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Análise do Programa de Merenda Escolar em Campinas - Unicamp

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Artigo publica<strong>do</strong> no Vol. V / 1997 da Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, uma publicação <strong>do</strong> Núcleo<br />

<strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas <strong>em</strong> Alimentação da UNICAMP, páginas 46-76.<br />

Resumo<br />

<strong>Análise</strong> <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong> <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> 1<br />

Rodrigo Pinheiro <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> Vianna 2 e Mauro José Andra<strong>de</strong> Tereso 3<br />

Este trabalho analisa o programa <strong>de</strong> alimentação ao escolar <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>, relacionan<strong>do</strong> as metas da<br />

política <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>de</strong> 1993, <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral, com a efetiva operacionalização da<br />

merenda. Neste senti<strong>do</strong>, a partir das diferenças encontradas, constatou-se que os principais pontos <strong>de</strong><br />

estrangulamento, que compromet<strong>em</strong> a eficácia <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> merenda <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>, estão nas<br />

etapas <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação e operacionalização, fazen<strong>do</strong> com que o serviço <strong>de</strong> alimentação ao escolar,<br />

seja significativamente distante <strong>do</strong> que se propõe. O objetivo <strong>do</strong> trabalho é contribuir com os<br />

toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> programa apresentan<strong>do</strong> alternativas para um ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço<br />

presta<strong>do</strong> aos escolares.<br />

Palavras-chaves: merenda escolar, planejamento alimentar; política pública.<br />

Abstract<br />

School Lunch Program in <strong>Campinas</strong><br />

This paper analyzes the school lunch program in <strong>Campinas</strong>. The goals of the <strong>de</strong>centralized policy<br />

a<strong>do</strong>pted by the fe<strong>de</strong>ral government in 1993 in na att<strong>em</strong>pt to improve the efficiency of the program<br />

are discussed. Various aspects of the stage of impl<strong>em</strong>entation were found to be probl<strong>em</strong>atic, and the<br />

result is thus quite different from that which was originally proposed. Alternatives to improve the<br />

quality of the services ren<strong>de</strong>red to school children are then suggested.<br />

Keywords: school lunches; food planning; public policy.<br />

I - INTRODUÇÃO<br />

Este trabalho busca analisar o programa <strong>de</strong> merenda no município <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, no<br />

contexto da política <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização da merenda escolar, iniciada <strong>em</strong> 1984, no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

São Paulo e posteriormente, a partir <strong>de</strong> 1993, no nível Fe<strong>de</strong>ral.<br />

1 Artigo basea<strong>do</strong> na dissertação <strong>de</strong> mestra<strong>do</strong> entitulada “O <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong>: subsídios para o planejamento<br />

<strong>do</strong> programa <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>”,apresentada na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Agrícola/UNICAMP, 1997.<br />

2 Mestre <strong>em</strong> Engenharia Agrícola e Pesquisa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Núcleo <strong>de</strong> Estu<strong>do</strong>s e Pesquisas <strong>em</strong> Alimentação/UNICAMP.<br />

3 Professor Doutor da Área <strong>de</strong> Planejamento e Desenvolvimento Rural da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia<br />

Agrícola/UNICAMP.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

A aplicação das metas <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização da merenda escolar <strong>em</strong> cada município<br />

explicita os atores envolvi<strong>do</strong>s na operacionalização <strong>do</strong> programa, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que cada caso<br />

<strong>de</strong>ve ser trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong> forma específica levan<strong>do</strong> <strong>em</strong> conta suas características regionais. Apesar<br />

<strong>de</strong> existir<strong>em</strong> muitos pontos <strong>em</strong> comum e s<strong>em</strong>elhanças entre municípios, é na análise<br />

particular que as melhores alternativas são encontradas para o efetivo ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

programa. A discussão sobre a eficiência e eficácia da merenda escolar <strong>de</strong>ve passar<br />

necessariamente pelas potencialida<strong>de</strong>s locais, buscan<strong>do</strong> aproveitar os recursos da região, ou<br />

seja, utilização da produção e <strong>do</strong>s mecanismos existentes <strong>de</strong> abastecimento e <strong>de</strong> distribuição<br />

<strong>de</strong> alimentos, b<strong>em</strong> como a integração da população atendida.<br />

Além da melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> alimentação ao escolar proposta nas<br />

metas da <strong>de</strong>scentralização, é importante ressaltar que, <strong>em</strong> muitos casos, a municipalização da<br />

merenda foi fundamental para que os municípios <strong>de</strong>cidiss<strong>em</strong> por impl<strong>em</strong>entar projetos <strong>de</strong><br />

produção <strong>de</strong> alimentos, com a finalida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> encontrar alternativas para o<br />

fornecimento <strong>de</strong> gêneros para as escolas e, mas sobretu<strong>do</strong>, colocou na agenda das<br />

administrações municipais o comprometimento com a questão da alimentação. “Os<br />

programas municipais <strong>de</strong> alimentação indicam o caminho a seguir. Não por sua dimensão<br />

econômica, mas pelo significa<strong>do</strong> político” (ITACARAMBI, 1986).<br />

Este trabalho divi<strong>de</strong>-se <strong>em</strong> duas partes. Na primeira, O <strong>Programa</strong> <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>,<br />

<strong>de</strong>screve-se a operacionalização da merenda escolar no município, analisan<strong>do</strong>-se cada etapa<br />

criticamente. Em seguida, nas Consi<strong>de</strong>rações sobre a <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong> <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>,<br />

discute-se o potencial <strong>do</strong> município e são apresentadas alternativas para os toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cisão <strong>do</strong> programa para um ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>em</strong> termos da eficácia <strong>do</strong> serviço presta<strong>do</strong>.<br />

II - O PROGRAMA EM CAMPINAS<br />

O <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Municipalização da <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong> no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo,<br />

inicia<strong>do</strong> <strong>em</strong> 1984, <strong>em</strong> cumprimento à política <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> Governo Montoro,<br />

previa a elaboração <strong>de</strong> cardápios compatíveis com os hábitos alimentares da população<br />

beneficiada, utilizan<strong>do</strong> gêneros comuns da dieta regional e cont<strong>em</strong>plan<strong>do</strong> maior varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alimentos, especialmente produtos in natura.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

A aquisição <strong>do</strong>s produtos <strong>de</strong>veria ser feita na própria região, com o fim <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver a economia local, principalmente os pequenos e os médios produtores, os<br />

comerciantes e as indústrias. Assim, introduziriam-se processos <strong>de</strong> produção locais, com<br />

redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> transporte e <strong>de</strong> <strong>em</strong>balag<strong>em</strong> <strong>do</strong>s produtos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à merenda,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, diminuin<strong>do</strong>-se o custo unitário da refeição. Com a municipalização,<br />

pretendia-se corrigir probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> logística <strong>do</strong> programa, b<strong>em</strong> como simplificar os<br />

procedimentos <strong>de</strong> aquisição <strong>do</strong>s produtos.<br />

A participação da comunida<strong>de</strong> seria facilitada através <strong>do</strong> Conselho Municipal <strong>de</strong><br />

<strong>Merenda</strong>, instituí<strong>do</strong> por um Decreto <strong>do</strong> Governa<strong>do</strong>r 4, sen<strong>do</strong> composto por 01 representante<br />

da Prefeitura, 01 da Câmara Municipal, 01 da Secretaria Estadual <strong>de</strong> Educação, 01 da<br />

Associação <strong>de</strong> Pais e Mestres (APM) e 01 <strong>do</strong>s produtores ou fornece<strong>do</strong>res locais. Esses<br />

Conselhos teriam por objetivo orientar a política <strong>de</strong> aquisição, armazenamento, preparo e<br />

distribuição <strong>de</strong> alimentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à merenda escolar, assim como promover ações<br />

integradas <strong>de</strong> instituições, agências da comunida<strong>de</strong> e órgãos públicos, visan<strong>do</strong> auxiliar as<br />

Prefeituras no planejamento, acompanhamento e controle da prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong><br />

merenda escolar 5 (DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA AO ESCOLAR, 1986).<br />

A Prefeitura <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> a<strong>de</strong>riu ao Convênio <strong>de</strong> "Municipalização da <strong>Merenda</strong>” <strong>em</strong><br />

1984, passan<strong>do</strong> assim a administrar o programa <strong>de</strong> merenda escolar no município. A gestão<br />

<strong>do</strong> programa passou a ser feita na Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação, sen<strong>do</strong> operacionalizada<br />

através <strong>de</strong> uma Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição. As atribuições <strong>de</strong>talhadas <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da<br />

Prefeitura estão colocadas no Quadro 1.<br />

4 Decreto nº 22.758 <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1984.<br />

5 Para consolidar a legislação foi promulga<strong>do</strong> o Decreto nº 23.632, <strong>de</strong> 05/07/85, que regulamenta a Lei nº 4.021 <strong>de</strong><br />

22/05/84, substituin<strong>do</strong> os Decretos anteriores nºs 22.379 e 22.759 e, <strong>em</strong> 22/10/85, o Secretário da Educação, através da<br />

Resolução nº 220, compl<strong>em</strong>enta o Decreto nº 23.632 regulamentan<strong>do</strong> o Conselho Municipal <strong>de</strong> <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong>.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Quadro 1: Atribuições <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> e da Prefeitura <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o “<strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />

Municipalização da <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong>” <strong>de</strong> 1984<br />

ESTADO PREFEITURA<br />

• Subvenção trimestral <strong>de</strong> recursos à<br />

Prefeitura, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o número <strong>de</strong><br />

alunos matricula<strong>do</strong>s e <strong>em</strong> função da<br />

recomendação nutricional estipulada por<br />

lei.<br />

• Adquirir e manter os equipamentos e utensílios<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao programa.<br />

• Fazer a assessoria técnica ao Município, com<br />

cursos e treinamento <strong>de</strong> pessoal.<br />

• Utilizar a verba repassada pelo Esta<strong>do</strong> exclusivamente<br />

com o 1º Grau (s<strong>em</strong> utilizá-la para pagamento <strong>de</strong> pessoal,<br />

compra <strong>de</strong> combustível ou veículos).<br />

• Preparar e distribuir a merenda nas escolas, durante 180<br />

dias letivos e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os requisitos nutricionais<br />

estabeleci<strong>do</strong>s por Lei.<br />

• Ter capacida<strong>de</strong> administrativa para gerir o programa.<br />

• Instaurar "Conselho Municipal <strong>de</strong> <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong>"<br />

como uma instância <strong>de</strong> discussão envolven<strong>do</strong> a<br />

participação da socieda<strong>de</strong> civil nas <strong>de</strong>cisões sobre o<br />

programa <strong>de</strong> merenda.<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, 1993.<br />

De 1984 até 1993, o programa <strong>de</strong> merenda <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> não conseguiu atingir as<br />

metas <strong>de</strong>scritas nos termos <strong>do</strong> convênio <strong>de</strong> municipalização. As dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas não<br />

foram diferentes daquelas que atingiram outros municípios <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, ou seja,<br />

limitações <strong>de</strong> orçamento, <strong>de</strong> infra-estrutura das escolas, <strong>de</strong> pessoal capacita<strong>do</strong> e, finalmente,<br />

limitações <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às dificulda<strong>de</strong>s burocráticas da legislação que rege os processos <strong>de</strong> compra<br />

(UNDIME, 1987).<br />

No caso <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> o abastecimento <strong>do</strong> programa é feito quase exclusivamente<br />

através <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>em</strong>presas, por meio <strong>de</strong> procedimentos lentos e burocráticos. Isto é uma<br />

dificulda<strong>de</strong> para se cumprir as metas <strong>de</strong> incentivo à economia local e à aquisição junto aos<br />

produtores da região, inserin<strong>do</strong> os produtos in natura no cardápio da merenda. Somente <strong>em</strong><br />

1991, sete anos após o início <strong>do</strong> convênio, estes produtos começaram a ser incorpora<strong>do</strong>s no<br />

programa.<br />

Em 1993, a <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> Nacional <strong>de</strong> Alimentação <strong>Escolar</strong>, PNAE,<br />

no nível Fe<strong>de</strong>ral, não produziu mudanças significativas na operacionalização <strong>do</strong>s programas<br />

