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UMA SENHORA INESQUECÍVEL - CloudMe

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GGrruuppooRRRR<br />

<strong>UMA</strong> <strong>SENHORA</strong> <strong>INESQUECÍVEL</strong><br />

Título original: An Unforgettable Lady<br />

J. R. Ward escrevendo como Jessica Bird<br />

Pesquisa e disponibilização: Mell<br />

Revisão e formatação: Marília<br />

1


Resumo:<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Ela pensou que tinha tudo o que sempre quis, até que ela conhece o único<br />

homem que realmente precisa…<br />

Forçada para a ribalta pela sua fabulosa riqueza, a herdeira Grace Hall, não está<br />

de todo, preparada para as consequências da sua posição. Quando uma série de<br />

ataques contra as mulheres mais importantes da cidade, deixa Grace vulnerável, a<br />

beleza refinada relutantemente contrata um guarda-costas. Agora ela se encontra<br />

sujeita à vontade férrea de seu novo protetor. Apesar da sua frustração, Grace é<br />

perfeita para John Smith, de maneiras que ela não pode explicar. Por baixo de seu<br />

exterior resistente e passado sombrio, há um núcleo que é tentadoramente<br />

sedutor.<br />

John sabe que quando você é um guarda-costas profissional, ele precisa ser todo<br />

o negócio. Mas tal comportamento contribui para uma vida solitária com poucos<br />

laços e muitas despedidas. Grace era suposto ser apenas uma outra atribuição de<br />

uma longa lista. No entanto, há algo sobre ela, que fica sob sua pele. A cada dia que<br />

passa, cresce a atração mais intensa, até que John é confrontado com uma decisão<br />

que ele nunca pensou que teria que fazer. Ele pode desistir da vida que já conhece,<br />

só para estar com a única mulher que já amou?<br />

2


Conteúdo<br />

Capítulo 1<br />

Capítulo 2<br />

Capítulo 3<br />

Capítulo 4<br />

Capítulo 5<br />

Capítulo 6<br />

Capítulo 7<br />

Capítulo 8<br />

Capítulo 9<br />

Capítulo 10<br />

Capítulo 11<br />

Capítulo 12<br />

Capítulo 13<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Capítulo 14<br />

Capítulo 15<br />

Capítulo 16<br />

Capítulo 17<br />

Capítulo 18<br />

Capítulo 19<br />

Capítulo 20<br />

Capítulo 21<br />

Capítulo 22<br />

Capítulo 23<br />

Capítulo 24<br />

Epílogo<br />

Para Dianne Anderson, e seu amor, Scott Anderson.<br />

E também o pequenino MacGregor.<br />

3


Capítulo 1<br />

GGrruuppooRRRR<br />

John Smith verificou seu relógio e olhou através do salão de baile do Hotel Plaza.<br />

As coisas estavam indo bem. De acordo com o relatório que acabou de vir através<br />

de seu auricular, o avião do embaixador aterrou seguro em La Guardia e o homem<br />

estaria chegando na festa a tempo.<br />

Os olhos de Smith ignoraram o reluzir da multidão. Era a mesma, um tanto<br />

quanto a cena chamativa de sempre, revolteando ao redor de jantares a $5,000 1 o<br />

prato. Mulheres em jóias e vestidos longos, homens em fraques, o coletivo líquido<br />

no valor do quarto acima na estratosfera. No meio da multidão inconstante, os<br />

negócios estavam sendo feitos, negócios estavam começando, e o desprezo social<br />

era permutado com sorrisos.<br />

O lugar estava sufocado com beijos pelo ar e apertos de mão.<br />

Debaixo dos lustres no salão de baile elegante, o lote inteiro deles parecia como<br />

se eles tivessem o mundo pela garganta. Smith sabia melhor. Ele foi contratado por<br />

vários, aprendeu os seus sujos segredos e seus vícios escondidos. Ele até assistira<br />

como alguns conseguiram o telefonema de acordar para a vida real.<br />

Ser o alvo de um franco-atirador armado, isso era algo sobre o qual se preocupar.<br />

Seu filho é raptado por um louco contando que você solte um par de milhões. Isso<br />

era um problema. Senão, o trabalho de simplório com a sua amante era<br />

simetricamente pálido em comparação.<br />

Perigo, como uma doença, era o grande igualador, e o rico aprende rápido o que<br />

realmente importa quando a tragédia veio batendo à sua porta. Cortesia da visita,<br />

eles também pegaram algumas lições em suas internas profundidades. Smith viu<br />

homens de negócios endurecidos quebrarem, soluçando de medo. Ele também<br />

testemunhara grandes reservas de força aparecerem numa mulher que<br />

anteriormente só se preocupara sobre as suas roupas.<br />

Ser um especialista de segurança pessoal era uma linha perigosa de trabalho mas<br />

era a única coisa que ele podia imaginar fazer. Com a sua experiencia do exército e<br />

inteligência, e o fato que ele não aceitava bem ordens, era um bom ajuste. Um<br />

observador, um protetor, um assassino se ele tivesse que ser, Smith estava no topo<br />

o seu campo, com a sua firma pequena, Black Watch, Ltd. 2 , lidando com todo o<br />

mundo de estadistas até financeiros, para figuras internacionais.<br />

1 Equivale a 8555,97 BRL, 3790,07 EUR.<br />

2 Vigias Negros, Limitada.<br />

4


GGrruuppooRRRR<br />

Para alguns, teria sido uma vida dura. Com sua profissão de escolha ele esteve<br />

voando em torno do mundo, dormindo em quartos de hotel, ficando em casa de<br />

outras pessoas, partindo para o próximo trabalho sem uma fratura. Para ele, a falta<br />

de continuidade estava apelando. Necessário.<br />

Um equipamento de desportista como total de roupa e duas pastas de metal de<br />

equipamento eram as únicas posses.<br />

O dinheiro que ele ganhava, uma soma limpa, estava espalhado em volta em<br />

várias contas off-shore escondidas debaixo de vários nomes diferentes. Sem um<br />

número de segurança social válido, e nem com o serviço de IRS 3 nem qualquer outra<br />

agência do governo tendo um registo não classificado dele, ele era, para todos os<br />

intentos e propósitos, um fantasma.<br />

Mas isto não significa que ele era desadvertido.<br />

Uma mulher num vestido preto e justo passou por ele, olhou-o com um convite<br />

que ele imaginou muitos homens achariam irresistível. Ele olhou para lá dela, por<br />

ela. Ele não estava interessado num lance rápido com uma diva social. A<br />

experiência o ensinou que se pegasse com seu próprio tipo.<br />

As mulheres com quem ele tinha estado tendiam a ser membros da comunidade<br />

de inteligência ou do exército.<br />

Elas entendiam a sua vida e nada esperavam para além de uma noite<br />

compartilhada ou duas, um corpo para amornar a sua cama. As mulheres de civis<br />

tendiam a examinar o futuro depois de que fizeram sexo, e lidar com as suas<br />

expectativas extraviadas levava tempo e paciência que ele não tinha sobressalente.<br />

Do seu telefone auricular saiu. O ‘pacote’ estava na limusine, encaminhando-se<br />

para o Plaza.<br />

— Obrigado, Tiny 4 , — ele disse para um transmissor pequeno em seu pulso.<br />

O embaixador tinha recebido ameaças de morte, que era o porque Smith acabou<br />

com um fraque na festa.<br />

Quando ele esquadrinhou a multidão, não esperava dificuldades. O lugar estava<br />

fervilhando de seus homens. Ele sabia. E confiava em todos eles, tendo os escolhido<br />

a mão fora do corpo do exército e da elite militar. A Black Watch era o único lugar<br />

que ele conhecia onde antigos Rangers 5 , Marines, e Navy Seals podiam trabalhar<br />

3 Finanças.<br />

4 Tradução: Minúsculo ou Pequeno.<br />

5 Guardas Florestais.<br />

5


GGrruuppooRRRR<br />

juntos sem trocarem socos. Se algo acontecesse hoje à noite, eles trabalhariam<br />

juntos e fariam o inferno para proteger o embaixador.<br />

Exceto que Smith não estava preocupado, porque sabia algo, que ninguém mais<br />

sabia. O homem que estava atrás do embaixador tinha sido morto mais ou menos<br />

cinco horas atrás, num desértico posto avançado em seu país de origem. Smith<br />

tinha sido informado, de fora por um velho amigo seu, e considerando a fonte, ele<br />

era de confiança e a informação era sólida. Não queria dizer que o embaixador<br />

estava fora de perigo, com assassinos que podiam ser fácilmente substituidos, mas<br />

diminuia as chances de dificuldade nesta noite em particular.<br />

Apesar do nível reduzido de ameaça, Smith não estava menos alerta. Ele sabia<br />

onde todo o grupo no salão de baile estavam, em que padrões eles estavam se<br />

movendo, como eles estavam entrando e saindo do espaço. Até a melhor<br />

inteligência no mundo não iria mudar a precisão de sua vista periférica ou a sua<br />

assimilação rápida de informações.<br />

A vigilância era uma segunda natureza para ele. Tão imutável quanto a sua cor de<br />

olhos.<br />

Smith sentiu alguém o abordar por trás. Ele se voltou e olhou abaixo no rosto<br />

preocupado de Alfred Alston, o anfitrião da gala. O homem era um tipo de Registo<br />

Social típico, com uma cabeça cheia de cabelo prematuramente branco e os óculos<br />

requeridos com bordas de chifre. Smith gostou dele. O sujeito tinha sido fácil de<br />

lidar.<br />

— Eu sinto muito terrivelmente me intrometer, mas você viu minha esposa? —<br />

Existia uma leve cadência inglesa nas suas vogais, nenhuma dúvida de que ficou<br />

de quando a sua família tinha cruzado o Atlântico. Em 1630.<br />

Smith agitou sua cabeça.<br />

— Ela devia estar aqui já a algum tempo atrás. Ela odiaria faltar a entrada do<br />

embaixador. — Os dedos magros do Alston surgiram e perderam tempo com a sua<br />

gravata de arco. — Embora eu esteja certo que ela irá chegar de um momento para<br />

o outro. —<br />

A tensão em torno dos olhos do homem era mais verdadeira que as suas<br />

palavras.<br />

— Você quer que eu envie um de meus homens acima ao seu lugar? — Porque<br />

Alston tinha sido um bom desportista, Smith não se teria importado com o esforço<br />

extra. Além disso, não levaria muito tempo. Seus meninos tinham um modo de<br />

6


GGrruuppooRRRR<br />

seguir pelo tráfico que faria os motoristas de táxi de NYC parecerem como se que<br />

eles eram do país Amish 6 .<br />

Alston ofereceu um sorriso preocupado. — Obrigado, isso é muito agradável,<br />

mas eu não quereria aborrecer você. —<br />

— Deixe-me saber se você mudar de idéia. O embaixador está na hora certa, a<br />

propósito. —<br />

— Eu estou contente que você esteja aqui. Curt Thorndyke estava certo. Você<br />

põe a mente de um homem à vontade. —<br />

Smith resumiu procurando em torno do salão. Em outros vinte minutos, o<br />

embaixador chegaria. Existiriam as fotografias requeridas e o dobrar de joelhos e<br />

então o jantar seria… — Os olhos de Smith pousaram em algo.<br />

Ou em alguém, aliás.<br />

Ele olhou fixamente pela multidão numa mulher loira que acabou de chegar.<br />

Vestida de um deslumbrante vestido prateado, ela estava de pé na elaborada<br />

entrada para o salão de baile parecendo muito condenamente radiante para ser<br />

real.<br />

Ele imediatamente a reconheceu. Mas quem não iria.<br />

A Condessa von Sharone.<br />

A conversação no salão de baile baixou para um sussurro como indicador de que<br />

as pessoas notaram a sua presença. A condição social da Gala, já alta, atirou para o<br />

telhado com a sua chegada, e a aprovação da multidão era palpável.<br />

Se todos estes tipos vestidos de fantasia não tivessem segurando as bebidas, eles<br />

desatariam em aplausos, ele pensou secamente. Como se ela fosse o honoree 7 , e<br />

não o embaixador.<br />

Ainda, teve que admitir ela era uma beleza. Com seu cabelo loiro trançado em<br />

cima no alto em sua cabeça, ela era uma beleza clássica com características<br />

delicadas e deslumbrantes olhos verdes. E aquele vestido. Moldava o seu corpo, que<br />

se movia como água enquando ela andava no salão.<br />

Cristo, ela era bonita, ele pensou. Assumindo que você gosta daquele tipo<br />

aristocrático, de manteiga-que-não-vai-derreter-na-minha-boca.<br />

Que ele não gostava.<br />

6 Amish, seita protestante que se estabeleceu nos Estados Unidos e Canadá durante o século XVIII.<br />

7 Palavra francesa: Pessoa honrada.<br />

7


GGrruuppooRRRR<br />

Alston subiu para encontrá-la. Ela estendeu uma mão, e aceitou dele beijos de ar<br />

em ambas as bochechas, a sua expressão quente.<br />

Outra pessoa a abordou e então outra, até que ela era levada no salão numa onda<br />

de tentativas de lhe agradar, Smith localizou todo o seu movimento.<br />

Ela tem estado nos jornais recentemente, ele recordou, embora não fosse como<br />

se ela estivera sempre e realmente fora deles. Suas roupas, suas festas, aquele<br />

casamento extravagante que ela teve, eles foram palha para os tablóides. E nos<br />

jornais realmente semelhantes. O que leu sobre ela últimamente, entretanto? Seu<br />

pai acabou de morrer. Isso. Era isso. E existia um pouco de cobertura sobre ela e<br />

cinco outras mulheres na secção de Style 8 do New York Times. Ele viu numa página<br />

que jazia na recepcão dianteira do Plaza.<br />

Converse sobre nascer com uma colher de prata em sua boca, ele pensou,<br />

olhando as pérolas pesadas e os diamantes que estavam ao redor da sua garganta e<br />

oscilando de suas orelhas. A fortuna da sua família estava nos bilhões e contando<br />

que ela tinha acabado de se casar, não era exatamente o salário mínimo de<br />

qualquer um.<br />

Á medida em que ela avançava mais profundamente no salão, ela girou em sua<br />

direção e encontrou o seu olhar. Suas sobrancelhas ergueram-se régiamente<br />

quando ele não desviou o olhar.<br />

Talvez ela se ressentisse de ser olhada fixamente. Talvez ela sentisse que não<br />

pertencia ali embora ele se vestisse como sendo parte.<br />

Talvez um pouco da luxúria que ele estava sentindo, transpareceu em seu rosto.<br />

Ele escondeu sua reação quando ela o observou. Ele ficou surpreendido pela luz<br />

astuta em seus olhos e o fato de que ela demorou em sua orelha esquerda, e na<br />

peça nela. Ele não teria esperado que ela fosse tão observadora. A taxa do<br />

primeiro-cavalo em roupa para haute couture 9 , certo. O doce de braço favorito de<br />

algum homem rico, sim. Mas metade de um cérebro debaixo de toda aquela roupa<br />

de janela de fantasia? De modo nenhum.<br />

A condessa continuava pelo salão quando a voz profunda do Tiny soou bem no<br />

receptor do telefone. O embaixador estava a quinze minutos. Smith deu uma<br />

olhada abaixo em seu relógio. Quando ele olhou acima, ela estava parada na frente<br />

dele, tendo escapado aos seus admiradores.<br />

8 Estilo - Secção do jornal dedicada aos mais bem vestidos.<br />

9 Françês - Alta Costura<br />

8


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu conheço você? — Sua voz era suave, um pouco baixa para uma mulher.<br />

Incrivelmente sensual.<br />

O sorriso que ela ofereceu a ele era gentil e de boas-vindas, nada como o gesto<br />

aristocrático, frio que ele teria predito.<br />

Seus olhos chamejaram acima dela. Seus seios estavam escondidos pelo vestido<br />

de prata, mas eles eram perfeitamente formados e a cintura abaixo deles era<br />

pequena. Ele imaginou que suas pernas também, que estavam cobertas pelo<br />

vestido, pareceriam um pedaço de tão bom quanto. Ele também notou seu<br />

perfume, algo leve e penetrante chegou ao seu nariz e então ao seu sistema<br />

nervoso.<br />

— Nós não nos conhecemos? — Ela repetiu, abaixando a sua mão e esperando<br />

por uma resposta.<br />

Smith olhou abaixo. Deu a ele sua mão esquerda e ele pegou num olhar as jóias<br />

em seu dedo anelar. Ela estava usando uma safira monstruosa e uma fileira espessa<br />

de diamantes.<br />

Os anéis o lembraram que mentalmente despira uma mulher casada.<br />

Ele deu uma olhada em seus olhos, desejando que ela fosse para longe no<br />

inferno. Eles estavam começando a atrair a atenção com ela lá, com sua mão<br />

levantada.<br />

— Não, você não me conhece — ele disse roucamente, segurando com a<br />

atenção na sua palma.<br />

No momento que ele a tocou, uma labareda de calor disparou rapidamente em<br />

seu braço, e viu um eco disso brilhar nos olhos dela. Ela puxou de volta nitidamente.<br />

— Você está certo que nós não nos conhecemos? — Sua cabeça balançou para<br />

um lado enquanto ela esfregou a mão, como se tentando livrar-se de uma sensação<br />

desagradável.<br />

Seu auricular despediu com outra atualização do embaixador. — Sim, eu estou<br />

certo. —<br />

Smith girou e foi embora para longe dela.<br />

— Espere, — ele ouviu ela chamar.<br />

Ele não parou, só manteve o rumo à parte de trás do salão de baile. Empurrando<br />

abriu uma porta sem marca, ele caminhou num corredor que estava cheio com<br />

cadeiras e mesas extras. As lâmpadas incandescentes e calvas eram suspensas do<br />

teto baixo e elas lançavam sombras severas no chão de concreto. O corredor o<br />

levaria para a entrada de serviço que o embaixador iria usar.<br />

9


GGrruuppooRRRR<br />

Quando ouviu barulho de um clicar atrás dele, ele girou ao redor. A condessa o<br />

tinha seguido.<br />

Até debaixo do clarão, ela era empolgante.<br />

— O que você está fazendo? — Ele exigiu.<br />

— Quem é você? —<br />

— O que tem isso para você? —<br />

Ela hesitou. — É só que você estava olhando para mim como se nós nos<br />

conhecemos. —<br />

— Confie em mim. Nós não nos conhecemos. —<br />

Smith começou a ir embora novamente. A última coisa que a condessa precisava<br />

era de outro homem a suspirar por ela. Nenhuma dúvida sobre os idiotas a<br />

adorando, era uma dúzia de moedas de dez centavos em sua vida. E falando de<br />

idiotas, por que não estava o marido babando por toda parte dela hoje à noite? Ela<br />

pareceu ter vindo para a festa sozinha.<br />

Smith deu uma olhada acima de seu ombro.<br />

A condessa voltou para a porta. Sua cabeça baixa, como se ela estivesse se<br />

abraçando antes de voltar para a festa gala.<br />

Seus pés diminuíram a velocidade. Então parou.<br />

— O que está errado com você? — Ele gritou, sua voz saltando fora nas paredes<br />

nuas. No momento em que fez a pergunta, ele quis não ter feito isto em devolução,<br />

e sussurrou, — Alguém apareceu vestindo o mesmo vestido hoje à noite? —<br />

A cabeça da condessa estalou em direção a ele. Ela se endireitou e o considerou<br />

friamente.<br />

— Não existe absolutamente nada de errado comigo. — Sua voz era firme, as<br />

palavras terminando limpas e afiadas. Talvez ele tivesse imaginado a<br />

vulnerabilidade. — Você, porém, é tristemente carente em modos. —<br />

Smith congelou, pensando que ela era malditamente eficiente em como o<br />

colocar abaixo. Com uma sentença falada em tom, fino e calmo, ela o fez se sentir<br />

como uma sola de sapato. Então novamente, ela não teria dúvidas, o bastante na<br />

prática em diminuir pessoas, provavelmente aperfeiçoou a habilidade com o<br />

acompanhamento inteiro de empregados e garçons ao longo dos anos.<br />

Bem, ele não era um de seu lacaios. E ela não tinha nenhum negócio entrando no<br />

seu caminho. Ainda que o assassino do embaixador estivesse morto, a última coisa<br />

que Smith precisava era ter alguém como ela magoada, no meio de um de seus<br />

assuntos. Ela precisava voltar para a festa agora, então podia fazer o seu trabalho.<br />

10


GGrruuppooRRRR<br />

Tempo para ser um bunda duro, ele pensou.<br />

Smith caminhou até á condessa e teve que ignorar o perfume atormentador dela<br />

enquanto olhava furioso em seus olhos.<br />

— Existe algo que você tem que dizer? — Ela perguntou primeiro. — Ou você só<br />

quer aproximar-se de mim? —<br />

Como ela o considerou com o olhar fixo, Smith ficou surpreendido. Pois pessoas<br />

saiam de seu caminho depressa quando ele tinha a expressão fechada. A loira<br />

estava segurando a sua própria.<br />

Ele aproximou seu rosto mais íntimo para o dela, sentindo-se irritado.<br />

— Eu sinto muito se eu meramente ofendi você, — ele disse. — Eu quis irritar<br />

você. —<br />

— Agora por que você quereria fazer isso? —<br />

— Porque você está em meu caminho. —<br />

— Como muito? —<br />

O tempo estava passando, o embaixador estava ficando mais perto, e a<br />

tenacidade da condessa estava começando a conseguir meter-se debaixo da sua<br />

pele.<br />

Apenas com a sua proximidade, estava. Olhando fixamente abaixo nela, sentiu<br />

uma urgência que não tinha nada a ver com a contagem do tempo.<br />

E tudo para fazer com a fome.<br />

Mulher errada, lugar errado, ele pensou. Livre-se dela.<br />

— Diga-me, condessa, você sempre implora pela atenção assim? — Sua voz<br />

estava fria, desdenhosa.<br />

— Eu não estou implorando a você para qualquer coisa, — ela suavemente disse.<br />

— Você escolhe o único homem que não tem nenhum interesse em você e<br />

segue-o fora da festa. Você pensa que isso é distante? —<br />

Ele estava coçando para se ver livre dela, mas existia mais. Sua reação para com<br />

ela, a força e inapropriedade disto, o fez cauteloso. Ela era como estando na frente<br />

de um fogo.<br />

E era um homem que não tinha nenhuma intenção de ser queimado.<br />

Ele ficou surpreendido quando seus lábios se ergueram num sorriso leve. Em vez<br />

de conseguir a reação que ele queria, em algum tipo de desaprovação sensível, ele<br />

estava sendo olhado com censura tolerante.<br />

E então ela o chocou falando a verdade.<br />

11


GGrruuppooRRRR<br />

— Você, — decisivamente disse, — sente-se ameaçado por mim. —<br />

Smith ficou atordoado e recuperou com um sacudir de raiva.<br />

Quem esta embonecada como uma Barbie de sangue-azul pensava que era? Ele<br />

estava no negócio de salvar vidas e ela desfilava ao redor com seus vestidos nas<br />

festas. Ele lidava com assassinos e ladrões e psicósicos para viver. Ele sentia-se<br />

ameaçado por ela? Atarraxe isto.<br />

— Você tem um ego do inferno, Barbie, — ele disse laconicamente, — se você<br />

pensa que é assustadora. —<br />

— E você parece crescentemente antagônico. Eu me pergunto porque? —<br />

Smith esticou seu dedo polegar na direção da porta.<br />

— É melhor você voltar para seus amigos lá fora na terra do lá-lá. 10 Você estará<br />

muito mais segura com aqueles bonecos Ken do que sozinha aqui comigo no<br />

corredor de serviço. —<br />

Em resposta, ela teve o fel para sorrir extensamente nele.<br />

Não entendia que ele era um homem perigoso? Um homem armado, por Cristo.<br />

E ela tinha que cheirar tão bem?<br />

A condessa agitou sua cabeça com tristeza — Sabe, eu realmente pensei que<br />

você era alguém diferente. —<br />

Diferente? Ela conseguiu aquele direito. — Você aposta sua bunda doce que eu<br />

não tenho nada em comum com você. —<br />

— Lá fora, eu pensei que você estava realmente em controle, em carga de algo.<br />

— Querida, eu estou em carga do mundo inteiro. —<br />

— Realmente? Então por que você está tão chateado? Nós estamos só<br />

conversando. —<br />

— Nós não estamos fazendo qualquer coisa. Você está desperdiçando meu<br />

tempo. —<br />

Ela encolheu os ombros, num elevado elegante de seus ombros. — Você voltou<br />

para mim. Ninguém está mantendo você aqui. —<br />

Como ele se elevou acima dela, ela levantou suas mãos, o retrato de inocência.<br />

Ela voltou para a porta e olhou para acima de seu ombro. — Você também não é<br />

de muita compreensão. —<br />

10 Terra de fantasia<br />

12


GGrruuppooRRRR<br />

— Que diabo isto deveria querer dizer? —<br />

— Sun Tzu, A Arte de Guerra 11 , Algumas regras simples em conflito humano. Se<br />

seu oponente está bravo, irrite ele. — Ela atirou um olhar de debaixo de suas<br />

pestanas enquanto punha sua mão na maçaneta. Aquele sorriso grande, relaxado<br />

seu o aferrou. — A técnica de instigação trabalha particularmente bem, até com<br />

sujeitos duros como você. Talvez especialmente com sujeitos duros como você. —<br />

Isso, fez isto.<br />

Em uma onda de movimento que não teve nada a ver com sua mente consciente,<br />

Smith a alcançou e pegou ela contra ele. Ela o dirigiu para a beira de seu<br />

autocontrole.<br />

E a umas polegadas passadas disso.<br />

A diversão deixou seu rosto como ela empurrou suas mãos contra seu tórax. — O<br />

que você está fazendo? —<br />

— Muito tarde para voltar agora, Condessa, — ele rosnou. — Você empurrou o<br />

homem errado, muito longe. —<br />

Ele tomou seus lábios num beijo de punição, seus braços contraindo e a<br />

segurando muito firmemente, ele podia sentir cada polegada sua. A sensação de<br />

seu corpo contra o seu era um choque total. O seu contorno macio ajustado<br />

suavemente nos seus ângulos duros e uma onda de luxúria queimou por ele. Ela era<br />

como uma arma de puro raio, como nada ele nunca tinha sentido antes.<br />

Quando deslizou a língua entre seu lábios, um gemido subiu pela garganta dela e<br />

em sua boca. Ele sentia seu aperto e como ela parou de tentar empurrar seus<br />

ombros longe e o começou a beijar de volta.<br />

E então do seu auricular saiu. O carro do embaixador tinha chegado.<br />

Smith quebrou o contato abruptamente, deu um passo atrás respirando duro. Ela<br />

abriu seus brilhantes olhos verdes e o olhou fixamente, sem palavras.<br />

Ele pausou, absorvendo o modo como ela parecia. Seu lábios estavam inchados e<br />

vermelhos de seu beijo, sua respiração estava saindo em batidas suaves, suas<br />

bochechas estavam vermelhas. Ela era uma mulher inesquecível que iria ter que ser<br />

esquecida. Caso contrário ele iria ficar louco, ele estava certo disto.<br />

Smith se virou abruptamente e desatou a correr, sabendo condenadamente bem<br />

que era melhor estar naquela entrada de serviço quando o embaixador saisse de sua<br />

limusine. Ele nunca tinha perdido um cliente, e não estava começando hoje à noite.<br />

11 "Estratégia Militar de Sun Tzu", é um tratado militar escrito durante o século IV.<br />

13


GGrruuppooRRRR<br />

Só esquece que você a conheceu, disse a si mesmo enquanto corria acima no<br />

concreto.<br />

Gorda chance disso.<br />

Danação, por que inferno ela teve que o seguir? E por que não continuou<br />

andando quando ela o fez?<br />

Porque está só começando entre nós, ele severamente pensou.<br />

Seu sexto sentido disse a ele que seus caminhos iriam se cruzar novamente.<br />

Capítulo 2<br />

Cuppie Alston estava morta.<br />

As palavras foram saltando ao redor na cabeça de Grace todo o dia, a partir do<br />

momento que Alfred tinha chamado com a terrível notícia. Ela ainda não podia<br />

acreditar no que tinha acontecido, não podia compreender que sua amiga havia<br />

sido morta na noite anterior, enquando ela estava no baile do embaixador.<br />

O surrealismo de tudo tinha sido um companheiro terrível em sua longa viagem<br />

de Nova York para o Adirondacks. Sobre quilómetros de rodovias, estradas<br />

municipais e, em seguida passagens de montanha sinuosas, sua mente tinha lutado<br />

com a tragédia, agitando inexoravelmente sobre memórias felizes que passaram a<br />

cor cinza, com tristeza.<br />

Como isso poderia ser real, pensou mais uma vez quando ela passou por uma<br />

enorme mansão às margens do Lago Sagamore. Desligou o motor do Mercedes e<br />

olhou para a escuridão.<br />

Ela não gostava do silêncio ou da falta de movimento. Sem distrações, sua mente<br />

em espiral a algo próximo à histeria. Não só porque Cuppie estava morta, mas<br />

porque ela mesma já estava em perigo.<br />

Grace enrolou os dedos ao redor do volante e apertou. Sua mente consciente lhe<br />

disse que ela não tinha sido seguida. Um pedaço de medo disse que ela poderia ter<br />

sido. Ela olhou para a noite, procurando por sombras. No luar, ela as encontrou<br />

girando e, jogando fora por galhos de árvores balançando com o vento.<br />

Apenas um dia antes ela não teria ido à procura de cantos escuros ou imaginando<br />

o que eles teriam escondido.<br />

14


GGrruuppooRRRR<br />

Mas vinte e quatro horas atrás, alguém que conhecia não havia sido brutalmente<br />

assassinada.<br />

Ela baixou a testa para o volante.<br />

A coisa toda era inconcebível, como um filme ruim. Cuppie encontrada morta. Na<br />

entrada enorme do Alstons Central Park West penthouse 12 . Próximo ao corpo, um<br />

artigo recente sobre as seis mulheres mais proeminentes da cidade. Cuppie tinha<br />

sido a primeira em destaque e a sua imagem havia sido arrancada.<br />

A peça havia culminado elogiando Grace.<br />

Razão pela qual ela passou a tarde em uma delegacia. Ninguém, menos o<br />

assassino sabia ao certo se as cinco outras mulheres seriam as próximas, mas Grace<br />

poderia dizer que a polícia acredita que sim. O tenente a tinha tratado com luvas de<br />

pelica quando ela chegou para ser interrogada, embora ele tinha uma áspera voz de<br />

fumante e os olhos cansados de um homem que não se impressiona muito. Ele foi,<br />

ela percebeu, tratando-a como uma vítima.<br />

Quando ela entrou em seu escritório apertado, ele fez o seu melhor para encobrir<br />

as fotos da cena do crime, mas ele não tinha sido rápido o suficiente. Ela teve um<br />

vislumbre delas e quase vomitou. do pescoço de Cuppie tinha sido rasgado, um<br />

buraco onde a sua garganta deveria ter estado.<br />

Grace não precisa de um diploma médico para ver a violência em tudo. Alguém<br />

tinha esfaqueado Cuppie mais e mais e mais uma vez. Não apenas para matá-la,<br />

mas degradando-a.<br />

Náuseas subiram e Grace abriu a porta, inclinando-se para fora, apesar do cinto<br />

de segurança. Porque tinha deixado as chaves na ignição, o carro cantou<br />

alegremente, e ela contou os momentos passando pelos sons electrónicos.<br />

Olhando para o cascalho no caminho, ela se perguntava o como ela iria limpar a<br />

bagunça se o seu estômago seguia com a sua ameaça.<br />

Seria bom ter algo agradável para dizer quando a sua velha amiga abrisse a<br />

porta. Eu vomitei no seu quintal lateral não era o tipo de saudação que Grace queria<br />

oferecer. Muito melhor seria começar com parabéns pelo seu casamento, Carter. Ou,<br />

como se sente ao ser Mrs. Nick Farrell?<br />

Grace olhou para a casa. Alguém passou por uma janela e ela pensou sobre o<br />

quanto ela odiava faltando a Carter e ao casamento com Nick. Seu pai havia sido<br />

enterrado no dia que dela casar e os dois eventos de vida, um começo e um fim,<br />

tinham a intenção nem poderiam estar lá para apoiar uma a outra em pessoa.<br />

Houve muitas chamadas de telefone, no entanto.<br />

12 Apartamento de cobertura.<br />

15


GGrruuppooRRRR<br />

E agora havia outra razão para chegar a sua amiga. Apenas quando Grace de<br />

qualquer forma não podia lidar com mais uma surpresa terrível, quando a perda de<br />

seu pai parecia um impossível peso no peito e o fracasso de seu casamento uma<br />

âncora embaraçosa para arrastar atrás de sua vida tinha jogado outro soco.<br />

Todas as coisas consideradas, tinha sido um ano terrível. O ponto alto foi o seu<br />

casamento em Janeiro e as coisas tiveram sido em uma espiral para baixo desde<br />

então.<br />

Pelo menos era Setembro e não havia sobrado muito, pensou.<br />

O barulho do carro tocou em seus nervos e ela puxou a chave livre. Era difícil<br />

reunir a energia para ir para dentro mesmo que o ar frio da noite estava a trabalhar<br />

o seu caminho através de suas roupas. Ela não queria ser menos do que<br />

perfeitamente feliz por sua amiga, mas o esforço de fingir que sim parecia mais do<br />

que ela poderia controlar.<br />

Em um flash de memória, a voz de seu pai, severa e imponente, veio com ela.<br />

Anime-se, Starfish. Vamos ver aquele sorriso.<br />

O refrão da infância fez-lhe ver como tinha sido, então, dobrado para baixo,<br />

olhando para ela com amor e determinação. No comando, ela ajeitou e lançou o<br />

cinto de segurança.<br />

Não haveria tempo suficiente para chafurdar nas coisas que ela não poderia<br />

mudar na viagem de volta para casa. Nenhuma quantidade de sentir pena de si<br />

mesma estava indo para trazer seu pai de volta e ele não iria mudar as implicações<br />

do mesmo artigo, ou o fato de que Cuppie estava sendo enterrada na segundafeira.<br />

Grace virado para baixo o espelho da vaidade para checar a maquiagem. Os<br />

círculos escuros sob seus olhos estavam ainda escondidos, mas o batom tinha saído<br />

fora. Pescou através de sua bolsa, encontrandom um tubo, e começou a colocar<br />

algum.<br />

O contato fez uma pausa mágica e ela deixou a deriva os dedos em seus lábios.<br />

Ela ainda podia sentir o seu beijo. Essa reunião quebra-alma de bocas e línguas e<br />

corpos era tão vívida para ela como o anúncio foi logo depois que eles se<br />

separaram. Ela não conseguia esquecer o que tinha vontade de ser embrulhada no<br />

duro contra esse corpo estranho, a maneira em que ele a tocou, o trovão em seu<br />

sangue.<br />

Ela teve, naquele corredor austero, o seu primeiro gosto da paixão.<br />

Grace agarrou o espelho, perturbada.<br />

16


GGrruuppooRRRR<br />

Era muito ruim que ela nunca iria vê-lo novamente. Não tinha idéia de quem ele<br />

era ou de onde era, e sabia que fazer perguntas sobre um homem como ele iria<br />

começar conversa. Ainda estava legalmente casada, depois de tudo, e ele era<br />

perigosamente atraente. A última coisa que precisava era uma centelha de boatos.<br />

Deus sabia, que borbulhava o suficiente do seu próprio acordo.<br />

O que ela precisava fazer era animar-se, arrastar-se para aquela casa linda, e<br />

compartilhar a alegria da sua amiga.<br />

Quando Grace saiu do carro, ela olhou por cima do ombro. Movendo-se<br />

rapidamente, ela agarrou as bolsas Vuitton e correu para a casa. Assim que seus pés<br />

bateram o alpendre, Carter Wessex abriu a porta com os braços estendidos.<br />

— Woody! Você conseguiu! —<br />

Grace deixou cair a bagagem e abraçou a amiga rígida.<br />

— Uau, você está bem? —<br />

— Muito bem, muito bem. Eu estou contente de vê-la. — Grace sorriu enquanto<br />

se afastava.<br />

— Bem, você parece fantástica. Então, novamente, você sempre parece. —<br />

Grace olhou para o terno Chanel que ela usava. Ela não podia esperar para tirá-lo,<br />

pondo-o longe de sua pele. Ele lembrou da delegacia.<br />

— Por que você não deixe suas malas aqui e vamos para a cozinha. — Carter<br />

empurrou o grosso, preto cabelo por cima do ombro. — Você já comeu? —<br />

O estômago Grace soltou um chiado de protesto. — Eu não estou com fome, mas<br />

eu poderia tomar um copo de vinho. —<br />

Ou dois.<br />

— Bem, eu tenho muito disso — , disse Carter quando ela abriu o caminho para a<br />

parte traseira da casa. — Eu estou tão feliz que você veio para o fim de semana.<br />

