação das pastagens, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> chegar a inviabilização da ativida<strong>de</strong>.<br />

Em face disso e <strong>em</strong> <strong>de</strong>terminadas circunstâncias, essas forrageiras começam a ser<br />

preteridas por alguns cria<strong>do</strong>res.<br />

Outras forrageiras, normalmente utilizadas <strong>em</strong> pastagens para bovinos, t<strong>em</strong><br />

sua utilização dificultada para ovinos por apresentar porte excessivamente eleva<strong>do</strong><br />

ou por não tolerar<strong>em</strong> o pastejo rente ao solo e pisoteio intensivo promovi<strong>do</strong> pelo<br />

ovino. Nesse grupo estão incluídas a maioria das gramíneas <strong>do</strong>s gêneros Panicum<br />

(colonião), Chloris (Rho<strong>de</strong>s) e Setaria, que ainda t<strong>em</strong> o agravante da baixa<br />

aceitabilida<strong>de</strong>.<br />

As gramíneas <strong>do</strong> gênero Brachiaria, apesar da vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> propagação por<br />

s<strong>em</strong>ente e da acentuada persistência e rusticida<strong>de</strong>, apresentam probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> baixo<br />

valor nutritivo, limitan<strong>do</strong> a sua utilização àquelas categorias <strong>de</strong> menor exigência<br />

nutricional. Al<strong>em</strong> disso, <strong>em</strong> função <strong>do</strong> habito <strong>de</strong> crescimento prostra<strong>do</strong>, dificultam o<br />

controle da verminose. Esses aspectos são ainda agrava<strong>do</strong>s pela maior<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência <strong>de</strong> fotossensibilização <strong>em</strong> ovelhas paridas e animais<br />

manti<strong>do</strong>s exclusivamente sobre essa forrageira.<br />

Uma das alternativas que t<strong>em</strong> mostra<strong>do</strong> melhores resulta<strong>do</strong>s é o capim<br />

Aruana (Panicum maximum cv. Aruana) que apresenta as seguintes características:<br />

• Cultivar <strong>do</strong> “colonião”, seleciona<strong>do</strong> no Instituto <strong>de</strong> Zootecnia <strong>em</strong> Nova O<strong>de</strong>ssa;<br />

• Eleva<strong>do</strong> valor nutritivo e excelente aceitabilida<strong>de</strong> pelos animais;<br />

• Alta produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong>, varian<strong>do</strong> <strong>de</strong> 18 a 21 toneladas. <strong>de</strong> matéria seca<br />

(MS)/ha/ano, com 35 a 40% <strong>de</strong>ssa produção ocorren<strong>do</strong> no inverno (perío<strong>do</strong> seco<br />

<strong>do</strong> ano);<br />

• Porte médio, atingin<strong>do</strong> aproximadamente 80 a100 cm <strong>de</strong> altura;<br />

• Gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> e rapi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> perfilhamento, com gran<strong>de</strong> numero <strong>de</strong> g<strong>em</strong>as<br />

basais, rebrotan<strong>do</strong> após cada ciclo <strong>de</strong> pastejo.<br />

• Boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupação da área <strong>de</strong> pasto, não <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> áreas <strong>de</strong> solo<br />

<strong>de</strong>scobertas, o que evita o praguejamento e auxilia no controle <strong>de</strong> erosão;<br />

• Propagação por s<strong>em</strong>entes (formação mais fácil, rápida e <strong>de</strong> menor custo);


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• Boa produção <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes, garantin<strong>do</strong> o restabelecimento rápi<strong>do</strong> da pastag<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> caso <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recuperação (após eventuais “aci<strong>de</strong>ntes”, como<br />

queima e geadas, ou <strong>de</strong>gradação por falha <strong>de</strong> manejo);<br />

• Boa tolerância ao pastejo baixo (rente ao solo) promovi<strong>do</strong> pelo ovino, o que<br />

possibilita a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong>ssa técnica <strong>de</strong> manejo como parte estratégica no controle<br />

<strong>de</strong> parasitas (helmintos), promoven<strong>do</strong> a exposição <strong>de</strong> larvas às int<strong>em</strong>péries<br />

climáticas (radiação solar e vento);<br />

• Arquitetura foliar ereta e aberta, típica das forragens cespitosas (<strong>em</strong> touceiras),<br />

que propicia uma maior incidência <strong>de</strong> radiação solar e maior ventilação <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong><br />

perfil da pastag<strong>em</strong>. Isso força a migração das larvas para a base <strong>do</strong> capim logo<br />

às primeiras horas da manhã, após a secag<strong>em</strong> <strong>do</strong> orvalho, favorecen<strong>do</strong> o<br />

controle da verminose: e<br />

• Mostrou-se relativamente tolerante às geadas e ao ataque <strong>de</strong> cigarrinha.<br />

Outra alternativa <strong>de</strong> interesse é o capim Tanzânia, também cultivar <strong>de</strong><br />

Panicum maximum, que apresenta algumas características s<strong>em</strong>elhantes ao Aruana,<br />

apresentan<strong>do</strong>, todavia, porte um pouco mais eleva<strong>do</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perfilhamento<br />

um pouco menor (menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> g<strong>em</strong>as basais).<br />

Essas forrageiras, <strong>em</strong> função <strong>do</strong> habito <strong>de</strong> crescimento cespitoso, apresentam<br />

um manejo mais complexo que aquelas <strong>de</strong> habito prostra<strong>do</strong>. No entanto, o ganho<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho e, principalmente, o aspecto favorável com relação ao controle da<br />

verminose, justificam a sua indicação como forrageiras i<strong>de</strong>ais para os ovinos,<br />

prestan<strong>do</strong>-se tanto para pastejo como para fenação (ou silag<strong>em</strong>).<br />

5.1. O <strong>em</strong>prego <strong>do</strong> capim Aruana <strong>em</strong> Nova O<strong>de</strong>ssa (IZ)<br />

Durante to<strong>do</strong> o perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que o Aruana está sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ovinos <strong>em</strong> Nova O<strong>de</strong>ssa (SP), t<strong>em</strong>-se procura<strong>do</strong> avaliar anualmente a sua<br />

produtivida<strong>de</strong> e comportamento sob pastejo, obten<strong>do</strong>-se valores médios da or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> 18 a 21 toneladas. <strong>de</strong> MS/ha/ano. A boa qualida<strong>de</strong> da forrag<strong>em</strong> v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong><br />

atestada pelo excelente <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho obti<strong>do</strong> com fêmeas ovinas das raças lle <strong>de</strong><br />

France e Suffolk, <strong>em</strong> gestação ou <strong>em</strong> crescimento.<br />

A área <strong>de</strong> pastag<strong>em</strong> utilizada é subdividida <strong>em</strong> cinco piquetes, possibilitan<strong>do</strong><br />

um manejo rotaciona<strong>do</strong> no qual cada pasto é utiliza<strong>do</strong> por um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 9 a 15 dias<br />

(no máximo), ten<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> repouso <strong>de</strong> 40 a 60 dias, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> da


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disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> e da situação <strong>do</strong> “stand” da forrageira no piquete após<br />

cada ciclo <strong>de</strong> pastejo.<br />

No verão (perío<strong>do</strong> das chuvas) cada piquete é subdividi<strong>do</strong> com auxilio <strong>de</strong><br />

cerca eletrificada móvel, sen<strong>do</strong> movimentada <strong>em</strong> faixas, liberan<strong>do</strong>-se 1/3 da<br />

pastag<strong>em</strong> a cada perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 3 a 5 dias.<br />

A elevada produtivida<strong>de</strong> e alto valor nutritivo <strong>do</strong> Aruana é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> uma<br />

a<strong>de</strong>quada reposição <strong>de</strong> nutrientes no solo, que é feita anualmente através da<br />

fertilização química com N, P, K e Ca, com base <strong>em</strong> análise <strong>de</strong> solo e,<br />

eventualmente, da forrag<strong>em</strong>. A necessida<strong>de</strong> média <strong>de</strong> reposição t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> <strong>de</strong> 50<br />

kg/ha <strong>de</strong> fósforo e 30kg/ha <strong>de</strong> potássio. A correção da aci<strong>de</strong>z <strong>do</strong> solo foi feita<br />

inicialmente na formação da pastag<strong>em</strong>, e, posteriormente, após 3 anos da formação<br />

da pastag<strong>em</strong>, com a distribuição <strong>de</strong> 2000kg/ha <strong>de</strong> calcário <strong>em</strong> área on<strong>de</strong> foi<br />

introduzida leguminosa (soja perene). A reposição <strong>de</strong> P, K e Ca é feita a lanço,<br />

normalmente no inicio <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> das águas. A adubação nitrogenada correspon<strong>de</strong>u<br />

a 150 kg/ha <strong>de</strong> N, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong> o nitrocálcio ou sulfato <strong>de</strong> amônio como adubo<br />

nitrogena<strong>do</strong>. Dessa quantia, 100kg/ha foram distribuí<strong>do</strong>s a lanço no final <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

das águas e os outros 50kg/ha junto com restante da adubação (início <strong>do</strong> perío<strong>do</strong><br />

das águas subseqüentes).<br />

Em razão <strong>de</strong>sses aspectos, t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> possível a utilização <strong>de</strong> lotações altas na<br />

pastag<strong>em</strong>, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 35 cabeças/ha/ano contra uma média <strong>de</strong> 12 a 20<br />

cabeças/ha/ano, obtida pelos cria<strong>do</strong>res com outras forrageiras. Além disso, foram<br />

realizadas somente <strong>de</strong> 5 a 6 aplicações/ano <strong>de</strong> anti-helmínticos contra 10 a 12<br />

usualmente utilizadas pelos pecuaristas.<br />

Dessa maneira, o capim aruana mostra-se como uma excelente alternativa,<br />

senão a i<strong>de</strong>al, para o pastejo pelos ovinos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que <strong>em</strong> condições a<strong>de</strong>quadas <strong>de</strong><br />

manejo, solo e clima, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a sua utilização contribuir significativamente para que<br />

a ovinocultura se firme cada vez mais como alternativa <strong>de</strong> viabilização sócio-<br />

econômica para a pequena e media proprieda<strong>de</strong> rural no Esta<strong>do</strong>.<br />

6. Consorciação <strong>de</strong> gramíneas com leguminosas<br />

Outra alternativa a ser consi<strong>de</strong>rada na busca <strong>de</strong> pastagens mais produtivas é<br />

a utilização da consorciação <strong>de</strong> gramíneas com leguminosas forrageiras. Essa<br />

prática melhora o valor nutritivo da forrag<strong>em</strong> disponível na pastag<strong>em</strong>, além <strong>de</strong><br />

diminuir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> adubo necessário para a reposição <strong>do</strong> nitrogênio, <strong>em</strong>


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função da fixação <strong>do</strong> N2 atmosférico promovida pelas leguminosas. Todavia a<br />

consorciação exige a a<strong>do</strong>ção <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> manejo específicas para a obtenção <strong>de</strong><br />

bons resulta<strong>do</strong>s, principalmente <strong>em</strong> razão da menor velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento da<br />

leguminosa <strong>em</strong> relação às gramíneas. A primeira consi<strong>de</strong>ração é quanto à<br />

a<strong>de</strong>quação entre as forrageiras a ser<strong>em</strong> consociadas, sen<strong>do</strong> que neste aspecto as<br />

gramíneas cespitosas são mais a<strong>de</strong>quadas que as estoloníferas por permitir<strong>em</strong>, <strong>em</strong><br />

função da arquitetura ereta, maior luminosida<strong>de</strong> e espaço para vegetação das<br />

leguminosas, inclusive servin<strong>do</strong>-lhe <strong>de</strong> suporte. Outro ponto a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> é a<br />

reposição <strong>de</strong> nutrientes, que <strong>de</strong>ve favorecer principalmente a leguminosa, <strong>em</strong> função<br />

da sua maior taxa <strong>de</strong> vegetação.<br />

O manejo da pastag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> ocupação e <strong>de</strong> repouso,<br />

taxa <strong>de</strong> lotação e altura mínima <strong>de</strong> pastejo, <strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> às duas forrageiras.<br />

Por variar para cada tipo <strong>de</strong> consorciação, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se caso a caso, o manejo<br />

<strong>de</strong>ve ser basea<strong>do</strong> na avaliação visual da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> disponível e da<br />

proporção gramínea/ leguminosa, não haven<strong>do</strong> uma regra fixa <strong>de</strong> procedimento.<br />

Uma das práticas importantes para se garantir a persistência da leguminosa<br />

na pastag<strong>em</strong> é possibilitar, <strong>de</strong> t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> t<strong>em</strong>pos, o seu florescimento e<br />

s<strong>em</strong>enteação, o que garante a ress<strong>em</strong>eadura natural e pereniza a forrageira na<br />

pastag<strong>em</strong>. Para tanto, é necessário fazer o diferimento <strong>do</strong> pastejo <strong>de</strong> um ou <strong>do</strong>is<br />

piquetes a cada ano no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> florescimento e s<strong>em</strong>enteação da leguminosa.<br />

Aliás, igual providência <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada também com relação à gramínea.<br />

Nesse senti<strong>do</strong> é primordial, para que se obtenha sucesso na consorciação, a<br />

escolha <strong>de</strong> leguminosas precoces, ou seja, que apresent<strong>em</strong> florescimento entre<br />

março e maio, época <strong>do</strong> ano na qual ainda é possível vedar a área ao pastejo s<strong>em</strong><br />

prejuízo na alimentação <strong>do</strong>s animais.<br />

A consorciação com leguminosas tardias, com florescimento entre junho e<br />

agosto, impossibilita essa prática, pois o florescimento ocorre na época <strong>de</strong> menor<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> nossa região. Dessa maneira, s<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ress<strong>em</strong>eadura natural, a tendência é o <strong>de</strong>saparecimento ou a diminuição<br />

acentuada da presença da leguminosa <strong>em</strong> <strong>do</strong>is ou três anos. Essa é,<br />

indubitavelmente, uma das principais causas da dificulda<strong>de</strong> verificada, pela maioria<br />

<strong>do</strong>s pecuaristas, na manutenção <strong>de</strong> pastagens consorciadas.<br />

Com relação a isso há uma certa parcela <strong>de</strong> culpa por parte <strong>do</strong>s técnicos<br />

envolvi<strong>do</strong>s nos processos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e seleção <strong>de</strong>ssas forrageiras, que muitas vezes,<br />

por levar <strong>em</strong> conta somente o potencial produtivo <strong>em</strong> termos quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>


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MS/ha/ano, elegiam como mais a<strong>de</strong>quadas àquelas espécies ou cultivares que<br />

sobressaiam nas parcelas <strong>do</strong>s campos <strong>de</strong> ensaios nesse aspecto. Como as<br />

leguminosas diminu<strong>em</strong> drasticamente o crescimento vegetativo ao florescer<strong>em</strong>,<br />

aquelas que floresc<strong>em</strong> primeiro (precoces) t<strong>em</strong> menor perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> crescimento<br />

vegetativo e, portanto, menor produção <strong>de</strong> MS <strong>em</strong> relação às tardias. Estas, por<br />

permanecer<strong>em</strong> <strong>em</strong> vegetação por maior perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, acabam apresentan<strong>do</strong><br />

maior produção das MS por área. Em face disso a gran<strong>de</strong> maioria das leguminosas<br />

disponíveis no merca<strong>do</strong> são <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong>s tardias.<br />

Dessa maneira, para que haja sucesso na consorciação, os seguintes<br />

aspectos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser leva<strong>do</strong>s <strong>em</strong> conta:<br />

• A<strong>de</strong>quação da leguminosa e gramínea às condição <strong>de</strong> clima <strong>de</strong> solo da região;<br />

• Bom potencial <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes <strong>de</strong> ambas forrageiras;<br />

• Utilização <strong>de</strong> cultivares precoces <strong>de</strong> leguminosas;<br />

• Manutenção <strong>de</strong> níveis a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>s <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>, notadamente <strong>de</strong> micronutrientes;<br />

• A<strong>de</strong>quação <strong>do</strong> manejo aos hábitos <strong>de</strong> crescimento das forrageiras, com ênfase<br />

para a leguminosa;<br />

• Determinação <strong>de</strong> épocas oportunas <strong>de</strong> diferimento <strong>do</strong> pastejo para possibilitar o<br />

florescimento e ress<strong>em</strong>eadura natural das forrageiras.<br />

7. Manejo e lotação <strong>do</strong> pasto<br />

O manejo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> das pastagens, a ser<strong>em</strong> utilizadas por ovinos, <strong>de</strong>ve<br />

obrigatoriamente levar <strong>em</strong> conta <strong>do</strong>is aspectos: a obtenção <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> níveis<br />

eleva<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> e a manutenção <strong>de</strong> um reduzi<strong>do</strong> nível <strong>de</strong><br />

contaminação por ovos e larvas <strong>do</strong>s helmintos (en<strong>do</strong>parasitas). Estes <strong>do</strong>is pontos<br />

irão refletir na carga animal a ser utilizada, ou seja, no número <strong>de</strong> matrizes que as<br />

pastagens po<strong>de</strong>rão manter.<br />

Visan<strong>do</strong>-se exploração intensiva das áreas disponíveis, <strong>de</strong>termina-se o<br />

número total <strong>de</strong> matrizes da criação, que representará a carga animal máxima, com<br />

base na área <strong>de</strong> pastagens efetivamente disponível e no potencial <strong>de</strong> produção<br />

anual, <strong>em</strong> termo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> MS da forrageira pre<strong>do</strong>minante. Consi<strong>de</strong>ra-se<br />

constante o número <strong>de</strong> matrizes durante to<strong>do</strong> o ano e admite-se já, <strong>de</strong> princípio, a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> conservada (preferencialmente silag<strong>em</strong>) para<br />

suprir <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> alimento no perío<strong>do</strong> “seco”.


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Na <strong>de</strong>finição da carga animal <strong>de</strong>ve se consi<strong>de</strong>rar ainda uma perda média por<br />

acamamento e pisoteio <strong>de</strong> aproximadamente 20% <strong>do</strong> total da MS produzida e uma<br />

média <strong>de</strong> ingestão <strong>de</strong> MS <strong>de</strong> 3,0% <strong>do</strong> peso vivo (PV) cabeça/dia.<br />

A título <strong>de</strong> ilustração e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se as condições existentes no Instituto<br />

<strong>de</strong> Zootecnia <strong>em</strong> Nova O<strong>de</strong>ssa (SP), estimou-se o potencial médio <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

forrageiras como o Aruana, Coast Cross, Tiffton e Transvala <strong>em</strong> 18 a 20 toneladas<br />

<strong>de</strong> MS/ha/ano, para condições <strong>de</strong> manejo rotaciona<strong>do</strong> e nível <strong>de</strong> reposição anual <strong>de</strong><br />

N <strong>de</strong> 250 a 300kg/ha. Nessas condições a lotação máxima da pastag<strong>em</strong> seria <strong>de</strong><br />

aproximadamente 30 cabeças/ha, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se valores médios <strong>de</strong>:<br />

• Peso vivo <strong>de</strong> matriz = 60kg<br />

• Intervalo entre partos = 8 meses<br />

• Numero <strong>de</strong> parições = 1,5/matriz/ano<br />

• Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aleitamento =52 dias/ parição (45 a 60 dias)<br />

• Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> confinamento <strong>em</strong> aleitamento <strong>de</strong> crias = 78 dias/ano<br />

• Perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> pastejo = 287 dias/ano<br />

• Consumo diário <strong>de</strong> MS = 1,8 kg (3% <strong>do</strong> PV)<br />

• Consumo total <strong>de</strong> MS <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> pastejo =517kg MS/ matriz/ano (a)<br />

• Produção <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> =19.000kg <strong>de</strong> MS/ha <strong>de</strong> pasto/ano<br />

• Perda <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> por acamamento e pisoteio = 3.800 kg <strong>de</strong> MS<br />

• Forrag<strong>em</strong> disponível = 15.200kg <strong>de</strong> MS/ ha <strong>de</strong> pasto/ano(b)<br />

• Lotação máxima = 30 cabeças / ha ano (b/a)<br />

Deve ser l<strong>em</strong>bra<strong>do</strong> ainda a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong> plantio, anualmente, <strong>de</strong> uma área<br />

<strong>de</strong> 1,5 ha <strong>de</strong> milho ou <strong>de</strong> sorgo para a produção <strong>de</strong> silag<strong>em</strong> e <strong>de</strong> 1,0 ha <strong>de</strong> capineira,<br />

para um módulo <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> 100 matrizes, estan<strong>do</strong> incluí<strong>do</strong> nessa estimativa, o<br />

consumo das matrizes, crias e reprodutores.<br />

As pastagens <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser manejadas, obrigatoriamente, <strong>em</strong> esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

rotação, visan<strong>do</strong> principalmente manter-se o controle da infestação da forrag<strong>em</strong> por<br />

larvas <strong>de</strong> helmintos <strong>em</strong> níveis mais baixo possíveis. Deve-se evitar perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

ocupação superiores a 5 a 7 dias, visan<strong>do</strong> minimizar a exposição <strong>do</strong>s animais às<br />

larvas infestantes (L3) eclodidas naquele mesmo ciclo <strong>de</strong> pastejo (auto infestação).<br />

Dessa maneira, quan<strong>do</strong> a população <strong>de</strong> larvas infestantes torna-se significativa, os<br />

ovinos já terão saí<strong>do</strong> daquela área <strong>de</strong> pastag<strong>em</strong>, cuja forrag<strong>em</strong> estará bastante<br />

rebaixada, fican<strong>do</strong> as larvas s<strong>em</strong> hospe<strong>de</strong>iros e expostas as int<strong>em</strong>péries climáticas


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(radiação solar e vento). O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> repouso irá variar <strong>em</strong> função da época e <strong>do</strong><br />

ano, das condições climáticas, da forrageira e das condições <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo.<br />

Em média, consi<strong>de</strong>ra-se um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 35 a 45 dias como suficiente para se ter uma<br />

boa recuperação da forrageira, além <strong>de</strong> uma consi<strong>de</strong>rável diminuição na quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> larvas infestantes.<br />

Resulta<strong>do</strong>s bastante positivos po<strong>de</strong>m ser obti<strong>do</strong>s dividin<strong>do</strong>-se a área total <strong>de</strong><br />

pastag<strong>em</strong> <strong>em</strong> 5 ou 6 piquetes, utiliza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> rotação direta <strong>do</strong> inverno. No perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> verão cada um <strong>de</strong>sses piquetes é subdividi<strong>do</strong> <strong>em</strong> três, com uso <strong>de</strong> cerca elétrica,<br />

liberan<strong>do</strong>-se 1/3 da área <strong>de</strong> cada vez para pastejo <strong>em</strong> faixas. Nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

condições climáticas intermediárias (primavera e outono), po<strong>de</strong>-se reduzir para duas<br />

o número <strong>de</strong> subdivisões <strong>de</strong> cada piquete.<br />

Nesse esqu<strong>em</strong>a as novas faixas são acrescentadas aquelas já pastejadas, as<br />

quais, apesar <strong>de</strong> continuar<strong>em</strong> acessíveis aos animais, não são mais pastejadas, seja<br />

por não possuír<strong>em</strong> forrag<strong>em</strong>, seja pelo acúmulo <strong>de</strong> urina e fezes. Essas áreas,<br />

todavia, são preferidas pelos animais para <strong>de</strong>scanso e ruminação, diminuin<strong>do</strong> assim<br />

as perdas por acamamento e pisoteio na área <strong>em</strong> pastejo efetivo.<br />

Outra prática interessante, e que po<strong>de</strong> resultar <strong>em</strong> menor taxa infestação <strong>do</strong>s<br />

animais por larvas <strong>de</strong> helmintos, é a restrição <strong>do</strong> pastejo nas primeiras horas <strong>do</strong> dia,<br />

quan<strong>do</strong> a pastag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> razão <strong>do</strong> orvalho, ainda apresenta eleva<strong>do</strong> teor <strong>de</strong><br />

umida<strong>de</strong>. Nessas condições as larvas apresentam-se distribuídas <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o perfil da<br />

pastag<strong>em</strong>. Quan<strong>do</strong> o orvalho seca e a umida<strong>de</strong> <strong>do</strong> topo das plantas vai diminuin<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong> função da radiação solar, as larvas ten<strong>de</strong>m a migrar para as partes mais baixas<br />

da planta <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> ambiente mais sombrea<strong>do</strong> e com maior umida<strong>de</strong>, que<br />

ofereça maior proteção contra a radiação solar e contra a <strong>de</strong>ssecação.<br />

Nessas condições, apesar <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r haver um alto nível <strong>de</strong> infestação na<br />

área, como as larvas estão concentradas nas partes mais baixas das plantas, os<br />

ovinos, pelo fato <strong>de</strong> executar<strong>em</strong> um pastejo mais <strong>de</strong> topo, estarão ingerin<strong>do</strong><br />

forrag<strong>em</strong> com menor contaminação, reduzin<strong>do</strong> assim sua infestação por<br />

en<strong>do</strong>parasitas. Esse efeito é notório <strong>em</strong> forrageiras <strong>de</strong> habito cespitoso, no perío<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> maior vegetação da forrag<strong>em</strong>, correspon<strong>de</strong>nte ao verão chuvoso das regiões<br />

Su<strong>de</strong>ste e Centro Oeste. No perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> inverno essa prática não apresenta<br />

resulta<strong>do</strong>s significativos. Com forrageiras <strong>de</strong> hábito prostra<strong>do</strong> (estolonífero), mesmo<br />

no verão não se observa resposta consi<strong>de</strong>rável a esse procedimento.<br />

Outra prática a ser a<strong>do</strong>tada no esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> controle da verminose é a<br />

utilização concomitante da área <strong>de</strong> pastejo por bovinos e/ou eqüinos. Isso se <strong>de</strong>ve a


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baixa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infestação cruzada entre as diferentes espécies <strong>de</strong> helmintos<br />

que parasitam cada uma <strong>de</strong>las e ao papel <strong>de</strong> limpeza que cada espécie efetua para<br />

a outra quan<strong>do</strong> ingere ou elimina nas pastagens larvas <strong>de</strong> vermes específicas da<br />

outra espécie. Há ainda que se consi<strong>de</strong>rar o aspecto positivo que a consorciação <strong>de</strong><br />

espécies com diferentes hábitos <strong>de</strong> pastejo exerce sobre a quantida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> forrag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> função da maior uniformida<strong>de</strong> e equilíbrio no pastejo.<br />

8. Importância da fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo<br />

Elevada produtivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alto valor nutritivo são características essenciais<br />

nas forrageiras a ser<strong>em</strong> utilizadas com ovinos. Para tanto é necessário que o nível<br />

<strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo seja compatível com as exigências da forrageira. Capins como<br />

Coast Cross, Tiffton, Aruana e Tanzânia, <strong>em</strong> função <strong>do</strong> eleva<strong>do</strong> valor nutritivo,<br />

notadamente <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s teores <strong>de</strong> proteína e minerais bastante significativos,<br />

exig<strong>em</strong> solos com elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong> base (V%) e altos teores <strong>de</strong><br />

nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), além <strong>do</strong>s micronutrientes.<br />

A redução da fertilida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> função da contínua r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> nutrientes<br />

promovida pelo pastejo e ainda pela lixiviação, resulta <strong>em</strong> gradativa redução na<br />

produtivida<strong>de</strong>, b<strong>em</strong> como na qualida<strong>de</strong> da forrag<strong>em</strong>. Isto exige a reposição<br />

constante <strong>do</strong>s nutrientes através da fertilização. E, apesar <strong>de</strong> o N ser<br />

indubitavelmente o nutriente <strong>de</strong> maior efeito na produção <strong>de</strong> MS das gramíneas, a<br />

resposta a esse nutriente é limitada pela <strong>de</strong>ficiência <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais.<br />

Pesquisas conduzidas no instituto Zootécnica, <strong>em</strong> Nova O<strong>de</strong>ssa, mostraram<br />

que o parcelamento da reposição <strong>de</strong> N, aplican<strong>do</strong>-se 2/3 da <strong>do</strong>se total no final <strong>do</strong><br />

perío<strong>do</strong> das chuvas e o 1/3 restante no inicio <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> das chuvas, resultou <strong>em</strong><br />

maior produção <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> por área, b<strong>em</strong> como na melhoria na distribuição da<br />

produção durante o ano, com aumento proporcionalmente maior no perío<strong>do</strong> da<br />

estiag<strong>em</strong>.<br />

VI. CONSORCIAÇÃO DE OVINOS COM CULTURAS<br />

VEGETAIS E ANIMAIS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong>.Sobrinho (1993).


