Outubro - Jornal Bombeiros de Portugal
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2 OUTUBRO 2010<br />
Desenganem-se<br />
os <strong>de</strong>latores<br />
Dizem que não houve mudanças nos bombeiros,<br />
nos seus equipamentos e viaturas.<br />
Quem o diz, em abono da verda<strong>de</strong>, não está a<br />
ser honesto... É aleivosia, é perfídia dizê-lo. È<br />
má vonta<strong>de</strong> afi rmá-lo.<br />
Na “verda<strong>de</strong>”, ciclicamente tem-se operado<br />
uma notável e profunda “renovação” no parque<br />
<strong>de</strong> viaturas dos bombeiros portugueses.<br />
On<strong>de</strong> estão as AM, APS, APSN, AB, ABT, AR,<br />
AC, AA, PSM? Em parte nenhuma, dirão os<br />
leitores, e é verda<strong>de</strong>.<br />
On<strong>de</strong> estão os PS, PSU, TPL, MAS, VE, AG,<br />
TG, PC? Em parte nenhuma, dirão com razão.<br />
E que dizer dos PSL, PSU, PSF, AE e AP?<br />
Também já não existem.<br />
Agora, temos VCI, VLCI, VUCI, VRCI, VFCI,<br />
VECI, VTTU, VTTR, VTGC, VE, VP, VAME, VAPA,<br />
VETA, VCOC, VCOT, ABCI, ABSC, ABTD, ABTM,<br />
VSAM, VECI, VOPE, VSAE, VSAT e tantas outras.<br />
Por isso, será pouco sério consi<strong>de</strong>rar que,<br />
nos últimos anos, não houve “renovação” na<br />
frota dos bombeiros....<br />
Milagre, é do velho fazer novo, como tem<br />
acontecido. A sério, como todos sabemos, é<br />
que as viaturas são, na sua larga maioria, as<br />
mesmas, mas remoçadas com uma simples<br />
mudança <strong>de</strong> nome, <strong>de</strong> tipologia, <strong>de</strong> nomenclatura,<br />
como lhe quiserem chamar.<br />
Arménio Rasteiro Paiva Ferreira,<br />
55 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> e bombeiro <strong>de</strong><br />
3.ª do quadro activo da Associação<br />
Humanitária dos <strong>Bombeiros</strong> Voluntários<br />
do Concelho <strong>de</strong> Soure, faleceu<br />
vítima <strong>de</strong> doença prolongada a<br />
9 <strong>de</strong> <strong>Outubro</strong> <strong>de</strong> 2010, e foi sepultado<br />
no cemitério <strong>de</strong> Granja do Ulmeiro<br />
a 10 <strong>de</strong> <strong>Outubro</strong> <strong>de</strong> 2010.<br />
Mensagem<br />
Arménio Rasteiro Paiva Ferreira:<br />
Ingressou no quadro auxiliar em Janeiro <strong>de</strong><br />
1997. Esteve 13 anos, oito meses e 27 dias ao<br />
serviço da comunida<strong>de</strong>, ao serviço dos <strong>Bombeiros</strong><br />
SOURE<br />
Rui Rama da Silva<br />
Algumas <strong>de</strong>las, com 20 anos, até já mudaram<br />
<strong>de</strong> nome quatro vezes. Então, isto não é<br />
renovação? Verda<strong>de</strong>ira magia que assenta<br />
apenas nas letrinhas...<br />
As AM são coisas do passado. Depois, houve<br />
as AMS, que também já não existem. Agora<br />
temos ABSC. Mas o que nos “trama” é o<br />
conta-quilómetros <strong>de</strong> muitas <strong>de</strong>ssas ambulâncias,<br />
que já foram isso tudo (AM, AMS e<br />
ABSC), não enganar, teimando em marcar, em<br />
muitos casos, duzentos ou trezentos mil quilómetros…<br />
Isto é que é mudança, evolução e renovação!<br />
Melhor não há, nem po<strong>de</strong>rá haver. Ainda<br />
por cima, com base em verda<strong>de</strong>ira trapalhice<br />
legislativa, evi<strong>de</strong>nciada em atropelos, com<br />
portarias a arrasar <strong>de</strong>cretos e outras coisas do<br />
género.<br />
Animem-se, a mudança está precisamente<br />
