18.04.2013 Views

Apostila de Literatura 3º M,N

Apostila de Literatura 3º M,N

Apostila de Literatura 3º M,N

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Mudam-se os tempos, mudam-se as vonta<strong>de</strong>s,<br />

Muda-se o ser, muda-se a confiança;<br />

Todo o mundo é composto <strong>de</strong> mudança,<br />

Tomando sempre novas qualida<strong>de</strong>s.<br />

Continuamente vemos novida<strong>de</strong>s,<br />

Diferentes em tudo da esperança;<br />

Do mal ficam as mágoas na lembrança,<br />

E do bem, se algum houve, as sauda<strong>de</strong>s.<br />

O tempo cobre o chão <strong>de</strong> ver<strong>de</strong> manto,<br />

Que já coberto foi <strong>de</strong> neve fria,<br />

E em mim converte em choro o doce canto.<br />

E, afora este mudar-se cada dia,<br />

Outra mudança faz <strong>de</strong> mor espanto:<br />

Que não se muda já como soía.<br />

Os bons vi sempre passar<br />

No mundo graves tormentos;<br />

E para mais me espantar,<br />

Os maus vi sempre nadar<br />

Em mar <strong>de</strong> contentamentos.<br />

Cuidando alcançar assim<br />

O bem tão mal or<strong>de</strong>nado,<br />

Fui mau, mas fui castigado:<br />

Assim que só para mim<br />

Anda o mundo concertado.<br />

CAMÕES – ÉPICO<br />

Episódio: Inês <strong>de</strong> Castro<br />

Tu, só tu puro Amor, com força crua,<br />

Que os corações humanos tanto obriga<br />

Deste causa à molesta morte sua,<br />

Como se fora pérfida inimiga.<br />

Se dizem, fero Amor, que a se<strong>de</strong> tua<br />

Nem com lágrimas tristes se mitiga,<br />

É porque queres, áspero e tirano<br />

Tuas aras banhar em sangue humano.<br />

Episódio: Gigante Adamastor<br />

Porém já cinco Sóis eram passados<br />

Que dali nos partíramos, cortando<br />

Os mares nunca doutrem navegados,<br />

Prósperamente os ventos assoprando,<br />

Quando uma noite estando <strong>de</strong>scuidados,<br />

Na cortadora proa vigiando,<br />

Uma nuvem que os ares escurece<br />

Sobre nossas cabeças aparece.<br />

"Tão temerosa vinha e carregada,<br />

Que pôs nos corações um gran<strong>de</strong> medo;<br />

Bramindo o negro mar, <strong>de</strong> longe brada<br />

Como se <strong>de</strong>sse em vão nalgum rochedo.<br />

— "Ó Potesta<strong>de</strong>, disse, sublimada!<br />

Que ameaço divino, ou que segredo<br />

Este clima e este mar nos apresenta,<br />

Que mor cousa parece que tormenta?" —<br />

"Não acabava, quando uma figura<br />

Se nos mostra no ar, robusta e válida,<br />

De disforme e grandíssima estatura,<br />

O rosto carregado, a barba esquálida,<br />

Os olhos encovados, e a postura<br />

Medonha e má, e a cor terrena e pálida,<br />

Cheios <strong>de</strong> terra e crespos os cabelos,<br />

A boca negra, os <strong>de</strong>ntes amarelos.<br />

Episódio: Velho do Restelo<br />

Mas um velho d'aspeito venerando,<br />

Que ficava nas praias, entre a gente,<br />

Postos em nós os olhos, meneando<br />

Três vezes a cabeça, <strong>de</strong>scontente,<br />

A voz pesada um pouco alevantando,<br />

Que nós no mar ouvimos claramente,<br />

C'um saber só <strong>de</strong> experiências feito,<br />

Tais palavras tirou do experto peito:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!