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Prosa 1 - Academia Brasileira de Letras

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Variações sobre a<br />

humilda<strong>de</strong><br />

Miguel Reale<br />

Ahumilda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre as virtu<strong>de</strong>s que ornam a conduta humana,<br />

é uma das mais ricas <strong>de</strong> significado. Nossos dicionaristas que<br />

melhor a interpretam são Caldas Aulete e Antônio Houaiss. O primeiro<br />

apresenta-a como “a virtu<strong>de</strong> com que manifestamos o sentimento<br />

<strong>de</strong> nossa fraqueza ou do nosso pouco ou nenhum mérito”,<br />

enquanto que o segundo a consi<strong>de</strong>ra a “virtu<strong>de</strong> caracterizada pela<br />

consciência das próprias limitações”, ou “um sentimento <strong>de</strong> fraqueza,<br />

<strong>de</strong> inferiorida<strong>de</strong>, com relação a alguém ou algo”.<br />

Trata-se, pois, <strong>de</strong> modéstia no trato social, caracterizando-se por<br />

ser infensa ao orgulho e à ostentação. Por outro lado, lembram os<br />

mestres da língua que ela assinala também o respeito a alguém ou<br />

algo tido como superior, sendo, assim, uma forma <strong>de</strong> submissão.<br />

Nessa or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> idéias, costuma-se afirmar que o sábio, <strong>de</strong> maneira<br />

geral, é humil<strong>de</strong>, reconhecendo a finitu<strong>de</strong> ou até mesmo a precarieda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> seus conhecimentos. Nem sempre, porém, a sabedoria implica<br />

modéstia, havendo casos em que a posse da verda<strong>de</strong>, nas múlti-<br />

15<br />

Artigo publicado<br />

n’O Estado <strong>de</strong> S. Paulo,<br />

7 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2003.<br />

Miguel Reale é<br />

jurista, professor,<br />

ensaísta. Sua<br />

bibliografia<br />

fundamental abrange<br />

obras <strong>de</strong> Filosofia,<br />

Teoria Geral do<br />

Direito, Teoria<br />

Geral do Estado e<br />

estudos <strong>de</strong> Direito<br />

Público e Privado. É<br />

o fundador da Revista<br />

<strong>Brasileira</strong> <strong>de</strong> Filosofia<br />

(1951) e presi<strong>de</strong>nte<br />

do Instituto<br />

Brasileiro <strong>de</strong><br />

Filosofia.

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