aí! Porque o investimento em novas viaturas é<br />
que tarda, mas paciência. Até lá, a dança das<br />
letras vai enchendo a vista aos tansos e distraídos.<br />
Mas basta imaginação para acreditar na<br />
mudança. Só os <strong>de</strong>latores e os eivados <strong>de</strong> malícia<br />
po<strong>de</strong>m dizer que ela não existe… Verda<strong>de</strong>iro<br />
“upgra<strong>de</strong>” faz- <strong>de</strong>-conta!<br />
O director<br />
rama.silva@lbp.pt<br />
Faleceu Arménio Ferreira<br />
Faleceu no passado dia 1 <strong>de</strong> <strong>Outubro</strong>,<br />
vítima <strong>de</strong> doença prolongada,<br />
Duarte Mário Vila, bombeiro<br />
<strong>de</strong> 2.ª do Quadro <strong>de</strong> Honra dos<br />
<strong>Bombeiros</strong> Voluntários <strong>de</strong> Montelavar.<br />
Sempre tratado com respeito, o<br />
“Sr. Duarte foi para este corpo <strong>de</strong><br />
bombeiros um exemplo a seguir,<br />
um guardião do verda<strong>de</strong>iro signifi -<br />
cado do que é ser bombeiro”, assim<br />
o lembraram os responsáveis<br />
da associação no momento da <strong>de</strong>spedida.<br />
Em 18 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 1969 ingressou como<br />
ca<strong>de</strong>te dos <strong>Bombeiros</strong> Voluntários <strong>de</strong> São Pedro<br />
MONTELAVAR<br />
Faleceu Duarte Vila<br />
Voluntários <strong>de</strong> Soure, na sua secção<br />
<strong>de</strong>stacada da Granja do Ulmeiro.<br />
Um bombeiro por excelência,<br />
amigo do seu amigo; um exemplo<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação, altruísmo e <strong>de</strong> disciplina.<br />
Arménio, estejas on<strong>de</strong> estiveres,<br />
sabemos que po<strong>de</strong>mos contar contigo.<br />
Camarada, é impossível esquecer a tua boa<br />
disposição e o teu sorriso.<br />
Obrigado, Arménio, e <strong>de</strong>scansa em paz!<br />
O comandante<br />
dos <strong>Bombeiros</strong> Voluntários <strong>de</strong> Soure<br />
Carlos Luís<br />
<strong>de</strong> Sintra, tendo em Junho <strong>de</strong><br />
1985 pedido transferência para os<br />
<strong>Bombeiros</strong> Voluntários <strong>de</strong> Montelavar,<br />
on<strong>de</strong>, até ao ano <strong>de</strong> 2003, e<br />
após completar 32 anos <strong>de</strong> serviço<br />
efectivo, passou ao quadro <strong>de</strong><br />
honra.<br />
Ao longo da sua carreira, foi<br />
alvo <strong>de</strong> reconhecimento por parte<br />
da Liga dos <strong>Bombeiros</strong> Portugueses,<br />
da Câmara Municipal <strong>de</strong> Sintra<br />
e da própria associação, pelos<br />
anos <strong>de</strong>dicados à causa dos bombeiros portugueses.<br />
Sérgio Santos<br />
JORNAL@LBP.PT<br />
A<strong>de</strong>nsam-se as nuvens<br />
voz corrente entre os<br />
É bombeiros que a mudança<br />
operada recentemente<br />
na cúpula do Instituto<br />
Nacional <strong>de</strong> Emergência<br />
Médica (INEM)<br />
po<strong>de</strong>rá indiciar um retorno<br />
a tempos passados,<br />
mas ainda bem recentes<br />
na memória <strong>de</strong>les.<br />
A <strong>de</strong>claração do director<br />
regional do Norte do<br />
INEM no 1.º Fórum <strong>de</strong><br />
Emergência do Distrito<br />
<strong>de</strong> Bragança, realizado<br />
em Macedo <strong>de</strong> Cavaleiros, po<strong>de</strong> corroborar<br />
esse mal-estar. Aquele responsável <strong>de</strong>clarou<br />
