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uma reflexão centrada na aprendizagem no jogo de basquetebol

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UMA REFLEXÃO CENTRADA NA APRENDIZAGEM NO<br />

JOGO DE BASQUETEBOL<br />

António Paulo Ferreira<br />

Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Motricida<strong>de</strong> H<strong>uma</strong><strong>na</strong>; Lisboa<br />

Introdução<br />

Qualquer <strong>reflexão</strong> efectuada sobre o ensi<strong>no</strong> do <strong>jogo</strong> <strong>de</strong> <strong>basquetebol</strong>,<br />

<strong>de</strong>ve necessariamente ver implicada a citação <strong>de</strong> Hermínio Barreto.<br />

Tendo <strong>no</strong>s últimos a<strong>no</strong>s, centrado a sua preocupação <strong>no</strong> processo <strong>de</strong><br />

ensi<strong>no</strong> e <strong>aprendizagem</strong> do Jogo, trata-se <strong>de</strong> <strong>uma</strong> perso<strong>na</strong>lida<strong>de</strong>, cuja<br />

vida e obra marca incontor<strong>na</strong>velmente a existência do <strong>basquetebol</strong><br />

português. Num momento em que um virar <strong>de</strong> pági<strong>na</strong> da vida<br />

profissio<strong>na</strong>l, se apresenta diante do Professor Hermínio Barreto,<br />

julgamos que <strong>uma</strong> justa forma <strong>de</strong> home<strong>na</strong>gem, é recriar alguns temas<br />

que têm <strong>no</strong>rteado as suas preocupações enquanto professor <strong>de</strong><br />

<strong>basquetebol</strong>. É o que procuramos fazer com a presente <strong>reflexão</strong>. O seu<br />

objectivo, ao mesmo tempo que procuramos participar nesta forma <strong>de</strong><br />

home<strong>na</strong>gem ao professor, é dar vida em jeito <strong>de</strong> <strong>reflexão</strong>, a alg<strong>uma</strong>s<br />

das temáticas que ao longo dos últimos a<strong>no</strong>s têm sido motivos <strong>de</strong><br />

conversa, discussão e opinião conjunta. Sempre com o calor e amiza<strong>de</strong><br />

contagiantes que <strong>no</strong>s é reconhecido <strong>no</strong> inigualável Professor Hermínio.<br />

Ensi<strong>na</strong>r o Suficiente Para a Esperar a Aprendizagem<br />

“Não ensine muito, espere que eles aprendam bastante”. É <strong>uma</strong><br />

expressão marcada por um significativo conteúdo pedagógico, que em<br />

muito reflecte as necessida<strong>de</strong>s do processo ensi<strong>no</strong>-<strong>aprendizagem</strong> do<br />

<strong>jogo</strong> <strong>de</strong> <strong>basquetebol</strong>. Fundamentalmente, <strong>na</strong>s suas primeiras etapas.<br />

Não se trata ape<strong>na</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong> frase extraordinária por aquilo que<br />

objectivamente a expressão <strong>no</strong>s diz, mas sobretudo pela implícita<br />

<strong>reflexão</strong> a que <strong>no</strong>s remete. Afi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> contas, como será possível<br />

proporcio<strong>na</strong>r aprendizagens bastantes, sem contudo, se ensi<strong>na</strong>r muito?<br />

Se pudéssemos caracterizar s<strong>uma</strong>riamente o <strong>jogo</strong> <strong>de</strong> <strong>basquetebol</strong><br />

praticado pelos jovens aprendizes, diríamos que se trata <strong>de</strong> um <strong>jogo</strong><br />

confuso, marcado por um si<strong>na</strong>l sobre o qual tudo <strong>de</strong>corre: a forte<br />

atracção pela bola. Como afirma Lima (1988), a bola é mágica, e <strong>de</strong><br />

facto, a dimensão da magia que ela representa, assume-se nesta<br />

primária etapa <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> do <strong>jogo</strong>, como um factor prejudicial em<br />

relação ao seu <strong>de</strong>senrolar. Aliada à falta <strong>de</strong> domínio dos fundamentos<br />

técnicos do <strong>basquetebol</strong> e à inexistência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> consciência clara das<br />

regras básicas, o <strong>jogo</strong> tem a <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>ção que <strong>no</strong>rmalmente atribuímos


<strong>de</strong> Anárquico. A questão anterior continua pertinente mas agora<br />

contextualizada: como será possível perante um quadro tão alargado <strong>de</strong><br />

problemas que o Jogo apresenta, conseguir que se aprenda bastante<br />

sem ter necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ensi<strong>na</strong>r muito? Será possível?<br />

Mais do que se levada à letra a expressão convida à <strong>reflexão</strong>. Porque <strong>de</strong><br />

facto este é um problema típico que <strong>no</strong>s parece actual e presente <strong>no</strong>s<br />

mais diversos contextos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> e <strong>aprendizagem</strong> dos <strong>jogo</strong>s<br />

<strong>de</strong>sportivos colectivos em geral, e do <strong>basquetebol</strong> em particular. Seja<br />

<strong>no</strong> âmbito das práticas escolares, seja <strong>no</strong> caso das activida<strong>de</strong>s<br />

praticadas <strong>no</strong> clube, como é o <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>do mini-<strong>basquetebol</strong>. Como se<br />

<strong>de</strong>preen<strong>de</strong>, a expressão <strong>de</strong> Hermínio Barreto, não <strong>de</strong>sresponsabiliza o<br />

professor/trei<strong>na</strong>dor da sua função <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>dor. Vem sobretudo alertálo<br />

para um cuidado criterioso <strong>na</strong> construção <strong>de</strong> contextos e<br />

implementação <strong>de</strong> estratégias que, se esperam, sejam favorecedoras da<br />