<strong>de</strong> merenda <strong>do</strong>s municípios paulistas, uma vez que estes já trabalhavam <strong>de</strong> forma<br />

<strong>de</strong>scentralizada há quase 10 anos. Houve modificação <strong>de</strong> fato no recebimento <strong>do</strong>s recursos<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

financeiros <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à compra <strong>de</strong> gêneros, oriun<strong>do</strong>s diretamente da FAE para os<br />

municípios, crian<strong>do</strong>, conseqüent<strong>em</strong>ente, uma prestação <strong>de</strong> contas também direta. <strong>Campinas</strong><br />

a<strong>de</strong>riu a este programa <strong>em</strong> 1994 s<strong>em</strong> cancelar o convênio com o Governo Estadual e<br />

incr<strong>em</strong>entan<strong>do</strong> o atendimento no ano letivo para 200 dias. O Quadro 2 apresenta as<br />

atribuições <strong>do</strong> município e <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral que passaram a vigorar, a partir <strong>de</strong> 1994, <strong>de</strong><br />

forma paralela ao convênio com o Governo Estadual.<br />

Quadro 2: Atribuições <strong>do</strong> Governo Fe<strong>de</strong>ral e Prefeitura, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o <strong>Programa</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Descentralização da <strong>Merenda</strong> <strong>de</strong> 1994<br />

GOVERNO FEDERAL - FAE PREFEITURA<br />

• Repasse antecipa<strong>do</strong> <strong>de</strong> recursos financeiros<br />

aos Esta<strong>do</strong>s e Municípios nos meses <strong>de</strong><br />

fevereiro, maio, agosto e nov<strong>em</strong>bro, para a<br />

aquisição <strong>do</strong>s gêneros alimentícios<br />

<strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s aos alunos, <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os 200 dias<br />

letivos.<br />

• Acompanhamento e avaliação <strong>do</strong> programa<br />

<strong>de</strong> Descentralização <strong>de</strong> Alimentação <strong>Escolar</strong><br />

pela FAE, Secretarias Estaduais e Municipais<br />

<strong>de</strong> Educação<br />

Fonte: Relatório <strong>do</strong> MEC/FAE, 1994.<br />

• A<strong>de</strong>são voluntária à Descentralização <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>de</strong><br />

Alimentação <strong>Escolar</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que comprovadas a estrutura<br />

administrativa, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção e abastecimento<br />

local, regional ou estadual, e a infra-estrutura para<br />

implantação <strong>do</strong> programa.<br />

• Atendimento à pré-escola e ao ensino fundamental público<br />

(municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral), b<strong>em</strong> como às escolas<br />

filantrópicas cadastradas nas Secretarias Estaduais <strong>de</strong><br />

Educação.<br />

• Atendimento à legislação vigente e às recomendações<br />

nutricionais <strong>de</strong>finidas pela FAE: cobertura <strong>do</strong>s 15% das<br />

necessida<strong>de</strong>s nutricionais diárias <strong>de</strong> um escolar.<br />

• Ter <strong>em</strong> funcionamento os Conselhos <strong>de</strong> Alimentação <strong>Escolar</strong><br />

(Lei 8.913, <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1994) <strong>de</strong>vidamente<br />

constituí<strong>do</strong>s.<br />

A Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>, responsável pela gestão <strong>do</strong> programa,<br />

<strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r além <strong>do</strong>s escolares, a re<strong>de</strong> pré-escolar, as Entida<strong>de</strong>s Filantrópicas conveniadas<br />

com a Prefeitura e o “<strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Educação Continuada <strong>de</strong> Jovens e Adultos”, soman<strong>do</strong> <strong>em</strong><br />

torno <strong>de</strong> 160 mil alunos. Os da<strong>do</strong>s da Tabela 1, apresentam os números <strong>de</strong> matricula<strong>do</strong>s<br />

atendi<strong>do</strong>s no programa, basea<strong>do</strong> no ano letivo <strong>de</strong> 1994. Estes valores ainda hoje são<br />

representativos para a cobertura <strong>do</strong> programa, pois não ocorreram mudanças significativas<br />

no número <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s na re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> ensino <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> nos últimos anos.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Tabela 1: Número <strong>de</strong> alunos atendi<strong>do</strong>s pela Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> (da<strong>do</strong>s referentes a 1994).<br />

UNIDADE Número <strong>de</strong> Alunos<br />

Centros Infantis 8.035<br />

Escolas Municipais <strong>de</strong> Educação Infantil 12.903<br />

Escolas Municipais 27.830<br />

Escolas Estaduais 106.448<br />

Jovens/Adultos 4.917<br />

Entida<strong>de</strong>s Filantrópicas 5.079<br />

TOTAL 165.212<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da PMC, 1995.<br />

Embora este estu<strong>do</strong> enfoque especificamente as escolas municipais e estaduais <strong>de</strong> 1º e<br />

2º graus, é importante consi<strong>de</strong>rar que a responsabilida<strong>de</strong> da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição <strong>de</strong><br />

aten<strong>de</strong>r públicos diferencia<strong>do</strong>s, com cardápios específicos, aumenta a complexida<strong>de</strong> da sua<br />

administração.<br />

Como a Prefeitura t<strong>em</strong> firma<strong>do</strong> <strong>do</strong>is convênios distintos para a alimentação escolar,<br />

concretamente ela recebe <strong>do</strong>is repasses diferentes <strong>de</strong> recursos, <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s exclusivamente<br />

para a compra <strong>de</strong> gêneros alimentícios: o <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> no valor atual (1996) <strong>de</strong> R$ 0,06 por<br />

aluno dia (aproximadamente 6 centavos <strong>de</strong> dólar) e o da FAE 6 no valor atual <strong>de</strong> R$ 0,11 por<br />

aluno dia (aproximadamente 11 centavos <strong>de</strong> dólar).<br />

O atendimento ao programa <strong>de</strong> alfabetização <strong>de</strong> Jovens e Adultos é executa<strong>do</strong> com<br />

um terceiro recurso, proveniente <strong>do</strong> Município. Este recurso também é <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> ao<br />

pagamento <strong>do</strong> salário das meren<strong>de</strong>iras, à administração <strong>do</strong> programa, ao armazenamento e<br />

distribuição <strong>do</strong>s gêneros às escolas e, quan<strong>do</strong> necessário, à compl<strong>em</strong>entação <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> e da FAE na aquisição <strong>do</strong>s gêneros. Ainda cabe à Prefeitura, mesmo sen<strong>do</strong> atribuição<br />

<strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, a aquisição <strong>de</strong> equipamentos e a manutenção das escolas.<br />

A operacionalização <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> merenda <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> é <strong>de</strong>scrita, utilizan<strong>do</strong>-se<br />

da<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1993, partin<strong>do</strong>-se da administração na Prefeitura, <strong>do</strong> fluxo <strong>de</strong><br />

distribuição <strong>de</strong> gêneros, <strong>do</strong> cardápio ofereci<strong>do</strong> às crianças e das características <strong>de</strong> infra-<br />

6<br />

Repasse <strong>de</strong> recursos financeiros para aquisição <strong>de</strong> gêneros alimentícios com base a 138.199 alunos.<br />

Parcela <strong>de</strong> 1994: R$2.112.655,65 (130 dias) / per capita dia <strong>de</strong> R$ 0,117.<br />

Parcela <strong>de</strong> 1995: R$2.925.215,51 (180 dias) / per capita dia <strong>de</strong> R$ 0,117. Este valor cobre, <strong>em</strong> média, 48% <strong>do</strong>s gastos<br />

totais <strong>do</strong> <strong>Programa</strong>, segun<strong>do</strong> a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da P.M.C. <strong>em</strong> 1994.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

estrutura das unida<strong>de</strong>s escolares. S<strong>em</strong> aprofundar a discussão sobre custos, buscou-se<br />

comparar o que ocorre na prática com as metas da municipalização propostas <strong>em</strong> 1993.<br />

2.1. A Administração <strong>do</strong> <strong>Programa</strong><br />

As ativida<strong>de</strong>s básicas da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição, para aten<strong>de</strong>r as 204 escolas <strong>do</strong><br />

Município (164 estaduais e 40 municipais), são técnicas e administrativas. As técnicas<br />

correspon<strong>de</strong>m a: fazer a formulação <strong>do</strong>s cardápios; realizar os testes <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustação <strong>do</strong>s<br />

produtos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à merenda; supervisionar nas unida<strong>de</strong>s escolares o processo <strong>de</strong> produção<br />

das refeições; treinar e reciclar os funcionários <strong>de</strong> cozinha e reunir-se com especialistas da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Educação. Já as administrativas são: realizar a previsão <strong>de</strong> compras <strong>de</strong> cada<br />

produto constante no cardápio; auxiliar a Comissão <strong>de</strong> Licitação no julgamento <strong>do</strong> processo<br />

<strong>de</strong> compra; receber os gêneros, notas fiscais e encaminhamentos necessários para o<br />

pagamento <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res; enviar amostras <strong>do</strong>s produtos para análise no Instituto A<strong>do</strong>lfo<br />

Lutz; planejar a distribuição <strong>do</strong>s gêneros às escolas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os relatórios envia<strong>do</strong>s por<br />

elas.<br />

Para executar estas tarefas, no ano <strong>de</strong> 1993, esta Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria contava com o<br />

seguinte quadro funcional: 1 Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r; 2 Nutricionistas; 1 Técnico <strong>em</strong> Alimentos<br />

(afasta<strong>do</strong>); 1 Técnico Contábil; 1 Assistente Administrativo; 2 Auxiliares Administrativos.<br />

Na prática, um total <strong>de</strong> 7 funcionários, técnicos e administrativos, para gerir o programa <strong>de</strong><br />

merenda. Além <strong>do</strong> pessoal da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria, sob responsabilida<strong>de</strong> da Secretaria <strong>de</strong><br />

Educação, operacionalmente também estava envolvi<strong>do</strong> o pessoal <strong>do</strong> almoxarifa<strong>do</strong>: 01<br />

Supervisor; 02 Auxiliares Administrativos; 01 Especialista <strong>em</strong> Administração; 06<br />

Entrega<strong>do</strong>res.<br />

Em 1996 o número <strong>de</strong> funcionários no quadro da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria diminuiu para 5,<br />

com o afastamento <strong>de</strong> <strong>do</strong>is nutricionistas, fican<strong>do</strong> 1 Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r e 4 Assistentes, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />

que, ao contrário <strong>de</strong> 1993, ficou composto principalmente por pessoal administrativo. Em<br />

1997 somou-se a este quadro um assessor da Diretoria <strong>de</strong> Planejamento e Gestão da<br />

Secretaria <strong>de</strong> Educação.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Além <strong>do</strong> comprometimento da execução das tarefas técnicas, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong><br />

profissionais na coor<strong>de</strong>nação <strong>do</strong> programa, a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>ste quadro funcional sugere um<br />

estrangulamento na capacida<strong>de</strong> administrativa da Prefeitura para gerir um programa tão<br />

complexo <strong>em</strong> uma cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, pois são poucas pessoas incumbidas <strong>de</strong> um<br />

gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> tarefas trabalhosas que <strong>de</strong>mandam, no mínimo, muito t<strong>em</strong>po.<br />

Ainda que a gestão possa ser consi<strong>de</strong>rada eficiente, pois o programa está <strong>em</strong><br />

andamento, po<strong>de</strong> ser questionada a sua eficácia. Os trabalhos da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria são <strong>de</strong>scritos<br />

nos itens a seguir.<br />

2.1.1. Processo <strong>de</strong> Aquisição <strong>do</strong>s Gêneros para a <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong><br />