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1. Introdução<br />

A criação <strong>de</strong> ovinos, no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, <strong>de</strong>veria constituir numa das<br />

principais fontes <strong>de</strong> riqueza, dadas às condições <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m econômica, climática e<br />

agrostológica que se verificam. Entretanto, estima-se que o esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo<br />

possua apenas pouco mais <strong>de</strong> 250.000 cabeças <strong>de</strong> ovinos, cuja produção <strong>de</strong> lã não<br />

<strong>de</strong>ve ultrapassar 300 toneladas. Por outro la<strong>do</strong>, além <strong>de</strong> termos condições<br />

ecológicas a<strong>de</strong>quadas à produção <strong>de</strong> lã e carne, possuímos um vasto merca<strong>do</strong><br />

interno para absorver, <strong>em</strong> crescente proporção, qualquer quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses<br />

produtos; e com o advento da fibra sintética, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os manter a lã na condição <strong>de</strong><br />

produto insubstituível, melhoran<strong>do</strong> os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> produção por meio <strong>de</strong><br />

investigações científicas e experimentações.<br />

Dentre estas, consi<strong>de</strong>ra-se <strong>de</strong> caráter <strong>em</strong>ergente, pela inexistência <strong>de</strong><br />

trabalhos, estu<strong>do</strong>s sobre consorciação <strong>de</strong> ovinos com outras culturas vegetais e<br />

animais. No primeiro caso, as observações levariam a concluir se os ovinos<br />

po<strong>de</strong>riam ser utiliza<strong>do</strong>s no combate às ervas daninhas das culturas s<strong>em</strong> danos a<br />

estas (ataque à casca <strong>do</strong> caule, ingestão <strong>de</strong> folhas, mudas novas e frutos), assim<br />

como se os animais apresentariam <strong>de</strong>senvolvimento pon<strong>de</strong>ral e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lã<br />

(matéria vegetal a<strong>de</strong>rida) satisfatória, sen<strong>do</strong> também permiti<strong>do</strong> concluir sobre as<br />

épocas <strong>em</strong> que os animais po<strong>de</strong>riam ter acesso à cultura <strong>em</strong> consorciação, levan<strong>do</strong>-<br />

se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os tratos culturais.<br />

No segun<strong>do</strong> caso, ou seja, consorciação <strong>de</strong> ovinos (bovinos, eqüinos e<br />

periferia <strong>de</strong> tanques <strong>de</strong> piscicultura), <strong>em</strong>bora seja praticada por um pequeno número<br />

a<strong>de</strong>ptos, também se apresenta ainda s<strong>em</strong> <strong>em</strong>basamentos científicos, <strong>em</strong>bora seja<br />

sabi<strong>do</strong> que ambas as espécies se benefici<strong>em</strong> <strong>em</strong> tal consorciação, principalmente no<br />

tocante às infestações parasitárias, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> não ser<strong>em</strong> cruzadas, e como<br />

recurso para melhor aproveitamento das pastagens.<br />

2. Algumas culturas vegetais viáveis<br />

Des<strong>de</strong> algum t<strong>em</strong>po, t<strong>em</strong>-se preconiza<strong>do</strong> a criação <strong>de</strong> ovinos <strong>em</strong> áreas<br />

ocupadas por culturas perenes como cafezais, laranjais e macieiras, com o intuito da<br />

utilização <strong>do</strong> espaço disponível entre as árvores, freqüent<strong>em</strong>ente invadi<strong>do</strong> por outras<br />

plantas; notadamente algumas espécies <strong>de</strong> gramíneas que se constitu<strong>em</strong> <strong>em</strong>


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probl<strong>em</strong>as para o manejo da cultura <strong>em</strong> questão, mas que se aplicam perfeitamente<br />

na alimentação <strong>do</strong>s ovinos.<br />

Não é comum se creditar aos ovinos o hábito <strong>de</strong> ingerir plantas lenhosas a<br />

não ser <strong>em</strong> condições ecológicas especiais ou quan<strong>do</strong> há falta <strong>de</strong> outros alimentos.<br />

São vários os fatores que influenciam a seleção e composição da dieta <strong>do</strong>s<br />

ruminantes, configuran<strong>do</strong> um quadro complexo.<br />

No caso da consorciação <strong>de</strong> ovinos com culturas, parece ser a complexida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>vida ao gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> seus componentes botânicos. Entretanto, caprinos e<br />

ovinos manti<strong>do</strong>s <strong>em</strong> caatinga, tiveram a composição florística <strong>de</strong> suas dietas<br />

varian<strong>do</strong> <strong>do</strong> mínimo <strong>de</strong> cinco ao máximo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ze espécies botânicas ao longo <strong>do</strong><br />

ano. Esse fato <strong>de</strong>monstra que a apetibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma dada espécie botânica da<br />

pastag<strong>em</strong> varia <strong>em</strong> função <strong>de</strong> sua abundância, <strong>do</strong>s outros componentes a ela<br />

associa<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> tipo animal, <strong>do</strong> ano e da época <strong>do</strong> ano, e da familiarida<strong>de</strong> <strong>do</strong> animal<br />

com a pastag<strong>em</strong>.<br />

A preferência alimentar sobre as forragens também varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a<br />

espécie animal e com a intensida<strong>de</strong> <strong>do</strong> pastoreio. Em termos gerais, os bovinos e<br />

ovinos ten<strong>de</strong>m a pastejar mais gramíneas, enquanto que os caprinos parec<strong>em</strong><br />

preferir o consumo <strong>de</strong> espécies lenhosas.<br />

2.1. Café e Cítricos<br />

Muita ênfase se t<strong>em</strong> da<strong>do</strong> ao barateamento <strong>do</strong>s pastos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às<br />

ovelhas, <strong>de</strong> forma a reduzir o custo <strong>de</strong> produção das mesmas, buscan<strong>do</strong>-se<br />

pastagens alternativas que possam alimentá-las convenient<strong>em</strong>ente. Entre tantas, a<br />

colocação <strong>de</strong> ovelhas <strong>em</strong> lavouras permanentes, on<strong>de</strong> possam, além <strong>de</strong> utilizar uma<br />

pastag<strong>em</strong> barata (e porque não dizer in<strong>de</strong>sejável), prestar serviços na limpeza<br />

<strong>de</strong>stas.<br />

No tocante à consorciação <strong>de</strong> ovinos com culturas <strong>de</strong> café e cítricos, <strong>em</strong>bora<br />

as condições <strong>de</strong> limpeza <strong>de</strong>ssas culturas hajam melhora<strong>do</strong>, é viável a introdução <strong>de</strong><br />

méto<strong>do</strong>s simples e econômicos (controle biológico) que permitam ao produtor<br />

manter suas lavouras livres <strong>de</strong> ervas daninhas que pre<strong>do</strong>minam nesta ou naquela<br />

região.<br />

Desses vegetais, a maioria t<strong>em</strong> ciclo vegetativo <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 60 dias, <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>do</strong>s quais <strong>de</strong>verão ser elimina<strong>do</strong>s a fim <strong>de</strong> evitar concorrência com a cultura e<br />

produção <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes. Assim, os ovinos ten<strong>de</strong>riam a manter limpo o solo sob a


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cultura, pois os vegetais à sombra mantêm-se mais tenros, haven<strong>do</strong> preferência da<br />

espécie por estes.<br />

Em lavoura <strong>de</strong> café já se t<strong>em</strong> alguma pequena experiência e observa-se, <strong>em</strong><br />

algumas proprieda<strong>de</strong>s, que o efeito foi bastante satisfatório, mesmo porque, n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre os pastos receb<strong>em</strong> cargas <strong>de</strong> corretivos ou adubações tão gran<strong>de</strong>s, como o<br />

receb<strong>em</strong> as invasoras, presentes nas ruas da lavoura. No entanto, não exist<strong>em</strong><br />

ainda da<strong>do</strong>s muito precisos acerca <strong>de</strong> tal prática, visto que as condições são<br />

extr<strong>em</strong>amente variáveis, não se po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> prever as taxas <strong>de</strong> lotação e suporte por<br />

ano.<br />

O que se sabe, é que as ovelhas e cor<strong>de</strong>iros são totalmente avessos às<br />

folhas <strong>do</strong> cafeeiro, não as consumin<strong>do</strong> sob nenhuma hipótese, mas apresentan<strong>do</strong><br />

indícios <strong>de</strong> consumir<strong>em</strong> os grãos, tão logo comec<strong>em</strong> a amadurecer. Nessa época,<br />

porém, os próprios tratos culturais, como arruamento (abril – maio), impe<strong>de</strong>m que se<br />

coloque as ovelhas na mesma. Daí, até a esparramação (agosto – set<strong>em</strong>bro), as<br />

ovelhas não <strong>de</strong>verão ter acesso à lavoura.<br />

Em trabalhos <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s com ovinos para controle <strong>de</strong> mato <strong>em</strong> cafezais,<br />

observou-se que os carneiros não inger<strong>em</strong> folhas ou brotações <strong>do</strong> cafeeiro, mesmo<br />

na falta <strong>de</strong> outras plantas, sen<strong>do</strong>, portanto, seletivos a cafeeiros. Dentre as ervas,<br />

preferiram as plantas <strong>de</strong> folha estreita como a grama-seda (Cyno<strong>do</strong>n dactylon),<br />

capim-marmelada (Brachiaria plantaginea), capim-colchão (Digitaria sanguinalis sp),<br />

picão preto (Bi<strong>de</strong>ns pilosa), caruru (Amaranthus sp) e botão-<strong>de</strong>-ouro (Galinsoga<br />

parviflora), <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> comer mentrasto (Ageratum conyzoi<strong>de</strong>s), Joá-bravo<br />

(Solanum sisymbriifolium) e guanxuma (Sidasp), sen<strong>do</strong> que o sapé (Imperata<br />

brasiliensis) foi aceito somente quan<strong>do</strong> novo. Sen<strong>do</strong> necessário o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> estu<strong>do</strong> mais aprofunda<strong>do</strong> sobre a relação entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mato ingerida e<br />

a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ervas produzidas por área.<br />

As lavouras <strong>de</strong> citrus também têm si<strong>do</strong> vistas como capazes <strong>de</strong> fornecer<br />

pastagens <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong> aos ovinos. No entanto, po<strong>de</strong>-se observar <strong>em</strong><br />

algumas proprieda<strong>de</strong>s que se utilizaram <strong>de</strong>ssa prática, que as ovelhas prefer<strong>em</strong> as<br />

ervas daninhas das entrelinhas, não <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> <strong>de</strong> consumir as folhas das laranjeiras<br />

e limoeiros que estiver<strong>em</strong> ao alcance. Assim, a menos que haja alguma medida <strong>de</strong><br />

contorno a esse entrave, não se recomenda a consorciação ovelha-cítricos.<br />

Em qualquer um <strong>de</strong>sses casos, é importante observar que a incidência <strong>de</strong><br />

carrapichos e picões <strong>em</strong> tais pastagens, po<strong>de</strong> comprometer sensivelmente a


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qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lã (lã com s<strong>em</strong>ente ou carrapicho), <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> haver uma tosquia <strong>do</strong>s<br />

animais antes <strong>de</strong> sua entrada para a lavoura.<br />

2.2. Seringueira<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que a cultura da seringueira ocupa gran<strong>de</strong>s áreas, por<br />

necessitar <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s espaçamentos, há gran<strong>de</strong>s possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sucesso na<br />

consorciação, principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao fato <strong>de</strong> a cultura não necessitar <strong>de</strong><br />

pulverizações.<br />

2.3. Manga<br />

A cultura da manga também apresenta gran<strong>de</strong>s espaçamentos (9x9m a<br />

11x11m, <strong>em</strong> solos pobres) e os ovinos entrariam como uma fonte <strong>de</strong> renda adicional,<br />

visto que a manga só produz uma colheita por ano, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar<strong>em</strong> o espaço<br />

intercalar entre as plantas limpo, haven<strong>do</strong> ainda fertilização <strong>do</strong> solo atribuída ao<br />

esterco.<br />

Os animais <strong>de</strong>verão permanecer <strong>em</strong> pastejo durante o dia, sen<strong>do</strong> recolhi<strong>do</strong>s<br />

à noite <strong>em</strong> um aprisco ou cerca<strong>do</strong>, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a evitar o ataque <strong>de</strong> preda<strong>do</strong>res. No<br />

perío<strong>do</strong> da safra, os animais serão retira<strong>do</strong>s para outra área, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> ser também<br />

movi<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> da aplicação <strong>de</strong> inseticidas ou fungicidas, levan<strong>do</strong>-se <strong>em</strong><br />

consi<strong>de</strong>ração o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> carência <strong>de</strong> cada produto.<br />

Um aspecto que preocupa <strong>em</strong> tal consorciação, é o fato <strong>de</strong> termos<br />

informações <strong>de</strong> que alguns ovinos inger<strong>em</strong> o fruto da cultura <strong>em</strong> questão, sen<strong>do</strong><br />

constata<strong>do</strong> ovinos com um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> s<strong>em</strong>entes no rúmen.<br />

2.4. Milho<br />

Este consórcio v<strong>em</strong> sen<strong>do</strong> a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> na Cabanha Sinuelo, município <strong>de</strong> Lagoa<br />

Vermelha, RS, <strong>em</strong> experimento com terminação <strong>do</strong>s animais <strong>em</strong> lavoura <strong>de</strong> milho.<br />

O rebanho é composto por 60 ovelhas da raça Hampshire Down, maioria SO<br />

(seleção ovina), maneja<strong>do</strong>s numa área <strong>de</strong> 10 ha, sen<strong>do</strong> que para o experimento são<br />

utiliza<strong>do</strong>s apenas quatro hectares.<br />

O trabalho se baseia <strong>em</strong> colocar, a partir <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro, quan<strong>do</strong> o milho<br />

planta<strong>do</strong> mais ce<strong>do</strong> está com um porte mais alto, os cor<strong>de</strong>iros nasci<strong>do</strong>s <strong>em</strong> final <strong>de</strong>


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agosto e início <strong>de</strong> set<strong>em</strong>bro, recém-<strong>de</strong>smama<strong>do</strong>s. Nessa fase, os cor<strong>de</strong>iros com<strong>em</strong><br />

apenas as gramíneas entre as plantas e as folhas mais baixas <strong>do</strong> milho, não<br />

prejudican<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento normal da cultura.<br />

Na segunda quinzena <strong>de</strong> março, são s<strong>em</strong>ea<strong>do</strong>s nessa mesma área <strong>de</strong> milho,<br />

aveia para pastag<strong>em</strong>; quan<strong>do</strong> esta começa a nascer, os animais são retira<strong>do</strong>s e<br />

abati<strong>do</strong>s, obten<strong>do</strong>-se carcaças pesan<strong>do</strong> <strong>em</strong> média 15 Kg.<br />

Assim, importante é o resulta<strong>do</strong> econômico <strong>de</strong>ssa sist<strong>em</strong>ática, por permitir<br />

uma produção praticamente s<strong>em</strong> custos e s<strong>em</strong> interferir nas <strong>de</strong>mais ativida<strong>de</strong>s,<br />

sen<strong>do</strong> a<strong>de</strong>quada para pequenas áreas on<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversificação é<br />

acentuada, comprovan<strong>do</strong> a tese <strong>de</strong> que as pequenas proprieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m absorver<br />

a criação <strong>de</strong> ovinos com boa lucrativida<strong>de</strong>.<br />

2.5. Maçã<br />

Os ovinos realizam um perfeito equilíbrio agropecuário quan<strong>do</strong> cria<strong>do</strong>s <strong>em</strong><br />

culturas <strong>de</strong> maçãs. A macieira é uma planta não atacada pelos ovinos, mesmo <strong>em</strong><br />

se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> mudas novas.<br />

Tal consorciação foi levada a efeito na Estância e Cabanha Vila Rica, no<br />

município <strong>de</strong> Itapetininga , SP, com resulta<strong>do</strong>s anima<strong>do</strong>res, utilizan<strong>do</strong>-se ovinos <strong>de</strong><br />

raça I<strong>de</strong>al (Polwath).<br />

2.6. Amoreira<br />

Em países europeus, tal consorciação é levada a efeito consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que,<br />

naquelas condições, essa cultura se apresenta com o aspecto arbóreo.<br />

No Brasil, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o maior número <strong>de</strong> cortes e a apresentação ramosa<br />

da planta, soma<strong>do</strong>s à sua elevada palatabilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>rá implicar <strong>em</strong> um pastejo<br />

muito intenso, aumentan<strong>do</strong> a relação haste: folha. Dessa forma, <strong>em</strong> nossas<br />

condições, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os evitar a consorciação, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se fornecer as folhas <strong>de</strong><br />

amoreira ver<strong>de</strong>s ou conservadas, no cocho, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> o eleva<strong>do</strong> teor protéico da<br />

mesma.<br />

2.7. Áreas Reflorestadas


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O sist<strong>em</strong>a silvopastoril, que consiste na consorciação <strong>de</strong> espécies florestais<br />

com pecuária, preten<strong>de</strong> acabar com o conceito <strong>de</strong> que as áreas reflorestadas são<br />

impróprias a outras explorações durante o ciclo das árvores.<br />

Vale ressaltar a utilização <strong>de</strong>sse sist<strong>em</strong>a pela companhia Agrícola e Florestal<br />

Santa Bárbara, no Vale <strong>do</strong> Rio Doce (MG), on<strong>de</strong> foram utiliza<strong>do</strong>s ga<strong>do</strong> bovino e<br />

ovino visan<strong>do</strong> reduzir o capim colonião pre<strong>do</strong>minante entre as mudas da espécie<br />

florestal.<br />

Análises <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s relaciona<strong>do</strong>s com tal consorciação incorreram numa série<br />

<strong>de</strong> vantagens, <strong>de</strong>ntre as quais o controle das gramíneas, na maioria das vezes, as<br />

principais invasoras nos povoa<strong>do</strong>s florestais.<br />

Em virtu<strong>de</strong> das condições climáticas favoráveis, o capim colonião (Panicum<br />

maximum, Jacq) é muito agressivo, apresentan<strong>do</strong> crescimento rápi<strong>do</strong>, o que obriga<br />

as <strong>em</strong>presas florestais a realizar<strong>em</strong> <strong>de</strong> quatro a seis capinas anuais, oneran<strong>do</strong> os<br />

custos <strong>do</strong> <strong>em</strong>preendimento. Nas áreas planas, é viável a capina mecanizada,<br />

entretanto, nos locais <strong>de</strong> topografia irregular, é utiliza<strong>do</strong> trabalho braçal.<br />

Assim, além <strong>de</strong> concorrer com as mudas <strong>de</strong> eucalipto na absorção <strong>de</strong><br />

nutrientes, o capim colonião, na sua fase avançada <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, dificulta o<br />

combate às formigas, além <strong>de</strong> facilitar a propagação <strong>de</strong> incêndios florestais.<br />

A criação <strong>de</strong> ovinos é, portanto, alternativa econômica para o <strong>em</strong>presário<br />

florestal, sen<strong>do</strong> necessário que haja, na composição <strong>do</strong>s lotes, a presença <strong>de</strong><br />

bovinos, pois estes farão o rebaixamento da vegetação, facilitan<strong>do</strong> a atuação <strong>do</strong>s<br />

ovinos com seu hábito <strong>de</strong> pastejo rasteiro. A consorciação <strong>de</strong> bezerros e ovelhas <strong>em</strong><br />

áreas <strong>de</strong> eucaliptos recém-plantadas, antes da primeira capina, levou a concluir que<br />

o local não sofreu qualquer dano até os <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> consorciação, sen<strong>do</strong> que a<br />

taxa <strong>de</strong> lotação a<strong>de</strong>quada foi <strong>de</strong> 1 UA/ha/ano, haven<strong>do</strong>, inclusive, ganho <strong>de</strong> peso<br />

<strong>do</strong>s animais.<br />

Sabe-se <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> consorciação <strong>de</strong> ovinos, até então b<strong>em</strong><br />

sucedidas, <strong>em</strong> lavoura <strong>de</strong> pêssegos e ameixas, não ten<strong>do</strong> havi<strong>do</strong>, até o presente,<br />

trabalhos que pu<strong>de</strong>ss<strong>em</strong> quantificar os resulta<strong>do</strong>s.<br />

3. Consorciação com cultura animais – pastoreio múltiplo<br />

O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção mista (bovinos <strong>de</strong> corte e ovinos) está bastante<br />

generaliza<strong>do</strong> na zona pecuária <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul. Para dar uma idéia <strong>de</strong> sua<br />

importância, é suficiente mencionar que os bovinos <strong>de</strong> corte contribu<strong>em</strong> com 16,4%


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<strong>do</strong> valor bruto da produção agropecuária <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul e os ovinos com<br />

4,5%. A chamada pecuária extensiva (bovinos <strong>de</strong> corte, ovinos, eqüinos e outros)<br />

ocupa, aproximadamente, 150.000 Km e se constitui <strong>em</strong> ativida<strong>de</strong> bastante<br />

importante <strong>em</strong> mais <strong>de</strong> 60.000 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção agropecuária daquele Esta<strong>do</strong>.<br />

Em geral, bovinos <strong>de</strong> corte e ovinos são explora<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> um sist<strong>em</strong>a<br />

tradicional, pouco tecnifica<strong>do</strong> e que apresenta níveis baixos <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, com<br />

altos índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e baixos rendimentos <strong>de</strong> lã por ovino e por hectare.<br />

Devi<strong>do</strong> a essa situação, é impossível encontrar uma solução para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento agropecuário <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, s<strong>em</strong> cont<strong>em</strong>plar o incr<strong>em</strong>ento<br />

da eficiência sócio-econômica <strong>do</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção mista: bovinos <strong>de</strong> corte e<br />

ovinos.<br />

3.1. Pastoreio Múltiplo<br />

A maioria <strong>do</strong>s trabalhos <strong>em</strong> pastoreio combina<strong>do</strong> é oriunda <strong>de</strong> autores norte-<br />

americanos e sul-africanos, sen<strong>do</strong> que os últimos <strong>de</strong>dicam-se mais ao estu<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

pastoreio combina<strong>do</strong> <strong>de</strong> ruminantes <strong>do</strong>mésticos. O pastoreio contínuo por ovinos é<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> mais prejudicial à pastag<strong>em</strong> <strong>do</strong> que o <strong>de</strong> caprinos, <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da maior<br />

intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastejo daqueles sobre os componentes da vegetação <strong>do</strong> estrato<br />

herbáceo, resultan<strong>do</strong> <strong>em</strong> maior exposição <strong>do</strong> solo.<br />

Os efeitos <strong>do</strong> pastoreio múltiplo <strong>de</strong> caprinos e bovinos <strong>em</strong> pastagens <strong>de</strong><br />

vegetação arbórea e arbustiva foram avalia<strong>do</strong>s na África <strong>do</strong> Sul. O trabalho<br />

<strong>de</strong>senvolveu-se <strong>em</strong> duas fases. A primeira, que perdurou por seis anos, incluiu áreas<br />

<strong>de</strong> pastoreio por bovinos e áreas por caprinos. Nesta primeira etapa, o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho<br />

<strong>do</strong>s bovinos superou ao <strong>do</strong>s caprinos e ao das duas espécies combinadas. Todavia,<br />

as parcelas submetidas ao uso por caprinos tiveram a sua produção <strong>de</strong> gramíneas<br />

aumentada, sen<strong>do</strong> controlada sua cobertura arbustiva. Foi, então, iniciada a<br />

segunda fase da pesquisa, <strong>em</strong> que os piquetes, anteriormente utiliza<strong>do</strong>s por<br />

bovinos, passaram a sê-lo por caprinos e vice-versa. Ambas as espécies se<br />

beneficiaram, apresentan<strong>do</strong> ganhos <strong>de</strong> peso superiores aos obti<strong>do</strong>s na primeira<br />

fase. Assim, o autor concluiu que, <strong>em</strong> longo prazo, a combinação das duas espécies<br />

seria a melhor opção. A proporção sugerida seria <strong>de</strong> um bovino para <strong>do</strong>is caprinos.<br />

Por sua vez, o pastoreio <strong>de</strong> cavalos, altamente seletivos por gramíneas,<br />

favoreceu o crescimento <strong>do</strong> arbusto Purshia tri<strong>de</strong>ntata, principal componente da


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dieta <strong>de</strong> vea<strong>do</strong>s e alces. Assim, a combinação das três espécies herbívoras resultou<br />

no uso mais uniforme da pastag<strong>em</strong> e melhorou o seu <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho produtivo.<br />

Em trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> na Austrália, <strong>em</strong> uma pastag<strong>em</strong> com vegetação<br />

pre<strong>do</strong>minada pelo eucalipto (Eucaliptus populnea) com substrato <strong>de</strong> arbustos e uma<br />

camada herbácea <strong>de</strong> gramíneas e ervas <strong>de</strong> folha larga, comparou as dietas <strong>de</strong><br />

caprinos, ovinos e bovinos. A superposição das dietas variou com as espécies<br />

animais comparadas e com a época <strong>do</strong> ano. Ovinos e bovinos mostraram maior<br />

competição, enquanto caprinos e ovinos tiveram menor superposição das dietas. O<br />

autor concluiu que o pastoreio por duas ou mais espécies herbívoras resultou <strong>em</strong><br />

melhor distribuição da pressão <strong>do</strong> pastejo, uso mais completo <strong>de</strong> um maior número<br />

<strong>de</strong> componentes da vegetação e benefício mútuo para as espécies animais.<br />

Segun<strong>do</strong> os da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> diversos trabalhos, ovinos <strong>em</strong> pastag<strong>em</strong> nativa<br />

preferiram 62% <strong>de</strong> gramíneas, 15% <strong>de</strong> ervas e 23% <strong>de</strong> ramas. Por sua vez, ovinos<br />

<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> super-pastoreio consumiram 79% <strong>de</strong> gramíneas, 8% <strong>de</strong> ervas e<br />

14% <strong>de</strong> ramas, enquanto que <strong>em</strong> pastagens não pastejadas, preferiram 29% <strong>de</strong><br />

gramíneas, 42% <strong>de</strong> ervas e 30% <strong>de</strong> ramas. Em outra pesquisa, foi constata<strong>do</strong> que a<br />

dieta <strong>de</strong> ovinos era <strong>de</strong> 60% <strong>de</strong> gramíneas, 18% <strong>de</strong> ervas e 22% <strong>de</strong> arbustos,<br />

enquanto que os caprinos apresentaram, <strong>em</strong> sua dieta, 48% <strong>de</strong> gramíneas, 40% <strong>de</strong><br />

arbustos e 12% <strong>de</strong> ervas.<br />

3.2. Descontaminação <strong>de</strong> Pastagens<br />

A <strong>de</strong>scontaminação das pastagens é realizada pela utilização da espécie<br />

ovina <strong>em</strong> pastejo alterna<strong>do</strong> com bovinos e eqüinos. Trata-se <strong>de</strong> uma prática<br />

baseada na especificida<strong>de</strong> parasitária <strong>do</strong>s vermes, ou seja, larvas infectantes <strong>do</strong>s<br />

parasitas <strong>de</strong> ovinos que for<strong>em</strong> ingeridas por eqüinos serão <strong>de</strong>struídas, pois não<br />

encontrarão ambiente a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para seu <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>em</strong> se tratan<strong>do</strong> <strong>de</strong> um<br />

hospe<strong>de</strong>iro <strong>de</strong> outra espécie.<br />

Como exceção t<strong>em</strong>os o T. axei, que infecta ruminantes e eqüinos. Tal fato<br />

não é preocupante, pois o principal parasita <strong>do</strong>s ovinos é o Ha<strong>em</strong>onchus e não<br />

Trichostrongylus, o que cre<strong>de</strong>ncia os eqüinos para <strong>de</strong>scontaminar pastagens <strong>de</strong><br />

ovinos e vice-versa.<br />

Quanto ao pastejo misto, envolven<strong>do</strong> bovinos e ovinos, estu<strong>do</strong> comparativo<br />

da prevalência <strong>de</strong> n<strong>em</strong>atódios gastrintestinais <strong>em</strong> ovinos e bovinos cria<strong>do</strong>s na<br />

mesma pastag<strong>em</strong>, <strong>em</strong> condições <strong>do</strong> Rio Gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, revelou a não ocorrência <strong>de</strong>


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infestações cruzadas por espécies <strong>do</strong>s gêneros Ha<strong>em</strong>onchus, Oesophagostomum,<br />

N<strong>em</strong>atodirus e Bunostomum, sen<strong>do</strong> que apenas algumas espécies <strong>do</strong>s gêneros<br />

Cooperia e Trichostrongylus axei apresentaram infestações cruzadas.<br />

Ten<strong>do</strong> por base as características morfológicas e biológicas, Ha<strong>em</strong>onchus<br />

contortus é caracteriza<strong>do</strong> como parasita <strong>de</strong> ovinos, enquanto H. Placei, como <strong>de</strong><br />

bovinos, sen<strong>do</strong> completamente inexpressiva a infestação natural cruzada ovino-<br />

bovino.<br />

Na Austrália, é relata<strong>do</strong> que Ha<strong>em</strong>onchus placei é um parasita<br />

preferencialmente <strong>de</strong> bovinos, enquanto H. contortus é um parasita <strong>de</strong> ovinos, o que<br />

foi confirma<strong>do</strong> por estu<strong>do</strong>s que verificaram redução significativa na contaminação <strong>de</strong><br />

pastagens <strong>de</strong> ovinos por H. contortus e T. colubriformes, quan<strong>do</strong> estas foram<br />

submetidas a pastejo prévio com bovinos jovens.<br />

No Brasil, piquetes manti<strong>do</strong>s com bovinos adultos, por <strong>do</strong>is e quatro meses,<br />

apresentaram níveis <strong>de</strong> contaminação inferiores aos <strong>do</strong>s campos maneja<strong>do</strong>s com<br />

pastejo misto (bovinos e ovinos) ou somente com ovinos. Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> foi<br />

realiza<strong>do</strong> pastoreio alterna<strong>do</strong> com bezerros e ovinos, a contaminação da pastag<strong>em</strong><br />

apresentou os maiores níveis, sugerin<strong>do</strong> a ocorrência <strong>de</strong> infestações cruzadas <strong>do</strong>s<br />

vermes entre bovinos e ovinos. Tal constatação <strong>de</strong>veu-se ao fato <strong>de</strong> que as<br />

espécies <strong>de</strong> Ha<strong>em</strong>onchus estudadas (H. contortus e H. placei) po<strong>de</strong>m parasitar<br />

ovinos e bovinos.<br />

A questão também po<strong>de</strong> ser explicada pelo fato <strong>do</strong>s bovinos adultos<br />

apresentaram uma resistência bastante elevada à verminose. Assim, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à<br />

resposta imunitária <strong>do</strong> hospe<strong>de</strong>iro, a maioria das larvas infectantes ingeridas por<br />

esses animais são <strong>de</strong>struídas no aparelho digestivo, o mesmo não acontecen<strong>do</strong> com<br />

os bovinos jovens.<br />

Em São Paulo, torna-se necessária à realização <strong>de</strong> experimentos visan<strong>do</strong><br />

verificar quais as espécies <strong>de</strong> Ha<strong>em</strong>onchus que parasitam bovinos e ovinos cria<strong>do</strong>s<br />

juntos ou isoladamente, <strong>de</strong> forma a orientar os ovinocultores com segurança,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, recomendar a utilização apenas <strong>de</strong> bovinos adultos ou <strong>de</strong><br />

eqüinos como <strong>de</strong>scontamina<strong>do</strong>res das pastagens no esta<strong>do</strong>. Esses animais irão<br />

ingerir o capim com as larvas infectantes para os ovinos, as quais, <strong>em</strong> sua maioria,<br />

serão <strong>de</strong>struídas no aparelho digestivo <strong>de</strong>sses animais por encontrar<strong>em</strong> um<br />

hospe<strong>de</strong>iro ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para sua instalação ou um animal resistente ao parasita.<br />

Assim, os bovinos ou eqüinos <strong>de</strong>verão permanecer cerca <strong>de</strong> <strong>do</strong>is meses nos<br />

piquetes escolhi<strong>do</strong>s para que sejam estes <strong>de</strong>scontamina<strong>do</strong>s. Após este perío<strong>do</strong>, os


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piquetes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> permanecer s<strong>em</strong> animais até que haja recuperação da pastag<strong>em</strong>, o<br />

que irá variar com a época <strong>do</strong> ano, tipo <strong>de</strong> forrag<strong>em</strong> e uso <strong>de</strong> irrigação.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que as categorias que apresentam maior susceptibilida<strong>de</strong> à<br />

verminose são ovelhas <strong>em</strong> final <strong>de</strong> gestação e início <strong>de</strong> lactação e cor<strong>de</strong>iros a partir<br />

<strong>do</strong> <strong>de</strong>smame, esses animais <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s às pastagens<br />

<strong>de</strong>scontaminadas. Caso não seja possível prepará-las, tanto para as ovelhas quanto<br />

para os cor<strong>de</strong>iros, <strong>de</strong>ve-se dar preferência aos últimos, por ser<strong>em</strong> estes mais<br />

suscetíveis. É importante l<strong>em</strong>brar que as medidas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scontaminação <strong>do</strong>s piquetes<br />

seleciona<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>verão iniciar com base na data prevista para o início das parições.<br />

Para que seja retardada a recontaminação das pastagens, <strong>de</strong>ve-se<br />

administrar aos ovinos um anti-helmíntico <strong>de</strong> amplo espectro, antes da introdução<br />

<strong>de</strong>sses animais nas pastagens.<br />

3.3. Consorciação <strong>de</strong> ovinos com áreas próximas a conjunto <strong>de</strong><br />

tanques e viveiros <strong>de</strong> peixe<br />

Tanques <strong>de</strong> piscicultura são recintos construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> terra ou alvenaria,<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à reprodução, estocag<strong>em</strong> <strong>de</strong> alevinos e matrizes e manejo <strong>de</strong> peixes. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, os viveiros são recintos <strong>de</strong> terra <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s exclusivamente ao<br />

crescimento e engorda <strong>do</strong>s peixes.<br />

No caso da consorciação com a espécie ovina, as construções sofisticadas,<br />

como as <strong>do</strong>s tanques <strong>de</strong> alvenaria ou concreto, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser evitadas, dan<strong>do</strong>-se<br />

preferência às <strong>de</strong> terra, formadas pela escavação <strong>do</strong> terreno e por diques, ou <strong>de</strong><br />

barrag<strong>em</strong>, por permitir<strong>em</strong> um melhor <strong>de</strong>slocamento <strong>do</strong>s animais <strong>em</strong> toda a área,<br />

exploran<strong>do</strong> até mesmo a vegetação lateral muito próxima à lâmina d’água.<br />

Quanto à vegetação disponível para os ovinos, <strong>de</strong>ve consistir-se <strong>de</strong><br />

gramíneas <strong>de</strong> hábito <strong>de</strong> crescimento prostra<strong>do</strong> bastante rizomatosas, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />

evitar a erosão da orla <strong>do</strong>s tanques, coincidin<strong>do</strong> com a preferência <strong>do</strong>s ovinos.<br />

VII. NUTRIÇÃO E ALIMENTAÇÃO DE OVINOS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Carvalho et al. (2001) e Valver<strong>de</strong> (2000). Serão<br />

aborda<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os aspectos relaciona<strong>do</strong>s com a nutrição e alimentação <strong>de</strong> ovinos,<br />

exceto aqueles referentes à utilização <strong>de</strong> pastagens, já aborda<strong>do</strong>s no capítulo V.