Nick está voando para Albany de Londres e dirigindo-se, para cá também. Ele deve<br />

estar em casa numa hora. Ele está ansioso para começar a conhece-la um pouco<br />

melhor. —<br />

— Eu também. Essas festas em que sempre vejo ele, dificilmente são o lugar<br />

para fazer amigos. —<br />

Carter sorriu. — Que foi precisamente por isso que eu desisti delas. —<br />

Quando elas se sentaram em uma mesa de carvalho robusto na cozinha, com um<br />

prato de queijos e frutas entre elas, Grace levantou a taça de Chardonnay. — Para a<br />

minha melhor amiga e companheira de armas. Que seu casamento seja longo e<br />

cheio de alegria. —<br />

17


GGrruuppooRRRR<br />

Com uma luz quente em seus intensos olhos azuis, Carter sorriu. — Estou tão feliz<br />

que você veio. —<br />

— Eu também — . Grace olhou para longe. — Então me diga sobre o casamento.<br />

Você estava linda? —<br />

— Como você está passando? — A voz de sua amiga tinha uma vantagem para<br />

ela.<br />

— Eu disse a você. Eu estou bem, Sra. Farrell. Agora, eu quero mais detalhes,<br />

apesar de que Cliffs Notes 13 versão da noite de núpcias será suficiente. —<br />

— Você está exausta. —<br />

— Você só me disse que eu parecia fabulosa. —<br />

— Você parece fabulosa e cansada. — A expressão de Carter suavizou. — Eu<br />

estive preocupada com você. Eu sei o quão próximo você e seu pai eram. —<br />

Grace olhou para baixo em seu vinho. — Vamos falar só sobre coisas boas. Você<br />

não gostaria de informar-me com os detalhes da lua de mel? —<br />

O silêncio que se seguiu lhe disse que Carter, da forma típica, não ia ser desviada.<br />

Grace colocar o copo aos lábios e esvaziou-o em dois golos. Coragem liquida, ela<br />

pensou, inclinando a coisa para a amiga.<br />

Carter gentilmente recarregou.<br />

— Você leu no jornal de hoje sobre a morte de Cuppie Alston?<br />

Carter fez uma careta. — Que tragédia horrível. Você a conhecia bem, não é? —<br />

Grace assentiu. — Eu estava na recepção na noite passada. Esperando por ela<br />

chegar, como todos os outros. —<br />

— Isso deve ter sido terrível. —<br />

Foi. Mantiveram-se a alargar a hora do cocktail, até que finalmente eles tiveram<br />

que iniciar o programa sem ela. Aquela cadeira vazia no palco . . . — Grace<br />

estremeceu. — Acharam um artigo ao lado do corpo, sobre socialites da cidade.<br />

Cuppie foi uma das mulheres por ela abrangida. —<br />

— Não me diga que eles acham que é uma espécie de serial killer?<br />

13 CliffsNotes (muitas vezes, incorrectamente, CliffNotes) são uma série de guias estudante<br />

disponíveis prioritariamente nos Estados Unidos. Os guias apresentam e explicam literatura e outras<br />

obras no folheto impresso ou online. Os que são a favor, dizem que os guias ajudam os leitores a<br />

compreender obras intricadas, enquanto os opositores afirmam que permite evitar mesmo a leitura<br />

delas.<br />

18


GGrruuppooRRRR<br />

Grace respirou fundo. — Eu também fui destaque na peça. Eu fui interrogada pela<br />

polícia hoje. —<br />

A resposta da amiga foi um silvo chocado.<br />

— Meu Deus, Grace. — Carter chegou do outro lado da mesa, derrubando um<br />

saleiro.<br />

Grace lhe deu um apertão tranqüilizador de amiga enquanto endireitava o saleiro<br />

com a outra mão. Só então, a porta de trás se abriu e Nick Farrell entrou na cozinha.<br />

Ambas olharam para cima.<br />

Farrell era um grande homem, um homem poderoso, vestido com um terno risca<br />

de giz elegante, com uma camisa azul claro e gravata escura. Quando ele colocou<br />

um leve beijo na boca de sua nova esposa, Grace desviou o olhar discretamente.<br />

— Então, esta não é apenas Grace Woodward Hall, — Carter disse balançando a<br />

cabeça sobre a mesa. — Esta é minha velha amiga Woody. —<br />

Os olhos cinza pálido estreitaram. — Eu ouvi um monte de coisas sobre o que<br />

você e Carter fizeram juntas. —<br />

Quando ele apertou sua mão, Grace forçou um sorriso. — É verdade que fomos<br />

quase expulsas de Groton por contrabando de refrigerante de vinho, mas aquela<br />

coisa sobre a equipa de Lacrosse de St. Marks é uma fabricação total. —<br />

Ele riu e olhou para Carter. Imediatamente, sua expressão mudou. As<br />

sobrancelhas escuras cairam juntas. — O que há de errado? —<br />

Carter piscou os olhos sobre a mesa. Quando Grace deu de ombros, sua amiga<br />

explicou. Quando ela acabou, Farrell usou uma expressão sombria.<br />

— Aqui está o que vamos fazer — , disse.<br />

— Por favor, — Grace interrompeu. — Nada disso é problema seu. Eu não quero.<br />

— Nós vamos chamar John Smith — .<br />

— É uma ótima idéia — , declarou Carter.<br />

— Quem é John Smith? — Grace perguntou. — À excepção de um homem com<br />

um nome ridiculamente omnipresente?<br />

— Ele me ajudou no passado — , disse Farrell. — Ele é um cara da segurança<br />

privada. De primeira linha. E ele é muito discreto. —<br />

— Eu realmente não acho que isso é necessário. —<br />

Nick atirou um olhar franco. — Quem deixou esse artigo provavelmente está<br />

apenas começando. Você quer encontrá-lo uma noite, quando acontecer de você<br />

estar sozinha? —<br />

19


GGrruuppooRRRR<br />

A imagem da garganta de Cuppie brilhou em sua mente e Grace sentiu uma<br />

pontada de medo em seu peito.<br />

Carter franziu a testa e acariciou o seu braço protectoramente. — Você não<br />

precisa de ser tão duro, Nick. —<br />

— Peço desculpa, mas você quer sabe que estou certo. Ela precisa de um guardacostas.<br />

—<br />

Grace olhou para longe do homem forte, olhos cor de diamante. A última coisa<br />

que apetecia era lutar com alguém como Farrell sobre sua própria segurança. Ela<br />

não tem energia de sobra e, mesmo que ela tivesse, ela tinha um sentimento que<br />

raramente recuou uma vez que ele tinha feito a sua mente.<br />

— Eu estou chamando Smith agora — , ele anunciou e saiu da sala.<br />

Grace respirou fundo e fechou os olhos. Ela não devia ter vindo, ela pensou.<br />

Carter se apressou a pedir desculpas.<br />

— Eu sinto muito. Ele pode ser um pouco . . . agressivo quando ele se preocupa.<br />

Estamos trabalhando nisso. É realmente apenas porque está preocupado. —<br />

Grace deu de ombros, sentindo a tensão em seus ombros. — Eu não quero ser<br />

alarmista. Eu não sou uma estrela de filme que precisa de um pelotão e eu não<br />

quero que um comedor-de-rosca policial-de-aluguel me seguindo ao redor. —<br />

— Pelo que eu ouvi sobre esse cara, Smith parece mais como um assassino<br />

treinado. —<br />

Grace apertou os lábios. — Eu não quero que seja. —<br />

Quando Farrell voltou dez minutos mais tarde, ele disse, — Smith vai estar aqui<br />

amanhã de manhã. —<br />

Grace abriu a boca para protestar, mas os dois só olharam para ela com quase<br />

idênticas expressões de determinação.<br />

Não admira que eles eram um par tão grande, pensou. Embora que seus<br />

argumentos provavelmente poderiam nívelar um bloco da cidade.<br />

— Eu acho que não pode ferir ao falar com ele — , disse ela, desistindo.<br />

À medida que sorriu para ele, Grace tomou outro gole do seu copo. No interior,<br />

ela se sentia entorpecida. Como ela tinha feito muitas vezes nas semanas<br />

anteriores, encontrou-se imaginando cuja vida ela estava vivendo.<br />

20


GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Na manhã seguinte, Grace andou pela sala da mansão até que ela pensou que ela<br />

iria fazer uma faixa no tapete Aubusson. Fez-se parar na frente de um espelho Early<br />

American e olhou seu reflexo. Seu rosto estava desfigurado pelo vitral e a contorção<br />

parecia certa.<br />

Ela não se parecia muito consigo mesma, também.<br />

Passou a mão para baixo na sua saia e ajeitou a camisa de seda, mas nem<br />

precisava de afinação.<br />

Tinha jogado o terno em que chegou de volta. Era negócios, afinal de contas, e<br />

Chanel a fazia sentir-se em controle.<br />

Grace usava muito Chanel.<br />

Sentindo-se inquieta, ela verificou os suportes das pesadas argolas de diamante<br />

que usava. Ambas estavam seguras. Ela olhou para seus sapatos. Nem uma<br />

espectro de terra sobre elas. Ela não teria que se ocupar uma lágrima ou uma<br />

mancha que exigem uma emergência de explosão de Seltzer 14 . Sem nada para se<br />

concentrar, ela só sentiu a falta de oxigénio na ensolarada sala, arejamento.<br />

Ela foi até uma janela e abriu-a, acolhendo a brisa fria de Outono no rosto.<br />

Lá fora, o lago estava calmo, o sol estava brilhando, o dia parecia cheio de<br />

promessas. Perversamente, queria que estivesse chovendo.<br />

— Ele já chegou — , disse Carter a partir da porta.<br />

Grace virou-se justamente quando Nick veio por trás de sua esposa, colocando as<br />

mãos sobre os ombros.<br />

— Você está pronta? — ele perguntou.<br />

— Traga Mr. Smith, — Grace respondeu quando a aldraba de bronze soltou um<br />

ruído estrondoso.<br />

Isto era tudo errado, pensou, quando Nick foi abrir a porta. Ela não queria um<br />

segurança detalhado.<br />

O que queria era que Cuppie estivesse viva. Queria voltar para a noite de quintafeira<br />

no Plaza e para ver Cuppie sentada entre o marido e o embaixador todo o<br />

tempo até a sobremesa, é claro.<br />

14 Seltzer, água gasosa.<br />

21


GGrruuppooRRRR<br />

Grace brincava com seu relógio, olhando abaixo nos ponteiros de platina. Não<br />

estava indo para contratar quem quer que entrasse na sala e lamentou deixar-se<br />

levar para esta reunião. Nick poderia ter o melhor interesse no coração, mas se<br />

sentia como tivesse sido empurrada.<br />

O que era sobre ela que a fazia como uma otária para ser controlada por homens?<br />

Seu pai havia sido totalmente dedicado a ela, mas ele também foi dominador e<br />

pesado. Ela aprendeu a aceitar o bem e os mal em si, lembrando-se, quando ele<br />

fazia exigências exageradas ou tentava dominar a sua vida, o quanto ele a amava.<br />

Mas ser capaz de ver ambos os lados dele não era a mesma apontando para cima,<br />

para si e o que a levara a casar com o homem errado.<br />

Seu marido, Ranulf tinha sido igualmente difícil. Com suas continentais opiniões<br />

sobre o que as senhoras devem e não devem fazer, ele provou ser o segundo perto<br />

de seu pai, quando ele chegou para a emissão de ordens.<br />

Sua mãe, não era uma maldita caminhada no parque, também.<br />

Grace respirou raso quando ouviu o barulho das vozes profundas dos homens e,<br />

em seguida, o som de passos pesados.<br />

Já era altura de parar de ser educada e começar a tomar o controle da sua vida.<br />

Como resultado da sua espeleologia na noite passada, um pobre rapaz tinha vindo<br />

só Deus sabia de onde apenas para desperdiçar o seu tempo.<br />

Não queria este tipo de ajuda. Não iria deixar Nick Farrell agressivo de<br />

preocupação, ou seus velhos amigos numa variedade mais suave, ao fazê-la assumir<br />

um guarda-costas.<br />

Ela fez uma careta. Quanto ao homem que viria com a esperança de ser<br />

contratado, ela estaria acima na frente e pediria desculpas, dizendo-lhe que era um<br />

erro. Pagaria as suas despesas, é claro. Sim, isso era o certo a fazer.<br />

Grace levantou a cabeça e parou de respirar. Ela tinha que piscar os olhos, para ter<br />

certeza de que não estava a sonhar.<br />

— É você — , ela sussurrou enquanto olhava para o rosto duro do homem que a<br />

beijou.<br />

Seu coração chutou em estado de intensa actividade.<br />

O que ele estava fazendo aqui? Ele era um. . .<br />

Mas, claro, ele tinha estado a proteger o embaixador. Foi por isso que estava no<br />

baile. Isso foi porque ele ficou fora de todos os outros homens, como alguém mais<br />

forte, mais resistente, diferente.<br />

Pena que não tenha sido Cuppie que estava sendo vigiada.<br />

22


GGrruuppooRRRR<br />

Ela engoliu através de uma garganta apertada. Ele era exatamente como ela se<br />

lembra, maior que a vida, mais frio do que gelo. Seu rosto era desenhado em linhas<br />

arrojadas, ancorado por um queixo quadrado e um nariz que parecia como se<br />

tivesse sido quebrado pelo menos uma vez. Seu corte era curto como de um<br />

homem militar, seus penetrantes olhos de um azul intenso. Desta vez, estava<br />

vestindo uma jaqueta de couro preta e um par de bem-vestidos jeans azuis, mas<br />

parecia tão dominante como tinha sido de smoking.<br />

Enquanto estava em frente dele, se lembrava exactamente como se sentiu ao ser<br />

beijada por, mas não poderia dizer o que ele estava pensando. Ele não mostrava um<br />

pingo de emoção. Não houve choque ou descrença de se encontrar com ela, nem<br />

mesmo curiosidade. Seu olhar opaco traía nada, exceto por sua inteligência e uma<br />

ameaça silenciosa, pensativa.<br />

— Vocês se conhecem um ao outro? — Nick perguntou.<br />

Quando o outro homem não ofereceu uma explicação, Grace murmurou: — Nós<br />

nos conhecemos. . . mais ou menos de, em uma festa. Recentemente. —<br />

A sobrancelha de Nick curvou quando Grace adiantou-se, oferecendo-lhe a mão.<br />

Estava nervosa sobre estar perto de John Smith, com medo de que algo do que<br />

tinha acontecido entre eles pudesse ser visto em sua face.<br />

— É bom ver você de novo. —<br />

Tão logo ele apertou a palma da mão, sentiu-se como sendo atingida por uma<br />

carga elétrica. A sensação correu os dedos, até o braço, e indexou no peito dela.<br />

Puxou bruscamente.<br />

Assim como tinha na primeira vez que tinha tocado sua mão.<br />

— Gostaria que ficássemos com você? — Carter perguntou. — Enquanto você<br />

fala? —<br />

Grace sacudiu a cabeça e deixaram-na sozinha. Com ele.<br />

— Você não vai sentar? — , ela perguntou.<br />

Uma luz zombadora entrou em seus olhos quando ele pegou uma cadeira em<br />

frente ao sofá e abaixou o corpo na mesma. Mesmo sentado, parecia alto, pensou.<br />

— Você não parece surpreso em me ver. — Grace sentada no sofá, cruzando as<br />

pernas. Seus olhos seguiram o movimento persistindo em suas pernas, antes de<br />

regressar ao seu rosto.<br />

— Eu não me coloco na posição onde eu estou indo ser surpreendido. — Sua voz<br />

era profunda e cascalho, totalmente confiante.<br />

Ele era todo do sexo masculino, pensou, com o orgulho necessário, arrogância e<br />

ego, que veio com uma sobrecarga de testosterona. Claro, parecia duro como<br />

23


GGrruuppooRRRR<br />

pregos, talvez por isso que a fé em si mesmo era justificada. Certamente não o<br />

quereria zangar. Tinha feito isso uma vez e tudo o que já tinha conseguido para si<br />

mesma era uma vida de fantasia sem que pudesse evitar.<br />

— Então, vamos falar sobre o porque de estar aqui. — Ele cruzou os braços sobre<br />

o peito. A impaciência saiu-lhe em ondas, através da sua voz baixa.<br />

Os dedos de Grace foram para o seu anel de noivado pesado e começou a torcêlo<br />

em círculos.<br />

Quando os olhos afiados, saltaram sobre o movimento, se forçou a se manter<br />

quieta.<br />

Devia apenas dizer-lhe para ir, como tinha planeado, como teria feito se fosse um<br />

estranho sentado nessa cadeira.<br />

Ele era um estranho, lembrou a si mesma.<br />

— Eu temo que você desperdiçou seu tempo. — Quando ela parou, levantou a<br />

sobrancelha. — Quer dizer, não acho que você pode me ajudar. Q… que eu preciso<br />

de ajuda. —<br />

Como tropeçou nas palavras, se perguntava onde diabos estava sua cabeça.<br />

Provavelmente, no mesmo buraco negro que a sua vida tinha caído.<br />

— Eu posso reembolsa-lo por sua viagem até aqui — acrescentou rapidamente.<br />

— Tenho certeza que sim — ele balbuciou, olhando para para baixo nos seus<br />

anéis. Havia um desdém subtil na tranquilidade estanque dos seus olhos, na boca<br />

que sugeria que havia outros lugares onde ele gostaria de estar.<br />

Se irritou com o tom e a expressão. Poderia dizer que ele não pensa muito dela.<br />

Então, por que tinha vindo? Em favor a Nick?<br />

— E eu peço desculpas por qualquer inconveniente. —<br />

— Que educado de você. —<br />

O silêncio se estendia entre eles.<br />

— Não acho que esteja em perigo suficiente para justificar um guarda-costas. —<br />

— É assim — Sim! — Nick insistiu em chamá-lo. Não foi ideia minha.<br />

— Ai sim?<br />

Grace olhou para ele. Ele enviou-lhe um olhar entediado em troca.<br />

Poderia ao menos fingir estar interessado, pensou.<br />

Ela cruzou os braços sobre o peito, percebeu que estava imitando a sua pose e<br />

colocou as mãos de volta no colo. Tinha um desejo absurdo de gritar com ele,<br />

24


GGrruuppooRRRR<br />

porque ele estava se metendo sob sua pele com todos os seus silêncios concisos,<br />

fazendo-a se sentir tola e leviana.<br />

Estreitou os olhos e teve um impulso infantil de falar com ele. Só para provar que<br />

podia.<br />

— Eu moro em Nova York e eu trabalho lá, também. Você já ouviu falar da<br />

Fundação Hall? —<br />

Antes que ele pudesse responder, continuou, sentindo-se como se as palavras<br />

fossem uma maneira de queimar um pouco da ansiedade.<br />

Um pouco da frustração. Talvez de variedade sexual. Quase se encolheu.<br />

— Minha família começou no final dos anos 1800. Nós damos subsídios aos<br />

estudiosos, historiadores de arte, arqueólogos, a quem está estudando seriamente<br />

história Americana… —<br />

Ele levantou a mão dele para a cortar. Havia uma cicatriz no meio da palma de<br />

sua mão e se perguntou como ela chegou lá. Combate mão-na-mão?<br />

— Vou passar o infomercial. Diga-me algo que eu não saiba. Você pode deixar de<br />

fora o que é domínio público. —<br />

Grace franziu a testa com as palavras curtas. — Eu moro em Park Avenue —<br />

— Eu sei — .<br />

— Meu escritório é na… —<br />

Uma sobrancelha escura arqueou.<br />

Grace lhe lançou um olhar de nível. — Eu odeio musicais e comida mexicana fazme<br />

gases. Eu a como de qualquer maneira, apesar de tudo. —<br />

Para sua surpresa, o canto da sua boca se contorceu.<br />

Assim, o Sr. Cara Duro poderia se iluminar afinal, pensou com um brilho de<br />

triunfo.<br />

— Você não sabia nada disso? — Ela desafiou.<br />

Os olhos de John Smith não hesitaram dos dela. — Não. —<br />

Isso é Bom.<br />

— Vamos ver, eu sou fã de romances. Gaelen Foley escreve essas historias<br />

fabulosas… —<br />

— Eu não quero saber o que você lê — , ele interrompeu com ironia, — e eu<br />

poderia me importar menos sobre seu trato intestinal. Por que você não chega ao<br />

ponto? —<br />

25


GGrruuppooRRRR<br />

Grace apertou os lábios. Qualquer possibilidade de demiti-lo de uma forma<br />

educada tinha desaparecido, pensou.<br />

Seu temperamento estava começando a elevar espinhos na sua cabeça e ele<br />

parecia perfeitamente contente de vê-la ferver ao mesmo tempo que era um<br />

modelo de contenção e calma.<br />

Bem, os dois poderiam jogar nessa frieza, arrogante rotina. Graças ao exemplo<br />

ártico de sua mãe, Grace era uma mestre da Profunda Frieza.<br />

Ela limpou a garganta. — Diga-me que, por que você não compartilha o que você<br />

cavou sobre mim? Então, eu não vou aborrecer você. —<br />

Seus olhos se colidiram enquanto esperava que ele falasse.<br />

Capítulo 3<br />

Sentado em frente à condessa, Smith podia sentir a sua temperatura aumentar.<br />

Por mais improvável que parecia, a mulher primitiva empoleirada no sofá estava<br />

conseguindo colocar-se sob sua pele novamente.<br />

Era tão malditamente bela sentada naquela pomposa peça de mobília. Arranjouse<br />

com precisão, as pernas cruzadas à altura dos joelhos, as mãos cruzadas<br />

elegantemente na frente dela. Com seu cabelo enrolado na cabeça, e vestindo<br />

aquela caro, modestamente cortado terno, era cada bocado, uma senhora.<br />

Equilibrada, graciosa, elegante.<br />

A condessa moveu-se, recruzando as suas longas pernas.<br />

Seus olhos traçaram os tornozelos delicados e pernas bem torneadas e sentiu<br />

uma pontada de desejo puro, sem restrições.<br />

Ele perguntou o que pareceria sem todas aquelas roupas caras e decidiu que<br />

provavelmente iria cair em uma pilha, se alguém lhe pedisse para colocar em<br />

moletom.<br />

Quando recebeu a chamada de Farrell, tinha sido tentado a virar o convite para<br />

baixo. Seus instintos lhe disseram que, tendo a Condessa von Sharone como cliente<br />

seria um assunto complicado e não apenas por causa do seu beijo. Ela era de<br />

renome mundial. Um ícone, pelo amor de Deus. E alguém que, provavelmente, era<br />

uma diva do mais alto nível, capaz de tornar atores ou cantores de ópera parecer<br />

mansos e auto-depreciativos.<br />

26


GGrruuppooRRRR<br />

Mas ele viria de qualquer maneira. Estava curioso para vê-la pessoalmente, uma<br />

última vez, se não por outro motivo que para provar que era apenas uma mulher.<br />

Uma mulher mais bonita que a maioria talvez , mas ela era em primeiro lugar uma<br />

pessoa viva, que um dia iria chegar a ter pintas de fígado e cabelos brancos assim<br />

como todos os outros. Nada de especial.<br />

Tentando encontrar algo desinteressante, observou de perto, mas só acabou<br />

focando na cor de seus olhos. Eles eram de um verde muito gelado, agora que<br />

estava chateada com ele.<br />

Maldita boa cor, pensou. Como uma maçã Granny Smith.<br />

— O gato comeu sua língua — , ela soltou.<br />

Ele franziu a testa, pensando que estava tentando dar isca nele. Não ia funcionar<br />

dessa vez. — Você não pode honestamente, estar ofendida porque eu investiguei<br />

seu passado? —<br />

— É mais a sua atitude. —<br />

— Eu não estou aqui para encantá-la. —<br />

— Que alívio. Eu odeio apontar as falhas dos outros. — Smith sentiu um impulso<br />

inesperado de sorrir.<br />

Seu senso de humor era uma surpresa. Assim foi o fato de que estava inquieta.<br />

Suas mãos estavam ocupadas traçando a franja em um travesseiro de seda.<br />

— Então você vai falar comigo ou o quê? — Ela exigiu. Sim, havia dúvida alguma,<br />

uma diva nela. — Eu sei onde você vive e trabalha — , ele demorou. — Eu sei que<br />

você é muito rica. E eu sei que você estava representada neste artigo sobre<br />

mulheres poderosas, encontrado com o corpo de Cuppie Alston. —<br />

Grace arregalou os olhos quando empalideceu. — Como é que sabe isso?<br />

— Um grande número dos melhores de Nova Iorque são meus amigos. —<br />

— Oh — Ela hesitou e então trouxe uma agitada mão até ao cabelo.<br />

Estava intrigado com o espectáculo do medo, considerando que ela tinha saído<br />

na sua maneira de dizer-lhe que não achava que estava em perigo.<br />

— Então você quer me dizer a verdade? — ele perguntou.<br />

— Sobre o quê? —<br />

— Como você realmente está se sentindo. — Olhou incisivamente na mão<br />

trêmula.<br />

Ela rapidamente enfiou-a em seu colo.<br />

27


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu, ah, eu estou um pouco desorientada — murmurou. — Eu nunca tive<br />

qualquer tipo de ameaça antes. —<br />

— Isso é surpreendente —<br />

— Porquê? —<br />

Sentiu que ela fez a pergunta apenas para fazê-lo falar, como se quisesse<br />

comprar algum tempo para ficar sob controle. Ele decidiu usar indulgencia.<br />

— Você leva uma vida de alto nível e tem um cronograma que a Amtrak 15<br />

invejaria. Você deixa seu apartamento todas as manhãs, a mesma hora, vai correr,<br />

entra no seu gabinete por volta das oito horas. Você trabalha até as sete, você sai,<br />

você está em casa as onze. Fins-de-semana são o mesmo que durante a semana. —<br />

— Você conseguiu encontrar tudo isso em menos de vinte e quatro horas? —<br />

Sua expressão era de incredulidade.<br />

— Três questões. Isso é tudo que tomei. E meu carro estava correndo na calçada<br />

enquanto o porteiro estava falando. — Ele olhou para os anéis em seu dedo. — Sei<br />

também que seu marido não tem estado presente em grande parte do mês<br />

passado. Apesar da morte do seu pai. —<br />

De repente, ela se levantou do sofá e foi até a janela. Apesar de sua caminhada<br />

ser tranquila e calma, não estava enganado. Estava enrolando os anéis em torno de<br />

seus dedos novamente.<br />

Havia alguma coisa acontecendo com o marido, ele pensou.<br />

Quando ela ficou em silêncio, ele disse: — Então agora que eu mostrei o meu,<br />

você quer me mostrar o seu. —<br />

Houve uma pausa prolongada. Ela chegou até a janela e descansou uma mão no<br />

vidro. Suas unhas eram cuidadosamente aparadas, mas não polidas. Foi uma<br />

surpresa, mas fez sentido. Ela não se cansa com a maquiagem também.<br />

Quando ela finalmente se virou, seu rosto estava cuidadosamente arranjados em<br />

uma expressão de tranquilidade. Foi uma bela mentira, ele pensou quando seu<br />

olhar caiu para a linha graciosa do pescoço.<br />

Sua mão delgada veio e mexeu com o colar, como se sentisse seus olhos em sua<br />

pele.<br />

Houve uma elegância na forma como ela se moveu, pensou, uma suavidade. Foi<br />

surpreendido pela forma como a achou atraente. Quando ela falou em seguida, sua<br />

15 Carro militar anfíbio.<br />

28


GGrruuppooRRRR<br />

voz era marcada por uma urgência brusca e, em seguida, e sabia que ela ia dizer-lhe<br />

tudo. Ou mais que tudo.<br />

— Eu observei cerca de três semanas atrás que eu estava sendo seguida. Foi logo<br />

depois da morte de meu pai. Eu estava caminhando para o edifício da Câmara<br />

depois do anoitecer e pensei que vi alguém atrás de mim. Quando eu saí uma hora<br />

mais tarde, estava uma figura do outro lado da rua. Esperando por mim. — Suas<br />

palavras saíam rápidas e nervosas, como se derramadas, e pensou que ela<br />

provavelmente manteve muito para si própria a maior parte do tempo<br />

Perseverando essa imagem bonita, sem dúvida.<br />

— Era um homem ou uma mulher? —<br />

— Eu não podia ver claramente. Mas eu suponho que era um homem. —<br />

— E como você sabe que a pessoa estava esperando por você? —<br />

— Porque quando eu cheguei no meu carro, ele se foi. Para ser honesta, poderia<br />

ter sido apenas um paparazzo 16 . Eles estão com fome para justamente me ver<br />

parecer triste. —<br />

— Mas você realmente não acredita que era um fotógrafo, não é? —<br />

— Ele não tirou fotos. E depois, alguns dias mais tarde, eu tive a certeza que era<br />

seguida. Eu estava saindo de Newport de carro com as cinzas do meu pai. Meu<br />

motorista percebeu isso em primeiro lugar. Um carro branco atrás de nós, todo o<br />

caminho em Connecticut. —<br />

SA mãos da condessa estavam ocupadas com seu relógio, brincando com o<br />

fecho, abrir e fechar, soltando e encerrando, um pequeno ruído marcando cada<br />

movimento. Suspeitava que ela estava gritando dentro dessa pele fina.<br />

— Novamente, eu disse a mim mesma que tinha que ser a imprensa, que alguém<br />

deve ter deixado escapar que íamos colocar ele para descansar. Havia fotógrafos no<br />

cemitério e eu vi um sedan branco apenas fora dos portões. —<br />

— Você ainda se sentia ameaçada, apesar de tudo. —<br />

Ela assentiu com a cabeça, relutante. — E ele não parou, eu estava saindo de um<br />

restaurante e vejo alguém dar um passo para trás, fora da luz. Saio do trabalho e, eu<br />

juro, eu vejo um vulto atravessando a rua.<br />

Ontem de manhã, eu saí do meu prédio e eu pensei que eu o vi na esquina. —<br />

A condessa fez uma pausa e olhou para o lago. Suas sobrancelhas firmemente<br />

juntas, enrugando a pele da sua testa. Estava à procura de respostas, ele poderia<br />

16 Reporter.<br />

29


GGrruuppooRRRR<br />

dizer. Tinha visto o mesmo olhar indagador antes em pessoas que sentiram que<br />

suas vidas estavam escorregando para fora de seu controle.<br />

Vindo do nada, Smith sentiu que devia dizer alguma coisa. Ele não era muito de<br />

oferecer simpatia, mesmo para mulheres que estavam em perigo. Emoções, não<br />

era apenas o saco dele. Ele foi para salvar vidas, não nutrir, mas havia algo sobre ela<br />

que o golpeou como única e digna. Ela não era uma mulher histérica a fingir medo<br />

para chamar a atenção. Estava assustada, com medo realmente, mas seu queixo<br />

estava levantado e estava tentando tão danadamente difícil de ser forte.<br />

Estava fascinado pelo show de vontade, especialmente considerando como ela<br />

estava nervosa.<br />

Ela respirou fundo e se virou. — A polícia ligou na manhã seguinte ao corpo de<br />

Cuppie ser encontrado. Questionaram-me de forma bastante extensa. —<br />

Smith voltou a pensar naquela noite, na festa. Lembrou-se da expressão<br />

torturada de Alfred Alston enfrentando a chegada do embaixador que estava<br />

sentado ao lado de uma cadeira vazia. A esposa de Alston nunca apareceu porque<br />

os seus planos para a noite tinham sido interceptados pela tragédia. Em vez de<br />

desfrutar do jantar e se engajar em um espirituoso, contar de piadas com um dignitário<br />

internacional, a mulher estava lutando contra o seu assassino e, em seguida,<br />

sangrando até a morte por si mesma, rodeada por encantadoras obras de arte e<br />

antiguidades, caras, nenhuma das quais poderia salvar a vida dela.<br />

De acordo com a polícia, a identidade do assassino era um mistério, o motivo,<br />

claro. O único e real elemento de prova; tinha sido o artigo de jornal encontrado<br />

com o corpo. Não é preciso ser um gênio para saber no que o assassino estaria<br />

ocupado novamente, em breve.<br />

— O que seu marido tem a dizer sobre tudo isso? — Smith pediu.<br />

O rosto dela apertou e permaneceu quieta, como se estivesse tentando formar<br />

uma resposta.<br />

— Condessa, onde está seu marido? —<br />

Ela endureceu.<br />

— Na Europa — .<br />

— Quando é que ele volta? —<br />

Houve uma pausa. — Por que é isso relevante? —<br />

— O homem é casado com você. Na verdade, estou surpreso que ele não está<br />

aqui hoje. A maioria dos maridos não levam a bem quando suas esposas podem<br />

estar na curta lista de um assassino. —<br />

30


GGrruuppooRRRR<br />

— Ele é um homem ocupado. Eu não quero incomodá-lo. — Seu olhar saltou<br />

longe.<br />

Os olhos de Smith se estreitaram. — E por que a polícia não sabe que você está<br />

sendo seguida? Você não queria incomoda-los, quereria? —<br />

Ela começou a torcer o anel novamente. — Como você sabe . . . —<br />

— Meus amigos na delegacia foram muito próximos, com o que eles sabiam<br />

sobre você. Eles não mencionaram que estava sendo seguida — explicou friamente.<br />

— Por que mantê-lo para si mesma? —<br />

Ela encolheu os ombros.<br />

— O quanto que estou tão preocupada, menos eu avisar a polícia, melhor.<br />

Vazamentos acontecem e estou cansada de estar na primeira página, depois de<br />

semanas de cobertura ininterrupta. A última coisa que necessito agora é algumas<br />

exposições sobre qualquer paranóia minha ou a minha ligação com o assassinato. —<br />

— Então, você prefere ser morta do que estar nos jornais? —<br />

Ela colocou os braços ao redor.<br />

— Isso é uma coisa dura para dizer. —<br />

Smith passou a mão sobre seu cabelo impacientemente. Ficou surpreso com a<br />

forma como estava frustrado com ela.<br />

— Desculpe — .<br />

— Obrigada. — A condessa limpou sua garganta. — Como eu disse antes, eu não<br />

estou certa se preciso de você. . . de seus serviços. — Nós temos nossa própria força<br />

de segurança no edifício da Câmara e com uma chamada de telefone posso ter<br />

alguém 24 horas por dia. Enfim, eu tenho certeza que apenas isso será suficiente. —<br />

— Não, você não tem. —<br />

Seus olhos saltaram longe outra vez. — Não me diga o que penso. —<br />

— Então, seja honesta comigo e eu não preciso. —<br />

O queixo da condessa levantou um pouco mais alto.<br />

Como a vontade presa, de intimida-la em contratá-lo, Smith teve de se perguntar<br />

o que estava fazendo. Ela não era da sua conta, se ela corria a fazer-se matar. O fato<br />

de que ele até se divertiu na noção de empurrá-la a cuidar de si mesma lhe causava<br />

raiva. O que diabos se a ele importa?<br />

Ele se levantou e começou a caminhar para fora da sala.<br />

— Onde você vai? —<br />

Ele falou sobre seu ombro.<br />

31


GGrruuppooRRRR<br />

— Apesar do fato de que você sabe sobre o artigo encontrado com o corpo e<br />

você admitir que está sendo perseguida, você não está pronta para levar isto a<br />

sério. Você ainda não foi confrontada com a polícia, eu sei você não está sendo<br />

totalmente honesta comigo, e você diz que nem sabe se você quer ajuda. — Nós<br />

não temos mais nada a discutir. —<br />

— Então você está saindo? Apenas isso? — Começou a segui-lo quando ele<br />

entrou na sala da frente.<br />

— Eu não vou falar para você se proteger. Mas eu vou te dar uma previsão grátis.<br />

Uma ou duas coisas que vai acontecer. Você quer ir para ficar esperta e me ligar<br />

mais tarde ou você vai se machucar. É a sua vida e você escolhe. —<br />

Sua voz estava tensa quando estendeu a mão e tocou o braço dele. — Você acha<br />

que é tão sério? —<br />

Ele olhou para sua mão e depois em seus olhos. Ela afastou-se abruptamente. —<br />