As compras <strong>do</strong>s produtos alimentícios são feitas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a disponibilida<strong>de</strong><br />

orçamentaria da Prefeitura. Cada it<strong>em</strong> é licita<strong>do</strong> individualmente com as quantida<strong>de</strong>s<br />

especificadas por unida<strong>de</strong> escolar, <strong>em</strong> função <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos a ser atendi<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong><br />

por um processo bastante complexo (Quadro 3). São oito etapas <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> cinco instâncias<br />

diferentes da Prefeitura. Operacionalmente é um forte limitante para a flexibilização <strong>do</strong><br />

programa sen<strong>do</strong> pouco versátil e extr<strong>em</strong>amente lento, <strong>de</strong>moran<strong>do</strong> até 6 meses para ser<br />

concluí<strong>do</strong> no caso das concorrências públicas.<br />

A partir <strong>de</strong> 1996 foi instituída <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> uma “Ata <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong> Preço”, que<br />

registra periodicamente os preços <strong>do</strong>s produtos mais utiliza<strong>do</strong>s pelo programa, permitin<strong>do</strong><br />

sua compra direta. Embora seja um avanço, o cadastro das <strong>em</strong>presas nesta Ata <strong>de</strong>ve passar<br />

pelo processo licitatório comum.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Quadro 3: Processo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> gêneros alimentícios, pela Prefeitura <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, para<br />

o programa <strong>de</strong> merenda escolar<br />

1- Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição<br />

- Elabora o cardápio <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as recomendações legais da FAE.<br />

- Solicita os gêneros com suas <strong>de</strong>scrições suscintas e valor total estima<strong>do</strong> da aquisição (através <strong>de</strong><br />

uma cotação <strong>de</strong> preços no merca<strong>do</strong>) para a informar o montante <strong>de</strong> verba que <strong>de</strong>verá ser reti<strong>do</strong>.<br />

- Informa, no corpo <strong>do</strong> <strong>do</strong>cumento, a modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compra (compra direta, convite, tomada <strong>de</strong> preço ou concorrência<br />

pública).<br />

<br />

2- Área <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação<br />

- Retém a verba necessária (proveniente <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, FAE ou Recurso Próprio).<br />

- Autoriza a aquisição.<br />

- Elabora o edital.<br />

<br />

3- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação<br />

<br />

4- Departamento <strong>de</strong> Suprimentos da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Administração<br />

- Executa o processo licitatório (<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a lei fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> licitações n.º 8.666).<br />

- Avalia os preços e os produtos.<br />

- Elabora a nota <strong>de</strong> <strong>em</strong>penho.<br />

- Aguarda chegada <strong>de</strong> material.<br />

<br />

5- Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição<br />

<br />

6- Secretaria <strong>de</strong> Finanças<br />

<br />

7- Departamento <strong>de</strong> Suprimentos da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Administração<br />

- Envia a nota fiscal e a nota <strong>de</strong> liquidação.<br />

- Efetua o pagamento.<br />

<br />

8- Área <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição, P.M.C., apud CHAIM, 1995.<br />

Uma vez que <strong>Campinas</strong> é um município <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte, as quantida<strong>de</strong>s envolvidas<br />

<strong>em</strong> cada compra são vultosas, fazen<strong>do</strong> da concorrência pública a categoria mais freqüente<br />

nos processos licitatórios. Deste mo<strong>do</strong>, a realização <strong>de</strong> compras locais <strong>de</strong> produtos básicos,<br />

<strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as metas da <strong>de</strong>scentralização, é inviável na prática. Este processo também<br />

9


Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

dificulta o planejamento e a execução <strong>de</strong> cardápios varia<strong>do</strong>s, b<strong>em</strong> como a realização <strong>de</strong><br />

alterações no cardápio <strong>em</strong> prazos pequenos.<br />

O processo licitatório <strong>de</strong>ve seguir as formalida<strong>de</strong>s legais da Lei <strong>de</strong> Licitações e<br />

Contratos 7, elaborada para normatizar todas as compras efetuadas pelos órgãos públicos. Ela<br />

requer <strong>do</strong>s fornece<strong>do</strong>res <strong>do</strong>cumentos que garantam: habilitação jurídica; qualificação<br />

técnica; qualificação econômico-financeira; e, regularida<strong>de</strong> fiscal.<br />

Este requisito legal dificulta a participação <strong>de</strong> pequenos comerciantes e distribui<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> gêneros alimentícios, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a exigência <strong>de</strong> uma <strong>do</strong>cumentação específica e onerosa.<br />

Também exclui os pequenos agricultores, pois estes muitas vezes não dispõ<strong>em</strong> <strong>de</strong> registro ou<br />

não têm condições <strong>de</strong> <strong>em</strong>itir notas fiscais. Assim, tratan<strong>do</strong> igualmente setores diferentes da<br />

socieda<strong>de</strong>, esta legislação não somente é exclu<strong>de</strong>nte como dificulta o processo <strong>de</strong> aquisição<br />

<strong>do</strong>s produtos, principalmente os <strong>do</strong> gênero hortifrutícola.<br />

Estas são limitações da administração <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> merenda, sen<strong>do</strong> imperativo que<br />

a legislação e que a estrutura burocrática sejam repensadas <strong>em</strong> função das necessida<strong>de</strong>s<br />

práticas <strong>do</strong> programa e <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com objetivos a ser<strong>em</strong> atingi<strong>do</strong>s.<br />

Po<strong>de</strong>ria haver um ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no serviço específico <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> gêneros<br />

se ele fosse executa<strong>do</strong> pela Secretaria <strong>do</strong> Abastecimento. Esta Secretaria, que t<strong>em</strong> maior<br />

interação com as estruturas <strong>de</strong> comercialização e distribuição <strong>de</strong> alimentos <strong>do</strong> município,<br />

participação no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> gêneros alimentícios regional e envolvimento nas políticas <strong>de</strong><br />

controle <strong>de</strong> estoque, armazenamento e preços, po<strong>de</strong>ria ser mais eficaz no atendimento das<br />

<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 130 mil crianças distribuídas nas 204 escolas <strong>do</strong> município. Esta alternativa não<br />

interferiria no tratamento <strong>do</strong>s aspectos educacionais da merenda, inclusive formação <strong>de</strong><br />

hábitos, pela Secretaria da Educação, neste caso <strong>de</strong>sobrigada das tarefas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong><br />

gêneros <strong>do</strong> programa.<br />

2.1.2. Controle <strong>de</strong> Estoque<br />

7 Lei n.º 8.666, <strong>de</strong> 21/06/1993, atualizada pela Lei n.º 8.883 <strong>de</strong> 08/06/94.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

A Secretaria <strong>de</strong> Educação <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> atualmente dispõe <strong>de</strong> condições bastante<br />

precárias <strong>de</strong> estocag<strong>em</strong> <strong>de</strong> gêneros para o programa <strong>de</strong> merenda. Conta somente com um<br />

armazém, situa<strong>do</strong> no bairro Jardim Campos Elíseos, com área aproximada <strong>de</strong> 900 m 2 e s<strong>em</strong><br />

nenhuma estrutura frigorificada. Este <strong>de</strong>pósito é insuficiente para a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gêneros<br />

utiliza<strong>do</strong>s para aten<strong>de</strong>r o programa, além <strong>de</strong> mal equipa<strong>do</strong>, não dispon<strong>do</strong> <strong>de</strong> pallets ou<br />

<strong>em</strong>pilha<strong>de</strong>iras para auxiliar a estocag<strong>em</strong> e movimentação <strong>do</strong>s produtos nas suas<br />

<strong>de</strong>pendências. Soma-se o fato que não é feito um controle <strong>de</strong> estoque a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>.<br />

Como ponto positivo, este armazém é <strong>de</strong>stina<strong>do</strong> exclusivamente aos gêneros<br />

alimentícios não perecíveis, não misturan<strong>do</strong> produtos químicos, como os <strong>de</strong> limpeza, com os<br />

alimentos.<br />

Os gêneros, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> adquiri<strong>do</strong>s pela Prefeitura, são leva<strong>do</strong>s para o <strong>de</strong>pósito on<strong>de</strong><br />

são organiza<strong>do</strong>s <strong>em</strong> “pacotes” para cada escola. A Coor<strong>de</strong>ne<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição <strong>de</strong>termina as<br />

quantida<strong>de</strong>s a ser<strong>em</strong> entregues às escolas, a partir <strong>do</strong>s relatórios <strong>do</strong>s seus diretores, <strong>em</strong><br />

função da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s e <strong>do</strong> estoque existente na escola. A distribuição<br />

<strong>do</strong>s “pacotes” é feita bimestralmente, seguin<strong>do</strong> a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrega <strong>do</strong> almoxarifa<strong>do</strong> e <strong>de</strong><br />

elaboração <strong>do</strong>s relatórios na Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição.<br />

Devi<strong>do</strong> à precarieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> armazém, os gêneros que estão armazena<strong>do</strong>s a mais t<strong>em</strong>po<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre são distribuí<strong>do</strong>s primeiro, <strong>de</strong>corrência da falta <strong>de</strong> estrutura <strong>de</strong> estocag<strong>em</strong> e<br />

controle.<br />

Seria razoável, mesmo possuin<strong>do</strong> poucos recursos, que a Prefeitura informatizasse o<br />

controle <strong>de</strong> estoque. O passo seguinte po<strong>de</strong>ria ser o <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> um técnico capacita<strong>do</strong><br />

para tomar <strong>de</strong>cisões que incr<strong>em</strong>entass<strong>em</strong> o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> estoque e armazenamento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<br />

direciona<strong>do</strong> para aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas reais das unida<strong>de</strong>s escolares, diagnosticadas a partir<br />

<strong>de</strong> um contato mais próximo com as escolas.<br />

2.1.3. Planejamento e Distribuição <strong>do</strong>s Gêneros para a <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong><br />

A Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição <strong>de</strong>ve aten<strong>de</strong>r com cardápios diferencia<strong>do</strong>s as pré-<br />

escolas e escolas <strong>do</strong> município <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, tornan<strong>do</strong> o trabalho <strong>de</strong> planejamento e<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

distribuição <strong>de</strong> gêneros bastante complexo, necessitan<strong>do</strong> a<strong>de</strong>quar os recursos disponíveis<br />

com as metas a ser<strong>em</strong> cumpridas.<br />

Os alimentos distribuí<strong>do</strong>s no programa são classifica<strong>do</strong>s basicamente <strong>em</strong> perecíveis -<br />

pão, leite, carne, peixe e hortícolas - e não perecíveis - arroz, feijão, macarrão, bebida<br />

achocolatada <strong>em</strong> pó, almôn<strong>de</strong>ga e salsicha <strong>em</strong> conserva. As creches, Escolas Municipais <strong>de</strong><br />

Educação Infantil, EMEIs, receb<strong>em</strong> to<strong>do</strong>s os tipos <strong>de</strong> gêneros, enquanto que as escolas<br />

receb<strong>em</strong> somente os alimentos não perecíveis e pão. A partir <strong>de</strong> 1995 foram incluí<strong>do</strong>s no<br />

cardápio das escolas ovo e frutas<br />

Devi<strong>do</strong> à inexistência <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> armazenamento frigorificada da Prefeitura,<br />

a aquisição <strong>do</strong>s alimentos perecíveis é feita com o custo da entrega incluí<strong>do</strong>, para que esta<br />

seja realizada pelo fornece<strong>do</strong>r. Geralmente o abastecimento é feito s<strong>em</strong>analmente ou até<br />

duas vezes por s<strong>em</strong>ana para cada unida<strong>de</strong> pré-escolar. Dentre os perecíveis, o leite flui<strong>do</strong> é<br />

distribuí<strong>do</strong> diariamente para as creches.<br />

Até o ano <strong>de</strong> 1994, os produtos não perecíveis eram entregues mensalmente às<br />

escolas. Des<strong>de</strong> então, as entregas passaram a ser feitas bimestralmente aproveitan<strong>do</strong> a<br />

organização administrativa da Prefeitura Municipal <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> <strong>em</strong> Secretarias <strong>de</strong> Ação<br />