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1. Exigências nutricionais<br />

As exigências nutricionais <strong>do</strong>s ovinos <strong>em</strong> proteína, energia, minerais e<br />

vitaminas variam <strong>em</strong> função <strong>de</strong> vários fatores, tais como:<br />

• Raça: as raças mais precoces e <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, como as especializadas na<br />

produção <strong>de</strong> carne, ten<strong>de</strong>m a apresentar maior exigência nutricional que as<br />

raças produtoras <strong>de</strong> lã ou mistas. Já as raças <strong>de</strong>slanadas apresentam-se,<br />

ainda, menos exigentes;<br />

• Ida<strong>de</strong>: os animais mais jovens ten<strong>de</strong>m a apresentar maiores exigências, <strong>em</strong><br />

razão <strong>do</strong> maior ritmo <strong>de</strong> crescimento;<br />

• Categoria ou situação fisiológica: o esta<strong>do</strong> fisiológico afeta<br />

significativamente as exigências nutricionais. A gestação, principalmente <strong>em</strong><br />

seu terço final, e a lactação levam a um aumento consi<strong>de</strong>rável <strong>de</strong>ssas<br />

exigências;<br />

• Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> criação: <strong>em</strong> criações extensivas, on<strong>de</strong> os animais têm <strong>de</strong><br />

percorrer gran<strong>de</strong>s distâncias entre áreas <strong>de</strong> pastejo, saleiros ou bebe<strong>do</strong>uros,<br />

as exigências nutricionais, principalmente <strong>em</strong> energia, ten<strong>de</strong>m a ser maiores<br />

que a <strong>do</strong>s animais <strong>em</strong> pastagens menores e mais produtivas.<br />

2. Supl<strong>em</strong>entação e rações<br />

De maneira geral, os ovinos po<strong>de</strong>m ser manti<strong>do</strong>s exclusivamente <strong>em</strong> regime<br />

<strong>de</strong> pastag<strong>em</strong>, ten<strong>do</strong> s<strong>em</strong>pre à vonta<strong>de</strong> água e sal mineral. No entanto, <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>terminadas situações relacionadas à época <strong>do</strong> ano, exigência da categoria animal<br />

e manejo <strong>do</strong> rebanho, po<strong>de</strong> ser necessário o fornecimento <strong>de</strong> um supl<strong>em</strong>ento ou<br />

compl<strong>em</strong>ento alimentar.<br />

Forrageiras conservadas e rações balanceadas são, normalmente, ou<br />

supl<strong>em</strong>entos utiliza<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> as condições e os níveis nutricionais da pastag<strong>em</strong><br />

for<strong>em</strong> bons, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os oferecer rações mais simples, apenas para manutenção,<br />

como, por ex<strong>em</strong>plo, ao pren<strong>de</strong>r os animais a noite. Por outro la<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> as<br />

pastagens estiver<strong>em</strong> <strong>de</strong>gradadas, as supl<strong>em</strong>entações <strong>de</strong>verão ser ricas <strong>em</strong> proteína<br />

e energia.<br />

As supl<strong>em</strong>entações formadas por rações concentradas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> se fornecidas<br />

na quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 30 a 40% <strong>do</strong> total <strong>de</strong> matéria seca (MS) consumida.


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ingredientes:<br />

A seguir, apresentar<strong>em</strong>os algumas fórmulas <strong>de</strong> rações com os principais<br />

2.1. Rações complexas<br />

1) Feno coast-cross 30%<br />

Rolão milho 20%<br />

Milho (fubá) 33,5%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja (45% PB) 15%<br />

Calcário calcítico 1,5%<br />

Valores nutricionais: 13,5% PB; 65% NDT; 0,69% Ca e 0,3% P<br />

2) Feno <strong>de</strong> alfafa 35%<br />

Milho (fubá) 30%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 15%<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 19%<br />

Calcário calcítico 1%<br />

Valores nutricionais: 18% PB; 65% NDT; 0,8% Ca e 0,4% P<br />

3) Feno <strong>de</strong> alfafa 35%<br />

Milho (fubá) 36%<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 28%<br />

Calcário calcítico 1%<br />

Valores nutricionais: 16% PB; 65% NDT; 0,8% Ca e 0,4% P<br />

As rações acima já contêm o volumoso; portanto, seu fornecimento <strong>de</strong>ve ser à<br />

vonta<strong>de</strong> para os animais, que também <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter s<strong>em</strong>pre à disposição sal mineral.<br />

As rações cujo volumoso é o feno <strong>de</strong> alfafa apresentam custo mais eleva<strong>do</strong>; no<br />

entanto, melhoram bastante a lã e o esta<strong>do</strong> geral <strong>do</strong>s animais.<br />

Outra opção seria o fornecimento <strong>de</strong> volumoso e concentra<strong>do</strong><br />

separadamente. Neste caso, o volumoso (feno, capineira ou silag<strong>em</strong>) <strong>de</strong>ve estar<br />

s<strong>em</strong>pre à disposição <strong>do</strong> animal e apresentar boa qualida<strong>de</strong>. No caso das capineiras,<br />

estas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser oferecidas aos animais quan<strong>do</strong> novas, ou seja, entre 45 a 90 dias<br />

<strong>de</strong> crescimento, pois é nesta fase que apresentam melhor valor nutricional.


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2.2. Concentra<strong>do</strong>s<br />

1) Milho (fubá) 70%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 28%<br />

Calcário calcítico 1,5%<br />

Fosfato bicálcico 0,5%<br />

Valores nutricionais: 19% PB; 76% NDT; 0,75% Ca e 0,4% P<br />

2) Milho (fubá) 60%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 23%<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 15%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Valores nutricionais: 18,8% PB; 74% NDT; 0,82% Ca e 0,46% P<br />

3) Milho (fubá) 68%<br />

Farelo <strong>de</strong> algodão (28%) 30%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Valores nutricionais: 16% PB; 75% NDT; 0,8% Ca e 0,44% P<br />

4) Milho (fubá) 52,8%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 21,5%<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 13%<br />

Farelo <strong>de</strong> algodão 9,5%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Fosfato bicálcico 0,2%<br />

Sal fino 1%<br />

Valores nutricionais: 19,3% PB; 72% NDT; 0,86% Ca e 0,45% P<br />

3. Confinamento <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros<br />

Atualmente, no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, os melhores resulta<strong>do</strong>s para terminação<br />

<strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros para abate ou recria <strong>de</strong> fêmeas são obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> confinamento.<br />

Principais vantagens <strong>do</strong> confinamento:<br />

• Máximo aproveitamento da área disponível, pois não haverá necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

reservar uma área para <strong>de</strong>smame <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros; esta área (25% da área


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ocupada pelas matrizes) po<strong>de</strong> ser utilizada para aumentar o número <strong>de</strong><br />

fêmeas produzin<strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iros;<br />

• Menor taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, pois, quan<strong>do</strong> confinamos os cor<strong>de</strong>iros,<br />

praticamente eliminamos o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> verminose, a principal causa <strong>de</strong><br />

“perda” <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros durante a recria.<br />

Como <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong>, po<strong>de</strong>mos citar o aumento <strong>do</strong> custo, principalmente com<br />

alimentação e mão-<strong>de</strong>-obra.<br />

Os cor<strong>de</strong>iros a ser<strong>em</strong> confina<strong>do</strong>s <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser recém-<strong>de</strong>smama<strong>do</strong>s (45 a 90<br />

dias) e estar <strong>em</strong> bom esta<strong>do</strong> físico e sanitário. Os melhores animais para<br />

confinamento são provenientes <strong>de</strong> cruzamento industrial, pois, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao “choque <strong>de</strong><br />

sangue” (heterose), apresentam excelente ganho <strong>de</strong> peso.<br />

Com relação às instalações, po<strong>de</strong>r<strong>em</strong>os utilizar mangueiras, barracões,<br />

cerca<strong>do</strong>s ou mesmo a própria cabanha. O piso po<strong>de</strong> ser ripa<strong>do</strong>, cimenta<strong>do</strong> ou <strong>de</strong><br />

terra, evitan<strong>do</strong>-se, no entanto, que haja locais <strong>em</strong> que a água <strong>em</strong>posse e on<strong>de</strong><br />

nasçam gramíneas. A cobertura po<strong>de</strong> ser total ou parcial, ou seja, po<strong>de</strong> cobrir<br />

somente a linha <strong>de</strong> cocho e fornecer alguma sombra para os animais. A área a ser<br />

consi<strong>de</strong>rada para cor<strong>de</strong>iros até 30Kg <strong>de</strong> peso é <strong>de</strong> 0,60 m 2 /cabeça, <strong>em</strong> instalações<br />

totalmente cobertas, e 5 m 2 /cabeça quan<strong>do</strong> somente a linha <strong>de</strong> cochos é coberta.<br />

Tomada a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> confinar os cor<strong>de</strong>iros, <strong>de</strong>v<strong>em</strong>os ter alguns cuida<strong>do</strong>s:<br />

• Sen<strong>do</strong> o consumo <strong>de</strong> alimentos cerca <strong>de</strong> 3 a 4% <strong>do</strong> peso vivo/cabeça/dia <strong>em</strong><br />

MS, <strong>de</strong>ve-se programar s<strong>em</strong>pre a mais para evitar mudanças <strong>do</strong>s<br />

ingredientes da ração, b<strong>em</strong> como <strong>do</strong>s níveis <strong>de</strong> energia e proteína que<br />

po<strong>de</strong>riam causar atrasos e perdas <strong>de</strong> peso;<br />

• Sal mineral <strong>de</strong>ve estar s<strong>em</strong>pre à vonta<strong>de</strong>;<br />

• A castração e a <strong>de</strong>scola são <strong>de</strong>snecessárias aos cor<strong>de</strong>iros confina<strong>do</strong>s,<br />

executan<strong>do</strong>-se machos e fêmeas que serão recria<strong>do</strong>s para reprodução;<br />

• A tosquia no início <strong>do</strong> confinamento po<strong>de</strong>rá aumentar o consumo <strong>de</strong><br />

alimentos e conseqüent<strong>em</strong>ente o ganho <strong>de</strong> peso;<br />

• Deve-se formar lotes com ida<strong>de</strong> e tamanho homogêneos, para diminuir o<br />

efeito da <strong>do</strong>minância;<br />

• No caso <strong>de</strong> usar feno como volumoso na ração, aconselha-se picá-lo e<br />

mistura-lo ao concentra<strong>do</strong>, a fim <strong>de</strong> evitar perdas e aumentar o consumo<br />

<strong>de</strong>ste ingrediente;<br />

• Deve-se vermifugar os cor<strong>de</strong>iros antes <strong>de</strong> entrar<strong>em</strong> no confinamento;


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• Quinze dias antes <strong>do</strong> <strong>de</strong>smame, os cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser vacina<strong>do</strong>s contra<br />

enterotox<strong>em</strong>ia, carbúnculo sintomático e gangrena gasosa (Sintomatina<br />

Polivalente) com uma <strong>do</strong>se <strong>do</strong> reforço 15 a 21 dias após.<br />

A seguir dar<strong>em</strong>os ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong> dietas para confinamento. L<strong>em</strong>bramos que<br />

muitos outros alimentos po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>do</strong>s, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que estejam nas proporções<br />

corretas. A escolha por um outro ingrediente vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sua disponibilida<strong>de</strong> e<br />

custo, <strong>em</strong> cada região.<br />

Exigências nutricionais para confinamento (% MS)<br />

PB = 14%; NDT = 65%; Ca = 0,8% e P = 0,4%<br />

3.1. Rações completas para confinamento <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros<br />

1) Feno <strong>de</strong> gramínea 38%<br />

Milho (fubá) 37,5%<br />

Farelo <strong>de</strong> algodão 23%<br />

Calcário calcítico 1,5%<br />

Valores nutricionais: 14% PB; 62% NDT; 0,7% Ca e 0,35% P<br />

2) Feno <strong>de</strong> gramínea 20%<br />

Milho (fubá) 31%<br />

Rolão <strong>de</strong> milho 22%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 14%<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 13%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Valores nutricionais: 15% PB; 68% NDT; 0,9% Ca e 0,4% P<br />

3) Feno <strong>de</strong> gramínea 30%<br />

Rolão <strong>de</strong> milho 55%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 15%<br />

Calcário calcítico 1,5%<br />

Valores nutricionais: 13,5% PB; 62% NDT; 0,7% Ca e 0,3% P


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3.2. Concentra<strong>do</strong>s para confinamento <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros<br />

1) Rolão <strong>de</strong> milho 60%<br />

Farelo <strong>de</strong> algodão 40%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Valores nutricionais: 16% PB; 60% NDT; 0,9% Ca e 0,5% P<br />

OBS.: este concentra<strong>do</strong>, pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fibra existente, cerca <strong>de</strong> 12% <strong>de</strong> FB,<br />

po<strong>de</strong> ser usa<strong>do</strong> s<strong>em</strong> volumoso.<br />

2) Milho (fubá) 58%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 27%<br />

Farelo <strong>de</strong> trigo 12%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Sal mineral para ovinos 1%<br />

Valores nutricionais: 20% PB; 75% NDT; 0,9% Ca e 0,5% P<br />

3) Rolão <strong>de</strong> milho 70%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 30%<br />

Calcário calcítico 1,3%<br />

Valores nutricionais: 19% PB; 76% NDT; 0,6% Ca e 0,35% P<br />

Se utilizarmos ração completa, esta <strong>de</strong>ve ser oferecida à vonta<strong>de</strong> aos<br />

animais. No caso <strong>de</strong> utilizar concentra<strong>do</strong> e volumoso separadamente, <strong>de</strong>ver<strong>em</strong>os<br />

fornecê-los na seguinte proporção: ½ da MS <strong>em</strong> volumoso e ½ <strong>em</strong> concentra<strong>do</strong>.<br />

Ex: <strong>em</strong> animais com 15 Kg <strong>de</strong> peso vivo, o consumo <strong>de</strong> MS é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,6<br />

Kg/cab/dia; portanto <strong>de</strong>ver<strong>em</strong>os fornecer aproximadamente 0,3 Kg <strong>de</strong> concentra<strong>do</strong> +<br />

0,3 Kg <strong>de</strong> MS <strong>de</strong> volumoso, ou seja, aproximadamente 1,2 Kg <strong>de</strong> matéria ver<strong>de</strong>.<br />

4. Creep-feeding<br />

Trata-se <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> que os cor<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> amamentação têm acesso a<br />

uma supl<strong>em</strong>entação alimentar, através <strong>de</strong> uma instalação on<strong>de</strong> apenas eles<br />

consegu<strong>em</strong> ter acesso.


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O sist<strong>em</strong>a po<strong>de</strong> ser aplica<strong>do</strong> a partir <strong>do</strong>s 10 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros. A<br />

instalação <strong>de</strong>ve ser disposta <strong>em</strong> local sombrea<strong>do</strong> (quan<strong>do</strong> na pastag<strong>em</strong>) ou coberto,<br />

preferencialmente <strong>em</strong> áreas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso <strong>do</strong> rebanho.<br />

A ração <strong>do</strong> creep-feeding <strong>de</strong>ve ser palatável e fornecida a vonta<strong>de</strong>, formulada<br />

preferencialmente por concentra<strong>do</strong> com altos valores <strong>de</strong> proteína e energia.<br />

Sugestões:<br />

1) Milho <strong>em</strong> grão moí<strong>do</strong> ou fubá 76%<br />

Farelo <strong>de</strong> soja 20%<br />

Açúcar 2%<br />

Calcário calcítico 1,5%<br />

Sal mineral para ovinos 0,5%<br />

Valores nutricionais: 17% PB; 78% NDT; 0,6% Ca e 0,3% P<br />

2) Milho <strong>em</strong> grão moí<strong>do</strong> ou fubá 70%<br />

Farelo <strong>de</strong> algodão 26%<br />

Açúcar 2%<br />

Calcário calcítico 2%<br />

Sal mineral para ovinos 0,5%<br />

Valores nutricionais: 15% PB; 75% NDT; 0,8% Ca e 0,4% P<br />

5. Alimentos para ovinos: suas características<br />

5.1. Alimentos volumosos<br />

5.1.1. Fenos<br />

Os fenos (ou pasto seco) constitu<strong>em</strong> alimentos <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valor para a<br />

alimentação <strong>do</strong>s ovinos e, especialmente, quan<strong>do</strong> são <strong>de</strong> leguminosas. É<br />

conveniente l<strong>em</strong>brar que o valor nutritivo <strong>do</strong>s fenos vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r especialmente da<br />

época <strong>de</strong> corte, <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s utiliza<strong>do</strong>s na colheita da pastag<strong>em</strong>, preparação,<br />

proporção <strong>de</strong> folhas e armazenamento.<br />

Em geral, po<strong>de</strong>-se dizer que to<strong>do</strong>s os fenos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e muito<br />

especialmente os <strong>de</strong> leguminosas (alfafa e trevos), po<strong>de</strong>m compor perfeitamente<br />

100% da ração nos ovinos.


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Como índice geral, o feno <strong>de</strong> leguminosas, corta<strong>do</strong> oportunamente e<br />

prepara<strong>do</strong> a<strong>de</strong>quadamente, apresenta <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 52% <strong>de</strong> NDT na MS. O feno <strong>de</strong><br />

gramínea cortada no perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> crescimento b<strong>em</strong> prepara<strong>do</strong>, apresenta ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong><br />

47% <strong>de</strong> NDT.<br />

5.1.2. Palhas<br />

Principalmente as palhas <strong>de</strong> cereais são mais alimentos <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> utilizar-se somente como parte da ração já que são <strong>de</strong> baixo valor nutritivo<br />

e pouca palatabilida<strong>de</strong>. Assim, são pobres <strong>em</strong> energia, proteína, cálcio, fósforo e<br />

vitaminas. Apresentam 35% <strong>de</strong> NDT e não se prestam para rações <strong>de</strong> produção. A<br />

palha <strong>de</strong> aveia figura como a <strong>de</strong> maior valor, seguida <strong>de</strong> cevada e <strong>de</strong>pois a <strong>de</strong> trigo.<br />

5.1.3. Silagens<br />

Quan<strong>do</strong> há falta <strong>de</strong> forragens ver<strong>de</strong>s, a silag<strong>em</strong> b<strong>em</strong> preparada é <strong>em</strong> alimento<br />

suculento e apetecível, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> utilida<strong>de</strong>.<br />

a) Silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Milho – Essa forrag<strong>em</strong> é satisfatória para a alimentação <strong>de</strong> ovinos, e<br />

calcula-se um valor nutritivo comparativo (quilo a quilo) <strong>de</strong> 33% a 50% a respeito<br />

<strong>de</strong> um feno <strong>de</strong> leguminosa. A boa silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> milho contém, <strong>em</strong> média 52% <strong>de</strong><br />

NDT, e é boa fonte <strong>de</strong> caroteno. Em geral, exige energia e fósforo<br />

supl<strong>em</strong>entares.<br />

b) Silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> pastos – Sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e, especialmente elaborada, a<br />

partir <strong>de</strong> leguminosas, t<strong>em</strong> um valor nutritivo e utilização s<strong>em</strong>elhante à silag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> milho, no entanto, é normalmente superior a este no seu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> proteína<br />

e cálcio. Esse aspecto <strong>de</strong>ve ser leva<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta <strong>de</strong> forma especial, já que isso<br />

po<strong>de</strong> significar importante economia <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entos protéicos.<br />

c) Silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> folhas e coroas <strong>de</strong> beterraba açucareira – Atribui-se um valor<br />

nutritivo <strong>de</strong> 17 – 25%, <strong>em</strong> média, <strong>em</strong> comparação com o feno <strong>de</strong> leguminosas e<br />

<strong>de</strong> 50%, comparan<strong>do</strong>-se com a silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> milho, <strong>em</strong>bora <strong>em</strong> alguns casos,<br />

quan<strong>do</strong> é convenient<strong>em</strong>ente supl<strong>em</strong>entada, seu valor seja similar ao da silag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> milho. Recomenda-se fornecê-la <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s não superiores a 35% - 40%


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da ração total, principalmente pelo seu efeito laxante. Por isso, recomenda-se<br />

s<strong>em</strong>pre administrar com essa forrag<strong>em</strong> um supl<strong>em</strong>ento mineral <strong>de</strong> carbonato <strong>de</strong><br />

cálcio (120 g X 100 Kg <strong>de</strong> alimento), para evitar <strong>em</strong> parte esse probl<strong>em</strong>a e suprir<br />

a <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> cálcio.<br />

Para as folhas e coroas frescas <strong>de</strong> beterraba açucareira, recomendam-se as<br />

mesmas normas gerais que para a silag<strong>em</strong>. Assim, essa forrag<strong>em</strong> po<strong>de</strong>, então, ser<br />

utilizada <strong>de</strong> três maneiras diferentes:<br />

- Pastoreio direto no potreiro, uma vez que as raízes tenham si<strong>do</strong> retiradas.<br />

- Amontoan<strong>do</strong> a forrag<strong>em</strong> <strong>em</strong> pilhas pequenas, para que perca certa quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e logo levá-la até on<strong>de</strong> estão os animais, à medida que seja<br />

necessário.<br />

- Elaboração <strong>de</strong> silag<strong>em</strong>. Em alguns experimentos, t<strong>em</strong>-se forneci<strong>do</strong> essa silag<strong>em</strong><br />

a ovinos, como parte da ração <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> 1.5 kg por animal, e por dia,<br />

com bons resulta<strong>do</strong>s, mas supl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong> com carbonato <strong>de</strong> cálcio.<br />

Alguns pecuaristas não recomendam fornecer a cor<strong>de</strong>iros e carneiros gran<strong>de</strong>s<br />

quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa silag<strong>em</strong>, n<strong>em</strong> também a raiz fresca <strong>de</strong> beterraba açucareira,<br />

porque <strong>em</strong> certas ocasiões, t<strong>em</strong>-se apresenta<strong>do</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> cálculos urinários<br />

nesses animais.<br />

d) Silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> Sorgo – Essa forrag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> constituir um bom substituto da silag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> milho, especialmente naqueles regiões, on<strong>de</strong> é difícil a obtenção <strong>de</strong> bons<br />

rendimentos com o milho. Se lhe atribui um valor nutritivo <strong>de</strong> 25% a 30% junto a um<br />

feno <strong>de</strong> leguminosa <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.<br />

5.1.4. Forragens <strong>de</strong> corte<br />

Possu<strong>em</strong> característica, s<strong>em</strong>elhante às <strong>do</strong>s pastos, porém, um pouco<br />

inferiores, pois, quan<strong>do</strong> pastejam, os animais rejeitam as partes menos apetecíveis<br />

das plantas, <strong>de</strong> menor valor nutritivo, que são incluídas na colheita mecânica. A<br />

composição e o valor nutritivo da planta cortada ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> estágio <strong>de</strong><br />

vegetação, da fertilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> solo e <strong>de</strong> outros fatores.<br />

Nas capineiras e culturas forrageiras para corte, é mais fácil o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong><br />

fertilizantes e da irrigação, porque <strong>em</strong> áreas pequenas po<strong>de</strong> ser obtida uma gran<strong>de</strong><br />

massa ver<strong>de</strong> com diversos cortes anuais, <strong>em</strong>bora o custo da forrag<strong>em</strong> seja mais alto<br />

que <strong>do</strong> pasto corta<strong>do</strong> diretamente pelos animais.