<strong>aprendizagem</strong>.<br />

A mensagem <strong>de</strong>ixada por esta enigmática expressão, parece ao <strong>no</strong>sso<br />

olhar, conter três i<strong>de</strong>ias fortes que do ponto <strong>de</strong> vista pedagógico<br />

merecem um <strong>de</strong>staque particular:<br />

• a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> não ensi<strong>na</strong>r muito <strong>de</strong>ve ser compreendida <strong>na</strong> perspectiva<br />

<strong>de</strong> se ensi<strong>na</strong>r o que é preciso. Esta i<strong>de</strong>ia supõe <strong>uma</strong> a<strong>de</strong>quada<br />

hierarquização das priorida<strong>de</strong>s do ensi<strong>no</strong>. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se efectuar<br />

<strong>uma</strong> avaliação diag<strong>no</strong>stica e a sua confrontação com o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> <strong>jogo</strong><br />

a seguir (que requer a clarificação <strong>de</strong> objectivos a médio e longo prazo),<br />

<strong>de</strong>ve dar aos conteúdos <strong>uma</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s, cuja<br />

sequencialização <strong>de</strong>ve estar <strong>no</strong> sentido do enriquecimento gradual que<br />

o nível <strong>de</strong> <strong>jogo</strong> <strong>de</strong>ve apresentar. De facto, não é necessário ensi<strong>na</strong>r<br />

muito. O importante é que se <strong>de</strong>fi<strong>na</strong>m objectivos, seleccionem<br />

conteúdos e se organizam meios e estratégias coerentes e a<strong>de</strong>quadas<br />

com e para cada etapa <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. Nesta perspectiva, o que é<br />

importante é ensi<strong>na</strong>r o que é preciso.<br />

• a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r bastante, <strong>no</strong> caso do <strong>basquetebol</strong>, supõe a<br />

promoção <strong>de</strong> comportamentos <strong>de</strong> leitura das diferentes situações do<br />

<strong>jogo</strong> e <strong>uma</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão ajustada a tais situações.<br />

A pouco e pouco, um domínio progressivamente mais seguro das<br />

diferentes técnicas que po<strong>de</strong>m dar resposta às diversas situações que o<br />

<strong>jogo</strong> impõe. Neste sentido só a criação <strong>de</strong> contextos <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong><br />

que apelem à i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> si<strong>na</strong>is, à sua interpretação e consequente<br />

acção, permitem a construção <strong>de</strong> um reportório que prograssivamente<br />

se torne em aprendizagens bastantes.


• fi<strong>na</strong>lmente, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que a <strong>aprendizagem</strong> ultrapassa em muito o<br />

esforço <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>; o que significa afirmar que existem muitas outras<br />

formas <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que estão muito para além das situações<br />

formais <strong>de</strong> aula ou <strong>de</strong> trei<strong>no</strong>. A observação, a imitação, o ensaio e erro,<br />

são fontes <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que, sabemos, dão um contributo<br />

fundamental ao reforço e aperfeiçoamento das competências a<br />

apren<strong>de</strong>r. O projecto <strong>de</strong> intenções pedagógicas que quem ensi<strong>na</strong><br />

possui, não po<strong>de</strong> esquecer o potencial <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> que fica para lá<br />

da sua intervenção.<br />

Porém, o problema não está resolvido. O que fazer para se criarem<br />

ambientes <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> em que, o ensi<strong>no</strong> suficiente resulte em<br />

aprendizagens bastantes?<br />

Apren<strong>de</strong>r o Jogo. Como?<br />

Como resposta, que se quer rápida e tão directa quanto possível, a<br />

questões sempre difíceis <strong>de</strong> serem respondidas, diríamos que o Jogo<br />

constitui-se como o ambiente por excelência, <strong>no</strong> qual o ensi<strong>no</strong> das<br />

competências importantes po<strong>de</strong> resultar, em sólidas aprendizagens.<br />

“Apren<strong>de</strong>r o <strong>jogo</strong>, jogando”, é mais <strong>uma</strong> das célebres mensagens, que o<br />

legado do professor Hermínio Barreto <strong>no</strong>s <strong>de</strong>ixa a propósito do ensi<strong>no</strong><br />

do mini-<strong>basquetebol</strong>. Muito simplesmente, quer afirmar que é <strong>no</strong> Jogo e<br />

através <strong>de</strong>le, que se encontra a se<strong>de</strong> <strong>de</strong> todo o processo <strong>de</strong><br />

<strong>aprendizagem</strong>. O Jogo, é nesta visão um Fim, <strong>na</strong> medida em que ele<br />

próprio é objecto <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong>, mas também a Estratégia, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong><br />

ser o meio privilegiado através do qual toda a intervenção do praticante<br />

se refere. Thiess (1986) e Shallenberger (1990) (citados por Tavares e<br />

Faria, 1996) <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>m a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>jogo</strong>, como <strong>uma</strong> qualida<strong>de</strong><br />

característica do praticante <strong>de</strong> um <strong>jogo</strong> <strong>de</strong>sportivo colectivo. O<br />

entendimento do Jogo nesta perspectiva, vai <strong>de</strong> encontro à necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> assumir esta capacida<strong>de</strong> como o elemento nuclear <strong>de</strong> toda a<br />

<strong>aprendizagem</strong> do <strong>basquetebol</strong>. Esta, orienta-se pela qualida<strong>de</strong> da<br />

tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão, que não po<strong>de</strong>mos ter dúvidas, se constitui a base<br />

do saber jogar.<br />

Como observadores atentos da prática do mini-<strong>basquetebol</strong>, somos<br />

muitas vezes confrontados com jovens aprendizes cujo potencial técnico<br />

que apresentam, fica muito para além das respostas que vão<br />

oferecendo a cada <strong>uma</strong> das situações do <strong>jogo</strong>. O que preten<strong>de</strong>mos<br />

afirmar, é que não são raras as vezes, em que vemos jovens cuja<br />

riqueza dos argumentos técnicos que possuem, <strong>na</strong>da se relacio<strong>na</strong>m com


a qualida<strong>de</strong> das <strong>de</strong>cisões que tomam enquanto jogam. Não é invulgar,<br />

