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DISSERTAÇÃO DE MESTRADO - Universidade Estadual de Londrina

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<strong>de</strong>terminando ao seu conhecedor po<strong>de</strong>res divinos ou <strong>de</strong>moníacos, a utilização<br />

estava sempre associada a um contexto <strong>de</strong> relação social (CARNEIRO, 1993).<br />

O principal problema social associado ao uso <strong>de</strong> substâncias está na<br />

comercialização <strong>de</strong>sses produtos, que envolve relações <strong>de</strong> produção e reprodução,<br />

<strong>de</strong> riqueza, po<strong>de</strong>r e simbologia, em um contexto em que essas mercadorias tornam-<br />

se fetiches <strong>de</strong> consumo. O mercado <strong>de</strong> drogas tem as características do capitalismo<br />

globalizado, organizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a produção até sua distribuição, envolvendo técnicas<br />

<strong>de</strong> extrema capilarida<strong>de</strong>, envolvendo todas as camadas sociais, possibilitando<br />

acumulação <strong>de</strong> capital ilícito. Tal fato ocorre <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>manda cada vez mais<br />

crescente (MINAYO, 2003).<br />

O crescimento da vulnerabilida<strong>de</strong> social, a <strong>de</strong>sfiliação, a segregação e a<br />

pobreza são efeitos <strong>de</strong> uma política neoliberal adotada pela economia<br />

globalizada que engendra, em última instância, a precarieda<strong>de</strong> das<br />

relações <strong>de</strong> trabalho e cuja conseqüência direta é a <strong>de</strong>sestruturação do<br />

emprego e o surgimento <strong>de</strong> uma classe crescente <strong>de</strong> miseráveis. Cada vez<br />

mais cedo tem início a busca às drogas, a venda do próprio corpo e o<br />

tráfico <strong>de</strong> drogas (SOUZA, 2005).<br />

Frente a esse quadro social, a utilização <strong>de</strong> drogas é um recurso na busca <strong>de</strong><br />

sentimentos <strong>de</strong> pertença e <strong>de</strong> reconhecimento pelo outro, ainda que<br />

temporariamente (SOUZA, 2005).<br />

Segundo Espinheira (2004), a <strong>de</strong>sestabilização social, em <strong>de</strong>corrência da<br />

reestruturação produtiva do capital gerou <strong>de</strong>sarranjo em todas as suas dimensões,<br />

levando ao <strong>de</strong>senvolvimento da individualização, influindo na formação familiar e das<br />

relações sociais. Tal situação revela a realida<strong>de</strong> dramática <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social e<br />

<strong>de</strong> solidão generalizada, quadro propício para alteração do estado <strong>de</strong> consciência.<br />

A obtenção do prazer oriundo do uso <strong>de</strong> substância psicoativa, o alívio do mal estar<br />

fazem da droga um “po<strong>de</strong>roso objeto <strong>de</strong> consumo”.<br />

Conforme Carneiro (1993), o conceito da droga na socieda<strong>de</strong> contemporânea<br />

se <strong>de</strong>senvolveu segundo contexto moral judaico cristão, com apoio da medicina,<br />

durante os séculos XVII e XVIII.<br />

Segundo Goffman (apud MORAES, 2005), a igreja e a medicina apareciam<br />

como semelhantes e igualmente ilustres, já que ambas tinham as duas missões mais<br />

importantes da existência, a saber, a consolação das almas e o alívio dos<br />

sofrimentos. Essa concepção dos médicos como „padre dos corpos‟ eleva<br />

significativamente o status <strong>de</strong>sses profissionais, diferenciando-os dos <strong>de</strong>mais.<br />

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