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5.1.5. Pastos<br />

O pasto <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, <strong>em</strong> crescimento ativo, é o alimentos preferi<strong>do</strong><br />

pelos ovinos. Como não-concentra<strong>do</strong>, é rico <strong>em</strong> energia, pois contém mais <strong>de</strong> 60%<br />

<strong>de</strong> NDT na MS. A consorciação <strong>de</strong> leguminosas e gramíneas melhora os valores<br />

nutritivos e protéicos das pastagens. Todavia, com o amadurecimento das plantas, o<br />

valor <strong>do</strong> pasto <strong>de</strong>cresce, a ponto <strong>de</strong>, nos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seca prolongada, ser<strong>em</strong><br />

insuficientes os teores <strong>de</strong> energia, proteína, fósforo e caroteno.<br />

5.2. Raízes e tubérculos<br />

T<strong>em</strong> um alto conteú<strong>do</strong> <strong>em</strong> água e, <strong>de</strong>ssa maneira, sua porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> MS<br />

fica entre 10% e 15%, na maioria <strong>do</strong>s casos. Por essa razão, seu valor nutritivo no<br />

esta<strong>do</strong> fresco é escasso, compara<strong>do</strong> a outras forragens <strong>de</strong> um conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> MS<br />

superior, No entanto, as raízes e os tubérculos, tais como mandioca, batata <strong>do</strong>ce,<br />

beterraba, cenoura e nabos, possu<strong>em</strong> teores razoáveis <strong>de</strong> fósforo e são pobres <strong>em</strong><br />

proteínas e cálcio. Em geral, são, também, pobres <strong>em</strong> vitaminas, exceto a batata<br />

<strong>do</strong>ce e a cenoura que são fontes <strong>de</strong> caroteno. A MS possui um baixo conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

fibra que é muito digestível e <strong>de</strong> valor energético consi<strong>de</strong>ravelmente eleva<strong>do</strong>, por<br />

seu alto conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> carboidratos (açúcares).<br />

As raízes po<strong>de</strong>m ser fornecidas ao ga<strong>do</strong> ovino, segun<strong>do</strong> recomendações<br />

européias, <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s que oscil<strong>em</strong> entre 7 e 9 kg diário por animal, cuidan<strong>do</strong>-se<br />

<strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entá-las, convenient<strong>em</strong>ente, no que diz respeito ao cálcio, ao fósforo e à<br />

vitamina A. Para engorda, calculam-se que as raízes e os tubérculos, tenham <strong>em</strong><br />

média, um valor comparativo <strong>de</strong> 68% <strong>em</strong> comparação com a silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> milho.<br />

Assim, 4 kg <strong>de</strong> raízes correspon<strong>de</strong>m praticamente a 2.5 kg <strong>de</strong> silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> milho ou a<br />

1 kg <strong>de</strong> milho <strong>em</strong> grão.<br />

Recomenda-se seu fornecimento convenient<strong>em</strong>ente pica<strong>do</strong>s, evitan<strong>do</strong>-se<br />

possíveis probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> atragamento e afogo nos animais.<br />

5.3 Grãos, subprodutos e outros concentra<strong>do</strong>s


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Os cereais e seus subprodutos são muito usa<strong>do</strong>s na alimentação <strong>do</strong>s<br />

animais, porque são <strong>de</strong> fácil produção <strong>em</strong> muitas regiões. São palatáveis e ricos <strong>em</strong><br />

energia, <strong>em</strong>bora pobres <strong>em</strong> proteínas e minerais.<br />

a) Aveia – Constitui o grão perfeito para a alimentação <strong>de</strong> ovinos (ovelhas,<br />

carneiros, cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> engorda). Possui alta palatabilida<strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong><br />

conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> fibra que ajuda a evitar transtornos digestivo que são freqüentes ao<br />

se fornecer grãos aos animais. Atribui-se lhe um valor nutritivo <strong>de</strong> 75% - 100%,<br />

sen<strong>do</strong> que compara<strong>do</strong> ao milho <strong>em</strong> grão po<strong>de</strong> substituir <strong>de</strong> 10 a 100% <strong>do</strong><br />

alimento básico da ração, no entanto atinge seu maior valor quan<strong>do</strong> substitui<br />

somente uma porcentag<strong>em</strong> menor que 100%. Deve ser fornecida esmagada, ou<br />

como grão inteiro moí<strong>do</strong> grosso. Supera o milho <strong>em</strong> proteína, energia, cálcio e<br />

fósforo.<br />

b) Milho – T<strong>em</strong> alto valor nutritivo e seu uso na alimentação ovina está restrito,<br />

especialmente por seu preço eleva<strong>do</strong>, compara<strong>do</strong> outros grãos. No caso <strong>de</strong> se<br />

fornecê-lo aos animais, <strong>de</strong>ve-se cuidar não fazê-lo <strong>em</strong> excesso, já que seu baixo<br />

conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> fibra e sua concentração nutritiva po<strong>de</strong>m produzir transtornos<br />

digestivos sérios. Além disso, é mais pobre <strong>em</strong> proteína que outros grãos <strong>de</strong><br />

cereais e seu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> cálcio é baixo, razões pelas quais se recomenda seu<br />

fornecimento juntamente com uma forrag<strong>em</strong> <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, para se obter<br />

máximo benefício. Deve ser forneci<strong>do</strong> aos ovinos <strong>de</strong> preferência como quirera ou<br />

<strong>de</strong>sintegra<strong>do</strong>, com ou s<strong>em</strong> palha.<br />

c) Cevada, trigo, centeio – Esses grãos <strong>de</strong> cereais t<strong>em</strong> um valor nutritivo<br />

s<strong>em</strong>elhante, <strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se os <strong>do</strong>is últimos pelo seu maior conteú<strong>do</strong> <strong>em</strong> proteína<br />

que o milho.<br />

Constitu<strong>em</strong> alimentos satisfatórios para o ga<strong>do</strong> ovino e quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong>s com<br />

o milho, seus valores relativos quanto à alimentação são: trigo 90% - 95%,<br />

cevada 85% - 100% e centeio 83% - 87%. Po<strong>de</strong>m substituir 100% <strong>do</strong> alimento<br />

básico, porém, isso não é conveniente n<strong>em</strong> econômico, já que seu máximo<br />

rendimento e utilida<strong>de</strong> é alcança<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> figura como compl<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> uma<br />

ração, cujo grosso está constituí<strong>do</strong> por forrag<strong>em</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Nesse aspecto,<br />

<strong>de</strong>ve-se l<strong>em</strong>brar que os grãos <strong>de</strong> cereais são, <strong>em</strong> geral, baixos <strong>em</strong> cálcio e sua<br />

maior utilida<strong>de</strong> está no fato <strong>de</strong> fornecer<strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> energia


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que <strong>de</strong>ve ser administra<strong>do</strong> aos ovinos só <strong>em</strong> certos perío<strong>do</strong>s críticos que<br />

passar<strong>em</strong>os a analisar mais adiante.<br />

d) Sorgo – Seu cultivo e utilização está especialmente indica<strong>do</strong> para aquelas<br />

regiões on<strong>de</strong> não é possível conseguir bons rendimentos com o milho. Os grãos<br />

<strong>de</strong> Sorgo po<strong>de</strong>m substituir parcialmente o milho, <strong>em</strong>bora possuam valor nutritivo<br />

um pouco menor. Dev<strong>em</strong> ser tritura<strong>do</strong>s grossos.<br />

e) Farelo <strong>de</strong> trigo – Esse subproduto <strong>de</strong> moinho constitui um bom alimento para os<br />

ovinos, alcançan<strong>do</strong> um valor nutritivo relativo <strong>de</strong> 90% compara<strong>do</strong> ao milho,<br />

quan<strong>do</strong> usa<strong>do</strong> <strong>em</strong> proporção não superior a 33% <strong>em</strong> substituição ao alimento<br />

básico. Seu conteú<strong>do</strong> protéico é superior ao <strong>do</strong>s grãos <strong>de</strong> cereais, sen<strong>do</strong>, talvez,<br />

o alimento comum mais rico <strong>em</strong> fósforo. No entanto, é baixo <strong>em</strong> cálcio e contém<br />

quantida<strong>de</strong>s mínimas <strong>de</strong> vitimas A e D. Da<strong>do</strong> o seu conteú<strong>do</strong> relativamente alto<br />

<strong>em</strong> fibra, é um alimento “sadio” que não produz transtornos digestivos e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, po<strong>de</strong> constituir uma valiosa ajuda para tornar mais “leve” os<br />

concentra<strong>do</strong>s mais pesa<strong>do</strong>s e para iniciar os animais no consumo <strong>de</strong> grãos ou<br />

concentra<strong>do</strong>s.<br />

f) Arroz – Os grãos moí<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m substituir parcialmente o milho, mas são pouco<br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s, ao contrário <strong>de</strong> alguns subprodutos.<br />

O farelo comum <strong>de</strong> arroz é pobre <strong>em</strong> proteína, rico <strong>em</strong> gordura e sua<br />

digestibilida<strong>de</strong> varia com a proporção das cascas. É <strong>de</strong> difícil conservação, pois<br />

estraga facilmente. Já o farelo <strong>de</strong>sengordura<strong>do</strong>, é mais rico <strong>em</strong> proteína e<br />

contém menos energia, porém é <strong>de</strong> conservação mais prolongada;<br />

g) Subprodutos agroindustriais – A utilização <strong>de</strong> resíduos e produtos<br />

agroindustriais que apresentam valores <strong>de</strong> comercialização mais reduzi<strong>do</strong>s, t<strong>em</strong><br />

si<strong>do</strong> preconizada, para a alimentação <strong>de</strong> animais, especialmente <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a<br />

intensivo <strong>de</strong> terminação <strong>de</strong> bovinos. Apesar <strong>de</strong> aproximadamente 70% <strong>do</strong>s<br />

resulta<strong>do</strong>s existentes sobre avaliação nutritiva <strong>do</strong>s alimentos para ruminantes,<br />

ter<strong>em</strong> si<strong>do</strong> obtidas <strong>em</strong> pesquisas com ovinos, são muito escassas as<br />

informações não-convencionais, principalmente <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> alta produção.<br />

Dessa forma, torna-se importante à discussão <strong>de</strong> alguns aspectos relativos à<br />

viabilida<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong> subprodutos agroindustriais na alimentação <strong>de</strong>


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cor<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> sist<strong>em</strong>a intensivo <strong>de</strong> produção, objetivan<strong>do</strong>-se aumentar a rapi<strong>de</strong>z<br />

<strong>de</strong> comercialização e a produção <strong>de</strong> carcaças <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>.<br />

5.4. Supl<strong>em</strong>entos protéicos<br />

Como seu nome indica, esses alimentos caracterizam-se pelo seu eleva<strong>do</strong><br />

conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> proteína <strong>em</strong> comparação com os alimentos comuns.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se que a maioria <strong>de</strong>sses supl<strong>em</strong>entos constitu<strong>em</strong> subprodutos<br />

da elaboração <strong>de</strong> diferentes materiais, sua composição é bastante instável dadas às<br />

variações existentes na matéria prima mesma e nos diversos processos <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s<br />

na elaboração <strong>do</strong> produto principal. Isso <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> na avaliação das<br />

quantida<strong>de</strong>s nutritivas <strong>de</strong>sses supl<strong>em</strong>entos, já que isso <strong>de</strong>terminará sua correta<br />

utilização na alimentação ovina.<br />

Estes alimentos são usa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s relativamente pequenas por<br />

ser<strong>em</strong> <strong>de</strong> alto custo, compara<strong>do</strong>s com outros alimentos. No entanto, a incorporação<br />

<strong>de</strong> alguns poucos gramas diários são geralmente suficientes. Porém, po<strong>de</strong>m ser<br />

fornecidas quantida<strong>de</strong>s altas, s<strong>em</strong> inconveniente algum, mas seu uso e proporções<br />

estarão <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s, principalmente, pela classe e pela qualida<strong>de</strong> da forrag<strong>em</strong> que<br />

estiver sen<strong>do</strong> fornecida ao ga<strong>do</strong>, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se suas necessida<strong>de</strong>s alimentares,<br />

num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento, e pelo custo relativo <strong>do</strong>s outro alimentos <strong>em</strong><br />

comparação com o supl<strong>em</strong>ento protéico.<br />

Os supl<strong>em</strong>entos protéicos, então, estão <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s especialmente a fornecer<br />

a proteína necessária para o crescimento normal e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ga<strong>do</strong>, e<br />

serão usa<strong>do</strong>s essencialmente durante os perío<strong>do</strong>s “críticos” da alimentação e<br />

quan<strong>do</strong> for<strong>em</strong> administradas forrageiras <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiente ou não<br />

leguminosas.<br />

a) Farelo <strong>de</strong> linhaça – É um excelente supl<strong>em</strong>ento protéico para o ga<strong>do</strong> ovino e<br />

seu uso está limita<strong>do</strong> especialmente pelo alto custo e escassa digestibilida<strong>de</strong>.<br />

Atribuin<strong>do</strong>-se-lhe, normalmente um conteú<strong>do</strong> protéico <strong>de</strong> 35% e <strong>de</strong> um baixo<br />

conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> fibra, compara<strong>do</strong> a outros supl<strong>em</strong>entos protéicos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong><br />

vegetal, é um excelente supl<strong>em</strong>ento para rações <strong>de</strong> animais <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s a<br />

exposições. É rico <strong>em</strong> fósforo.<br />

b) Farelo <strong>de</strong> girassol – Sua composição e seu valor nutritivo é variável,<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong>, principalmente, da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> casca que contenha. Em


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algumas análises, t<strong>em</strong>-se <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> 47% <strong>de</strong> proteína <strong>em</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>do</strong><br />

teor <strong>de</strong> fibra. Seu conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> fibra é superior ao farelo <strong>de</strong> linhaça. É um<br />

supl<strong>em</strong>ento que possui, ainda, proteína <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, junto a condições<br />

<strong>de</strong> alta palatabilida<strong>de</strong>, o que faz <strong>de</strong>sse alimento um supl<strong>em</strong>ento protéico <strong>de</strong><br />

alto valor para toda classe <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> ovino. T<strong>em</strong>, também, a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

conservar-se <strong>em</strong> boas condições durante o armazenamento. É rico <strong>em</strong> fósforo<br />

e seu uso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> preço.<br />

c) Farelo <strong>de</strong> colza – Contém aproximadamente 33% <strong>de</strong> proteína e quan<strong>do</strong><br />

usa<strong>do</strong> <strong>em</strong> pequenas quantida<strong>de</strong>s, seu valor nutritivo é s<strong>em</strong>elhantes ao <strong>do</strong>s<br />

supl<strong>em</strong>entos anteriores. No entanto, é <strong>de</strong> palatabilida<strong>de</strong> inferior, e a literatura<br />

cita casos <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> e abortos, quan<strong>do</strong> forneci<strong>do</strong> <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s altas a<br />

ovelhas prenhes. Assim, recomenda-se sua administração <strong>em</strong> níveis não-<br />

superiores a 250 g diários para ovelhas prenhes. Usa<strong>do</strong> nessa proporção <strong>em</strong><br />

rações balancea<strong>do</strong>s, estima-se que seu valor nutritivo seja similar ao <strong>do</strong> farelo<br />

<strong>de</strong> linhaça.<br />

d) Farelo <strong>de</strong> soja – É palatável e contém, aproximadamente, 47% <strong>de</strong> proteína,<br />

além <strong>de</strong> ser boa fonte <strong>de</strong> cálcio e fósforo. Seu <strong>em</strong>prego <strong>em</strong> rações <strong>de</strong><br />

ruminantes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> preço, pois é muito procura<strong>do</strong> para rações <strong>de</strong> aves e<br />

suínos.<br />

e) Farelo <strong>de</strong> amen<strong>do</strong>im – Quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>, não-oriun<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

amen<strong>do</strong>im ataca<strong>do</strong> por fungo é um bom supl<strong>em</strong>ento protéico, pois apresenta<br />

<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> proteína e é apetecível.<br />

f) Farelo <strong>de</strong> coco – O farelo <strong>de</strong> coco da Bahia contém uns 20% <strong>de</strong> proteína e é<br />

<strong>de</strong> difícil conservação; o <strong>de</strong> coco babaçu é s<strong>em</strong>elhante mas seu teor protéico<br />

é <strong>de</strong> 22%. Não <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser usa<strong>do</strong>s com exagero.<br />

g) Farinha <strong>de</strong> peixe – Esse supl<strong>em</strong>ento é utiliza<strong>do</strong>, principalmente, nas rações<br />

<strong>de</strong> aves e suínos, no entanto, po<strong>de</strong> também incorporar-se nas rações ovinas<br />

s<strong>em</strong>pre que o preço for conveniente. Nesse aspecto é interessante <strong>de</strong>stacar<br />

que a farinha <strong>de</strong> peixe possui geralmente, o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> <strong>de</strong> proteína<br />

(60%) comparada aos supl<strong>em</strong>entos protéicos vegetais (33%). No entanto,


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t<strong>em</strong>-se <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que a proteína <strong>de</strong> ambas as classes <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entos é<br />

igualmente efetiva na alimentação <strong>de</strong> ovinos adultos.<br />

Dessa maneira, será conveniente usar farinha <strong>de</strong> peixe s<strong>em</strong>pre que seu preço<br />

não for superior ao <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> preço <strong>do</strong>s supl<strong>em</strong>entos protéicos vegetais.<br />

Deve-se levar <strong>em</strong> conta, também, que, <strong>em</strong> geral, a farinha <strong>de</strong> peixe não é<br />

palatável para ovinos. Nesse senti<strong>do</strong>, aconselha-se sua incorporação às mesclas <strong>de</strong><br />

concentra<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> proporção não superior a 10% ou 15%.<br />

5.5. Outros alimentos<br />

Nesse grupo, inclu<strong>em</strong>-se os chama<strong>do</strong>s alimentos <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência, tais como<br />

cascas <strong>de</strong> cereais, cascas <strong>de</strong> amen<strong>do</strong>im, sabugos <strong>de</strong> milho e bagaço <strong>de</strong> cana. São<br />

pobres <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s, e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser forneci<strong>do</strong>s moí<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong><br />

limitadas e <strong>de</strong>vidamente supl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s. As cascas <strong>de</strong> arroz po<strong>de</strong>m irritar o tubo<br />

digestivo.<br />

Dentre os produtos <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> vegetal, merece ainda atenção o melaço <strong>de</strong><br />

cana. Só contém 3% <strong>de</strong> proteína, mas é rico <strong>em</strong> energia, muito palatável e laxante.<br />

Deve ser usa<strong>do</strong> diluí<strong>do</strong> <strong>em</strong> água, na proporção <strong>de</strong> 1:1 a 1:2, e da<strong>do</strong> justamente com<br />

volumosos e concentra<strong>do</strong>s secos, <strong>de</strong>vidamente supl<strong>em</strong>enta<strong>do</strong>s com proteínas. O<br />

melaço, por peso, possui 67% <strong>do</strong> valor energético <strong>do</strong> milho, mas oferece a vantag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> estimular a multiplicação bacteriana no rum<strong>em</strong>, portanto, a digestão das<br />

forragens fibrosas. Des<strong>de</strong> que o custo <strong>do</strong> melaço não seja superior a 60% <strong>do</strong> custo<br />

<strong>do</strong> milho, ele po<strong>de</strong> substituir com vantag<strong>em</strong> até 1/3 <strong>do</strong>s concentra<strong>do</strong>s da ração com<br />

introdução gradativa na dieta. Como indicação geral, a <strong>do</strong>se <strong>do</strong> melaço para ovinos<br />

<strong>de</strong>ve ser a seguinte por cabeça: 100 g para cor<strong>de</strong>iros e 250 g para adultos.<br />

a) Antibióticos: T<strong>em</strong>-se realiza<strong>do</strong> inúmeros experimentos para <strong>de</strong>terminar a<br />

conveniência <strong>de</strong> se administrar diversos antibióticos aos ovinos. Nesse senti<strong>do</strong>,<br />

os resulta<strong>do</strong>s t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> contraditórios e, assim, <strong>em</strong> algumas ocasiões t<strong>em</strong>-se<br />

consegui<strong>do</strong> melhores aumentos <strong>de</strong> peso e maior eficiência alimentar na cria e<br />

engorda <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros, mas, <strong>em</strong> muitos casos, as vantagens obtidas não t<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />

suficient<strong>em</strong>ente gran<strong>de</strong>s para compensar o custo extra que significou fornecer o<br />

antibiótico.


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b) Hormônios: A implantação <strong>de</strong> peletes conten<strong>do</strong> estilbestrol t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> praticada no<br />

ga<strong>do</strong> ovino, com resulta<strong>do</strong>s não totalmente claros. A <strong>do</strong>ses usadas t<strong>em</strong> si<strong>do</strong><br />

variáveis (3mg – 6mg – 12mg) e os efeitos <strong>do</strong> hormônio, especialmente <strong>em</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> engorda, traduz<strong>em</strong>-se <strong>em</strong> ganhos <strong>de</strong> peso e eficiência nutritiva<br />

superiores à <strong>do</strong>s animais não-implanta<strong>do</strong>s. No entanto, <strong>em</strong> alguns ensaios, a<br />

implantação com 12 mg <strong>de</strong> estibestrol trouxe como conseqüência <strong>em</strong> vários<br />

animais, prolapso uterino nas fêmeas e <strong>do</strong> reto nos machos, além <strong>de</strong><br />

complicações nas vias urinárias.<br />

Os limites máximos <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> diversos alimentos para os ovinos são<br />

apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 3.<br />

VIII. ASPECTOS BÁSICOS EM UMA CRIAÇÃO DE OVINOS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sobrinho (1993) e Cunha et al. (1999).<br />

A eficiência da produção <strong>de</strong> um rebanho está diretamente relacionada ao<br />

número <strong>de</strong> produtos obti<strong>do</strong>s. Maior número <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>smama<strong>do</strong>s implicará <strong>em</strong><br />

maior número <strong>de</strong> animais para venda e maiores possibilida<strong>de</strong>s para fazer a<br />

reposição e seleção <strong>do</strong> rebanho.<br />

A produção <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros está relacionada com a sobrevivência e<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos Pós-nascimento.<br />

Para se aumentar os índices reprodutivos no rebanho ovino <strong>de</strong>ve-se buscar:<br />

a) Diminuir o número <strong>de</strong> ovelhas falhadas (aumentar a taxa <strong>de</strong> parição).<br />

b) Aumentar o número <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros nasci<strong>do</strong>s por ovelha parida (taxa <strong>de</strong><br />

prolificida<strong>de</strong>).<br />

c) Diminuir o número <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros que morr<strong>em</strong> após o nascimento (Taxa <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong>). No Rio gran<strong>de</strong> <strong>do</strong> Sul, esta taxa fica entre 15 e 40%.<br />

1. Reprodução<br />

1.1. Encarneiramento (acasalamento)<br />

A introdução <strong>de</strong> reprodutores é a fase inicial <strong>do</strong> processo reprodutivo que<br />

culminará com a venda <strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iro e afetará o manejo da proprieda<strong>de</strong>.


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Tabela 3. Limite máximo <strong>de</strong> <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> diversos alimentos para ovinos.<br />

VOLUMOSOS, RAÍZES E TUBÉRCULOS Por 50 Kg <strong>de</strong> P.V./ Dia<br />

Forragens ver<strong>de</strong>s: Capim corta<strong>do</strong> 4,0<br />

Silag<strong>em</strong>: Silag<strong>em</strong> <strong>de</strong> milho 2,0<br />

Volumosos secos: Fenos 1,5<br />

Palhas 0,5<br />

Raízes e tubérculos: Cenouras 2,0<br />

Mandioca ou batata 1,0<br />

Beterraba ou nabo 1,5<br />

CONCENTRADOS E DIVEROS % da Ração<br />

Algodão, farelo 30<br />

Amen<strong>do</strong>im, farelo 30<br />

Amen<strong>do</strong>im, casca moída 5<br />

Aveia moída 70<br />

Arroz, farelo 50<br />

Arroz, farelo <strong>de</strong>sengordura<strong>do</strong>s 40<br />

Cana, melaço diluí<strong>do</strong> 20<br />

Centeio moí<strong>do</strong> 40<br />

Cevada, polpa seca 40<br />

Coco, farelo 30<br />

Girassol, farelo 30<br />

Grãos <strong>de</strong> feijão moí<strong>do</strong>s 15<br />

Linhaça, farelo 15<br />

Milho, quirera ou fubá 50<br />

Milho, <strong>de</strong>sintegra<strong>do</strong> 70<br />

Milho, farelo proteinoso 25<br />

Milho, farelo <strong>de</strong> glúten 25<br />

Milho, sabugo moí<strong>do</strong>s 5<br />

Trigo, farelo 50<br />

Soja, farelo 30<br />

Sorgo, grão moí<strong>do</strong> 40<br />

Sal mineraliza<strong>do</strong> 2


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1.2. Antecipação da ida<strong>de</strong> ao primeiro acasalamento<br />

benefícios:<br />

A antecipação da ida<strong>de</strong> ao primeiro acasalamento resultará nos seguintes<br />

1. Aumenta a vida reprodutiva <strong>do</strong>s animais.<br />

2. Aumenta a produção <strong>do</strong> rebanho.<br />

3. Reduz o custo <strong>de</strong> manutenção das borregas durante o perío<strong>do</strong> não produtivo.<br />

4. Facilita os programas <strong>de</strong> seleção pela informação antecipada que se obtém da<br />

produção <strong>do</strong>s animais.<br />

1.3. Época <strong>de</strong> acasalamento e estação <strong>de</strong> monta<br />

O perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> sexual <strong>do</strong>s ovinos varia com a raça e região <strong>de</strong><br />

criação, conforme o esqu<strong>em</strong>a abaixo, sen<strong>do</strong> controla<strong>do</strong> pelos fatores ambientais:<br />

1. Fotoperiodismo<br />

2. T<strong>em</strong>peratura<br />

RAÇA FOTOPERIODISMO ÉPOCA<br />

Lanadas (RS) Poliéstricas estacionais Verão - outubro<br />

Deslanadas (Nor<strong>de</strong>ste) Poliéstricas contínuas + Seca (To<strong>do</strong> o ano)<br />

a) Estação <strong>de</strong> monta ou cobertura<br />

A estação <strong>de</strong> monta <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>terminada <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s objetivos <strong>do</strong><br />

cria<strong>do</strong>r. A estação curta, porém nunca menor que 45 dias, permite uma centralização<br />

<strong>de</strong> nascimentos, facilitan<strong>do</strong> o manejo. No entanto, o cria<strong>do</strong>r só terá cor<strong>de</strong>iros para<br />

oferecer ao merca<strong>do</strong> durante um curto perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

A estação <strong>de</strong> monta longa, nunca superior a 90 dias, dificultará o manejo, pois<br />

os nascimentos serão espaça<strong>do</strong>s. Apresenta vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> haver cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong> várias<br />

ida<strong>de</strong>s, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o cria<strong>do</strong>r, se for o caso, manter contratos <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong>sses<br />

animais.<br />

A estação <strong>de</strong> monta <strong>de</strong>terminará as necessida<strong>de</strong>s. Assim, se a cobertura<br />

ocorrer <strong>em</strong> janeiro/fevereiro, a parição se dará <strong>em</strong> junho/julho, obten<strong>do</strong>-se bom<br />

merca<strong>do</strong> <strong>em</strong> nov<strong>em</strong>bro e <strong>de</strong>z<strong>em</strong>bro, meses propícios para o comércio <strong>de</strong> carne <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iro. Deve-se prever, porém, a alimentação das ovelhas <strong>em</strong> início <strong>de</strong> lactação


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<strong>em</strong> meses <strong>de</strong> pouco pasto disponível. A cobertura <strong>em</strong> abril/maio permite o<br />

nascimento <strong>em</strong> set<strong>em</strong>bro/outubro, obten<strong>do</strong>-se cor<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abate próximo<br />

<strong>de</strong> março/abril. O merca<strong>do</strong> é menos favorável, mas com bom manejo as<br />

necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entação serão mínimas.<br />

O ovinocultor ainda t<strong>em</strong> a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer a cobertura a cada oito<br />

meses, correspon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos cinco meses <strong>de</strong> gestação, 45 a 60 dias <strong>de</strong> aleitamento<br />

e 30 dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso da ovelha, sen<strong>do</strong> que neste último perío<strong>do</strong> já se inicia o<br />

processo <strong>de</strong> rufiação. Para o processo <strong>de</strong> rufiação po<strong>de</strong>mos utilizar machos<br />

vasectomiza<strong>do</strong>s ou com <strong>de</strong>svio <strong>de</strong> pênis, ou ainda manter os reprodutores próximos<br />

às fêmeas, pois a liberação <strong>do</strong> cheiro característico <strong>do</strong> macho induzirá a fêmea a<br />

entrar <strong>em</strong> cio.<br />

A opção <strong>de</strong> monta a cada oito meses permitirá ao ovinocultor a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> ter animais para comercialização o ano to<strong>do</strong>, porém necessitará um<br />

acompanhamento melhor <strong>de</strong> seu rebanho, quanto ao esta<strong>do</strong> nutricional e sanitário,<br />

pois exigirá mais tanto das ovelhas como <strong>do</strong>s reprodutores,<br />

A escolha entre as estações <strong>de</strong> monta curta, longa ou a cada oito meses <strong>de</strong>ve<br />

ser tomada <strong>em</strong> função das perspectivas <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada<br />

cria<strong>do</strong>r.<br />

Para monta a campo, aconselhamos um macho para 35 fêmeas, sen<strong>do</strong> que<br />

na monta controlada po<strong>de</strong>-se aumentar o número <strong>de</strong> fêmeas por macho.<br />

Para os machos, po<strong>de</strong>-se aproveitar os animais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento<br />

zootécnico para algumas poucas coberturas já aos 10 meses, porém a ida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

plenitu<strong>de</strong> física aconselhável é após os 18 meses. Porém o mesmo <strong>de</strong>verá receber<br />

uma alimentação a<strong>de</strong>quada e cuida<strong>do</strong>s sanitários, para que não seja comprometi<strong>do</strong><br />

o seu <strong>de</strong>senvolvimento, b<strong>em</strong> como produza boa qualida<strong>de</strong> e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

espermatozói<strong>de</strong>s, obten<strong>do</strong> assim um bom índice <strong>de</strong> fecundida<strong>de</strong>.<br />

As ovelhas primíparas (borregas <strong>de</strong> primeira cobertura) possu<strong>em</strong><br />

comportamento muito diferente daquele apresenta<strong>do</strong> por ovelhas <strong>de</strong> mais ida<strong>de</strong>.<br />

Como algumas características, citam-se:<br />

1) Cio curto, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong> três horas.<br />

2) Falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo sexual, levan<strong>do</strong> a pouca procura pelos carneiros durante<br />

esse perío<strong>do</strong>.<br />

3) Em função <strong>do</strong> cio e da falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo sexual, são servidas ou copuladas<br />

menor número <strong>de</strong> vezes, <strong>em</strong> comparação com o que ocorre com as<br />

ovelhas <strong>de</strong> mais ida<strong>de</strong>.


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4) As borregas produz<strong>em</strong> pouca mucosida<strong>de</strong>, principal veículo condutor <strong>do</strong><br />

espermatozói<strong>de</strong> até o óvulo, ao contrário das ovelhas.<br />

5) As borregas têm formação <strong>de</strong> papilas caídas na entrada <strong>do</strong> canal cervical,<br />

revestin<strong>do</strong>-o muitas vezes e dificultan<strong>do</strong>, assim, o acesso <strong>do</strong><br />

espermatozói<strong>de</strong> para a fecundação.<br />

b) Aspectos essenciais na escolha da época <strong>de</strong> acasalamento<br />

1. Deverá correspon<strong>de</strong>r ao perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> maior ativida<strong>de</strong> sexual das ovelhas e <strong>de</strong><br />

melhor produção <strong>de</strong> sêmen <strong>do</strong>s carneiros;<br />

2. O momento <strong>de</strong> venda <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>verá coincidir com preços <strong>de</strong> merca<strong>do</strong> e<br />

condições <strong>de</strong> comercialização favoráveis.<br />

3. O melhor momento está relaciona<strong>do</strong> com os aspectos <strong>de</strong> manejo (mão-<strong>de</strong>-obra)<br />

e alimentação.<br />

c) Número ou percentag<strong>em</strong> <strong>de</strong> carneiros a usar<br />

2 a 3% <strong>do</strong> rebanho<br />

d) Alimentação durante o perío<strong>do</strong> reprodutivo<br />

É vantajoso o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entação alimentar por duas a três s<strong>em</strong>anas<br />

antes <strong>do</strong> acasalamento (Flushing) <strong>de</strong> forma a provocar efeito dinâmico <strong>do</strong> peso, o<br />

que propicia:<br />

1. Alta apresentação <strong>de</strong> cios no momento da entrada <strong>do</strong>s carneiros.<br />

2. Aumento da taxa ovulatória e maior concepção e sobrevivência <strong>em</strong>brionária,<br />

aumentan<strong>do</strong> as taxas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong> e prolificida<strong>de</strong>.<br />

e) Outros aspectos<br />

- Exame zootécnico e reprodutivo, <strong>de</strong>scartan<strong>do</strong>-se animais <strong>de</strong>ficientes.<br />

- Tosquia, seguida <strong>de</strong> banho, se necessário.<br />

- Dosificação anti-helmíntica pré-acasalamento.<br />

- Manutenção <strong>em</strong> piquetes com suficientes pastagens, água e sombra.


