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Janeiro-Fevereiro 2007.p65 - Arquidiocese de Florianópolis

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2<br />

- <strong>Janeiro</strong> e <strong>Fevereiro</strong> 2007<br />

OPINÃO<br />

Santo não é Shopping Center<br />

No dia 16 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro próximo passado, o Papa Bento XVI reconheceu<br />

um milagre do Beato Frei Galvão e o martírio dos Servos <strong>de</strong><br />

Deus Pe. Manoel Gomez Gonzalez e do coroinha <strong>de</strong> 15 anos Adílio<br />

Daronch em Feijão Miúdo, RS (1924); da Serva <strong>de</strong> Deus, a catarinense<br />

Albertina Berckenbrock aos 12 anos em São Luís, Imaruí, SC (1931); e da<br />

Serva <strong>de</strong> Deus Irmã Lindinalva Justo <strong>de</strong> Oliveira em Salvador da Bahia (1993).<br />

O Pe. Manoel era espanhol. Os outros são brasileiros. Os mártires do<br />

Rio Gran<strong>de</strong> do Sul foram vítimas da violência política na guerra entre<br />

chimangos e maragatos; Albertina e Irmã Lindinalva foram mártires em<br />

<strong>de</strong>fesa da virginda<strong>de</strong>, da sacralida<strong>de</strong> do corpo templo do Espírito Santo.<br />

Irmã Lindinalva, vicentina, recebeu 44 facadas <strong>de</strong> um asilado do qual cuidava<br />

e queria seduzi-la. Recebeu as facadas após celebrar a Via Sacra,<br />

numa sexta-feira santa.<br />

O reconhecimento do martírio já os torna bem-aventurados. A Celebração<br />

oficial acontecerá durante o ano. Com Albertina, nosso Estado terá a<br />

segunda beatificação, <strong>de</strong>pois da primeira, <strong>de</strong> Santa Paulina.<br />

A Igreja coloca os Santos como nossos “mo<strong>de</strong>los e intercessores”.<br />

Mo<strong>de</strong>los e intercessores no caminho da vida cristã. Gostamos muito dos<br />

Santos: um pouco menos apreciamos imitá-los. Conta a história que os<br />

fra<strong>de</strong>s franciscanos estavam muito felizes porque alguns <strong>de</strong>les tinham merecido<br />

o martírio no Marrocos. São Francisco não per<strong>de</strong>u tempo: proibiu que<br />

se cantasse o martírio dos fra<strong>de</strong>s porque isso era fácil, e se esqueciam <strong>de</strong><br />

serem eles mesmos mártires.<br />

Os Santos não são Shopping. O Prefeito <strong>de</strong> Guaratinguetá, terra do<br />

Beato Frei Galvão, espera que a canonização dê um impulso à economia<br />

da região. Preten<strong>de</strong> criar um “corredor espiritual” que fomente o turismo e<br />

os negócios. Nova Trento torcia para que Santa Paulina <strong>de</strong>sse um impulso<br />

à economia do Município, promovendo o turismo religioso, a hotelaria,<br />

<strong>de</strong>gustação <strong>de</strong> queijos e vinhos da região. Em São Luís do Imaruí também<br />

se espera que Albertina Berckenbrock estimule as peregrinações, a construção<br />

<strong>de</strong> estradas e santuário. Em <strong>Florianópolis</strong>, a Fundação Catarinense<br />

<strong>de</strong> Cultura-FCC tombou como bem imaterial a Procissão do Senhor dos<br />

Passos: agora, quem participa da<br />

procissão está sendo personagem<br />

<strong>de</strong> um espetáculo tombado e que<br />

não po<strong>de</strong> ser alterado. A mudança<br />

<strong>de</strong> roteiro <strong>de</strong>ve ser submetida<br />

à FCC. Falta tombar a procissão<br />

<strong>de</strong> Corpus Christi, a ren<strong>de</strong>ira, o<br />

peixe com pirão, pois a Bahia já<br />

tombou o acarajé.<br />

Um horror! Uma vergonha<br />

servir-se dos Santos para propósitos comerciais ou culturais. Isso é simonia,<br />

o pior dos pecados: enriquecer às custas da graça divina concedida aos<br />

Santos. A própria expressão “turismo religioso” é <strong>de</strong> uma infelicida<strong>de</strong> total.<br />

