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Composições Líricas<br />

Mágicas e Religiosas: Orações


Ao deitar<br />

Nesta cama me deito<br />

P’ra dormir e descansar,<br />

Se a morte vier e não lhe possa falar,<br />

Encosto-me aos cravos,<br />

Abraço-me à cruz,<br />

Entrego a minha alma<br />

Ao Menino Jesus.<br />

Nesta cama me deito,<br />

Pois a cama é o leito,<br />

O lençol é a mortalha,<br />

A terra é o cobertor,<br />

Venha p’r’aqui o Jesus Cristo<br />

Será o meu confessor.<br />

Confessai-me e perdoai-me,<br />

Deitai-me a Vossa bênção,<br />

Nesta vida dai-me a graça<br />

E na outra a salvação.<br />

Com Deus me deito,<br />

Com Deus me levanto,<br />

Com a graça de Deus<br />

E a do Espírito Santo,<br />

Qu’Ele me cubra com seu manto.<br />

Se eu bem coberta for<br />

Nem tiver medo, nem temor,<br />

Nem coisa que mal for,<br />

Em louvor de Deus e da Virgem Maria<br />

Um Pai-Nosso com uma Ave-Maria.<br />

Maria Gregório, 78 anos, Monsalvarga


Ao levantar<br />

Nesta cama me deitei<br />

P’ra dormir e descansar,<br />

Se a morte vier<br />

Que me deixe falar<br />

Encosto-me aos cravos,<br />

Abraço-me à cruz,<br />

Entrego a minha alma<br />

Ao Menino Jesus.<br />

Deus vivo seja comigo,<br />

Deus crucificado connosco seja deitado,<br />

Deus morto na minha casa seja exposto.<br />

Se Ele na cruz morreu,<br />

Vivo responda por mim,<br />

Que desça do céu à terra,<br />

Que se deite ao par de mim<br />

P’ra que os maus inimigos<br />

Não se possam vingar de mim.<br />

Bendito e louvado sejais, meu Deus,<br />

E ao fundo onde nasceu e à hóstia consagrada<br />

E à cruz onde Ele morreu.<br />

P’ra sempre e Ámen Jesus.<br />

Estrela, estreleosa,<br />

Mas prefeita se diz qu’a rosa,<br />

Cando Deus queria nascer<br />

Emília Medeiros, 83 anos, Monsalvarga<br />

Idalina, 80 anos, Monsalvarga


E à Terra parecer<br />

No seu anjo Gabriel algum dia.<br />

Pastorzinhos, visteis por aqui andar a Virgem?<br />

Sim senhor, vimos andar<br />

Ao longuinho daquele mar<br />

Com seu livrinho na mão.<br />

Oração p’ra eu rezar,<br />

Salva a mim, salva a ti,<br />

Salva quantos aqui estão,<br />

Só àquele Mouro perro não.<br />

Pergunta-lhe se é cristão?<br />

Se ele disser que não,<br />

Puxa por o teu cutelo,<br />

Mete-lo no coração.<br />

Ó cutelo tão estimado<br />

Das relíquias do perdão,<br />

A cavalo e em carreira<br />

Que é dia de Assunção.<br />

Ó Anjo da minha guarda,<br />

Semelhança do Senhor,<br />

Que desceu do céu à terra<br />

P’ra Anjo meu guardador,<br />

Peço-vos, ó Anjo bendito,<br />

Com seu Divino poder<br />

Com os laços do demónio,<br />

Me queirais vós defender.<br />

Corpo e alma eu vos entrego<br />

Ao Rei Divino da verdade,<br />

Na hora da minha morte<br />

De mim tenhais piedade.<br />

Idalina, 80 anos, Monsalvarga


As Trovoadas<br />

Santa Bárbara ora Virgem,<br />

Senhora das perfeições,<br />

Pedide a Deus Nosso Senhor<br />

Que nos livre do raio dos trovões.<br />

Para afastar os trovões.<br />

Maria Gregório, 78 anos, Monsalvarga<br />

Emília Medeiros, 83 anos, Monsalvarga<br />

A gente punha o alecrim e os ramos de oliveira, benzidos na Páscoa a arder num caco,<br />