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2. Parição e lactação<br />

Normas <strong>de</strong> manejo:<br />

1. Assegurar boas condições <strong>de</strong> alimentação às ovelhas no pré-parto e no pós-<br />

parto.<br />

2. Preparação <strong>do</strong> rebanho para parição, assim como os piquetes.<br />

3. Assistência ao rebanho durante a parição.<br />

2.1. Alimentação da ovelha durante a prenhez e lactação<br />

a) Prenhez:<br />

A alimentação da ovelha durante a prenhez e lactação será <strong>de</strong>terminada<br />

pelas diferentes exigências nutricionais <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stas fases.<br />

mínimos.<br />

Até a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong> perío<strong>do</strong> da gestação (2º ao 3º mês) os requerimentos são<br />

Ao final <strong>do</strong> 3º mês <strong>de</strong> gestação o conteú<strong>do</strong> uterino (feto, m<strong>em</strong>branas e<br />

líqui<strong>do</strong>s fetais) pesa <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 3 a 5 Kg (33% <strong>do</strong> peso final).<br />

Ao final da gestação (4º e 5º meses) as exigências nutricionais são elevadas:<br />

Últimas seis s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> gestação: 70% <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> feto.<br />

Últimas quatro s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> gestação: 50% <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> feto.<br />

Últimas duas s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> gestação: 25% <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> feto.<br />

Assim, o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> feto ao final da prenhez aumenta as exigências<br />

energéticas, sen<strong>do</strong> esses requerimentos maiores nas ovelhas com gestação múltipla<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong>:<br />

1. Perda <strong>do</strong> apetite das ovelhas pela redução no volume <strong>do</strong> rúmen, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao maior<br />

espaço físico ocupa<strong>do</strong> pelo(s) feto(s).<br />

2. Aumento <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> estrógenos circulantes, produzi<strong>do</strong>s durante a gestação,<br />

contribui para inibir o apetite das ovelhas.<br />

Ao nascimento, o peso <strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iro (parto simples) representa<br />

aproximadamente 60% <strong>do</strong> peso total <strong>do</strong> conteú<strong>do</strong> uterino, enquanto que <strong>em</strong> partos<br />

duplos este percentual é <strong>de</strong> 85 a 70% (Cor<strong>de</strong>iros com 3,0 Kg <strong>de</strong> peso ao nascer<br />

terão conteú<strong>do</strong> uterino com peso <strong>de</strong> 5,0 Kg).<br />

OBS: Alimentação <strong>de</strong>ficiente na fase final <strong>de</strong> gestação acarretará <strong>em</strong>:<br />

1. Menor peso corporal e menor vigor <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros ao nascimento.


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2. Pouco <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> úbere e redução na produção <strong>de</strong> colostro.<br />

3. Menor habilida<strong>de</strong> materna.<br />

4. Menor produção <strong>de</strong> leite no início da lactação.<br />

OBS: O efeito <strong>do</strong> bom esta<strong>do</strong> nutricional da ovelha durante a gestação será<br />

observa<strong>do</strong> na sobrevivência <strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iro:<br />

1. Nascimento <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros fortes e vigorosos, com menores possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

mortalida<strong>de</strong>.<br />

2. Boa produção <strong>de</strong> leite das ovelhas, melhoran<strong>do</strong> o ritmo <strong>de</strong> crescimento <strong>do</strong>s<br />

cor<strong>de</strong>iros.<br />

3. Instinto materno das ovelhas, resultan<strong>do</strong> <strong>em</strong> menores índices <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>no <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros.<br />

4. Evitar transtornos metabólicos (tox<strong>em</strong>ia da gestação, hipocalc<strong>em</strong>ia),<br />

principalmente nas ovelhas com gêmeos.<br />

b) Lactação:<br />

Cerca <strong>de</strong> duas a três s<strong>em</strong>anas após o parto são observadas as maiores<br />

exigências <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o ciclo reprodutivo.<br />

Na amamentação <strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iro existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 6 litros <strong>de</strong> leite por kg<br />

<strong>de</strong> ganho, sen<strong>do</strong> que no 20º dias pós-parto ocorre a máxima eficiência na conversão<br />

<strong>do</strong> leite.<br />

A partir da terceira s<strong>em</strong>ana após o parto ocorre ingestão gradual <strong>de</strong> alimentos<br />

pelos cor<strong>de</strong>iros, sen<strong>do</strong> que a partir da oitava s<strong>em</strong>ana pós-parto (<strong>do</strong>is meses), o<br />

consumo <strong>de</strong> pasto passa a ser uma prática habitual, pois o rúmen <strong>do</strong> animal já se<br />

encontra fisiologicamente apto.<br />

2.2. Recomendações para manejo <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros<br />

a) Corte e <strong>de</strong>sinfecção <strong>do</strong> umbigo: Quan<strong>do</strong> essa prática, <strong>de</strong> vital importância, não<br />

se realiza, o umbigo po<strong>de</strong> ser via <strong>de</strong> penetração <strong>de</strong> germes patógenos, trazen<strong>do</strong>,<br />

como conseqüência, a presença <strong>de</strong> quadros septicêmicos agu<strong>do</strong>s e inúmeras<br />

enfermida<strong>de</strong>s que resultam <strong>em</strong> altos índices <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>.<br />

A presença <strong>de</strong> insetos (moscas) po<strong>de</strong> trazer resulta<strong>do</strong>s negativos, ao<br />

<strong>de</strong>positar seus ovos no umbigo que não tenha si<strong>do</strong> <strong>de</strong>sinfeta<strong>do</strong>, ocasionan<strong>do</strong> miíase<br />

que põ<strong>em</strong> <strong>em</strong> perigo a vida <strong>do</strong> recém-nasci<strong>do</strong>.


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Deve-se cortar o umbigo com uma tesoura limpa e <strong>de</strong>sinfetada (com io<strong>do</strong>,<br />

álcool ou outro produto <strong>de</strong>sinfetante), a uma distância <strong>de</strong> cinco centímetros <strong>do</strong><br />

abdômen e aplicar tintura <strong>de</strong> io<strong>do</strong> na porção que pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> animal, assim como na<br />

zona <strong>de</strong> inserção e parte <strong>do</strong> abdômen.<br />

b) Manejo das crias aban<strong>do</strong>nadas: algumas mães ao parir<strong>em</strong> não produz<strong>em</strong> leite<br />

suficiente, ou ainda no caso <strong>de</strong> trigêmeos e <strong>de</strong> morte da mãe, as crias po<strong>de</strong>m ser<br />

alimentadas com leite <strong>de</strong> vaca “in natura” ou leite <strong>em</strong> pó.<br />

c) Corte da cauda: <strong>de</strong>ve ser utilizada nos animais <strong>de</strong> lã, a fim <strong>de</strong> manter asseada a<br />

região perianal, evitan<strong>do</strong>-se assim probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> bicheiras (miíases) e no casos <strong>de</strong><br />

fêmeas para se evitar aci<strong>de</strong>nte com reprodutores no momento da cópula e conseguir<br />

maior higiene nos partos. Nas raças <strong>de</strong>slanadas, não se <strong>de</strong>ve utilizar essa prática,<br />

pois a cauda serve para repelir as moscas, evitan<strong>do</strong> assim as bicheiras e que as<br />

mesmas incomo<strong>de</strong>m os animais.<br />

Essa prática <strong>de</strong>verá ser feita nos animais com aproximadamente 5 dias <strong>de</strong><br />

vida, pois com ida<strong>de</strong> muito avançada causa maiores sofrimentos e probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

cicatrização. Atualmente o méto<strong>do</strong> mais utiliza<strong>do</strong> é o elástico, que consiste na<br />

colocação <strong>de</strong> um anel <strong>de</strong> elástico na base da cauda, na altura das pregas. Após 48 a<br />

72 horas da aplicação <strong>do</strong> elástico, o rabo <strong>de</strong>ve ser amputa<strong>do</strong> com faca ou canivete<br />

<strong>de</strong>sinfeta<strong>do</strong> abaixo <strong>do</strong> elástico. Em seguida proce<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>sinfecção <strong>do</strong> local<br />

utilizan<strong>do</strong> produto repelente. Para confeccionar esse anel po<strong>de</strong> ser utilizada<br />

borracha flexível tipo torniquete, “garrote” ou “tripa <strong>de</strong> mico”, cortan<strong>do</strong>-se os anéis<br />

com aproximadamente 2 mm.<br />

d) Castração: não é mais é utilizada nos rebanhos, visto que o abate <strong>de</strong>ve ocorrer<br />

com, no máximo, 6 meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e com peso vivo <strong>de</strong> 30 a 32 Kg e a castração<br />

leva a uma maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gordura <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento da <strong>de</strong> músculo.<br />

e) Sinalação: consiste na marcação para i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong>s animais po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se<br />

utilizar a tatuag<strong>em</strong> e/ ou brinco.<br />

A tatuag<strong>em</strong> é feita com auxílio <strong>de</strong> tatua<strong>do</strong>r <strong>de</strong> pequeno porte (quatro dígitos)<br />

na orelha ou na prega na base da perna traseira. No caso <strong>de</strong> animais <strong>de</strong>slana<strong>do</strong>s,<br />

principalmente os <strong>de</strong> pelag<strong>em</strong> escura, a tatuag<strong>em</strong> é feita na prega caudal, toman<strong>do</strong>-<br />

se s<strong>em</strong>pre o cuida<strong>do</strong> <strong>de</strong> não atingir vasos sanguíneos que prejudicam a eficiência da


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mesma. Quan<strong>do</strong> o probl<strong>em</strong>a ocorrer na orelha po<strong>de</strong>rá levar a <strong>de</strong>formações<br />

permanentes <strong>do</strong> animal.<br />

O uso <strong>de</strong> brinco é uma das técnicas mais utilizadas, visto a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificação <strong>do</strong> animal, porém não <strong>de</strong>ve ser utiliza<strong>do</strong> isoladamente, pois no caso <strong>de</strong><br />

perda não há como i<strong>de</strong>ntificar o animal, <strong>de</strong>ssa maneira é necessário que se faça o<br />

uso também da tatuag<strong>em</strong> na prega da base da perna traseira. O brinco a ser<br />

utiliza<strong>do</strong> <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> pequeno porte, preferencialmente <strong>de</strong> plástico flexível, com<br />

numeração nas duas peças, e ser aplica<strong>do</strong> com alicate apropria<strong>do</strong>.<br />

f) Desmame: po<strong>de</strong> ser classifica<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> aleitamento:<br />

• Precoce: com 35 a 45 dias <strong>de</strong> aleitamento Exige maior atenção na alimentação<br />

das crias, que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ter acesso a cocho exclusivo (creep feeding) com ração<br />

concentrada <strong>de</strong> teores <strong>de</strong> proteína e energia eleva<strong>do</strong>s, acompanhamento<br />

atencioso <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s animais, excelente nível tecnológico na<br />

criação e total confinamento. As vantagens <strong>de</strong>sse sist<strong>em</strong>a consist<strong>em</strong> na<br />

disponibilização das fêmeas para nova cobertura precoc<strong>em</strong>ente, obtenção <strong>de</strong><br />

cor<strong>de</strong>iros mais ce<strong>do</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenham alimentação <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong> e<br />

qualida<strong>de</strong> e diminuição das aplicações <strong>de</strong> vermífugos, visto que esse sist<strong>em</strong>a<br />

evita a contaminação da mãe para a cria.<br />

• S<strong>em</strong>i Precoce: <strong>de</strong>smame <strong>do</strong>s 45 a 70 dias. Exige, como no <strong>de</strong>smame precoce,<br />

creep feeding e um bom acompanhamento <strong>do</strong> rebanho, porém não tão intenso.<br />

• Normal: <strong>do</strong>s 70 aos 80 dias. Os animais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser confina<strong>do</strong>s com a mãe,<br />

porém não exige o creep feeding. Nesse sist<strong>em</strong>a, quan<strong>do</strong> b<strong>em</strong> trabalha<strong>do</strong>, a<br />

mortalida<strong>de</strong> pré e pós <strong>de</strong>smame é muito pequena. As crias <strong>de</strong>v<strong>em</strong> receber uma<br />

<strong>do</strong>se <strong>de</strong> vermífugo na s<strong>em</strong>ana <strong>do</strong> <strong>de</strong>smame, visto que já po<strong>de</strong>m ter si<strong>do</strong><br />

contaminadas pelo contato com as fezes das mães. Utilizan<strong>do</strong> esse sist<strong>em</strong>a<br />

obtém-se, <strong>em</strong> rebanhos b<strong>em</strong> maneja<strong>do</strong>s, peso <strong>de</strong> abate (30 a 32 Kg peso vivo)<br />

aos 90 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.<br />

• Tardia: após 80 dias. Utiliza-se esse sist<strong>em</strong>a <strong>em</strong> criações extensivas, porém<br />

não é o mais indica<strong>do</strong>, pois a mortalida<strong>de</strong> é elevada <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a contaminação <strong>do</strong>s<br />

animais jovens por ovos <strong>de</strong> helmintos, elimina<strong>do</strong>s pelas fezes <strong>do</strong>s animais<br />

adultos.<br />

2.3. Mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros


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a) Principais causas da mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros:<br />

- Nutrição (fome)<br />

- Preda<strong>do</strong>res<br />

- Mão-<strong>de</strong>-obra (funcionário)<br />

b) Prejuízos representa<strong>do</strong>s pela mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros recém-<br />

nasci<strong>do</strong>s:<br />

- O pasto consumi<strong>do</strong> pelas ovelhas para a produção <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros é perdi<strong>do</strong>.<br />

- O investimento nos carneiros não retorna integralmente.<br />

- O menor número <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros faz diminuir os índices <strong>de</strong> seleção com a<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente perda <strong>de</strong> material genético.<br />

- Perda <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, trabalho e insumos <strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s.<br />

c) Manejo para reduzir a mortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros:<br />

- A<strong>de</strong>quada alimentação das ovelhas ao final da gestação e durante a lactação.<br />

- Combate <strong>do</strong>s preda<strong>do</strong>res.<br />

- Parições <strong>em</strong> locais com abrigos.<br />

- Correta assistência ao rebanho durante a parição.<br />

Tabela 4. Composição média <strong>do</strong> leite <strong>de</strong> ovelha.<br />

Nutrientes Teor<br />

Água (%) 80,1<br />

Matéria Seca (%) 19,9<br />

Proteína Total (%) 5,8<br />

Caseína (%) 4,5<br />

Outras (%) 1,3<br />

Lactose (%) 4,8<br />

Gordura (%) 8,2<br />

Cinzas (%) 0,9<br />

Cálcio (%) 0,25<br />

Fósforo (%) 0,17<br />

Valor Energético (kcal/kg) 1000


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Figura 6. Relação entre o peso <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros ao nascer e a porcentag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

natalida<strong>de</strong>.<br />

IX. SELEÇÃO E DESCARTE DE OVINOS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Sobrinho (1993).<br />

1. Aspectos gerais:<br />

O ovinocultor procura melhorar seu plantel através da venda (<strong>de</strong>scarte) <strong>de</strong><br />

animais inservíveis e a manutenção <strong>do</strong>s mais produtivos.<br />

Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> seu objetivo econômico, <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> lã ou carne, <strong>de</strong>ve-se<br />

selecionar o rebanho numa ou noutra direção ou, se for o caso, dar o mesmo valor<br />

para ambas características a selecionar.<br />

A seleção zootécnica consiste <strong>em</strong> escolher, <strong>de</strong>ntro da mesma raça, os<br />

indivíduos que sejam capazes <strong>de</strong> proporcionar máxima produção durante o maior<br />

t<strong>em</strong>po (longevida<strong>de</strong>), com o mínimo <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa e trabalho.<br />

A seleção <strong>do</strong>s animais é um processo importante para melhorar os índices <strong>de</strong><br />

produção <strong>do</strong> rebanho. A prática <strong>de</strong> seleção <strong>de</strong>ve ser orientada para <strong>do</strong>is objetivos:<br />

1º) aumentar as médias <strong>de</strong> produção <strong>do</strong> rebanho durante sua vida útil, e 2º)


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aumentar a média <strong>de</strong> produção das futuras gerações. A ênfase da seleção <strong>de</strong>ve ser<br />

aplicada aos animais jovens que serão incorpora<strong>do</strong>s aos rebanhos <strong>de</strong> produção. Por<br />

outro la<strong>do</strong>, <strong>de</strong>ve-se revisar, anualmente, os rebanhos <strong>de</strong> cria, visan<strong>do</strong> a eliminação<br />

<strong>do</strong>s animais que apresentam probl<strong>em</strong>as que estejam afetan<strong>do</strong> sua produção.<br />

Porém, a prática corrente <strong>de</strong>ve ser a <strong>de</strong> selecionar as borregas pela sua<br />

performance (lã, peso, corporal, etc) e, anualmente, refugar as que apresentam<br />

<strong>de</strong>feitos marca<strong>do</strong>s na sua produção.<br />

O <strong>de</strong>scarte (ou refugo) é uma prática <strong>de</strong> manejo que se realiza com o objetivo<br />

<strong>de</strong> eliminar ou separar os animais que apresentam características que afetam<br />

negativamente sua produção. O <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong>ve ser feito anualmente para evitar criar<br />

e alimentar, por muito t<strong>em</strong>po, animais pouco produtivos. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se ter<br />

precaução <strong>em</strong> não <strong>de</strong>scartar animais que, <strong>em</strong>bora apresent<strong>em</strong> certa alteração tanto<br />

na produção <strong>de</strong> lã como no esta<strong>do</strong> corporal, po<strong>de</strong>m vir a ser os mais produtivos. Isto<br />

acontece com ovelhas que, ten<strong>do</strong> pari<strong>do</strong> e cria<strong>do</strong> o cor<strong>de</strong>iro, geralmente apresentam<br />

más condições <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao efeito da gestação, parição e aleitamento <strong>de</strong> um ou mais<br />

cor<strong>de</strong>iros.<br />

2. Principais causas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte<br />

Os principais fatores a ser<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s num processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte são:<br />

2.1. Defeitos corporais<br />

Exist<strong>em</strong> diversas anormalida<strong>de</strong>s, adquiridas ou <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> hereditária, que<br />

afetam negativamente a produção, dan<strong>do</strong> motivo para <strong>de</strong>scarte tanto <strong>de</strong> animais<br />

jovens como adultos. Os principais <strong>de</strong>feitos são:<br />

a) Prognatismo: é uma tara hereditária muito comum nos ovinos e resulta da<br />

falta <strong>de</strong> coincidência entre os <strong>de</strong>ntes incisivos da mandíbula como o maxilar<br />

superior. Quan<strong>do</strong> a mandíbula avança, diz-se que há prognatismo inferior, e quan<strong>do</strong><br />

o maxilar é que se <strong>de</strong>staca, <strong>de</strong>nomina-se prognatismo superior ou agnatismo.<br />

Em ambos os casos, o animal é gran<strong>de</strong>mente prejudica<strong>do</strong> pela dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

apreensão <strong>do</strong> pasto, o que ocasiona uma <strong>de</strong>ficiência alimentar que se manifesta por<br />

redução da produção.


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b) Defeitos <strong>do</strong> úbere: correspon<strong>de</strong>m, principalmente, a probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

mastites ou alterações <strong>do</strong>s tetos e polimastia (presença <strong>de</strong> tetas supranumerárias),<br />

<strong>de</strong> or<strong>de</strong>m negativa, pois não são funcionais, dificultan<strong>do</strong> a amamentação.<br />

c) Defeitos nas extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s (cascos): po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> hereditária ou<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>as crônicos <strong>de</strong> manqueiras, miíases, etc.<br />

d) Defeitos <strong>de</strong> aprumo: <strong>de</strong> certa gravida<strong>de</strong> morfológica são as falhas <strong>do</strong>s<br />

m<strong>em</strong>bros anteriores ou posteriores que po<strong>de</strong>m se apresentar muito fecha<strong>do</strong>s ou<br />

<strong>de</strong>svia<strong>do</strong>s para fora ou para <strong>de</strong>ntro. Também encontram-se animais que pisam mal,<br />

principalmente nas extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s posteriores, on<strong>de</strong> o garrão po<strong>de</strong> servir <strong>de</strong> apoio, ao<br />

invés <strong>do</strong> casco.<br />

Com relação aos aprumos, estes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser causa <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte somente <strong>em</strong><br />

casos <strong>em</strong> que a locomoção <strong>do</strong> animal encontra-se realmente comprometida, já que<br />

as apreciações são subjetivas, porém não influencian<strong>do</strong> na produção <strong>de</strong> lã e carne.<br />

Há uma série <strong>de</strong> outras características corporais que o cria<strong>do</strong>r<br />

freqüent<strong>em</strong>ente consi<strong>de</strong>ra no processo <strong>de</strong> seleção como causas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte, porém<br />

apresentam pouca ou nenhuma relação com a produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s animais, como<br />

constituição ou conformação <strong>do</strong> animal, “f<strong>em</strong>inilida<strong>de</strong>” das ovelhas, tipo <strong>de</strong> cabeça,<br />

tamanho e implantação das orelhas e aprumos.<br />

2.2. Ida<strong>de</strong><br />

O <strong>de</strong>scarte por ida<strong>de</strong> é feito para assegurar o máximo <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

rebanho. O produtor <strong>de</strong>cidirá a ida<strong>de</strong> a<strong>de</strong>quada <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte <strong>de</strong> suas ovelhas,<br />

segun<strong>do</strong> as condições físicas (ex: <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong>ntário) ou esta<strong>do</strong> corporal das ovelhas<br />

velhas, <strong>do</strong> número <strong>de</strong> animais disponíveis para a substituição e da estrutura ótima<br />

<strong>do</strong> rebanho que <strong>de</strong>seja, segun<strong>do</strong> a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua produção (lã ou carne).<br />

Um fator importante a ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> no número <strong>de</strong> animais a ser<strong>em</strong><br />

refuga<strong>do</strong>s é a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ovinos disponíveis para substituir aqueles que serão<br />

elimina<strong>do</strong>s, principalmente quan<strong>do</strong> se preten<strong>de</strong> aumentar o rebanho. Os animais <strong>de</strong><br />

substituição, geralmente, são aqueles que apresentam <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> leite ou <strong>do</strong>is<br />

<strong>de</strong>ntes, sen<strong>do</strong> gera<strong>do</strong>s no próprio estabelecimento e cujo número, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá das<br />

porcentagens <strong>de</strong> parição e <strong>de</strong> <strong>de</strong>smame. Por isso, quanto maior o número <strong>de</strong>


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cor<strong>de</strong>iros produzi<strong>do</strong>s, maiores as possibilida<strong>de</strong>s para <strong>de</strong>scartar animais menos<br />

produtivos.<br />

Para se realizar um trabalho <strong>de</strong> seleção efetivo e contínuo num rebanho, o<br />

índice mínimo <strong>de</strong> natalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> 80%. Estu<strong>do</strong>s mostram que as<br />

porcentagens <strong>de</strong> parição aumentam com a ida<strong>de</strong> da ovelha até atingir<strong>em</strong> um<br />

máximo aos cinco a seis anos, para <strong>de</strong>clinar a partir <strong>do</strong>s sete anos. O contrário<br />

suce<strong>de</strong> com a lã, on<strong>de</strong> a produção por animal é máxima aos <strong>do</strong>is a três anos, para<br />

diminuir posteriormente, influenciada pelo comportamento reprodutivo.<br />

A mortalida<strong>de</strong> das ovelhas aumenta consi<strong>de</strong>ravelmente a partir <strong>do</strong>s sete anos<br />

<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, além <strong>de</strong> apresentar<strong>em</strong> probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong>ntários que afetam o consumo <strong>de</strong><br />

alimentos, influencian<strong>do</strong> negativamente sua produção. Assim, as ovelhas <strong>de</strong> cria<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> permanecer no rebanho, salvo raras exceções, no máximo até 6 anos <strong>de</strong><br />

ida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> abatidas posteriormente. O a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>de</strong>scarte das ovelhas e a<br />

incorporação das melhores borregas, manterá o rebanho estabiliza<strong>do</strong>.<br />

Os carneiros, <strong>em</strong> ida<strong>de</strong>s avançadas, estão mais propensos a apresentar<strong>em</strong><br />

probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>, sen<strong>do</strong> estes muito freqüentes após os sete anos. Para se<br />

obter bons resulta<strong>do</strong>s, os reprodutores <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser substituí<strong>do</strong>s após ser<strong>em</strong> utiliza<strong>do</strong>s<br />

ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> quatro anos, <strong>em</strong>bora os mesmos possam encarneirar durante um<br />

número maior <strong>de</strong> anos. O uso <strong>de</strong> carneiros por muitos anos, principalmente quan<strong>do</strong><br />

<strong>em</strong>prega<strong>do</strong>s <strong>em</strong> monta natural, apresenta como inconvenientes: (a) os cor<strong>de</strong>iros<br />

velhos são geralmente menos ativos; (b) progresso genético mais lento, (c) menor<br />

fertilida<strong>de</strong>.<br />

2.3. Fertilida<strong>de</strong><br />

Indiscutivelmente, <strong>de</strong>ve-se acrescentar à seleção fenotípica a seleção por<br />

fertilida<strong>de</strong>. Assim, as ovelhas que per<strong>de</strong>ram o cor<strong>de</strong>iro ou não produziram (falhadas),<br />

<strong>de</strong>verão ser separadas e controladas até a próxima parição, eliminan<strong>do</strong>-se, então,<br />

aquelas que, novamente, não parir<strong>em</strong>.<br />

Nas fêmeas, quan<strong>do</strong> a cobertura resultou infértil, po<strong>de</strong>m ser apontadas as seguintes<br />

causas:<br />

• Falta <strong>de</strong> ovulação: Devi<strong>do</strong> a transtornos <strong>do</strong> folículo <strong>de</strong> Graaf; persistência <strong>do</strong><br />

corpo amarelo; obesida<strong>de</strong> ou <strong>de</strong>ficiência nutricional; tumores diversos e<br />

ausência congênita <strong>de</strong> órgãos <strong>do</strong> aparelho genital.


