instituições que, no âmbito do Estado constitucional - Revista de ...
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A construção <strong>de</strong> código <strong>de</strong> comportamento basea<strong>do</strong> na “razoabilida<strong>de</strong> <strong>do</strong> senso<br />
comum” po<strong>de</strong>rá servir ao moralismo estilo u<strong>de</strong>nista, jamais à ética. O moralismo é a ética<br />
<strong>de</strong> <strong>que</strong>m não tem ética e não contribui para o aperfeiçoamento das <strong>instituições</strong> republicanas,<br />
ou seja, não contribui para distinção <strong>do</strong> <strong>que</strong> seja público e priva<strong>do</strong>. O moralismo <strong>no</strong>s remete<br />
à<strong>que</strong>le personagem baia<strong>no</strong> <strong>que</strong> <strong>de</strong> tão pouco ético subtraía até discurso alheio, inclusive<br />
discurso sobre ética. Quan<strong>do</strong> a ética tor<strong>no</strong>u-se objeto <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, foi extrema<strong>do</strong>: passou a<br />
discursar sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma “eticida<strong>de</strong> radical, ampla, geral e irrestrita.”<br />
RESUMO: A proposta <strong>de</strong> codificação da ética pelo Conselho Nacional <strong>de</strong> Justiça em<br />
termos vagos como proposto servirá para <strong>de</strong>ixar sob ameaça os juízes in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes,<br />
<strong>que</strong> são os <strong>que</strong> na verda<strong>de</strong> angariam <strong>de</strong>safetos nas cúpulas. O projeto compila<br />
o Código Ibero-america<strong>no</strong> <strong>de</strong> Ética Judicial, aprova<strong>do</strong> em Junho <strong>de</strong> 2006, mas<br />
exlui o mais importante artigo para o Esta<strong>do</strong> Democrático e <strong>de</strong> Direito, <strong>que</strong><br />
é a<strong>que</strong>le <strong>que</strong> diz naõ serem as garantias da magistratura dirigidas a colocar<br />
os juizes em posição <strong>de</strong> privilégio em face da socieda<strong>de</strong> e <strong>que</strong> <strong>de</strong>vem os juizes<br />
julgarem por parâmetros jurídicos. No presente artigo o cientista político<br />
e juiz <strong>de</strong> direito João Batista Damasce<strong>no</strong> aponta os riscos para a in<strong>de</strong>pendência<br />
da magistratura a codificação da ética em termos tão vagos e moralistas como<br />
proposto.<br />
PALAVRAS-CHAVES: Ética. Magistratura. Código. Moralismo. In<strong>de</strong>pendência judicial e<br />
parâmetro jurídico.<br />
* João Batista Damasce<strong>no</strong>, mestre em Ciência Política, Juiz <strong>de</strong> Direito <strong>do</strong> TJ/RJ e membro<br />
da Associação Juizes para a Democracia.<br />
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