que, “na <strong>de</strong>legação Norte, é intenção do INEM<br />
aumentar os meios próprios, nomeadamente<br />
as SIV (ambulâncias <strong>de</strong> suporte imediato <strong>de</strong><br />
vida), embora sejamos a <strong>de</strong>legação com mais<br />
meios <strong>de</strong>stes”. Meios, aliás, cuja oportunida<strong>de</strong><br />
e grau <strong>de</strong> operacionalida<strong>de</strong>, mesmo se analisados<br />
numa perspectiva <strong>de</strong> custo/benefício,<br />
têm suscitado muitas críticas entre os bombeiros.<br />
Em zonas on<strong>de</strong> esses meios se encontram<br />
se<strong>de</strong>ados, é comum acontecer fazerem um ou<br />
dois serviços, enquanto os bombeiros, afi nal,<br />
continuam a fazer a mesma dúzia, ou até<br />
mais, bem e mais barato. Recor<strong>de</strong>-se que, por<br />
exemplo, cada ambulância <strong>de</strong> suporte básico<br />
<strong>de</strong> vida (SBV) do próprio INEM custa ao erário<br />
público cerca <strong>de</strong> 14 mil euros por mês, enquanto<br />
cada ambulância <strong>de</strong> posto <strong>de</strong> emergência<br />
(PEM) instalada numa associação <strong>de</strong><br />
bombeiros custa ao mesmo erário apenas até<br />
3500 euros por mês.<br />
A gestão agora saída do INEM teve o mérito<br />
<strong>de</strong> tentar corrigir muitas <strong>de</strong>ssas assimetrias,<br />
tentando repor a justiça para com os bombeiros,<br />
quer na renovação da frota envelhecida<br />
<strong>de</strong> ambulâncias PEM, quer na criação <strong>de</strong> novos<br />
postos. O resultado, apesar <strong>de</strong> digno <strong>de</strong> nota,<br />
fi cou aquém do <strong>de</strong>sejado, mas seria injusto<br />
Luís António dos Santos Celestino,<br />
chefe no Quadro<br />
Honorário dos <strong>Bombeiros</strong> Voluntários<br />
do Fundão, faleceu no<br />
dia 7 <strong>de</strong> Setembro.<br />
Nasceu em 21 <strong>de</strong> Setembro<br />
<strong>de</strong> 1933, tendo entrado para a<br />
corporação dos <strong>Bombeiros</strong> Voluntários<br />
do Fundão em 1954.<br />
Seus fi lhos, genros, nora e<br />
netos agra<strong>de</strong>cem à Liga dos<br />
<strong>Bombeiros</strong> Portugueses o empenho<br />
que teve na tentativa <strong>de</strong> ajuda, aos <strong>Bombeiros</strong><br />
do Fundão a homenagem prestada, e a<br />
todos os bombeiros que o guardam em sua memória.<br />
À Liga dos <strong>Bombeiros</strong> Portugueses<br />
Não disponho <strong>de</strong> palavras a<strong>de</strong>quadas para<br />
<strong>de</strong>screver o quanto agra<strong>de</strong>ço a vossa disponibilida<strong>de</strong><br />
para ajudar o meu pai nas suas últimas<br />
semanas <strong>de</strong> vida, tentando encontrar-lhe um<br />
lugar digno <strong>de</strong> repouso da sua doença oncológica<br />
em fase terminal, on<strong>de</strong> ele pu<strong>de</strong>sse reencontrar<br />
o seu mundo perdido, o seu amor-próprio e a<br />
confi ança necessária para o caminho fi nal que se<br />
aproximava num espaço temporal <strong>de</strong>masiado<br />
rápido em relação ao seu e ao nosso sentir do<br />
tempo.<br />
Neste curto espaço <strong>de</strong> tempo, lembrava-vos<br />
com carinho e disse-me que não me esquecesse<br />
que tinha sido bombeiro <strong>de</strong> alma e coração e que<br />
<strong>de</strong>sejava “partir como um bombeiro e que queria<br />
FUNDÃO<br />
