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163133 Damo (M) Para o que der e vier (parte 2)

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um valor inferior no mercado futebolístico. Um jogador qual<strong>que</strong>r, com condições de ser<br />

aproveitado pela dupla Gre-Nal, po<strong>der</strong>ia ser adquirido por um valor "x", se fosse negro<br />

mas, sendo branco, valia "2x", em razão da concorrência. Como resume Salin Nigri, se<br />

era branco valia o dobro por<strong>que</strong> havia concorrência, se era preto, o Inter comprava<br />

pagando o preço <strong>que</strong> desejava.<br />

Os "canelas pretas", embora dispersos pelos clubes de menor expressão da<br />

capital, ainda mantinham um forte vínculo com a Ilhota e, dali até o Eucaliptos, nem<br />

precisavam tomar o bonde. Nem mesmo o episódio <strong>que</strong> culminou com a deserção de<br />

Tupã, em 35, impediu a contratação de outros negros pelo Internacional. Não eram<br />

casos isolados como os de Dorval e Dirceu Alves, mulatos <strong>que</strong> passaram pelo clube nas<br />

décadas de dez e vinte, respectivamente, pois no time de Tupã também jogava Darcy<br />

Encarnação, um emérito driblador revelado no São Paulo de Rio Grande.<br />

Já em 1939, chegou Tesourinha, tirado do Ferroviário, um clube de menor<br />

expressão cujo campo se situava na José de Alencar, a poucas quadras do Eucaliptos.<br />

Vieram, uns antes, outros depois, também Assis, o "Parobé", nome do bar onde o<br />

uruguaianense bebia compulsivamente; Carlitos, do Tristezense, clube da zona sul da<br />

cidade; Rui, o "Motorzinho", buscado em Alegrete; Russinho, "doutor" David<br />

Russowsky, convencido pelo irmão a trocar a Baixada pelo Eucaliptos e, segundo<br />

Coimbra & Noronha (:49), o único de família abastada entre ôs atletas colorados. Mais<br />

tarde chegariam Vilalba, goleador argentino; Alfeu, ex-jogador do clube com passagem<br />

pelo Santos - SP e pelo Grêmio Santanense; e Ávila, o "King Kong", vindo de Pelotas<br />

portando sífilis para ser o rei do Cabaré do Galo, na rua Cabo Rocha.<br />

Destes, nem todos estavam presentes no Gre-Nal amistoso <strong>que</strong> marcava a<br />

despedida de Luis Carvalho, "El Maestro", um dos maiores jogadores da história<br />

tricolor. Nem a data, véspera de finados, e muito menos o adversário, o Inter, chegavam<br />

a impressionar os gremistas; tudo se encaminhava para mais uma vitória, uma constante<br />

nos últimos anos. O Correio do Povo anunciava o enfrentamento da "técnica tricolor" e<br />

do "sangue colorado", sugerindo, <strong>que</strong>m sabe, a superioridade dos gremistas. Não foi o<br />

<strong>que</strong> se viu em campo; o jogo foi vencido por 6 a O pelos colorados e o Inter só não<br />

devolveu os 10 a O do primeiro Gre-Nal graças à intervenção do árbitro - "era muito gol<br />

para um Gre-Nal, doutor", foi como Álvaro Silveira justificou para Ildo Meneghetti a<br />

anulação de pelo menos quatro gols legítimos do Inter (:46). No dia seguinte, o mesmo<br />

Correio (2/11/39) anunciou, com desta<strong>que</strong>, a vitória dos "diabos rubros".<br />

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