<strong>no</strong>s apercebermos <strong>de</strong> jovens que tratam a bola ”por tu”, mas muitas<br />

vezes, vemos tais praticantes a persistentemente, não darem a<br />

ofensivida<strong>de</strong> necessária ao seu drible. A propósito <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong>,<br />

julgamos mesmo que se “exercita muito e joga-se pouco” (Ferreira,<br />

2002). As estratégias e meios privilegiados para o ensi<strong>no</strong> do <strong>jogo</strong>,<br />

parecem centrar-se fundamentalmente <strong>na</strong>s diversas formas <strong>de</strong><br />

exercício, que a<strong>na</strong>liticamente exploram os comos e que raras vezes são<br />

ligados ao mundo imenso <strong>de</strong> circunstâncias que po<strong>de</strong>mos situar pelos<br />

“quandos”. Não se preten<strong>de</strong> afirmar que a técnica e o esforço para o<br />

seu permanente aperfeiçoamento, não ocupe um lugar importante <strong>no</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento do praticante. A questão central é que o seu ensi<strong>no</strong><br />

não po<strong>de</strong> nem <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong>senquadrado das exigências<br />

correspon<strong>de</strong>ntes a cada etapa <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> do Jogo. Por isso,<br />

apren<strong>de</strong>r a jogar, jogando, é <strong>uma</strong> sugestão que <strong>de</strong>ve <strong>no</strong>rtear toda a<br />

lógica do ensi<strong>no</strong> <strong>na</strong>s primeiras etapas <strong>de</strong> abordagem.<br />

Arriscamos a afirmá-lo, como <strong>uma</strong> proposta metodológica fundamental<br />

a seguir, cujo interesse se po<strong>de</strong> aplicar seja <strong>no</strong> contexto da escola, seja<br />

<strong>no</strong> do clube. Parece-<strong>no</strong>s existir um conjunto <strong>de</strong> vantagens que<br />

suportam esta i<strong>de</strong>ia-chave:<br />

• o Jogo é <strong>uma</strong> fonte <strong>de</strong> prazer; não parece existir nenhum outro tipo<br />

<strong>de</strong> proposta <strong>de</strong> prática que em si mesma, estimule um grau <strong>de</strong><br />

satisfação tão elevado como aquele que as diversas situações <strong>de</strong> <strong>jogo</strong><br />

<strong>de</strong>spertam. Sendo o prazer um argumento <strong>de</strong> peso que po<strong>de</strong> justificar a<br />

prática <strong>de</strong>sportiva juvenil, parece-<strong>no</strong>s que o interesse <strong>de</strong>sta proposta<br />

por si só é justificado;<br />

• são as diversas situações que o Jogo proporcio<strong>na</strong> que po<strong>de</strong>m levar o<br />

professor/trei<strong>na</strong>dor a criar com maior realismo as diferentes soluções<br />

para dar resposta aos problemas que se coloca. Só <strong>de</strong>sta forma é<br />

possível ligar o ensi<strong>no</strong> equilibrado da técnica e da táctica;<br />

• como essência <strong>de</strong> cooperação-oposição que é o Jogo, só ele próprio<br />

consegue recriar o ambiente ecológico on<strong>de</strong> essa dinâmica se<br />

<strong>de</strong>senrola;<br />

• <strong>no</strong> contributo que oferece ao <strong>de</strong>senvolvimento dos valores <strong>de</strong><br />

socialização do jovem a riqueza das relações que se estabelecem <strong>no</strong><br />

<strong>jogo</strong> é ímpar;


• <strong>no</strong> que ser refere à racio<strong>na</strong>lização dos recursos, <strong>no</strong>meadamente aos<br />

materiais, ape<strong>na</strong>s <strong>uma</strong> bola e um campo é o que o <strong>jogo</strong> requer.<br />

No entanto, nem tudo <strong>no</strong>s parece constituir vantagem. Existem<br />

contrarieda<strong>de</strong>s importantes nesta proposta, que passam por todo um<br />

conjunto <strong>de</strong> entraves pedagógicos que ao professor/trei<strong>na</strong>dor diz<br />

respeito. A necessida<strong>de</strong> do Jogo se constituir como um ambiente<br />

pedagogicamente a<strong>de</strong>quado e significativo, solicita ao condutor da<br />

activida<strong>de</strong> um quadro <strong>de</strong> requisitos que em muito dificulta a sua tarefa.<br />

Não po<strong>de</strong> ser <strong>uma</strong> activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> compromisso. Antes, <strong>de</strong>ve<br />

ser o elo <strong>de</strong> ligação entre as respostas dos praticantes e as exigências<br />

do professor/trei<strong>na</strong>dor. Parece-<strong>no</strong>s importante <strong>no</strong> âmbito da qualida<strong>de</strong><br />

da intervenção pedagógica realçar os seguintes aspectos:<br />

• a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> gestão equilibrada dos tipos e “timings” das<br />

intervenções sobre o <strong>jogo</strong>; quando parar o <strong>jogo</strong>?; que situações típicas<br />

do <strong>jogo</strong> merecem ser alvo <strong>de</strong> observação/intervenção?; que tipo <strong>de</strong><br />

soluções introduzirei?; quais as soluções mais a<strong>de</strong>quadas para cada um<br />

dos grupos nível? São questões didácticas que só um cuidado processo<br />

<strong>de</strong> planeamento e preparação da condução do ensi<strong>no</strong> po<strong>de</strong> resolver;<br />

• a importância da pertinência da informação transmitida; ensi<strong>na</strong>r o<br />