ali na varanda ou num lugar onde visse que não dava prejuízo. Era alecrim e o ramo de<br />

oliveira.<br />

Senhora Dina intervém – A gente dizia assim, às vezes:<br />

Arruma, arruma, trovão,<br />

Por onde não haja vinho, nem pão,<br />

Nem boi, nem vaca, nem bafo de cristão.<br />

Mas agora já diz-se, já se não pode assim dizer, não. Porque agora já existe. Ouço<br />

dizer que já existe lá pessoas.<br />

Santa Bárbara bendita,<br />

Pelo céu que estás escrita<br />

Entre o papel e a água benta,<br />

Livrai-nos deste tormento,<br />

Santa Bárbara bendita.<br />

Idalina, 80 anos, Monsalvarga


Santíssima Trindade<br />

Maria Gregório, 78 anos, Monsalvarga<br />

Ao meio-dia não se tocava em Monsalvarga. Tocava-se ao meio-dia quando era Sexta<br />

e Quinta-feira Santa. Mas tocávamos à noite e quem ia tocar era eu. Às vezes, aqueles<br />

homens, quando vinham do monte, encontravam-me e diziam-me:<br />

- Ó senhora Maria, ó senhora Ferreira.<br />

E eu lá dizia:<br />

- Ó senhor fulano… – lá dizia o nome deles.<br />

- Assim que a senhora sair daqui ou morrer, ninguém toca as Santíssimas Trindades.<br />

E fui tocar muitas vezes às Santíssimas Trindades e vinha p’ra cá estavam um rebanho<br />