Você não é a única que não consegue dormir à noite. —<br />

— Como você sabe que eu não consigo dormir? —<br />

— Experiência — .<br />

Ele enfiou a mão no bolso de trás. Quando o fez, o paletó abriu. Ele viu-a ter um<br />

vislumbre da sua arma e pensou que ela parecia desconfortável.<br />

— Aqui está meu cartão. — Ele rabiscou um número nas costas. — Esse é o meu<br />

celular. — Aceitou dele.<br />

— Você vem se eu ligar? —<br />

Ele deu de ombros. — Talvez. —<br />

— Mas e se eu preciso de você? —<br />

— É a minha vida. E eu sigo para escolher quem precisa de mim. —<br />

Ela olhou para para baixo no cartão. Sua boca abriu, como se estivesse para dizer<br />

alguma coisa, mas depois ela deu de ombros resignada.<br />

— Parece justo. — Quando seus olhos encontraram os dele, o queixo delicado foi<br />

empurrado para fora outra vez, num estudo de determinação. — Eu acho que isso é<br />

adeus. —<br />

Quando ele olhou nos olhos dela, ele teve um sentimento que ela moveria o céu e<br />

a terra para não ter que chamá-lo.<br />

Boa coisa, ele não levar isso como pessoal.<br />

— Até logo, condessa — Ele abriu a porta da frente e saiu para o sol.<br />

— Você me beijou porque estava com raiva, não foi? —<br />

32


GGrruuppooRRRR<br />

As palavras suaves e baixas, ele parou de repente no caminho. Não esperava ela<br />

trazer o que tinha acontecido entre eles, de todo, muito menos, de uma maneira<br />

simples.<br />

Smith virou em sua direção. O pálido sol estava em cascata sobre o rosto,<br />

realçando as maçãs do rosto e a curva suave dos seus lábios. Seus cabelos loiros<br />

brilhavam positivamente.<br />

— Sim! — Eu estava com raiva. —<br />

— Isso é o que eu pensava. — A insegurança curiosamente coloriu a sua<br />

expressão, o que ele não entendeu.<br />

— Obrigada por ser honesto. —<br />

Bem, ele tinha sido quase sempre honesto. A parte sobre ele continuar a beijá-la,<br />

porque não podia parar, ele guardava para si.<br />

Em seguida, ocorreu-lhe.<br />

— Não vai acontecer de novo se eu trabalhar com você — , disse ele, irritado. Isso<br />

era um aviso que ele nunca teve de fazer antes.<br />

Ela assentiu com a cabeça. — Não outra vez. —<br />

— Nunca mais — . Ele sorriu sombriamente da sua hesitação.<br />

Se soubesse o quão pouco tinha que se preocupar. Ele tinha a reputação de ter a<br />

cabeça fria e um coração frio e a ganhou. Não, querida boneca Barbie, não importa<br />

o quão bonita era, nada iria mudar isso. Ou ele.<br />

A condessa pairava na soleira, nem dentro nem fora da casa.<br />

— Havia algo mais que você estava preocupada, com quê? — perguntou<br />

abruptamente. — Você quer referências ou algo assim? —<br />

Ela balançou a cabeça ao olhar fixamente em seu cartão de visita. — Não, eu não<br />

preciso de referências. Eu sei que você é o melhor porque Nick Farrell diz que você<br />

é. E porque você carrega a si mesmo como se você não está para ser nada menos. —<br />

Pelo menos ela tem esse direito.<br />

Parou por um instante.<br />

— Cuide de si mesma — , disse, afastando-se.<br />

— Onde você mora? —<br />

— Desculpe? — Ele olhou para ela. Olhou para ela, de verdade.<br />

Estava pronto para sair, impaciente para colocá-la para trás, e nunca foi<br />

questionado por questões pessoais.<br />

33


GGrruuppooRRRR<br />

Seus clientes estavam geralmente tão envoltos em seus próprios problemas, que<br />

o assunto da sua vida nunca veio acima. Era uma das coisas que mais gostava sobre<br />

o seu trabalho.<br />

Ela encolheu os ombros. — Eu só queria saber onde você está indo. —<br />

— Eu estou indo. Isso é tudo que você precisa saber. —<br />

Caminhou apressadamente até seu carro.<br />

* * *<br />

Grace viu como Smith subiu num SUV preto e partiu. Na sua esteira, a poeira do<br />

movimento no cascalho foi chutado para cima e levantou-se como uma nuvem<br />

leitosa. Olhou para o cartão de novo. Era feito de papel branco duro e gravado com<br />

tinta escura.<br />

Black Watch, Ltd. Havia um número no canto inferior esquerdo, mas não o<br />

endereço.<br />

Ela virou-o e olhou para os números que ele havia escrito em pinceladas ousadas.<br />

Passou as pontas dos dedos sobre eles.<br />

Não queria contar-lhe tudo, queria fazer o encontro curto e doce, mas não tinha<br />

sido desse jeito. Sorriu tristemente. Não havia nada curto ou doce em John Smith.<br />

E certamente não tinha a intenção de falar no beijo. Aquela pequena frase tinha<br />

pulado para fora da boca, num deslizamento traidor da língua. Foi uma coisa<br />

estúpida para perguntar. Teria, realmente esperava que ele iria dizer que tinha feito<br />

isso porque a encontrou irresistível?<br />

Afinal, foi um dos mais agressivos, mais ferozes homens que já tinha visto, tão<br />

duro como eles se viam.<br />

Inferno, ele parecia como se pudesse mastigar aço e cuspir pregos. Sem dúvida<br />

ele ia querer uma mulher doce, melada para complementar a dureza, alguém que<br />

fosse descontroladamente feminina. Alguém que pudesse deitar-se sobre suas<br />

costas nua, aberta e esperando por ele, tentando-o com sua sexualidade. Alguém<br />

que se tornasse selvagem, desvairada enquanto fazia amor.<br />

Não alguma bem acondicionada, um bombom de dois sapatos, paradigma de<br />

uma sociedade civilizada.<br />

A decepção queimou em seu estômago.<br />

Esqueça isso, disse a si mesma. Esqueça ele.<br />

34


GGrruuppooRRRR<br />

Agarrando o punho de bronze da porta, Grace usou o seu peso para fechar a<br />

porta pesada. Quando se empurrou para casa, pegou um último vislumbre da fina<br />

poeira que flutuava no ar sobre o caminho, como uma promessa de coisas que<br />

viriam.<br />

Capítulo 4<br />

Na semana seguinte, Grace estava no antigo escritório de seu pai, revendo a lista<br />

de convidados para a gala anual da Fundação, quando o intercomunicador zumbiu<br />

suavemente. Ela empurrou a caneta e derrapou ao longo do papel.<br />

A voz era da sua assistente, baixa, como veio através do alto-falante.<br />

— Sr. Lamont está vindo para vê-la e eu tenho algo para você assinar. —<br />

Ótimo, pensou ela. Tudo o que precisava era de uma outra reunião com aquele<br />

homem. Cada vez que falavam, suas relações se deterioraram ainda mais.<br />

— Venha antes que ele chegue aqui. —<br />

Grace puxou o lenço Hermes em volta do pescoço. Quando desatou o nó e ainda<br />

se sentia como um laço, ela levou a coisa fora completamente. A seda amarela e<br />

tangerina caiu em uma piscina vibrante na secretária.<br />

Ela estava ficando doente e cansada de pular o tempo todo. Os espasmos eram<br />

provocados por uma série de coisas tais como toques de telefones, passos no hall,<br />

ruídos repentinos. Ela se sentia como uma marionete, arrancada em torno de<br />

cordas de que não tinha controle.<br />

Foi um inferno de um programa de exercícios, ela pensou, colocando os braços<br />

contra a mesa e os alongando.<br />

A cadeira e a mesa tinha sido o posto de comando de seu pai. Eram peças<br />

maciças de mobiliário, feito a mão em mogno e apropriado para um homem de<br />

Cornelius Woodward Hall se impor em tamanho e comportamento. Sempre o<br />

amou. Como uma criança, quando ele a trazia para o escritório nos fins-de-semana,<br />

sentada em seu colo sentindo completamente segura, cercada pela força de seus<br />

braços e o peso de toda a madeira.<br />

Agora, com apenas a si mesma para preencher a cadeira, se sentiu solta nela,<br />

tolhida por seu alto espaldar e grossos braços. Ainda assim, se recusava a fazer<br />

substituições. Eles eram uma parte de seu pai, assim como as paisagens dramáticas<br />

que estavam penduradas nas paredes, a mesa de conferência formal, onde ele tinha<br />

tido as suas reuniões, as encadernações de livros em couro nas prateleiras.<br />

35


GGrruuppooRRRR<br />

Pensava nele cada vez que entrava na sala.<br />

Olhando para o passado, na sua tubagem de cabides e um prato de doce ainda<br />

abastecido com as balas de menta que ele amava, ela olhou para um busto de<br />

bronze do rosto do seu pai. Um arremesso de quando ele estava na casa dos<br />

cinquenta, mostrava um homem bonito com um sorriso distante e olhar<br />

penetrante.<br />

Ultimamente, suas memórias dele parecia que eram os únicos aliados que tinha<br />

na Fundação.<br />

Quando morreu após um ataque cardíaco, ele deixou quase um bilhão de dólares<br />

em seu testamento, bem como o seu título de presidente e CEO 17 da Fundação Hall.<br />

O dinheiro era dela para se manter, tão logo o fosse estabelecida a genuinidade do<br />

testamento e da propriedade. Sua posse do título era a prova menos absoluta. O<br />

trabalho era dela por direito de primogenitura, mas também pela formação que<br />

tinha tido, uma vez que ela tinha começado interinamente na Fundação enquanto<br />

estava na faculdade. Infelizmente, a intenção de Cornelius havia sido clara apenas<br />

no papel e outros tinham uma ideia diferente de quem deveria estar sentado no<br />

trono.<br />

Grace tomou a tarefa de liderar a Fundação. Ela sabia dos funcionários, da<br />

missão, da estratégia para o futuro. Sabia o que precisava ser feito tanto no lado do<br />

negócio e com o conjunto social que derramava milhões em seus cofres, a cada ano.<br />

Também sabia que havia aqueles que pensavam que ela não conseguiria lidar com o<br />

trabalho. Que era muito jovem e inexperiente. Que uma mudança de guarda<br />

poderia ser uma coisa boa.<br />

Alguns dos dissidentes mais velhos ainda se opuseram porque era uma mulher.<br />

Esta crítica em particular realmente a irritava. Como se vestir calças era de algum<br />

modo um pré-requisito para o sucesso.<br />

A ligação dos seus opositores era um grupo de malha apertada de diretores,<br />

liderada por Charles Bainbridge, presidente do conselho. Eram todos homens mais<br />

velhos que tinham respeitado seu pai, mas não contentes de tê-lo a dar regras a<br />

partir do túmulo, se achavam que Cornelius estava errado sobre algo. Eram homens<br />

que ela havia crescido ao redor, que tinham vindo para o Hall da família em festas<br />

de Natal e de 4 de Julho. 18<br />

17 CEO (Chief Executive Officer) diretor-executivo, diretor-geral, presidente, executivo responsável<br />

pela direção de uma empresa ou grande organização.<br />

18 Dia da Indepência – Feriado nacional nos U. S. A.<br />

36


GGrruuppooRRRR<br />

Alguns deles provavelmente tinham visto ela em fraldas e ainda se lembravam<br />

dela com suspensórios.<br />

Conseguia entender por que seria difícil para eles vê-la como outra coisa senão<br />

uma jovem e decorativa e estava decidida a dar-lhes a volta. Só esperava ter tempo<br />

suficiente antes que a empurrassem de lado em alguma posição figurativa e<br />

deixassem Lou Lamont ocupar o lugar.<br />

A porta do escritório se abriu e Katherine Focerelli entrou na sala. Kat estava no<br />

meio dos vinte trabalhando, e no caminho para a escola de direito, á noite ao<br />

mesmo tempo. Grace a tinha contratado um dia depois da morte do pai, e ela se<br />

mudou para o escritório. Em questão de semanas, Kat já parecia conhecer os<br />

meandros da Fundação e não parecia muito impressionada com Lou Lamont.<br />

A última, foi o grande vendedor na mente de Grace.<br />

A jovem também foi uma substituição bem-vinda para a exigente mulher<br />

destruidora de confiança e cabelo cinza que serviu durante anos como secretária de<br />

Cornelius. Livrar-se do velho machado de guerra tinha sido uma das primeiras<br />

coisas que Grace tinha feito quando tinha retomado.<br />

— Aqui estão os documentos para a escavação Randolph — disse Kat,<br />

mostrando uma covinha no rosto quando sorria.<br />

Grace folheou as páginas, verificando se as mudanças que ela tinha feito tinham<br />

sido incorporadas corretamente. Elas tinham.<br />

Enquanto ela rabiscou seu nome, disse: — Então, o que lamenta até agora? —<br />

— Ele disse que precisava de dez minutos, mas não me pergunte porque. Eu<br />

coloquei ele no calendário apenas porque você me disse para nunca o manter<br />

afastado. A propósito, o seu das cinco horas enrolou, e o prefeito quer que você o<br />

chame às seis e meia. Ah, e está tudo bem se eu sair mais cedo hoje a noite, ok? Eu<br />

estou indo em um encontro às cegas. —<br />

— Só se você me contar sobre o que aconteceu, amanhã — disse Grace,<br />

passando os documentos para o outro lado da mesa.<br />

— Não pode ser pior do que o último. —<br />

— O que queria entrar em contato com o artista interior? —<br />

— Não, o último foi o cara com a fixação de Peter Pan. O que me queria para<br />

pintar o corpo, com o meu batom foi dois encontros atrás. —<br />

— É difícil manter o controle. —<br />

— É difícil manter uma cara séria, também. Deus, quando eu vou encontrar um<br />

homem a sério? —<br />

37


GGrruuppooRRRR<br />

A imagem de Smith veio à mente, assim que Kat se apressou para fora.<br />

Grace cravou os calcanhares no carpete e empurrou para trás na cadeira. O<br />

escritório ficava no andar superior da Edifício da Câmara e assumia o nordeste<br />

inteiro. As janelas e a vista que oferecia era um dos maiores trunfos do espaço.<br />

Ela olhou para a majestosa linha de céu de Nova Iorque, um coro crescente de<br />

edifícios da terra, prata e ferro fundido cinzento e preto. Com o sol a cair sobre o<br />

horizonte, um brilho de pêssego foi crescendo no céu.<br />

Ela estava levando um terrível tempo para te esquecer Smith. O homem tinha<br />

sido persistente na sua mente, como um impulso a que não podia dar de ombros,<br />

desde que se afastou dela pela segunda vez. Se perguntava novamente, se deveria<br />

ligar para ele e sabia que só uma coisa é certa. Se o fizer, é melhor ter feito a sua<br />

mente para contratá-lo. Ele não era do tipo de tolerar ter seu tempo perdido de<br />

novo.<br />

O interfone tocou. — Sr. Lamont para vê-la. —<br />

Grace voltou para a mesa. — Diga a ele que eu estarei lá. —<br />

Cruzou o tapete oriental vermelho profundo e empurrou para trás de uma<br />

pequena porta, para revelar a casa de banho privada de seu pai. Nos espelhos<br />

dourados, ela verificou seu coque e sua maquiagem. Tudo estava segurando bem.<br />

Ela parecia elegante e composta, apenas como uma Senhora deve ser.<br />

Boa coisa que ninguém sabia a verdade.<br />

Ela teve indigestão, graças a ter comido Tic Tacs e três velhos Fig Newtons 19 para<br />

o almoço. O início de uma dor de cabeça foi se entrincheirando em suas temperas, o<br />

pé esquerdo tinha uma bolha sobre ele a partir do novo par de Jimmy Choos que ela<br />

estava usando, e seu sutiã teve um pequena mancha áspera sob o fecho nas costas,<br />

o que era irritante sem ter fim.<br />

Ela estava saindo do banheiro quando seu celular tocou. Apressando-se atrás da<br />

mesa, respondeu secamente. Quando ouviu a voz rouca do tenente Marks no<br />

telefone, seu sangue gelou.<br />

— Nós encontramos um outro corpo — disse ele.<br />

Grace agarrou o telefone, o plástico cortando em sua pele. — Quem? —<br />

— Suzanna Van Der Lyden. Cedo esta manhã. —<br />

19 Fig Newton é uma marca de bar para figos (na Europa, Fig Roll), um bolo de pastelaria com uma<br />

massa de figo suave que parece geleia. Um produto da marca Nabisco, Fig Newtons têm origem nos<br />

Estados Unidos e se têm espalhado por todo o mundo.<br />

38


GGrruuppooRRRR<br />

Uma onda de vertigem caiu sobre ela, e ela caiu de costas na cadeira do pai.<br />

Tinha visto Suzanna duas noites antes no destaque anual do museu, numa<br />

angariação de fundos. A mulher tinha presidido o evento nos anos anteriores.<br />

— Onde isso. . . aconteceu? —<br />

— Em sua casa. —<br />

— Vocês têm alguma ideia de quem. . . — Ela não podia terminar.<br />

— Nós ainda estamos atravessando a cena do crime. A encontramos tarde esta<br />

noite, quando o marido, que estava de viagem, nos chamou, quando ele não<br />

conseguiu. Ouça, eu gostaria de atribuir uma unidade para você. —<br />

— Uma unidade? —<br />

— Um par dos meus homens. Então você está protegida. —<br />

Seu primeiro impulso foi dizer — sim — , mas depois imaginou uma foto de si<br />

mesma, cercada por policiais<br />

aparecendo na primeira página de alguns tablóides.<br />

— Não se preocupe — , disse Marks, obviamente, adivinhando o que estava<br />

pensando — , eles estarão à paisana. —<br />

— Eu gostaria de algum tempo para pensar nisso. —<br />

Marks hesitou. — Tudo bem. Você sabe onde me encontrar. —<br />

Quando Marks desligou, sentou-se congelada na cadeira, seu telefone na mão.<br />

Deveria fazer alguma coisa, pensou. Chamar alguém. Vá para um lugar seguro.<br />

Excepto que não havia ninguém, para ir, e ou onde se esconder. Sua mãe não era<br />

lugar para consolo e um bom conselho. Ela já se tinha inclinado para Carter o<br />

suficiente. E preferia ficar sozinha, que com Ranulf.<br />

Ela estava totalmente sozinha.<br />

E como é irônico, considerando que ela passou a manhã escolhendo de uma lista,<br />

dos notáveis top cinco da cidade.<br />

Quando o intercomunicador soou, agarrou cabeça em volta.<br />

— Sr. Lamont, diz que precisa de ir para outra reunião. —<br />

— Certo. Eu estou chegando — , Grace respondeu.<br />

Mas, na realidade, ela estava indo a lugar nenhum. Sua mente estava entupida, o<br />

seu corpo não respondia. De repente, sentiu o peito apertar, como se tivesse<br />

inalado algo tóxico, e seus pés fugindo. Sabia o que estava vindo.<br />

39


GGrruuppooRRRR<br />

O ataque de ansiedade chegou rápido e forte, trazendo consigo uma sensação de<br />

esmagamento de asfixia. Não conseguia respirar. Não podia… não havia. . . Sem<br />

fôlego em seus pulmões.<br />

Abrindo sua boca, tentou tranquilizar-se que estava de fato se afogando em ar.<br />

Sentia que passava sobre os lábios a sua língua, mas parecia que não iria muito mais<br />

longe. Como o corpo fugiu da sua mente, se apoiou na mesa e começou a suar frio.<br />

Respirações rápidas entravam e saíam fora. Freneticamente, trouxe uma mão<br />

acima e a passou na testa. Um inferno de bom, que o fez. Seus dedos estavam<br />

dormentes agora e tudo o que eles fizeram foi se emaranhar em seus cabelos.<br />

Grace virou, viu as janelas grandes e a vista avassaladora e soltou um gemido<br />

enquanto a sua cabeça girava. Ela dobrou, inclinando-se sobre o encosto da cadeira<br />

forte e colocou a cabeça para baixo em seus braços.<br />

Tentou pensar em imagens de tempos mais felizes. Seu pai em sua formatura da<br />

faculdade, brilhando na multidão.<br />

A maneira como se sentiu quando terminou a sua primeira maratona. Aquele<br />

Thomas Cole 20 que ela tinha acabado de comprar.<br />

Coisas boas, coisas felizes. Coisas que não tinham nada a ver com a morte.<br />

Invasão. Terror. Coisas que poderiam bloquear a imagem de Cuppie morta num<br />

chão de mármore.<br />

Aos poucos, quase imperceptivelmente, começou a notar que suas pernas<br />

tremiam. Assim como as mãos.<br />

E seu sutiã estava ainda picando nas costas.<br />

Sua respiração começou a voltar ao normal. Seus batimentos cardíacos<br />

diminuíram.<br />

Quando sentiu que podia, levantou a cabeça e correu uma mão trêmula sobre o<br />

coque. Um pedaço de cabelo na parte da frente havia se solto e ela enfiou-o atrás<br />

da orelha.<br />

Um esgotamento veio sobre ela em corrida, mas foi um alívio. Qualquer coisa era<br />

melhor do que o esmagar, a explosão do medo.<br />

Oh, Deus.<br />

Ela não sabia se ia conseguir continuar.<br />

20 Thomas Cole (Bolton, 1 de Fevereiro de 1801 - Catskill, 11 de Fevereiro de 1848) foi<br />

um pintor inglês naturalizado norte-americano. É considerado o fundador da Escola do Rio Hudson, um<br />

movimento artístico norte-americano que floresceu em meados do século XIX, caracterizado pelo<br />

realístico e detalhado retrato de paisagens da natureza.<br />

40


GGrruuppooRRRR<br />

Minutos depois, Grace atravessou o escritório para a porta dupla que dava para a<br />

área de recepção. Quando a abriu e encontrou os olhos irritados de Lou Lamont,<br />

tinha-se sob controle novamente.<br />

— Desculpe de mantê-lo esperando. — Ela estava orgulhosa do seu sorriso suave<br />

e palavras casuais.<br />

Lamont escovou por ela, a emissão de um comando por cima do ombro. — Katy,<br />

arranje-me alguns Earl Grey, você faria? E faça isso quente, desta vez. —<br />

Kat sorriu e levantou de sua mesa quando Grace fechou a porta com<br />

aborrecimento.<br />

Tão logo ele tomou um assento, Lamont cuidadosamente desabotoou o paletó<br />

do terno e escovou algo fora de sua calça com um movimento da mão. Uma batida<br />

que soou staccato, 21 o ritmo de seu sapato acertando no canto da mesa. Sua<br />

impaciência era uma das primeiras coisas que ela sempre observava sobre ele. Bem,<br />

isso e sua colônia.<br />

Grace cobriu um espirro com a mão.<br />

— Deus te abençoe — disse ele, solícito. — Você está ficando doente? —<br />

Como se esperasse secretamente que ela tivesse algo letal e eficiente.<br />

— Nem um pouco. — Grace se sentou, observando seus olhos flutuam sobre ela.<br />

Ela sabia que a atenção não era sexual. Ele não queria o seu corpo, estava atrás de<br />

seu trabalho e da peça de mobiliário em que ela colocava a sua bunda.<br />

Seu celular foi desligado.<br />

— Desculpe-me — disse ele, tirando-o da jaqueta do seu terno em vareta.<br />

Quando o homem começou um coro de sins e absolutamente, refletiu sobre á<br />

quanto ela o conhecia. Ele começou anos atrás, no degrau mais baixos da escada, a<br />

trabalhar em tempo parcial, com uma grande aplicação, tendo em vista a<br />

candidatura, enquanto tirava um mestrado em história da arte na NYU. Até o<br />

momento em que ela chegou a bordo em tempo integral, ele subia no ranking e sua<br />

peça de resistência foi quando seu pai o havia promovido a gerente sênior.<br />

Ele era um cara legal, bom, alto e magro, e quando seu salário aumentou, então<br />

foi também a qualidade de suas roupas. Também deixou progressivamente para<br />

trás o seu sotaque do Bronx até que ele era apenas perceptível quando estava<br />

irritado. Ao longo dos anos, havia se tornado adepto de acumular poder e ele<br />

conseguiu o que queria, por qualquer meio, o trabalho duro necessário, ameaças<br />

21 (Música)destacado, estacado.<br />

41


GGrruuppooRRRR<br />

flagrantes, ou persuasão charmosa. Ele também era bom em seu emprego. Ele se<br />

transformou num diretor com uma taxa de desenvolvimento de primeira, capaz de<br />

aumentar de forma fenomenal a quantidade de doadores ricos e grandes<br />

corporações, para a Fundação. O outro lado é que ele era ousado, ambicioso e<br />

frustrado que tinha sido preterido em favor da filha de Cornelius.<br />

Ele estava procurando outros empregos e, com uma onda de tristeza, Grace<br />

lembrou que devia a Suzanna por manter a cabeça para cima. No final da semana<br />

passada, a mulher ligou para dizer que Lamont esteve farejando ao redor do museu,<br />

olhando para assumir o posto de desenvolvimento do escritório. Suzanna, como<br />

presidente do conselho de administração, lhe deu tábua rasa, dizendo-lhe que não<br />

queria pôr em risco a relação do museu com a Fundação Hall. Evidentemente,<br />

Lamont tinha ficado irritado.<br />

Ele capotou o telefone desligado e o deslizou em seu bolso. — Nós precisamos<br />

falar sobre a Gala. É daqui a seis semanas e eu preciso de cuidar. Quero dizer, você<br />

está tão ocupada colocando uma mão sobre as coisas, que vai ser impossível para<br />

você fazer tudo. —<br />

Atirou-lhe um sorriso, Grace se aproximou e pegou uma das canetas de ouro do<br />

pai. Enquanto a girava que através de seus dedos, os olhos de Lamont se<br />

acenderam na coisa como se quisesse arrancá-la de sua mão.<br />

—<br />

— Esse é um gentil oferecimento, Lou. Mas a Gala está sob controle. —<br />

— Está? Então por que Fredrique não apareceu ainda. —<br />

— Eu não estou usando Fredrique este ano e eu já lhe disse isso há três semanas.<br />

As sobrancelhas de Lamont cairam bem sobre os olhos. — Mas nós sempre o<br />

usamos. Ele faz as festas para todos aqueles que são alguém. —<br />

— Não é mais. Após o fiasco da primavera passada, quando ele tentou colocar os<br />

elefantes vivos no Waldorf, as pessoas estão seriamente repensando seus anseios<br />

criativos. Ele também dobra as contas. Mimi Lauer diz que não o está usando<br />

novamente depois do grande evento do balé desta temporada, e eu sei que o<br />

museu não estava feliz com seu desempenho, sequer. —<br />

Pensou em Suzanna novamente.<br />

— Mas eu disse a ele ontem que estávamos indo para contratá-lo — disse<br />

Lamont através dos finos lábios.<br />

— Então é melhor chamá-lo de volta. —<br />

— Assim quem estamos usando?<br />

— Eu —<br />

42


GGrruuppooRRRR<br />

Ele riu alto. — Estamos falando de cerca de cinco centenas de pessoas mais<br />

importantes de Nova York, e esta é a primeira Gala, agora que seu pai está morto.<br />

Você não pode pagar para que isso não vá bem. —<br />

— Nós somos uma instituição de caridade sem fins lucrativos. Eu não vou<br />

desperdiçar milhares e milhares de dólares apenas para aconselhamento sobre qual<br />

a cor das toalhas devem ser. —<br />

— Ele faz mais do que isso. Ele coordena a comida, o fluxo de visitantes. . . —<br />

— Tudo coisas que posso fazer. —<br />

— Mas seu pai sempre. . . —<br />

Ela cortou com um tom de nível. — Meu pai, como você apontou, está morto. E<br />

Fredrique é uma despesa que não precisamos. —<br />

— Olha, você sabe tão bem como eu, esta cidade é uma corda bamba. A<br />

Fundação não deve cair em obscuridade só porque você quer guardar um<br />

dinheirinho. —<br />

— Fredrique não é a resposta. E eu acho que você vai se surpreender com o meu<br />

senso de equilíbrio. —<br />

Lamont levantou da cadeira, a frustração obtendo o melhor dele. — Espero que<br />

quando eu voltar da Virgínia esteja pensando mais claramente. —<br />

— Oh, isso é certo. Você vai ver a Finn Collection. Quando você sai? —<br />

— Amanhã à tarde. —<br />

— Bom, ainda há uma chance para você mudar o seu bilhete. —<br />

— Mudar? —<br />

— Nenhum de nós deveria estar voando em primeira classe, quando estamos ao<br />

serviço da empresa. Não a menos que nós estamos pagando pela diferença, nós<br />

mesmos. —<br />

Os olhos de Lamont se estreitaram em fendas e Kat escolheu esse momento para<br />

entrar com uma bandeja.<br />

— Certifique-se de salvar o saquinho de chá — ele murmurou enquanto ele<br />

empurrava a menina. — Ela vai querer reutilizá-lo para sua próxima reunião. —<br />

Kat firmou sua carga. — Você quer o chá? —<br />

— Não, obrigado — Mas a sua cabeça numa vara poderia ser agradável, Grace<br />

pensou. — E você pode jogar fora a sacola. —<br />

Kat estava rindo quando fechou a porta.<br />

43


GGrruuppooRRRR<br />

Assim que estava sozinha, Grace cedeu na cadeira, sentindo-se totalmente<br />

esgotada. Não podia imaginar permanecer no escritório por um momento mais. Ela<br />

precisava pensar.<br />

Pegando a bolsa e o lenço descartado, saiu para a mesa de Kat.<br />

— Faz-me um favor e feche. Eu preciso de uma pausa. — Enrolou o lenço ao<br />

redor de seus ombros e caminhou até o armário para conseguir seu casaco de<br />

caxemira.<br />

Kat estava carrancuda. — Você está bem? —<br />

— Eu apenas estou cansada. E eu quero ver como os empreiteiros estão a fazer<br />

com o banheiro dos hóspedes. Se eu sair agora, eu ainda poderia pegar um deles,<br />

que ia ficar até mais tarde. —<br />

— Você ainda está indo para a noite Met?<br />

Grace respirou fundo. — Sim. —<br />

— Tudo bem. E não se preocupe. Vou tratar de tudo aqui. —<br />

Grace sorriu. — Eu sei que você vai. —<br />

* * *<br />

No pequeno relógio digital do computador de Smith lia-se 01h07. Ele estava<br />

fazendo pesquisa online sobre um cliente em potencial, mas ele não havia feito<br />

muito progresso. Continuou, encontrando-se envolvido na seção de arquivos do<br />

New York Times, olhando fotos da Condessa von Sharone.<br />

Que era um total desperdício de tempo, ele pensava enquanto chamava outra.<br />

Ela tinha estado em sua mente toda a semana passada, mas ainda mais, depois<br />

que Tenente Marks o tinha localizado no período da tarde. Outra socialite havia<br />

sido morta, a segunda mulher mencionada no referido artigo. Ele estava esperando<br />

por Marks o chamar novamente com uma atualização sobre a cena do crime, apesar<br />

de que tecnicamente não era nada dos negócios de Smith.<br />

Marks lhe devia. O tenente tinha estado sob o comando de Smith no Golfo<br />

Pérsico. Smith tinha arrastado o garoto para fora de uma zona de batalha depois<br />

que ele entrou no caminho de uma bala e Marks era um homem que retornava os<br />

favores.<br />

O artigo que apareceu na tela tinha um pouco menos de um mês e cobria o<br />

funeral do seu pai. No lado direito, havia um retrato da condessa andando com sua<br />

44


GGrruuppooRRRR<br />

mãe e seu marido através de uma extensão gramínea axadrezada por lápides. Ele se<br />

inclinou mais perto do computador. Ela estava vestindo um terno preto e um<br />

pequeno chapéu, carregando uma sacola preta no braço. Com a cabeça inclinada<br />

baixa e os olhos olhando para a frente, o rosto de uma estudada beleza na tristeza.<br />

Sua mãe, pelo contrário, era toda a reserva firme, mostrando nada. Ainda assim,<br />

era evidente aqui, e impressionante como a condessa parecia.<br />

Ele estudou o marido. O conde estava separado de sua esposa por cerca de dois<br />

metros e um milhão de milhas emocional, reservado como se tivesse caído para a<br />

foto de algum evento totalmente diferente. Seu semblante mostrava apenas<br />

indiferença agradável e, com as mãos empurradas para os bolsos de seu paletó,<br />

parecia como se estivesse passeando.<br />

O telefone celular de Smith tocou.<br />

— Sim!<br />

A voz-de-batalha-fatigada de Marks soou pior do que o habitual. — Eu tenho a<br />

informação interna se você quiser. —<br />

— Dispara. —<br />

— A vítima foi descoberta em seu hall de entrada da frente, assim como a última.<br />

Garganta foi cortada aberta mais uma vez, um trabalho realmente de açougueiro.<br />

Havia sinais de luta, mas não de entrada forçada. —<br />

— E as duas mulheres viviam em edifícios de luxo, certo? Porteiros, portas<br />

seguras, cadastro em folhas. —<br />

— Isso é certo. —<br />

— Então, como ele conseguiu entrar lá?<br />

— Não tenho uma boa resposta para isso. Os meninos verificaram todas as áreas<br />

comuns, o piso inferior janelas e portas. Nenhum bloqueio quebrado ou painel. —<br />

— Você fez auditoria nas folhas de assinatura? —<br />

— Estamos no processo. —<br />

— Então diga-me a parte louca. —<br />

Marks riu. — Como você sabe que há uma? —<br />

— Há sempre. —<br />

— Tudo bem, havia algo estranho. Nós não pensamos muito nisso na primeira<br />

cena, mas ela realmente falou comigo nesta. Trata-se das roupas das vítimas. Eles<br />

estavam rasgadas, torcidas, sangrando, mas todos eles foram dispostas<br />

ordenadamente sobre os corpos. Como se ele os endireitou antes que saísse. —<br />

45


GGrruuppooRRRR<br />

— Você quer dizer que o terror tem um traço elegante? —<br />

— Sim! Ele mata-as e coloca-as juntas novamente, com um sentido. A vítima que<br />

encontramos ontem à noite estava deitada em seu tapete da fantasia, o sangue em<br />

toda parte, retrato pendurado e desequilibrado onde ele provavelmente a atirou<br />

contra a parede. Mas o traje que ela usava estava todo abotoado. O colar foi<br />

arranjado. A saia foi puxada para baixo. Um de seus sapatos tinha saltado fora —<br />

nós sabemos por causa do sangue que foi encontrado nele — mas ele colocou de<br />

volta no seu pé. —<br />

— Freddie Krueger com TOC? 22<br />

— Sim! É isso aí. —<br />

— Você conseguiu impressões? —<br />

— Nã. O cara usava luvas. Nós temos um pouco de sangue, mas na maior parte<br />

dela. Nós temos uma pegada parcial, mas é uma merda Nike. Quem não possui um<br />

par desses? —<br />

— Qual é o tamanho? —<br />

— Dez, homem. 23 Então, ele é provavelmente de estatura média. Estamos<br />

verificando para cabelo e pele sob as unhas. —<br />

Marks tossiu. — Ei, o que tem tudo isso com você, afinal? —<br />

Smith lançou um ruído evasivo para trás.<br />

— Bem — disse Marks — você pode esperar para ouvir de mim outra vez. Esse<br />

cara está só no aquecimento. —<br />

— Quem é a próxima no artigo? —<br />

— Isadora Cunis. O papá é um industrial, casou-se com um dos melhores caras<br />

das ações de Wall Street. Eu falei com ela no início do dia, juntamente com todas as<br />

outras. Eu já lhe pedi para sair da cidade e acho que ela vai seguir o conselho. —<br />

— Chame-me com notícias novas . —<br />

— Pode apostar. —<br />

Smith colocou o telefone celular para baixo e desconectou do site.<br />

22 Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) (em inglês Obsessive-compulsive disorder–OCD) é uma<br />

doença em que o indivíduo apresenta obsessões e compulsões, ou seja, sofre de idéias e/ou<br />

comportamentos que podem parecer absurdas ou ridículas para a própria pessoa e para os outros e<br />

mesmo assim são incontroláveis, repetitivas e persistentes.<br />

23 Tamanho 44.<br />

46


GGrruuppooRRRR<br />

Inquieto, varreu o seu quarto, com o olhar. O hotel em que estava hospedado,<br />

era pequeno e no distrito do teatro de Nova Iorque. O local era limpo e silencioso,<br />

tudo o que tinha para lhe dar em acomodação, classificação cinco estrelas.<br />

Se levantou e caminhou até a janela que mantinha aberta. Através dela, ouviu a<br />

cidade abaixo, os sons de buzinas e correrias dos táxis constante nas ruas, embora<br />

era já tarde.<br />

Tinha vindo para a cidade de Los Angeles para avaliar a ameaça recebida pelo<br />