Regional (S.A.R. Norte, Sul, Leste e Oeste). Esta medida foi tomada com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

contornar<strong>em</strong> as limitações da capacida<strong>de</strong> física <strong>do</strong> almoxarifa<strong>do</strong> e <strong>de</strong> funcionários<br />

disponíveis, tanto operacionais quanto administrativos. Com esta modificação, procurou-se<br />

otimizar as entregas, diminuir a freqüência <strong>do</strong>s relatórios das unida<strong>de</strong>s escolares, a<strong>de</strong>quar o<br />

planejamento da aquisição <strong>de</strong> gêneros e valorizar a atenção, senão ao público alvo <strong>do</strong><br />

programa, pelo menos aos Diretores <strong>de</strong> escola. Esta medida resolveu o probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> atraso<br />

no fornecimento <strong>de</strong> produtos às escolas e <strong>do</strong> <strong>de</strong>sabastecimento, que era comum. Mas, por<br />

outro la<strong>do</strong>, as escolas tiveram que assumir a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenar os alimentos <strong>em</strong><br />

quantida<strong>de</strong>s maiores e durante o <strong>do</strong>bro <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po.<br />

A distribuição <strong>do</strong>s alimentos não perecíveis é feita utilizan<strong>do</strong> os recursos <strong>do</strong><br />

almoxarifa<strong>do</strong> e <strong>do</strong> Departamento <strong>de</strong> Recursos Humanos, que contrata veículos e pessoal para<br />

efetuar a entrega. Segun<strong>do</strong> a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição, tanto para produtos perecíveis,<br />

quanto para os não perecíveis, os meios <strong>de</strong> transporte utiliza<strong>do</strong>s são precários, fazen<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta<br />

12


Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

etapa um ponto crítico que algumas vezes chega comprometer a qualida<strong>de</strong> <strong>do</strong> produto<br />

entregue nas escolas.<br />

Estas informações apresentam um estrangulamento na estrutura operacional, que<br />

trabalha no limite <strong>do</strong>s recursos humanos e <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po para cumprir a distribuição <strong>do</strong>s produtos<br />

<strong>de</strong> forma eficiente. S<strong>em</strong> diminuir a importância ou menosprezar a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> administrar<br />

uma logística para a entrega <strong>de</strong> produtos a todas as unida<strong>de</strong>s escolares, é importante investir<br />

no planejamento, buscan<strong>do</strong> alternativas que simplifiqu<strong>em</strong> esta tarefa, como a<br />

<strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões sobre o abastecimento <strong>em</strong> sub-regiões<br />

<strong>do</strong> município, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os recursos disponíveis nas mesmas.<br />

2.1.4. O Cardápio da <strong>Merenda</strong><br />

No Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, o valor nutricional da merenda está <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> pelo Decreto<br />

Estadual n.º 23.632 <strong>de</strong> 5/7/1985, que fixa o mínimo <strong>de</strong> energia <strong>em</strong> 300 calorias e 8 gramas<br />

<strong>de</strong> proteína para ser ofereci<strong>do</strong> diariamente às crianças com quatro horas <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s<br />

escolares. Para os alunos <strong>de</strong> jornada única (seis horas diárias) o valor nutricional mínimo é<br />

<strong>de</strong> 720 calorias e 22 gramas <strong>de</strong> proteína 8. Desta forma, as recomendações nutricionais da<br />

merenda <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> permanência da criança na escola, suprin<strong>do</strong> 15% e 30% das<br />

suas necessida<strong>de</strong>s diárias.<br />

Des<strong>de</strong> o início da municipalização <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> merenda escolar <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> até<br />

1991, o cardápio da merenda proposto era composto exclusivamente por formula<strong>do</strong>s. Estes<br />

apresentavam as vantagens <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> compra, estocag<strong>em</strong> e distribuição às escolas,<br />

mas por outro la<strong>do</strong>, os inconvenientes <strong>de</strong> recebimento irregular, o que acarretava a<br />

<strong>de</strong>terioração <strong>de</strong> produtos, pouca aceitação <strong>do</strong>s alunos e incompatibilida<strong>de</strong> com as condições<br />

físicas das escolas, prejudican<strong>do</strong> o atendimento das crianças. Em virtu<strong>de</strong> da Prefeitura ter<br />

recebi<strong>do</strong> da FAE, no final <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1991, uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> arroz, feijão e<br />

macarrão, estes alimentos foram introduzi<strong>do</strong>s no cardápio da merenda escolar e tiveram boa<br />

aceitação por parte <strong>do</strong>s alunos. Este fato impulsionou a inclusão <strong>de</strong> vários gêneros básicos <strong>de</strong><br />

consumo no cardápio da merenda nos anos que se seguiram. No Quadro 4 é mostra<strong>do</strong> o<br />

8 Determina<strong>do</strong> pela Resolução SE 62 <strong>de</strong> 13/3/1989.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

cardápio planeja<strong>do</strong> para o 1º s<strong>em</strong>estre <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1993 para as escolas públicas, estaduais e<br />

municipais <strong>de</strong> 1º grau s<strong>em</strong> jornada única:<br />

Quadro 4: Cardápio da merenda escolar <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> no 1º s<strong>em</strong>estre <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1993<br />

Dia da s<strong>em</strong>ana: Cardápio:<br />

segunda-feira Arroz com almôn<strong>de</strong>ga<br />

terça-feira Pão com patê e suco<br />

quarta-feira Sopa <strong>de</strong> feijão com macarrão<br />

quinta-feira Pão com manteiga e bebida <strong>de</strong> chocolate<br />

sexta-feira Macarrão com salsicha<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da PMC, 1994.<br />

Deste ano até 1997, o cardápio da merenda sofreu poucas alterações, como po<strong>de</strong> ser<br />

visto no Quadro 5, que apresenta os cardápios s<strong>em</strong>anais alterna<strong>do</strong>s que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser servi<strong>do</strong>s<br />

nas escolas para o 1ºs<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 1997.<br />

Em to<strong>do</strong>s os casos, o cardápio elabora<strong>do</strong> é uma referência para a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong><br />

Nutrição programar os processos <strong>de</strong> compra da Prefeitura e controlar o abastecimento das<br />

escolas. Na prática, as escolas têm alguma liberda<strong>de</strong> para fazer modificações, adaptan<strong>do</strong> o<br />

serviço <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com suas condições <strong>de</strong> infra-estrutura e <strong>de</strong>manda <strong>do</strong>s alunos.<br />

A <strong>de</strong>scrição diária das merendas, apresentadas nos quadros 4 e 5, indica que não<br />

houve modificações significativas no perfil da alimentação servida. Nota-se um pequeno<br />

avanço na inclusão <strong>de</strong> gêneros básicos no ano <strong>de</strong> 1997, como o ovo e a banana, ambos<br />

servi<strong>do</strong>s quinzenalmente e alterna<strong>do</strong>s. Porém, nestes cardápios, pre<strong>do</strong>minam os produtos<br />

formula<strong>do</strong>s (no caso as sopas, arroz <strong>do</strong>ce, bebida láctea, pudim e polenta), presentes<br />

praticamente to<strong>do</strong>s os dias na refeição servida.<br />

Quadro 5: Cardápios da merenda escolar <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> no 1º s<strong>em</strong>estre <strong>do</strong> ano <strong>de</strong> 1997<br />

S<strong>em</strong>ana 01: Cardápio:<br />

segunda-feira Arroz com carne ao molho<br />

terça-feira Sopa <strong>de</strong> feijão com macarrão<br />

quarta-feira Pão com margarina, ovo cozi<strong>do</strong> e suco<br />

quinta-feira Macarrão com salsicha ao molho <strong>de</strong> tomate<br />

sexta-feira Arroz <strong>do</strong>ce<br />

S<strong>em</strong>ana 02: Cardápio:<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

segunda-feira Macarrão com carne ao molho <strong>de</strong> tomate<br />

terça-feira Pão com margarina e bebida láctea<br />

quarta-feira Sopa <strong>de</strong> carne e legumes com macarrão e banana<br />

quinta-feira Pudim <strong>de</strong> chocolate<br />

sexta-feira Polenta com frango ao molho<br />

Fonte: Da<strong>do</strong> coleta<strong>do</strong> nas escolas da re<strong>de</strong>, 1997.<br />

Embora as diretrizes da FAE sejam restritivas quanto ao uso <strong>do</strong>s recursos fe<strong>de</strong>rais no<br />

limite máximo <strong>de</strong> 20% para aquisição <strong>de</strong> formula<strong>do</strong>s, <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> eles constitu<strong>em</strong> a maior<br />

parte <strong>do</strong>s gêneros servi<strong>do</strong>s na merenda. Isto se <strong>de</strong>ve à compatibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mecanismos<br />

operacionais a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s com a estrutura administrativa existente.<br />

Os valores apresenta<strong>do</strong>s nas Tabelas 2 e 3 mostram a porcentag<strong>em</strong> das<br />

recomendações nutricionais estipuladas por Lei, <strong>em</strong> relação ao fornecimento <strong>de</strong> nutrientes<br />

nos cardápios nos anos 1993 e 1997. Estes valores foram obti<strong>do</strong>s calculan<strong>do</strong>-se o valor<br />

nutricional <strong>do</strong> cardápio ofereci<strong>do</strong>, para oito nutrientes, nos diferentes dias da s<strong>em</strong>ana. Foram<br />

utilizadas como referências a Tabela <strong>de</strong> Composição <strong>de</strong> Alimentos <strong>do</strong> IBGE (ESTUDO<br />

NACIONAL DE DESPESA FAMILIAR, 1977) e as especificações técnicas <strong>do</strong>s produtos,<br />

forneci<strong>do</strong>s por <strong>em</strong>presas <strong>do</strong> ramo e comparan<strong>do</strong>-os com a recomendação legal, 15% das<br />

necessida<strong>de</strong>s nutricionais para crianças <strong>de</strong> 7 a 10 anos 9 (SILVA e NAVES, 1994).<br />

Tabela 2: Proporção, <strong>em</strong> porcentag<strong>em</strong>, das recomendações nutricionais da merenda<br />

estipuladas por Lei <strong>em</strong> relação ao cardápio da merenda, <strong>Campinas</strong>, 1993.<br />

Nutriente (unida<strong>de</strong>) 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira<br />

(%) (%)<br />

(%)<br />

(%) (%)<br />

Energia (Kcal) 83,41 78,40 47,19 83,41 80,71<br />

Proteína (g) 92,41 52,25 71,00 92,41 115,19<br />

Cálcio (mg) 8,11 15,07 13,53 * 9,04<br />

Ferro (mg) 61,48 28,89 67,04 * 61,11<br />

Vit. A (µg RE) 24,82 113,78 2,89 * 24,27<br />

Vit. B1 (mg) 68,33 95,83 165,00 * 283,33<br />

Vit. B2 (mg) 43,20 50,13 40,53 * 106,67<br />

9 Para energia e proteína utilizaram-se os valores estipula<strong>do</strong>s por lei, ou seja, 300 Kcal e 8 g respectivamente. Para os<br />

<strong>de</strong>mais nutrientes utilizou-se 15% da recomendação nutricional para crianças na faixa etária <strong>de</strong> 10 a 12 anos, ou seja:<br />

157,5 mg <strong>de</strong> Cálcio, 180 mg <strong>de</strong> Fósforo, 2,1 mg <strong>de</strong> Ferro, 94,5 mmg <strong>de</strong> Retinol, 0,12 mg <strong>de</strong> Tiamina, 0,195 mg <strong>de</strong><br />

Riboflavina e 7,8 mg <strong>de</strong> Vitamina C. Estes valores estão <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o relatório da Socieda<strong>de</strong> Brasileira <strong>de</strong><br />

Alimentação e Nutrição, que indica as recomendações nutricionais adaptadas para a população brasileira, SBAN, 1990,<br />

basea<strong>do</strong> nos valores da Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> 1985 (VANNUCCHI et al., 1990).<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Vit. C (mg) 109,04 118,81 7,92 * 72,08<br />

* valores não encontra<strong>do</strong>s<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da P.M.C.; Tabela <strong>de</strong> Conversão <strong>de</strong> Nutrientes <strong>do</strong> FIBGE<br />

