163133 Damo (M) Para o que der e vier (parte 2)
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desta partida <strong>que</strong> Carlos K1uwe sentenciou a<strong>que</strong>la frase referida anteriormente - "só<br />
deixo essa coisa de futebol quando (...)" - e, graças à sua persistência e de outros<br />
associados, o Inter perseverou. Quatro anos mais tarde, pela decisão do campeonato<br />
metropolitano, o Inter bateu o Grêmio por 4 a 1 e conquistou seu primeiro título: "Está<br />
<strong>que</strong>brado o lacre! Está <strong>que</strong>brado o lacre! Demorou seis anos!" berrava Antenor Lemos",<br />
então presidente colorado (Coimbra & Noronha:23).<br />
Quando surgiu a segunda crise, em 1928, o Inter já havia conquistado, inclusive,<br />
seu primeiro título regional, o campeonato Gaúcho de 1927. 47 Desde o início do século,<br />
o futebol porto-alegrense já havia sofrido inúmeras modificações. Já se cobrava<br />
ingresso nos estádios, disputava-se um certame regional e amistosos com equipes de<br />
outros estados e do exterior, ampliava-se o espaço do futebol na imprensa, discutiam-se<br />
os problemas acarretados pelo "profissionalismo marrom" e, dê mais a mais, Grêmio<br />
versus Internacional já era Gre-Na1. 48 A supremacia gremista, contudo, permanecia<br />
inabalável; embora, vez por outra, perdesse um campeonato metropolitano ou regional.<br />
Neste contexto, o Internacional necessitava de atitudes mais ousadas<br />
indispensáveis a sua própria sobrevivência, entre elas, a conquista de um espaço<br />
próprio. Quando os gestores do Asilo da Providência anunciaram a venda do local onde<br />
estava situada a Chácara dos Eucaliptos, houve calorosas discussões entre os dirigentes<br />
colorados, culminando com a deserção de alguns deles. Antenor Lemos, pelotense e<br />
maragato, <strong>que</strong> havia presidido o clube em cinco oportunidades, manifestou-se contrário<br />
à aquisição do terreno; 40 mil contos era um absurdo. O jornalista esportivo<br />
Arquimedes Fortini também achou o valor excessivo mas tranqüilizou-se quando lhe<br />
asseguraram <strong>que</strong> o Inter teria a preferência de compra. Mobilizou o apoio dos Chaves<br />
Barcellos, dispostos a emprestar a quantia exigida pelo Asilo da Providência sem prazo<br />
para ressarcimento, mas não convenceu a turma do fanático Antenor Lemos. <strong>Para</strong> este<br />
ortodoxo defensor do amadorismo, o Internacional deveria "sobreviver de conquistas<br />
esportivas, não de glórias materiais" (Coimbra & Noronha:36).<br />
47 "A<strong>que</strong>le primeiro título gaúcho, porém, não ajuda o Inter a se orgulhar do seu divulgado<br />
liberalismo. Durante décadas ele foi chamado, por exemplo, de "clube dos negrinhos". Os campeões de<br />
1927, porém, eram todos brancos" (Dienstmann, 1987:25).<br />
48 Como no Rio de Janeiro já havia se popularizado o Fla-Flu, Flamengo versus Fluminense, o<br />
jornalista Ivo dos Santos Martins pensou em fazer o mesmo em relação à dupla porto-alegrense.<br />
"Inicialmente, propôs Inter-Gre, mas, como bom gremista, não <strong>que</strong>ria colocar o Internacional na frente.<br />
Decidiu então por Gre-Nal. Escreveu a palavra várias vezes na mesa do Café Colombo e pediu aos amigos<br />
<strong>que</strong> ajudassem a divulgá-Ia. Não publicou a nova expressão no Correio do Povo, onde era redator de<br />
esportes, por temer <strong>que</strong> o secretário de redação, colorado, a proibisse. (...) A divulgação deu resultado e<br />
aos poucos, os torcedores foram assimilando o termo, até <strong>que</strong>, em 1933, quando Martins já havia<br />
abandonado o jornalismo, o Correio estampou "o 'Gre-Nal'" (Coimbra & Noronha:32).<br />
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