CEO 24 de uma das principais empresas multinacionais no mundo. Smith e o homem<br />

de sessenta anos da indústria, haviam se encontrado para jantar na suite de luxo,<br />

que o homem tinha no Plaza. Após uma hora de conversa, Smith tinha recusado o<br />

trabalho, apesar de que estava sendo oferecido sete zeros por dois meses, do valor<br />

do trabalho.<br />

Tinha sido fácil caminhar fora.<br />

Sr. America Corporativa afirmou que estava sendo ameaçado por eco-terroristas.<br />

Ele recentemente deitou abaixo dois mil hectares de floresta para construir um<br />

complexo de fabricação e montagem no Brasil. Os abraçadores de árvores, como o<br />

homem tinha explicado, levantaram-se em armas.<br />

Mas Smith sabia que era uma mentira, porque tinha feito sua lição de casa. O<br />

CEO tinha duas vidas. Uma delas era acima da linha como um ícone do sonho<br />

americano, um self-made milionário que tinha uma bela segunda esposa grávida,<br />

com menos de metade da sua idade. A outra envolvia armas, e não do tipo que você<br />

escolheria para um novato. Recusou, já que o cara tinha levado muito mais do que<br />

objetos esquecidos em seus barcos, enquanto eles iam lá e para cá através do Canal<br />

do Panamá.<br />

Na opinião de Smith, o homem estava, provavelmente, tentando sair do tráfico<br />

ilegal e estava apenas aprendendo agora que lidar com pessoas que lidam com<br />

armas é muito diferente de negociar sobre uma mesa da sala de reuniões com os<br />

caras de terno e gravata. Em ambas as linhas de trabalho pode ficar rico, mas com<br />

uma você tem um pára-quedas de ouro e um relógio bonito quando você sai. A<br />

outra você tem um tiro na cabeça e, talvez, cortado em pequenos pedaços. Sua<br />

família teria sorte se tivessem um corpo para enterrar.<br />

A partir da perspectiva de Smith, ele não tinha justificação para assumir o cargo.<br />

Não era que queria que o Sr. Corporativo da América fosse morto. Assistindo a um<br />

cara que era rei, chorar em seu mundo de sopa de erva-doce não era agradável, mas<br />

24 CEO (Chief Executive Officer) diretor-executivo, diretor-geral, presidente (executivo responsável<br />

pela direção de uma empresa ou grande organização).<br />

47


GGrruuppooRRRR<br />

Smith tinha regras. Se ele estava indo para arriscar sua própria vida para alguém,<br />

esse tinha que ser honesto com ele.<br />

Ele também ajudou a que não estava em um chiqueiro de sua própria criação.<br />

Mas ele não deixou o cara bater ao vento. Antes de Smith o deixar, passou o<br />

número de uma outra empresa de segurança.<br />

Enfim, se ele tivesse tomado o trabalho, teria que envolver-se na confusão da<br />

vida dos clientes. Amanhã teria que ir no Paraguai e Tiny teria odiado o substituir<br />

sobre esse trabalho, apesar de que teria feito isso como se fosse a queda de um<br />

chapéu.<br />

Tiny era grande o suficiente para fazer um linebacker 25 parecer um doce e tão<br />

resistente quanto Smith era, mas odiava os trópicos. Algo sobre aranhas.<br />

Indo para a casa de banho, Smith despiu a camiseta que usava. Na enchente de<br />

luz abaixo do teto, seus músculos se destacaram no relevo austero, um show<br />

poderoso de carne e osso que ele não parou para admirar. Ele esteve em condições<br />

físicas superiores durante toda a vida, mas seu corpo era apenas um motivo, porque<br />

era considerado um lançador pesado em uma profissão cheia de caras durões.<br />

O que fez foi se demorar nos padrões da sua pele, e estrias, que cruzavam<br />

distorcidas quando os músculos se moviam debaixo. Eram cicatrizes, testamentos<br />

esfarrapadas da vida que escolheu. Algumas tinham vinte anos, desde a sua<br />

juventude violenta, outras são mais recentes. Algumas foram o resultado de<br />

tentativas contra a sua vida, outras emblemas de sua coragem. Estava tão<br />

habituado a elas, que não as considerava como incomuns ou feias. Elas eram como<br />

braços e pernas, uma parte dele tão intrínseca, que era como se tivesse saído do<br />

ventre com elas.<br />

Que, naturalmente, não tinha. Simplesmente não conseguia se lembrar de não<br />

estar marcado.<br />

Absorto, passou a mão sobre uma cicatriz rosa pálido que atravessa os seus<br />

músculos abdominais. Pensou sobre a condessa e a imaginou tocando-o com as<br />

mãos delicadas. O mero pensamento o endureceu.<br />

Amaldiçoou em voz alta.<br />

Era uma grande fantasia, mas isso é tudo o que jamais seria.<br />

Além disso, uma mulher como ela seria usada para a pele não marcada de<br />

banqueiros de investimento e aristocratas. Homens cujas profissões não exigem<br />

25 Posição do futebol americano.<br />

48


GGrruuppooRRRR<br />

que seja unida com uma agulha e fio. Um olhar para o mapa de horrores de Smith e<br />

provavelmente ela sairia correndo e gritando na direção oposta.<br />

Então novamente, talvez não iria. Ele pensou naquele queixo dela, chutado para<br />

o alto.<br />

Oh, Cristo, e se estava enganado? Nunca iria descobrir.<br />

Smith desligou a luz e saiu do banheiro. Desenrugando as calças, com uma<br />

sacudida ele jogou-as sobre as costas de uma cadeira, desconectou o seu<br />

computador, e deitou-se na cama. Não se incomodou em ficar<br />

debaixo dos lençóis. A noite estava excepcionalmente quente para o Outono e<br />

virou o medidor de temperatura na sala de modo que o ar condicionado não saísse.<br />

Odiava ar falso.<br />

Smith cruzou os braços sobre o peito e fechou os olhos, pronto para a negritude.<br />

Era um eficiente dorminhoco. Apagava como uma luz, despertava tão rápido como<br />

uma. Uma noite típica era de três horas de costas no chão e ficaria recarregado.<br />

Só que ele não tinha tido — típica — na semana passada. Ultimamente, tinha<br />

problemas para dormir, e com certeza, minutos depois, levantou-se para uma<br />

posição sentada. Com visões da condessa rodando na cabeça, Smith recostou-se<br />

contra a cabeceira acolchoada, chateado.<br />

Este transe sem sonhos, em que entrava todas as noites era a coisa mais próxima<br />

a uma rotina normal que tinha. O fato de que estava batendo fora por conta de uma<br />

mulher era simplesmente inaceitável.<br />

Talvez só precisasse ficar deitado.<br />

Se inclinou para a mesa de cabeceira e deslizou um longo, fino charuto fora de<br />

um pacote que estava quase cheio. O flash do seu isqueiro era amarelo brilhante na<br />

escuridão, e a ponta do charuto brilhou laranja quando inalado.<br />

Provavelmente era isso. Ele precisava ter relações sexuais.<br />

Como ele exalava, a sensação do corpo da condessa contra o seu próprio, veio a<br />

ele como uma pressa.<br />

Mas Cristo, não com ela.<br />

Seu telefone celular tocou.<br />

A cabeça de Smith chicoteou ao redor, e antes que o som voltasse, tinha o<br />

telefone contra sua orelha.<br />

— Sim! —<br />

Houve uma longa pausa. — É. . . John Smith? —<br />

49


GGrruuppooRRRR<br />

Seu corpo reconheceu a voz antes mesmo de que seu cérebro.<br />

— Sim — .<br />

— É Grace Hall — , disse a voz. — Eu preciso de você — . Quando Smith desligou<br />

o telefone, se perguntou por que levara tanto tempo a fazer a chamada. Tinny, ao<br />

que parece, teria que ir para o Paraguai depois de tudo.<br />

Capítulo 5<br />

Vinte minutos mais tarde, Smith estava em Wall Street, subindo os degraus de<br />

granito da família dela no arranha-céus. Quando se aproximou da margem das<br />

portas giratórias, um guarda de segurança uniformizado abriu uma porta lateral<br />

para ele.<br />

— Mr. Smith? —<br />

Quando respondeu, o homem se afastou para deixá-lo passar.<br />

— Ela está esperando por você, disse o guarda. — Suba em seu escritório, no<br />

último andar. Você quererá tomar o elevador até lá. —<br />

Smith deu ao homem um aceno de cabeça e entrou no elevador. Cinquenta e<br />

dois andares acima, com uma parada suave ele saiu num corredor de pelúcia. No<br />

final do corredor, viu derramar luz de um par de portas e foi em direção a ela, com<br />

os pés silenciosos sobre tapetes grossos. Passou por salas de conferência e<br />

escritórios e pensou, se não fosse as espetaculares pinturas a óleo penduradas nas<br />

paredes, poderia estar na suite executiva de sucesso de qualquer corporação.<br />

Smith abrandou chegou as portas. Sem bater, empurrou de um lado e viu-a.<br />

A silhueta contra uma visão cintilante da cidade, a condessa estava usando um<br />

vestido vermelho e voltada para fora em direção a uma parede de janelas. O fluxo<br />

de seda cobria o corpo longo e magro, e deixava as costas expostas. Com seu<br />

cabelo enrolado na cabeça, ela tinha as curvas graciosas de uma bailarina.<br />

Uma gritante necessidade bateu-lhe no estômago quando ela pegou seu reflexo<br />

no vidro. Ele ouviu-a respirar como um assobio e ela pareceu ter um momento para<br />

firmar-se antes que de se virar. Quando o fez, viu suas feições finas estavam<br />

apertadas com a tensão.<br />

— Você se move tão silenciosamente — disse ela.<br />

50


GGrruuppooRRRR<br />

Ele deu de ombros. — No sentido de anunciar-me com uma banda marchando.<br />

—<br />

Os lábios dela levantaram-se num sorriso e Smith sentiu o peito apertar. Não era<br />

alguém que ficasse preocupado com a beleza, mas encontrou-se absorvendo dela<br />

através de sua pele. Ela aquecia-o.<br />

E se ressentia do efeito.<br />

— O que se passa? — disse bruscamente.<br />

— Você ouviu as notícias? — Os agudos do medo estavam em sua voz,<br />

tornando-a mais alta do que lembrava.<br />

— Sobre Suzanna van der Lyden? — Ele balançou a cabeça.<br />

Ela colocou os braços ao redor de si mesma. Quando se moveu, os diamantes<br />

brilharam. — Eu não posso acreditar nisso. — A condessa voltou-se para a vista,<br />

como se não quisesse que a visse a lutar pelo auto-controle. — Deus, como sua<br />

família se deve sentir. Ela tem um filho. Tinha. —<br />

Os olhos dela piscaram por cima do ombro. Ficou medindo-o por um longo<br />

tempo, como se estivesse tentando mergulhar no espaço por trás de seus olhos,<br />

onde ele era um homem.<br />

— Posso confiar em você? — pediu com urgência silenciosa.<br />

— Com sua vida, Condessa — .<br />

Houve uma pausa. Virou de volta para o encarar. — Meu marido e eu nos<br />

separamos. Nós estamos iniciando o divórcio. —<br />

Observou-o atentamente, obviamente se perguntando se sua palavra era uma<br />

ligação ou uma ficção. Estava sem dúvida, preocupada que poderia ir para os jornais<br />

e não podia culpá-la. A separação do Conde e Condessa von Sharone iria ser uma<br />

grande notícia.<br />

Depois de um instante, ela continuou. — Eu não estou preparada para o<br />

anunciar, não até que o divórcio esteja finalizado. É por isso que eu não disse à<br />

polícia que estava sendo seguida. —<br />

— Você acha que seu marido está perseguindo você? —<br />

— Ele poderia pagar a alguém para ficar de olho em mim. —<br />

— Ele ainda está apaixonado por você? —<br />

Ela encolheu os ombros. — Eu duvido. Mas isso não significa que não iria tentar<br />

encontrar algo para usar contra mim. —<br />

— E você? —<br />

51


GGrruuppooRRRR<br />

— Ainda apaixonada? Não. Eu me casei com ele porque era suposto. — Soltou<br />

uma risada áspera. — Meu pai gostava dele. Minha mãe gostava da sua família. Eu<br />

pensei que havia coisas piores na vida do que casar com um homem bonito de uma<br />

família real. —<br />

Ela olhou para trás para fora, nas janelas. — Eu estava errada, claro. Você nunca<br />

deve casar por nada menos do que amor. —<br />

Smith franziu a testa.<br />

— Sem ofensa, condessa, mas você honestamente acha que pode manter essa<br />

notícia em segredo? Depois daquele casamento que você teve? — Lembrou-se de<br />

ler sobre isso num avião que voava para só Deus sabia para onde.<br />

Centenas de super-ricos do mundo tinham frequentado as festas na Europa. Só o<br />

vestido dela tinha custado mais de US $100. 000 26 se os jornais tinham pego a conta<br />

certa.<br />

— Existem problemas aqui na Fundação, e eu preciso ser entendida como forte e<br />

responsável. Se a notícia do rompimento do meu casamento sair agora, as pessoas<br />

vão assumir que eu estou à beira de um colapso emocional — .<br />

— Você? —<br />

— Pareço uma pilha de nervos para você? — Sua voz era firme quando encontrou<br />

os olhos dele na parede de vidro.<br />

Ele balançou a cabeça. Nesse vestido vermelho, parecia atraente como o inferno,<br />

que é o que parecia.<br />

O riso duro veio de novo. — Isso é Bom. Eu aprendi no último mês a apreciar a<br />

mesma ilusão particular.<br />

— Por que não nos sentamos — disse ele, abruptamente. — Parece que você<br />

está prestes a cair. —<br />

Aqueles ombros graciosos se voltaram e esperou que o enfrentasse. Não iria<br />

admitir tão cedo que estava cansada, muito mais que do que não deixaria sair o<br />

medo de que estava segurando com tanta força.<br />

Mas, em vez de discutir, sentou-se atrás de uma mesa grande e ele sentou-se<br />

diante dela. Ele esperou que ela falasse de novo, esperou pela pergunta formal que<br />

estava preparado para responder.<br />

26 218,67,000 BRL – 127,225. 000 EUR<br />

52


GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Grace estava determinada a não quebrar na frente de Smith, mas se sentia como<br />

se poderia quebrar e cair aos pedaços a qualquer momento.<br />

Passou as horas que precederam a pensar na melhor forma de cuidar de si<br />

mesma e a única resposta que veio, envolvia ele. Quando ela saiu do Met, não<br />

conseguia obrigar-se a vir para casa porque estava com medo de ficar sozinha, e<br />

discou o seu número de telefone celular.<br />

Era ele o que queria, o único. Ele era uma bunda resistente, teimoso filho da puta<br />

e capaz de fazer um assassino dar a volta e fugir. Ele iria mantê-la segura. Com ele,<br />

a protegê-la, talvez pudesse passar um dia sem ter um ataque de ansiedade. Talvez<br />

fosse capaz de se concentrar em seu trabalho novamente. Talvez pudesse ter parte<br />

da sua vida de volta.<br />

Seus olhos cintilaram para ele. Ele escolheu uma cadeira um pouco além da<br />

piscina de luz lançada pela lâmpada de mesa. Parecia perigoso nas sombras, tão<br />

quieto e atento. Não podia ver seus olhos, mas sabia que eles estavam com ela.<br />

Mesmo no meio de seu medo, sentia uma onda de calor e teve de lembrar-se que<br />

tinham negócios para discutir.<br />

Grace pigarreou. — Eu gostaria de contratá-lo. —<br />

Prendeu a respiração, esperando a sua resposta.<br />

Ele se mexeu na cadeira, sua jaqueta de couro rangeu suavemente.<br />

— Até que ponto você está disposta a ir? —<br />

— Como assim? —<br />

— Que acomodações está disposta a fazer? —<br />

Suas sobrancelhas se levantaram. — Como assim? —<br />

Impaciência queimou em seu tom. — Mudar a sua programação. Restringir suas<br />

atividades. Deixar a cidade. —<br />

Seus olhos se arregalaram. — Eu não posso deixar a Fundação. Estamos nos<br />

preparando para a Gala e. . . —<br />

Smith balançou a cabeça firme e começou a levantar da cadeira.<br />

— Espere um minuto. — Grace colocou algum comando nas palavras. — Onde<br />

você vai? —<br />

Ele congelou, suspenso pelos braços sobre o assento da cadeira. O olhar que lhe<br />

deu dizia que ele — não — era utilizado para receber ordens.<br />

53


GGrruuppooRRRR<br />

— Quero dizer, por favor não vá embora. Você é o melhor. E eu quero o melhor.<br />

— Mais suave, ela acrescentou, — Eu preciso de você — .<br />

Ele levantou-se e olhou para ela de sua altura total. Quando colocou as mãos na<br />

cintura, o paletó esticou sobre os ombros.<br />

Sem dúvida, era todo músculo sólido, pensou. Na verdade, ela já sabia isso,<br />

depois de ter estado encostada contra ele. Abraçada por ele.<br />

O revoltear de desejo que quebrou através da sua ansiedade não era uma<br />

melhoria, e ela queria amaldiçoar.<br />

Por não poderia ser surpreendida pela calma? Abordada por uma onda de paz?<br />

Varrida fora de seus pés pela tranquilidade e relaxamento?<br />

Mas não. Seu alívio arremessado de reserva era a luxúria.<br />

— Por favor — , disse ela. — Não vá. —<br />

— Senhora, eu sou o melhor, porque meus clientes tendem a viver vidas mais<br />

longas. A razão disso é porque eles fazem o que eu digo para eles. — Seu tom era<br />

aborrecido, mesmo que sua expressão era intensa. — Não tenho o menor interesse<br />

em discutir com um cliente sobre o que eu tenho que fazer para mantê-lo vivo — ,<br />

— Você não entende. — Grace levantou-se para que pudesse pelo menos estar<br />

perto olhando nos olhos dele. — Eu preciso de estar aqui agora. —<br />

— Você prefere planejar uma festa que cuidar de si mesma? — Sua voz estava<br />

escura com a desaprovação quando começou a virar. — Olha, eu posso recomendar<br />

alguém para fazer o que você quer. Há uma abundância de grandes pedaços de<br />

carne que podem fazer pista atrás de você. —<br />

Correu em torno do lado da mesa, colocando-se entre ele e a porta.<br />

— Escute-me. — Antes que pudesse argumentar, ela apontou para o busto sobre<br />

a mesa. — Esse é o meu pai. Eu estou neste escritório, porque ele está morto, mas<br />

só porque ele disse isso. Eu estou em guerra com a diretoria e seu segundo em<br />

comando. Deixo agora e fico fora para a pastagem como uma figura.<br />

— Eu tenho um monte de retrocessos no meu conselho de administração. O mão<br />

direita do meu pai está a tentar volta-los contra mim, porque ele quer estar no<br />

comando. Se eu desaparecer agora, vou perder o controle desta fundação, porque<br />

eles vão me empurrar. Será a primeira vez que a Hall não tenha sido responsável e<br />

eu não posso deixar isso acontecer. — Os olhos dela imploravam — Há muito mais<br />

em jogo do que apenas uma festa. Mas eu simplesmente não posso viver com medo<br />

por mais tempo. Isso está me matando. —<br />

Ele estudou-a por um momento. — Você está preparada para ser<br />

completamente honesta comigo? —<br />

54


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu disse a você sobre meu marido, não foi? —<br />

Se sentiu desconfortável falando com ele sobre seu casamento. Smith foi, fora<br />

seu advogado, a única pessoa a quem tinha dito e ela não gostava de revelar a<br />

verdade. Os tablóides pagariam uma mina de ouro para ter suas mãos sobre esse<br />

tipo de cópia, mas que escolha ela tinha? Teve que confiar em alguém e John Smith<br />

não parecia o tipo que se ia vender por dinheiro. Ele parecia ter muita dignidade<br />

para isso.<br />

— Você conhece alguém que gostaria de machucá-la? Qualquer inimigo? —<br />

Grace franziu a testa. — Como eu disse, Lou Lamont quer o meu trabalho. Ele é<br />

agressivo, mas eu não posso acreditar que ele. . . —<br />

— Você ficaria surpresa com o que as pessoas são capazes. Qualquer outra<br />

pessoa? —<br />

Ela balançou a cabeça. — Não, que eu possa pensar. —<br />

— Você tem alguns amantes? — As palavras foram secas.<br />

— Meu Deus, por que você pergunta? —<br />

— Se eu vou trabalhar para você, eu preciso saber tudo. —<br />

— Você está me levando como um cliente? — ela rebateu.<br />

Houve um longo silêncio. — Eu tenho necessidade de estar com você o tempo<br />

todo. —<br />

— Claro. —<br />

Seus olhos, azuis e brilhantes, reduzidos a vigas. — Se eu fizer isso, você vai ter<br />

que ser completamente honesta comigo e fazer o que eu digo. —<br />

No momento, ela não se importava se ele queria o seu primogênito.<br />

Absolutamente.<br />

— Então, sim, eu vou te proteger — .<br />

Grace teve sua primeira respiração profunda das últimas semanas. — Graças a<br />

Deus — .<br />

— Agora, responda a minha pergunta, — ele exigiu. — Você tem alguns<br />

amantes? —<br />

Ela franziu o cenho. — Não, eu não estou envolvida com ninguém. —<br />

— Não houve mais ninguém durante o seu casamento? —<br />

— Eu não posso imaginar por que seria. . . —<br />

55


GGrruuppooRRRR<br />

— Não me diga que você precisa de um curso intensivo sobre — crimes de<br />

paixão — Sua voz foi cortante, como de sargento.<br />

Ele estava acostumado a ser obedecido, pensou. Como seu pai tinha sido. Como<br />

o marido tinha esperado ser.<br />

E só concordou em fazer qualquer coisa que ele disse para ela.<br />

Fora da frigideira e indo no fogo, pensou sombria.<br />

Mas ela estava completamente com o respeito manso. Ele estava indo para<br />

protegê-la e ficou aliviada por ser sua cliente, mas isso não significa que lhe<br />

permitiria a intimidar na volta.<br />

Infelizmente, ele tinha tido uma razão válida para querer saber sobre sua vida<br />

amorosa.<br />

Grace respirou fundo. — Eu era fiel a ele. Sempre — .<br />

A emoção passageira traçou sua face. Se tivesse sido reprovação?<br />

E a maioria das pessoas achava que fidelidade era uma virtude, ela pensou.<br />

— Então o que acontece a seguir? — ela perguntou.<br />

— Eu fico com caras de segurança aqui na Fundação. Você começa a ir e vir duma<br />

maneira imprevisível. Eu mudo-me para o seu apartamento. —<br />

Parou de acenar afirmativamente. — Mudar-se? —<br />

— Eu não posso ver você se eu não estou perto de você — , disse secamente. — E<br />

não é como se o louco que está atrás de você só trabalha no turno do dia. —<br />

Grace ficou estupefata. Isso nunca tinha lhe tinha ocorrido, que ele precisasse de<br />

estar tão perto. — Tem certeza de que é necessário? —<br />

Deu-lhe um olhar sombrio. — Existe um problema? —<br />

— Você está falando de viver na minha casa. — Ela levantou a mão em seu<br />

pescoço, sentindo-se exposta. — Eu não sei nada sobre você. —<br />

— Eu aposto que você não sabe muito, o que seja, sobre o cara que faz os seus<br />

impostos. —<br />

Imaginou seu contador, que usava meios óculos vindo até ela como uma<br />

clavícula. Eugene Fessnick, CPA, 27 dormindo em seu quarto não era a mesma coisa.<br />

Em tudo.<br />

— Mas você é. . . diferente. —<br />

27 CPA – Certified Public Accoutant – Técnico de Contas.<br />

56


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu estou mais no nível dos tipos de seu serviço de carro, certo? —<br />

Franziu a testa, pronta para corrigir a impressão errônea de que ela achava que<br />

era melhor do que ele, mas ele não parecia incomodado com o que ela dissera. Não<br />

se importava com o que pensava dele, percebeu.<br />

Para ele, era totalmente sem importância. Ele se concentrou na tarefa em mãos.<br />

Em sua segurança. Nada mais.<br />

Só que não queria vir transversalmente como o tipo de pessoa que muitas vezes<br />

as pessoas presumiam que ela era. Rasa, arrogante, privilegiada. Trabalhou duro<br />

para combater essa imagem. Seu — toque — comum, como seu marido tinha o<br />

colocado, foi mais um motivo com que Ranulf tinha ficado insatisfeito com ela<br />

como esposa.<br />

Ela balançou a cabeça. — Não era isso que eu quis dizer. Você está só. . . —<br />

Smith virou e começou a caminhar até a porta. — Você vem, condessa? Ou você<br />

quer passar a noite em seu escritório? —<br />

Grace se recusava a seguir a sua liderança. — É justo que eu não conheço muitas<br />

pessoas que são tão duras. . . que parecem como você é. É um pouco intimidante,<br />

para dizer a verdade. E tê-lo a entrar em minha casa, faz isso tudo tão. . . real. —<br />

Smith parou perto da porta, empurrando para baixo suas mãos nos bolsos e<br />

olhando incisivamente para fora num ponto do salão. Seu perfil era rígido, bonito.<br />

Despreocupado.<br />

— Você pode olhar por favor para mim enquanto eu estou falando com você? —<br />

ela exigiu.<br />

Quando a cabeça dele acenou ao redor, ela se preparou para um argumento. Ou<br />

pior. Sua expressão era tão triste, que achou que poderia deixá-la como cliente<br />

antes mesmo que tivessem começado.<br />

Sua voz era severa, quando falou. — Condessa, é preciso esclarecer uma coisa.<br />

Eu não estou aqui para a conhecer, estou aqui para mantê-la viva. É isso aí. — Se<br />

você quiser conversar sobre seus sentimentos e a maneira como nos relacionamos,<br />

chame uma amiga. Você terá mais dela. —<br />

Seu temperamento queimou. — Bem, me perdoe por tentar colocar á vontade<br />

na sua mente. Eu estava tentando tranquilizá-lo. . . —<br />

— Querida, minha mente está sempre à vontade. —<br />

Ela atirou-lhe um olhar zombeteiro. — Isso não foi o que pareceu na noite eu te<br />

conheci. Você parecia totalmente quente e incomodado por mim. —<br />

— Você estava sendo uma praga, Barbie. —<br />

57


GGrruuppooRRRR<br />

— Só porque você estava olhando para mim. —<br />

— Sim, bem, você deve estar acostumada com isso agora. Ou você se coloca<br />

como uma boneca acima, só porque você gosta de brincar com maquiagem? —<br />

— Eu não me emboneco — Ela perdeu o trem do pensamento. — O que<br />

estamos discutindo de novo? —<br />

Eles olharam um para o outro em silêncio.<br />

E então, de repente, ele sorriu. A expressão tirou seu fôlego. Se ele era<br />

convincente quando estava falando sério, estava perto de irresistível quando<br />

iluminado.<br />

Talvez deveria rezar para obter mais do seu humor negro.<br />

— O que há de tão engraçado — , ela murmurou.<br />

— Você tem um pouco de aço debaixo dessa janela que veste, não é? —<br />

Ela corou. — Eu gosto de pensar nela como força de propósito. —<br />

Seu sorriso desapareceu. — Bem, o que quer que você o chame, coloque para<br />

uma boa utilização em outra pessoa. Eu não tomo ordens, eu as dou. Está claro? —<br />

Grace apertou o queixo e disse a si mesma, agora era uma excelente<br />

oportunidade para se levantar e ser levada em conta. — Eu não me importo de fazer<br />

o que você acha que é melhor. Mas algum dar-e-receber, fará tudo isso mais fácil. —<br />

— Eu não dou-e-recebo. — Desculpe. —<br />

Ela inclinou a cabeça para o lado. — Então, eu apenas deveria ir para o passeio?<br />

Você pode mudar-se para minha casa, tomar conta da minha vida, me obrigar a<br />

responder a perguntas íntimas sobre meu… meu… — Ela gaguejou, porque ela não<br />

podia obrigar-se a dizer a palavra sexo na frente dele sem se sentir ridícula. — Mas<br />

eu não posso nunca desafiá-lo, mesmo quando você pode estar errado? —<br />

— Você é um estudo rápido, Condessa — .<br />

— Isso não é justo. —<br />

— Vamos fazer uma verificação da realidade. Você precisa de mim mais do que<br />

eu preciso de você. Então, quem começa a definir as regras do jogo? —<br />

— Eu não acho que eu gosto muito de você — , disse ela. Era verdade. Ela não<br />

tinha certeza do que ela sentia por ele, mas assim não era definitivamente.<br />

Isso é Bom. Isso vai facilitar para nós dois. —<br />

Ela franziu a testa, pensando que o comentário era estranho.<br />

— Então você ainda concorda com os termos do meu noivado? — ele perguntou.<br />

58


GGrruuppooRRRR<br />

Respirou fundo e acenou lentamente com a cabeça.<br />

— Então vamos lá. —<br />

Ele olhou ao redor da sala, seus olhos treinados pousaram em sua bolsa e no<br />

lenço, que estava na superfície brilhante da mesa de conferência. Ele apanhou-os e<br />

voltou para a porta.<br />

Grace se aproximou dele, de cabeça erguida. Dane-se se estava indo para deixálo<br />

saber o quanto ele a perturbava. Parou na frente dele e esperou.<br />

— O quê? — ele exigiu.<br />

— Oh, eu pensei que você estava indo para ajudar com o meu lenço — , disse,<br />

sentindo-se tola. É claro que um homem como ele não se preocuparia sobre<br />

agrados sociais. — Dê-me. —<br />

Assistiu a carranca e ao olhar para baixo na mão que tinha estendida. Deu-lhe a<br />

bolsa.<br />

E então, num lampejo de movimento, ele inclinou-se perto e deslizou a seda<br />

vermelha ao redor de seus ombros.<br />

Ele não se afastou imediatamente. Como suas mãos permaneceram no pano<br />

fino, sua respiração ofegante e seus olhos brilharam até aos dele.<br />

Seus lábios se separaram enquanto ele se concentrava em sua boca.<br />

Mas não fez nenhum movimento para beijá-la — Lembre-se, condessa, eu não<br />

sou o seu acompanhante. E eu nunca vou ser. —<br />

Afastou-se bruscamente e ela teve que lutar para manter o lenço de cair ao chão.<br />

Capítulo 6<br />

Quando chegaram a entrada, o guarda de segurança tinha ido embora.<br />

— Provavelmente em um passeio a pé — , disse Grace, sua voz se perdeu no<br />

espaço enorme. — É suposto que eles devam fazer isso. Eu vou chamar meu<br />

motorista. —<br />

Quando ela pegou o celular, olhou para Smith. Seus olhos estavam rastreando<br />

todos os recursos de do átrio enorme e seus pormenores neoclássicos.<br />

59


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu posso ver porque este lugar é considerado um marco histórico nacional, —<br />

observou ele. — Era irmão do Chrysler Building, 28 certo? —<br />

Ela assentiu com a cabeça. — Eles foram construídos separados por dois anos um<br />

do outro. As portas do elevador são meus favoritos.<br />

O motivo egípcio, com toda a prata fosca e bronze brilhante. E o teto não é ruim,<br />

qualquer um. —<br />

Ambos olharam para o trecho decorado três andares acima.<br />

Ele virou-se para um par de portas maciças, acima das quais — Woodward Hall<br />

Museu — estava inscrito na frente de mármore branco.<br />

— O museu está aberto ao público todos os dias? —<br />

— Com exceção de terças-feiras. —<br />

— Quão grande é isto? —<br />

— Toma os quatro andares do edifício e tem o seu próprio sistema de elevador.<br />

Há três andares do espaço de exposição e que abrigam a biblioteca, os serviços<br />

administrativos, e o laboratório onde lidamos com a conservação. —<br />

—<br />

— Vou precisar de uma excursão ao edifício amanhã. A arquitectura é rentável.<br />

— Tudo bem — Ela discou o número de seu motorista.<br />

Quando sua limusina parou em frente, ela e Smith sairam para a escuridão.<br />

Atravessaram cerca de vinte metros pedras da calçada em granito, para a rua,<br />

passando por uma gigantesca estátua de George Washington e depois desceram<br />

com um punhado de passos rasos.<br />

Grace olhou por cima do ombro quando Smith não andou ao lado dela. Seus<br />

olhos se encontraram e se desviaram dela enquanto ele examinava a praça e as ruas<br />

ao redor. Não havia peões, só o som ocasional de um táxi pela rua, mas ela não<br />

sentia medo. Em tudo.<br />

Que mudança, pensou, em comparação com o medo que tinha tido quando<br />

correu para a construção uma hora mais cedo. Estar com Smith, e não se preocupar<br />

com coisa nenhuma. Podia sentir a sua força e proteção irradiando ao seu redor.<br />

Era um assassino treinado. Na verdade, uma força da natureza.<br />

Seu novo companheiro de quarto.<br />

28 A Chrysler Building é um arranha-céu, actualmente é o 19º arranha-céu mais alto do mundo, com<br />

319 metros (1 046 pés – 1,61 Km). Edificado na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos da América, foi<br />

concluído em 1930 apresentando 77 andares. O sistema estrutural utilizado é a estrutura metálica.<br />

60


GGrruuppooRRRR<br />

— Você está armado? — ela perguntou abruptamente.<br />

— Sempre. —<br />

Ela estremeceu.<br />

Seu motorista pareceu surpreso quando saiu do carro para abrir a porta e olhou<br />

para cima, subindo, na face de Smith.<br />

— Boa noite, senhor. —<br />

Smith concordou e entrou na traseira com ela.<br />

Apesar de estar frio no interior do carro, Grace teve a súbita vontade de abrir<br />

uma janela, tudo para lhe dar um pouco mais de espaço. Mesmo sentado em frente<br />

a ela, parecendo a calma e o controle, havia algo completamente avassalador sobre<br />

ele.<br />

Oh, ultrapassa isso, disse a si mesma. Ele não é o messias.<br />

Grace sorriu e olhou para fora da janela.<br />

Então ele estaria usando um lençol branco e sandálias. Provavelmente teria um<br />

halo em volta da cabeça, talvez alguns querubins flutuando. Certamente não mais<br />

estaria vestindo couro preto, uma expressão intensa, e uma arma.<br />

Como um ataque de riso a golpeou, induzido pelo estresse e o absurdo do quadro<br />

dele em uma toga, ela sabia que precisava começar um aperto. Afinal, ele era, sem<br />

dúvida, repleto de imperfeições. Provavelmente cantava desafinado no chuveiro,<br />

roncava como um buldogue, e tinha boxers gastos na sua cintura.<br />

Como uma imagem dele seminu lhe veio à mente, estremeceu e começou a<br />

massagear as têmporas. A adição de Calvin Klein correndo pela sua cabeça não<br />

estava ajudando, não se estava para atirar para desmistificar o homem.<br />

Através de seus dedos, os olhos de Grace foi até ele. Ele estava olhando para fora<br />

do carro que acelerava por Park Avenue. A cada lâmpada de rua que passavam, a<br />

luz queimava sobre as linhas duras do seu rosto e em seguida desaparecia.<br />

Como tinha quebrado o nariz dele? E quantas vezes?<br />

— Será que John Smith é seu nome verdadeiro? — ela perguntou, em voz alta.<br />

Sua cabeça estalou em sua direção. Achou que sua expressão de pedra<br />

significava que não ia responder, mas depois ele deu de ombros. — Verdadeiro o<br />

suficiente. —<br />

— O que posso chamá-lo? —<br />

— Tudo o que você quiser. —<br />

— Você vai responder a Pookie? —<br />

61


GGrruuppooRRRR<br />

Ele olhou para trás para fora da janela, mas ela pegou o canto da boca,<br />

levantando. — Não. —<br />

Seus olhos percorreram o cabelo curto até ao cumprimento orgulhoso de sua<br />

mandíbula e, em seguida, permaneceu em seus lábios. Em num lampejo de calor,<br />

lembrou-se do beijo.<br />

Smith se virou, e seus olhos se estreitaram, como se soubesse o que ela estava<br />

pensando.<br />

— Você ia dizer alguma coisa? — ele disse com desarmante suavidade.<br />

Ela desviou o olhar.<br />

— Não há mais perguntas, condessa? Sua voz estava zombando.<br />

— Nada que você se importaria de responder — murmurou.<br />

E nenhum teve qualquer negócio para perguntar. Ela foi se perguntando se era<br />

casado. Não tinha visto um anel no dedo, mas alguns homens não os usam.<br />

À medida que paravam em frente ao seu prédio, ele se inclinou. Sua voz era um<br />

rosnado baixo.<br />

— Cuidado com esses seus olhos, Condessa. Eles podem estar a perguntar por<br />

coisas que você realmente não quer. —<br />

E então ele abriu a porta e saiu.<br />

Oh Deus, pensou ela. Como é que ela iria viver com ele?<br />

Grace respirou fundo. Pelo menos teria hoje à noite para descobrir isso, porque<br />

certamente ele não estaria se mudando antes de amanhã. Ou talvez no dia<br />

seguinte. Haveria tempo para se adaptar.<br />

Grace colocou seu lenço nos ombros e saiu do carro. Como Smith andou sob o<br />

verde-e-ouro toldo de seu prédio, procurou em seu cérebro por uma maneira de<br />

terminar a noite com uma confiante nota casual. Enquanto o porteiro abria a porta,<br />

ela estava tentando enquadrar o tipo de comentário ligeiro, sofisticado, pelo qual<br />

era conhecida.<br />

Demasiado mau humor estava atirando em branco, pensou. Nestas<br />

circunstâncias, provavelmente a melhor coisa a fazer era dizer boa noite e deixar<br />

por isso mesmo.<br />

Quando ele começou a ir para dentro, congelou.<br />

— Er. . . você está ficando? Hoje à noite? — O tom de sua voz era uma oitava<br />

mais alta do que o habitual e discretamente o porteiro se desmaterializou.<br />

Smith acenou para o motorista da limusina e se afastou.<br />

62


GGrruuppooRRRR<br />

— Esse foi o nosso acordo. — Seus olhos estavam lacônicos. — Temos um<br />

problema? Mais uma vez? —<br />

— Onde você vai dormir? — deixou escapar.<br />

— Minha própria pele geralmente faz o trabalho. —<br />

— Oh, é claro. — Sim. — E ela pensou que a fantasia underwear tinha sido difícil<br />

de lidar. . . — Hummm — .<br />

— O que você está esperando? —<br />

Ela não poderia muito bem responder a essa verdade. Não precisa saber que ela<br />

estava tentando limpar da sua mente a imagem de como ele pareceria totalmente<br />

nu.<br />

Como o levou através do grandioso átrio do edifício, sua mente estava<br />

lamentando que não tinha tempo para se preparar para ele entrar em sua casa.<br />