(1977) e Vannucchi et al., 1990.<br />

Tabela 3: Proporção, <strong>em</strong> porcentag<strong>em</strong>, das recomendações nutricionais da merenda<br />

estipuladas por Lei, <strong>em</strong> relação ao cardápio da merenda, <strong>Campinas</strong>, 1997.<br />

Nutriente (unida<strong>de</strong>) 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira<br />

(%) (%)<br />

(%)<br />

(%) (%)<br />

S Energia (Kcal) 79,22 47,19 143,53 80,72 82,00<br />

E Proteína (g) 90,44 71,00 136,88 115,19 73,75<br />

M Cálcio (mg) 12,51 13,53 33,14 9,04 *<br />

A Ferro (mg) 189,05 67,04 74,77 61,11 *<br />

N Vit. A (µg RE) 21,52 2,89 187,62 24,27 *<br />

A Vit. B1 (mg) 241,67 165,00 58,33 283,33 *<br />

Vit. B2 (mg) 51,28 40,53 9,23 106,67 *<br />

1 Vit. C (mg) 40,64 7,92 0,00 72,08 *<br />

S Energia (Kcal) 80,22 83,42 67,29 128,27 19,22<br />

E Proteína (g) 130,19 92,41 64,63 100,75 59,38<br />

M Cálcio (mg) 12,59 * 46,02 158,48 *<br />

A Ferro (mg) 134,76 * 96,67 61,90 *<br />

N Vit. A (µg RE) 21,52 * 504,40 0,00 *<br />

A Vit. B1 (mg) 233,33 * 100,00 41,67 *<br />

Vit. B2 (mg) 117,95 * 82,05 184,62 *<br />

2 Vit. C (mg) 40,64 * 98,33 16,67 *<br />

* valores não encontra<strong>do</strong>s.<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da P.M.C.; Tabela <strong>de</strong> Conversão <strong>de</strong> Nutrientes <strong>do</strong> FIBGE (1977) e Vannucchi<br />

et al., 1990.<br />

Os valores menores que 100%, para cada dia ou cardápio, indicam os nutrientes que<br />

foram ofereci<strong>do</strong>s na merenda <strong>em</strong> quantida<strong>de</strong>s inferiores à <strong>de</strong>terminada por Lei. Os resulta<strong>do</strong>s<br />

obti<strong>do</strong>s indicam que tanto a merenda servida <strong>em</strong> 1993, quanto a <strong>de</strong> 1997, não aten<strong>de</strong>m às<br />

<strong>de</strong>terminações legais para energia e proteínas. Embora a FAE não faça especificações para<br />

os micronutrientes, estes ficam muito aquém <strong>do</strong> espera<strong>do</strong>.<br />

A partir <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s apresenta<strong>do</strong>s na Tabela 3, mesmo ela estan<strong>do</strong> incompleta, conclui-<br />

se que as pequenas modificações <strong>do</strong> cardápio não representaram ganhos significativos no<br />

fornecimento <strong>de</strong> nutrientes. Po<strong>de</strong>-se notar como ponto positivo que, no cardápio <strong>de</strong> 4 a feira,<br />

16


Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

a presença <strong>do</strong> ovo ou da banana modifica o perfil <strong>do</strong>s nutrientes, aumentan<strong>do</strong> o fornecimento<br />

<strong>de</strong> energia e proteína no primeiro caso e micronutrientes no segun<strong>do</strong>.<br />

Nas escolas com ciclo básico (jornada única) on<strong>de</strong> a merenda <strong>de</strong>ve fornecer uma<br />

quantida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> nutrientes, 30% das recomendações diárias, além <strong>do</strong>s mesmos<br />

cardápios <strong>de</strong>scritos acima, também é da<strong>do</strong> à criança um outro lanche, geralmente bolacha<br />

<strong>do</strong>ce ou salgada e bebida láctea, visan<strong>do</strong> completar os requisitos nutricionais.<br />

Por um la<strong>do</strong> o valor nutricional da merenda melhorou um pouco <strong>de</strong> 1993 para 1997 10,<br />

mas a volta <strong>do</strong>s formula<strong>do</strong>s fere o respeito aos hábitos alimentares e, neste senti<strong>do</strong>,<br />

claramente houve um retrocesso quanto aos objetivos estipula<strong>do</strong>s pelo próprio programa nos<br />

últimos anos.<br />

Quanto à aceitação da alimentação pelas crianças, o da<strong>do</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são ao programa, isto<br />

é, relação <strong>de</strong> crianças que efetivamente se serv<strong>em</strong> da merenda, é outra característica<br />

importante. Segun<strong>do</strong> da<strong>do</strong>s da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição, a relação “número <strong>de</strong> refeições<br />

servidas/número <strong>de</strong> matricula<strong>do</strong>s” é ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> 0,6 (atingiu a média <strong>de</strong> 0,57 no ano <strong>de</strong><br />

1994), ou seja, o número <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s nas unida<strong>de</strong>s escolares é maior que o<br />

número <strong>de</strong> refeições servidas. Isto significa que <strong>do</strong>is terços da clientela <strong>do</strong> programa <strong>de</strong><br />

merenda escolar, <strong>de</strong>finida por Lei, usufru<strong>em</strong> <strong>de</strong> fato <strong>do</strong>s benefícios <strong>de</strong>sta ação<br />

governamental. O terço restante, que não se serve da merenda, ao que tu<strong>do</strong> indica o faz por<br />

opção própria, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> às características particulares <strong>do</strong>s alunos, diferenças culturais ou<br />

preconceito <strong>em</strong> relação à alimentação oferecida. Para este fato não existe um motivo<br />

pontual, senão uma série <strong>de</strong> modificações ao longo da história, que contribuíram para o<br />

<strong>de</strong>senho atual <strong>de</strong>ste quadro <strong>de</strong> atendimento.<br />

Na prática isto interfere nos custos <strong>do</strong> programa, acarretan<strong>do</strong> um aumento na<br />

disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, pois como a conta <strong>do</strong>s repasses financeiros <strong>do</strong>s convênios é feita<br />

<strong>em</strong> função <strong>do</strong> número <strong>de</strong> alunos matricula<strong>do</strong>s, a Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição dispõe <strong>do</strong>s<br />

mesmos recursos para aten<strong>de</strong>r um número menor <strong>de</strong> alunos. Desta forma, é possível<br />

diminuir as quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentos compradas no final <strong>de</strong> cada ano, <strong>em</strong> função <strong>do</strong>s<br />

10 Comparativamente com o cardápio <strong>de</strong> 1993, <strong>em</strong> 1997, o cardápio da s<strong>em</strong>ana 1 aumentou, na média, o aporte <strong>de</strong><br />

caloria <strong>em</strong> 16% e <strong>de</strong> proteína <strong>em</strong> 15% e o cardápio da s<strong>em</strong>ana 2, 1% e 6% respectivamente.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

estoques r<strong>em</strong>anescentes no almoxarifa<strong>do</strong> e nas unida<strong>de</strong>s escolares. Esta observação, s<strong>em</strong>pre<br />

<strong>de</strong>ixada <strong>de</strong> la<strong>do</strong>, <strong>de</strong>veria ser consi<strong>de</strong>rada no planejamento <strong>do</strong> programa.<br />

Ao centralizar as <strong>de</strong>cisões na Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição da maneira como é feito, é<br />

difícil o programa alcançar níveis maiores <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são da sua clientela, uma vez que<br />

efetivamente não consegue assistir as unida<strong>de</strong>s escolares e porque trata <strong>de</strong> maneira igual<br />

grupos <strong>de</strong> indivíduos diferencia<strong>do</strong>s. Fere-se assim os princípios da <strong>de</strong>scentralização, que<br />

apontam no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> alcançar uma maior aproximação <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s <strong>do</strong> programa.<br />

Ainda sobre o cardápio, é evi<strong>de</strong>nte que o planejamento feito na Prefeitura <strong>de</strong>ixa muito<br />

a <strong>de</strong>sejar quanto a atenção às características e especificida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> público alvo.<br />

O respeito aos hábitos locais <strong>de</strong> consumo <strong>de</strong> alimentos, <strong>de</strong>ntro da unida<strong>de</strong> escolar,<br />

realizan<strong>do</strong> refeições com a maior diversida<strong>de</strong> possível <strong>de</strong> alimentos, estimula a aceitação <strong>do</strong>s<br />

mesmos. <strong>Campinas</strong> é uma cida<strong>de</strong> cosmopolita <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à gran<strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong> da<br />

população, por este motivo po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que não exist<strong>em</strong> restrições <strong>de</strong> consumo <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> hábios locais. Não se trata <strong>de</strong> ensinar as crianças a comer melhor, mas criar<br />

nelas uma relação mais forte com produtos disponíveis na região e também, na medida <strong>do</strong><br />

possível, estimular uma conduta que as leve a uma alimentação mais saudável fora da escola.<br />

Este ponto incorpora um fator econômico e ético muito importante, pois este estímulo à<br />

aceitação <strong>de</strong> gêneros alimentícios influencia, a médio e longo prazo, a formação <strong>de</strong> hábitos<br />

alimentares <strong>de</strong> consumo.<br />

No que diz respeito às compras locais <strong>de</strong> gêneros alimentícios, o caso <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong><br />

foi estuda<strong>do</strong> com <strong>de</strong>talhe comparan<strong>do</strong>-se a oferta <strong>de</strong> produtos da região e a <strong>de</strong>manda da<br />

merenda. As conclusões <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> indicam que não haveria nenhuma limitação <strong>de</strong> oferta<br />

para abastecer o programa, pois circula no município quantida<strong>de</strong> mais que suficiente <strong>de</strong><br />

alimentos. Assim, o uso <strong>de</strong>stes para o serviço <strong>de</strong> alimentação escolar não causaria nenhum<br />

impacto ou <strong>de</strong>sabastecimento na região metropolitana <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, isto incluin<strong>do</strong> as<br />

exportações para outras regiões b<strong>em</strong> como as importações <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

alimentos <strong>de</strong> outras partes <strong>do</strong> país (VIANNA, 1997).<br />

Finalmente, conclui-se que o cardápio a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> visa mais solucionar as limitações<br />

operacionais da administração <strong>do</strong> programa <strong>do</strong> que atingir os objetivos <strong>do</strong> PNAE.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

2.2. Características <strong>de</strong> Infra-estrutura das Unida<strong>de</strong>s <strong>Escolar</strong>es<br />

Do total <strong>de</strong> 204 escolas <strong>do</strong> município, este trabalho analisou 37 unida<strong>de</strong>s escolares <strong>de</strong><br />

1º e 2º grau (5 Municipais e 32 Estaduais) localizadas na região norte <strong>do</strong> Município,<br />

administrada pela S.A.R. Norte, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os distritos <strong>de</strong> Barão Geral<strong>do</strong> e Nova<br />

Aparecida e os bairros: São Marcos, Santa Mônica, Campo <strong>do</strong>s Amarais, Boa Vista, Vila<br />

Nova, Costa e Silva, Jardim Santa Genebra, Jardim Aurélia, Jardim Eulina, Vila Boa Vista,<br />

Santa Bárbara, Jardim Chapadão, Jardim Guanabara, Botafogo, Parque Taquaral e Vila<br />

Miguel Vicente Cury. Nelas estão matriculadas <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 30 mil crianças, entre Ciclo<br />

Básico (1ª e 2ª séries <strong>do</strong> 1º grau) e outras séries <strong>do</strong> 1º grau. Este recorte analisa uma região<br />

bastante representativa <strong>do</strong> município <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, on<strong>de</strong> se encontra uma gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong><br />

da população alvo, envolven<strong>do</strong> tanto áreas <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong> recursos <strong>de</strong> infra-estrutura como<br />

áreas b<strong>em</strong> equipadas. Também foi escolhida esta área pelo fato da CEASA-<strong>Campinas</strong>,<br />

importante centro <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> alimentos, estar localizada nesta S.A.R. e, finalmente,<br />

pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso à região.<br />

O Quadro 6 apresenta as escolas da região com a i<strong>de</strong>ntificação da Delegacia <strong>de</strong><br />