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• Inacessibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s espermatozói<strong>de</strong>s ao óvulo: Devi<strong>do</strong> a um <strong>de</strong>svio <strong>do</strong> colo<br />

<strong>do</strong> útero, atresia ou terminação <strong>em</strong> fun<strong>do</strong> <strong>de</strong> saco da vagina e malformações<br />

diversas.<br />

• Útero impróprio ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ovo: Por apresentar metrites, tumores,<br />

espasmos ou germes patogênicos.<br />

• Secreções espermáticas: Provenientes <strong>de</strong> infecção das vias genitais<br />

f<strong>em</strong>ininas.<br />

• Incompatibilida<strong>de</strong>: morte <strong>do</strong> ovo nos primeiros dias (reação antígeno –<br />

fertilida<strong>de</strong>:<br />

anticorpo).<br />

Nos machos, po<strong>de</strong>m aparecer os seguintes probl<strong>em</strong>as que afetam a<br />

• Impotência: po<strong>de</strong> ser causada por atrofia congênita <strong>do</strong>s órgãos sexuais; pela<br />

paralisia <strong>do</strong>s nervos penianos ou por <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> certas <strong>do</strong>enças,<br />

<strong>de</strong>stacan<strong>do</strong>-se entre estas a aftosa.<br />

• Saltos muito repeti<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> intervalos curtos: a quantida<strong>de</strong> normal <strong>de</strong><br />

espermatozói<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> tornar-se reduzida. Com o excesso <strong>de</strong> coberturas, os<br />

espermatozói<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>m apresentar formas imaturas, visto não haver t<strong>em</strong>po<br />

suficiente para sua maturação.<br />

• T<strong>em</strong>peratura externa elevada: prejudicam muito o sêmen <strong>do</strong> carneiro,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> leva-lo à infertilida<strong>de</strong>. A situação pendular <strong>do</strong> escroto t<strong>em</strong> por<br />

finalida<strong>de</strong> conservar os testículos a uma t<strong>em</strong>peratura menor que a <strong>do</strong> corpo<br />

<strong>do</strong> animal.<br />

• Febre: o carneiro com febre po<strong>de</strong> manifestar transtornos na fertilida<strong>de</strong> por<br />

certo perío<strong>do</strong> após cessar a elevação da t<strong>em</strong>peratura corporal.<br />

• Defeitos testiculares<br />

• Epididimite: <strong>do</strong>enças infecciosa, cujo agente causal é a Brucela ovis, que<br />

reduz a quantida<strong>de</strong> normal <strong>de</strong> espermatozói<strong>de</strong>s viáveis.<br />

• Criptorquidismo: retenção <strong>do</strong>(s) testículo(s) na cavida<strong>de</strong> ab<strong>do</strong>minal. Neste<br />

caso, po<strong>de</strong> ou não ocorrer a esterilida<strong>de</strong>.<br />

• Hipoplasia: falta <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>(s) testículo(s)<br />

Finalmente, <strong>de</strong>ve-se realçar que o <strong>de</strong>scarte não constitui a principal norma a<br />

um processo <strong>de</strong> seleção. O mais importante, num programa <strong>de</strong> melhoramento <strong>do</strong><br />

rebanho, é o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> reprodutores seleciona<strong>do</strong>s por produtivida<strong>de</strong> (basea<strong>do</strong> <strong>em</strong>


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produção <strong>de</strong> lã e o peso corporal) e a reposição das ovelhas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarte pelas<br />

melhores borregas existentes no rebanho.<br />

X. SANIDADE: PRINCIPAIS ENFERMIDADES DOS OVINOS<br />

Este capítulo foi extraí<strong>do</strong> <strong>de</strong> Cunha et al. (1999), Nunez (1999) e Sobrinho (1993).<br />

Serão abordadas as seguintes enfermida<strong>de</strong>s: clostridioses, pasteurelose, diarréia <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros,<br />

foot-rot, queratoconjutivite e ectima contagioso.<br />

1. Clostridioses<br />

São bactérias que se encontram no meio ambiente <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> esporos.<br />

Estes esporos são uma camada que os protege contra o calor, raios solares, a<br />

maioria <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sinfetantes e até a fervura.<br />

Elas penetram nos animais através <strong>de</strong> cortes, injeções, pela respiração,<br />

comen<strong>do</strong> e beben<strong>do</strong>. Após a penetração nos animais, eles ficam aguardan<strong>do</strong> o<br />

momento propício para a sua multiplicação, eles são anaeróbios e qualquer<br />

contusão que diminua o aporte <strong>de</strong> oxigênio na região é o suficiente para o<br />

aparecimento da <strong>do</strong>ença. No intestino a <strong>do</strong>ença ocorre quan<strong>do</strong> há mudanças súbitas<br />

na alimentação com a adição <strong>de</strong> concentra<strong>do</strong>s.<br />

A seguir apresentamos as principais clostridioses.<br />

1.1. Carbúnculo sintomático (Clostridium chauvei): manqueira<br />

Ocorre uma <strong>de</strong>struição extensa da área muscular <strong>em</strong> um ou <strong>do</strong>is dias. Ocorre<br />

claudicação, inchaço e alteração da cor <strong>do</strong>s músculos para vermelho escuro ou<br />

preto.<br />

horas.<br />

1.2. E<strong>de</strong>ma maligno (Clostridium septicum): gangrena gasosa<br />

No local afeta<strong>do</strong> ocorre uma infecção gasosa. A morte ocorre entre 12 a 48


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1.3. Clostridium sor<strong>de</strong>li<br />

Morte súbita <strong>do</strong>s animais <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a sua potente toxina, a pele fica enegrecida<br />

no peito e garganta.<br />

1.4. Hepatite necrótica (Clostridium novy)<br />

no abdômen.<br />

Morte súbita, líqui<strong>do</strong> no abdômen, fíga<strong>do</strong> necrosa<strong>do</strong> e a pele fica enegrecida<br />

1.5. Intestino purpúreo (Clostridium perfringens B e C)<br />

Os sintomas são cólicas, diarréia fétida com sangue e convulsões, a parte<br />

afetada <strong>do</strong> intestino fica azul escura.<br />

1.6. Doença da superalimentação (Clostridium perfringens D)<br />

Mudanças bruscas <strong>de</strong> alimentação, com altas taxas <strong>de</strong> carboidratos, liberam<br />

os clostrídios, suas toxinas ca<strong>em</strong> na corrente sanguínea matan<strong>do</strong> os animais <strong>em</strong><br />

poucas horas.<br />

Tratamento: para estas seis clostridioses, altas <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> penicilina po<strong>de</strong>m salvar<br />

os animais, se <strong>de</strong>tecta<strong>do</strong>s a t<strong>em</strong>po.<br />

Profilaxia: a maioria das vacinas encontradas no merca<strong>do</strong> é <strong>de</strong> alta eficácia na<br />

prevenção das <strong>do</strong>enças acima citadas. Vacinan<strong>do</strong>-se as mães antes <strong>do</strong> parto,<br />

elas irão passar a imunida<strong>de</strong> para os cor<strong>de</strong>iros através <strong>do</strong> colostro. Aos três<br />

meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> vacina-los e repetir a vacinação <strong>de</strong> seis <strong>em</strong> seis meses ou <strong>de</strong><br />

ano <strong>em</strong> ano <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o tipo <strong>de</strong> vacina.<br />

1.7. Tétano (Clostridium tetani)<br />

É uma bactéria que sobrevive por vários anos no meio ambiente porque se<br />

mantém esporulada, encontra-se na terra e no esterco, principalmente <strong>de</strong> eqüinos. A<br />

fase que mais aparece na cabanha é no parto, na castração, na <strong>de</strong>scola e na


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tosquia. Qualquer ferida que o esporo se aloje, ao formar a casca para cicatrizar,<br />

torna o meio anaeróbio, propician<strong>do</strong> o meio ambiente i<strong>de</strong>al para o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>do</strong> Clostridium tetani, neste momento inicia-se a liberação das toxinas que são<br />

neurotóxicas, provocan<strong>do</strong> espasmos tônicos musculares e enrijecimento progressivo<br />

<strong>do</strong>s m<strong>em</strong>bros, da boca e das orelhas.<br />

Tratamento: nos casos leves <strong>de</strong> tétano, altas <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> penicilina e a limpeza<br />

das feridas resolv<strong>em</strong> o probl<strong>em</strong>a. Nos caso agu<strong>do</strong>s, mesmo com a limpeza das<br />

feridas e antibioticoterapia, a morte é inevitável.<br />

Prevenção: <strong>em</strong> proprieda<strong>de</strong>s com muitos probl<strong>em</strong>as, vacinar os animais e<br />

s<strong>em</strong>pre cuidar b<strong>em</strong> das feridas <strong>de</strong> castrações, corte <strong>do</strong> rabo <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros e<br />

cortes na tosquia, evitar a criação <strong>de</strong> eqüinos no piquete <strong>do</strong>s carneiros.<br />

2. Pasteurelose (Pasteurella ha<strong>em</strong>olytica)<br />

A Pasteurela encontra-se normalmente nas vias aéreas <strong>do</strong>s animais. O<br />

estresse <strong>do</strong> <strong>de</strong>smame, <strong>de</strong> transporte, castração, mistura com outros animais e locais<br />

mal areja<strong>do</strong>s, facilitam a multiplicação e a invasão <strong>do</strong>s pulmões pelos<br />

microrganismos.<br />

Em certos casos a enfermida<strong>de</strong> é tão aguda que o animal morre s<strong>em</strong><br />

apresentar sintomas. Na maioria <strong>do</strong>s casos os animais têm febre, respiram com<br />

dificulda<strong>de</strong> e, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>struição <strong>do</strong>s alvéolos e <strong>do</strong>s capilares, ocorr<strong>em</strong> áreas<br />

extensas <strong>de</strong> h<strong>em</strong>orragias tornan<strong>do</strong> os pulmões hepatiza<strong>do</strong>s.<br />

Tratamento: é importante começar o tratamento o mais ce<strong>do</strong> possível através <strong>de</strong><br />

antibioticoterapia <strong>de</strong> largo espectro <strong>de</strong> ação e <strong>em</strong> altas <strong>do</strong>ses.<br />

Prevenção: a maioria das vacinas produz baixa resposta imunitária, as<br />

importadas têm um adjuvante que facilita o contato das células “T” com antígeno,<br />

o que aumenta <strong>em</strong> muito a resposta imunitária.<br />

Esqu<strong>em</strong>a <strong>de</strong> vacinação: vacinar as ovelhas prenhas um mês antes da parição,<br />

com duas <strong>do</strong>ses <strong>em</strong> intervalos <strong>de</strong> 10 dias. Após a parição vacinar os cor<strong>de</strong>iros<br />

com 15 dias <strong>de</strong> vida e com 30 dias e repetir a vacinação <strong>de</strong> seis <strong>em</strong> seis meses.


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3. Diarréia <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros<br />

A diarréia por Escherichia coli ocorre principalmente nos confinamentos on<strong>de</strong><br />

a mãe fica junto ao cor<strong>de</strong>iro e o local não é b<strong>em</strong> areja<strong>do</strong> e seco. A mãe <strong>de</strong>ita com o<br />

úbere <strong>em</strong> cima das fezes ume<strong>de</strong>cidas e o cor<strong>de</strong>iro ao mamar se contamina com<br />

coliformes patogênicos aparecen<strong>do</strong> uma diarréia <strong>de</strong> coloração amarelo brilhante,<br />

cólicas ab<strong>do</strong>minais, diminuição <strong>do</strong> apetite e muitas vezes o animal <strong>de</strong>sidrata e<br />

morre.<br />

Tratamento: antibióticos <strong>de</strong> largo espectro, preferencialmente após o<br />

antibiograma.<br />

Prevenção: criar os animais <strong>em</strong> um ambiente areja<strong>do</strong> e o mais seco e limpo<br />

possível, <strong>de</strong> preferência uma vez por s<strong>em</strong>ana passar o lança chamas nas<br />

instalações.<br />

4. Podridão <strong>do</strong> casco (foot rot)<br />

Esta enfermida<strong>de</strong> é causada pela associação <strong>de</strong> duas bactérias, o<br />

Fusobacterium necrophorum que ataca o epitélio interdigital e o Bacterói<strong>de</strong>s<br />

no<strong>do</strong>sus que penetra pela muralha <strong>do</strong> casco, <strong>de</strong>slocan<strong>do</strong>-o e facilitan<strong>do</strong> a<br />

penetração <strong>de</strong> outras contaminações.<br />

A lama e o esterco facilitam a aparição <strong>do</strong> processo, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a <strong>do</strong>is fatores: o<br />

amolecimento <strong>do</strong> casco pela umida<strong>de</strong> e a proliferação das bactérias pelo meio se<br />

tornar anaeróbio no casco. Estas bactérias têm pouco t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> vida nas pastagens,<br />

sen<strong>do</strong> que a sua sobrevida gira <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> três s<strong>em</strong>anas. Por isso é importante o<br />

isolamento <strong>do</strong>s animais afeta<strong>do</strong>s, porque eles mantêm a contaminação no meio<br />

ambiente. O surto po<strong>de</strong> atingir até 70% <strong>do</strong> rebanho, os animais enfermos ficam<br />

muito <strong>de</strong>bilita<strong>do</strong>s, eles não se alimentam b<strong>em</strong> <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>do</strong>r nos m<strong>em</strong>bros.<br />

Tratamento e Prevenção: casquear to<strong>do</strong>s os animais <strong>do</strong> rebanho, inician<strong>do</strong><br />

pelos animais que já estiver<strong>em</strong> claudican<strong>do</strong>, e isolar os mesmos após casquear.<br />

Desinfetar os materiais, queimar os resíduos <strong>de</strong> casco e casquear o resto <strong>do</strong>s<br />

animais repetin<strong>do</strong> o processo acima. S<strong>em</strong>pre tirar toda a área contaminada,<br />

porque qualquer resíduo que fique o probl<strong>em</strong>a retorna.


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Usar pedilúvio com formol (5 a 10%) ou sulfato <strong>de</strong> zinco (10%). Passar<br />

inicialmente os animais sadios, com uma duração <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> pedilúvio <strong>de</strong> 5<br />

minutos, e após os enfermos por 20 minutos. Repetir o tratamento uma vez por<br />

s<strong>em</strong>ana por três s<strong>em</strong>anas consecutivas e após <strong>de</strong> 15 <strong>em</strong> 15 dias por mais quatro<br />

vezes.<br />

Os animais sadios <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser leva<strong>do</strong>s para uma pastag<strong>em</strong> com pelo menos 30<br />

dias <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e os <strong>do</strong>entes leva<strong>do</strong>s a um local seco, <strong>de</strong> preferência <strong>em</strong><br />

estra<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira. Nos casos mais complica<strong>do</strong>s, a aplicação <strong>de</strong> três <strong>do</strong>ses <strong>de</strong><br />

tetraciclina, com um intervalo <strong>de</strong> 48 horas entre cada aplicação, auxilia <strong>em</strong> muito<br />

o tratamento.<br />

Os corre<strong>do</strong>res <strong>de</strong> acesso ao centro <strong>de</strong> manejo são fundamentais para a<br />

diss<strong>em</strong>inação da <strong>do</strong>ença, principalmente <strong>em</strong> perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, por isso se<br />

torna necessário novos casqueamentos, para evitar o crescimento excessivo <strong>do</strong>s<br />

cascos, com isto as bactérias não ficarão alojadas nos animais.<br />

A vacina nacional não t<strong>em</strong> <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> muita eficácia e a importada auxilia <strong>em</strong><br />

torno <strong>de</strong> 50% na prevenção, mas é proibitiva <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao preço eleva<strong>do</strong>.<br />

Os animais confina<strong>do</strong>s, se estiver<strong>em</strong> <strong>em</strong> local úmi<strong>do</strong>, também irão apresentar o<br />

mesmo probl<strong>em</strong>a.<br />

Ao comprar animais <strong>de</strong> fora, fazer uma quarentena após o casqueamento.<br />

5. Queratoconjuntivite (Pink Eye)<br />

Várias bactérias po<strong>de</strong>m causar este probl<strong>em</strong>a nos ovinos: Mycoplasma<br />

psitacci, Branhamella ovis e Ricktsia conjuntivae. É uma <strong>do</strong>ença altamente<br />

contagiosa e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>do</strong> agente patogênico po<strong>de</strong> levar a graves lesões, como<br />

ulcerações da córnea e até cegueira permanente.<br />

Esta <strong>do</strong>ença é transmitida através <strong>de</strong> moscas, poeira, pastagens altas e<br />

principalmente quan<strong>do</strong> os animais se alimentam <strong>em</strong> chocos, pelo contato com os<br />

enfermos ou ao esfregar<strong>em</strong> os olhos nos cochos contamina<strong>do</strong>s.<br />

Tratamento: geralmente colírios à base <strong>de</strong> cloranfenicol ou tetraciclinas,<br />

associa<strong>do</strong>s com anti-inflamatórios, resolv<strong>em</strong> o probl<strong>em</strong>a.<br />

Prevenção: ao comprar animais ou ao retornar <strong>de</strong> exposições, <strong>de</strong>ixar os animais<br />

<strong>de</strong> quarentena, ao menor sinal da <strong>do</strong>ença tratar to<strong>do</strong> o lote. Caso a <strong>do</strong>ença já<br />

esteja diss<strong>em</strong>inada no plantel, separar os animais afeta<strong>do</strong>s, tratá-los por 10 dias


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e <strong>em</strong> cada tratamento <strong>de</strong>sinfetar o rosto <strong>do</strong>s animais com uma solução <strong>de</strong> io<strong>do</strong> a<br />

5%, parar o tratamento por alguns dias e se aparecer algum animal novamente<br />

com o probl<strong>em</strong>a eliminá-lo porque ele é um porta<strong>do</strong>r crônico da <strong>do</strong>ença. Os<br />

animais que não tinham probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser trata<strong>do</strong>s preventivamente com<br />

colírio por cinco dias. As vacinas existentes não são muito eficazes <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> agentes da <strong>do</strong>ença.<br />

6. Ectima contagioso<br />

Esta <strong>do</strong>ença é viral e atinge animais adultos e jovens, sen<strong>do</strong> os jovens os<br />

mais suscetíveis. Na forma benigna os vírus sa<strong>em</strong> da corrente sanguínea e se<br />

alojam no epitélio nasal e bucal. Na forma maligna se alojam também na cavida<strong>de</strong><br />

bucal e <strong>em</strong> várias regiões <strong>do</strong> corpo, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> levar os cor<strong>de</strong>iros novos à morte por<br />

causar dificulda<strong>de</strong> na alimentação e probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> infecção secundária. Nas mães<br />

ocorr<strong>em</strong> feridas graves nos tetos que po<strong>de</strong>m levar a mastites severas, inclusive<br />

inutilizan<strong>do</strong> as mamas.<br />

Tratamento: tratar as feridas <strong>do</strong>s animais enfermos com um chumaço <strong>de</strong><br />

algodão <strong>em</strong>bebi<strong>do</strong> <strong>em</strong> io<strong>do</strong> ou com pomada à base <strong>de</strong> cloranfenicol e violeta<br />

genciana.<br />

Prevenção: fazer quarentena <strong>do</strong>s animais compra<strong>do</strong>s ou que participam <strong>de</strong><br />

exposições. Em caso <strong>de</strong> um surto na proprieda<strong>de</strong>, isolar os animais <strong>do</strong>entes e<br />

vacinar to<strong>do</strong> plantel. As vacinas são muito eficientes contra a <strong>do</strong>ença. Se houver<br />

algum caso maligno, é necessário revacinar anualmente o rebanho e<br />

principalmente os cor<strong>de</strong>iros nasci<strong>do</strong>s por pelo menos três anos consecutivos. A<br />

vacina é efetuada riscan<strong>do</strong>-se a face interior da coxa com um estilete, mas s<strong>em</strong><br />

provocar sangramento, com um cotonete <strong>em</strong>bebi<strong>do</strong> com o líqui<strong>do</strong> vacinal,<br />

esfrega-se na lesão. Após 10 dias, aparece uma crosta no local, o que indica que<br />

a vacina está funcionan<strong>do</strong>.<br />

7. Mastite<br />

As piores são causadas pelo Staphilococcus aureus e a Pausterela<br />

h<strong>em</strong>olytica, provocan<strong>do</strong> uma mastite aguda e necrosante que po<strong>de</strong> levar o animal à


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morte <strong>em</strong> poucas horas. Ao ser trata<strong>do</strong> <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po e eficazmente, o animal se salva,<br />

mas o teto afeta<strong>do</strong> vai se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> aos poucos e cai.<br />

As mastites <strong>de</strong> curso menos agu<strong>do</strong> po<strong>de</strong>m aparecer <strong>de</strong> várias formas, como<br />

as sub-clínicas ou as que entumec<strong>em</strong> e <strong>em</strong>pedram os tetos.<br />

Tratamento: o tratamento preferencialmente teria que ser feito após o<br />

antibiograma, mas às vezes o produtor não t<strong>em</strong> condições <strong>de</strong> procurar o<br />

laboratório ou o caso é grave e o animal t<strong>em</strong> que ser trata<strong>do</strong> imediatamente. Para<br />

o tratamento das mastites mais leves a infusão <strong>de</strong> pomada com antibiótico nos<br />

tetos resolve o probl<strong>em</strong>a. Na mastite aguda é necessário, além da aplicação nos<br />

tetos, entrar com antibióticos <strong>de</strong> largo espectro e <strong>em</strong> altas quantida<strong>de</strong>s para<br />

salvar o animal.<br />

Prevenção: para prevenir os probl<strong>em</strong>as, ao comprar animais s<strong>em</strong>pre examinar o<br />

úbere e no menor sinal <strong>de</strong> probl<strong>em</strong>a não comprá-los. Examinar todas as ovelhas<br />

<strong>do</strong> plantel um mês após a <strong>de</strong>smama, e se aparecer alguma com probl<strong>em</strong>a, caso<br />

seja um animal <strong>de</strong> pouco valor e o caso for <strong>de</strong> difícil tratamento, eliminá-la <strong>do</strong><br />

plantel. Em caso <strong>de</strong> confinamento, manter o local s<strong>em</strong>pre limpo, e se aparecer<br />

algum animal enfermo isolá-lo. Os cor<strong>de</strong>iros mamam nas ovelhas contaminadas<br />

e após vão mamar <strong>em</strong> outras ovelhas transmitin<strong>do</strong> a contaminação.<br />

8. Controle sanitário: principais recomendações<br />

A maioria <strong>do</strong>s insucessos na ovinocultura está relacionada com os óbitos<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> falhas no manejo sanitário <strong>do</strong> rebanho, <strong>de</strong>ssa maneira o produtor<br />

<strong>de</strong>ve tomar os seguintes cuida<strong>do</strong>s:<br />

8.1. Medidas Gerais<br />

- Revisão constante <strong>do</strong>s animais, separan<strong>do</strong> os <strong>do</strong>entes.<br />

- Fornecer mistura mineral à vonta<strong>de</strong>.<br />

- Limpeza e <strong>de</strong>sinfecção <strong>do</strong>s instrumentos e ferramentas usa<strong>do</strong>s nos animais.<br />

- Quarentena <strong>de</strong> animais adquiri<strong>do</strong>s ou a ser<strong>em</strong> introduzi<strong>do</strong>s no rebanho.


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8.2. Vacinações<br />

- Vacinar os animais contra carbúnculo sintomático, enterotox<strong>em</strong>ia e gangrena<br />

Gasosa (verificar se a vacina atinge o Clostridium perfringens).<br />

• Ovelhas: anualmente, 30 dias antes <strong>do</strong> parto.<br />

• Cor<strong>de</strong>iros: 45 a 60 dias <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (época da <strong>de</strong>smama), duas aplicações (<strong>do</strong>se <strong>de</strong><br />

reforço 21 dias <strong>de</strong>pois da 1ª <strong>do</strong>se).<br />

• Revacinação anual <strong>em</strong> to<strong>do</strong> rebanho (<strong>do</strong>se única)<br />

8.3. Podridão <strong>do</strong>s Cascos<br />

• Casqueamento (aparo) e revisão periódica <strong>do</strong>s cascos <strong>do</strong>s animais.<br />

• Predilúvio preventivo: manejo <strong>de</strong> rotina <strong>em</strong> to<strong>do</strong> o rebanho uma vez por mês e na<br />

época <strong>de</strong> chuvas duas vezes por mês,<br />

• Pedilúvio curativo: isolar os animais que aparec<strong>em</strong> <strong>do</strong>entes e, nos casos graves,<br />

fazer tratamento com antibióticos e aplicação <strong>de</strong> solução anti-séptica manual ou<br />

passag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s animais <strong>do</strong>entes no pedilúvio.<br />

Preparo da Solução <strong>de</strong> Pedilúvio:<br />

a) Sulfato <strong>de</strong> Zinco (10%)<br />

Detergente comum = 2 mL/litro<br />

Ex<strong>em</strong>plo: <strong>em</strong> 50 litros <strong>de</strong> água adicionar 5 Kg <strong>de</strong> sulfato <strong>de</strong> Zinco e 100 ml <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>tergente comum<br />

b) Sulfato <strong>de</strong> Cobre (10%)<br />

c) Formol (2.5%)<br />

Ex<strong>em</strong>plo: 6 litros <strong>de</strong> formol a 40% <strong>em</strong> 100 litros <strong>de</strong> água.<br />

8.4. Cau<strong>de</strong>ctomia<br />

Outra medida que <strong>de</strong>ve ser tomada é a cau<strong>de</strong>ctomia (corte da cauda) nos<br />

animais que possu<strong>em</strong> lã, para se evitar acúmulo <strong>de</strong> fezes que po<strong>de</strong>rá levar a<br />

ocorrências <strong>de</strong> miíases. No caso <strong>de</strong> fêmeas, quan<strong>do</strong> adultas, a presença da cauda<br />

dificultará penetração ou ainda po<strong>de</strong>rá lesionar o pênis <strong>do</strong> reprodutor no momento<br />

da cópula.


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Há <strong>do</strong>is méto<strong>do</strong>s para a execução <strong>do</strong> corte da cauda, o formão <strong>de</strong> ferro <strong>em</strong><br />

brasa e o elástico. Recomendamos o uso <strong>do</strong> elástico, pois sua cicatrização é mais<br />

rápida e o perigo <strong>de</strong> infecção é menor, além disso a técnica é mais simples.<br />

A cau<strong>de</strong>ctomia <strong>de</strong>ve ser realizada nos cor<strong>de</strong>iros com ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco a sete<br />

dias <strong>de</strong> vida, pois quan<strong>do</strong> maiores a cicatrização é mais lenta, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> inclusive<br />

levar a h<strong>em</strong>orragias <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à espessura da cauda.<br />

9. Vias <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong> medicamentos<br />

9.1. Subcutânea<br />

Consiste na <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> medicamento entre a pele e o teci<strong>do</strong> muscular logo<br />

abaixo <strong>de</strong>sta. O local <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong>ve ter a pele mais solta, como por ex<strong>em</strong>plo, na<br />

tábua <strong>do</strong> pescoço ou atrás da paleta. (Figura 7).<br />

Figura 7. Locais para a injeção subcutânea.<br />

Técnica: puxar a pele <strong>de</strong> maneira que forme um triângulo (Figura 8), e introduzir a<br />

agulha na face anterior; a ponta da agulha <strong>de</strong>verá estar, obrigatoriamente, no<br />

espaço subcutâneo


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Figura 8. Técnica para a injeção subcutânea (agulha 10x10).<br />

Possíveis complicações:<br />

- Abscesso por falta <strong>de</strong> assepsia <strong>do</strong> local <strong>de</strong> aplicação ou <strong>do</strong> material;<br />

- Necrose <strong>de</strong> músculos, por erro na aplicação (intramuscular superficial);<br />

- Choque, por sensibilida<strong>de</strong> ao produto injeta<strong>do</strong>.<br />

São inevitáveis, com o uso <strong>de</strong> certos medicamentos, manifestação <strong>do</strong>lorosa<br />

imediata, porém <strong>de</strong> curta duração, ou reação inflamatória tardia (s<strong>em</strong> gravida<strong>de</strong>, se a<br />

assepsia foi correta).<br />

9.2. Intramuscular<br />

Consiste na <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> medicamentos, irritantes pela via subcutânea,<br />

<strong>de</strong>ntro da massa muscular. O local <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong>ve apresentar gran<strong>de</strong> massa<br />

muscular, tal como a região das coxas (Figura 9).<br />

Técnica: após a assepsia <strong>do</strong> local, introduzir a agulha no músculo. Antes <strong>de</strong> injetar o<br />

medicamento, <strong>de</strong>ve-se voltar ligeiramente o êmbolo da seringa, para certificar-se <strong>de</strong><br />

que a agulha não atingiu nenhum vaso sanguíneo. Aplicar no máximo cinco ml por<br />

ponto <strong>de</strong> injeção <strong>em</strong> animais adultos, evitan<strong>do</strong>-se, com isto, a dilaceração das fibras<br />

musculares.<br />

Possíveis complicações:<br />

- Abscesso por:<br />

- Falta <strong>de</strong> assepsia;


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- Medicamentos irritantes (caso a injeção não tenha si<strong>do</strong> profunda, difundin<strong>do</strong>-se<br />

sob a pele);<br />

- Volumes superiores a cinco ml.<br />

- Manqueira por paralisia, no nervo ciático, imediatamente após a injeção.<br />

Figura 9. Local para a injeção intramuscular (agulha 20x10).<br />

9.3. Intraperitoneal<br />

Consiste na <strong>de</strong>posição <strong>do</strong> medicamento <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong> peritoneal.<br />

Técnica: após <strong>de</strong>sinfecção local criteriosa, introduzir a agulha no flanco direito, na<br />

direção <strong>do</strong> m<strong>em</strong>bro posterior esquer<strong>do</strong> (Figura 10). O medicamento <strong>de</strong>ve ser<br />

ligeiramente morno e injeta<strong>do</strong> lentamente.<br />

Possíveis complicações:<br />

- Cólicas, provenientes <strong>de</strong> produtos injeta<strong>do</strong>s frios ou muito rapidamente, ou por<br />

medicamentos incompatíveis com esta via.<br />

- Peritonite (inflamação <strong>do</strong> peritôneo), por má assepsia ou pela utilização <strong>de</strong><br />

produtos oleosos, que são mal absorvi<strong>do</strong>s por esta via.