não reconhecer que essa era a vonta<strong>de</strong>, mesmo<br />
que contra muitos ventos e outros fenómenos<br />
corporativos que pairam sobre o INEM<br />
sob as capas mais pueris.<br />
Agora, veremos o que irá acontecer. O futuro<br />
presi<strong>de</strong>nte do INEM, ainda não empossado<br />
à data da elaboração <strong>de</strong>ste escrito, está associado<br />
à gestão passada <strong>de</strong> Cunha Ribeiro, que<br />
tantas críticas fundadas gerou entre os bombeiros.<br />
Tratava-se, sem dúvida, <strong>de</strong> um projecto<br />
que, como ainda hoje se prova à exaustão,<br />
não se compaginava nem apoiava a participação<br />
dos bombeiros no sistema <strong>de</strong> socorro.<br />
Tudo foi feito para que eles saíssem, e se<br />
acentuasse uma imagem pública, bem orquestrada,<br />
que <strong>de</strong>sclassifi cava e até achincalhava<br />
a sua participação no pré-hospitalar.<br />
Não temos qualquer dúvida sobre a capacida<strong>de</strong><br />
técnica do novo presi<strong>de</strong>nte do INEM,<br />
mas suscita-nos algumas dúvidas a sua vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> gerir um sistema em que cabe um<br />
papel a todos. Caber-lhe-á agora provar o<br />
contrário e dissipar as nuvens que começam a<br />
pairar sobre o sistema. Os bombeiros não têm<br />
memória curta. Não esquecem o que viram e<br />
ouviram. Mas, em simultâneo, têm um coração<br />
enorme para <strong>de</strong>itar para trás tudo isso e<br />
trabalhar em conjunto, assim as pessoas os<br />
saibam merecer.<br />
A Redacção.<br />
Faleceu Luís Celestino<br />
ser sempre bombeiro”. A morte<br />
apareceu pouco <strong>de</strong>pois.<br />
Os problemas respiratórios<br />
do meu pai acentuaram-se<br />
drasticamente nos últimos dias<br />
da sua existência, e no dia 6 <strong>de</strong><br />
Setembro vi tanto sofrimento<br />
no seu rosto que se tornou difícil<br />
estar ao pé <strong>de</strong>le. A sua enorme<br />
resistência física, aliada a<br />
uma gran<strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver,<br />
aguentaram todas as tentativas<br />
médicas, mas a sua vida física terminou em 8 <strong>de</strong><br />
Setembro <strong>de</strong> 2010, pelas 11 horas.<br />
O meu pai morreu. Finalmente, estava liberto<br />
do gran<strong>de</strong> sofrimento físico e espiritual em que a<br />
doença prolongada o colocara, e a ajuda que vos<br />
tinha pedido não foi precisa. Quero agra<strong>de</strong>cervos<br />
em memória <strong>de</strong>le, que via sempre os <strong>Bombeiros</strong><br />
em primeiro lugar, e quero agra<strong>de</strong>ce-vos<br />
em meu nome pessoal, com a herança que ele<br />
me <strong>de</strong>ixou – o amor pelo próximo, o altruísmo e<br />
o ser bombeiro, que nunca fui e nunca serei, <strong>de</strong><br />
farda, mas que sou <strong>de</strong> coração.<br />
Agra<strong>de</strong>ço em especial à Sr.ª D. Florbela o cuidado<br />
e carinho com que ouviu o meu <strong>de</strong>sânimo e<br />
a minha dor, assim como a prontidão com que<br />
tentou resolver o meu pedido <strong>de</strong> ajuda, para que<br />
fosse possível encontrar um lugar <strong>de</strong> serviços<br />
continuados que permitisse a saída do meu pai<br />
do Centro Hospitalar Amato Lusitano em Castelo<br />
Branco.<br />
Uma fi lha agra<strong>de</strong>cida<br />
Maria da Anunciação Esteves dos Santos<br />
Foto: Mário Cruz / Lusa