Dormir no quarto ao lado.<br />

Partilhar uma casa de banho.<br />

A risada saiu de sua boca enquanto se lembrava que o banheiro dos hóspedes<br />

estava desmantelado. Não havia nem mesmo água corrente no mesmo. Ele ia ter<br />

que usar sua casa, seu sabão, seu chuveiro.<br />

— O que é tão engraçado? — Smith chegou mais perto e apertou o botão para<br />

chamar o elevador. Seus olhos azuis moveram-se para ela preguiçosamente, como<br />

se não poderia realmente perceber o que a tinha divertido.<br />

Então, fez questão de dizer-lhe.<br />

— Eu estou me perguntando o que você vai pensar quando você tomar um<br />

banho amanhã de manhã, tendo que usar meu sabonete com aroma de lavanda.<br />

Sufocou um outro ataque de risos nascidos da tensão. — Você tem certeza que não<br />

precisa de nada? Navalha? Um pente? Ou você rola para fora da cama olhando<br />

como seu mau auto-bunda? —<br />

— Bem, o que você sabe. A condessa sabe um palavrão — , Smith comentou<br />

enquanto o elevador chegava.<br />

— Estou muito bem versada no uso de gíria — , disse ela. — Apenas o outro dia,<br />

eu deixei cair um frasco no meu pé e praguejei pelos cotovelos. —<br />

— Foi caviar? —<br />

— Não, graxa de sapato. —<br />

— Agora, isso é outra surpresa. — Curvou-se ligeiramente na cintura enquanto<br />

segurava a porta. — Vossa Alteza —<br />

63


GGrruuppooRRRR<br />

Ela franziu o cenho. Estava zombando dela novamente, e estupidamente, a ferir<br />

seus sentimentos.<br />

Porque ele ia, afinal, estava indo viver com ela. Mesmo se nunca iam ser amigos,<br />

certamente eles podiam fazer um esforço para ser respeitosos um com o outro? Iria<br />

certamente esforçar-se para trabalhar ao ficar junto com ele. Mesmo se oscilava<br />

entre querer gritar com ele e. . .<br />

Não ia se permitir pensar em beijá-lo novamente.<br />

— Apenas me chame de Grace — murmurou enquanto avançava para dentro. —<br />

Esse título real é absurdo e áspero. —<br />

* * *<br />

Nos confins apertados do elevador, Smith estava com coceira para reabrir as<br />

portas.<br />

Grace estava em pé na frente dele assim tinha uma boa olhada na parte de trás<br />

do pescoço, que era a última coisa que precisava. Todo o caminho até o prédio, se<br />

manteve imaginando suas mãos deslizando em torno de sua cintura e puxando-a de<br />

volta contra o seu corpo, inclinando sua cabeça ao redor para que pudesse beijá-la<br />

longo e duro.<br />

Se o maldito elevador fosse subindo ainda mais lento, ele estaria indo para o<br />

porão, pensou com uma maldição.<br />

Trabalhar com a condessa ia ser difícil. Ao subir na limusina com ela, tinha de<br />

olhar para fora da janela para que não se demorasse na extensão da perna generosa<br />

revelada pelo vestido. E quando sentiu o seu olhar, havia estado malditamente<br />

tentado a dar-lhe exatamente o que os olhos dela estavam pedindo.<br />

Inferno, ele mesmo ficou irritado por aprender que ela havia sido fiel ao marido.<br />

Como se esse aristocrata o merecesse depois da maneira como aparecia para o<br />

funeral de seu pai.<br />

Quando as portas finalmente se abriram, sentiu uma onda de liberação assim que<br />

saiu para o corredor.<br />

Havia duas portas não marcadas em cada extremidade do corredor curto, bem<br />

como uma terceira, que tinha um sinal de saída brilhante vermelho sobre ela.<br />

Ouviu o som do toque das teclas quando ela abriu a porta para a esquerda. Assim<br />

que ela entrou, ela atirou seu salto alto e suspirou antes de se mover ao redor,<br />

acendendo as luzes.<br />

64


GGrruuppooRRRR<br />

Smith ficou impressionado com a sua casa, mas não surpreendido. Ele imaginou<br />

que viveria em um inferno de um lugar.<br />

A cobertura tinha painéis de teto de doze pés 29 , uma vista espetacular, e detalhes<br />

de época da virada do século. Só a madeira , desde os moldes ao piso, valia uma<br />

mina de ouro, e não doeu que o seu mobiliário antigo e pinturas eram de qualidade<br />

de museu.<br />

— Suponho que deveria lhe dar um passeio — disse ela, sem muito entusiasmo.<br />

Já era tarde e ela devia estar exausta, mas ele precisava conhecer o plano e<br />

duvidava que ela se sinta confortável com ele bisbilhotando por si mesmo.<br />

— Conduza — , disse, balançando a cabeça.<br />

Quando a seguiu para a sala, observou vários conjuntos de portas duplas que se<br />

abriam para um terraço, que estava iluminado. Havia um monte de cobertas de<br />

seda na mobília antiga, mesas laterais, e lâmpadas orientais. Um piano de cauda<br />

tomava um canto.<br />

Ele andou até uma lareira, em mármore impressionante. Sobre o manto<br />

ornamentado estava uma pintura a óleo de uma cena da montanha. Nele, um<br />

redcoat 30 britânico estava banhado num raio de luz através de um rompimento<br />

conturbado e céu escuro.<br />

— Retrato bonito — , disse preguiçosamente.<br />

— Obrigado, eu comprei. É um Cole Thomas. Eu coleciono obras da Hudson<br />

River School. 31 —<br />

Smith teve a nítida impressão de que estava ansiosa para acabar a turnê com ele,<br />

mas não ia ser apressado. Enquanto estava olhando para a sua decoração, ele<br />

estava observando os sensores de movimento na sala, que estavam, sem dúvida,<br />

ligados com fio a um sistema de segurança. Ela obviamente não se preocupou em<br />

ligar a coisa, porém, porque não a tinha desativado quando eles entraram em casa.<br />

Parou junto a uma mesa com uma série de fotografias sobre ela. Ela estava em<br />

muitos delas, olhando feliz ao lado de todos os tipos de pessoas, algumas das quais<br />

reconheceu como poderosos ou famosos. Uma imagem o interessou mais. Era uma<br />

cândida preto-e-branco de ela e seu pai em uma moldura de prata grossa.<br />

29 3,66 Mt.<br />

30 Soldado britânico (esp. durante a Guerra de Independência dos E.U.A.<br />

31 A Hudson River School foi um movimento artístico norte-americano de meados do século XIX,<br />

formado por um grupo de pintores paisagistas, cuja visão estética foi influenciada pelo Romantismo.<br />

65


GGrruuppooRRRR<br />

Seus sorrisos estavam radiantes, os olhos cheios de amor e carinho como ela<br />

olhava para o homem. Não havia nada encenado sobre isso, nada glamoroso.<br />

Apenas um pai e uma filha, curtindo a companhia um do outro.<br />

— Essa foi tirada no ano passado — murmurou. Quando surgiu ao seu lado, o seu<br />

perfume, uma sutil mistura de limão e flores, se estendeu até ele. — Nós estávamos<br />

em Willings, na nossa casa de Newport. Foi no 4 de Julho. Nenhum de nós teria<br />

imaginado que havia tão pouco tempo. —<br />

Ela virou-se bruscamente. — A sala de jantar é por aqui. —<br />

Mas ele vagou até o piano, medindo-o. Era um Steinway e sua superfície<br />

laqueada preta brilhava à luz suave. Ele expôs as chaves, o polegar e o dedo mínimo<br />

facilmente abrangendo uma C oitava.<br />

O som era rico e luxuoso. Sua mão assumiu uma posição diferente e ele atingiu<br />

um grande e em seguida, um acorde menor. Bom movimento, perfeitamente<br />

sintonizado.<br />

Bonita peça de hardware.<br />

— Você toca? — Sua voz segurava surpresa enquanto as notas se afastaram.<br />

Smith fechou a guarda de chaves. — Não. —<br />

Ele não estava prestes a lhe dizer que a música tinha sido a sua salvação quando<br />

era mais jovem e uma das poucas formas em que encontrou a paz como um adulto.<br />

Na maior parte, sua vida não foi acerca de tranquilidade, tratava-se de estar<br />

afiado, super-atento, em guarda.<br />

Nas raras ocasiões em que precisava de uma pausa, no entanto, o piano poderia<br />

acalmá-lo, levá-lo a águas tranquilas. Tai chi era, talvez a outra única maneira que<br />

ele poderia realmente relaxar.<br />

Smith seguiu para a sala seguinte, que foi marcada por uma longa mesa de<br />

mogno, e doze cadeiras. O lustre de cristal, pendurado num medalhão ornado com<br />

estuque, brilhavam quando ela acendeu as luzes. Como na sala de estar, cortinas de<br />

seda pesada em um creme de profundidade foram penduradas nas janelas, retidas<br />

por cordas de cetim entrançado.<br />

Smith olhou da mesa brilhante para ela. Nesse vestido vermelho, os diamantes,<br />

ela pertencia a uma sala real.<br />

Ele tinha que imaginar como ela se parecia com o seu cabelo para baixo.<br />

Enquanto fazia amor. Imaginou a cabeça para trás no auge da paixão, as unhas<br />

lustradas segurando o lençol, enquanto seu corpo estremecia na liberação,<br />

deixando na sua boca as palavras roucas de necessidade.<br />

Agora isso seria algo para ver.<br />

66


GGrruuppooRRRR<br />

E era uma pena ele nunca iria, disse a si mesmo com determinação. Porque a<br />

menos que ela se engasgasse com um osso de galinha e a exigir a Heimlich, 32 ou<br />

caindo morta, e com reanimação necessária, não estava perto dos lábios ou do<br />

corpo dela novamente.<br />

Quando a agarrou naquele corredor, não tinha sido uma cliente. Ela tinha sido<br />

uma mulher desejável que tinha brincado com ele e que precisava de ser ensinada<br />

uma lição. Agora, aceitou a responsabilidade de mantê-la viva. Isso significava que<br />

suas fantasias podiam criar todos os tipos de ficção, se quisessem, mas ele não<br />

estava indo fazer maldita coisa nenhuma para fazer qualquer uma se tornar<br />

realidade.<br />

Smith seguiu através de uma porta de balanço em uma cozinha de bom<br />

tamanho. Havia uma grande mesa de refeições em uma esquina, uma tremenda<br />

geladeira de aço inoxidável na outra, e muitas bancadas em granito no meio. O<br />

local era surpreendentemente de alta tecnologia, considerando como do velho<br />

mundo o resto da casa estava.<br />

— Então agora você já viu tudo. — A voz dela sumiu.<br />

— Você tem ajuda de empregada, aqui? —<br />

Ela balançou a cabeça. — Eu tenho uma empregada que vem durante o dia.<br />

Agora, se você não se importa, eu vou levá-lo para seu quarto. —<br />

— E eu preciso ver onde você dorme. —<br />

Os olhos dela se afastaram dele. — Claro. —<br />

No caminho para a outra extremidade da cobertura, ela pegou seus sapatos e<br />

ficou impressionado pela forma como ela parecia humana. Apesar dos diamantes e<br />

do vestido extravagante, ela estava apenas cansada, uma mulher a quem os pés<br />

doíam, provavelmente toda a noite.<br />

— Há quanto tempo você mora aqui? — ele perguntou.<br />

— Cerca de cinco anos. —<br />

O levou a uma grande sala com um jogo de cama de casal na mesma. As paredes<br />

eram feitas de seda azul-escuro e o tapete oriental no chão de madeira estava<br />

coberto com plástico.<br />

Ela hesitou antes de abrir um par de portas duplas. Lá dentro, ele viu uma<br />

banheira com pernas de garra deitada de lado e várias partes de um banheiro<br />

32 Manobra Heimlich, na medicina, o ato de tirar algo que está preso na garganta de uma pessoa<br />

abraçando-a por trás e apertando rapidamente com os braços a parte superior da barriga.<br />

67


GGrruuppooRRRR<br />

deitado no chão. — Como eu mencionei, você terá que usar o meu banheiro o<br />

chuveiro. Estou reformando esta presentemente. —<br />

Seus olhos pousaram nos seus e, em seguida, desviou o olhar.<br />

— Meu quarto é aqui em baixo. —<br />

O levou mais longe no corredor.<br />

A divisão da sala mestre m foi feita em vários tons de branco cremoso. Havia um<br />

conjunto de portas francesas que se abriam para o terraço e mais muitas janelas.<br />

Ele notou com aprovação os sensores de movimento.<br />

Quando olhou ao redor, viu uma foto em pé sobre uma mesa americana. Ele foi<br />

até lá e deu um duro olhar para o rosto do conde Ranulf von Sharone.<br />

— Garoto bonito — , comentou Smith.<br />

— Como? Ah, isso. Eu fico adiando arrumar essa foto longe. —<br />

— Guardando ilusões do passado, condessa?<br />

Quando ele olhou para ela, ficou surpreso. Sua boca estava numa linha apertada<br />

e os olhos estavam piscando verde vibrante, com raiva, mesmo que o comentário<br />

tenha sido um mero descarte para ele.<br />

Ela não tinha ultrapassado o casamento, no entanto, pensou. Não importa o que<br />

disse sobre não amar o homem.<br />

— Deixe-me ser muito clara, Sr. Smith. Eu não gosto de ser ridicularizada. —<br />

Quando olhou para ela, gostou de ver a força da sua vontade.<br />

— Por favor, me chame de John. Esse material pode ser misteriosamente áspero<br />

— .<br />

Com um movimento rápido, pegou o contorno de seu vestido de luxo e marchou<br />

sobre ele, de cabeça erguida.<br />

Como conheceu o seu olhar indignado, Smith sentiu um arrepio o percorrer. Não<br />

havia muitas pessoas que se defrontaram com ele. Tiny era um deles. Talvez Eddie.<br />

As pessoas ricas que o contratavam sempre o tratam com deferência e respeito,<br />

assim como tratam os agentes governamentais de alto nível e os líderes políticos .<br />

Civis geralmente apenas suspendem o inferno fora dele.<br />

E ainda assim esta mulher, que era facilmente cinco centímetros mais curtos do<br />

que ele, esta senhora que estava em meias nos pés e um vestido de baile, estava<br />

olhando para ele com uma autoridade e comando que o lembrou de seu<br />

comandante de batalhão Ranger em Fort Benning.<br />

68


GGrruuppooRRRR<br />

Pensou na pessoa que ela parecia quando estava toda arrumada e apropriada.<br />

Irritada, estava completamente espetacular.<br />

— Mr. Smith, se vamos viver na mesma casa, juntos, você vai ter de conter o seu<br />

ego e a atitude condescendente que vem com ele. Eu já o coloquei com um pai que<br />

governou sobre mim e um marido que tentou. Eu não tolero mais homens pesados.<br />

—<br />

Deus, ele queria beijá-la novamente. Ele realmente, realmente queria beijá-la.<br />

Ele sorriu. Algo próximo a luz do sol estava fluindo através de seu sangue e ela<br />

estava acordando as partes dele que tinha adormecido durante anos. Ele tipo, tinha<br />

de vontade de rir. Jogar a cabeça para trás e realmente deixar a barriga rolar-solta.<br />

Quem pensaria em todo o fogo que viviam debaixo de um tal gelo, na pele<br />

elegante. Mas então por que deveria ficar surpreso? Ele tinha já sentido toda a sua<br />

paixão uma vez.<br />

— Assim, entendemos um ao outro? — ela exigiu. — Estou disposta a colocar<br />

minha vida em suas mãos e tomar as suas ordens, mas eu não vou ser ridicularizada.<br />

—<br />

Ele inclinou a cabeça uma vez, de uma forma que poderia ter significado nada.<br />

Ele estava pensando que depois que tudo acabasse, talvez poderiam passar a<br />

noite juntos. Dessa forma, as suas fantasias não teriam que ser uma fonte de<br />

frustração. Elas simplesmente seriam um prelúdio.<br />

Não é uma má ideia, decidiu, sentindo-se satisfeito consigo mesmo.<br />

Ela deixou escapar um ruído frustrante e balançou a cabeça em uma porta<br />

aberta. — Esse é o meu banheiro. —<br />

— O que está para lá? — Ele apontou para um conjunto de portas duplas.<br />

Ela se aproximou e as abriu. A luz veio a revelar fileiras de roupas penduradas.<br />

Ternos, camisas, calças e vestidos de baile. Sapatos de todas as formas<br />

imagináveis e cores alinhados no chão.<br />

Ela respirou fundo e viu seus ombros afundar quando se virou para ele. Agora que<br />

a raiva estava gasta, ela parecia morta em seus pés.<br />

— Quando foi a última vez que você dormiu a noite toda? — ele perguntou.<br />

Surpresa queimou em seu rosto.<br />

— Antes, de meu pai morrer. — Ela fez uma pausa. — Na verdade parece mais<br />

algum tempo antes do meu casamento. —<br />

Ela olhou ao redor, parecendo perceber que não tinha para onde ir, e parou.<br />

69


GGrruuppooRRRR<br />

— A que horas está se levantando? — ele perguntou.<br />

— Cedo. Seis-ians. Vou sair para uma corrida. —<br />

— Eu estou indo com você. —<br />

— Óptimo. Ela hesitou. — Você vai ficar comigo durante todo o dia? —<br />

— Sim.<br />

— Não vai ser chato? —<br />

— Eu vou estar ocupado. —<br />

— Fazendo o quê? —<br />

— Observando você. —<br />

Seus olhos brilharam até ele. Estavam cheios de vulnerabilidade e de um<br />

inquérito inconsciente que o acendeu.<br />

Ela franziu a testa, como se um pensamento lhe ocorreu.<br />

— Diga-me uma coisa. Você gosta do que você faz? —<br />

Quando chegava para ver alguém como ela, sim, gostava mesmo muito, Smith<br />

pensou. Mas não respondeu sua pergunta.<br />

— Você vai dormir bem esta noite — disse ele, quando se dirigia para fora do<br />

quarto dela. — E mantenha a porta aberta. Eu preciso ser capaz de ouvi-la. —<br />

— Smith? —<br />

Ele parou e olhou por cima do ombro.<br />

— Obrigada. — Eu realmente aprecio. . . —<br />

Ele cortou-lhe a palavra, dizendo a mesma coisa que fazia a todos os seus<br />

clientes. — Não perca tempo com gratidão. Nós temos um acordo profissional.<br />

Tudo que você tem a fazer é pagar-me no final e eu estarei feliz. —<br />

Seus olhos esmaeceram.<br />

— Tudo bem. —<br />

Uma estranha sensação atirou em seu peito enquanto se afastava dela.<br />

Amaldiçoou que magoou os seus sentimentos. Mais uma vez.<br />

E de alguma forma, a ferir o incomodava.<br />

Quando entrou no seu quarto novo, estava se perguntando o que diabos havia de<br />

errado com ele. Quando tinha começado a se preocupar com os sentimentos dos<br />

outros?<br />

Sobre a condessa, em particular?<br />

70


Capítulo 7<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Grace ficou acordada como um empurrão selvagem, com os braços como um<br />

cata-vento através dos lençóis. Esticando-se na luz fraca do amanhecer, o corpo<br />

tenso, esperou por alguma pista sobre o que havia perturbado o seu esgotado<br />

colapso.<br />

Havia só silêncio.<br />

Olhou ao redor do quarto. Estava sozinha por tudo o que sabia.<br />

Pensou imediatamente em Smith. E se ele estivesse se movendo ao redor? Ou<br />

era mais alguém? Ela deslizou para fora da cama, se debatendo onde iria para<br />

encontrá-lo. Como o silêncio continuou, achou que não tinha um motivo para o<br />

acordar. Ele era seu guarda-costas, não um cobertor de segurança.<br />

Sentindo-se pouco à vontade, foi até as portas francesas. O sol estava prestes a<br />

subir alto, magro escovado nas nuvens do horizonte. Abaixo, as ruas ainda estavam<br />

marcadas com as lâmpadas incandescentes, e do Central Park vinha uma densa e<br />

escura vastidão.<br />

Então, tinham conseguido passar através da sua primeira noite juntos, pensou. E<br />

não tinha sido tão ruim assim. Apenas uma argumentação, causada pelo<br />

cruzamento da sua língua afiada e sua fadiga nervosa. Tudo considerado, talvez<br />

tenha sido um triunfo.<br />

Agora, se pudesse apenas descobrir como dividir o banheiro com o cara, era<br />

praticamente livre em casa.<br />

Grace estava prestes a virar quando Smith saiu para o terraço da sala.<br />

Sua respiração ficou presa na garganta e inclinou-se até que sua testa bateu no<br />

vidro. Amaldiçoando, puxou e esfregou o local.<br />

Ele estava nu da cintura para cima, vestindo a calça preta que tinha na noite<br />

anterior. Seu corpo era tudo o que suspeitava que fosse. Construído duro e forte, e<br />

não havia um grama de gordura sobre ele, tanto quanto podia ver. Quando ele se<br />

71


GGrruuppooRRRR<br />

moveu, observou o deslocamento e contração dos músculos das costas. Eles se<br />

espalhavam a partir de sua espinha e enchiam os ombros, dando peso a parte<br />

superior do tronco.<br />

Foi então que notou as marcas na pele. Cicatrizes. Várias nas costas, que<br />

atravessavam o seu lado, uma raia irregular em seu ombro direito.<br />

Ela colocou a mão para cima, como se pudesse acalmá-lo de longe, e tentou<br />

imaginar o tipo de vida que deve ter levado. Onde ele tinha estado. O que tinha sido<br />

feito para ele.<br />

A necessidade de saber sobre o seu passado foi intensa.<br />

Não era de admirar que era tão resistente. Ele sabia um inferno de um monte de<br />

dor física.<br />

Observou, extasiada, como se movia furtivamente em todo o terraço, evitando<br />

as plantas e os móveis da varanda, só parando quando ele ficou um par de metros<br />

da grade de ferro forjado. De frente para o sol, ele colocou suas mãos juntas e<br />

inclinou a cabeça.<br />

Grace se perguntou se alguma ternura poderia ter sobrevivido num homem<br />

como ele. Pensou em seu rosto duro, os olhos impassíveis, esse tom aborrecido que<br />

suspeitava, ele cultivava como outro pretexto para esconder seus verdadeiros<br />

pensamentos. Ela queria saber o que estava sob a camuflagem.<br />

Quando ele olhou para cima novamente, começou a se mover através dos gestos<br />

e posições antigas de Tai Chi. Ficou extasiada.<br />

Ele empregou seu poder masculino, todos os músculos e ossos capazes de força<br />

bruta, e disciplinando-os em movimentos fluidos, que eram calmos. Com o sol atrás<br />

dele, a sua silhueta empurrava e puxava contra o ar numa dança graciosa.<br />

Ficou no vidro até que ele voltou para sua posição inicial. Quando ele abaixou a<br />

cabeça novamente, e começou a virar, correu para a cama, rezando para que não a<br />

tenha visto.<br />

Quando fechou os olhos, só tinha as visões dele. O caleidoscópio sensual era<br />

perturbador, para ela, e se aproximou e pegando seu diário. Derramar os seus<br />

pensamentos numa página sempre aliviou sua mente e tinha escrito muito no<br />

pequeno livro de couro ultimamente. Sua caneta voou através da a página até que<br />

não havia mais nada a dizer sobre a sua atração por ele.<br />

Quando fechou o livro e o colocou de volta no travesseiro, pensou que iria apenas<br />

descansar um momento, mas seu corpo tinha ideias diferentes. Muito mais tarde,<br />

emergiu do sono, fatigada e com as pálpebras pesadas. Os sonhos aliciantes<br />

pareciam relutantes em deixá-la ir. Ou talvez tenha sido o contrário.<br />

72


GGrruuppooRRRR<br />

Quando olhou para o relógio, gemeu. Havia se esquecido de ajustar o alarme e<br />

tinha dormido sobre a hora da sua corrida. Agora eram 08:20 e estava atrasada.<br />

Sentando-se, empurrou os cabelos para fora de sua face e esticou os braços acima<br />

da cabeça.<br />

Mais uma vez, seu primeiro pensamento foi Smith. Depois de colocar sobre si um<br />

robe de seda, desceu o corredor até ao quarto de hóspedes. A porta estava aberta e<br />

bateu na ombreira da porta. Quando não houve resposta, espiou dentro.<br />

A cama tinha sido feita e não havia nada fora do lugar, como se ninguém tivesse<br />

usado o quarto.<br />

Ele era um diabo ou de uma dona de casa ou dormia no chão. Ou talvez não,<br />

afinal?<br />

Encaminhou-se para a sala. Ele não estava lá.<br />

Num flash de ansiedade, se perguntou se a tinha deixado, mas o pensamento<br />

passou rapidamente. Ele teria dito se fosse largar o trabalho e, enquanto ele ficasse,<br />

não iria deixá-la sozinha.<br />

As portas para o terraço estavam entreabertas e caminhou até elas, sentindo a<br />

brisa fresca em sua pele. Ele não estava lá fora, mas ela permaneceu por um<br />

momento.<br />

Tudo estava como antes tinha visto. Os crisântemos estavam ainda alegres nos<br />

seus vasos de pórtico, suas faces brancas e pequenas aglomeradas através de suas<br />

grossas folhas verdes. A mesa de ferro forjado, com suas cadeiras empurradas para<br />

dentro e seu guarda-chuva embrulhado em um pacote apertado, estava<br />

exatamente onde tinha sido deixado. A vista era a mesma, com o parque e os<br />

prédios, como eles tinham estado na véspera e no dia antes.<br />

Só que agora havia um fantasma na paisagem familiar. Ela o viu novamente na<br />

luz da aurora, em movimento.<br />

— Você gostou do que viu esta manhã? — A voz de Smith, profunda e lacônica,<br />

veio por trás dela.<br />

Grace virou e lutou contra o desejo de levar as mãos ao rosto.<br />

Ele estava de pé na sala de estar com uma caneca fumegante na mão. Quando<br />

tomou um gole, seus olhos pairavam sobre a borda, perfurando-a como uma chama<br />

azul.<br />

Felizmente, ele colocou a camisa de volta. Mas ela estava retratando o seu peito<br />

nu. Quando ele olhou abaixo no que ela estava usando, a sua boca apertou.<br />

Ela puxou as bordas das suas vestes um pouco mais juntas, desejando de estar<br />

usando algo mais substancial.<br />

73


GGrruuppooRRRR<br />

Como uma parka. Ou um terno de material perigoso, pelo amor de Deus.<br />

— Bem, gostou? — Ele solicitou, uma sobrancelha arqueada.<br />

E parecia determinado a obter uma resposta. Infelizmente, a única coisa que veio<br />

à sua mente foram ao longo das linhas, sim, você move-se suavemente, mas você<br />

poderia estar nu na próxima?<br />

E como ele sabia que ela estava vendo? Parecia totalmente concentrado no que<br />

estava a fazer.<br />

Smith tomou outro gole da caneca.<br />

— Então você já encontrou o café. — Ergueu o queixo, pensando que ele não<br />

poderia fazê-la admitir qualquer coisa que ela não queria. — Você fez o suficiente<br />

para dois? —<br />

Ergeu-se até sua altura máxima e se movimentou por ele, preparada para deixar<br />

sua questão cair.<br />

Sua mão disparou, levando o braço, e ela sentiu os dedos dele através da seda<br />

fina, como se não estivesse usando nada. Olhou para eles, por perceber, extasiada<br />

que o contato foi o suficiente para fazer o seu corpo entrar rápidamente em estado<br />

de intensa atividade.<br />

Quando ele não disse nada, levantou os olhos relutantemente.<br />

— Eu sou um homem que gosta de sua vida privada, condessa — . Ele trouxe a<br />

caneca até os lábios casualmente, como se não estivesse segurando ela no lugar.<br />

Pegou um aroma de chá de ervas, não café. — Eu não aprecio intromissões em meu<br />

tempo. —<br />

Não havia um pingo de raiva em sua voz ou sua expressão, mas o aviso foi claro,<br />

no entanto.<br />

Obrigou-se a continuar olhando fixo nos olhos dele. — Eu estava apenas curiosa<br />

sobre o que estava fazendo. —<br />

— Sério? — disse em um tom preguiçoso que não a enganava — Sim,<br />

realmente. —<br />

Tentou puxar o seu braço para trás, mas, em vez de a liberar, ele a puxou mais<br />

perto. Seus olhos se estreitaram em seus lábios e estava espantada como a fome<br />

queimava no rosto duro, transformando-o em alguém que não conhecia. Não havia<br />

nada de auto-controle sobre o que estava saindo de seus olhos.<br />

Lambeu os lábios, sentindo-se seca, e teve que desviar o olhar. Ela olhou para o<br />

antebraço. As cordas da espessura do músculo, lhe disse que poderia segurá-la por<br />

tanto tempo quanto ele queria e não havia muito que pudesse fazer sobre isso.<br />

74


GGrruuppooRRRR<br />

— Deixe-me ir. — Grace tentou alguma coisa perto de um comando. Se sentia<br />

como se devesse colocar um protesto para que ele não saiba a verdade sobre o que<br />

estava acontecendo em sua pele. Infelizmente, a falta de ar na voz dela tinha mais<br />

convite que rejeição.<br />

Seus olhos se estreitaram e houve uma mudança sutil que ela sentiu, mais do que<br />

viu. Como se estivesse considerando um problema.<br />

Ela lhe deu um puxão de braço, mas foi inútil. Não estava interessada em<br />

liberdade.<br />

Smith colocou a caneca para baixo sobre uma mesa lateral e lentamente<br />

levantou a mão para ela. Sentiu um movimento de suave carícia sobre os cabelos<br />

até que os dedos descansaram em sua clavícula.<br />

— Então, responda à minha pergunta, condessa, — Sua voz era um rosnado<br />

baixo, deliciosa e provocativa. — Você gostou do que viu? —<br />

Grace engoliu por uma garganta apertada quando sentiu a ponta dos dedos sob o<br />

queixo. Ele levantou o rosto com a menor pressão.<br />

A resposta óbvia, a única resposta segura, era não.<br />

Mas sabia que ele iria pegar a sua mentira. Ele estava olhando para ela com tanta<br />

absorção, que não se sentia como se tivesse algum outro recurso senão a verdade.<br />

— Sim. A palavra foi tão quieta, não mais alto que sua respiração.<br />

E isso foi quando percebeu que ela faria amor com ele. Tão louco como era, tão<br />

perigoso como era, se ele pedisse, ela iria levá-lo para o seu corpo e sem nunca<br />

olhar para trás. Era a perfeita coisa errada a fazer. Sua vida já estava girando fora de<br />

controle e cair na cama com um homem como ele seria como acender o gás, não os<br />

freios.<br />

Mas ela não se importou.<br />

Seu domínio sobre o braço soltou e ele deu um passo mais perto, a mão indo sob<br />

o peso de seu cabelo.<br />

Ele acariciou a pele sensível na parte de trás do pescoço.<br />

Hesitante, ela chegou para ele, colocando as mãos na espessura dos músculos de<br />

seus ombros. Sentiu o calor do seu corpo através da camisa fina.<br />

Mas no momento em que ela tocou, ele franziu a testa, como se só agora<br />

percebesse o que estava fazendo.<br />

E se afastou bruscamente.<br />

— O que há de errado? — As palavras deixaram os lábios como se fosse uma<br />

respiração.<br />

75


GGrruuppooRRRR<br />

— Você está tentando me seduzir, condessa? Sua voz como se tinha vantagem<br />

para ele.<br />

A mente de Grace, estrangulada com as sensações, agitada passou sobre suas<br />

palavras. — — Como?<br />

— Quanto tempo é que passou desde que você esteve com o seu marido? —<br />

disse impaciente. — Ou você está apenas interessada em tentar algo do outro lado<br />

da linha? —<br />

A raiva cortou seu torpor. — Você foi o único que… só agora . . . Eu nunca fui para<br />

você. —<br />

Seus olhos sondaram sobre ela. — Você ficou na porta esta manhã, me olhando<br />

na sua transparente camisola de noite, parecendo uma virgem com fome. Que<br />

diabos eu deveria pensar? —<br />

Grace pôs as mãos nos quadris. — Eu nunca olhei para você dessa maneira. —<br />

Ele se inclinou em sua direção. — Você quer tentar de novo e atirar para a<br />

verdade desta vez? —<br />

— Eu não sei o que você está falando. —<br />

— Então, quando você me contratou ontem à noite, você não estava pensando<br />

em tomar um pouco de ação horizontal com a segurança que você está<br />

comprando? —<br />

A boca de Grace caiu aberta. Ela podia estar obstruindo a verdade um pouco,<br />

mas ele era um maldito revisionista.<br />

Ela apontou o dedo de uma forma decididamente vulgar.<br />

— Você foi o único com um aperto de morte no meu braço até agora. — O gesto<br />

a fez sentir mais forte, tanto que fez isso de novo e de novo, empurrando as suas<br />

palavras através do ar para ele. — E eu não pedi que você me tocasse. Antes de você<br />

começar a jogar a quem é mais santo, é melhor você olhar no espelho. Se alguém<br />

passa fome por aqui, é você. —<br />

Chutou o queixo para cima e virou-se para longe dele. Tinha ido cerca de três<br />

metros, quando ele a pegou e girou em torno dela.<br />

Seus lábios vieram duro nos dela e ela se encontrou com eles com a mesma força.<br />

Ela agarrou seus ombros, puxando-a contra ele, enquanto os braços ficaram ao seu<br />

redor. A sensação da sua reunião de corpos foi uma correria.<br />

Gemendo, se separou de sua boca, enterrando seu rosto em seu cabelo como se<br />

ele estivesse lutando para se controlar. Mas não queria que ele se afastasse.<br />

Quando ele começou abrindo uma trilha de beijos pelo seu pescoço, ela soltou um<br />

som de alívio e desejo e sua cabeça caiu para trás quando tomou a sua pele entre<br />

