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O Papa Bento XVI inspirou-se na bela homilia que é a Carta aos ...

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O <strong>Papa</strong> <strong>Bento</strong> <strong>XVI</strong> <strong>inspirou</strong>-<strong>se</strong> <strong>na</strong> <strong>bela</strong> <strong>homilia</strong> <strong>que</strong> <strong>é</strong> a <strong>Carta</strong> <strong>aos</strong> Hebreus<br />

para falar, nesta Quaresma, ao coração da Igreja inteira e fazer soar e ressoar as<br />

suas cordas mais <strong>se</strong>nsíveis, no <strong>se</strong>ntido de nos fazer acordar da nossa letargia e<br />

nos persuadir a «prestar atenção uns <strong>aos</strong> outros, para acender em nós o<br />

paroxismo do amor e das obras boas e <strong>bela</strong>s» (Hebreus 10,24).<br />

«Prestar atenção» significa, como bem indica o verbo grego katano<strong>é</strong>ô, olhar<br />

de forma nova, próxima e dedicada para os outros e pelos outros. Olhar<br />

atentamente para os outros <strong>se</strong>rá <strong>se</strong>mpre, em boa verdade, olhar pelos outros,<br />

pondo-nos ao <strong>se</strong>u <strong>se</strong>rviço. Este olhar novo, limpo e diaco<strong>na</strong>l dissolve o nosso<br />

olhar tantas vezes patro<strong>na</strong>l, e faz-nos compreender <strong>que</strong> o outro, qual<strong>que</strong>r outro,<br />

tem <strong>se</strong>mpre prioridade e precedência sobre nós.<br />

Este procedimento novo de nos descentrarmos de nós mesmos para<br />

ficarmos por amor atentos <strong>aos</strong> outros e a olhar pelos outros <strong>é</strong> o caminho por<br />

excelência ou hiperbólico da vida cristã, como bem nos indicou São Paulo <strong>na</strong><br />

Primeira <strong>Carta</strong> <strong>aos</strong> Coríntios (12,31). Por isso, nos tempos difíceis mas cheios de<br />

graça e de esperança <strong>que</strong> vivemos hoje, não temos o direito de nos acomodar<br />

(Romanos 12,2), passando in<strong>se</strong>nsivelmente ao lado das dores dos nossos irmãos,<br />

vivam eles aqui perto ou lá longe.<br />

A Quaresma <strong>é</strong> um tempo de graça, de verdade e de escuta em alta<br />

fidelidade. É tamb<strong>é</strong>m um tempo de prova. Tempo de rasgar novas avenidas de<br />

nova <strong>se</strong>nsibilidade, de abrir caminhos de caridade mais intensa, <strong>se</strong>mpre a partir<br />

da Vida nova do Ressuscitado, <strong>se</strong>mpre a caminho da Vida nova do Ressuscitado.<br />

Em boa verdade, <strong>é</strong> <strong>se</strong>mpre bom e belo tomarmos consciência de <strong>que</strong> estamos<br />

hoje e aqui, a viver esta Quaresma do Ano da Graça de 2012, depois da<br />

Ressurreição do Senhor e por causa da Ressurreição do Senhor.<br />

Depois da Ressurreição do Senhor e por causa da Ressurreição do Senhor.<br />

São estas as coorde<strong>na</strong>das nucleares da nossa estrada quaresmal. Não podemos,<br />

portanto, <strong>que</strong>ridos irmãos, deixar de testemunhar <strong>que</strong> tamb<strong>é</strong>m hoje <strong>é</strong> possível,<br />

belo, bom e justo viver a existência huma<strong>na</strong> de acordo com o Evangelho, e<br />

empenhar-nos, por isso e para isso, em viver uma vida verdadeira, ple<strong>na</strong>, <strong>bela</strong>, de<br />

tal modo <strong>bela</strong>, <strong>que</strong> não <strong>se</strong>ria possível explicá-la <strong>se</strong> Cristo não tives<strong>se</strong> sido<br />

Crucificado e <strong>se</strong> não tives<strong>se</strong> verdadeiramente Ressuscitado.<br />

Querida Igreja desta Dioce<strong>se</strong> de Lamego, não es<strong>que</strong>ças a tua identidade.<br />

Não te percas no caminho. Não te es<strong>que</strong>ças de onde vens e para onde vais. Não<br />

percas de vista Cristo Crucificado e Ressuscitado. E não te es<strong>que</strong>ças de <strong>que</strong> Ele<br />

continua vivo e atuante em ti, e solenemente exposto no rosto de cada irmão e<br />

irmã mais pe<strong>que</strong>ninos.