Jogo <strong>no</strong> próprio Jogo, requer <strong>uma</strong> sistematização muito preparada das<br />

alter<strong>na</strong>tivas que ajudam <strong>na</strong> resolução dos problemas concretos,<br />

apresentando ou não (conforme a estratégia <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> seleccio<strong>na</strong>da) os<br />

”comos“ mais apropriados;<br />

• a elaboração e gestão dos grupos <strong>de</strong> trabalho formados, <strong>no</strong> sentido<br />

<strong>de</strong> formar níveis <strong>de</strong> equilíbrio distintos <strong>na</strong>s diversas situações <strong>de</strong> <strong>jogo</strong><br />

pretendidas. Estes níveis <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>vem ter <strong>na</strong> base um<br />

posicio<strong>na</strong>mento didáctico em que <strong>uma</strong> vez mais, a antecipação das<br />

<strong>de</strong>cisões a tomar <strong>na</strong> condução da activida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem estar a cargo do<br />

professor/trei<strong>na</strong>dor;<br />

• <strong>uma</strong> gestão equilibrada da relação entre aquisição/competição, isto é,<br />

a necessária condução das situações <strong>de</strong> <strong>jogo</strong> que efectivamente sejam<br />

momentos <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>, mas que <strong>na</strong> realida<strong>de</strong> são efectuadas num<br />

ambiente <strong>de</strong> conflito em que a oposição está presente.<br />

Seguir este caminho não é <strong>uma</strong> tarefa fácil. Apesar das virtu<strong>de</strong>s que<br />

po<strong>de</strong>mos traçar, as suas repercussões em termos das exigências<br />

pedagógicas, têm custos que muitas vezes <strong>de</strong>scaracterizam o ambiente<br />

<strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong>. O Jogo nesta perspectiva, não <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado


ape<strong>na</strong>s o <strong>jogo</strong> pelo <strong>jogo</strong>. Deve ser <strong>uma</strong> proposta cujo compromisso <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> se exija e se veja pelas respostas dos praticantes. Ao mesmo<br />

tempo, implica <strong>uma</strong> preparação do professor/trei<strong>na</strong>dor, que ultrapassa<br />

muito para além da arte <strong>de</strong> condução do ensi<strong>no</strong>. A sua preparação, a<br />

par da experiência, são elementos fundamentais que acompanham <strong>uma</strong><br />

tarefa que caso seja bem sucedida, só po<strong>de</strong> confluir n<strong>uma</strong> direcção:<br />

apren<strong>de</strong>r a jogar melhor, ensi<strong>na</strong>ndo o que é necessário.<br />

A Evolução da Defesa ao Longo da Aprendizagem<br />

Não existem dúvidas <strong>de</strong> que a essência do <strong>jogo</strong> colectivo assenta<br />

funcio<strong>na</strong>lmente n<strong>uma</strong> relação <strong>de</strong> cooperação-oposição ( Bayer, 1994;<br />

More<strong>no</strong>, 1989), com vista à obtenção dos objectivos que só <strong>uma</strong> das<br />

partes consegue obter: enquanto uns <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m e procuram não sofrer<br />

cesto, os outros ao mesmo tempo procuram marcar porque a posse <strong>de</strong><br />

bola está consigo. Por outras palavras, e anda <strong>de</strong> <strong>uma</strong> forma mais<br />

simples, Barreto (2002) <strong>de</strong>fine que Jogar “é conseguir realizar um<br />

conjunto <strong>de</strong> acções que fazem avançar a bola para esta se aproximar<br />

do alvo (cesto) e efectuar o lançamento” (p. 137). Estas são duas<br />

<strong>de</strong>finições, ambas válidas do que po<strong>de</strong> caracterizar s<strong>uma</strong>riamente o<br />

Jogo. Seja praticado por jovens aprendizes, seja o jogado pelo mais<br />

elevado nível profissio<strong>na</strong>l.<br />

Reportemo-<strong>no</strong>s à franja inicial da <strong>aprendizagem</strong> do <strong>basquetebol</strong>, e<br />

façamos um exercício <strong>de</strong> observação dos comportamentos do Jogo.<br />

Verificamos, para além da generalizada atracção pela bola<br />

(anteriormente referida), se trata <strong>de</strong> um <strong>jogo</strong> confuso e pouco<br />

esclarecido, domi<strong>na</strong>do por <strong>uma</strong> dificulda<strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nte do domínio das<br />

técnicas fundamentais. Oliveira e Graça (1998) <strong>de</strong>screvem com<br />

porme<strong>no</strong>r aquilo que se <strong>de</strong>sig<strong>na</strong> generalizadamente por Jogo Anárquico.<br />

A esse conjunto <strong>de</strong> características que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>m <strong>uma</strong> incapacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cooperar, juntamos <strong>no</strong>rmalmente <strong>uma</strong> oposição feroz, que tal como<br />

o ataque, se sente tanto ou mais atraída pela presença da bola. Não<br />

<strong>no</strong>s parece errado afirmar, que do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong>fensivo (e <strong>de</strong> forma<br />

involuntária), a presença da <strong>de</strong>fesa, <strong>no</strong> <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>do Jogo Anárquico,<br />

atinge um nível <strong>de</strong> agressivida<strong>de</strong> tal, que toca os limites da violência e<br />

da agressão. Naturalmente, tão ingénua quanto a precarieda<strong>de</strong> dos<br />

argumentos ofensivos que o ataque ainda apresenta. Perante este<br />

quadro que se <strong>no</strong>s apresenta e assumindo que a primeira forma <strong>de</strong><br />

intervenção pedagógica, passa pela estruturação do Jogo Anárquico,<br />

parece-<strong>no</strong>s que a Defesa tem <strong>uma</strong> importância fundamental <strong>na</strong> forma<br />

como a evolução dos níveis <strong>de</strong> <strong>jogo</strong> se processa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a estruturação


da a<strong>na</strong>rquia até à passagem do 1º ao 2º nível (Barreto & Gomes, 1989;<br />