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Figura 10. Via peritoneal.<br />

9.4. En<strong>do</strong>venosa<br />

Consiste na <strong>de</strong>posição <strong>do</strong> medicamento na corrente sanguínea, através da<br />

punção <strong>de</strong> uma veia superficial.<br />

Vantagens:<br />

- Ação instantânea <strong>do</strong> medicamento, que atinge concentração sanguínea máxima,<br />

sen<strong>do</strong> por isto muito usada nas <strong>do</strong>enças metabólicas ou infecciosas<br />

(particularmente nas septic<strong>em</strong>ias);<br />

- Permite a administração <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> medicamentos, como por ex<strong>em</strong>plo,<br />

na reidratação.<br />

Inconvenientes:<br />

- O efeito <strong>do</strong> medicamento é <strong>de</strong> curta duração, porque o produto começa a ser<br />

elimina<strong>do</strong> rapidamente <strong>do</strong> organismo. Recomenda-se, portanto, fracionar a <strong>do</strong>se<br />

total, aplican<strong>do</strong> <strong>do</strong>is terços por via en<strong>do</strong>venosa e um terço por outra via.<br />

Local <strong>de</strong> injeção: veias superficiais, como a jugular direita ou esquerda (Figura 11).<br />

Técnica: faz-se necessário uma pessoa para conter o animal. O opera<strong>do</strong>r pressiona<br />

a veia jugular, no terço inferior <strong>do</strong> pescoço. Após esta pressão, a veia aumenta <strong>de</strong>


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volume. O opera<strong>do</strong>r <strong>de</strong>ve observar o trajeto da veia e, com a seringa na outra mão,<br />

introduzir a agulha. Para certificar-se da introdução correta da agulha <strong>de</strong>ntro da veia,<br />

voltar um pouco o êmbolo da seringa, verifican<strong>do</strong> se o sangue reflui. Relaxar a<br />

compreensão feita na base <strong>do</strong> pescoço e injetar o medicamento lentamente.<br />

Terminada a injeção, retirar a agulha e friccionar o local, para evitar a formação <strong>de</strong><br />

h<strong>em</strong>atoma.<br />

Para facilitar a visualização da veia, po<strong>de</strong>-se fazer a compreensão (“garrote”) no<br />

pescoço, com auxílio <strong>de</strong> uma corda e, ainda, <strong>de</strong>pilar a região <strong>do</strong> pescoço on<strong>de</strong> será<br />

feita a aplicação.<br />

Figura 11. Jugular esquerda – via en<strong>do</strong>venosa e posicionamento da agulha.<br />

Possíveis complicações:<br />

- Septic<strong>em</strong>ia, se a <strong>de</strong>sinfecção local não foi b<strong>em</strong> feita;<br />

- Choque, por medicamentos injeta<strong>do</strong>s muito frio ou rapidamente;<br />

- H<strong>em</strong>atoma (acúmulo <strong>de</strong> sangue no teci<strong>do</strong> perivascular), <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong><br />

injeções repetidas e falta <strong>de</strong> prática <strong>do</strong> opera<strong>do</strong>r; se a assepsia for b<strong>em</strong> feita,<br />

dificulta as complicações.<br />

9.5. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

Estas injeções, qualquer que seja a via eleita, <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser feitas por pessoas que<br />

tenham alguma prática. Caso não seja possível, aconselha-se o uso <strong>de</strong> machos


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mestiços ou capões <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao abate, para treinamento, até que se alcance a<br />

prática necessária, para só <strong>de</strong>pois se fazer aplicações no rebanho ovino base <strong>de</strong><br />

seleção.<br />

XI. SANIDADE: PRINCIPAIS DOENÇAS PARASITÁRIAS NA<br />

OVINOCULTURA<br />

Este capítulo foi elabora<strong>do</strong> por Carlos N Kaneto.<br />

1. Consi<strong>de</strong>rações gerais<br />

O sucesso <strong>de</strong> qualquer <strong>em</strong>preendimento <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> à exploração animal se<br />

apóia num tripé constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> melhoramento genético, nutrição e sanida<strong>de</strong>. Dessa<br />

maneira, é da maior importância que esses fatores, influencia<strong>do</strong>s pelo ambiente,<br />

básicos e fundamentais, <strong>de</strong>vam se <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong> forma harmônica para se atingir o<br />

sucesso <strong>em</strong> qualquer sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção animal.<br />

Fora <strong>de</strong> seu esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> higi<strong>de</strong>z, um animal como uma fábrica complexa<br />

<strong>de</strong>stinada à produção <strong>de</strong> carne ou lã, mesmo quan<strong>do</strong> cria<strong>do</strong> <strong>em</strong> condições<br />

ambientais favoráveis e com a melhor tecnologia, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> produzir economicamente<br />

ou simplesmente não produz nada. Assim, percebe-se que a sanida<strong>de</strong> se constitui<br />

na base para qualquer programa <strong>de</strong> produção animal, fato reconhecidamente aceito<br />

por to<strong>do</strong>s os estudiosos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento da pecuária no Brasil.<br />

Inúmeros fatores contribu<strong>em</strong> favorável ou <strong>de</strong>sfavoravelmente para a<br />

manutenção da saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s animais, como os <strong>de</strong>correntes <strong>do</strong> meio ambiente, <strong>do</strong><br />

manejo e os provoca<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>enças causadas por agentes físicos, químicos e<br />

biológicos.<br />

Dentre os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m sanitária que prejudicam o <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho <strong>de</strong><br />

nossos rebanhos, notadamente os ovinos, as <strong>do</strong>enças provoca<strong>do</strong>s por parasitas ou<br />

parasitoses, são responsáveis por gran<strong>de</strong>s prejuízos, merecen<strong>do</strong> a atenção <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

que estejam envolvi<strong>do</strong>s nesse setor.<br />

Um parasito, <strong>de</strong> maneira abrangente, po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> como um ser vivo que<br />

se aloja <strong>em</strong> outro ser vivo, <strong>de</strong> espécie diferente da sua, que é chama<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

hospe<strong>de</strong>iro, <strong>de</strong>le auferin<strong>do</strong> vantagens e provocan<strong>do</strong>-lhe algum dano. Trata-se,


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portanto, <strong>de</strong> uma associação entre seres vivos on<strong>de</strong> ocorre uma unilateralida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

benefícios, sen<strong>do</strong> o ser beneficia<strong>do</strong> <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> parasito e o prejudica<strong>do</strong>, o<br />

hospe<strong>de</strong>iro.<br />

Esse conceito, porém, inclui também as bactérias, os vírus e os fungos e,<br />

então para efeito didático, as <strong>do</strong>enças provocadas por esses agentes são<br />

<strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>s infecciosas e são estudadas no âmbito da<br />

Microbiologia.<br />

Os parasitos <strong>de</strong> importância médica e veterinária estão distribuí<strong>do</strong>s <strong>em</strong> 3<br />

gran<strong>de</strong>s grupos: Artrópo<strong>de</strong>s, Protozoários e Helmintos.<br />

Na ovinocultura ocorr<strong>em</strong> agravos à saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s animais provoca<strong>do</strong>s por<br />

representantes <strong>de</strong>sses três grupos, como se verá a seguir.<br />

Os artrópo<strong>de</strong>s abrang<strong>em</strong> os chama<strong>do</strong>s ectoparasitos ou parasitas externos,<br />

que são aqueles que se localizam na superfície externa <strong>do</strong>s animais. Dentro <strong>de</strong>sse<br />

grupo encontram-se os animais invertebra<strong>do</strong>s com patas articuladas como os<br />

carrapatos, as sarnas, os piolhos, as pulgas, as moscas e os mosquitos, que<br />

provocam danos aos animais e ao hom<strong>em</strong> <strong>de</strong> uma maneira direta ou indiretamente,<br />

agin<strong>do</strong> como veicula<strong>do</strong>res <strong>de</strong> agentes causa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> outras <strong>do</strong>enças<br />

Sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> miíase é reconhecida a presença e o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

<strong>de</strong> larvas <strong>de</strong> moscas <strong>em</strong> teci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> animais vivos. Na espécie ovina, as principais<br />

miíases são a "bicheira" e a oestrose ou "mal da cabeça".<br />

A oestrose é provocada pelas larvas <strong>de</strong> moscas da espécie Oestrus ovis, as<br />

quais se localizam nas cavida<strong>de</strong>s nasais e seios frontais <strong>do</strong>s ovinos.<br />

As moscas fêmeas adultas após ser<strong>em</strong> fertilizadas pelos machos põ<strong>em</strong> as<br />

larvas contidas no interior <strong>de</strong> um envoltório, nas narinas <strong>do</strong>s animais. Cada mosca<br />

coloca cerca <strong>de</strong> 25 larvas <strong>de</strong> cada vez e durante a sua vida produz cerca <strong>de</strong> 500<br />

larvas.<br />

Uma vez na cavida<strong>de</strong> nasal <strong>do</strong>s ovinos, essas larvas que me<strong>de</strong>m cerca <strong>de</strong> um<br />

mm <strong>de</strong> comprimento quan<strong>do</strong> ovipostas, se dirig<strong>em</strong> para <strong>de</strong>ntro das fossas nasais,<br />

a<strong>de</strong>r<strong>em</strong>-se à mucosa <strong>do</strong>s condutos alimentan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> muco aí existente. Em<br />

seguida essas larvas vão se dirigir aos seios frontais on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> e<br />

cresc<strong>em</strong> atingin<strong>do</strong> o tamanho <strong>de</strong> 2,5 a 3 cm, sen<strong>do</strong> então expelidas através <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scargas nasais e espirros <strong>do</strong>s animais.


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O perío<strong>do</strong> <strong>em</strong> que a larva fica parasitan<strong>do</strong> o animal ou perío<strong>do</strong> larval é <strong>de</strong><br />

aproximadamente 25 dias, porém, po<strong>de</strong> se esten<strong>de</strong>r por até um ano nas regiões <strong>de</strong><br />

clima frio. Durante esse perío<strong>do</strong>, as larvas ficam exercen<strong>do</strong> a sua ação <strong>de</strong>letéria<br />

sobre os ovinos.<br />

Altas infestações po<strong>de</strong>m fazer com que o animal perca o apetite, <strong>em</strong>agreça,<br />

po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> mesmo morrer.<br />

Uma vez expelidas pelo animal, as larvas maduras vão ao solo e nele<br />

penetram nas suas camadas mais superficiais e passam para outra fase <strong>de</strong> sua vida<br />

que é a <strong>de</strong> pupa. Nessa fase, a mosca passa se <strong>de</strong>senvolver no interior da pupa,<br />

que t<strong>em</strong> a casca escura e imóvel. Nessa forma, o parasito permanece por um<br />

perío<strong>do</strong> variável <strong>de</strong> 21 a 42 dias. Passa<strong>do</strong> esse perío<strong>do</strong>, as moscas adultas<br />

<strong>em</strong>erg<strong>em</strong> <strong>do</strong> pupário.<br />

15 dias.<br />

As moscas adultas <strong>do</strong> gênero Oestrus não se alimentam e viv<strong>em</strong> por cerca <strong>de</strong><br />

Os animais acometi<strong>do</strong>s pelas larvas <strong>de</strong> Oestrus, ficam irrita<strong>do</strong>s, espirram com<br />

freqüência, balançam muito a cabeça e esfregam as narinas nas patas. Geralmente<br />

apresentam também, corrimentos nasais e dificulda<strong>de</strong> respiratória<br />

Esses sintomas ocorr<strong>em</strong> porque no perío<strong>do</strong> larval as larvas exerc<strong>em</strong> uma<br />

ação mecânica extr<strong>em</strong>amente irritativa, através <strong>do</strong>s seus ganchos orais e espinhos<br />

que provocam uma inflamação das m<strong>em</strong>branas mucosas nasais com secreção<br />

muco-purulenta ou mesmo sanguinolenta.<br />

O diagnóstico da oestrose po<strong>de</strong> ser feito através da observação <strong>do</strong>s sintomas<br />

apresenta<strong>do</strong>s, pela i<strong>de</strong>ntificação da larva expelida pelas <strong>de</strong>scargas nasais e espirros<br />

<strong>do</strong> animal e também por necropsia. O tratamento po<strong>de</strong>rá ser realiza<strong>do</strong> através da<br />

aplicação <strong>de</strong> drogas en<strong>de</strong>ctocidas, que atuam sobre parasitas internos e externos<br />

<strong>do</strong>s animais.<br />

As miíases conhecidas como "bicheiras" são provocadas por larvas <strong>de</strong><br />

moscas da espécie Cochliomyia hominivorax, também conhecida como "varejeira".<br />

As moscas <strong>de</strong>ssa espécie copulam apenas uma vez na vida. Essa<br />

peculiarida<strong>de</strong> biológica permitiu a sua erradicação nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da América<br />

<strong>do</strong> Norte através da utilização <strong>de</strong> machos esteriliza<strong>do</strong>s por radiação.<br />

Normalmente elas <strong>de</strong>positam seus ovos <strong>em</strong> massas compactas conten<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

200 a 300 ovos que são coloca<strong>do</strong>s nas bordas <strong>de</strong> feridas recentes <strong>do</strong>s animais.<br />

Cada fêmea po<strong>de</strong> ovipor cerca <strong>de</strong> 1800 ovos.


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Uma vez postos nas bordas das feridas, <strong>em</strong> menos <strong>de</strong> 24 horas, <strong>de</strong>sses ovos<br />

eclo<strong>de</strong>m as larvas. Essas larvas se alimentam <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> vivo <strong>do</strong>s animais fazen<strong>do</strong><br />

uma cavida<strong>de</strong> na ferida que ten<strong>de</strong> a aumentar <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> progressivamente,<br />

pois novas posturas <strong>de</strong> ovos são realizadas na mesma ferida. Isso po<strong>de</strong> ser<br />

comprova<strong>do</strong> pelo encontro <strong>de</strong> larvas <strong>de</strong> diferentes tamanhos numa mesma ferida.<br />

A ferida geralmente fica sangran<strong>do</strong> constant<strong>em</strong>ente pelo seu orifício e exala<br />

um mau cheiro característico, facilmente senti<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> se chega perto <strong>do</strong> animal<br />

acometi<strong>do</strong> pela "bicheira".<br />

Se o animal com essa miíase não for medica<strong>do</strong>, as larvas se alimentam por<br />

um perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> 5 a 9 dias e aban<strong>do</strong>nam a lesão in<strong>do</strong> ao solo para pupar<strong>em</strong>. Nas<br />

camadas mais superficiais <strong>do</strong> solo (2 a 3 cm) se transformam <strong>em</strong> pupas.<br />

O perío<strong>do</strong> pupal é <strong>de</strong> 7 a 10 dias nas épocas quentes, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> se prolongar<br />

nas épocas mais frias.<br />

As moscas adultas viv<strong>em</strong> por cerca <strong>de</strong> 15 dias po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> sobreviver por até 42<br />

dias nos perío<strong>do</strong>s mais frios.<br />

As moscas causa<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> "bicheiras" se alimentam <strong>de</strong> néctar das flores e<br />

substâncias açucaradas produzidas pelas plantas e, somente após a cópula e com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong>s seus ovários, é que ocorre um aumento das suas<br />

necessida<strong>de</strong>s protéicas para a maturação <strong>do</strong>s seus ovos. Elas são então atraídas<br />

pelo o<strong>do</strong>r das feridas e cortes na pele <strong>do</strong>s animais nos quais vão provocar a<br />

ocorrência <strong>de</strong> miíases.<br />

A gravida<strong>de</strong> e extensão <strong>do</strong>s danos que a "bicheira" provoca <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>do</strong> local<br />

<strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> animal que for atingi<strong>do</strong> e das reinfestações provocadas por novas<br />

posturas. Exist<strong>em</strong> casos que po<strong>de</strong>m levar o animal a morte quan<strong>do</strong> não trata<strong>do</strong>s, ou<br />

mesmo po<strong>de</strong>m provocar lesões sérias e incapacitantes. O mau cheiro exala<strong>do</strong> atrai<br />

outras espécies <strong>de</strong> moscas po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> então ocorrer miíases secundárias provocadas<br />

por larvas <strong>de</strong> moscas que se alimentam <strong>de</strong> teci<strong>do</strong> necrosa<strong>do</strong>, agravan<strong>do</strong> ainda mais<br />

o processo.<br />

Geralmente os locais <strong>do</strong> corpo <strong>do</strong> animal mais atingi<strong>do</strong>s pela "bicheira" são<br />

<strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> práticas normais <strong>de</strong> manejo como castração, tosquia, corte <strong>de</strong> cauda,<br />

tratamento ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> ou não tratamento <strong>de</strong> umbigo <strong>do</strong>s recém nasci<strong>do</strong>s,<br />

colocação <strong>de</strong> brincos ou marcação, e ferimentos provoca<strong>do</strong>s por arames farpa<strong>do</strong>s,<br />

etc.<br />

Como medidas preventivas recomenda-se, na medida <strong>do</strong> possível, que certas<br />

práticas <strong>de</strong> manejo, como a <strong>de</strong>scola <strong>do</strong>s cor<strong>de</strong>iros e outras que predispõ<strong>em</strong> o animal


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à "bicheira", sejam executadas no perío<strong>do</strong> seco (agosto) quan<strong>do</strong> a população <strong>de</strong><br />

moscas varejeiras é menor.<br />

É muito importante ressaltar que se <strong>de</strong>ve manter uma vigilância constante nos<br />

animais realizan<strong>do</strong>-se inspeções freqüentes para surpreen<strong>de</strong>r a ocorrência <strong>de</strong><br />

"bicheira" para logo no início <strong>do</strong> seu aparecimento. Para isso <strong>de</strong>ve-se s<strong>em</strong>pre<br />

orientar o funcionário que cuida <strong>do</strong> rebanho para que o mesmo possa i<strong>de</strong>ntificar a<br />

ocorrência da bicheira logo no início <strong>de</strong> seu aparecimento.<br />

O tratamento <strong>de</strong>ve ser provi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong> imediatamente com aplicação <strong>de</strong><br />

inseticidas <strong>em</strong> aerossóis ou spray ("mata bicheiras") ou mesmo com medicamentos<br />

que atuam também sobre ectoparasitas (avermectinas), evitan<strong>do</strong> assim que as<br />

larvas caiam no solo e continu<strong>em</strong> o seu ciclo <strong>de</strong> vida.<br />

O berne, juntamente com a "bicheira" e o carrapato é um das mais<br />

importantes pragas que ating<strong>em</strong> a pecuária bovina brasileira, porém, <strong>em</strong>bora tenha<br />

si<strong>do</strong> assinala<strong>do</strong> <strong>em</strong> alguns ovinos após a tosquia, atualmente parece não ser <strong>de</strong><br />

ocorrência muito freqüente nessa espécie animal. O berne nada mais é <strong>do</strong> que a<br />

larva <strong>de</strong> uma outra mosca chamada Dermatobia hominis, e se caracteriza por se<br />

localizar no teci<strong>do</strong> subcutâneo <strong>do</strong>s animais ou mesmo <strong>do</strong> hom<strong>em</strong>, forman<strong>do</strong> nódulos<br />

com um orifício, por on<strong>de</strong> ela respira. Essa mosca é <strong>de</strong> ocorrência mais freqüente<br />

<strong>em</strong> regiões <strong>de</strong> matas e morros.<br />

Os ovinos po<strong>de</strong>m ainda ser ataca<strong>do</strong>s por outras espécies <strong>de</strong> artrópo<strong>de</strong>s como<br />

os ácaros produtores <strong>de</strong> sarna Psoroptes ovis e pelos piolhos Damalinia ovis. A<br />

sarna ovina não t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> observada no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo ao contrário da<br />

Damalinia, cuja presença t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> freqüent<strong>em</strong>ente assinalada nesse Esta<strong>do</strong>.<br />

Esses <strong>do</strong>is ectoparasitos são parasitas permanentes não apresentan<strong>do</strong> uma<br />

fase não parasitária. Eles são transmiti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> contato direto entre um animal<br />

infesta<strong>do</strong> com outro sadio. Como eles completam o seu ciclo <strong>de</strong> vida nos animais, o<br />

seu controle é relativamente mais fácil e po<strong>de</strong> ser realiza<strong>do</strong> através <strong>do</strong> tratamento<br />

com banhos com produtos à base <strong>de</strong> inseticidas (piretrói<strong>de</strong>s).<br />

O segun<strong>do</strong> gran<strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> parasitas é o <strong>do</strong>s protozoários.<br />

Esse grupo abrange organismos unicelulares que po<strong>de</strong>m provocar <strong>do</strong>enças<br />

nos animais entre eles os ovinos.


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Várias espécies <strong>de</strong> protozoários <strong>do</strong> gênero Eimeria têm si<strong>do</strong> diagnosticadas<br />

<strong>em</strong> exames <strong>de</strong> fezes <strong>de</strong> ovinos, nos quais provocam uma <strong>do</strong>ença chamada<br />

coccidiose.<br />

Esses parasitas são microscópicos e se localizam no tubo digestivo <strong>do</strong>s<br />

animais. Eles penetram nas células epiteliais <strong>do</strong> tubo digestivo on<strong>de</strong> se multiplicam,<br />

provocan<strong>do</strong> uma <strong>de</strong>struição das células parasitadas po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> resultar, <strong>em</strong><br />

conseqüência disso, diarréia h<strong>em</strong>orrágica, com a saída <strong>de</strong> oocistos, que são suas<br />

formas <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação, nas fezes <strong>do</strong>s animais. Essas formas <strong>de</strong> diss<strong>em</strong>inação da<br />

coccidiose são visíveis apenas ao microscópio. Os animais acometi<strong>do</strong>s pela<br />

coccidiose <strong>em</strong> alguns casos sofr<strong>em</strong> perda <strong>de</strong> peso, fraqueza e po<strong>de</strong>m chegar à<br />

morte.<br />

A <strong>do</strong>ença é mais freqüente nos animais jovens com até 8 s<strong>em</strong>anas <strong>de</strong> ida<strong>de</strong><br />

porém po<strong>de</strong> atingir também os animais mais velhos. Várias espécies <strong>de</strong> Eimeria já<br />

foram i<strong>de</strong>ntificadas parasitan<strong>do</strong> cor<strong>de</strong>iros cria<strong>do</strong>s a campo, porém, a enfermida<strong>de</strong><br />

adquire maior importância <strong>em</strong> animais confina<strong>do</strong>s.<br />

As infecções com pequeno número <strong>de</strong> oocistos induz<strong>em</strong> à imunida<strong>de</strong> s<strong>em</strong><br />

produzir <strong>do</strong>ença, ou seja, os animais consegu<strong>em</strong> adquirir uma relativa resistência a<br />

essa <strong>do</strong>ença. Parece que essa é a regra nas condições <strong>de</strong> criação extensiva, porém,<br />

<strong>em</strong> cor<strong>de</strong>iros confina<strong>do</strong>s, po<strong>de</strong>m ocorrer casos severos levan<strong>do</strong> os animais à morte.<br />

Os animais adquir<strong>em</strong> a infecção através da ingestão <strong>de</strong> oocistos esporula<strong>do</strong>s<br />

juntamente com os alimentos, portanto, as principais medidas para a prevenção da<br />

coccidiose são as <strong>de</strong> impedir que os animais comam alimentos contamina<strong>do</strong>s,<br />

colocan<strong>do</strong> os cochos <strong>de</strong> ração e bebe<strong>do</strong>uros <strong>em</strong> altura a<strong>de</strong>quada para evitar a<br />

contaminação <strong>do</strong> alimento com as fezes e manter os locais <strong>de</strong> confinamento limpos<br />

e secos pois a umida<strong>de</strong> favorece a esporulação <strong>do</strong>s oocistos.<br />

A coccidiose <strong>em</strong> ovinos é um assunto pouco estuda<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> compara<strong>do</strong><br />

com a mesma <strong>do</strong>ença <strong>em</strong> outras espécies como as aves comerciais. Na avicultura<br />

<strong>de</strong> corte, por ex<strong>em</strong>plo, as espécies <strong>de</strong> Eimeria que parasitam os frangos são <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> patogenicida<strong>de</strong> e o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> produção, com elevada <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> animal,<br />

favorece a sua ocorrência. A alternativa encontrada foi fazer a prevenção através da<br />

adição <strong>de</strong> medicamentos coccidiostáticos na ração, fornecida continuadamente às<br />

aves.<br />

Pesquisas com ovinos têm <strong>de</strong>monstra<strong>do</strong> que o tratamento contínuo <strong>do</strong>s<br />

animais com coccidiostáticos po<strong>de</strong>m proporcionar um ganho <strong>de</strong> peso superior aos


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não trata<strong>do</strong>s, porém, o assunto é carente <strong>de</strong> maiores informações a respeito <strong>do</strong>s<br />

possíveis e reais prejuízos causa<strong>do</strong>s pela coccidiose <strong>em</strong> cor<strong>de</strong>iros.<br />

A toxoplasmose também é uma <strong>do</strong>ença provocada por um protozoário<br />

chama<strong>do</strong> Toxoplasma gondii. Essa é uma das <strong>do</strong>enças que ating<strong>em</strong> uma enorme<br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> espécies animais, inclusive o hom<strong>em</strong>. Nos ovinos, entretanto, na<br />

maioria das vezes ela é assintomática, mas quan<strong>do</strong> atinge ovelhas gestantes, po<strong>de</strong><br />

provocar abortamento.<br />

Os gatos são os hospe<strong>de</strong>iros <strong>de</strong>finitivos <strong>do</strong> Toxoplasma e eliminam as formas<br />

infectantes <strong>do</strong> parasito, chamadas <strong>de</strong> oocistos, através das fezes. Os outros<br />

animais, entre eles os ovinos, se infectam, principalmente, ao ingerir alimento<br />

contamina<strong>do</strong> com fezes <strong>de</strong> gato porta<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Toxoplasma.<br />

Como medida preventiva, recomenda-se impedir que os gatos tenham acesso<br />

aos cochos e aos locais <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> rações, pois eles po<strong>de</strong>riam<br />

contaminar os alimentos com as suas fezes conten<strong>do</strong> oocistos.<br />

O último grupo <strong>de</strong> parasitos é o <strong>do</strong>s helmintos, vulgarmente <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

vermes. É o grupo <strong>de</strong> maior importância, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos prejuízos que provoca<br />

especialmente na ovinocultura.<br />

De uma maneira geral, os vermes po<strong>de</strong>m ser achata<strong>do</strong>s ("vermes chatos") ou<br />

cilíndricos ("vermes re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s").<br />

segmentada.<br />

Os vermes chatos po<strong>de</strong>m ser <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> folha ou <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> fita<br />

A Fasciola hepatica é um verme chato freqüente na Região Sul e <strong>em</strong> algumas<br />

áreas da Região Su<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> Brasil. No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo é muito freqüente na<br />

região <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Paraíba.<br />

Esse verme se localiza no fíga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s animais acometi<strong>do</strong>s e apresenta um<br />

ciclo biológico complexo, pois necessita <strong>de</strong> um caramujo para completar o seu<br />

<strong>de</strong>senvolvimento.<br />

Os animais adquir<strong>em</strong> a infecção ao ingerir<strong>em</strong> alimento ou água conten<strong>do</strong> as<br />

formas imaturas da Fasciola <strong>de</strong>nominadas metacercárias. Essas metacercárias uma<br />

vez ingeridas vão atingir o fíga<strong>do</strong> e canais biliares que são o habitat <strong>de</strong>sse verme.<br />

Durante o seu crescimento a Fasciola provoca intensa <strong>de</strong>struição <strong>do</strong> teci<strong>do</strong> hepático,<br />

provocan<strong>do</strong> h<strong>em</strong>orragias que resultam <strong>em</strong> an<strong>em</strong>ia, <strong>em</strong>agrecimento e mesmo a<br />

morte <strong>do</strong> animal parasita<strong>do</strong>.


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A <strong>do</strong>ença é comum nas áreas alagadiças e locais <strong>de</strong> plantação <strong>de</strong> arroz, on<strong>de</strong><br />

a presença <strong>do</strong> caramujo é comum.<br />

Nas regiões tradicionais <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> carneiro no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, na<br />

atualida<strong>de</strong>, ela não t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> assinalada, mas <strong>de</strong>ve se ter <strong>em</strong> mente que essa<br />

<strong>do</strong>ença po<strong>de</strong> estar se expandin<strong>do</strong> po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> vir a ocorrer no futuro.<br />

Exist<strong>em</strong> duas espécies <strong>de</strong> parasitos achata<strong>do</strong>s <strong>em</strong> forma <strong>de</strong> fita segmentada<br />

muito freqüentes <strong>em</strong> ruminantes chamadas Moniezia expansa e Moniezia bene<strong>de</strong>ni,<br />

que <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à s<strong>em</strong>elhança com a tênia humana ou solitária, são chamadas <strong>de</strong> tênias<br />

<strong>do</strong>s bovinos e ovinos.<br />

As moniezias se localizam no intestino <strong>de</strong>lga<strong>do</strong> e po<strong>de</strong>m atingir vários metros<br />

<strong>de</strong> comprimento. Elas se fixam na pare<strong>de</strong> <strong>do</strong> intestino através <strong>de</strong> 4 ventosas<br />

localizadas na sua cabeça, e eliminam continuamente os segmentos finais <strong>de</strong> seu<br />

corpo juntamente com as fezes.<br />

É muito comum, se observar pequenos esses pequenos filamentos<br />

amarela<strong>do</strong>s ou esbranquiça<strong>do</strong>s nas fezes <strong>do</strong>s carneiros, não haven<strong>do</strong> necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> outros exames para diagnosticar a <strong>do</strong>ença. Esses segmentos estão repletos <strong>de</strong><br />

ovos <strong>do</strong> verme que são mais ou menos triangulares. Esses ovos, porém, não são<br />

visíveis a olho nu, sen<strong>do</strong> somente observa<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> se utiliza um microscópio.<br />

Nas pastagens, esses ovos são espalha<strong>do</strong>s pela <strong>de</strong>sintegração <strong>de</strong>sses filamentos e<br />

são ingeri<strong>do</strong>s por pequenos ácaros que viv<strong>em</strong> livr<strong>em</strong>ente no solo. No interior <strong>do</strong><br />

corpo <strong>de</strong>sses ácaros esses ovos se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> <strong>em</strong> larvas infectantes para os<br />

ovinos.<br />

Os ovinos ao pastar<strong>em</strong>, inger<strong>em</strong> juntamente com o alimento, os ácaros<br />

conten<strong>do</strong> as formas larvárias da Moniezia. Os sucos digestivos <strong>do</strong> carneiro irão<br />

digerir os teci<strong>do</strong>s <strong>do</strong> ácaro e liberar a larva da Moniezia que irá se a<strong>de</strong>rir na mucosa<br />

<strong>do</strong> intestino <strong>de</strong>lga<strong>do</strong> on<strong>de</strong> irá crescer até se transformar <strong>em</strong> adulto. O corpo da<br />

Moniezia po<strong>de</strong> atingir vários metros <strong>de</strong> comprimento sen<strong>do</strong> constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>zenas<br />

<strong>de</strong> segmentos.<br />

A Moniezia não é h<strong>em</strong>atófaga. Não possuin<strong>do</strong> tubo digestivo, ela absorve os<br />

alimentos através <strong>de</strong> seu próprio tegumento. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a Moniezia provocar<br />

prejuízos à saú<strong>de</strong> <strong>do</strong>s ovinos é consi<strong>de</strong>rada pequena por muitos, porém, vale<br />

l<strong>em</strong>brar que elas compet<strong>em</strong> com os ovinos na absorção <strong>do</strong> alimento pré-digeri<strong>do</strong>,<br />

diminuin<strong>do</strong> portanto o aproveitamento <strong>do</strong> mesmo pelos animais.