Ensino (D.E.) responsável, a respectiva Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria Regional (C.R.), atualmente incluída<br />

<strong>de</strong>ntro da macro-divisão por S.A.R. e o bairro on<strong>de</strong> se localiza a escola.<br />

As escolas, como agentes protagonistas <strong>do</strong> programa, são as unida<strong>de</strong>s base <strong>de</strong><br />

organização da merenda. Foram analisadas <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com seus recursos <strong>de</strong> infra-estrutura,<br />

pensan<strong>do</strong>-se no potencial <strong>de</strong> estoque, processamento e distribuição <strong>do</strong>s gêneros alimentícios.<br />

O objetivo foi medir o potencial e as limitações das escolas para cumprir as metas da política<br />

<strong>de</strong> municipalização da merenda, ou seja, processar e servir alimentos frescos e elabora<strong>do</strong>s e,<br />

<strong>de</strong> preferência, provenientes <strong>de</strong> regiões circunvizinhas ao Município.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Quadro 6: Escolas da Região S.A.R. Norte <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong><br />

Unida<strong>de</strong><br />

<strong>Escolar</strong><br />

ESCOLAS DE. CR BAIRRO OU<br />

DISTRITO<br />

01 EMPG "EDSON LUIS LIMA SOUTO" 2a 04 SAN MARTIN<br />

02 EEPSG "31 DE MARÇO" 2a 04 JD. STA. MÔNICA<br />

03 EEPSG "PROF. ANIBAL DE FREITAS" 2a 04 GUANABARA<br />

04 EEPG "ARTUR SEGURADO" 2a 04 VILA NOVA<br />

05 EEPG "MARECHAL MALLET" 3a 04 JD. CHAPADÃO<br />

06 EEPG "PROFª SOPHIA V. SALGADO" 3a 04 V. TEIXEIRA<br />

07 EEPG "CASTINAUTA B. M. ALBUQUERQUE" 3a 04 JD. CAMPINEIRO<br />

08 EEPG "PROF. FABIO FARIAS DE SYLLOS" 2a 04 JD. AURÉLIA<br />

09 EEPG "DOM JOÃO NERY" 3a 04 BONFIM<br />

10 EEPG "Ma YMÊ DE CARVALHO SALATEC " 2a 11 VILA NOVA<br />

11 EEPG "CARLOS CRISTÓVÃO ZINK" 2a 11 V. BOA VISTA<br />

12 EEPG "PROFª LEONOR ZULHKE FALSON" 2a 11 JD. EULINA<br />

13 EEPG "PROF. ARY MONTEIRO GALVÃO" 2a 11 JD. EULINA<br />

14 EEPSG "HILDEBRANDO SIQUEIRA" 2a 11 JD. EULINA<br />

15 EEPG "PROF. REV. JOSÉ CARLOS NOGUEIRA" 3a 11 V. BOA VISTA<br />

16 EEPSG "BARÃO ATALIBA NOGUEIRA" 4a 11 JD. MAGNÓLIA<br />

17 EEPG "Ma I. GIUDICE DE A. CAVALCANTI " 4a 11 STA. BÁRBARA<br />

18 EEPG "ANTÔNIO CARLOS PACHECO E SILVA" 2a BG PQ. SÃO JORGE<br />

19 EEPSG "BARÃO GERALDO DE REZENDE" 2a BG B. GERALDO<br />

20 EEPG "JOSÉ PEDRO DE OLIVEIRA" 2a BG B. GERALDO<br />

21 EEPG "PROFª Ma ALICE C. RODRIGUES" 2a BG B. GERALDO<br />

22 EEPG "HILTON FEDERICH" 2a BG B. GERALDO<br />

23 EEPG "PROF. ROQUE M. BARROS" 2a BG B. GERALDO<br />

24 EEPG "FÍSICO SÉRGIO P. PORTO " 2a BG CID. UNIVERSIT.<br />

25 EEPG "DOMINGOS DE ARAÚJO" 2a BG B. GERALDO<br />

26 EEPG "FRANCISCO ALVARES" 2a NA VILA LUTECIA<br />

27 EEPG "BAIRRO NOVA APARECIDA" 2a NA N. APARECIDA<br />

28 EEPG "MESSIAS GONÇALVES TEIXEIRA" 2a NA N. APARECIDA<br />

29 EEPG "MIGUEL VICENTE CURY" 2a NA V. PE. ANCHIETA<br />

30 EEPG "DORA M. MACIEL C. KANSO" 2a BG VILAGE<br />

31 EEPG "PROF. DR. PAULO M. ALBERNAZ" 2a NA N. APARECIDA<br />

32 EEPG "PROF. JOÃO FIORELLO REGINATO" 2a NA N. APARECIDA<br />

33 EEPG "PROF. MARCELINO VELEZ" 2a 04 V. PE. ANCHIETA<br />

34 EMPG "PE. JOSÉ NARCISO V. EHRENBERG" 2a 11 JD. SÃO MARCOS<br />

35 EMPG "PE. DOMINGOS ZATTI" 2a 11 PQ. FAZENDINHA<br />

36 EMPG "DR. JOÃO ALVES DOS SANTOS" 2a BG VILA BOA VISTA<br />

37 EMPG "PROFª DULCE B. NASCIMENTO" 2a BG GUARÁ<br />

Fonte: Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição, Secretaria da Educação, PMC, 1993.<br />

Os da<strong>do</strong>s para esta análise foram encontra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> um levantamento sobre as<br />

condições <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> cada escola da re<strong>de</strong> 11 realiza<strong>do</strong> pela Prefeitura Municipal <strong>de</strong><br />

<strong>Campinas</strong> <strong>em</strong> 1993, i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> cada unida<strong>de</strong> escolar e abordan<strong>do</strong> os aspectos <strong>de</strong>: número<br />

11 Levantamento das Condições <strong>do</strong> Setor <strong>de</strong> Alimentação nas Unida<strong>de</strong>s <strong>Escolar</strong>es, Divisão <strong>de</strong> Apoio - Nutrição,<br />

secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação, Prefeitura <strong>do</strong> Município <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, 1993.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

<strong>de</strong> alunos, presença <strong>de</strong> meren<strong>de</strong>ira, condições das instalações (dimensões, equipamentos e<br />

utensílios) e características <strong>do</strong> refeitório e da área <strong>de</strong> armazenamento <strong>do</strong>s gêneros. Também<br />

foram feitas visitas a algumas escolas da re<strong>de</strong>, com objetivo <strong>de</strong> verificar as informações<br />

contidas nos formulários da Prefeitura.<br />

Foi atribuída uma pontuação para estas informações:<br />

- 0 (zero) para a escola que, <strong>em</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> it<strong>em</strong>, não t<strong>em</strong> as condições mínimas;<br />

- 1 (um) para a escola que aten<strong>de</strong> parcialmente aquele it<strong>em</strong>;<br />

- 2 (<strong>do</strong>is) para a escola que apresenta boas condições no it<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> para a<br />

elaboração da merenda.<br />

Os critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> cada it<strong>em</strong> estão apresenta<strong>do</strong>s no Quadro 7.<br />

Os pontos <strong>de</strong> cada característica levantada por escola são mostra<strong>do</strong>s na Tabela 4 on<strong>de</strong><br />

está indica<strong>do</strong> para cada unida<strong>de</strong> escolar, representada por um número <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m, o número <strong>de</strong><br />

alunos <strong>do</strong> Ciclo Básico (C.B.), o número <strong>de</strong> alunos que receb<strong>em</strong> <strong>Merenda</strong> Regular (M.R.) e<br />

as pontuações obtidas para cada um <strong>do</strong>s oito itens, segun<strong>do</strong> os critérios a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s acima.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Quadro 7: Pontos atribuí<strong>do</strong>s para cada característica das escolas da região S.A.R. Norte <strong>de</strong><br />

<strong>Campinas</strong>, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento da <strong>Merenda</strong>.<br />

it<strong>em</strong> avalia<strong>do</strong>: pontos Características 12<br />

I 0 não existe<br />

meren<strong>de</strong>ira 1 servente com função <strong>de</strong> meren<strong>de</strong>ira<br />

2 meren<strong>de</strong>ira<br />

II 0 até 10 m2<br />

área da 1 <strong>de</strong> 10 a 20 m2<br />

cozinha 2 acima <strong>de</strong> 20 m2<br />

III 0 somente fogão<br />

equipamentos 1 fogão e gela<strong>de</strong>ira<br />

principais 2 fogão, gela<strong>de</strong>ira e freezer<br />

IV 0 não existe<br />

equipamentos 1 se a soma <strong>do</strong>s equipamentos for menor que 2<br />

auxiliares* 2 se a soma <strong>do</strong>s equipamentos for igual ou maior que 2<br />

V 0 se falta algum it<strong>em</strong> entre cal<strong>de</strong>irão, panela, concha, escuma<strong>de</strong>ira e colher <strong>de</strong> pau.<br />

utensílios <strong>de</strong> 1 se a soma da Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os itens for menor que 10<br />

preparo 2 se a soma da Quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os itens for igual ou maior que 10<br />

VI 0 se não tiver pratos n<strong>em</strong> canecas<br />

utensílios 1 se o número <strong>de</strong> pratos for menor que o número máximo <strong>de</strong> alunos num perío<strong>do</strong><br />

para servir 2 se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pratos for igual ou maior que o número máximo <strong>de</strong> alunos num<br />

perío<strong>do</strong><br />

VII 0 não existe<br />

refeitório 1 lugar adapta<strong>do</strong><br />

2 com refeitório<br />

VIII 0 não existe<br />

dispensa 1 alimentos armazena<strong>do</strong>s <strong>em</strong> prateleira na cozinha ou lugar adapta<strong>do</strong><br />

2 dispensa organizada<br />

* Liqüidifica<strong>do</strong>r e Bate<strong>de</strong>ira <strong>do</strong>méstico = 1ponto; Liqüidifica<strong>do</strong>r e Bate<strong>de</strong>ira industrial = 2 pontos<br />

Os itens classifica<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cada escola foram separa<strong>do</strong>s <strong>em</strong> fundamentais e<br />

prescindíveis. Os fundamentais são: (II) área da cozinha, (III) equipamentos principais, (V)<br />

utensílios <strong>de</strong> preparo e (VI) utensílios para servir. Estes são caracteriza<strong>do</strong>s por ser<strong>em</strong> básicos<br />

para a preparação da merenda, e s<strong>em</strong> eles consi<strong>de</strong>ra-se ina<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> servir a merenda no<br />

perío<strong>do</strong> escolar. Os prescindíveis são: (I) presença <strong>de</strong> meren<strong>de</strong>ira, (IV) equipamentos<br />

auxiliares, (VII) existência <strong>de</strong> refeitório e (VIII) existência <strong>de</strong> dispensa. Estes últimos, apesar<br />

<strong>de</strong> importantes e necessários, po<strong>de</strong>m ser substituí<strong>do</strong>s e na sua ausência ainda é possível<br />

preparar a merenda.<br />

12 Itens e características <strong>do</strong>s itens são os mesmos utiliza<strong>do</strong>s por Galeazzi et al (1995): Aplicação das Recomendações da<br />

Fundação <strong>de</strong> Assistência ao estudante na Gestão <strong>do</strong> <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> Alimentação ao <strong>Escolar</strong>, in Em Aberto, Brasília, 15<br />