Oliveira & Graça, 1998).<br />

No essencial, as primeiras três etapas do percurso <strong>de</strong> <strong>aprendizagem</strong> do<br />

<strong>basquetebol</strong>, consiste <strong>no</strong> reforço dos ingredientes ofensivos <strong>de</strong> base que<br />

permitam dar respostas ao que, como Barreto (2002) afirma, consiste<br />

<strong>no</strong> Jogo: progredir, cooperando, para lançar. Nesta medida, parece-<strong>no</strong>s<br />

que o papel da Defesa <strong>na</strong> forma como se opõe à construção <strong>de</strong>ste<br />

conjunto <strong>de</strong> relações, <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> se ajustar ao conjunto <strong>de</strong><br />

objectivos traçados em cada nível <strong>de</strong> prática.<br />

Num contexto <strong>de</strong> associação ao trei<strong>no</strong> das habilida<strong>de</strong>s técnicas,<br />

Mesquita (1997) refere-se ás condições facilitadas da execução, como a<br />

primeira <strong>de</strong> três fases em progressão que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas.<br />

Transportando o exemplo para o ensi<strong>no</strong> do Jogo, julgamos que a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> condições facilitadas <strong>de</strong>ve estar ligada à <strong>de</strong> condições que favoreçam<br />

a realização <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do tipo <strong>de</strong> comportamentos. Julgamos que<br />

esta é <strong>uma</strong> orientação que a Defesa <strong>de</strong>ve ter <strong>no</strong> ensi<strong>no</strong> das primeiras<br />

etapas do Jogo. Não se aceita <strong>na</strong> Defesa um papel facilitador sem<br />

contrapartidas. Mas, com base em compromissos <strong>de</strong>fensivos objectivos<br />

e comportamentais, o que se preten<strong>de</strong> é favorecer o ataque <strong>na</strong> resposta<br />

às exigências que o nível <strong>de</strong> Jogo vai tendo, e em simultâneo, criar as<br />

sólidas bases para, mais tar<strong>de</strong>, o ensi<strong>no</strong> e trei<strong>no</strong> da Defesa se dirijir<br />

para as solicitações competitivas que ela requer.<br />

Não faz sentido, <strong>na</strong> actualida<strong>de</strong> dos dias <strong>de</strong> hoje, discutir a forma pela<br />

qual a Defesa se <strong>de</strong>ve apresentar <strong>na</strong>s primeiras etapas <strong>de</strong> abordagem.<br />

É aceite por todos os que respeitam o Jogo e a evolução da sua<br />

<strong>aprendizagem</strong>, a relação individual da <strong>de</strong>fesa para com o ataque, como<br />

aquela que melhor serve os interesses do praticante. Po<strong>de</strong>m ser<br />

discutidos (se calhar, <strong>de</strong>vem), os objectivos, os meios assim como as<br />

estratégias utilizadas para ensi<strong>na</strong>r as competências <strong>de</strong>fensivas ao longo<br />

da evolução do Jogo. A <strong>no</strong>ssa proposta centra-se <strong>no</strong> princípio da<br />

a<strong>de</strong>quação da <strong>de</strong>fesa ao nível dos argumentos do ataque em cada<br />

etapa – Jogo Anárquico, Nível 1 e Nível 2 – e segue <strong>uma</strong> estratégia <strong>de</strong><br />

equilíbrio-<strong>de</strong>sequilíbrio do nível, como salto <strong>de</strong> entrada para um nível<br />

superior. Para sermos mais claros, a aquisição <strong>de</strong> argumentos ofensivos<br />

<strong>de</strong>ve ser contrabalançada com a aquisição <strong>de</strong> argumentos que se lhe<br />

opõem. O equilíbrio do nível <strong>de</strong> prática é <strong>de</strong>sta forma atingido. A<br />

ruptura ocorre, quando argumentos mais sólidos, proporcio<strong>na</strong>m um<br />

<strong>no</strong>vo estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>sequilíbrio, <strong>no</strong> sentido <strong>de</strong>, mais tar<strong>de</strong>, a oposição lhe<br />

possa fazer frente. Julgamos que toda a estratégia da sequencialização<br />

dos conteúdos <strong>de</strong>ve passar pela dinâmica entre Ataque-Defesa, <strong>na</strong> qual


estados <strong>de</strong> Equilíbrio-Desequilíbrio são sucessivamente atingidos e<br />

interrompidos.<br />

A proposta que avançamos para o ensi<strong>no</strong> dos conteúdos da Defesa,<br />

assenta <strong>na</strong> <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> três etapas. Cada <strong>uma</strong> <strong>de</strong>las <strong>de</strong>ve ser entendida<br />

<strong>no</strong> quadro das exigências <strong>de</strong> cada um dos três níveis <strong>de</strong> <strong>jogo</strong>,<br />

generalizadamente aceites <strong>na</strong> abordagem inicial ao <strong>basquetebol</strong>.<br />

Parece-<strong>no</strong>s ainda fazer sentido, distinguir o que fazer relativamente ao<br />

atacante com bola e ao atacante sem bola.<br />

Etapa I – Características da Defesa <strong>na</strong> Estruturação do Jogo<br />

