MANACORDA, Mario Alighiero. A educação no Oitocentos. In
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<strong>MANACORDA</strong>, <strong>Mario</strong> <strong>Alighiero</strong>. A <strong>educação</strong> <strong>no</strong> <strong>Oitocentos</strong>. <strong>In</strong> História da Educação – Da antiguidade aos<br />
<strong>no</strong>ssos dias.7ª ed. Rio de Janeiro: Cortez, 1999. pp. 269 – 310.<br />
tempos de Maria Tereza 6 da Áustria, que já as criara. Este seguimento de ensi<strong>no</strong> foi dividido em dois graus:<br />
escolas e institutos. O ensi<strong>no</strong> técnico superior exigia grandes despesas e as dificuldades eram muitas. O<br />
Rei<strong>no</strong> não assumiu essa tarefa. As iniciativas foram de particulares e poucas.<br />
A instrução primária gratuita organizada por consórcio de municípios, com classes com não<br />
mais de 70 alu<strong>no</strong>s, e ainda seperando masculi<strong>no</strong> de femini<strong>no</strong>. Embora se promovesse a mitigação das<br />
punições, os alu<strong>no</strong>s permaneciam passiveis a ações e sansões dos professores. O documento “A <strong>In</strong>strução<br />
aos professores das escolas elementares”, de 16 de março de 1857 determi<strong>no</strong>u o banimento das punições<br />
corporais e repressões que aviltassem a dignidade pessoal. (p.292).<br />
2 As resistências da Igreja Católica. A polêmica católica mantenha-se sobre a escola e a imprensa. O papa<br />
Gregório XVI (1831 – 1846) em sua encíclica de 1846 condenava as Sociedades Bíblicas por promoveram<br />
a distribuição de versões da Sagrada Escritura em língua vulgar e da leitura sem guia. Pio IX (1846 – 1878)<br />
<strong>no</strong> documento “Qui Puribus”, de 1846, confirmou a condenação do que de<strong>no</strong>mi<strong>no</strong>u de volumes<br />
fraudulentos que ensinavam a pecar medida em que promovia-se “[...]desenfreada liberdade de pensar, de<br />
falar, de escrever […] (<strong>MANACORDA</strong>, 1999, p. 292). Esse papa acrescenta a crítica ao comunismo.<br />
Após a revolução de 1848, Pio IX reforçou suas condenações às Sociedades Bíblicas, ao<br />
socialismo, comunismo, e condenação da liberdade de imprensa. Estabeleceu como atividade importante<br />
dos padres vigiar as escolas públicas e privadas. Essas ações e princípios foram reunidas <strong>no</strong> sylabo, na<br />
encíclica “Quanto Cura”, de 8 de dezembro de 1864. o documento condenava as correntes modernas do<br />
pensamento (quem eram elas?: comunismo, socialismo, sociedades secretas, anarquistas,sociedades<br />
bíblicas, sociedades clérigo liberais, o liberalismo.<br />
Neumann procurou minimizar as repercussões desses posicionamentos prescrutando futuras<br />
posições da Igreja: as condenações são de assuntos específicos à sociedade civil; condenação do sistema<br />
moder<strong>no</strong> de <strong>educação</strong> (p. 293). O sistema de escolas públicas de qualquer estado cristão pode e deve ser<br />
entregue, confiado à autoridade civil. As escolas das crianças do povo de qualquer classe devem estar ao<br />
“[...] arbítrio da autoridade civil e política […]”. (p. 293). Os católicos são liberados para escolherem<br />
sistemas que não fossem da Igreja e que tivessem por objeto a ciência das coisas naturais e sociais (p.294).<br />
Leão XIII (1878 – 1903) promoveu uma aproximação ao Estado burguês que se consolidaria na<br />
Concordat de de 1929. Sua encíclica “Rerum Novarum” (1893), demonstra avanço <strong>no</strong> posicionamento<br />
oficial da Igreja quanto à questão social, embora na questão da instrução mantenha-se <strong>no</strong>s posicionamentos<br />
de seus anteriores. Em “Quadi Apostolici Muneris”, de 1878, apontou: o perigo da agitada plebe contra as<br />
propriedades e fortunas, e sustentou o direito de propriedade, admoestava o direito e dever dos pais, filhos,<br />
patrões e servos (naturaliza a servidão). Argumenta Leão XIII que era preciso conter as “turbulentas<br />
paixões” dos socialistas e de todos que tentassem subvertem a ordem.<br />
Em “Libertas”, de 1888 assume-se repressão contra a imprensa e escola do Estado alegando que<br />
não era lúcido e lícito conceder liberdade ilimitada de pensamento, imprensa, ensi<strong>no</strong> e cultos. Assume que<br />
a tolerância só deve ser permitida em situações extraordinárias até que a situação melhore. A Igreja ainda<br />
entendia que a instrução e <strong>educação</strong> da juventude era sua tarefa.<br />
A “Rerum Novarum” (1893) assumia princípios da sociedade/mundo moder<strong>no</strong> aproximando-se<br />
das correntes liberais para limitar o avanço dos socialistas. A obra educativa de Dom Bosco adquiriu força<br />
6 MARIA TEREZA imperatriz da Áustria quando da criação da Comissão da Corte para os Estado em 1760 para cuidar da<br />
instrução sublinhou que a instrução é sempre um ato político. Sua posição define bem uma conquista fundamental da consciência<br />
dos tempos moder<strong>no</strong>s: “A <strong>educação</strong> agora é assunto estatal, é coisa do Estado”, conforme expressou Manacorda (1999, p. 247).<br />
IGNAZ VON FELBILGER (1724 – 1788) recebeu de Maria incumbência de um projeto de reforma aprovado em 1774 em cuja<br />
introdução se identifica o foco: “A juventude de ambos os sexos é a base principal para o bem estar do povo.” (citado por<br />
Manacorda, 1999, p. 348). O projeto organizou a instrução da seguinte forma: a) Escola popular (06 -10/12 a<strong>no</strong>s); b) Escolas<br />
principais (formação profissional). Umas delas era a Escola <strong>no</strong>rmal; c) Os Ginásios que ensinavam latim e preparavam pata a<br />
Universidade. Existia o dispositivo de passagem da escolas de profissionalização para os Ginásios; d) Universidades; e) escolas<br />
especiais de vários tipos (diversas atividades produtivas). Assim, José II, filho de Maria Tereza expressou a compreensão de seu<br />
tempo: “O principal dever de cada cidadão é tornar-se apto a servir ao Estado. Conhecimentos, saber e bons costumes são os<br />
meios melhores e mais seguros para atingir o bem estar exter<strong>no</strong> e inter<strong>no</strong>.” (citado por <strong>MANACORDA</strong>, 1999, p. 248). A reforma<br />
austríaca orientou outros reformas na Europa.