76


GGrruuppooRRRR<br />

seus dentes e a saboreou. Sua boca ainda explorou mais, para baixo sobre a<br />

clavícula, onde o seu dedo esteve outrora, no vale entre os seios.<br />

Grosso modo, ele empurrou o robe fora de seus ombros e ficou pendurado em<br />

ondas como uma faixa em torno da sua cintura.<br />

Seus olhos pareciam ter um festim sobre a visão de seus mamilos tensos<br />

puxando sob o drapeado de seda, sobre eles. Quando ele trouxe as mãos<br />

lentamente ao redor até que descansou sob o peso dos seios, sua respiração era<br />

ofegante. Movendo apenas os polegares, começou a acariciá-la, detendo-se sobre<br />

os picos duros até que ela fechou os olhos e gemeu de prazer.<br />

— Deus, há um calor em você — disse ele com admiração.<br />

Seus olhos abriram e através da névoa, viu uma expressão estranha em seu<br />

rosto, que era uma mistura de paixão e admiração. Ela teve o pensamento fugaz de<br />

que, se soubesse que estava assistindo, ele teria escondido.<br />

Ele enganchou o dedo em uma das alças finas que prendiam a camisola do<br />

corpete no lugar e a deslizou levemente fora de seu ombro. O laço de seda derreteu<br />

a partir de seus peitos, deixando-os a descoberto aos seus olhos. Lentamente, ele<br />

baixou a cabeça e tomou um dos seus mamilos em sua boca. Estremecendo com a<br />

necessidade, ela moveu as unhas em seus bíceps. Ela observou a sua língua sair e<br />

lamber suavemente a sua ponta. Mordendo os lábios, ela gemeu novamente.<br />

Através da névoa, ela reconheceu um som estranho. Algo vagamente<br />

preocupante.<br />

Chaves.<br />

Smith afastou-se dela rapidamente, atirando os olhos em direção à porta.<br />

— Os contratados — disse ela bruscamente.<br />

Grace se esforçou para chegar o topo da camisola e o robe de volta no lugar, mas<br />

nada estava funcionando direito. Sua mente estava distorcida, suas mãos estavam<br />

desastradas e o tecido parecia totalmente contra a comportar-se.<br />

— Vou lidar com eles. — a voz de Smith foi irregular e ele a protegeu com seu<br />

corpo quando a porta foi aberta.<br />

Grace fugiu para a cozinha assim como três homens entravam através da sua<br />

porta da frente. Quando ela ouviu vozes masculinas conversando, ela encostou-se<br />

na geladeira, lutando para conseguir se cobrir.<br />

Colocou a cabeça entre as mãos. O que é que tinha acabado de acontecer?<br />

Bem, sabia a resposta para isso. Pegue num homem saudável e numa mulher que<br />

tenha estado fantasiando sobre ele desde a noite em que se conheceram e coloqueos<br />

num espaço fechado. Foi a luxúria, pura e simples.<br />

77


GGrruuppooRRRR<br />

Foi apenas um beijo, disse a si mesma. As pessoas fazem isso o tempo todo.<br />

Bem, sim. Mas não assim.<br />

Cristo, o que estava errado com ela? Ela estava a duas semanas longe de ter<br />

trinta anos, por amor de Deus, e prestes a ser uma divorciada. Ela não tinha vinte<br />

anos de idade, capaz de acreditar que um par de beijos eram um evento<br />

transformador. Que algumas faíscas e algum calor poderia virar uma solitária<br />

mulher estressada, salientou, numa femme fatale e um homem rígido num herói<br />

romântico.<br />

Sabia que deveria fazer um favor a si própria e ficar longe dele, mas como é que<br />

isso iria acontecer?<br />

Ele devia estar com ela a cada minuto de vigília de cada dia.<br />

A porta se abriu.<br />

Olhou para o rosto de Smith. Tinha voltado a ser auto-controlado, arrogante,<br />

seguro de si.<br />

Mas sabia que não tinha imaginado a sua paixão. A primeira vez que ele a beijou<br />

poderia ser explicado por frustração e raiva. O que tinha acabado de acontecer, não<br />

podia.<br />

— Eu tomei as chaves e disse-lhes que vou dar uma chamada para quando eles<br />

podem voltar. —<br />

— Obrigada. — E. . . eu vou me vestir. —<br />

— Precisamos conversar. —<br />

Ela balançou a cabeça.<br />

— Não, nós não. Porque, porque isso não vai acontecer novamente. Nunca<br />

deveria ter acontecido em primeiro lugar. —<br />

Houve uma pausa. — Eu não poderia concordar mais com isso. —<br />

— Então não há mais nada para falar. —<br />

Os olhos de Smith cintilaram sobre o seu rosto. — As fraquezas que não são<br />

reconhecidas têm o mau hábito de se transformar em responsabilidade. —<br />

Ela começou a torcer o anel de noivado em torno de seu dedo, em parte, de<br />

constrangimento, principalmente para manter fora a frustração consigo mesma e<br />

com a situação. Quando Smith olhou para a pesada pedra, deixou cair as mãos.<br />

— Posso lhe assegurar — , disse ela cortante, — não tenho intenção de me atirar<br />

em você. Se é isso que você considera uma responsabilidade, eu acho que estamos<br />

bem. —<br />

78


GGrruuppooRRRR<br />

Quando ele não respondeu, ela alertou: — Você vai sair? —<br />

Seus olhos escuros com determinação. — Não. Eu não vou desistir. Nunca. Mas<br />

vamos ser muito claros. Tudo o que temos entre nós é trabalho, nada mais. —<br />

— Eu concordo completamente. —<br />

— Estou contente por vê-lo do meu jeito. —<br />

Sua escolha de palavras a irritou. Ela ergueu o queixo.<br />

— Não é do seu jeito. É a verdade. — Grace olhou para longe rapidamente e<br />

avistou o relógio do microondas. — Vou fazer curto e doce no banheiro. Nós<br />

estamos atrasados. —<br />

* * *<br />

Depois que ela o deixou, Smith entrou na sala e andou a volta.<br />

Apesar do seu Sermão-no-Monte pronunciando que havia apenas um trabalho<br />

entre eles, parte dele estava amaldiçoando campainha. Foi dura a sorte dele, que<br />

tinha os únicos contratados da cidade que aparecem na hora certa. Nove horas em<br />

ponto. Os bastardos.<br />

Mas inferno, ele devia estar agradecendo aqueles caras com as ferramentas,<br />

cintos de segurança e de lápis atrás da orelha.<br />

Eles foram a única razão de que não tinha feito amor com ela ali mesmo. Sobre o<br />

tapete. Sem a brigada de macaco, ele não teria tido tempo para soletrar fora onde o<br />

futuro havia de mentir. Ele teria levado ela, em vez disso.<br />

Que teria sido uma má idéia. Nutrir uma amedrontada mulher, solitária através<br />

de um romance impróprio não havia nada que ele queria fazer parte.<br />

Mesmo que ela era aconchegante até explodir num maçarico.<br />

Era uma pena que não estavam dormindo sob o mesmo teto num conjunto<br />

diferente de circunstâncias.<br />

A condessa tinha calor genuíno debaixo do arrumado exterior. Fogo e gelo. Não<br />

conseguia se lembrar de quando tinha estado tão quente por uma mulher.<br />

Smith balançou a cabeça. Nunca poderia ter previsto isto, pensou.<br />

Estendeu a mão e pegou uma foto dela com o prefeito de Nova York.<br />

79


GGrruuppooRRRR<br />

Não estava preocupado com o fato de que a queria. Ela era uma espetacular bela<br />

mulher com uma boa dose de bunda rápida debaixo desse exterior WASP 33<br />

brilhante e ele era um homem, afinal. Mas, se ela estava provando ser um pacote<br />

tentador a volta, isso não queria dizer que estava indo para balançar o mundo dele.<br />

Quando a ameaça acabasse, quando encontrar o seu perseguidor, estaria deixando<br />

a sua vida exatamente da mesma forma como ele tinha chegado nela. Uma ruptura<br />

limpa, um aperto de mão, e depois saindo para a próxima missão.<br />

Exatamente como fazia com seus outros clientes.<br />

Voltou a foto e foi até a caneca que tinha usado. Odiava chá de ervas, mas tinha<br />

sido a única coisa que encontrou em sua cozinha, além de uma esponja, que ele<br />

poderia jogar com um pouco de água quente. Quando tinha mencionado se tinha<br />

encontrado o café, ele não tinha ideia do que ela estava pensando.<br />

Após uma extensa pesquisa, só encontrou alguns frascos de caviar, alguns<br />

biscoitos e um monte de espaço vazio em seu armário. O frigorífico foi igualmente<br />

ruim. Antigos, meio usados frascos de molho de salada e um tubo de mostarda<br />

fantasia. Era isso.<br />

O estômago de Smith roncou e voltou para a cozinha. Era hors d'oeuvres, 34 ou<br />

nada, então tirou o caviar e biscoitos e procurou através de algumas gavetas até<br />

que encontrou uma faca.<br />

Quebrando o selo num frasco marcado Tsar Imperiale, começou a por colheradas<br />

da coisa em algumas carreiras sobre as bolachas e a jogar em pilhas na boca.<br />

Não é ruim, pensou, mas teria de abastecer as prateleiras se estava indo morar<br />

com ela.<br />

Quando uma batida soou, ele saiu para o corredor da frente.<br />

— Sim! — disse sem abrir a porta. Observou com desaprovação que ela não<br />

tinha um olho mágico.<br />

Houve uma hesitação. — É. . . ah, sou Joey, o porteiro. Quem é? —<br />

— Um amigo da condessa — .<br />

— Oh — A confusão na voz do cara era óbvia.<br />

— Posso ajudá-lo, Joey? —<br />

— Um pacote veio ontem. Ela se esqueceu de buscá-lo. —<br />

33 WASP (White Anglo-Saxon Protestant) protestante anglo-saxão branco, americano de origem<br />

norte-europeia e membro da Igreja Protestante (considerado como parte da classe privilegiada nos<br />

Estados Unidos).<br />

34 Hors d'oeuvres, aperitivo leve servido antes da refeição.<br />

80


— Deixe-o na entrada. —<br />

— Humm. . . está bem. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Smith esperou um minuto ou dois e depois começou a abrir a porta.<br />

Por trás dele, sentiu a aproximação. — Quem era? —<br />

Olhou por cima do ombro. Recém-saída do chuveiro, estava usando um roupão<br />

atoalhado e tinha uma toalha enrolada na cabeça. Seu rosto tinha sido<br />

recentemente limpo e estava um pouco rosado, e tentou não pensar sobre como o<br />

resto dela pareceria.<br />

Quando pegava na caixa embrulhada em papel pardo, perguntou se havia uma<br />

maneira de fazê-la continuar usando esta coisa atoalhada macia em vez do tipo, do<br />

outro robe de seda com ela tinha aparecido. Não havia razão para se torturar.<br />

— Um pacote veio para você. — Smith levou a caixa para dentro. Era pequena,<br />

cerca de um cubo de seis polegadas. 35<br />

— Oh, obrigada. — Ela o alcançou para pegar.<br />

— Não tão rápido — disse ele. — Deixe-me abri-lo. —<br />

Ela com cautela puxou juntas as lapelas do roupão e seguiu para a cozinha.<br />

Ele colocou a caixa sobre o balcão e enfiou a mão no bolso de trás, tirando o<br />

estojo de couro fino, que levava consigo para onde quer que fosse. Era do tamanho<br />

de uma carteira e quando a abriu, finas ferramentas de aço inoxidável brilharam. —<br />

Você tem algumas luvas de borracha por ai? —<br />

Ela arrancou duas amarelas, de um armário debaixo da pia, entregando-lhas com<br />

um olhar preocupado. Ele agarrou-as e analisou o pacote com cuidado, olhando,<br />

ouvindo, cheirando. O nome da condessa e o endereço tinham sido escritos à mão<br />

na parte superior, caso contrário, não havia marcas de identificação.<br />

— Você conhece esta letra? — perguntou.<br />

Ela balançou a cabeça enquanto ele continuou.<br />

— Onde você aprendeu tudo isso? — Estava persistentemente na porta, a vê-lo<br />

trabalhar. O cheiro do sabonete que ela tinha usado o agradava. Tentou ignorá-lo.<br />

— Aqui e lá. —<br />

Inesperadamente, ela soltou uma risadinha. Como lhe atirou um olhar irônico, a<br />

viu por a palma da mão sobre a boca.<br />

— Desculpe. Eu tenho uma tendência a rir em momentos inapropriados. —<br />

35 15,24 Cm.<br />

81


GGrruuppooRRRR<br />

— De alguma forma eu duvido disso — Deslizou uma faca fina fora do kit.<br />

— Não, é verdade. Eu costumava levar meu pai a ficar zangado. Certa vez,<br />

durante uma festa, um convidado ficou bêbado e caiu na fonte. Todo mundo ficou<br />

surpreso e em silêncio enquanto ele chapinhava em torno exceto por mim. O meu<br />

pai gostava de contar que, a partir do meio da multidão, uma risadinha subiu como<br />

um mau cheiro. —<br />

Smith introduziu a lâmina através do acondicionamento e começou a cortar ao<br />

redor do topo da caixa.<br />

— As crianças podem ter um determinado tempo podre. —<br />

— Na verdade, foi há dois anos. —<br />

Ele piscou-lhe um outro olhar e, em seguida, encontrou-se fazendo uma pausa.<br />

Parecia inconcebível que alguém tão equilibrado como ela aparentava ser, poderia<br />

fazer tal gafe e quis saber em que outras manias e travessuras se tinha metido a si<br />

mesma.<br />

Os lábios dela docemente levantaram-se num sorriso, e sentiu o peito apertar.<br />

Smith franziu a testa e voltou ao trabalho. — Deixe-me adivinhar, o cara da<br />

bebida era alguém importante. —<br />

— Bradford Bishop. Não é o tipo de alguém de quem se pode rir. —<br />

— Onde já ouvi o nome? —<br />

— Bourbon Bradford. O melhor de Kentucky. —<br />

— É difícil de imaginar o rei do Bourbon com baixa tolerância — ele murmurou.<br />

— Engraçado, foi o que disse meu pai. —<br />

Quando Smith acabou, tirou o topo e viu a assinatura Tiffany's em azul brilhante<br />

debaixo de um fino véu de tecido.<br />

— O que é isso? — ela perguntou nervosamente.<br />

— Se é uma bomba-correio, eles têm bom gosto. — Ele puxou a caixa menor<br />

para fora cuidadosamente e colocou-a no balcão. — Se importa se eu fazer as<br />

honras? —<br />

Quando ela balançou a cabeça, cortou o laço branco e tirou a tampa. Havia uma<br />

placa na parte superior do tecido.<br />

Podia sentir a tensão que emanava dela quando pegou no envelope. Após a<br />

abertura, leu em voz alta: — Para Woody com amor, Bo. PS, não posso esperar<br />

para vê-la na próxima semana. —<br />

Grace começou a rir, um som lindo de alívio.<br />

82


— O que é tão engraçado? —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Bo, acontece ser a sobrinha de Bradford Bishop. Você pode conhecê-la como<br />

a senadora Barbara Ann Bradford de Kentucky. Que coincidência. —<br />

Smith começou a retirar tecidos, criando uma pilha macia sobre o balcão. —<br />

Supondo que ela não está pagando de volta por aquela gargalhada que você deu<br />

sobre seu tio, eu acho que isso não vai explodir sobre nós. —<br />

Aninhada profundamente nas camadas de proteção, encontrou uma pequena<br />

caixa de porcelana com flores sobre ela. Debateu sobre a possibilidade de abri-la e<br />

decidiu que seria seguro para ela. Tinha um sentimento que apreciaria a privacidade<br />

se fosse um presente pessoal e passou-a para ela.<br />

Quando ela levantou a tampa, engasgou.<br />

— O quê? —<br />

— Nada — disse baixinho. Enfiou a pequena caixa mãos dele, enrolando os<br />

dedos e mantendo-os fechados.<br />

Ele revolveu o pacote, procurando no papel de embrulho, bem como a penugem<br />

branca em seu ventre. Ficou surpreso, que realmente queria saber o que estava<br />

dentro da caixinha.<br />

Ela assentiu com a cabeça em direção ao caviar e biscoitos em cima do balcão. —<br />

Eu vejo que você se arranjou em volta de algo para comer. Desculpe por isso. Eu<br />

não esperava companhia. . . ontem à noite. —<br />

— Melhor do que algumas outras coisas que eu tive ao longo dos anos. — Tirou<br />

as luvas e colocou-as de volta sob a pia. — Sobre a sua empregada doméstica. —<br />

— Teresa? —<br />

Ele balançou a cabeça. — Quando ela chegou, esta manhã, eu disse que ela ia<br />

fazer uma pausa por um tempo. —<br />

A condessa franziu a testa. — Mas ela é completamente confiável. Ela está com a<br />

nossa família há anos e. . . —<br />

— Você tem um motorista regular? —<br />

Assentiu com a cabeça, enquanto olhava para ele com cautela.<br />

— Ligue-lhe e diga-lhe que vai ter umas pequenas férias. Eu quero meu próprio<br />

homem ao volante. —<br />

— Mas Rich tem sido o meu. . . —<br />

— Eu quero o meu homem. —<br />

Grace deixou cair a cabeça. Ele podia sentir a sua luta interior.<br />

83


GGrruuppooRRRR<br />

— Isso não será para sempre — disse rispidamente. — Olha, eu sei que isso é<br />

difícil, mas você não está sozinha. —<br />

Seus olhos brilharam até ele. — Você está certo. Estou morando com um<br />

assassino treinado e sendo perseguida por um homicida. Eu devia estar rezando por<br />

solidão. — Ela tomou uma respiração profunda. — Sinto muito. — Você não<br />

merece ser atingido com a minha frustração. —<br />

— Eu posso fazer isso. —<br />

Olhou para ele por um longo tempo, os olhos verdes da cor de folhas de<br />

primavera. — Tenho certeza que você pode. Parece que você poderia suportar<br />

qualquer coisa. —<br />

E agradeço a Deus por isso, Smith pensou, lembrando como a sentiu pressionada<br />

contra o seu corpo.<br />

— O chuveiro está livre — disse ela.<br />

— Certo. —<br />

Grace liderou o caminho pelo corredor até seu quarto.<br />

— Eu coloquei algumas toalhas e uma navalha. — Ela foi para seu quarto de<br />

vestir, parando na porta. — Se você precisar de alguma coisa. . . —<br />

— Eu vou ficar bem. —<br />

Ela assentiu com a cabeça e fechou a porta dupla atrás dela.<br />

Capítulo 8<br />

Meia hora depois, eles deixaram o apartamento e desceram para a entrada.<br />

Enquanto Grace apresentava Smith para Joey, o porteiro regular, ela viu um SUV<br />

preto puxar para cima da calçada. Era grande como um tanque e, com seus vidros<br />

escurecidos, estava convencida que só o duplo de Smith poderia estar por trás do<br />

volante.<br />

— Onde está Rich? — o porteiro perguntou quando percebeu o carro novo.<br />

— Numas pequenas férias — disse Grace casualmente. — Oh, e os contratados<br />

não vão voltar por um tempo. Therese não virá aqui também. —<br />

O homem atirou-lhe um olhar interrogativo enquanto Smith lhe entragava um<br />

cartão. — Se alguém pedir para entrar no seu apartamento, ligue para meu celular<br />

imediatamente. Ninguém entra, a menos que eu dê permissão, ok? —<br />

84


— Sim claro, com certeza. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Tenha um bom dia — , disse Grace enquanto saíam sob o toldo. Aproximandose<br />

do carro, Smith foi na frente e abriu a porta. Subiu no banco de trás, tentando<br />

não rasgar a saia no processo.<br />

— Bom dia! — A bem humorada, voz alegre foi um choque. — Não quis assustála.<br />

Eu sou Eddie — .<br />

A mão do tamanho de uma pata de urso foi passada para o banco traseiro e,<br />

enquanto a tomava, ela olhou para o rosto que pertencia a um cartão de Natal.<br />

Redondo, de faces rosadas, de barba branca, o cara era uma campanha inoperante<br />

para Papai Noel.<br />

— E. . . — Grace sorriu e abanou a cabeça. — Sinto muito ficar a olhar. É que<br />

justamente você parece. . . —<br />

— Como Brad Pitt? Sim, eu entendo muito. — O sotaque de Nova York era<br />

grosso, arrastado nas palavras. Ela gostou do som dele. — Então eu tenho que<br />

chamá-la Condessa?<br />

— Absolutamente não. Eu sou Grace — .<br />

— Certo, Grace. — Ele deu uma piscadela.<br />

Assim que Smith subiu no outro lado, as portas foram trancadas com um clique<br />

em estéreo.<br />

— Bom dia, meu chefe — , disse Eddie, aquecendo o motor e atirando-os para<br />

fora no tráfego. Grace agarrou o descanso de braços para evitar cair no colo de<br />

Smith. Quando o motor do Explorer rugiu e, em seguida Eddie bateu nos freios para<br />

evitar bater na lateral de um táxi, procurou atrás para alcançar e colocar o seu cinto<br />

de segurança.<br />

O Céu a ajude, ela esperava conseguir chegar ao centro numa só peça.<br />

Eddie olhou pelo espelho. — Hey, Grace, o que você deu a este para o pequeno<br />

almoço? Ele parece um pouco seco. Um pouco irritado. Um pouco. . . —<br />

— Não estou com disposição para o seu comportamento disparatado — ,<br />

murmurou Smith.<br />

Os olhos de Grace cintilaram através do assento. A resistente face de Smith<br />

estava relaxada.<br />

— Então vamos lá, Grace, — Eddie solicitou, — Com que o alimentou? —<br />

O homem estava olhando pelo o espelho retrovisor, enquanto o bombeava no<br />

acelerador e no freio como se fossem pedais da bicicleta. Apenas para levá-lo a<br />

olhar para a rua novamente, ela disse, — Ele não teve muito, receio — ,<br />

85


GGrruuppooRRRR<br />

— Ah — . Ele abordou Smith. — O que você fez com que? Uma tigela de cereal<br />

com gosto de papelão, mas é bom para o seu colon? —<br />

— Caviar — , Smith disse secamente.<br />

— Eita! É isso que você fantasia comer no café da manhã? — Outra piscada foi<br />

enviada a Grace. — Bem, você não pode manter um homem como ele indo nos ovos<br />

de peixe. Homem Chefe, você quer pegar alguma coisa no caminho? —<br />

O tom era leve, mas a questão séria. Ela tinha a impressão de que Eddie a<br />

utilizava para cuidar de Smith.<br />

— Eu acho que eu posso fazer isso. —<br />

— Bem — , Eddie bufou, — você não vai me enrolar na volta numa competição<br />

de peso com esse tipo de atitude — .<br />

— É um troféu que você pode levar para casa. —<br />

Eddie olhou para trás sobre Grace no espelho. — Você sabe, não só eu posso<br />

comê-lo debaixo da mesa, assim como posso prensar no banco dois dele. — Claro,<br />

ele pode prensar no banco, provavelmente, dois de mim, indo para pensar sobre<br />

isso. Que é ainda mais impressionante. —<br />

Smith estava olhando para fora da janela, o rosto de um estudo de concentração<br />

e calma, apesar de todas as brincadeiras e fluência. Teve a sensação de que ele se<br />

sentia confortável com Eddie a volta e se perguntou o que tinha trazido os dois<br />

juntos. Talvez eles fossem relacionados de alguma forma.<br />

Ela olhou para um e depois o outro. Ou talvez não.<br />

— Temos que pensar numa razão para você. . . — , disse Grace abruptamente. —<br />

Eu não quero que as pessoas pensem que eu preciso de um guarda-costas. —<br />

Smith olhou para ela, levantando uma sobrancelha. — Compreensível — .<br />

— Um consultor. Você é um consultor de algum tipo. — Ela começou a sorrir. —<br />

No desenvolvimento organizacional. —<br />

Ele franziu a testa. — O que é isso? —<br />

— Especialistas OD ajudam as empresas a superar o estresse organizacional,<br />

trazendo junto o pessoal e a ajudá-los a chegar junto. Pense Wall Street encontra a<br />

Age of Aquarius . —<br />

Ele deu de ombros. — Parece bom para mim. —<br />

— E vai ainda explicar o guarda-roupa. —<br />

— O que há de errado com minhas roupas? — Ele demorou, não obviamente<br />

preparado para mudar, mesmo se fossem francamente ofensivas.<br />

86


GGrruuppooRRRR<br />

Ela olhou a sua jaqueta de couro com um sorriso. — Você não está exatamente<br />

vestido de tecido listrado ponta de asa de rotina numa empresa. —<br />

Eddie riu. — Bem, o homem tem preto básico até no frio. Ele tem mais roupas<br />

mais escuras do que um empresário — .<br />

— Não há nada de errado com o preto — , Smith contrapôs.<br />

— Talvez se você está na arte do embalsamamento, com certeza. —<br />

— Você sabe que é apenas um lado do trabalho. —<br />

Os dois trocaram um olhar e o sorriso de Grace saiu de seu rosto. Ela não<br />

conseguia deixar de pensar se Smith tivesse de matar alguém.<br />

— Diga-me mais sobre o seu número dois — , disse ele.<br />

— Lou Lamont é a cabeça do nosso Departamento de Desenvolvimento. Como<br />

eu mencionei, ele está lutando contra mim, subtil e de forma-não-tão-subtis, a<br />

partir do momento em que assumi. —<br />

— Bem, talvez eu possa ajudá-lo a se acostumar com você. — Houve um aperto<br />

na mandíbula de Smith e apareceu um sulco entre as sobrancelhas.<br />

— Eu pensei que você não sabia nada sobre OD — .<br />

Eddie deu uma gargalhada. — Você está olhando para um homem que orientou e<br />

manobrou uma equipe de Rangers do Exército através do deserto. Ele pode lidar<br />

com um cara de terno. Confie em mim. —<br />

Grace corou e olhou para Smith. Ele deve ter sido um oficial, pensou. E lutou na<br />

Tempestade no Deserto.<br />

Olhou para ele, como se pudesse encontrar respostas em seu rosto nas mãos ou<br />

na forma como estava sentado. Ele tinha um braço contra a janela e outro na parte<br />

de trás do assento. Espalhado como estava, o paletó aberto e escancarado a camisa<br />

preta esticada em seu peito. O brilho da sua arma era pouco visível. Sua confiança<br />

em si mesmo, era óbvia.<br />

Mas não havia dicas, sem pistas para ela.<br />

Olhou para fora da janela, tentando distrair-se observando as pessoas na calçada.<br />

Qual coisa para impedi-la de ficar absorvida por ele.<br />

Embora com esta lógica, ela precisava de algo grande. O desfile da Macy's<br />

Thanksgiving Day. 36 A comitiva presidencial.<br />

36 Dia de Ação de Graças. Aqui é o Dia de Todos os Santos, Macy’s é uma cadeia de armazens de<br />

roupa com preços medio-alto. O desfile foi organizado pela primeira vez em 1924, em Nova Iorque por<br />

empregados emigrantes de origem europeia.<br />

87


Elvis, de volta dos mortos.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Quando Eddie parou em frente ao edifício da Câmara, Smith se inclinou para a<br />

frente. — Eu tenho coisas que eu preciso de voltar do hotel. —<br />

— Não há problema. Mais alguma coisa? —<br />

— Comida. E muito disso. —<br />

— Eu sei do que você gosta. —<br />

É isso aí. —<br />

Grace estendeu a mão para a maçaneta da porta, mas Smith a parou. — Permitame.<br />

—<br />

Ele saiu, olhou ao redor, e então abriu a porta.<br />

Grace fez uma pausa pela janela aberta de Eddie. — Foi bom conhecer-te. —<br />

— Você também. Agora você vai alimentá-lo com algo real para no almoço? Um<br />

bom sanduíche. Alguma salada. Talvez um pedaço de fruta. É bom manter o<br />

potássio alto, e proteína é realmente importante. —<br />

Smith rolou seus olhos. — Não me diga que você está de volta á extensão da<br />

escola. —<br />

— Claro que estou. Basta terminar a aula sobre nutrição. Agora, eu vou tomar a<br />

escrita criativa. —<br />

— Oh, rapaz. — Smith levantou uma mão quando Eddie marchou para trás no<br />

tráfego. — Aqui vamos nós outra vez. —<br />

Grace lhe lançou um olhar inquiridor enquanto caminhavam passando por<br />

George Washington. Ficou surpreendida quando ele entregou a ela.<br />

— Eddie nunca se formou no ensino médio. Quando ele completou cinquenta<br />

anos, ele decidiu que era hora de começar a sua educação. Nós fomos ao longo da<br />

história medieval, francês, e como assar pão no ano passado. —<br />

— Isso é maravilhoso. —<br />

— Sim, só que ele me fez comer o seu dever de casa. Ele falhou no leve e fofo.<br />

Faz um tijolo excelente, apesar de tudo. —<br />

Grace olhou para ele e seu riso rápido ficou apanhado na garganta. Sua voz tinha<br />

sido tão casual, que presumiu que ele estava apenas passeando na praça como ela<br />

estava. Ele não estava. Seus olhos, calculados e impassíveis, analisavam os<br />

pedestres em torno deles, observando as portas giratórias que estavam quase a<br />

passar, medindo a rua por trás deles. Seu passo o mesmo, mas sabia que ele<br />

poderia entrar em ação no espaço de uma respiração.<br />

88


GGrruuppooRRRR<br />

À medida que entrou no átrio, pensou sobre sua atração por ele.<br />

Ele estava certo? Era o seu fascínio com ele porque ele era de um mundo<br />

diferente? Não pensava que fosse isso. Não importa de que planeta era, era a<br />

electricidade entre eles que tentava ela. Ele poderia ser um outro bem vestido,<br />

sangue azul elegante como seu marido ou um mecânico de garagem. Quando<br />

estava em seus braços, não estava pensando em sua declaração de rendimentos.<br />

Assim que estavam dentro do edifício da Câmara, as pessoas começaram a<br />

chegar até ela, cumprimentando-a, conversando. Levou dez minutos para entrar no<br />

elevador e ela continuou a conversa mais algum pessoal se dirigindo acima no<br />

edifício. Ela perguntou sobre as esposas, maridos, filhos, familiares, todos pelo<br />

nome.<br />

Quando chegaram no andar de cima e começaram a descer o corredor até seu<br />

escritório, ele disse: — Você conhece todo mundo aqui. —<br />

— Meu pai inspirava lealdade. Um monte de colaboradores estão aqui há<br />

décadas. — Grace enfiou cabeça em uma sala de conferências e acenou para as<br />

pessoas na reunião. Eles acenaram de volta.<br />

— Eles estão respondendo a você. —<br />

Olhou para ele com surpresa enquanto foi até a mesa de Kat. A jovem<br />

lentamente derrubou a caneta, ampliando os olhos.<br />

— Bom, Kat — , disse Grace.<br />

— Bom dia — .<br />

A menina ainda não tinha maneira de olhar para Grace.<br />

Grace sufocou um sorriso e apresentou-os. — Ele está indo comigo para o<br />

próximo par de semanas, fazendo um trabalho de consultoria. Algumas chamadas<br />

até agora? —<br />

Kat limpou a garganta e arrastou alguns papéis. Ela olhou para Smith mais uma<br />

vez e, finalmente, olhou para a sua chefe. — Ah. . . sim. Sim, eu os deixei em sua<br />

mesa. Ah, e Sua Senhoria, o Conde, ligou.<br />

Ele disse que tentou alcança-la em sua casa, mas não tinha conseguido passar.<br />

Ele gostaria que você liga-se e disse que sabia onde ele estava. —<br />

— Vamos estar no meu escritório pela manhã. —<br />

— O Conde disse que era urgente. —<br />

— Então eu espero que ele esteja segurando a respiração, — murmurou<br />

baixinho.<br />

— O quê? —<br />

89


— Nada, Kat. — Obrigada.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Quando as portas se fecharam e eles estavam sozinhos, Grace colocou sua bolsa<br />

sobre a mesa e plantou-se na cadeira de seu pai.<br />

Ela limpou a garganta desajeitadamente. — Então, ah. . . o que vai fazer todos os<br />

dias? Eu não quero que você fique entediado. —<br />

— Eu não sou um convidado, lembra? — Smith instalou-se na mesa de<br />

conferência. — Estou trabalhando. Assim como você está. Vou precisar de um<br />

conjunto de planos para este edifício e sua programação para o mês seguinte. —<br />

Grace abriu a boca para falar, mas o interfone tocou.<br />

— Lou Lamont está aqui para vê-la. —<br />

— Parece que vai querer mais Earl Grey? Grace perguntou.<br />

Kat sorriu suavemente e sussurrou. — Não. Ele não parece estar com vontade de<br />

ficar muito tempo. —<br />

— Crie uma nota, você pode? Ele está adquirindo um abafador de chá no Natal<br />

de nós. Além disso, você pode imprimir minha agenda para as próximas quatro<br />

semanas e pedia para a segurança trazer um conjunto de plantas? —<br />

— Planos de chão? Para os executivos da empresa? —<br />

— O edifício inteiro. —<br />

— Ah, ok — .<br />

Grace estava apenas começando a se levantar quando Lamont irrompeu na sala.<br />

Um olhar a Smith e ele parou imediatamente.<br />

— Quem é você? — O tom do homem era imperioso.<br />

Smith se levantou da cadeira lentamente e Lamont inclinou a cabeça com<br />

surpresa.<br />

Com uma voz calma, Grace os apresentou, e alimentou a linha de OD para<br />

Lamont.<br />

— Sem ofensa — , disse a Smith, em uma voz sutil para ser ofensiva — , mas<br />

você parece um segurança que afasta baderneiros. — 37<br />

O sorriso de Smith não chegou aos seus olhos quando se sentou sem responder.<br />

Ele parecia totalmente despreocupado com o homem e enfurecimento de Lamont.<br />

Ele olhou para Grace. — Porque nós precisamos de um consultor para OD?<br />

37 Grupo de caras folgazões.<br />

90


GGrruuppooRRRR<br />

— A Fundação passou por uma grande mudança e nós precisamos de ajuda. —<br />

Nojo cortava nas palavras do homem baixo. — Isso é ridículo. Você me diz que<br />

não podemos usar Fredrique, que poderia realmente fazer a diferença, apenas para<br />

trazer um novo em alguns anos, meloso. . . —<br />

— Você acha que o Sr. Smith parece o tipo meloso de cara? —<br />

Os olhos de Lamont cintilaram através da sala, no outro homem e, em seguida,<br />

atirou de volta para Grace. — E o que você espera realizar? —<br />

— Precisamos ter uma equipe unificada. —<br />

— Unificada. . . — Ele sacudiu a cabeça. — Seu pai e eu corremos esse lugar há<br />

anos. A Fundação não precisa de uma equipe, ela precisa de um líder forte no topo.<br />

—<br />

— Você e eu vemos as coisas de forma diferente. — Antes que ele pudesse<br />

argumentar mais, ela o interrompeu. — O que eu gostaria mesmo era de parar de<br />

lutar com você. —<br />

— Eu não tenho lutado. Você está apenas na defensiva. —<br />

— Então, essas conversas que tem tido com os membros do conselho nas minhas<br />

costas são alguma forma de suporte? Você deve me mostrar o que eu estou<br />

perdendo. — Grace sorriu calmamente enquanto Lamont tentava construir uma<br />

resposta. — Mas é o suficiente sobre isso. Caso você não ia estar em Virginia? —<br />

Lamont enfiou as mãos nos bolsos e começou a chacoalhar sua mudança. — Esse<br />

é o problema. Eu conversei com Herbert Finn o terceiro esta manhã. Eles mudaram<br />

de ideia. Nós não vamos leiloar a coleção na Gala. —<br />

Grace cobriu rapidamente a decepção.<br />

Todo ano, o Salão da Fundação Gala oferecia uma peça importante de<br />

Americana para o leilão. O vendedor concordava em tomar a metade do dinheiro e<br />

tem um imposto pesado write-off. 38 Em contrapartida, a Fundação recebia uma<br />

generosa doação e à noite era injetado com o tipo de sussurro que fazia as pessoas<br />

lutarem para comprar ingressos para o evento. No leilão, inevitavelmente, a<br />

licitação era rápida, furiosa, e, de modo gentil, viciosa. No passado, eles venderam<br />

um rascunho manuscrito do discurso Luther King — O sonho de Martin — um<br />

conjunto de planos de batalha originais da União para Gettysburg, e a primeira<br />

bandeira Betsy Ross. 39<br />

38 Cancelar (dívida).<br />

39 Betsy Ross (1752-1836) mulher que costurou a primeira bandeira dos E. U. A.<br />

91


GGrruuppooRRRR<br />

Perder a coleção de cartas da Finn Collection era um golpe real.<br />

Grace afundou lentamente na cadeira de seu pai. — Isso é uma vergonha — .<br />

— Acho que puxaram isso porque eles estão esperando para ver se a Gala ainda<br />

será um empate este ano.<br />

Isso é exatamente o que eu temia e outra razão porque precisamos de Fredrique<br />