Na sua sabedoria, a Igreja sempre se serve <strong>de</strong> duas palavras para a visita<br />

a lugares sagrados: romaria e peregrinação. Turismo é turismo, peregrinação<br />

é peregrinação. O turista até reza nos Santuários, mas sua finalida<strong>de</strong><br />

é turismo. Já o peregrino reza e vai para rezar, aceitando sacrifícios e<br />

privações para realizar seu caminho cristão.<br />

Certamente assistiremos logo ao <strong>de</strong>primente espetáculo da valorização<br />

das terras no entorno do local do martírio, o mesmo que aconteceu em<br />

Vígolo. Muita gente querendo um pedaço <strong>de</strong> terra para estabelecer sua<br />

“banca <strong>de</strong> câmbio e comércio <strong>de</strong> pombos”, como no templo <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Vão ser comprados a peso <strong>de</strong> outro os terrenos on<strong>de</strong> nossos mártires<br />

<strong>de</strong>rramaram seu sangue pela pureza e pela paz, por causa da fé. O sangue<br />

dos mártires fecunda a terra para o nascimento <strong>de</strong> novos mártires e<br />

não <strong>de</strong> negócios.<br />

Outro problema sério é transformar os Mártires e Santos em milagreiros,<br />

medi-los pelo número <strong>de</strong> graças. As graças po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser pedidas. A<br />

maior graça, porém, é pedirmos o mesmo heroísmo dos que <strong>de</strong>ram a vida<br />

para testemunhar seu amor pelo Senhor e pelo Evangelho. Um Hino litúrgico<br />

fala em “Sagrado Comércio”: ele se refere a Deus que assume nossa<br />

humanida<strong>de</strong> em Cristo e a nós que assumimos a divinda<strong>de</strong> também em<br />

Cristo. O Brasil precisa <strong>de</strong> Santos: cada um <strong>de</strong> nós é o candidato obrigatório<br />

ao posto. A vocação cristã é a vocação à santida<strong>de</strong>.<br />

Pe. José Artulino Besen<br />

www.arquifloripa.org.br/jornal<br />

e-mail: jornal@arquifloripa.org.br<br />

“O reconhecimento do martírio já<br />

os torna bem-aventurados. A<br />

Celebração oficial acontecerá<br />

durante o ano. Com Albertina,<br />

nosso Estado terá a segunda<br />

beatificação, <strong>de</strong>pois da primeira,<br />

<strong>de</strong> Santa Paulina”<br />

OPINIÃO<br />

PALAVRA DO BISPO<br />

Fraternida<strong>de</strong> e Amazônia<br />

Quando ouve ou lê a palavra<br />

“Amazônia”, em que<br />

você pensa? Num vasto<br />

tapete ver<strong>de</strong>, ao Norte do Brasil,<br />

que abriga 34% das reservas<br />

mundiais <strong>de</strong> florestas?<br />

Numa região on<strong>de</strong> se encontra<br />

80% da água disponível do território<br />

brasileiro? Numa imensa<br />

parte <strong>de</strong> nosso país – 60% - que<br />

abriga 34% das reservas mundiais<br />

<strong>de</strong> florestas e uma gigantesca reserva <strong>de</strong> minérios?<br />

Num imenso “parque”, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m ser encontrados<br />