(67):116-23, jul/set 1995, <strong>em</strong>bora a meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> pontuação a<strong>do</strong>tada neste trabalho seja própria.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Finalmente, a pontuação total <strong>de</strong> cada escola, para refletir o seu grau <strong>de</strong><br />

aparelhamento para servir a merenda às crianças, foi feita <strong>de</strong> duas formas: a primeira é<br />

simplesmente soman<strong>do</strong>-se os pontos <strong>de</strong> cada quesito, a segunda é atribuin<strong>do</strong> valor 0 no caso<br />

da escola não aten<strong>de</strong>r algum <strong>do</strong>s itens fundamentais. Esta pontuação é mostrada na Tabela 4<br />

na coluna “Avaliação da Escola”.<br />

Cabe salientar que os da<strong>do</strong>s da Tabela 4 foram estabeleci<strong>do</strong>s com base nas<br />

informações fornecidas pelos diretores das escolas. Para o it<strong>em</strong> 1, meren<strong>de</strong>ira, apesar <strong>de</strong><br />

constar 0 <strong>em</strong> algumas unida<strong>de</strong>s escolares, é certo que a escola contava com alguém<br />

encarrega<strong>do</strong> da preparação da merenda.<br />

As escolas foram então agrupadas <strong>em</strong> três categorias, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com sua pontuação:<br />

- Insatisfatório, quan<strong>do</strong> a escola recebeu pontuação zero ou não atingiu 8 pontos, isto<br />

é, n<strong>em</strong> alcançou nos oito quesitos a pontuação 1.<br />

- Regular quan<strong>do</strong> atingiu <strong>de</strong> 8 a 12 pontos, ou seja, <strong>em</strong> torno da meta<strong>de</strong> <strong>do</strong>s quesitos<br />

satisfatórios e os <strong>de</strong>mais regulares.<br />

- Satisfatória, com 13 a 16 pontos, com boas condições na maioria <strong>do</strong>s quesitos.<br />

De acor<strong>do</strong> com este critério, classificaram-se 34 das 37 escolas da região<br />

administrada pela SAR-Norte. Não foram classificadas 3 escolas <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à falta <strong>de</strong><br />

informações. Das 34 escolas, encontraram-se 12 com condições satisfatórias para a<br />

preparação da merenda, 14 com condições regulares e 8 com condições insatisfatórias ou<br />

precárias. Este quadro, como po<strong>de</strong> ser observa<strong>do</strong> na Tabela 5, <strong>de</strong>monstra que as condições<br />

<strong>de</strong> preparação da alimentação na escola são probl<strong>em</strong>áticas, o que dificulta um planejamento<br />

para a diversificação <strong>do</strong> cardápio ou para a incorporação <strong>de</strong> novos gêneros alimentícios na<br />

merenda.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Tabela 4: Pontuação obtida por cada Unida<strong>de</strong> <strong>Escolar</strong>, total e para cada it<strong>em</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />

as condições <strong>de</strong> preparação da merenda.<br />

Unida<strong>de</strong> Nº <strong>de</strong> alunos ITENS Avaliação<br />

<strong>Escolar</strong> CB MR I II III IV V VI VII VIII da Escola<br />

01 - 410 2 2 2 2 0 0 2 2 0<br />

02 392 946 1 2 2 2 2 2 2 2 15<br />

03 120 527 1 1 2 1 2 2 1 2 12<br />

04 246 675 1 2 2 2 2 2 1 2 14<br />

05 148 573 0 2 2 2 2 1 1 2 12<br />

06 150 420 0 1 2 2 2 2 1 2 12<br />

07 536 826 1 1 2 2 0 1 1 2 0<br />

08 322 973 2 2 2 2 2 1 2 1 14<br />

09 199 801 s/d - - - - - - - -<br />

10 170 74 0 0 0 1 0 0 2 2 0<br />

11 215 592 2 2 2 2 2 2 1 2 15<br />

12 182 404 1 1 2 2 2 2 1 2 13<br />

13 217 731 1 1 2 1 2 1 1 2 11<br />

14 248 616 2 2 2 1 2 2 1 2 14<br />

14 231 514 1 2 2 2 2 1 1 2 13<br />

16 163 642 1 2 2 2 2 2 1 2 14<br />

17 150 441 1 1 2 1 2 1 1 1 10<br />

18 0 250 s/d - - - - - - - -<br />

19 131 678 1 1 2 2 0 1 1 2 0<br />

20 176 512 2 2 2 1 0 2 1 2 0<br />

21 117 294 1 1 2 1 2 2 1 2 12<br />

22 137 449 2 1 2 2 2 2 1 2 14<br />

23 135 311 2 1 2 2 2 2 1 1 13<br />

24 0 375 0 1 1 1 2 2 1 1 9<br />

25 74 122 2 1 2 2 0 2 1 1 0<br />

26 91 154 1 1 2 2 2 1 1 2 12<br />

27 s/d s/d - - - - - - - -<br />

28 265 685 1 2 2 1 2 1 1 2 12<br />

29 282 941 1 2 1 2 0 2 1 2 0<br />

30 83 245 1 1 2 1 2 2 1 2 12<br />

31 54 145 1 2 2 2 2 1 1 1 12<br />

32 207 574 0 1 2 1 0 1 1 2 0<br />

33 127 548 1 1 2 2 2 1 1 2 12<br />

34 - 990 1 2 1 1 2 1 2 2 12<br />

35 - 708 1 1 1 1 2 2 1 1 10<br />

36 - 930 2 2 1 2 1 2 2 2 14<br />

37 - 627 2 2 1 2 2 2 2 2 15<br />

CB: Ciclo Básico; MR: <strong>Merenda</strong> Regular.<br />

s/d: s<strong>em</strong> da<strong>do</strong>s.<br />

Fonte: Divisão <strong>de</strong> Apoio - Nutrição, Secretaria Municipal <strong>de</strong> educação, P.M.C., 1993.<br />

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Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

Tabela 5: Avaliação das condições <strong>de</strong> aparelhamento das escolas da região S.A.R. Norte<br />

para o atendimento <strong>do</strong> serviço <strong>de</strong> merenda escolar<br />

Condições Nº <strong>de</strong> Escolas Porcentag<strong>em</strong> (%)<br />

Satisfatória 12 32.5<br />

Regular 14 37.8<br />

Insatisfatória 8 21.6<br />

s<strong>em</strong> da<strong>do</strong>s 3 8.1<br />

Total 37 100.0<br />

Detalhan<strong>do</strong> mais a avaliação das escolas, po<strong>de</strong>-se perceber uma graduação <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong><br />

cada categoria (satisfatória, regular ou insatisfatória), <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que algumas modificações <strong>de</strong><br />

pequeno porte po<strong>de</strong>riam alterar este cenário. É o caso da escola EEPG José Pedro <strong>de</strong><br />

Oliveira, <strong>em</strong> Barão Geral<strong>do</strong> que, apesar <strong>de</strong> b<strong>em</strong> equipada com cozinha, fogão, gela<strong>de</strong>ira e<br />

dispensa, somente carece <strong>de</strong> utensílios <strong>de</strong> preparo. Uma situação bastante diferente é<br />

encontrada na escola EEPG Ma Ymê <strong>de</strong> Carvalho Salatec no bairro Vila Nova, que é<br />

totalmente <strong>de</strong>sequipada. Nestes <strong>do</strong>is casos, os recursos financeiros necessários para um<br />

ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> efetivo no serviço <strong>de</strong> merenda são muito diferentes. Isto indica a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que se realize um planejamento consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> estas diferenças, antes que<br />

maiores investimentos sejam feitos, visan<strong>do</strong> principalmente o melhor aproveitamento <strong>do</strong>s<br />

recursos disponíveis.<br />

A classificação realizada aponta no mesmo senti<strong>do</strong> das reivindicações feitas, ainda<br />

<strong>em</strong> mea<strong>do</strong>s da década <strong>de</strong> 80, pela União <strong>do</strong>s Dirigentes Municipais sobre a experiência da<br />

<strong>de</strong>scentralização da merenda escolar no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Naquela época foram<br />

diagnostica<strong>do</strong>s como pontos críticos para o alcance das metas <strong>do</strong> programa, além da<br />

restrição orçamentária, a limitação <strong>de</strong> equipamentos nas escolas para a preparação da<br />

merenda e a falta <strong>de</strong> meren<strong>de</strong>iras.<br />

É importante observar que, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as atribuições <strong>de</strong>scritas no convênio <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, é responsabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Governo <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> a<br />

aquisição e manutenção <strong>do</strong>s equipamentos <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s ao programa. Na prática, esta<br />

ativida<strong>de</strong> é realizada quase s<strong>em</strong>pre com recursos municipais pois efetivamente o aparato <strong>do</strong><br />

Esta<strong>do</strong> não consegue aten<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os municípios e muito menos saber quais<br />

as suas necessida<strong>de</strong>s. Este fato, que sobrecarrega os cofres municipais, <strong>de</strong>ixa bastante<br />

25


Revista Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Debate, Vol. V, 1997.<br />

evi<strong>de</strong>nte o fato <strong>de</strong> que o conhecimento das condições específicas <strong>de</strong> cada escola é<br />

fundamental para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> investimentos <strong>em</strong> infra-estrutura.<br />

Finalmente é certo que, com as condições básicas <strong>de</strong> infra-estrutura satisfeitas nas<br />

escolas, abre-se um gran<strong>de</strong> leque <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> experimentação que permite a<strong>de</strong>quar a<br />

merenda às necessida<strong>de</strong>s da população alvo e aos objetivos <strong>do</strong> programa, sen<strong>do</strong> que este é<br />

um requisito fundamental para servir uma merenda <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

III - CONSIDERAÇÕES SOBRE A MERENDA ESCOLAR EM CAMPINAS<br />

O programa <strong>de</strong> merenda escolar no município <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong> quantitativamente<br />

funciona, uma vez que as crianças são atendidas nos 200 dias <strong>do</strong> ano letivo, entretanto as<br />

metas propostas na política <strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralização não são cumpridas.<br />

Apesar <strong>do</strong>s objetivos da municipalização da merenda ser<strong>em</strong> b<strong>em</strong> específicos, o que<br />

ocorre na prática é significativamente diferente. Com relação às atribuições <strong>do</strong>s convênios,<br />

mostradas nos quadros 1 e 2, v<strong>em</strong>os que o Esta<strong>do</strong> somente faz o repasse <strong>de</strong> verbas, que,<br />

segun<strong>do</strong> os administra<strong>do</strong>res <strong>do</strong> programa, ainda é insuficiente, não prestan<strong>do</strong> nenhuma<br />

assessoria ao Município n<strong>em</strong> investin<strong>do</strong> na infra-estrutura das escolas. O Governo Fe<strong>de</strong>ral,<br />

que também repassa recursos, ainda não conseguiu controlar a<strong>de</strong>quadamente o processo <strong>de</strong><br />

municipalização. A Prefeitura, como já foi discuti<strong>do</strong>, t<strong>em</strong> dificulda<strong>de</strong>s administrativas:<br />

recursos humanos insuficientes e com capacitação ina<strong>de</strong>quada, além <strong>de</strong> não reunir o<br />

conselho da merenda <strong>de</strong> maneira rotineira, conforme previsto na própria legislação.<br />

Quanto à merenda servida nas escolas o cardápio proposto não aten<strong>de</strong>, n<strong>em</strong> diária,<br />

n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>analmente, as recomendações nutricionais <strong>de</strong> energia e proteína estipuladas por lei,<br />

muito menos <strong>de</strong> micronutrientes como cálcio, ferro, vitamina A, vitamina C e vitaminas <strong>do</strong><br />

Complexo B. O aumento da utilização <strong>de</strong> formula<strong>do</strong>s melhorou um pouco a cobertura<br />

nutricional <strong>do</strong> programa, entretanto aumentou a distância com relação às metas da<br />

municipalização nos termos <strong>do</strong> respeito aos hábitos locais. O estímulo à produção <strong>de</strong><br />

alimentos da região, ao comércio ou à indústria, são cada vez mais objetivos pertencentes ao<br />

discurso e não à ação, evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> assim o não envolvimento da comunida<strong>de</strong>.<br />

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A alimentação escolar, vista como uma política pública, requer etapas <strong>de</strong><br />

planejamento tais como: discussão com os grupos envolvi<strong>do</strong>s; mensuração e estu<strong>do</strong> da<br />

população afetada; avaliação das repercussões; estimativas <strong>de</strong> custos. Uma vez o programa<br />

<strong>em</strong> andamento, o processo analítico se intensifica no intuito <strong>de</strong> avaliar e corrigir as ações<br />