— .<br />

A voz de Lamont estava invulgarmente contida e Grace percebeu que estava<br />

legitimamente decepcionado. Mas ela recusou-se a abordar o assunto do<br />

planejador da festa novamente.<br />

— Não vai ser um problema. —<br />

— Onde é que você vai encontrar algo sobre um par com doze letras<br />

perfeitamente preservado escrito por Benjamin Franklin, Thomas Jefferson? Esse<br />

tipo de coisa não é apenas uma terra em seu regaço. E deixe-me lembrá-la, foi o seu<br />

pai que nos trouxe a Finn Collection, em primeiro lugar, não você. —<br />

Ela sorriu a volta com os dentes cerrados. — Vou encontrar outra coisa. —<br />

— Mas enquando você vacila ao redor com seu consultor de OD — , ele rebateu<br />

com obstinação, — a Gala está se aproximando a cada dia. —<br />

— Sim, assim é. —<br />

Lamont parecia pronto para argumentar, mas depois abruptamente marchou até<br />

a porta. — Faça-o à sua maneira. —<br />

Depois que o homem ter saido, Grace embaralhou alguns papéis sobre a mesa,<br />

impaciente. Impossível ficar parada, levantou-se da cadeira e foi até o banco de<br />

janelas. Ela pôs as mãos nos quadris e olhou para o arranha-céu do outro lado da<br />

rua.<br />

Ela foi mais abrangente e foi até o banheiro, quando Smith falou. — Vá. Diga-o.<br />

—<br />

Ela limpou a garganta. — Dizer o quê? —<br />

— O que você está pensando. —<br />

— Eu não estou pensando nada. — Na verdade, estava cheia de emoções<br />

desenfreadas que não queria deixar sair na frente dele. Pareceria de alguma forma<br />

fraca, dado o seu auto-controle. Ela se forçou a ir para sua mesa e se sentar.<br />

— Mentirosa. —<br />

— Que diabos você quer de mim? — perguntou, olhando para ele. A curiosidade<br />

calma em seu rosto mexeu muito com ela.<br />

92


GGrruuppooRRRR<br />

— Por que é tão importante para você estar no controle? — ele perguntou.<br />

— Isso vindo de você? — Ele levantou uma sobrancelha. — Um homem que faz o<br />

Terminator parecer solto e descontraído? —<br />

— Agora há uma comparação original — , disse sarcasticamente. — Nunca ouvi<br />

isso antes. —<br />

Ela desviou o olhar. — Eu acho que tem razão. Nós não precisamos de conhecer<br />

um ao outro. —<br />

Sentiu Smith manter o olhar nela.<br />

Tão logo sua raiva se dissipou, estava triste que tinha descontado nele. Em<br />

circunstâncias normais, ela não era propensa a perder a paciência. Claramente, o<br />

estresse estava a deitando para baixo.<br />

Isso e estar em torno dele. Mesmo se estava quieto, ela encontrava agitação.<br />

Grace respirou fundo.<br />

— Eu sei que Lamont vai explodir este problema fora de proporção.<br />

Ele provavelmente chamou Bainbridge agora mesmo. É como se eu não consigo<br />

ter uma pausa por aqui. —<br />

Ela se recostou na cadeira e olhou para o busto de seu pai. Se as coisas foram<br />

assim duras para ele? Se o foram, ele nunca tinha demonstrado isso.<br />

— E o pior é que, Lou tinha razão. Trata-se de momento muito ruim. Eu não<br />

tenho nenhuma ideia de onde eu vou encontrar algo tão importante para leiloar.<br />

O interfone tocou.<br />

— Sim! —<br />

— Sua mãe está chamando. —<br />

Retrocedendo, Grace sentiu como se tivesse sido colocada de volta em uma cela.<br />

— Fantástico — , murmurou. Quando pegou no receptor, sua voz era leve e<br />

alegre. — Olá, mamãe. Hoje à noite? — Claro, eu adoraria. Sim. Oito? Certo. Byebye<br />

— .<br />

Desligou o telefone. Quando olhou para cima, deu um sorriso cansado. — Você<br />

já se sentiu como que gritando em voz alta? —<br />

Antes que ele pudesse responder, Kat tocou novamente com outra chamada.<br />

O dia passou em um borrão de reuniões e de papelada e pessoas que queriam<br />

coisas dela. Não havia nada de incomum nisso, exceto que tudo era complicado por<br />

Smith.<br />

93


GGrruuppooRRRR<br />

Mesmo se ficou em silêncio, a sua presença afetava ela e todos os outros. Os<br />

homens tendiam a ser subjugados ao seu redor, como se fossem intimidados por<br />

sua presença. As mulheres tinham a mesma reação que teve Kat. Um olhar para ele<br />

e ficaram todas de olhos arregalados e exigentes. Chegou a um ponto que Grace<br />

poderia adivinhar o momento em que a conferida sub-reptícia do cabelo iria<br />

acontecer.<br />

E sabia que seria melhor se acostumar com o show quando o conselho geral da<br />

Fundação do Hall, uma mulher que levou o termo sisuda para um novo patamar<br />

chegou para uma reunião. Sentada em frente de Smith, o paradigma de<br />

comportamento sisudo grave soltou uma risadinha feminina como ninguém tinha<br />

ouvido sair de sua boca antes.<br />

Francamente, tinha sido difícil não olhar. Quem sabia se ela ainda tinha o<br />

estrógeno nela?<br />

Mas a verdade era, Grace ficou um pouco irritada assistindo mulheres cairem<br />

sobre si mesmas ao tentar obter a atenção de Smith. Pelo menos ele pareceu nunca<br />

notar e isso foi provavelmente porque trabalhou tão difícil para isso. Seus olhos<br />

nunca demoraram muito tempo ou de forma inadequada em algumas delas,<br />

mesmo quando a contabilista de pessoal tirou o casaco e empurrou os seios<br />

grandes em sua direção.<br />

Naquele momento, a idéia de ser totalmente autocrática e disparar o quero-ser-<br />

Betty Page 40 era muito atraente, mas Grace deixou-o ir.<br />

E se recusou a se debruçar sobre as implicações de seu passageiro impulso.<br />

Investigar o porque iria ter uma reacção territorial não iria lhe fazer nada bem.<br />

Tinha uma sensação de que não ia gostar da resposta.<br />

Felizmente, tinha sido a última reunião do dia.<br />

40 Betty Page é uma antiga modelo americana, que se tornou famosa nos anos 50 por ser modelo de<br />

fetiches e com suas fotos como pin-up.<br />

94


Capítulo 9<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Quando eles voltaram para o apartamento no início da noite, Grace mudou<br />

rapidamente em um vestido preto curto.Ela pegou um envoltório grosso e se dirigia<br />

para fora da porta, quando Smith vestiu a jaqueta de couro.<br />

— Onde você vai? — ela perguntou.<br />

— Com você. —<br />

Ela começou a acenar a cabeça, decididamente. — Oh, não. Você simplesmente<br />

não pode. —<br />

Corou quando ele lhe deu um olhar aborrecido.<br />

— Como vou explicar para minha mãe quem você é? —<br />

— Eu acho que dou uma impressão muito boa de um ser humano — respondeu<br />

preguiçosamente.<br />

Grace pôs a mão até sua testa. — Perdoe-me, eu não queria dizer isso assim. Eu<br />

só não sei o que vou dizer a ela. —<br />

— E que tal a verdade? —<br />

Ela balançou a cabeça violentamente. — Eu não poderia. —<br />

— Você não pode dizer a sua própria mãe que tem um guarda-costas para<br />

mantê-la segura? —<br />

— Ela não sabe sobre... — Ela acenou a mão ao redor. — Nada disto. Minha mãe<br />

e eu não somos exatamente próximas. —<br />

Os olhos de Smith se estreitaram no anel de noivado. — E você não contou a ela<br />

sobre o divórcio, também, contou? —<br />

Grace franziu a testa, desejando que ele não fosse tão atento e incisivo. Se<br />

perguntou que outras pistas ele pegou sobre ela. Será que sabia quantas vezes<br />

pensava sobre ele?<br />

— Por que é que isso interessa? —<br />

— Não Interessa. —<br />

— Então por que você pergunta? — Sua voz estava voltando-se para o lado<br />

quente e desagradável de si mesma, mas não se conteve. Smith tinha a capacidade<br />

95


GGrruuppooRRRR<br />

para provocar sua raiva mais rápido do que alguém que já tivesse conhecido. Era<br />

quase como se gostasse de a levar a ficar de mau humor.<br />

Ele deu de ombros, — é apenas uma observação. —<br />

— Guarde-a para si mesmo — , murmurou sob sua respiração.<br />

— Agora, onde está a diversão nisso? —<br />

Olhou para ele e ele ergueu as mãos para cima. — Ok, ok. Você e sua mãe podem<br />

comer sozinhas. —<br />

— Obrigada — , disse a contragosto.<br />

Começou a andar para a porta.<br />

— Onde você... —<br />

— Vou sentar-me a algumas mesas de distância.Isso é o mais estou disposto a<br />

um compromisso. — Saiu no corredor e apertou o botão do elevador.<br />

Ela olhou para trás, enquanto se endireitou, sabendo que não haveria mais<br />

negociações.<br />

* * *<br />

Smith entrou na sala de jantar do Congresso, apenas para membros do Clube e<br />

sentiu como se tivesse sido ricocheteado ao virar do século. Com seu chão de<br />

mármore branco, paredes vermelhas de sangue, e arrebatadoras cortinas cor de<br />

ouro, o local parecia uma sala de entrada de um banco.<br />

Ou um bordel de classe alta, dependendo de seu contexto e associações.<br />

Nas paredes nos retratos doados, Smith reconheceu algumas das caras olhando<br />

para fora das molduras chapeadas a ouro, que estavam nas notas que tinha em sua<br />

carteira e nas moedas que chocalhavam nos bolsos. Não estava surpreso. O<br />

Congresso, como o lugar era conhecido, era tudo antigo, de dinheiro estabelecido e<br />

poder entrincheirado. Os seus membros há muito tempo moldavam a história do<br />

país, para o melhor e pior, e ainda o faziam.<br />

Enquanto era levado à sua mesa, olhou para os comensais.As pessoas que<br />

estavam comendo olharam para ele, seus patrícios rostos mostrando nada além de<br />

abertura e boas-vindas. Mesmo se eles não o reconheceram, eles sabiam que estava<br />

lá apenas porque era que um deles.<br />

O maitre que o tinha levado através do salão se inclinou enquanto Smith sentava<br />

em uma poltrona de couro. Sua mesa para dois tinha uma vela de incandescência<br />

96


GGrruuppooRRRR<br />

num suporte de bronze, prataria pesada, e um monte de cristal de espessura. Ele<br />

imaginou a coisa deveria ser apoiada por uma viga.<br />

— Você gostaria de uma bebida, senhor? — O homem inclinou para a frente e<br />

com um floreio colocou um livro de couro na frente de Smith.<br />

Ele balançou a cabeça.<br />

Quando o maitre desapareceu, Smith puxou o laço que o clube lhe emprestara,<br />

odiando-o. O casaco azul marinho que lhe deram também era muito apertado, mas<br />

Ele nem se importou com isso também. Grace estava sendo escoltada para a sala.<br />

Enquanto cumprimentou os homens e mulheres por cujas mesas passava, seu<br />

sorriso estava radiante, seus gestos elegantes e refinados. Ela parecia<br />

perfeitamente à vontade, mas ele podia ler-lhe bem. Sabia que estava nervosa<br />

porque sua mão se mantinha flutuando até sua garganta e, na penumbra, seus<br />

olhos eram sombrios.<br />

Estava claramente em piloto automático social.<br />

Logo que tinha tomado um assento, um homem foi até ela. Smith franziu a testa.<br />

O cara estava, provavelmente, na casa dos trinta, tardios e parecia polido como um<br />

Rolls-Royce novo. Tinha cabelos escuros que estavam penteados para o lado, rosto<br />

bonito, um pouco cruel, e estava vestindo um terno caro. Sangue-azul o tempo<br />

todo.<br />

Quando se inclinou e beijou a bochecha de Grace, seu rosto se iluminou<br />

realmente.<br />

Smith sentiu um desejo impróprio para atravessar a sala e ajudar o indivíduo tudo<br />

sobre qual o seu destino final ia ser.<br />

Durante os seguinte dez minutos, o homem urbano falou e Grace riu. No<br />

momento em que se separaram, ela estava parecendo realmente relaxada. Quando<br />

o Sr. Charme passeou até ao outro lado da sala, Smith olhou para ele, imaginando<br />

todos os tipos de formas divertidas para quebrar os ossos da perna dele.<br />

Foi uma surpresa quando o homem parou na mesa de Smith.<br />

— Eu conheço você? — O tom era culto, a voz profunda, o sorriso no lado<br />

agressivo e de propriedade social.<br />

De perto, era um cara muito bonito. Definitivamente, um de sua espécie.<br />

— Eu não penso assim — Smith respondeu sombriamente.<br />

— Não. — O cara levantou um ombro. — Então por que você está olhando como<br />

se a minha morte iminente seria uma grande fonte de prazer para você? —<br />

— Talvez eu não esteja com vontade de ser incomodado. —<br />

97


GGrruuppooRRRR<br />

— Você tem um limite baixo se você acha que um pouco de conversa educada é<br />

preocupante. —<br />

— Não, espere, você está me lembrando porque eu sou um misantropo.<br />

O Sr. Charme sorriu e inclinou-se um pouco. — Bem, eu odeio desapontar você,<br />

mas minha saúde geral é muito boa. Aprecie a sua refeição, estranho. —<br />

O cara tinha bolas, Smith concedeu, quando o flerte de Grace se afastou.<br />

Olhou para o outro lado da sala. Parecia ansiosa quando olhou de volta para ele,<br />

mas o contato foi quebrado quando uma impressionante mulher mais velha foi<br />

levada a sua mesa. Viu como o rosto de Grace assumiu imediatamente uma calma<br />

falsa e as duas mulheres beijaram o ar da bochecha ao lado uma da outra.<br />

Portanto, esta era a mãe.<br />

A mãe de Grace era tão magra que se tinha de perguntar se ela nunca tinha tido<br />

uma refeição completa. As duas dividiam as mesmas bochechas altas, o mesmo<br />

imperioso nariz reto, a semelhança graciosa do arco de seus pescoços. Como Grace,<br />

o claro cabelo da mãe estava enrolado no alto da cabeça e ela usava um vestido<br />

preto. Quando a mulher desenrolou o guardanapo e o colocou delicadamente no<br />

colo, Smith avistou um diamante de tamanho considerável.<br />

Um garçom chegou na mesa e Grace Smith viu sua mãe olhar imperiosamente.<br />

Disse algumas palavras, o garçom assentiu com deferência e, em seguida,<br />

enfrentou Grace. Ela sorriu, algo que sua mãe ainda tinha que fazer, e começou a<br />

falar. Sua mãe a interrompeu.<br />

— Senhor — veio uma voz próxima à mesa de Smith. — O que posso conseguir<br />

para você esta noite? —<br />

Não desviou os olhossobre o que estava acontecendo do outro lado da sala. —<br />

Qualquer coisa — .<br />

— Me desculpe? —<br />

Franziu a testa. — Apenas me traga algum alimento. Em um prato. —<br />

O garçom de smoking pigarreou. — Temos um excelente... —<br />

Com o olhar Smith que atirou nele, o homem se endireitou e saiu apressado.<br />

Smith voltou à cena na mesa de Grace. Seu garçom a havia deixado a mãe e<br />

estava falando. Enquanto os lábios da mulher se mexiam, uma reprovação sutil<br />

flutuou no ar em torno dela como um cheiro ruim.<br />

— Sinto muito, senhor — veio outra voz no ouvido de Smith. — Mas havia nada<br />

no menu ao seu gosto? —<br />

Grande. O garçom trouxe reforços.<br />

98


GGrruuppooRRRR<br />

Smith não se incomodou esconder sua irritação. — Eu não olhei para o menu. —<br />

Os olhos dos outros comensais começaram a focar o grupo em sua mesa.<br />

Cristo, esses meninos podem fazer mais que uma cena, pensou.<br />

— Bem, talvez você possa analisá-lo — , o novo sugeriu. Ele se inclinou e abriu o<br />

livro encadernado em couro. — Nós oferecemos uma vasta selecção de... —<br />

— Existe um problema? — veio uma terceira voz.<br />

Smith estava pronto para rugir quando viu que os outros dois que chamaram a<br />

atenção pareciam que tinham tido suas bundas batidas com um jornal. Era o<br />

maitre.<br />

— Este cavalheiro... — O mais alto começou.<br />

— É um hóspede da condessa von Sharone — , o maitre disse calmamente. Os<br />

outros homens olharam Smith com surpresa e, depois, ofereceram sorrisos tão<br />

calorosos e sinceros que poderiam ter sido missionários.<br />

Smith se recostou na cadeira e cruzou os braços sobre o peito. — Eu não me<br />

importo com o que você me traz, desde que não seja atropelado. —<br />

— Claro, Sr. Smith. Imediatamente. — O maitre curvou-se e os garçons se<br />

movimentaram para fora do seu caminho.<br />

Smith voltou a olhar para Grace.<br />

* * *<br />

— Quem é aquele homem ali? — A mãe de Grace perguntou.<br />

— Que homem? — disse, mesmo se sabia exatamente quem era.<br />

— Aquele homem com Edward e os dois garçons. Não me lembro de vê-lo aqui<br />

antes. Ele parece estar causando um problema de alguma sorte. —<br />

Grace tomou um pequeno gole do seu copo de água. — Como foi a sua viagem<br />

de Newport? —<br />

Sua mãe continuou a olhar para o nó desfeito em torno Smith, como se ela<br />

pudesse mandar para longe o efeito. — A viagem foi muito boa. Muito boa. —<br />

— E como você está instalada?<br />

Para seu alívio, a mãe finalmente olhou para longe da mesa de Smith.<br />

99


GGrruuppooRRRR<br />

— Mercedes Walker está vindo de Boston amanhã. Nós estamos tendo uma<br />

pequena reunião. —<br />

— Jack está aqui esta noite, já agora. —<br />

— Sério? — Desta vez, quando sua mãe observou pela sala, seus olhos estavam<br />

mais quentes. Ela acenou em direção a Jack quando ele assentiu.<br />

Grace olhou para Smith, perguntando o que tinha sido dito entre ele e Jack e qual<br />

teria sido o problema com os garçons. Seus olhos, quando se encontraram, estavam<br />

tão intensos que uma corrida de consciência passou por ela. Ela franziu o cenho. Se<br />

não tivesse cuidado, estaria se confundindo a si mesma, que o seu foco sobre ela,<br />

era algo mais do que profissional.<br />

Que só a levaria ainda mais em território perigoso.<br />

Estava lhe pagando para a vigiar, lembrou a si mesma. Era o seu trabalho. Não<br />

estava rolando sobre sua mística feminina.<br />

Principalmente porque ela não tinha nenhuma, Ranulf obtivera esse direito,<br />

infelizmente. Sejam qual forem os atributos de Grace, não era uma daquelas<br />

mulheres que tinham um monte de sex appeal. Nunca tinha sido. E o<br />

desapontamento óbvio e bem-partilhado do marido com sua vida amorosa tinha<br />

apenas ressaltado o que sempre acreditou sobre si mesma.<br />

Pensou no beijo que ela e Smith haviam compartilhado.<br />

Tinha sido apaixonado, porque ele era um homem apaixonado. Sua reação tinha<br />

mais a ver com a sua própria conduta sobre sexo do que com qualquer qualidade<br />

especial dela.<br />

— Grace? —<br />

A voz estridente de sua mãe a trouxe de volta ao presente. — Sinto muito. —<br />

— Eu estava dizendo a você sobre a minha próxima visita a Paris. Vou ficar com o<br />

Visconde... —<br />

Dessa vez, Grace teve o cuidado de prestar atenção a sua mãe contando seus<br />

planos nos mínimos detalhes. A pausa só veio quando o garçom trouxe as entradas.<br />

Quando um filete de salmão foi colocado na frente de Grace, escondeu uma careta.<br />

Ela detestava peixe.<br />

— Você vai gostar muito mais do que a carne, querida — disse sua mãe como um<br />

prato idêntico foi colocado no lugar onde estava sentado. — Agora, me conte sobre<br />

a Gala. —<br />

— Acho que está progredindo muito bem. — Grace pegou o garfo. Não gostava<br />

de mentir, mas não tinha intenção de falar a verdade.<br />

100


GGrruuppooRRRR<br />

— O seu pai sempre teve um grande talento para esses eventos. Ele foi<br />

responsável por garantir primeira bandeira Betsy Ross para o leilão. Você se lembra<br />

disso? —<br />

Grace deixou a história que tinha ouvido inúmeras vezes fluir sobre si.<br />

Lembrando-se de acenar, logo que ouvia uma pausa, levou o garfo à boca e tomou<br />

o salmão em sua boca. Teve que lutar contra a náusea.<br />

Seus olhos deixaram rosto bem conservado de sua mãe e percorreram o salão,<br />

que conhecia tão bem. O lugar a fazia pensar em seu pai. Ela amou vir para jantar<br />

com ele, sozinhos. Ele tinha começado como uma tradição de aniversário, quando<br />

era mais jovem, e quando cresceu, eles o tinham feito de forma mais regular.<br />

Seu pai iria observá-la atentamente enquanto falava, o tempo todo traçando a<br />

ponta de uma colher de prata sobre a toalha de linho pesado. Ainda podia ouvir o<br />

suave som raspante subindo entre eles.<br />

Ele iria mover a colher em círculos, enquanto estava ouvindo. Enquanto falava,<br />

ele desenhava quadrados invisíveis, transformando os cantos quando mostrava o<br />

seu ponto.<br />

Esses momentos tinham sido o melhor dele, de seu relacionamento. A sensação<br />

de perda fez colocar as lembranças de lado para outra, mais particular, tempo.<br />

Ela olhou para Smith e reforçou. Percebeu que aqueles olhos estavam vendo<br />

através da sua capa de costumes e sorriso social. Ele sabia, suspeitava, que estava<br />

exausta, tensa, e solitária. Saberia que desprezava o jantar que permitiu que a mãe<br />

pedisse para ela, também?<br />

— Grace — , disse sua mãe brusca.<br />

Ela virou a cabeça. — Sinto muito. O que você estava dizendo? —<br />

— Eu perguntei por Ranulf — .<br />

Grace apertou seu garfo na mão. — Oh, ele está bem. —<br />

— Seu marido é um homem maravilhoso. Sabia que ele escreveu para mim? —<br />

— Quando? — Tentou manter o rosto liso. Sem forro. Agradável.<br />

Por dentro, ela estava se perguntando porque inferno Ranulf estava tentando<br />

chegar a sua mãe. Agora que eles estavam separados, devia se manter na sua<br />

própria família. Fez uma anotação mental para falar com seu advogado sobre isso.<br />

— A carta chegou na semana passada. Ele disse que estava indo para a cidade e<br />

que nós três deviamos ficar juntos. — O tom de desaprovação, aquele que fazia<br />

Grace apertar os ombros como um torno em torno de si, voltou. — Achei que<br />

estaria vindo hoje à noite. —<br />

101


— Ele estava ocupado. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Bem, eu fiz o convite em curto prazo. — Você vai enviar-lhe meus<br />

cumprimentos? —<br />

— Claro. —<br />

— Agora me diga, quando você vai ter filhos? —<br />

Grace engasgou com o peixe. Tossindo, se atrapalhou ao colocar um guardanapo<br />

na boca.<br />

Sua mãe não perde uma batida. — O aniversário de um ano está chegando. É<br />

hora, você não acha? Seu pai perdeu a oportunidade de conhecer seus netos. Eu<br />

não quero a mesma coisa acontecendo comigo. —<br />

Grace tomou um gole de água. E um outro. — Eu estou ocupada com a<br />

Foundação agora. Eu não posso... —<br />

Uma mão impaciente acenou afastando suas palavras. — Vamos deixar Lamont<br />

dirigir o lugar. Isso é o que seu pai queria — .<br />

Os olhos de Grace queimavam. Lentamente, colocou seu copo para baixo.<br />

— O que você disse? —<br />

— Você não pode honestamente achar que ele gostaria de você enfiada naquele<br />

escritório aborrecido o tempo todo. É por isso que ele ensinou Lamont. Além disso,<br />

o que você poderia saber sobre o funcionamento da Fundação? Eu estava<br />

conversando com Charles Bainbridge no outro dia, apontando para ele que você<br />

estava realmente com muito stress, também. Você precisa tomar conta de Ranulf<br />

agora, não se preocupar com negócios. Charles concordou. —<br />

Grace sentiu o sangue escorrer de seu rosto. Bainbridge é o presidente do<br />

conselho e o líder dos homens que se mobilizam contra ela.<br />

A mãe olhou preocupada. — Querida, você não está comendo. O peixe não é ao<br />

seu gosto? Eu vou chamar Edward. —<br />

Como sua mãe começou a levantar a mão, Grace correu num: — Não, não, o<br />

salmão é bom. —<br />

No silêncio que se seguiu, ela tentou manter seu temperamento sob controle.<br />

— Mamãe, como você pôde fazer isso? — disse calmamente.<br />

A mãe olhou com surpresa. — Me desculpe? —<br />

— Como você pôde me prejudicar assim? —<br />

— Meu Deus, você está falando de Bainbridge? Fiz-lhe um favor. Você realmente<br />

não pode lidar com a responsabilidade. —<br />

102


— Eu serei a única a decidir isso. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Carolina Hall congelou. Enquanto a mãe, virava numa expressão gélida, Grace<br />

lutou contra ficar soterrada na censura dela.<br />

— Acho o comentário e sua atitude muito displicente. —<br />

Grace respirou fundo. —<br />

— Sinto muito, mamãe. Mas eu sei que posso ser o que Fundação necessita e<br />

quero uma chance para provar isso. Você ir nas minhas costas para Bainbridge não<br />

está me ajudando a realizar meus objetivos. — Como a mãe ficou olhando firme<br />

para ela, ela jogou seu cartão mais forte. — Além disso, você realmente quer<br />

alguém que não seja um Hall a dirigir a Fundação? —<br />

Isso chegou até Carolina. Lentamente, veio o degelo.<br />

— Você e seu pai sempre foram iguais. Uma vez que ele colocava em sua cabeça<br />

que ia fazer alguma coisa, nada poderia o demover. Eu ainda acredito, no entanto,<br />

seu foco deve estar em Ranulf e na família que você vai ter com ele. É assim que eu<br />

estava com seu pai e olhe para o sucesso que nosso casamento foi.<br />

Você não quer esse tipo de realização? —<br />

Como se o casamento fosse um jogo a ser vencido, um campo de jogo em que se<br />

triunfa sobre os outros.<br />

Todas as coisas são iguais, Grace pensou, teria que ser uma boa parceri, algo<br />

digno de um troféu social.<br />

Fez um esforço para mudar de assunto. — Mamãe, di d você sabe que nós vamos<br />

fazer uma homenagem ao Pai, na Gala este ano? —<br />

— Ah, linda. Você sabe, seu pai começou a tradição da Gala. —<br />

— Eu sei — . Grace manteve a maioria do esgotamento fora de sua voz.<br />

— Foi em 1962 que ele surgiu pela primeira vez com a ideia. Tivemos a primeira<br />

em nossa própria casa... —<br />

Quando os pratos foram levantados, o garçom perguntou se elas gostariam de<br />

sobremesa.<br />

— Nenhuma de nós — respondeu a mãe. — Apenas o café. Simples. —<br />

Grace estava desejando que poderiam ter pulado o café quando a mãe disse: —<br />

Você não parece bem. —<br />

— Eu não? — Pegou o copo de água novamente e racionou enquanto bebeu. Ela<br />

queria salvar o último centímetro ou mais no caso de sua mãe deixar cair outra<br />

bomba e começar a engasgar novamente.<br />

103


GGrruuppooRRRR<br />

— Não. E você parece muito distraída hoje. Você não tem conseguido dormir,<br />

não é? —<br />

— Eu tenho estado muito ocupada. —<br />

— Você sofre por seu pai? —<br />

As palavras foram tão baixas, que Grace quase não ouviu. Olhou com surpresa.<br />

— Sim, eu sei. Sinto a falta dele tremendamente. —<br />

O café veio com a conta. Carolina desenhou cuidadosamente a sua assinatura na<br />

parte inferior seguido por WH 1. Permaneceu com a caneta na mão, olhando para o<br />

pedaço de papel. Os olhos dela derivaram para cima, chegando ao descanso da vela<br />

que ardia sobre a mesa entre elas.<br />

— Você e ele sempre foram tão unidos. Você o adorava. Eu lembro, quando era<br />

uma garotinha. Encontrei você no armário dele uma vez. Ele tinha ido para fora<br />

uma semana ou duas em negócios. Você havia chegado as suas roupas, colocou um<br />

de seus ternos. Você tinha uma gravata em seu pescoço que quase atingia o chão.<br />

Você devia ter cinco ou seis anos. —<br />

Grace sorriu tristemente. — Eu me lembro disso. Você estava furiosa porque eu<br />

não tinha permissão para estar no vosso quarto. —<br />

— Estava? Eu não me lembro. O que me lembro foi a sua explicação. Você me<br />

disse que era porque ele tinha ido, e você precisava fazer o trabalho por ele, mas<br />

você não tinha nada adequado para vestir. Foi realmente muito encantador. —<br />

Os olhos da mãe nublaram mais, a menor das mudanças, facilmente perdida.<br />

Grace alcançou através da mesa mão da mãe. Ficou surpresa quando<br />

permaneceram ligadas por alguns momentos.<br />

— Você sempre olhou para ele — , murmurou a mãe. — Sua fé era invejável. —<br />

Grace franziu a testa. Invejável? Que forma estranha de dizer, pensou.<br />

Especialmente vindo de sua mãe, que tinha feito da vida um trabalho de apoio ao<br />

homem.<br />

Carolina puxou para trás, colocou a caneta para baixo, e ergueu a xícara de café à<br />

boca. Ela piscou em rápida sucessão, uma série de vezes.<br />

— Você sente falta dele? — Grace perguntou calmamente.<br />

— Claro que sim. Eu vivi com o homem por quarenta e seis anos. ficamos<br />

habituados a tê-los em volta. — Como está o seu café? O meu está um pouco frio.<br />

—<br />

Grace suspirou. Nunca bebeu cafeína à noite e não tinha nenhuma intenção de<br />

tentar, apesar do que tinha sido colocado à sua frente.<br />

104


— O meu está bem — murmurou.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— O que me lembra — disse sua mãe. — Estamos fechando Willings no final<br />

deste ano por causa da morte de seu pai. Eu quero que você venha a Newport para<br />

o Columbus Day 41 no fim de semana. —<br />

— Certo — .<br />

— Você e Ranulf virão juntos. — Os olhos da mãe afiados sobre a borda da<br />

xícara.<br />

Grace ficou rígida.<br />

Ela deve receber o anúncio depois disso, pensou. Ela não ia mudar sua opinião<br />

sobre o divórcio e o tempo não faria diferença para alterar a reação de sua mãe.<br />

— Mamãe, eu preciso falar com você sobre algo. —<br />

Uma voz masculina familiar interrompeu. — Mrs. Hall, como você está? —<br />

— Jackson Walker! — A mãe exclamou, aceitando um beijo na bochecha. — Eu<br />

estava esperando você chegasse. Como você está? —<br />

— Estou bem. — Jack sorriu e olhou o rosto régio, parecendo menos austero.<br />

— Como está Blair? —<br />

— Perfeito em todos os sentidos. —<br />

Grace ouviu a mãe rir e deixou a conversa murchar. Olhou para Smith. Ele estava<br />

bebendo café enquanto seus olhos estavam fixos em sua direção.<br />

— Você ouviu isso, Grace? —<br />

— Sinto muito, o quê? —<br />

— Jack e Blair virão para o fim de semana de Columbus Day, também. —<br />

— Isso é maravilhoso. —<br />

Grace lhe ofereceu um sorriso entusiasmado para o seu velho amigo, mas,<br />

quando olhou em seus olhos, sabia que não tinha enganado ele. Quando se virou<br />

para ir, ele descansou a mão no ombro dela. Inclinou-se para beijar seu rosto,<br />

sussurrou: — Me ligue quando você quiser falar, ok? —<br />

Assentiu com a cabeça, colocando a mão sobre a dele. — Obrigada. —<br />

Jack deixou a sala, acenando para alguns dos outros comensais enquanto saia.<br />

41 Dia do Descobrimento da América, Dia de Colombo.<br />

105


GGrruuppooRRRR<br />

— Um cavalheiro encantador, este Jackson — , disse sua mãe. — Você sabe, se<br />

você não tivesse encontrado Ranulf, ele era o que eu esperava que você ia se casar.<br />

Os Walkers são uma família excelente, e ele é um sucesso. —<br />

— Sim, ele é — .<br />

A mãe olhou para um relógio de pêndulo. — É tarde demais. Eu devo ir. —<br />

Enquanto estavam caminhando para o vestiário, a mãe disse: — Você estava<br />

prestes a dizer alguma coisa? —<br />

— Não era nada, mamãe. Absolutamente nada. —<br />

Capítulo 10<br />

Eddie soltou um grito de alegria, enquanto Smith jogava seus restos no banco da<br />

frente. — Bonus! Então o que eu vou comer? Lagosta Newburg? Filet mignon? —<br />

Eles estavam esperando, enquanto Grace e sua mãe, se despediam à frente do<br />

clube.<br />

— Acho que é espaguete — .<br />

Eddie olhou ao redor. — Deixe-me ver se entendi. Você entra em um lugar como<br />

aquele e você pede um reles “spaghetti”?<br />

— Eu não pedi isso. — O rosto de Grace estava mostrando tensão enquanto ela<br />

sorria e acenava com a cabeça. Ficou surpreso de sua mãe não a perceber.<br />

— O que quer dizer que você não a condena? Será que foi uma fada com apenas<br />

uma onda de varinha e apareceu? —<br />

— Não sei sobre a fada, mas foi entregue por um capanga muito mau. —<br />

Eddie riu. — Eu não estou indo para lá. —<br />

— Sábio, você. —<br />

Depois que sua mãe tinha sido engolida por um negro Town Car, Grace veio para<br />

o SUV e Smith abriu a porta para ela. Enquanto Eddie se afastou do meio-fio, Smith<br />

a olhou através do assento. Parecia que tinha sido puxada por um espremedor, mas<br />

ela não estava pedindo por piedade. Não houve suspiro arfando de cansaço,<br />

nenhuma tirada emocional sobre o que estava errado com sua mãe.<br />

Só paciência quieta. Força delicada.<br />

106


GGrruuppooRRRR<br />

Engraçado, nunca pensou que as duas palavras poderiam ser usadas em<br />

conjunto.<br />

— Refeição rude? — ele disse.<br />

Ela inclinou a cabeça para trás contra o banco e olhou para ele de lado. Suas<br />

pálpebras estavam meio fechadas. — Poderia ter sido pior. —<br />

Ela se virou.<br />

Eles passaram cerca de três quarteirões, quando Smith disse bruscamente para<br />

Eddie, — Eu penso que nós estamos sendo seguidos. Encosta — .<br />

A cabeça de Grace ergeu-se quando o Explorer parou. Um carro branco passou<br />

por eles.<br />

— Isso se parece com o sedan que me seguiu ao funeral do meu pai — disse ela.<br />