Anárquico<br />

Defesa Ao Atacante Com Bola – Condicio<strong>na</strong>da; caracteriza-se pela<br />

limitação imposta à distância a dar ao atacante com bola. Sendo o nível<br />

<strong>de</strong> <strong>jogo</strong> caracterizado basicamente pela i<strong>na</strong>bilida<strong>de</strong> ofensiva, promover<br />

o afastamento do <strong>de</strong>fensor relativamente ao portador da bola, permite<br />

ir ao encontro <strong>de</strong> dois objectivos: (1) retirar a fobia da atracção pela<br />

bola; (2) dar condições <strong>de</strong> leitura ofensiva por parte do jogador com<br />

bola, para a utilização precária que o drible, o passe e o lançamento<br />

ainda possuem.<br />

Defesa Ao Atacante Sem Bola – Livre – o “cada um ao seu” ao<br />

jogador sem bola po<strong>de</strong> ser gerido da forma como o <strong>de</strong>fensor quiser,<br />

com maior proximida<strong>de</strong> ou afastamento do seu par directo. Caso a<br />

proximida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>fensor se i<strong>de</strong>ntifique em relação ao atacante, existem<br />

argumentos para a introdução <strong>de</strong> aspectos ofensivos que o ensi<strong>no</strong> da<br />

<strong>de</strong>smarcação supõe, com o objectivo da abertura <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> passe.<br />

Caso o <strong>de</strong>fensor esteja afastado, a comunicação através do passe é<br />

mais óbvia, facilitando <strong>de</strong>ssa forma a primária relação <strong>de</strong> cooperação<br />

que o Jogo po<strong>de</strong> começar a ter.<br />

Etapa II – Características da Defesa <strong>no</strong> Nível I<br />

Defesa ao Jogador com Bola – Controlada, significa proce<strong>de</strong>r a um<br />

controlo mais efectivo da acção do atacante com bola. Estando<br />

ultrapassada a dificulda<strong>de</strong> inicial do enquadramento ofensivo, da<br />

utilização primária do drible e do passe, o <strong>de</strong>fensor procura agora<br />

distinguir: a distância da bola ao cesto; as situações diferentes em que<br />

o atacante se encontra – ainda não driblou, está em drible ou<br />

interrompeu o drible.


Defesa ao Jogador Sem Bola – Diferenciada – Sendo o <strong>jogo</strong> <strong>de</strong><br />

nível 1, caracterizado pela maior profundida<strong>de</strong> que o espaço em ataque<br />

já possui, começa a fazer sentido a introdução da colocação <strong>de</strong>fensiva<br />

sobre a primeira linha <strong>de</strong> passe e diferenciá-la da segunda linha <strong>de</strong><br />

passe. Tratam-se das bases fundamentais do sabemos <strong>de</strong>sig<strong>na</strong>r-se por<br />

sobremarcação fechada e aberta.<br />

Etapa III – Características da Defesa <strong>no</strong> Nível II<br />

Defesa ao Jogador Com Bola – Condicio<strong>na</strong>nte; porque<br />

objectivamente procura agora condicio<strong>na</strong>r o comportamento do<br />

atacante portador da bola. Neste momento, o <strong>de</strong>fensor não só<br />

discrimi<strong>na</strong> a distância da bola ao cesto, as diferentes situações do<br />

atacante com bola, mas também limita procura limitar os espaços por<br />

on<strong>de</strong> a bola <strong>de</strong>va andar: fecha o corredor central e encaminha,<br />

convidando o drible para as linhas laterais.<br />

Defesa ao Jogador Sem Bola – Orientada; não só está <strong>de</strong>finida<br />

priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acção sobre as diferentes linhas <strong>de</strong> passe, mas<br />

introduzidos os conceitos <strong>de</strong> lado da bola e lado contrário da mesma.<br />

Aparecem as primeiras preocupações do que mais tar<strong>de</strong>, será a gran<strong>de</strong><br />

força colectiva da <strong>de</strong>fesa individual: a ajuda <strong>de</strong>fensiva. A utilização do<br />

termo orientada surge dado o facto <strong>de</strong> se preten<strong>de</strong>r começar nesta fase<br />

a introdução às bases da ajuda <strong>de</strong>fensiva: é a bola que entra <strong>no</strong> cesto,<br />

é fundamental não per<strong>de</strong>rmos a <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> on<strong>de</strong> está!<br />

Conclusão<br />

Resumimos <strong>no</strong>s quadros em anexo um sumário da proposta<br />

apresentada. Descrevem-se cada <strong>uma</strong> das etapas do ensi<strong>no</strong> da <strong>de</strong>fesa<br />

em termos dos seus objectivos, conteúdos <strong>de</strong> ensi<strong>no</strong> (quadro 1),<br />

comportamentos <strong>de</strong>sejados e in<strong>de</strong>sejados (quadro 2) para cada <strong>uma</strong><br />

<strong>de</strong>las.<br />

“Ensi<strong>na</strong>r primeiro, trei<strong>na</strong>r <strong>de</strong>pois” é <strong>uma</strong> recomendação <strong>de</strong>ixada por<br />

Lima (2000; p.29). Pressupõe afirmar que o pilar fundamental da<br />

construção, do aperfeiçoamento e do <strong>de</strong>senvolvimento é a<br />

<strong>aprendizagem</strong>. Toda a orientação <strong>de</strong>sta <strong>reflexão</strong>, aliás como recomenda<br />

Hermínio Barreto, conflui para a obtenção <strong>de</strong> um estado <strong>de</strong> prontidão,<br />

que permita o jovem, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> conseguir o equipamento básico e<br />

fundamental do Jogo, consiga aperfeiçoá-lo e <strong>de</strong>senvolvê-lo, <strong>no</strong> sentido<br />

<strong>de</strong> cada vez mais Jogar melhor. Neste sentido, para além <strong>de</strong> outros<br />

aspectos igualmente importantes neste percurso, ficam três mensagens


que importa reter. São aquelas que <strong>no</strong> relacio<strong>na</strong>mento dos últimos a<strong>no</strong>s<br />

ficaram gravadas <strong>na</strong>s memórias das reflexões conjuntas que sobre o<br />

ensi<strong>no</strong> do <strong>basquetebol</strong> tivemos:<br />

“Não ensine muito, espere que eles aprendam bastante” (Barreto, H.;<br />

1988)<br />

“Apren<strong>de</strong>r o <strong>jogo</strong> jogando” (Barreto, H.; 2002)<br />

