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30/10/2005 11:19:22 O 'juridiquês' no banco dos réus ... - AMB

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No item Simplicidade, por exemplo, ele orienta que escrever ‘‘autor e réu (como está <strong>no</strong> Código de Processo Civil) é melhor que<br />

demandante, demandado, postulante, peticionário’’.<br />

Ele faz ressalvas até ao emprego de expressões latinas: ‘‘Recomenda­se que tal prática se restrinja aos casos em que há real<br />

necessidade’’.<br />

Quando aborda o tema Clareza, observa: ‘‘Expressar o pensamento sem obscuridade é uma arte, que exige muito exercício até que o<br />

redator se acostume a escrever de forma simples, com frases curtas e objetivas, de fácil compreensão para o leitor’’.<br />

Em seguida, cita um trecho de uma sentença em que o juiz encadeou várias idéias, formando uma extensa frase. ‘‘É difícil entender<br />

todas essas informações’’.<br />

Concurso da <strong>AMB</strong><br />

Objetivo: Incentivar o uso de uma linguagem jurídica simplificada<br />

Promoção: Associação <strong>dos</strong> Magistra<strong>dos</strong> Brasileiros<br />

Categorias:<br />

1) estudante de Direito;<br />

2) juiz<br />

Premiações:<br />

1) R$ 6 mil (1º lugar); R$ 4 mil (2º); R$ 2 mil (3º)<br />

2) <strong>no</strong>tebook (1º); desktop (2º); palm top (3°)<br />

Temas:<br />

1) Pelo fim do juridiquês — Ninguém valoriza o que não entende<br />

2) Simplificação da linguagem jurídica<br />

Sugestões de trabalhos:<br />

1) artigo; proposta de mo<strong>no</strong>grafia; proposta de projeto de conscientização de estudantes<br />

2) texto mostrando a simplificação lingüística de uma peça jurídica; sugestão incentivando ações conscientizadoras em tribunais e<br />

comarcas<br />

Prazo para inscrição: até 4 de <strong>no</strong>vembro de <strong>2005</strong><br />

Local de inscrição: Associação <strong>dos</strong> Magistra<strong>dos</strong> Brasileiros (<strong>AMB</strong>)<br />

SCN Quadra 2, Bloco D, Torre B, Centro Empresarial Liberty Mall, conjunto 1.<strong>30</strong>2, CEP 70.712, Brasília­DF, telefone (061) 2<strong>10</strong>3­9000<br />

Fonte: Site da <strong>AMB</strong> (www.amb.com.br)<br />

Palavra jurídica pode lesar cidadão, diz desembargador<br />

Lídia Maria de Melo<br />

No dia­a­dia do Tribunal de Justiça de São Paulo, o desembargador Rizzatto Nunes costuma deparar­se com o que ele chama de<br />

‘‘pérolas jurídicas’’: ‘‘São sentenças de juízes que não dizem absolutamente nada’’.<br />

Professor universitário há 25 a<strong>no</strong>s, ele selecio<strong>no</strong>u esse material e montou uma tabela para os alu<strong>no</strong>s do curso de Mestrado em Direito,<br />

que coordena na Universidade Metropolitana de Santos (Unimes). Na disciplina, que discute a retórica do processo linguístico da<br />

Faculdade de Direito, a classe combina frases aleatórias e percebe como é possível elaborar um discurso sem sentido, mas que<br />

impressiona pelo estilo empolado.<br />

Autor de 34 livros, <strong>no</strong>ve sobre Direito do Consumidor, Rizzatto Nunes defende que o jurista saiba empregar uma linguagem simples<br />

quando se dirigir ao leigo. ‘‘Temos que aprender a traduzir. O sujeito entra na escola de Direito, aprende uma linguagem <strong>no</strong>va e depois<br />

não sabe mais voltar para a linguagem anterior’’.<br />

A consequência dessa dificuldade, segundo ele, é que ‘‘o cidadão é lesado pela palavra jurídica’’. Por isso, o desembargador, que foi<br />

advogado por 18 a<strong>no</strong>s, é a favor da campanha da Associação <strong>dos</strong> Magistra<strong>dos</strong> do Brasil (<strong>AMB</strong>). ‘‘O juridiquês torna as relações mais<br />

injustas, porque às vezes o cidadão não sabe quais são os seus direitos’’.<br />

Ele, que é livre­docente e doutor pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, cita a expressão ‘‘alienação fiduciária’’ para<br />

mostrar como um termo desconhecido pode prejudicar alguém. ‘‘O sujeito compra um automóvel financiado e a garantia é a ‘alienação<br />

fiduciária’, mas ele não sabe. Ele pensa que é proprietário do automóvel e vende. Mas aquele bem não é dele, é do <strong>banco</strong> financiador<br />

(proprietário fiduciário). Ele só será o do<strong>no</strong> quando quitar. Quando ele vende um bem que não é dele, acaba tendo problemas sérios’’.<br />

Livro<br />

Esse tipo de preocupação instigou o jurista a escrever um <strong>no</strong>vo livro, que será lançado <strong>no</strong> dia 8, pela Editora Nova Fronteira, na<br />

Fundação Itaú Cultural, em São Paulo.<br />

Dirigida a crianças e adolescentes, a obra tem o apoio da Fundação Abrinq e dá <strong>no</strong>ções de Direito do Consumidor, sem termos<br />

jurídicos. ‘‘Quando não dá para escapar do termo técnico, eu coloco a explicação dada pelo pai do personagem’’.<br />

Termos técnicos<br />

Em relação à simplificação, Rizzato Nunes acha que não é preciso atingir a linguagem técnica, porque toda área de atuação tem seu<br />

próprio vocabulário. ‘‘O problema do Direito é não ser direto para a população. É misturar termos técnicos com uma linguagem<br />

empolada, cheia de floreios, para impressionar’’.<br />

Para ele, numa sentença o juiz não deve usar, por exemplo, a palavra ‘‘abroquelar’’, em vez de ‘‘fundamentar’’. Mas não vê problemas

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