<strong>em</strong>preendidas. Focalizan<strong>do</strong> o município <strong>de</strong> <strong>Campinas</strong>, toda <strong>de</strong>scrição <strong>do</strong> processo passa à<br />

marg<strong>em</strong> <strong>de</strong>stas análises, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> um enorme vazio entre o discurso inicial “O Esta<strong>do</strong> vai<br />

alimentar seus escolares...” e o que realmente ocorre. Não se po<strong>de</strong>m discutir as falhas <strong>do</strong><br />

processo avaliatório, pois ele sequer existe. Desta maneira, os avanços e retrocessos na<br />

operacionalização <strong>do</strong> programa não representam nenhum ganho <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> no serviço<br />

presta<strong>do</strong>.<br />

A ausência <strong>de</strong>sta reflexão, que <strong>de</strong>veria ocorrer no interior <strong>do</strong> corpo gestor <strong>do</strong><br />

programa, faz com que os probl<strong>em</strong>as básicos sejam o começo e o fim da questão. Pergunta-<br />

se então, se faltam recursos, pessoal e infra-estrutura, o que po<strong>de</strong>ria ser feito senão conseguir<br />

mais recursos, pessoal e infra-estrutura? Desta maneira, os probl<strong>em</strong>as, como <strong>de</strong> fato<br />

acontece, continuam.<br />

Os principais pontos <strong>de</strong> estrangulamento da merenda <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> estão na<br />

impl<strong>em</strong>entação e operacionalização. Propositadamente o programa <strong>de</strong> merenda escolar <strong>em</strong><br />

<strong>Campinas</strong> foi <strong>de</strong>scrito na seqüência: estrutura burocrática da Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>ria <strong>de</strong> Nutrição;<br />

processo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> gêneros; estoque; distribuição às escolas; formulação <strong>do</strong> cardápio<br />

e, por último consi<strong>de</strong>rações sobre as unida<strong>de</strong>s escolares. Desenha-se assim um fluxograma<br />

inverti<strong>do</strong> <strong>de</strong> operacionalização da merenda, on<strong>de</strong> o cardápio elabora<strong>do</strong>, quase na ponta final<br />

<strong>do</strong> processo, é conseqüência das condições operacionais da Prefeitura e não a orig<strong>em</strong> <strong>do</strong><br />

programa. Desta forma, no máximo, cumpre-se o que é possível.<br />

O planejamento <strong>do</strong> programa <strong>de</strong>veria começar com as metas a ser<strong>em</strong> atingidas,<br />

consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as escolas e o público alvo, trabalhan<strong>do</strong> as diferenças <strong>de</strong> forma mais a<strong>de</strong>quada<br />

e respeitan<strong>do</strong> as nuances <strong>de</strong> necessida<strong>de</strong>s da clientela. Para tanto é necessário um cardápio<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, que cumpra as metas propostas pela municipalização, uma estrutura <strong>de</strong><br />

distribuição eficiente, condições <strong>de</strong> estocag<strong>em</strong> e armazenamento que garantam o<br />

abastecimento das unida<strong>de</strong>s escolares e, finalmente, um processo burocrático ágil, que não<br />

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bloqueie as ações <strong>do</strong>s toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão que necessariamente precisam ter maior contato<br />

com a comunida<strong>de</strong>, direta ou indiretamente, discutin<strong>do</strong> com os diretores e/ou responsáveis<br />

pela merenda nas unida<strong>de</strong>s escolares. Cabe ressaltar que o atendimento às escolas faz parte<br />

das atribuições da Prefeitura <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com programa <strong>de</strong> municipalização <strong>de</strong> 1983.<br />

Como observa a União <strong>do</strong>s Dirigentes Municipais, a situação da merenda escolar,<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o final da década <strong>de</strong> 80 até os dias <strong>de</strong> hoje, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da experiência da<br />

<strong>de</strong>scentralização no Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, não mu<strong>do</strong>u significativamente. Além disso, a<br />

discussão com respeito à eficácia da merenda s<strong>em</strong>pre teve dificulda<strong>de</strong>s <strong>em</strong> ultrapassar as<br />

fronteiras da limitação orçamentária para aquisição <strong>de</strong> gêneros, conseguin<strong>do</strong> discutir, as<br />

vezes, reformulações burocráticas ou legais e o aprimoramento <strong>do</strong>s recursos físicos e<br />

humanos, até com propostas <strong>de</strong> longo prazo.<br />

Este trabalho consi<strong>de</strong>ra os recursos financeiros a burocracia e a infra-estrutura, tanto<br />

física quanto humana, como probl<strong>em</strong>as básicos. Mas, apesar <strong>de</strong>les, ou melhor, além <strong>de</strong>les<br />

exist<strong>em</strong> outras questões importantes que são pouco tratadas quan<strong>do</strong> os gestores discut<strong>em</strong><br />

sobre a merenda escolar e que v<strong>em</strong> a tona com as atuais propostas Fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> programa. Estas questões inclu<strong>em</strong> o aproveitamento <strong>do</strong>s recursos <strong>do</strong><br />

município e região, a discussão <strong>do</strong> abastecimento municipal <strong>de</strong> maneira integrada com os<br />

programas institucionais, a <strong>de</strong>scentralização das <strong>de</strong>cisões operacionais <strong>do</strong> programa, a<br />

efetiva impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> um cardápio varia<strong>do</strong> <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com a regionalida<strong>de</strong>, a<br />

diferenciação <strong>do</strong> atendimento a clientelas diferenciadas, o controle e a aproximação com o<br />

público alvo e, conseqüent<strong>em</strong>ente, a maior aceitação <strong>do</strong> programa por parte <strong>de</strong>ssa população.<br />

Po<strong>de</strong>-se perceber a dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> programa <strong>de</strong> merenda, estrutura<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> muitos anos<br />

como um programa <strong>de</strong> supl<strong>em</strong>entação alimentar <strong>de</strong> controle Fe<strong>de</strong>ral e movimentan<strong>do</strong><br />

gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> alimentos e recursos, <strong>em</strong> interagir operacionalmente com estruturas<br />

menores. Assim, no município, repet<strong>em</strong>-se os mesmos vícios <strong>de</strong> centralização <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e<br />

distanciamento <strong>do</strong> público alvo, como cópia <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo centraliza<strong>do</strong> <strong>em</strong> escala reduzida.<br />

Po<strong>de</strong>-se afirmar que a maior dificulda<strong>de</strong> <strong>do</strong> programa municipaliza<strong>do</strong> nas gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s é<br />

per<strong>de</strong>r sua vocação paternalista e centraliza<strong>do</strong>ra.<br />

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Em <strong>Campinas</strong>, o programa mostra-se incapaz <strong>de</strong> atingir suas metas mais mo<strong>de</strong>stas e<br />

<strong>de</strong> ser uma ativida<strong>de</strong> que envolva a participação da socieda<strong>de</strong>, como po<strong>de</strong>-se perceber pela<br />

não reunião <strong>do</strong> Conselho <strong>de</strong> <strong>Merenda</strong> instituí<strong>do</strong> legalmente.<br />

Assim, é necessário discutir o papel <strong>do</strong> aparato burocrático da Prefeitura frente a<br />

novas <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> organização. Deveria ocorrer, <strong>de</strong> fato, um planejamento <strong>do</strong> programa <strong>de</strong><br />

merenda <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> claros os objetivos, as metas a ser<strong>em</strong> atingidas e os meios para cumprir<br />

estas metas. Somente a explicitação <strong>de</strong>stas etapas permite a elaboração <strong>de</strong> mecanismos que<br />

permitam monitorar e controlar o programa e finalmente a construção <strong>de</strong> um processo<br />

avaliatório.<br />

A falta <strong>de</strong> uma avaliação sist<strong>em</strong>ática da merenda escolar <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong> é um<br />

<strong>em</strong>pecilho para i<strong>de</strong>ntificar alternativas <strong>de</strong> reestruturação <strong>do</strong> papel <strong>do</strong>s toma<strong>do</strong>res <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

<strong>do</strong> programa. Entretanto, parece interessante pensar na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> incorporar, <strong>de</strong>ntro da<br />

estrutura administrativa, gestores com a atribuição <strong>de</strong> controlar a execução <strong>do</strong> programa<br />

elabora<strong>do</strong>.<br />

Além da mudança no caráter da gestão, a <strong>de</strong>scentralização <strong>do</strong> PNAE po<strong>de</strong> ser<br />

aproveitada como uma possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação para o exercício <strong>do</strong>s direitos e autonomia<br />

da gestão municipal, com maior controle <strong>do</strong>s recursos públicos. Assim, a alimentação<br />

escolar po<strong>de</strong> ser potencializada, se planejada <strong>em</strong> conjunto entre várias áreas <strong>de</strong> atuação <strong>do</strong><br />

po<strong>de</strong>r público, como Abastecimento, Saú<strong>de</strong>, Promoção Social e Cultura, Esporte e Turismo,<br />

junto com a população alvo. Desta maneira, o programa <strong>de</strong> merenda, associa<strong>do</strong> à infra-<br />

estrutura municipal <strong>de</strong> serviços, po<strong>de</strong> auxiliar o <strong>de</strong>senvolvimento social <strong>do</strong> indivíduo. É<br />

importante l<strong>em</strong>brar que a integração <strong>de</strong> vários serviços, buscan<strong>do</strong> aten<strong>de</strong>r melhor a<br />

comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> não somente <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r público, mas também da socieda<strong>de</strong>,<br />

reivindican<strong>do</strong> melhorias para sua condição <strong>de</strong> vida.<br />

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IV- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS<br />

CHAIM, Nuria Abrahão Projeto <strong>de</strong> merenda escolar <strong>em</strong> gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s - O caso <strong>de</strong><br />

<strong>Campinas</strong>. Relatório final <strong>de</strong> iniciação científica da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong><br />

Alimentos, SAE/UNICAMP. <strong>Campinas</strong>, 1995.<br />

DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA AO ESCOLAR (SP) Municipalização da<br />

<strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong>. São Paulo: Secretaria <strong>de</strong> Esta<strong>do</strong> da Educação, 1986.<br />

ESTUDO NACIONAL DE DESPESA FAMILIAR. Tabelas <strong>de</strong> composição <strong>do</strong>s alimentos.<br />

Brasília: Fundação Instituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e Estatística, 1977.<br />

ITACARAMBI, Paulo Augusto Oliveira <strong>Programa</strong> Municipal <strong>de</strong> Alimentação e<br />

Desenvolvimento Rural. Breve análise <strong>de</strong> seus resulta<strong>do</strong>s. São Paulo: CEPAM,<br />

nov<strong>em</strong>bro <strong>de</strong> 1986.<br />

NATIONAL RESEARCH COUNCIL. Recommen<strong>de</strong>d Dietary Allowances. 9 ed.<br />

Washington: National Aca<strong>de</strong>my Press, 1980.<br />

SILVA, Mara Reis e NAVES, Maria Margareth Veloso (org.). Manual <strong>de</strong> nutrição e<br />

dietética - Guia prático para o acadêmico <strong>de</strong> Nutrição. Goiânia: Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Goiás, 1994. 151 p.<br />

UNDIME. <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong> e a Questão da Municipalização. São José <strong>do</strong>s Campos:<br />

União <strong>do</strong>s Dirigentes Municipais <strong>de</strong> Educação <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo, junho <strong>de</strong><br />

1987.<br />

VANNUCCHI, Hélio et al. Aplicações das Recomendações Nutricionais à População<br />

Brasileira. Ca<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong> Nutrição SBAN, v.2, 1990.<br />

VIANNA, Rodrigo Pinheiro <strong>de</strong> Tole<strong>do</strong> O <strong>Programa</strong> <strong>de</strong> <strong>Merenda</strong> <strong>Escolar</strong>: subsídios para o<br />

planejamento <strong>do</strong> programa <strong>em</strong> <strong>Campinas</strong>. Dissertação <strong>de</strong> Mestra<strong>do</strong> apresentada na<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenharia Agrícola/UNICAMP. <strong>Campinas</strong>, 1997.<br />

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