Acerca da a<strong>de</strong>quação da <strong>de</strong>fesa: “a<strong>de</strong>quando a dose, o que se preten<strong>de</strong><br />

é conce<strong>de</strong>r ao atacante <strong>uma</strong> tolerância quanto baste para ele preparar<br />

<strong>uma</strong> resposta, escolher a solução e agir, ou seja, que possa fazer tudo<br />

quanto <strong>de</strong>ve fazer por ter a bola. Trata-se <strong>de</strong> <strong>uma</strong> concessão, que se<br />

tolera enquanto se justifica. E este é um aspecto importantíssimo a<br />

reter. Com efeito à medida que o atacante vai consolidando os seus<br />

“saberes fazer”, a margem <strong>de</strong> tolerância <strong>de</strong>ve ir variando, o que dizer<br />

reduzindo, até que <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> ser necessária” (Barreto, H.; 2002)<br />

Bibliografia<br />

• Barreto, H.; Gomes, M. (1988). Apren<strong>de</strong>r Basquetebol com Hermínio Barreto. Filme<br />

Didáctico Produzido pelo IDAF.<br />

• Barreto, H. (2002). Orientações Para a Aprendizagem. Documento não publicado.<br />

• Barreto, h. (2002). Orientações Para a <strong>aprendizagem</strong> da Habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Discrimi<strong>na</strong>r<br />

Distâncias. situação Crítica: Defensor do Atacante com Bola. Ibanez, S.; Merce<strong>de</strong>s, M.<br />

(Ed.) Novos Horizontes Para o Trei<strong>no</strong> do Basquetebol. Lisboa, FMH; p.137-154.<br />

• Barreto, H.; Gomes, M. (1989). A Concretização <strong>de</strong> <strong>uma</strong> Unida<strong>de</strong> Didáctica em<br />

Basquetebol. Lisboa. IDAF.<br />

• Bayer, C. (1994). O Ensi<strong>no</strong> dos Desportos Colectivos. Lisboa. Di<strong>na</strong>livro.<br />

• Ferreira, A.P. (2002). ensi<strong>na</strong>r os Jovens a Jogar...A Melhor Solução Para a<br />

Aprendizagem da Técnica e da Táctica. Rev. Trei<strong>no</strong> Desportivo, 20, p. 35-41.<br />

• Lima, T. (2000). Saber Trei<strong>na</strong>r, Apren<strong>de</strong>-se!. Lisboa. Centro <strong>de</strong> Estudos e Formação<br />

Desportiva.<br />

• Lima, T. (1988). A Bola Mágica. Lisboa, Livros Horizonte.<br />

• Mesquita, i. (1997). A Pedagogia do Trei<strong>no</strong>. A Formação em Jogos Desportivos<br />

Colectivos. Lisboa. Livros Horizonte.<br />

• More<strong>no</strong>, J. (1989). Baloncesto. Iniciación y Entre<strong>na</strong>miento (2ª ed.). Barcelo<strong>na</strong>.<br />

Paidotreibo<br />

• Oliveira, J.; Graça, A. (1998). O Ensi<strong>no</strong> do Basquetebol. In Graça, A.; Oliveira, J. (Ed.)<br />

O Ensi<strong>no</strong> dos Jogos Desportivos. Porto. Centro <strong>de</strong> Estudos dos <strong>jogo</strong>s Desportivos. FCDEF.<br />

UP; p. 61-94.<br />

• Tavares, F.; Faria, R. (1997). A Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jogo Como Pré-Requisito do Rendimento<br />

Para o Jogo. In Oliveira, J.; Tavares, F. (Ed.) Estratégia e Táctica <strong>no</strong>s Jogos Desportivos<br />

Colectivos. Porto. Centro <strong>de</strong> Estudos dos <strong>jogo</strong>s Desportivos. FCDEF. UP; p. 39-50.


Quadro 1. Objectivos e conteúdos do ensi<strong>no</strong> da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> acordo com as três etapas básicas <strong>de</strong> evolução dos níveis <strong>de</strong><br />

<strong>jogo</strong>.<br />

ETAPA DEFESA OBJECTIVOS CONTEÚDOS<br />

atacante com bola<br />

Estruturação<br />

do<br />

Jogo<br />

Condicio<strong>na</strong>da<br />

Anárquico atacante sem bola<br />

Livre<br />

atacante com bola<br />

Controlada<br />

Nível<br />

I atacante sem bola<br />

Diferenciada<br />

atacante com bola<br />

Condicio<strong>na</strong>nte<br />

Nível<br />

II atacante sem bola<br />

Orientada<br />

• diminuição da tendência <strong>de</strong> atracção<br />

pela bola<br />

• favorecimento das leituras básicas do<br />

ataque<br />

• introdução ao triângulo perceptivo:<br />

bola, cesto e atacante<br />

• controlo das distâncias (da progressão<br />

da bola face ao cesto)<br />

• diferenciação das situações típicas que<br />

o atacante com bola po<strong>de</strong> assumir<br />

• introdução à diferenciação das<br />

diferentes linhas <strong>de</strong> passe<br />

• introdução à limitação da acção do<br />

atacante<br />

• iniciação ao conceito <strong>de</strong> ajuda<br />

<strong>de</strong>fensiva<br />

• <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong>fensivo<br />

• discrimi<strong>na</strong>ção da distância face ao<br />

jogador com bola<br />

• <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> triângulo perceptivo: a<br />

colocação do <strong>de</strong>fensor entre o cesto, a bola e<br />

o atacante<br />

• passagem da <strong>de</strong>fesa ao jogador sem bola<br />

para o jogador com bola<br />

• posição <strong>de</strong>fensiva básica<br />

• <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong>fensivo<br />

• relação <strong>de</strong> afastamento-aproximação<br />

<strong>de</strong>fensiva face à proximida<strong>de</strong> da bola ao cesto<br />