de homens na rua e diziam assim:<br />

E eles diziam:<br />

- Senhora Ferreira, já que tocou, agora reze p’ra nós. - E eu rezava:<br />

- O anjo do Senhor anunciou a Maria.<br />

- Concebeu do Espírito Santo,<br />

Ave-Maria, Santa Maria.<br />

Dona Maria Gregório:<br />

Eis aqui a escrava do Senhor,<br />

Faça-se em mim<br />

Segundo a vossa Santa Palavra,<br />

Ave-Maria, Santa Maria.<br />

O verbo Divino Encarnou,<br />

Habitou entre nós p’ra nos salvar,<br />

Ave-Maria, Santa Maria, etc.<br />

Oramos em fundir, Senhor,<br />

Que nós Vos pedimos a Vossa graça,<br />

A Vossa protecção e prolongar a Vossa assistência,<br />

Proclamar o Vosso socorro<br />

Se fossemos sós e desamparada.<br />

Animada por Vos receber Santa Maria,


Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo<br />

Assim como era no princípio<br />

Agora e seja sempre, Ámen.<br />

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo<br />

Assim como era no princípio<br />

Agora e seja sempre, Ámen.<br />

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo<br />

Assim como era no princípio<br />

Agora e seja sempre por todos os séculos e séculos, Ámen.<br />

Em louvor das Santíssimas Trindades,<br />

Um Pai-Nosso, uma Ave-Maria.<br />

A Nossa Senhora, quando acompanhava o filho para o Calvário<br />

Em Bretanha estava a Virgem muito bem apresentada<br />

Quando novas lhe chegaram que seu Filho preso estava.<br />

Ó que Virgem caminhava pela rua d’amargura,<br />

Encontrou uma mulher que Verónica se chamava:<br />

- Diz-me tu, ó mulher, Deus te salve a tua alma,<br />

Diz-me se por aqui passara um filho, Filho de quem Eu amava.<br />

- Por aqui passou, Senhora, a horas que o galo cantava,<br />

O madeiro era grande, cada passo ajoelhava.<br />

A Senhora com Seu Filho caiu morta, desmaiada,<br />

Nos três paninhos de linho p’ra limpar a sua cara,<br />

Nos três paninhos de linho, três Verónicas deixaram:<br />

Uma estava em casa Santa, outra em Jerusalém,<br />

Outra na terra dos Mouros p’ra relíquias d’alguém.<br />

Já lá vêm os ajudantes perguntar aos pastorzinhos:<br />

- Pastorzinhos, algum dia vós visteis a Virgem Maria?<br />

- Nós bem A vimos passar ao longo daquele marco<br />

Com o seu livrinho na mão fazendo a oração,<br />

Maria Gregório, 78 anos, Monsalvarga


Oração, salvação, salva quantos aqui estão,<br />

Só que àquele perro mouro não, que está ali naquele castelo,<br />

Perguntai-lhe se é cristão.<br />

Se vos ele disser que não,<br />

Arregai-vos o cutelo e arrancai-lhe o coração.<br />

Ó cutelo tão pesado p’ra relíquias do perdão,<br />

Carregastes o madeiro da carreira d’Assunção.<br />

Já os galos pretos cantavam,<br />

Nas mãos da Virgem Maria estão as rosas floridas,<br />

Nas mãos da Virgem Sagrada está a rosa encarnada.<br />

Quem a esta oração disser sete sábados da Quaresma,<br />

Outros tantos de Carnaval,<br />

As portas do céu achará abertas<br />

P’ra quando nelas quiser entrar.<br />

Quem na sabe, não a diz,<br />

Quem na ouve, não aprende,<br />

Lá vem o dia do juízo<br />

Verá como se arrepende.<br />

Nossa Senhora atrás d’Ele, com as lágrimas nos olhos, que diz que lhe diziam os<br />

judeus. Olha, Nossa Senhora pegava nas folhas de oliveira, que é a coisa mais azeda que há<br />

no mundo, é a rama de oliveira, e que Nossa Senhora metia a folhinha de oliveira a mordê-la<br />

p’ra remir a dor, já viu o que é um filho desde o primeiro momento até ao calvário?<br />

Eu às vezes ponho-me a olhar p’r’á cruz e digo assim, digo isto muita vez. Ó meu<br />

Deus do céu, sofresteis tanto pelo mundo e tão poucos agradecimentos Vos demos, só Vos<br />

sabemos ofender. Olhe que eu digo isto muita, muita vez. E uma mãe sacrificada a ver todos<br />

os martírios atrás do Filho, meteu umas folhinhas de oliveira na boca. E então, os judeus,<br />

esses fariseus que mataram Cristo, diziam assim:<br />

- Olha, a mãe não chora, olha como ela rói, como ela come! E Ela era a mastigar a<br />

amargura, amargura que estava a passar o coração nas folhas de oliveira.<br />

Maria Gregório, 78 anos, Monsalvarga


Quando coziam o pão<br />

Quando cozíamos o pão, quando cozíamos p’ra fora e p’ra nós, metíamos o pão ao<br />

forno e quando fechávamos a porta dizíamos:<br />

São Vicente te acrescente,<br />

São João te faça pão,<br />

São Mamede te levede,<br />

Em louvor da Virgem Maria,<br />

Um Pai-Nosso com uma Ave-Maria.<br />

Emília Medeiros, 83 anos, Monsalvarga


Quando as crianças tinham as lombrigas.<br />

Composições Líricas<br />

Mágicas e Religiosas: Ensalmos<br />

É verdade é, que quando as crianças tinham as lombrigas, benziam-se assim lá em<br />

cima. Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo, Ámen. E depois cortavam-nas com a faca.<br />

Era a avó do seu homem, é que fazia assim (virada para a senhora Dina), e rezava.<br />

Tirava-se a raiz do lírio, fazia-se aquela rodinha, enfiava-se com uma agulha e punha um<br />

cordãozinho ao pescoço. Pegavam numa faca e benziam em forma de cruz, na criança e<br />

diziam assim:<br />

Em louvor do Santo Inóbio,<br />

As bichas são nove,<br />

De nove ficam oito,<br />

De oito em sete,<br />

De sete em seis,<br />

De seis em cinco,<br />

De cinco em quatro,<br />

De quatro em três,<br />

De três em duas,<br />

De duas em uma,<br />

De uma em nenhuma.<br />

Secas vós sejais,<br />

Em louvor da Virgem Maria,<br />

Um Pai-Nosso com uma Ave-Maria.<br />

Isto repetia-se durante nove dias seguidos, a que chamavam a novena.<br />

Emília Medeiros, 83 anos, Monsalvarga

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