Assim <strong>se</strong>ndo e assim <strong>é</strong>, <strong>que</strong>rida Igreja de Lamego, «enquanto temos tempo,<br />

façamos o bem para com todos» (Gálatas 6,10). E tu, meu irmão e minha irmã,<br />

«não deixes de fazer o bem a <strong>que</strong>m tem necessidade, quando está em tuas mãos<br />

fazê-lo. Não digas ao teu próximo: “Vai-te embora, volta amanhã e dar-te-ei, <strong>se</strong><br />

tens aquilo de <strong>que</strong> ele necessita”» (Prov<strong>é</strong>rbios 3,27-28).<br />

Lembro ainda, <strong>que</strong>ridos irmãos, <strong>que</strong> esta viagem quaresmal <strong>é</strong> mais<br />

intransitiva do <strong>que</strong> transitiva. Não <strong>é</strong> tanto uma viagem exterior, <strong>na</strong>s estradas e no<br />

mapa. É mais, muito mais, uma viagem por dentro de nós, para refazer um<br />

coração <strong>que</strong> vê, entranhas <strong>que</strong> amam <strong>se</strong>m medida, p<strong>é</strong>s <strong>que</strong> correm a anunciar o<br />

Evangelho, mãos abertas <strong>que</strong> acolhem e dão, mente cheia de grandes ideais. Ou,<br />

para o dizer com São Paulo: «Revesti-vos […] de entranhas de mi<strong>se</strong>ricórdia,<br />

bondade, humildade, mansidão e mag<strong>na</strong>nimidade, levantando-vos uns <strong>aos</strong> outros<br />

e fazendo-vos graça uns <strong>aos</strong> outros» (Colos<strong>se</strong>n<strong>se</strong>s 3,12-13).<br />

Amados irmãos, <strong>que</strong>ria propor-vos tamb<strong>é</strong>m, para este itinerário quaresmal,<br />

uma maneira concreta de prestarmos atenção <strong>aos</strong> nossos irmãos, de olharmos<br />

pelos nossos irmãos, de perto e de longe. Falo do destino a dar ao nosso<br />

contributo quaresmal diocesano, <strong>que</strong> <strong>é</strong> uma das expressões da nossa caridade.<br />

Olhando para os nossos irmãos de perto, vamos desti<strong>na</strong>r uma parte do contributo<br />

da nossa caridade para o fundo solidário diocesano, para ajudar a aliviar os<br />

irmãos mais necessitados. Olhando para os nossos irmãos de longe, vamos<br />

desti<strong>na</strong>r outra parte do contributo da nossa caridade para as missões de Malema e<br />

Nametil (Dioce<strong>se</strong> de Nampula, Moçambi<strong>que</strong>), para <strong>se</strong>ntirmos tamb<strong>é</strong>m a alegria<br />

de levar um pouco de alívio a irmãos nossos <strong>que</strong> experimentam muito mais<br />

dificuldades do <strong>que</strong> nós.<br />

Com a ternura de Jesus Cristo, saúdo todas as crianças, jovens, adultos e<br />

idosos, catequistas, acólitos, leitores, escuteiros, cantores, ministros da<br />

comunhão, membros de todas as associações, <strong>se</strong>rviços e <strong>se</strong>cretariados, todos os<br />

nossos <strong>se</strong>mi<strong>na</strong>ristas, todos os religiosos e religiosas, todos os diáconos e<br />

sacerdotes <strong>que</strong> habitam e <strong>se</strong>rvem a nossa Dioce<strong>se</strong> de Lamego ou estão ao <strong>se</strong>rviço<br />

de outras Igrejas. Saúdo com particular afeto todos os doentes, carenciados e<br />

de<strong>se</strong>mpregados, e as famílias <strong>que</strong> atravessam dificuldades. Uma saudação<br />

especial <strong>aos</strong> nossos emigrantes.<br />

Na certeza da minha oração e comunhão convosco, a todos vos abraça o<br />

vosso bispo<br />

+ António Couto, Bispo de Lamego

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