• posição <strong>de</strong> sobremarcação fechada<br />

• posição <strong>de</strong> sobremarcação aberta<br />

• posição <strong>de</strong>fensiva com <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

objectivos: posição dos apoios, acção dos<br />

braços<br />

• <strong>no</strong>ção <strong>de</strong> lado da bola e lado da ajuda<br />

(referências abstractas do campo: linha cestocesto;<br />

prolongamentos da linha <strong>de</strong> lance livre)<br />

Quadro 2. Comportamentos <strong>de</strong> <strong>jogo</strong> <strong>de</strong>sejados e in<strong>de</strong>sejados associados ao ensi<strong>no</strong> da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> acordo com as três<br />

etapas básicas <strong>de</strong> evolução dos níveis <strong>de</strong> <strong>jogo</strong>.<br />

ETAPA DEFESA COMPORTAMENTOS DESEJADOS COMPORTAMENTOS INDESEJADOS<br />

Estruturação<br />

do<br />

Jogo<br />

Anárquico<br />

Nível<br />

I<br />

Nível<br />

II<br />

atacante com<br />

bola<br />

Condicio<strong>na</strong>da<br />

atacante sem<br />

bola<br />

Livre<br />

atacante com<br />

bola<br />

Controlada<br />

atacante sem<br />

bola<br />

Diferenciada<br />

atacante com<br />

bola<br />

Condicio<strong>na</strong>nt<br />

e<br />

atacante sem<br />

bola<br />

Orientada<br />

• “cada um ao seu”<br />

• acompanhamento do atacante entre a<br />

bola e o cesto<br />

• ajustamento da distância face à tentativa<br />

<strong>de</strong> aproximação do atacante sobre o<br />

<strong>de</strong>fensor<br />

• manutenção da distância entre o <strong>de</strong>fensor<br />

e o atacante: 2 passos, 2 braços<br />

• situar-se entre a bola, o cesto e o<br />

atacante directo<br />

• manter-se sempre <strong>no</strong> respeito pela <strong>de</strong>fesa<br />

do seu par atacante<br />

• aproximação do <strong>de</strong>fensor face ao<br />

portador da bola<br />

• acompanhamento e ajustamento face ao<br />

portador da bola<br />

• permitir a intervenção sobre a bola se o<br />

cuidado com a protecção da bola não for<br />

mantido<br />

• opôr ao lançamento sem salta,<br />

respeitando a verticalida<strong>de</strong> do atacante<br />

• ver a bola e o atacante em simultâneo<br />

• interromper linhas <strong>de</strong> passe que permitam<br />

recepção perto do cesto (cortes)<br />

• abrir e fechar a marcação consoante a<br />

aproximação do atacante quer da bola quer<br />

do cesto<br />

• avanço <strong>de</strong> um apoio em relação ao outro,<br />

convidando um lado do campo<br />

• braço do apoio avançado <strong>na</strong> bola, braço<br />

do apoio recuado <strong>no</strong> passe<br />

• reacção <strong>de</strong> acompanhamento do jogador<br />

com bola, face às mudanças <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong><br />

e direcção<br />

• domi<strong>na</strong>r o espaço n<strong>uma</strong> primeira fase<br />

através do ganho da posição com os apoios<br />

• iniciação ao ressalto <strong>de</strong>fensivo após<br />

<strong>de</strong>fesa do lançador<br />

• ajustamento permanente da posição <strong>no</strong><br />

sentido <strong>de</strong> ver a bola e o atacante<br />

• <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a bola se esta se aproxima do<br />

cesto e o <strong>de</strong>fensor da bola foi ultrapassado<br />

• incidir <strong>na</strong> ida à ajuda ganhando a posição<br />

• introdução ao ressalto <strong>de</strong>fensivo <strong>no</strong> lado<br />

da bola e contrário ao da bola<br />

• roubar a bola<br />

• interferir <strong>no</strong> drible<br />

• interferir <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> lançamento<br />

• intervenções sobre a bola <strong>de</strong> outros<br />

<strong>de</strong>fensores que não o responsável pelo<br />

atacante com bola<br />

• abando<strong>na</strong>r a i<strong>de</strong>ia do cada um ao seu<br />

• ficar sobre o portador da bola, fixando<br />

situações <strong>de</strong> 2X1<br />

• roubar a bola se para isso tiver que per<strong>de</strong>r o<br />

enquadramento<br />

• não a<strong>de</strong>quar a distância nem a posição ao<br />

drible<br />

• saltar <strong>de</strong>sequilibradamente para opor ao<br />

lançamento<br />

• permitir contactos exagerados e<br />

<strong>de</strong>spropositados <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> manter o<br />

triângulo perceptivo<br />

• atacar a bola, querendo roubá-la sem antes<br />

ganhar a posição <strong>de</strong> enquadramento <strong>de</strong>fensivo<br />

• “<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r em “pé”<br />

• dar <strong>uma</strong> distância exagerada ao portador da<br />

bola<br />

• ter iniciativas <strong>de</strong>spropositadas face à fobia <strong>de</strong><br />

querer roubar ou <strong>de</strong>sarmar o lançamento<br />

• não ajudar <strong>de</strong>sarmando o lançamento ou<br />

imediatamente querendo roubar a bola<br />

• não permitir que o atacante se aproxime do<br />

cesto a <strong>uma</strong> distância que a sua recuperação<br />

não seja possível<br />

• manifestando indiferença <strong>no</strong> ajustamento<br />

posicio<strong>na</strong>l consoante a aproximaçãoafastamento<br />

do atacante face à bola e ao cesto

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