30% <strong>de</strong> todas as espécies <strong>de</strong> fauna e flora do<br />

mundo? A Amazônia é tudo isso e muito mais. Formada<br />

por nove Estados brasileiros,<br />

tudo ali é grandioso: tem, <strong>de</strong> fron-<br />

teiras internacionais, 11.248 km; <strong>de</strong><br />

costa atlântica: 1.482 km; seus rios<br />

navegáveis compreen<strong>de</strong>m 22 mil<br />

km; sua população é <strong>de</strong> 23 milhões<br />

<strong>de</strong> habitantes, <strong>de</strong>ntre os quais 163<br />

povos indígenas, que totalizam 208<br />

mil pessoas – ou seja: 60% da população<br />

indígena brasileira.<br />

Por que motivos essa região,<br />

que a maioria dos brasileiros nunca visitou, tornouse<br />

tema <strong>de</strong> uma Campanha da Fraternida<strong>de</strong> – Campanha<br />

que interessa a todo o Brasil? É que a Igreja<br />

Católica no Brasil ouviu os clamores vindos dos<br />

povos da Amazônia. Eles querem ser conhecidos e<br />

respeitados, e não admitem que sua região seja<br />

vista apenas como uma terra <strong>de</strong> exploração e <strong>de</strong><br />

enriquecimento rápido para uma minoria. A Campanha<br />

da Fraternida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2007, que tem como lema:<br />

“Vida e missão neste chão” é, pois, um convite para<br />

PALAVRA DO PAPA<br />

Periodicida<strong>de</strong> mensal - 22.000 exemplares<br />

Rua Esteves Júnior, 447<br />

88015-130 - <strong>Florianópolis</strong> - SC<br />

Fone/Fax: (48) 3224-4799<br />

Diretor e Revisor: Pe. Ney Brasil Pereira - Conselho Editorial: Dom Murilo S. R. Krieger, Dom José<br />

Negri, Pe. Carlos Rogério Groh, Pe. José Artulino Besen, Pe. Vitor Galdino Feller, Ir. Marlene Bertoldi,<br />

Cleber <strong>de</strong> Oliveira Rodrigues, Carlos Martendal e Fernando Anísio Batista - Jornalista Responsável:<br />

Zulmar Faustino - SC 01224 JP - Departamento <strong>de</strong> Publicida<strong>de</strong>: Pe. Francisco Rohling - Editoração<br />

e Fotos: Zulmar Faustino - Distribuição: Juarez João Pereira - Impressão e Fotolitos: Gráfica Rio Sul<br />

“Por que motivos essa região,<br />

que a maioria dos brasileiros<br />

nunca visitou, tornou-se tema<br />

<strong>de</strong> uma Campanha da Fraternida<strong>de</strong><br />

– Campanha que<br />

interessa a todo o Brasil?”<br />

Paulo, a centralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus Cristo<br />