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Da mesma forma que os ovinos po<strong>de</strong>m ser parasita<strong>do</strong>s pelas moniezias, os<br />

cães po<strong>de</strong>m ser parasita<strong>do</strong>s por outros vermes chatos que se localizam no seu<br />

intestino <strong>de</strong>lga<strong>do</strong>. O principal <strong>de</strong>les, <strong>em</strong> relação aos ovinos, é o Echinococcus<br />

granulosus, que é a menor "tênia" conhecida, pois o seu corpo é constituí<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

apenas 3 segmentos. Periodicamente, o cão elimina o último segmento repleto <strong>de</strong><br />

ovos <strong>do</strong> Echinococcus juntamente com as suas fezes que irão contaminar o solo, as<br />

pastagens e a água <strong>do</strong> meio ambiente.<br />

Os ovinos ao ingerir<strong>em</strong> capim contamina<strong>do</strong> com esses ovos <strong>do</strong> parasito irão<br />

funcionar como seu hospe<strong>de</strong>iro intermediário. O ovo após ser ingeri<strong>do</strong> irá liberar um<br />

<strong>em</strong>brião que irá atingir principalmente o fíga<strong>do</strong> e os pulmões <strong>do</strong>s carneiros. Nesses<br />

órgãos, irá se <strong>de</strong>senvolver gradativamente a larva <strong>do</strong> parasito que é chamada <strong>de</strong><br />

Cisto hidatico. Essa larva t<strong>em</strong> um aspecto <strong>de</strong> uma bexiga e po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> tamanhos<br />

varia<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>do</strong> tamanho <strong>de</strong> uma bola <strong>de</strong> sinuca ou mesmo maior.<br />

Com outras espécies <strong>de</strong> animais po<strong>de</strong> ocorrer o mesmo que ocorre com os<br />

ovinos, até mesmo com o hom<strong>em</strong>, porém, a <strong>do</strong>ença é mais comum nos ovinos.<br />

Essa <strong>do</strong>ença nos animais e no hom<strong>em</strong> é chamada <strong>de</strong> hidati<strong>do</strong>se e, nas<br />

regiões on<strong>de</strong> ocorre, é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância pelas perdas que provoca na criação<br />

<strong>de</strong> ovinos e <strong>em</strong> Saú<strong>de</strong> Pública, por atingir<strong>em</strong> também a espécie humana.<br />

Os cães se infectam quan<strong>do</strong> com<strong>em</strong> vísceras, principalmente o fíga<strong>do</strong> e<br />

pulmões conten<strong>do</strong> o Cisto hidatico.<br />

Como medidas indicadas para o controle da hidati<strong>do</strong>se, portanto, são<br />

recomenda<strong>do</strong>s o tratamento <strong>do</strong>s cães porta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> verme adulto ("tênia"<br />

Echinococcus) com vermífugo a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> para que eles não contamin<strong>em</strong> as<br />

pastagens diss<strong>em</strong>inan<strong>do</strong> a <strong>do</strong>ença, não fornecer vísceras cruas <strong>do</strong>s ovinos abati<strong>do</strong>s<br />

para os cães e não permitir que eles tenham acesso a carcaças <strong>de</strong> animais mortos.<br />

Os chama<strong>do</strong>s "vermes re<strong>do</strong>n<strong>do</strong>s", que na verda<strong>de</strong> são cilíndricos, são<br />

também conheci<strong>do</strong>s como n<strong>em</strong>atói<strong>de</strong>s.<br />

Das espécies <strong>de</strong> vermes que se localizam no pulmão e vias aéreas <strong>do</strong>s<br />

ovinos o Dictyocaulus filaria é o mais importante e comum. Esse verme <strong>de</strong>termina<br />

um quadro <strong>de</strong> bronquite parasitária com o animal acometi<strong>do</strong> apresentan<strong>do</strong> tosse e<br />

dificulda<strong>de</strong> respiratória. A verminose pulmonar é <strong>de</strong> ocorrência menos comum <strong>do</strong><br />

que a gastrintestinal não só nos ovinos como também nos bovinos.


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Os animais infecta<strong>do</strong>s eliminam larvas através das fezes que irão contaminar<br />

as pastagens. Após um curto perío<strong>do</strong> <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po, essas larvas se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> nas<br />

pastagens se tornan<strong>do</strong> infectantes para outros animais.<br />

Os animais contra<strong>em</strong> a verminose pulmonar através da ingestão <strong>de</strong> larvas<br />

infectantes juntamente com o alimento.<br />

Com relação à verminose gastrointestinal exist<strong>em</strong> vários gêneros <strong>de</strong> vermes<br />

que a provocam. Os mais comumente encontra<strong>do</strong>s no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo são o<br />

Ha<strong>em</strong>onchus, Trichostrongylus, Cooperia, Oesophagostomum e Strongyloi<strong>de</strong>s. Nos<br />

esta<strong>do</strong>s da Região Sul outros gêneros como Ostertagia e N<strong>em</strong>atodirus também<br />

ocorr<strong>em</strong>, sen<strong>do</strong> o primeiro extr<strong>em</strong>amente patogênico para os ovinos. Por enquanto a<br />

sua presença não t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> relatada no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo.<br />

Raramente a verminose gastrointestinal é provocada por apenas um tipo <strong>de</strong><br />

verme. Geralmente as infecções são mistas haven<strong>do</strong> uma somatória <strong>do</strong>s efeitos<br />

<strong>de</strong>letérios que eles provocam nos animais parasita<strong>do</strong>s.<br />

Esses vermes são responsáveis por eleva<strong>do</strong>s prejuízos econômicos por<br />

provocar<strong>em</strong> retar<strong>do</strong> <strong>do</strong> crescimento, diminuição da produção <strong>de</strong> carne ou lã e<br />

aumento da taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong>, além <strong>do</strong> gasto com vermífugos e mão <strong>de</strong> obra.<br />

Embora cada tipo <strong>de</strong> verme apresente peculiarida<strong>de</strong>s próprias, <strong>de</strong> uma<br />

maneira geral po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar o ciclo biológico <strong>de</strong> Ha<strong>em</strong>onchus, Cooperia,<br />

Trichostrongylus e Oesophagostomum como se segue:<br />

A vida <strong>de</strong> um n<strong>em</strong>ató<strong>de</strong>o típico se inicia com a cópula entre machos e fêmeas<br />

adultas que estão no seu habitat. Depois <strong>de</strong> fertilizadas, as fêmeas realizam a<br />

postura <strong>de</strong> ovos que irão para o meio exterior com as fezes <strong>do</strong> animal.<br />

Esses ovos só são visíveis quan<strong>do</strong> se usa um microscópio e quan<strong>do</strong><br />

elimina<strong>do</strong>s, apresentam várias células <strong>em</strong> seu interior, que <strong>em</strong> conjunto t<strong>em</strong> um<br />

aspecto <strong>de</strong> amora. Possu<strong>em</strong> também um câmara <strong>de</strong> ar que permite que eles flutuam<br />

quan<strong>do</strong> coloca<strong>do</strong>s <strong>em</strong> uma solução mais <strong>de</strong>nsa. Essa proprieda<strong>de</strong> permite a sua<br />

visualização <strong>em</strong> laboratório através <strong>de</strong> técnicas <strong>de</strong> flutuação.<br />

Esses ovos, encontran<strong>do</strong> condições propícias <strong>de</strong> umida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong>peratura,<br />

evolu<strong>em</strong> passan<strong>do</strong> a conter uma larva <strong>em</strong> seu interior (<strong>em</strong>brionamento). Quan<strong>do</strong><br />

completamente <strong>de</strong>senvolvida, essa larva eclo<strong>de</strong> e fica no meio ambiente se<br />

alimentan<strong>do</strong> <strong>de</strong> microorganismos e matéria orgânica presentes no solo e nas<br />

pastagens, cresce e evolui até atingir a forma infectante, chamada <strong>de</strong> L 3. Para<br />

prosseguir o seu <strong>de</strong>senvolvimento a L 3 necessita ser ingerida pelo animal. Essas<br />

larvas são bastante resistentes po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> permanecer por vários meses nas


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pastagens. Elas são bastante móveis e são governadas pelo estímulo da umida<strong>de</strong>.<br />

Nas horas mais frescas <strong>do</strong> dia, elas se locomov<strong>em</strong> pela película <strong>de</strong> orvalho que<br />

recobre as vegetações in<strong>do</strong> <strong>em</strong> direção das partes mais altas das vegetações. Nas<br />

horas mais quentes e ensolaradas elas se dirig<strong>em</strong> para as partes inferiores das<br />

plantas, chegan<strong>do</strong> a penetrar nas superfície <strong>do</strong> solo <strong>em</strong> busca <strong>de</strong> um ambiente mais<br />

propício para a sua sobrevivência.<br />

A umida<strong>de</strong> ótima para os ovos e larvas é <strong>de</strong> 80 a 100% e a t<strong>em</strong>peratura entre<br />

22 a 26 ºC. T<strong>em</strong>peraturas superiores a 30 ºC provocam um <strong>de</strong>senvolvimento mais<br />

rápi<strong>do</strong>, porém, as larvas se tornam hipercinéticas e consom<strong>em</strong> rapidamente suas<br />

reservas e morr<strong>em</strong> mais rapidamente. As larvas po<strong>de</strong>m sobreviver por longos<br />

perío<strong>do</strong>s no microclima existente nas partes baixas da vegetação, rente ao solo,<br />

on<strong>de</strong> o grau <strong>de</strong> umida<strong>de</strong> e t<strong>em</strong>peratura é mais ou menos constante, graças à<br />

proteção das camadas das folhas.<br />

O animal adquire a infecção ao ingerir a larva infectante juntamente com o<br />

pasto. Dentro <strong>do</strong> organismo <strong>do</strong> animal, a larva evolui e cresce até atingir o estágio<br />

adulto no local <strong>de</strong> sua preferência ao longo <strong>do</strong> tubo digestivo <strong>do</strong> animal.<br />

O Ha<strong>em</strong>onchus preferencialmente se localiza no abomaso, assim como o<br />

Trichostrongylus axei. Uma outra espécie <strong>de</strong> Trichostrongylus, o Trichostrongylus<br />

colubriformis e a Cooperia se localizam o intestino <strong>de</strong>lga<strong>do</strong> e o Oesophagostomum<br />

parasita o intestino grosso.<br />

Localiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> seu habitat, machos e fêmeas copulam e passam a produzir<br />

ovos que serão elimina<strong>do</strong>s através das fezes <strong>do</strong> animal, fechan<strong>do</strong> o chama<strong>do</strong> ciclo<br />

biológico.<br />

Deve-se observar que durante a vida <strong>de</strong>sses vermes, ocorr<strong>em</strong> duas fases<br />

distintas: uma se passa no interior <strong>do</strong> animal, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a ingestão da larva<br />

infectante até o verme adulto (fase parasitária) e a outra que se passa no meio<br />

ambiente, que vai <strong>do</strong> ovo até a forma infectante (fase <strong>de</strong> vida livre ou pré-<br />

parasitária).<br />

Esse reconhecimento é muito importante quan<strong>do</strong> se discute as medidas <strong>de</strong><br />

manejo zootécnico que po<strong>de</strong>m ser aplicadas para dificultar o contato entre os<br />

vermes e os animais.<br />

Geralmente as larvas segu<strong>em</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento padrão no interior <strong>do</strong><br />

organismo <strong>do</strong> animal <strong>de</strong> maneira que após 3 a 4 s<strong>em</strong>anas elas já se transformaram


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<strong>em</strong> adultas. Entretanto, sob certas condições, esse <strong>de</strong>senvolvimento po<strong>de</strong> se<br />

retardar por um t<strong>em</strong>po mais longo (até 4 meses) no interior da mucosa <strong>do</strong> tubo<br />

digestivo. As larvas retornam ao seu crescimento principalmente quan<strong>do</strong> a<br />

resistência <strong>do</strong> hospe<strong>de</strong>iro é quebrada ou diminuída. A partir <strong>do</strong> momento <strong>em</strong> que<br />

essas formas imaturas reassum<strong>em</strong> o seu <strong>de</strong>senvolvimento elas se tornam adultas<br />

rapidamente e passam a causar <strong>do</strong>ença nos hospe<strong>de</strong>iros.<br />

O Strongyloi<strong>de</strong>s é um verme que apresenta um ciclo <strong>de</strong> vida diferente <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>mais. Em sua forma adulta ele se localiza no intestino <strong>de</strong>lga<strong>do</strong> e as fêmeas põ<strong>em</strong><br />

ovos <strong>de</strong> casca fina que sa<strong>em</strong> com as fezes <strong>do</strong> animal conten<strong>do</strong> uma larva no seu<br />

interior. O <strong>de</strong>senvolvimento da fase não parasitária é s<strong>em</strong>elhante ao <strong>do</strong>s outros<br />

vermes acima cita<strong>do</strong>s, porém, as larvas infectantes penetram através da pele <strong>do</strong>s<br />

animais para infectá-los. Esse parasito também po<strong>de</strong> ser transmiti<strong>do</strong> da mãe para a<br />

sua cria através da placenta e <strong>do</strong> leite po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser encontra<strong>do</strong> <strong>em</strong> animais recém<br />

nasci<strong>do</strong>s.<br />

Diferent<strong>em</strong>ente <strong>do</strong> que ocorre com outras <strong>do</strong>enças, a verminose<br />

gastrointestinal se apresenta sob forma pouco aparente ou subclínica e crônica, <strong>de</strong><br />

maneira que apenas 5% <strong>do</strong>s casos se manifestam <strong>de</strong> maneira clara e visível.<br />

Agin<strong>do</strong> lentamente, os vermes mostram seus efeitos a longo prazo, passan<strong>do</strong><br />

muitas vezes <strong>de</strong>spercebi<strong>do</strong>s pelos cria<strong>do</strong>res.<br />

As mortes n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre se <strong>de</strong>v<strong>em</strong> diretamente aos efeitos <strong>do</strong>s vermes no<br />

metabolismo <strong>do</strong> animal, mas o enfraquecimento provoca<strong>do</strong> por eles torna o animal<br />

mais sensível a outras enfermida<strong>de</strong>s que, <strong>em</strong> condições normais, eles não seriam.<br />

Em outras palavras, a morte po<strong>de</strong> ser resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma outra <strong>do</strong>ença que se<br />

instalou <strong>em</strong> conseqüência da <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong> orgânica que o animal parasita<strong>do</strong><br />

apresenta.<br />

Novamente <strong>de</strong>ve-se enfatizar a importância <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento harmonioso<br />

<strong>do</strong> tripé <strong>de</strong> fatores da produção animal.<br />

Quan<strong>do</strong> há abundância <strong>de</strong> pastagens <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> a ação <strong>do</strong>s vermes<br />

po<strong>de</strong> ser pouco notada, mas quan<strong>do</strong> as pastagens são <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong>,<br />

superlotação e condições ambientais <strong>de</strong>ficientes, as verminoses causam estragos<br />

consi<strong>de</strong>ráveis.<br />

O Ha<strong>em</strong>onchus é consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> o verme <strong>de</strong> maior patogenicida<strong>de</strong> para os<br />

ovinos. É um verme que se alimenta <strong>de</strong> sangue <strong>do</strong> seu hospe<strong>de</strong>iro. Acredita-se que<br />

ele injete uma substância anticoagulante no ferimento que provoca na mucosa<br />

estomacal <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que a perda <strong>de</strong> sangue por parte <strong>do</strong> animal continue por mais 5


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ou 6 minutos após ele ter aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong> o local <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são. Estima-se que um ovino<br />

maciçamente infecta<strong>do</strong> por Ha<strong>em</strong>onchus po<strong>de</strong> per<strong>de</strong>r cerca <strong>de</strong> 140 ml <strong>de</strong> sangue<br />

por dia e que cada verme possas sugar 0.08 ml <strong>de</strong> sangue por dia.<br />

As espécies <strong>de</strong> Ostertagia também são h<strong>em</strong>atófagas, porém, as principais<br />

lesões são causadas pelas larvas infectantes que penetram na mucosa gástrica<br />

forman<strong>do</strong> nódulos esféricos, no interior <strong>do</strong>s quais se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong>. Esses parasitos<br />

lesam as glândulas gástricas fazen<strong>do</strong> com que <strong>de</strong>sapareçam as células produtoras<br />

<strong>de</strong> áci<strong>do</strong> clorídrico, o que eleva o pH normalmente <strong>de</strong> 2 a 3 para 7. Essa elevação<br />

<strong>do</strong> pH inibe a ação da pepsina e o pepsinogênio, interrompe a digestão péptica e<br />

leva ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> bactérias anaeróbias <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong> o aparecimento<br />

<strong>de</strong> diarréias.<br />

O Trichostrongylus e a Cooperia não são h<strong>em</strong>atófagos. Eles se nutr<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

alimento pré-digeri<strong>do</strong> e <strong>de</strong> células superficiais da mucosa <strong>do</strong> tubo digestivo,<br />

provocan<strong>do</strong> reações inflamatórias, erosão e hiperplasia <strong>do</strong> epitélio, e aumentam a<br />

secreção <strong>de</strong> muco tornan<strong>do</strong> a digestão <strong>de</strong>ficiente.<br />

Essas espécies e também o Strongyloi<strong>de</strong>s provocam lesões menos graves,<br />

porém <strong>de</strong>terminam inflamação catarral, espessamento <strong>do</strong> epitélio e erosão na<br />

mucosa <strong>do</strong> tubo digestivo.<br />

O Oesophagostomum <strong>em</strong>bora se localize no intestino grosso <strong>em</strong> sua forma<br />

adulta, logo que suas larvas sa<strong>em</strong> <strong>do</strong> abomaso, po<strong>de</strong>m penetrar na mucosa <strong>do</strong><br />

intestino <strong>de</strong>lga<strong>do</strong> forman<strong>do</strong> nódulos na sua pare<strong>de</strong>. Esses nódulos ten<strong>de</strong>m a se<br />

calcificar, interferin<strong>do</strong> na mecanicida<strong>de</strong> e no bom funcionamento <strong>do</strong> intestino<br />

prejudican<strong>do</strong> o peristaltismo e a absorção intestinal.<br />

Vários são os fatores que interfer<strong>em</strong> na ocorrência das verminoses. Os<br />

cor<strong>de</strong>iros passam a sofrer infecções significativas a partir <strong>de</strong> 1 mês e meio <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>,<br />

sen<strong>do</strong> mais sensíveis que os animais mais velhos.<br />

O esta<strong>do</strong> fisiológico <strong>do</strong>s animais também influ<strong>em</strong> bastante. Está comprova<strong>do</strong><br />

que no perío<strong>do</strong> periparto e durante a lactação as ovelhas sofr<strong>em</strong> infecções mais<br />

pesadas que após o <strong>de</strong>smame.<br />

Em estu<strong>do</strong>s comparativos, animais das raças Romney-Marsh foram mais<br />

resistentes que animais das raças Merino Australiano, I<strong>de</strong>al e Corriedale e animais<br />

da raça Crioula lanada foram mais resistentes que os da raça Corriedale.<br />

Além da diferença entre animais <strong>de</strong> raças diferentes exist<strong>em</strong> diferenças <strong>de</strong><br />

sensibilida<strong>de</strong> entre animais <strong>de</strong> uma mesma raça. (resistência individual), existin<strong>do</strong>


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uma correlação positiva entre resistência e produtivida<strong>de</strong>, haven<strong>do</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> rebanhos mais resistentes à verminose através <strong>de</strong> seleção genética<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cada raça.<br />

Uma medida <strong>de</strong> caráter prático para i<strong>de</strong>ntificar os animais mais sensíveis é<br />

observar aqueles que apresentam sintomatologia clínica, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong> na medida <strong>do</strong><br />

possível, ser<strong>em</strong> elimina<strong>do</strong>s <strong>do</strong> rebanho, pois se calcula que cerca <strong>de</strong> 10% <strong>do</strong>s<br />

animais <strong>de</strong> um rebanho albergu<strong>em</strong> a meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s vermes existentes enquanto a<br />

outra meta<strong>de</strong> estaria distribuída entre os outros animais (90%).<br />

As lotações altas facilitam a transmissão das verminoses e baixas<br />

<strong>de</strong>sfavorec<strong>em</strong>.<br />

O diagnóstico da verminose ovina po<strong>de</strong> ser estabeleci<strong>do</strong> com base na<br />

sintomatologia apresentada pelos animais como <strong>em</strong>agrecimento, an<strong>em</strong>ia, e<strong>de</strong>ma<br />

submandibular, caquexia e diarréia. Melhor ainda é compl<strong>em</strong>entar o diagnóstico<br />

clínico com exame parasitológico <strong>de</strong> fezes, cultura <strong>de</strong> larvas e necropsia <strong>de</strong> alguns<br />

animais <strong>do</strong>entes.<br />

Para a colheita das fezes para exame laboratorial, <strong>de</strong>ve-se colhê-las<br />

diretamente <strong>do</strong> reto <strong>do</strong> animal. Para tanto é bastante prático a utilização <strong>de</strong> luvas <strong>de</strong><br />

plástico <strong>de</strong>scartáveis. Em animais <strong>de</strong> pequeno porte introduz-se apenas um <strong>de</strong><strong>do</strong>,<br />

<strong>em</strong> animais maiores po<strong>de</strong>-se introduzir <strong>do</strong>is <strong>de</strong><strong>do</strong>s, fazen<strong>do</strong>-se uma massag<strong>em</strong> na<br />

mucosa retal. Após ter obti<strong>do</strong> o material, <strong>de</strong>scalçar a luva, inverten<strong>do</strong>-a, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se<br />

dar um nó na luva para melhor conter as fezes colhidas. O envio para o laboratório<br />

<strong>de</strong>ve ser o mais rápi<strong>do</strong> possível e as amostras <strong>de</strong> fezes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser,<br />

preferencialmente, acondicionadas <strong>em</strong> caixas isotérmicas com gelo.<br />

É importante que se analise uma amostra representativa <strong>do</strong> rebanho para o<br />

diagnóstico da verminose. Recomenda-se que se colha material <strong>de</strong> 10% <strong>de</strong> cada<br />

categoria animal, e que sejam colhidas amostras tanto <strong>de</strong> animais aparent<strong>em</strong>ente<br />

saudáveis como <strong>do</strong>s que estão apresentan<strong>do</strong> algum sinal indicativo <strong>de</strong> verminose.<br />

Com relação ao tratamento e controle das verminoses gastrintestinais <strong>de</strong>ve-<br />

se ter <strong>em</strong> mente que 95% das verminoses são subclínicas ou seja não apresentam<br />

sintomas evi<strong>de</strong>ntes, ressaltan<strong>do</strong>-se a importância da realização <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> fezes<br />

<strong>do</strong>s animais.<br />

O controle t<strong>em</strong> si<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> na aplicação <strong>de</strong> drogas antihelmínticas existin<strong>do</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> a aplicação <strong>de</strong> medicamentos têm si<strong>do</strong> feita a cada 15 dias.


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Entretanto, esse uso exclusivo e intenso, t<strong>em</strong> leva<strong>do</strong> ao aparecimento <strong>de</strong><br />

populações <strong>de</strong> vermes resistentes a essas drogas, como se verá adiante.<br />

Calcula-se que, <strong>em</strong> <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> ciclo <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s vermes gastrintestinais,<br />

apenas cerca <strong>de</strong> 5% da sua população esteja na fase parasitária, passível <strong>de</strong> sofrer<br />

a ação <strong>do</strong> medicamento enquanto 95% esteja <strong>em</strong> fase <strong>de</strong> vida livre na forma <strong>de</strong><br />

ovos e larvas nas pastagens.<br />

Muitos são os fatores que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s no controle <strong>do</strong>s vermes<br />

como as fases <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> animal que eles são mais ataca<strong>do</strong>s, as espécies <strong>de</strong><br />

vermes pre<strong>do</strong>minantes no rebanho, o tipo <strong>de</strong> vermífugo a ser usa<strong>do</strong>, as condições<br />

climáticas, as condições das pastagens, etc.<br />

A resistência <strong>do</strong>s vermes a uma droga po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como um aumento<br />

na habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma estirpe <strong>de</strong> parasito para tolerar <strong>do</strong>ses <strong>de</strong> uma droga que são<br />

letais para a maioria <strong>do</strong>s indivíduos <strong>de</strong> uma população da mesma espécie (<strong>do</strong>se<br />

terapêutica). O seu aparecimento <strong>em</strong> um rebanho ocorre <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à seleção <strong>de</strong> alelos<br />

<strong>de</strong> genes cuja expressão está envolvida nos mecanismos <strong>de</strong> ação da droga anti-<br />

helmíntica. Essa habilida<strong>de</strong> é hereditária sen<strong>do</strong> transferida aos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. O uso<br />

indiscrimina<strong>do</strong>, intenso e freqüente <strong>de</strong> vermífugos exerce uma pressão <strong>de</strong> seleção<br />

muito gran<strong>de</strong> resultan<strong>do</strong> no aparecimento <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> vermes resistentes a<br />

um ou vários grupos químicos <strong>de</strong> vermífugos. Atualmente, o fenômeno da<br />

resistência <strong>do</strong>s vermes <strong>de</strong> ovinos aos anti-helmínticos é um <strong>do</strong>s principais probl<strong>em</strong>as<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento da ovinocultura no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo e no Brasil, pois se<br />

po<strong>de</strong> chegar a uma situação on<strong>de</strong> nenhuma base farmacológica disponível seja<br />

eficiente.<br />

A utilização <strong>de</strong> medicamentos <strong>de</strong>ve ser <strong>em</strong>pregada <strong>em</strong> esqu<strong>em</strong>as <strong>de</strong> manejo<br />

que vis<strong>em</strong> diminuir o número <strong>de</strong> aplicações minimizan<strong>do</strong> a pressão <strong>de</strong> seleção<br />

exercida e manten<strong>do</strong> a produtivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> rebanho.<br />

2. Controle<br />

O controle da verminose gastrointestinal <strong>do</strong>s ovinos é um assunto complexo e<br />

carente <strong>de</strong> informações <strong>de</strong> pesquisa, e para o estabelecimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong><br />

controle, é recomendável que o ovinocultor procure assistência técnica especializada<br />

a fim <strong>de</strong> que as medidas gerais possam ser a<strong>de</strong>quadas e aplicáveis a cada situação<br />

específica. Entretanto, uma série <strong>de</strong> recomendações po<strong>de</strong>m ser relacionadas com o


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intuito <strong>de</strong> diminuir o aparecimento e a diss<strong>em</strong>inação <strong>de</strong> populações <strong>de</strong> vermes<br />

resistentes.<br />

1. Não se <strong>de</strong>ve confiar apenas no vermífugo, <strong>de</strong>ven<strong>do</strong>-se buscar medidas<br />

auxiliares <strong>de</strong> controle relacionadas com a <strong>de</strong>scontaminação das pastagens.<br />

2. Administrar a <strong>do</strong>se correta <strong>de</strong> vermífugo quan<strong>do</strong> for tratar os animais, pois<br />

as sub-<strong>do</strong>sagens po<strong>de</strong>m acelerar o aparecimento <strong>de</strong> populações resistentes.<br />

3. Utilizar os grupos <strong>de</strong> vermífugos <strong>de</strong> amplo espectro <strong>em</strong> rodízio lento ou<br />

anual com a utilização <strong>de</strong> uma ou duas aplicações <strong>de</strong> um vermífugo com ação contra<br />

Ha<strong>em</strong>onchus, <strong>em</strong> áreas on<strong>de</strong> ele for probl<strong>em</strong>a, com o objetivo <strong>de</strong> retardar o<br />

aparecimento da resistência.<br />

4. Não introduzir parasitas resistentes junto com animais <strong>de</strong> compra, tratan<strong>do</strong>-<br />

os previamente e manten<strong>do</strong>-os confina<strong>do</strong>s no mínimo por 24 horas antes <strong>de</strong> ser<strong>em</strong><br />

incorpora<strong>do</strong>s ao rebanho.<br />

5. Utilizar apenas drogas com eficácia anti-helmíntica igual ou acima <strong>de</strong> 90%<br />

para o rebanho.<br />

6. A<strong>do</strong>tar práticas combinadas que permitam a utilização <strong>de</strong> áreas <strong>de</strong><br />

pastagens livres ou com baixos índices <strong>de</strong> contaminação por larvas ou que vis<strong>em</strong> a<br />

<strong>de</strong>scontaminação das pastagens, como a utilização <strong>de</strong> pastagens recém-<br />

implantadas, áreas utilizadas com outras culturas agrícolas, pastejo rotaciona<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ovinos com outras espécies animais como bovinos e eqüinos, pastejo <strong>do</strong>s jovens na<br />

frente <strong>do</strong>s adultos, etc.<br />

7. Desmame precoce e terminação <strong>de</strong> cor<strong>de</strong>iros <strong>em</strong> confinamento.<br />

8. Seleção <strong>de</strong> animais geneticamente resistentes aos vermes.<br />

Essas recomendações são <strong>de</strong> caráter geral e não são aplicáveis a todas as<br />

proprieda<strong>de</strong>s na sua totalida<strong>de</strong>, entretanto, julga-se que possam contribuir para uma<br />

melhor eficiência <strong>do</strong>s programas <strong>de</strong> controle da verminose ovina, programas esses<br />

que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser avalia<strong>do</strong>s periodicamente através da realização <strong>de</strong> exames <strong>de</strong> fezes<br />

<strong>do</strong>s animais.


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XII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CARVALHO, E.B., OLIVEIRA, M.A.G., DOMINGUES, P.F. Base para criação <strong>de</strong><br />

ovinos no esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. São Manuel: ASPACO, 2001, 81p.<br />

CUNHA, E.A. et al. Produção intensiva <strong>de</strong> ovinos. Nova O<strong>de</strong>ssa: IZ, 1999. (<strong>Apostila</strong>)<br />

NUNEZ, C.M. Profilaxia das enfermida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ovinos cria<strong>do</strong>s <strong>em</strong> pastejo intensivo e<br />

confinamento. In: SIMPÓSIO PAULISTA DE OVINOCULTURA E ENCONTRO<br />

INTERNACIONAL DE OVINOCULTURA, 5. Botucatu:UNESP, Campinas: SAA/CATI,<br />

Nova O<strong>de</strong>ssa: IZ, São Manuel: ASPACO, 1999. p.11-20<br />

SOBRINHO, A.G.S. Tópicos <strong>em</strong> ovinocultura. Jaboticabal: FCAV/UNESP, 1993.<br />

179p (<strong>Apostila</strong>)<br />

VALVERDE, C. 250 maneiras <strong>de</strong> preparar rações balanceadas para ovinos. Viçosa:<br />

Ed. Aprenda Fácil, 2000. 180p


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Merino<br />

Romney Marsh<br />

Polled Dorset<br />

Morada Nova<br />

RAÇAS DE OVINOS<br />

I<strong>de</strong>al<br />

Ile-<strong>de</strong>-France<br />

Texel<br />

Santa Inês<br />

Corriedale<br />

Hampshire Down<br />

Sulfolk<br />

Dorper


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