Olhando para Paulo, po<strong>de</strong>ríamos formular assim<br />

a pergunta fundamental: como acontece o encontro<br />

<strong>de</strong> um ser humano com Cristo? (...) Paulo ajuda-nos<br />

a compreen<strong>de</strong>r o valor absolutamente<br />

fundante e insubstituível da fé. Eis<br />

quanto escreve na Carta aos Romanos:<br />

“Pois estamos convencidos<br />

<strong>de</strong> que é pela fé que o homem<br />

é justificado, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente<br />

das obras da lei” (3, 28).<br />

E também na Carta aos Gálatas:<br />

“O homem não é justificado pelas<br />

obras da Lei, mas unicamente pela fé em Jesus<br />

Cristo; por isso, também nós acreditamos em<br />

Cristo Jesus para sermos justificados pela fé em<br />

Cristo e não pelas obras da Lei; porque pelas obras<br />

da Lei nenhuma criatura será justificada” (2, 16).<br />

“Ser justificados” significa ser tornados justos, isto<br />

é, ser acolhidos pela justiça misericordiosa <strong>de</strong> Deus,<br />

e entrar em comunhão com Ele e, por conseguinte,<br />

po<strong>de</strong>r estabelecer uma relação muito mais autêntica<br />

com todos os nossos irmãos: e isto com base<br />

“Paulo ajuda-nos a compreen<strong>de</strong>r<br />

o valor absolutamente<br />

fundante e insubstituível da<br />

fé, da fé em Jesus Cristo.”<br />

RESTAURAÇÕES:<br />

Ostensório, Sacrário,<br />

Cálice, Cibório, etc...<br />

que conheçamos, apreciemos e respeitemos toda<br />

a vida que a Amazônia guarda: seus povos, sua<br />

biodiversida<strong>de</strong>, sua beleza.<br />

A CF 2007 quer nos lembrar que a natureza saiu<br />

das mãos <strong>de</strong> Deus. Pensando em seus filhos e filhas,<br />

ele preparou um imenso jardim, que <strong>de</strong>ve ser cultivado<br />

por nós. A Amazônia é parte integrante <strong>de</strong>sse jardim<br />

e, se <strong>de</strong>le cuidarmos bem (“Dominai a terra!” – Gn<br />

1,28), inúmeros benefícios nascerão não só para nosso<br />

País, mas para toda a humanida<strong>de</strong>. Ao mesmo<br />

tempo em que se preocupa com as agressões à vida,<br />

aos povos e ao ambiente da Amazônia, a Igreja, consciente<br />

<strong>de</strong> sua missão evangelizadora, quer multiplicar<br />

iniciativas missionárias e <strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong> social. A<br />

Igreja que está na Amazônia interpela a Igreja que<br />

está em outras regiões do Brasil.<br />

É como se nos perguntasse: “O que<br />

vocês estão fazendo por nós?”<br />

Conhecer a realida<strong>de</strong> da Amazônia,<br />

sua história, as expressões<br />

<strong>de</strong> sua cultura, os <strong>de</strong>safios vividos<br />

pela Igreja que lá está, a difícil vida<br />

<strong>de</strong> seus missionários – muitos<br />

<strong>de</strong>les, estrangeiros – é um pequeno<br />

e humil<strong>de</strong> passo. Mas po<strong>de</strong> ser<br />

um primeiro passo para “aproximar”<br />

a Amazônia <strong>de</strong> todos nós. Não nos esqueçamos:<br />

“Cristo aponta para a Amazônia!” (Paulo VI).<br />

Por isso, nosso pedido na Quaresma <strong>de</strong> 2007: “Que<br />

a Amazônia, berço acolhedor <strong>de</strong> tanta vida, seja também<br />

o chão da partilha fraterna, a Pátria solidária <strong>de</strong><br />

povos e culturas, a Casa <strong>de</strong> muitos irmãos e irmãs”<br />

(Oração da CF 2007).<br />

Dom Murilo S.R. Krieger, scj<br />

Arcebispo <strong>de</strong> <strong>Florianópolis</strong><br />

num perdão total dos nossos pecados. Pois bem,<br />

Paulo diz com muita clareza que esta condição <strong>de</strong><br />

vida não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> nossas eventuais boas obras,<br />

mas <strong>de</strong> uma mera graça <strong>de</strong> Deus (cf. Rm 3, 24).<br />

Com estas palavras São Pau-<br />

lo expressa o conteúdo fundamental<br />

da sua conversão, o novo rumo<br />

da sua vida que resultou do seu<br />

encontro com Cristo ressuscitado.<br />

Paulo, antes da conversão, não<br />

tinha sido um homem afastado <strong>de</strong><br />

Deus e da sua Lei. Ao contrário,<br />

era um obser-vante, com uma observância fiel até<br />

ao fanatismo. Mas à luz do encontro com Cristo<br />

compreen<strong>de</strong>u que com isso tinha procurado edificarse<br />

a si mesmo. (...) Compreen<strong>de</strong>u que era absolutamente<br />

necessária uma nova orientação da sua<br />

vida. E encontramos expressa em suas palavras<br />

esta nova orientação: “E a vida que agora tenho na<br />

carne, vivo-a na fé do Filho <strong>de</strong> Deus que me amou e<br />

se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2, 20).<br />

(08.11.06)<br />

Carlos Cruz<br />

REPRESENTANTE COMERCIAL<br />

“A serviço da Igreja Católica”<br />

Fone<br />

Fax:(48) 3257-8263<br />

9983-4592<br />

<strong>Florianópolis</strong> - SC - cruzartesacra@yahoo.com.br

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