— Siga-o — Smith disse a Eddie.<br />

O Explorer atirou de volta para o tráfego. Smith fez o seu melhor para conseguir<br />

a matrícula, mas os táxis e outros carros continuavam ficando no caminho. Quando<br />

eles se aproximaram de um cruzamento, pensou que estava para ter sorte. O sinal<br />

estava ficando laranja e apenas um carro os separava da sua presa.<br />

Mas com uma explosão repentina de velocidade, o sedan correu através do sinal<br />

e esquivou-se por um beco.<br />

Eddie ligou o motor para disparar atrás do veículo à frente deles, mas um táxi<br />

bloqueou a passagem na última hora. Smith assistiu a traseira do sedan se tornar<br />

menor e depois desaparecer.<br />

— Você conseguiu alguma coisa, Eddie?<br />

— Nah, eu estava muito ocupado tentando chegar perto da maldita coisa. —<br />

Smith olhou para Grace. — Leve-nos para casa. —<br />

— Com certeza, chefe. —<br />

Depois que chegaram em frente ao seu prédio, Smith saiu e ajudou Grace a sair<br />

do carro. Quando estava em pé perto dele, chegou na parte de trás e tirou a<br />

mochila e as maletas de metal que Eddie havia apanhado de seu hotel.<br />

— Obrigado por trazer minhas coisas — disse ao amigo.<br />

— Não há problema. E o porteiro aceitou a entrega dos mantimentos vinte<br />

minutos atrás. Me disse que tinha de deixar no corredor. A que horas você precisa<br />

de mim amanhã? —<br />

— Sete e meia. —<br />

— Certo,então. —<br />

107


GGrruuppooRRRR<br />

E então, apesar do fato de que parecia que estava pronta para cair, Grace se<br />

inclinou para o carro e sorriu para Eddie. — Quando você aquecer a massa, faça-o<br />

sobre um fogão, se puder. Calor alto e muito movimento em volta. Dessa forma, os<br />

vegetais vão se manter frescos. Eu acho que você vai gostar do sabor. O chefe de<br />

cozinha vem da Toscana. Boa noite, Eddie. —<br />

Smith olhou para o amigo. O homem estava usando uma expressão de<br />

estupefação, tendo sido completamente encantado.<br />

— Noite, Eddie — disse ironicamente.<br />

— Sim, Chefe — disse o homem distraído quando se afastou.<br />

No caminho até o edifício, Smith perguntou — Como você sabe o que eu tinha<br />

para o jantar? —<br />

— Você não é o único que é observador. —<br />

Quando chegou a seu apartamento, as mãos de Grace tremiam enquanto<br />

tentava abrir a porta. Ela levou várias tentativas antes de deixá-los entrar. Quando<br />

se abaixou para uma das sacolas que ele disse a ela para não se preocupar com isso.<br />

— Então eu estou indo para ir para a cama — disse enquanto ele desativava o<br />

alarme e empurrava para dentro a comida.<br />

Ele a seguiu pelo corredor, largou a bolsa e as pastas ao lado da cama onde tinha<br />

dormido na noite anterior, e continuou para o em seu quarto. Quando olhou para<br />

ele curiosamente, lhe disse que estava apenas verificando os quartos.<br />

Depois de fazer uma passagem rápida através da suite mestre, ele verificou o<br />

resto do apartamento, desempacotou os mantimentos, e foi para seu quarto.<br />

Estava tirando sua jaqueta de couro, quando ouviu o som de água correndo pelo<br />

corredor.<br />

Enquanto jogava o casaco sobre uma cadeira, Smith a imaginou despojada do<br />

vestido preto e com o cabelo solto nos ombros, as pontas acabariam apenas nos<br />

bicos dos seios, e teria que empurrá-lo suavemente para o lado para beijar-lhe a<br />

pele. Imaginou as ondas loiras cobrindo o peito e caindo sobre seu rosto enquanto<br />

faziam amor.<br />

Ouvia a água cair, silenciosa.<br />

Tudo o que tinha que fazer era ir por esse corredor, pensou. Caminhar em seu<br />

quarto e tomá-la em seus braços.<br />

Porque tinha um pressentimento, que mesmo concordando com a sua política<br />

estrita de mãos fora, ela se deixaria levar pela paixão novamente.<br />

Um beijo e a teria.<br />

108


GGrruuppooRRRR<br />

Enquanto o sangue golpeava através de seu corpo, Smith parou de se mover.<br />

Que diabos estava fazendo?<br />

Balançou a cabeça.<br />

Que diabos ele estava fazendo?<br />

Movendo-se com movimentos intencionais, ele tirou o coldre e tirou a arma dele.<br />

Olhou para o metal negro e congratulou-se com o aperto na palma da mão e dedos.<br />

A arma tinha sido feito à mão para ele, por suas especificações precisas, e havia<br />

mais duas idênticas nas carteiras de Kevlar.<br />

O peso familiar de sua arma era reconfortante.<br />

Sua preocupação com Grace não era.<br />

Ele lembrou o homem no Clube do Congresso, a da ternura com que a beijou na<br />

bochecha e a fez sorrir.Smith não tinha pensado muito nisso na hora, mas agora sua<br />

reação agressiva ao homem lhe pareceu sair de linha. Estava se comportando como<br />

um amante ciumento dela.<br />

Ao contrário dum guarda-costas profissional da mulher.<br />

Talvez só precisava de umas férias. Um pouco de tempo fora em algum lugar<br />

quente, onde a bebida fluía como a água e as mulheres eram fáceis.<br />

Sim, isso é o que precisava.<br />

Umas malditas férias.<br />

Smith franziu a testa. E percebeu que em toda sua vida, nunca tinha tido umas.<br />

* * *<br />

Dias depois, Smith descobriu que a sua fixação em Grace só estava piorando. O<br />

resultado não era bonito.<br />

A frustração sexual estava cortando o seu sono e o encurtamento de seu<br />

temperamento.<br />

E não era como se fosse conhecido por seu bom humor, para começar.<br />

De seu assento na mesa de conferência, olhou através do escritório. Grace tinha a<br />

cabeça enterrada em alguns documentos e tentou não perceber que a blusa de seda<br />

se abrira e estava mostrando mais da sua pele do que o habitual.<br />

Ficando excitado, moveu-se na cadeira.<br />

109


Grande. No trabalho com um tesão.<br />

Realmente profissional.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Smith sentiu seu humor mergulhar mais fundo no negro e agravado território,<br />

então pegou seu celular e discou o número do tenente Marks. Sabia que uma<br />

atualização sobre a investigação manteria a sua mente longe da maldita blusa da<br />

mulher.<br />

— Como as coisas estão indo, Tenente? —<br />

— Oh, Cristo, nada boas. — O homem parecia cansado. — O chefe da polícia<br />

está sobre a minha bunda, porque os nomes de mulheres são ligados em todas<br />

instituições culturais de Nova York. A imprensa está latindo uma tempestade,<br />

querendo uma confirmação de que o artigo do Times foi encontrado no primeiro<br />

corpo, estou tentando primeiro descobrir quem foi o imbecil que vazou o pequeno<br />

petisco. E não temos nenhum suspeito até agora. —<br />

Smith manteve sua voz baixa. — Você checou com os porteiros dos prédios? —<br />

Sim! Os turnos dia e noite, em ambos os lugares foram cobertos pelos caras<br />

mesmo para os últimos cinco anos.Os seus antecedentes voltaram claros e cada um<br />

deles disse que não viu nada de suspeito nas noites em questão. As listas de entrega<br />

e de visitantes, não nos dizem um quadrado, tampouco. Todo mundo assinou na<br />

entrada e na saída, e não cairam bolas fora, nisso. —<br />

— Todos os nomes aparecem em ambos as listas?<br />

— Muito poucos. Estes tipo de ricos tendem a utilizar as mesmas pessoas. Havia<br />

gente de limpeza, restauração, alfaiates, das plantas. Esses lugares são a maldita<br />

porta giratória de ajuda. Estamos mastigando nosso caminho através da verificação<br />

de antecedentes sobre todo o nome único. —<br />

— Você encontra qualquer relação entre os maridos dessas mulheres? Negócio?<br />

Prazer? —<br />

— Não verifiquei isso, ainda. Boa idéia. — Marks pausou. — Então me diga,<br />

como é a condessa?<br />

Os olhos de Smith cintilaram ao outro lado da sala. — Mantendo-se,<br />

considerando sob o estress em que ela está. —<br />

— Mulher legal. Alguém com o seu tipo de dinheiro poderia ser uma verdadeira<br />

dor na bunda, se quisesse, mas ela parecia surpreendentemente normal. —<br />

Conversaram um pouco mais, sobre os testes forenses que tinham sido<br />

realizados em amostras da cena do crime. Quando Smith desligou, olhou para o<br />

outro lado da sala. Kat tinha entrado e Grace estava rindo de algo que a menina<br />

havia dito.Kat estava sorrindo amplamente.<br />

110


GGrruuppooRRRR<br />

As pessoas tendem a fazer muito isso em torno de Grace, ele percebeu.<br />

Vinham em seu escritório ou se encontravam com ela nos corredores e saiam do<br />

encontro mais leves, mais felizes.<br />

Surpreendentemente normal, não ia suficientemente longe.<br />

— Obrigado, Kat — , disse Grace, baralhando os papéis ao redor, — Você foi uma<br />

grande ajuda nesta matéria. —<br />

O assistente buzzinou. — Eu vou fazer as mudanças agora — .<br />

— Não se preocupe. Já passa das seis. Vamos todos para casa. — os olhos de<br />

Grace moveram para ele e então olhou para longe rapidamente.<br />

— Bem, eu não tenho pressa — , disse Kat.<br />

— Não me diga. Outro encontro? — Os olhos de Grace mostravam simpatia.<br />

— Só bebidas. Ele é um cara de TI. 42 Eu estou esperando que vamos falar sobre<br />

algo diferente de programação Java ou The Sims. — Kat pegou o documento e<br />

caminhou até a porta. — Boa noite, Sr. Smith. —<br />

Smith acenou com a cabeça sem olhar na direção da menina. Grace olhou para<br />

ele e então olhou para a menina.<br />

— Boa noite, Kat — , disse ela baixinho, sua expressão crescendo de<br />

preocupação.<br />

Quando a porta foi fechada, os olhos dela estreitaram-se para ele. — Você<br />

poderia ser um pouco mais caloroso com ela. —<br />

— Com quem? —<br />

— Kat. —<br />

Ele franziu a testa. — Do que você está falando? —<br />

— Acho que ela tem uma quedinha por você. —<br />

Smith encolheu os ombros e começou a recolher os papéis que tinha estado<br />

revisando. Ele estava consultando, sobre um caso de fraude para um amigo dele. —<br />

Isso não é culpa minha. —<br />

Grace levantou-se. — Verdade. Mas não é dela, tampouco. Quando você a ignora<br />

como você faz, eu acho que você machuca os sentimentos dela. —<br />

42 Tecnologia de Informação, nome abrangente para métodos de computação, processamento de<br />

informação e comunicação de dados.<br />

111


GGrruuppooRRRR<br />

Nem os olhos ou o tom foram combativos, mas ele se sentiu na defensiva. A idéia<br />

de que o comportamento pelo qual vivia não servia até seus altos padrões o irritou<br />

por uma razão que não queria examinar de perto.<br />

Porque não importa o que ela achava dele.<br />

Smith sorriu sombriamente. — Você quer que a leve a sair num encontro, ou algo<br />

assim? —<br />

— Por que você apenas não atira para ser educado?<br />

Seu primeiro instinto foi o de fazer um comentário para levá-la a largar o assunto,<br />

mas a bravata desbotou quando percebeu que ela não estava tentando controlálo.Estava<br />

honestamente preocupada com os sentimentos da menina.<br />

Smith queria amaldiçoar. Era mais fácil acender contra alguma coisa do que dar<br />

um pedido pensativo, e ele teria preferido o anterior, especialmente em seu atual<br />

estado de espírito. Sua atração por ela, além de infernalmente frustrante, estava<br />

tornando-o mais agressivo do que o habitual.<br />

O que estava dizendo alguma coisa.<br />

— Tudo bem — disse sombriamente.<br />

Ela sorriu. — Agora sim, não foi tão ruim, pois não? —<br />

Como se ele fosse uma criança precisando de calmante.<br />

O comentário gentil de censura foi tudo o que precisava para acender o seu<br />

temperamento. Smith levantou-se e marchou através da sala. Seu sorriso<br />

desapareceu.<br />

O que ele queria fazer, enquanto se levantava acima dela, era beijá-la.<br />

Em vez disso, disse: — Estou disposto a fazer concessões. Não estou muito<br />

interessado em ser patrocinado, apesar de tudo. —<br />

Seus olhos assustados, traçaram sobre o seu rosto e em seguida retornaram para<br />

baixo para a largura de seu peito, como se estivesse lembrando a sensação dele<br />

contra ela. Seus lábios se separaram.<br />

Doce Jesus.<br />

Tudo o que queria era beijá-la.<br />

Então, antes que fizesse algo estúpido, Smith levou o seu mau humor e seu<br />

desejo por ela e voltou para onde tinha se sentado à mesa de conferência.Arrumou<br />

suas coisas e aproveitou o tempo para repreender a si mesmo.<br />

Cristo, de todas as mulheres. Por que tinha de estar tão pendurado em cima<br />

dela? Odiava complicações e não havia nada mais complicado do que uma rica,<br />

112


GGrruuppooRRRR<br />

mulher bonita, que era uma cliente. E por quê não podia simplesmente deixá-lo ir?<br />

Ele tinha esquecido muitas mulheres ao longo dos anos. Quase todas com quem já<br />

tinha estado, por uma questão de facto.<br />

Mas a presente? Ela não iria sair de sua mente.<br />

Toda noite, quando estava no auge de sua loucura, se convencia de que podia<br />

saltar para a cama assim que o trabalho acabasse e tudo ficaria bem. Eles passaria<br />

um par de horas de atletismo juntos, talvez um dia ou dois. E então seguiria em<br />

frente.<br />

Olhando para o teto no escuro, parecia um bom plano, mas durante o dia, sabia<br />

que era uma idéia terrível. Se ela estava indo dormir com um homem, quereria, sem<br />

dúvida, todas as coisas Smith não poderia lhe dar. Ela queria mais do que horas,<br />

mais do que dias. Ela queria um relacionamento. Alguma sensação de segurança.<br />

Alguma estabilidade.<br />

E depois havia os sinos e assobios que ela esperaria. Segundo os jornais, havia<br />

sido cortejada por alguns dos solteiros mais elegíveis em todo o mundo. Homens<br />

que não tinham nada melhor para fazer do que preocupar-se sobre satisfazêla.Homens<br />

que, sem dúvida, apareciam em sua porta de terno com pontas de asa,<br />

diamantes e pérolas. Eram homens capazes de sussurrar palavras doces em um<br />

ouvido delicado e fazer a besteira parece meio credível.<br />

Smith não poderia puxar por esse tipo de ato para salvar a sua alma, mesmo que<br />

fosse para levá-la para a cama para que pudesse tirá-la do seu sangue.<br />

Eles eram de mundos diferentes. Ele vivia à margem da sociedade, no trecho<br />

turvo entre criminosos e civis. Ela era um ídolo, um sonho romântico de um país<br />

inteiro. Ela passava os seus dias no arranha-céu da familia, suas noites em salões,<br />

seus fins de semana em Newport. Ele negociava com sequestradores de vida baixa<br />

e traficantes de balas, negociando e batendo com força em fascistas, num emprego<br />

como forma de vida.<br />

Era de cetim e platina. Ele era de couro e bronze.<br />

Oh inferno. Agora estava começando a soar como um cantor de música country.<br />

Olhou para outro lado da sala. Grace tinha se levantado e estava olhando para a<br />

vista enquanto enquanto o sol se punha. Seus olhos viajaram da coroa da cabeça,<br />

onde seu cabelo loiro estava bem preso, todo o caminho até as pontas dos seus<br />

saltos altos.<br />

Luxuria, quente e carnal, bombeou através dele.<br />

Smith vestiu a jaqueta de couro e sorriu com força, pensando que estavam<br />

ambos com maldita sorte que tinha auto-controle.<br />

113


GGrruuppooRRRR<br />

Porque se não fosse por seus anos de treinamento militar, e o fato de que sua<br />

mente era mais forte do que o seu corpo, ele estaria dentro dela neste exato<br />

momento.<br />

* * *<br />

Grace teve o sonho novamente algumas noites depois. O de seu pai voltar para<br />

ela.<br />

Ela despertou do sono, tornando-se consciente de que ele estava em pé na<br />

soleira da porta de seu quarto. No turvo da luz, podia ver que seus lábios se<br />

moviam, mas não podia ouvir sua voz. Se manteve aparecendo e desaparecendo,<br />

como se através de uma conexão ruim.<br />

O quê, perguntou-lhe em sua mente. O que você está me dizendo?<br />

Seu rosto tinha uma urgência, e observava como ele falava mais rápido.<br />

Eu não posso ouvi-lo.<br />

E, então, pela primeira vez desde que ele morreu, ouviu a sua voz.<br />

Calla Lily. 43<br />

Grace ficou rapidamente na vertical, o coração disparado, a respiração presa em<br />

algum lugar em seu peito. Empurrando os lençóis para longe, colocou os pés no<br />

chão e preparou-se antes de se virar. Olhou na direção da porta de seu quarto. Ele<br />

tinha ido embora.<br />

Ele nunca esteve lá, se corrigiu.<br />

Tropeçando até o banheiro, procurou no escuro pelo copo de água. Abrindo a<br />

torneira, segurou a sua mão debaixo da água com pressa para que chegasse o<br />

refrescamento. Disse a si mesma que a pia era real, o mármore debaixo dos seus<br />

pés era real, a luz pálida que entrava pela janela era real.<br />

Mas seu pai não tinha sido.<br />

Encheu o copo, tomou um par de grandes goles e provou o travo familiar do<br />

metal na água.<br />

Depois de colocá-lo debaixo da torneira novamente, respirou fundo e congelou.<br />

43 Tradução: Jarro, ou copo-de-leite. O nome fica no original porque é importante para a história.<br />

114


GGrruuppooRRRR<br />

O cheiro da fumaça do tabaco fez cócegas no nariz, fazendo-a querer espirrar.<br />

Como sempre tinha acontecido quando seu pai acendia um de seus cachimbos.<br />

E o vidro, como a sua sanidade mental, escorregou de suas mãos.<br />

* * *<br />

Smith tinha acabado de acender um charuto e ficou olhando para a noite, quando<br />

ouviu o acidente. Arremessou a coisa em um cinzeiro, pegou sua arma e correu pelo<br />

corredor.<br />

Quando irrompeu pela porta de Grace, ele ouviu a voz da casa de banho.<br />

— Eu estou aqui. —<br />

Quando ele ligou a luz, a viu nas pontas dos pés cercada por vidros quebrados.<br />

— Eu estou bem, estou bem — , disse ela, piscando os olhos contra a claridade.<br />

— Eu apenas deixei cair um copo e ele quebrou. —<br />

Quando foi capaz de se concentrar nele, olhou para seu peito nu e que foi quando<br />

ele percebeu que estava vestindo apenas um par de boxers. Seus olhos se<br />

arregalaram e ele sabia que estava olhando para suas cicatrizes.<br />

— Tem certeza que você não está ferida? — ele disse duramente, correndo os<br />

olhos pelo corpo dela, tentando manter-se clínico.<br />

Ele falhou. Como uma resposta às suas fantasias, ela não usava muito, apenas<br />

um punhado de seda fina, que era aparado em renda. A visão dos seios empurrando<br />

como frágeis xícaras o fez querer cair de joelhos e ao inferno com os cacos de vidro.<br />

— Eu realmente estou bem. E eu sinto muito, eu o acordei. — Começou a olhar<br />

ao redor no chão como se procurasse uma saída.<br />

— Nem pense em se mover. Você vai se cortar. — Smith colocou a arma sobre o<br />

balcão.<br />

Ela olhou para a arma com cautela. — Eu acho que vou ficar bem se eu... —<br />

— Fique quieta — , disse bruscamente. — Há vidro ao seu redor. Dê-me um<br />

minuto. —<br />

Ele foi para seu quarto e jogou uma camiseta e as botas. Quando voltou ao<br />

banheiro, se aproximou do vidro e agarrou-a.<br />

— O que você está fazendo! — Ela gemeu quando a balançou em seus braços.<br />

Ele não respondeu. O vidro crepitante debaixo da sola grossa disse o suficiente.<br />

115


GGrruuppooRRRR<br />

Assim que bateu o tapete, a soltou abruptamente e ela tropeçou um pouco. Ele<br />

sabia que seria melhor larga-la o mais rápido possível ou alguma coisa estava para<br />

acontecer. Algo como empurra-la na cama e cobri-la com seu corpo.<br />

Com um clima estragado, Smith seguiu até a cozinha, voltou com uma vassoura<br />

e limpou a bagunça.<br />

Estava em seu caminho para fora, quando fez uma pausa e olhou para ela.<br />

Ela estava vestindo o espesso roupão e sentada à beira de sua cama numa na<br />

piscina de luz rasa lançada por sua lâmpada de leitura. Estava de costas para ele e<br />

parecia estar olhando para a escuridão do Central Park.<br />

Basta deixá-la, disse a si mesmo. Não é da sua empresa que está rolando na<br />

cabeça dela.<br />

Você é pago para manter seu corpo em segurança, não para ser o seu psiquiatra.<br />

— Você está bem? — perguntou, de qualquer maneira.<br />

— Sim — , respondeu em voz baixa. Como ele não saiu, olhou por cima do<br />

ombro.<br />

— Realmente — .<br />

— Você quer que eu deixe a luz acesa? —<br />

Ela assentiu com a cabeça.<br />

— Boa noite — , disse, e teve um murmúrio em troca.<br />

Smith foi para a cozinha, arrumou a vassoura, e estava a caminho de seu quarto<br />

quando ouviu um som suave. Era quase inaudível, e esperou para ver se vinha de<br />

novo. Quando isso aconteceu, percebeu que era um soluço.<br />

Caminhou silenciosamente pelo corredor escuro até que estava à beira da porta.<br />

tinha colocado os braços ao redor, e estava a balançar para trás e para frente na<br />

borda da cama.<br />

— Grace? — disse calmamente. Era a primeira vez que a chamava pelo nome.<br />

Ela pulou e enxugou os olhos rapidamente. — O quê? —<br />

— Por que você está chorando? —<br />

— Eu não estou chorando. — Ele viu como os ombros se definiram rígidos.<br />

— Diga-me o que acordou você mais cedo. —<br />

Ela acenou. — Eu estou bem. —<br />

116


GGrruuppooRRRR<br />

Smith tomou uma respiração profunda. Mulheres soluçando nunca tiveram<br />

muito poder sobre ele. Qualquer poder, na verdade. Era atraído para a força, não<br />

para a fraqueza.<br />

Mas ele podia desviar os olhos de sua solidão na cama grande, se esforçando para<br />

parecer composta.<br />

— Você não está bem. —<br />

Quando ela se virou, seus olhos verdes eram hostis.<br />

Ele quase sorriu, pensando que sabia tudo sobre esse tipo de reação. Todas sobre<br />

afastando as pessoas.<br />

— Eu pensei que não era para ficar a conhecer uum ao outro — , disse ela<br />

calorosamente.<br />

Ele deu de ombros. — Talvez eu estivesse errado. —<br />

Não, ele estava certo. Mas, apesar de seus instintos gritarem que voltasse para o<br />

seu quarto, estava indo para ficar até que ela se acalmasse.<br />

Ela olhou-o firmemente. — Ok, então você pode ser o primeiro. —<br />

Com uma inspiração determinada, cruzou os braços sobre o peito. Quando ele<br />

permaneceu em silêncio, ela deu-lhe um olhar afiado.<br />

— Como? Não há nada que você queira compartilhar? Nenhum segredo<br />

profundo e escuro que você queira falar? —<br />

— Isto não é sobre mim — , disse rispidamente.<br />

— Você alguma deixa que seja sobre você? —<br />

Nem em um milhão de anos, pensou ele.<br />

— Olhe — , disse razoavelmente — , você está sob um estresse incrível agora.<br />

Deixando algum sair pode ajudar. —<br />

— Vá. Se. Foder. — Ela piscou-lhe um olhar brilhante. — Que tal isso? —<br />

Ele sorriu, saboreando sua determinação. — Palavras bonitas e fortes para uma<br />

condessa. —<br />

— Bem, eu não estou me sentindo bem realmente régia agora. Estou cansada de<br />

cair aos pedaços por dentro e ter que fingir que eu estou...Eu estou bem. — Tomou<br />

uma respiração profunda. — O lábio superior em rotina rígida pode ser esgotante e<br />

maçador, quando a sua vida está uma bagunça. —<br />

Olhou enquanto ela escalou entre os lençóis e puxou a colcha de renda até o<br />

queixo. — Agora, se você não se importa? Eu gostaria de dormir um pouco. —<br />

117


GGrruuppooRRRR<br />

Smith se aproximou da cama e viu seus olhos se ampliarem quando se sentou ao<br />

lado dela.<br />

— Digo uma coisa a você — , ele demorou. — Vamos fazer olho por olho — .<br />

— O quê? —<br />

— Digo alguma coisa sobre mim, mas então você tem para falar. Eu vou até<br />

deixar você escolher. Você quer ouvir sobre o inferno na escola Ranger? E quanto ao<br />

calor seco na Guerra do Golfo? Você quer saber o que me dá indigestão? Não é<br />

comida mexicana. —<br />

Ela olhou para seu rosto por mais um tempo. — Você está falando sério? —<br />

Droga de inferno, parecia que ele estava.<br />

— Sim, estou. —<br />

Empurrou a si mesma até que estava sentada contra a cabeceira acolchoada. Ela<br />

era, pensou, a tentação personificada. Seu cabelo, que estava fluindo em torno de<br />

seus ombros em ondas soltas, brilhava com destaques loiros. Sua beleza era<br />

clássica, como sempre, mas com os lábios entreabertos e o nariz um pouco<br />

vermelho de tanto chorar, havia uma vulnerabilidade atraente nela.<br />

Forçou-se a não avaliar o que o corpete da camisola poderia ou não poderia<br />

revelar.<br />

— Eu quero saber sobre as cicatrizes — , disse ela abruptamente.<br />

Smith teve de conter-se fisicamente de recuar.<br />

Merda. Aquilo não era o que tinha em mente.<br />

Estava preparado para dar-lhe um exame curto sobre como lidar com um<br />

comandante de batalhão bunda-dura.<br />

Talvez um pouco de história durante a guerra com um final feliz, como quando<br />

salvou um velho e sua família.<br />

E, ser intolerante à lactose não era grande coisa.<br />

Mas as cicatrizes? Ele não falava com ninguém sobre elas, nem com os seus<br />

caras, como Tiny e Eddie.<br />

Nem todas as feridas lhe tinham sido infligidas como adulto.<br />

— Você disse que eu podia escolher, sussurrou. — E eu o fiz. —<br />

Smith pigarreou, procurou na sua mente por palavras e veio com um monte de<br />

nada.<br />

118


GGrruuppooRRRR<br />

Sua mão pousou suavemente em seu ombro e ele hesitou. Através da camiseta,<br />

podia sentir os dedos se movendo lentamente para baixo em suas costas enquanto<br />

ela explorava a sua pele, demorando-se aqui e ali.<br />

Smith teria corrido, se pudesse. Mas seu corpo parecia de chumbo.<br />

Quando chegou a uma cicatriz em volta do seu lado, uma das mais antigas, ela<br />

foi mais longe. — Diga-me sobre esta. —<br />

Uma imagem cortou na sua mente com a precisão horrível de uma faca e viu<br />

claramente os eventos que tinham décadas. Sentindo-se enjoado, disse a si mesmo<br />

para ficar quieto.<br />

— Por favor. —<br />

A palavra suave era uma promessa de conforto que nunca teve. Que nunca quis<br />

antes.<br />

Respondeu-lhe antes que pudesse parar a si mesmo.<br />

— Queimadura de cigarro. — Smith não reconhecia a sua própria voz. Dura e um<br />

pouco rouca, a ouvia de uma distância longa. — Meu pai gostava de fumar. Ele<br />

sempre conseguia encontrar fósforos. Cinzeiros era uma história diferente.<br />

Eventualmente, eu tinha para que pudesse fugir dele, mas demorei um longo<br />

tempo. —<br />

Ouviu um assobio e percebeu que tinha sido dela.<br />

Smith não foi mais longe. Ela não precisa saber mais detalhes.<br />

— Eu lamento muito. —<br />

Isso foi totalmente errado, uma voz dentro dele gritou.<br />

Com todas as mulheres que teve, cujas mãos tinha permissão para tocá-lo,<br />

nunca, nunca, deixou o assunto surgir. Mesmo as que tinham tido alguma uma<br />

laceração própria sabiam que não podiam falar do seu mapa de horrores. E agora,<br />

dolorosamente, esta bela mulher, esta senhora, que podia saber nada sobre o que<br />

havia sido feito para ele, sobre o tipo de lugares que ele foi e as pessoas com que<br />

negociou, esta mulher delicada, o queria sobre o pesadelo .<br />

— Todas são de... — Ela não terminou a sua pergunta.<br />

Um músculo começou batendo em seu queixo.<br />

Ele forçou os ombros num encolher de ombros. — Vamos apenas dizer que eu<br />

estive ao redor do bloco algumas vezes. —<br />

— Eu quero vê-las. Todas elas. —<br />

Com uma guinada, se afastou dela. — Isto já foi longe o suficiente. —<br />

119


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu não acho que foi — , disse, enquanto se deslocava em direção a ele.<br />

Smith estava completamente incapaz de qualquer coisa racional, seus dedos<br />

foram para o fundo da camisa.<br />

Ele agarrou nas mãos em um aperto brutal.<br />

— Você não quer fazer isso. —<br />

— Sim, eu quero. Eu não tenho medo do seu passado. —<br />

— Você deveria ter. —<br />

— Eu não tenho. E não tenho medo de você, também. —<br />

Gentilmente, ela tirou as mãos e lentamente subiu o tecido fino. Sua respiração<br />

começou a vir para fora em explosões e seu corpo, preso entre a vontade dela e<br />

dele, começou a tremer no conflito.<br />

Quando o ar atingiu sua pele, ele não podia aguentar mais. Ele explodiu fora da<br />

cama e arrancou a porcaria fora. Estendeu os braços largamente, sentindo seus<br />

músculos expandir.<br />

—<br />

— Aqui, eu vou te dar todo o show — , disse impiedosamente. — Frente e verso.<br />

Seus olhos ficaram em seu rosto.<br />

— Vamos lá, condessa. Você não quer olhar agora? É demais? — Foi sarcástico<br />

com ela, atacando.<br />

O fazia se sentir fraco com sua empatia e se ressentia de como se sentia exposto.<br />

Balançou a cabeça e os olhos dela eram sombrios, como se tivesse tomado o seu<br />

passado no fundo dentro de si mesma e<br />

sentia os ecos de dor em seu próprio corpo.<br />

— Não está com tanta pressa para me tocar agora, está? Agora que você pode<br />

ver tudo. —<br />

Estava esperando que se a empurrasse bastante duro, ela se afastaria. Os outros<br />

que tentaram chegar perto fugiram quando ele lhes mostrou a mesma raiva.<br />

Mas Grace não correu.<br />

Lentamente, se levantou da cama e estendeu a suave mão delgada. Quando ela<br />

tocou seu estômago delicadamente, ele inalado ruidosamente.<br />

Seu primeiro instinto foi o de gritar. Estava furioso que ela o tinha desafiado e o<br />

expôs. Que estava perto o suficiente para que pudesse sentir o cheiro dela. Que<br />

estava lhe oferecendo compaixão, compreensão e carinho enquanto estava<br />

marcado com ferimentos de guerra, duro e feio.<br />

120


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu acho que você é lindo — disse baixinho, olhando para ele.<br />

— Então você é uma cega do caralho. — .<br />

Ela balançou a cabeça lentamente. — Eu vejo você, todo você. Claramente. —<br />

Grace traçou um caminho através de seu estômago e parou quando chegou à<br />

cintura de sua cueca. Sentiu-se inchar com o seu toque e tornou-se imediatamente<br />

consciente de que estava semi-nu e que ela estava usando quase nada e estavam a<br />

sós na penumbra.<br />

A agarrou na parte superior dos braços e a puxou contra ele. Duro. Sua única<br />

resposta foi a de inclinar a cabeça para trás para que pudesse continuar a olhar nos<br />

seus olhos.<br />

— Você pode querer manter suas mãos para si mesma. — Ele fez suas palavras<br />

tão frias quanto possível. — Você me toca assim e eu não estou pensando sobre a<br />

corajosa Florence Nightingale que você é. —<br />

— Então o que você está pensando? —<br />

Deu-lhe um abanão e viu como o cabelo dela balançava nos ombros e chamava a<br />

luz.<br />

— Maldição — , ele rosnou. — Não faça isso. —<br />

Seus olhos eram suaves, luminosos. Quentes. Sabia o que ela estava pensando e<br />

não tinha nada a ver com falar. Nesse olhar coberto e contraído, estava pedindo o<br />

que ela queria. E ela o queria.<br />

Apesar da sua raiva. Apesar das marcas em sua pele.<br />

A única parte honrosa dele, falou.<br />

— Ouça-me, Condessa. Este meu corpo é construído para foder. Você sabe<br />

mesmo o que é isso? Estamos falando de uma noite, contra a parede, não sei o<br />

nome dela e não quero saber desse tipo de cuidados de merda.<br />

— Você não quer isso. — Ela parecia tão triste, como se lhe tivesse roubado algo.<br />

— Inferno — Ele deixou escapar alguma da sua frustração com uma respiração<br />

profunda. Tudo sobre o que estava sonhando, estava em seus braços, mas a única<br />

coisa que podia fazer era deixá-la ir. — Você não entende? Você merece mais do<br />

que o que eu posso te dar. Você precisa de alguém que vai fazer amor com você.<br />

Não um que vai te foder, e deixar você e sua cama numa bagunça. —<br />

— Você não faria isso. —<br />

— Oh sim, eu faria — Smith não podia se virar, mas não queria beijá-la, porque<br />

sabia que estaria perdido. Então, empurrou as mãos nas ondas de seus cabelos e<br />

puxou-os para a frente. As extremidades desembarcavam abaixo dos seus seios,<br />

121


GGrruuppooRRRR<br />

que estavam subindo e descendo enquanto respirava pela boca. Ele levantou uma<br />

mecha e levou-a na frente de seu nariz. Inspirando, pegou o perfume de jasmim.<br />

Quando deixou o cabelo cair, o observou assentar entre os seios e ondular<br />

gentilmente ao redor de um mamilo coberto de seda.<br />

Doce Jesus, ele a queria.<br />

Olhou para os lábios. Eles se separaram, em forma de arco, delicados.<br />

— Eu não quero te machucar — disse sombriamente. A verdade era uma<br />

surpresa.<br />

— Eu sei — Ela estendeu a mão e o tocou no rosto, passando a palma da mão<br />

para baixo sobre a rigidez da barba em crescimento. — Mas eu não quero ser salva.<br />

Não é isso que eu quero. Não esta noite. —<br />

Lutar era difícil. A recusar era... impossível.<br />

Smith dobrou suavemente para a frente e lhe acariciou a boca com a sua própria.<br />

Quando ouviu seu gemido, colocou mais pressão no beijo e a tomou em seus<br />

braços.Com a língua começou a lamber o seu lábio inferior, sentiu as mãos dela se<br />

apoiando nele. Movendo-se ainda mais, explorou a boca, mergulhando cada vez<br />

mais profundo.<br />

Seus dedos foram para as alças de sua camisola. Lentamente, lançou as fitas de<br />

cetim a partir de seus ombros até que ela estava nua aos seus olhos e o corpete de<br />

seda era uma piscina em torno dos quadris. O sangue rugia nos seus ouvidos e a<br />

puxou para a cama assim estava deitada de volta no edredon coberta com a renda.<br />

Começou a beijar a pele em sua clavícula e, em seguida, foi descendo, arrebatando<br />

os seios e depois o estômago.<br />

Com cada vez mais urgencia, moveu as mãos sobre a curva dos quadris e as<br />

coxas. Indo sob o traço fino de sua camisola, ele acariciou-lhe as pernas,<br />

empurrando a seda frágil até que ela foi.<br />

Quando Smith deslizou a mão para sua coxa, sentiu a pele macia e o calor saindo<br />

dela. Enquanto se movia mais acima, adorou a sensação ondulante dela debaixo<br />

dele e olhou para cima. A imagem dela arqueando para trás e sua cabeça inclinada<br />

em um ângulo para que ela pudesse vê-lo foi a coisa mais erótica que já tinha visto.<br />

Colocou a boca em seu estômago, logo abaixo do seu umbigo, e rezou para autocontrole.<br />

Enquanto movia as mãos cada vez mais perto do seu núcleo, segui com a<br />

boca, beijando sua pele através da seda.Tinha toda a intenção de aprender sobre o<br />

seu íntimo.Com os seus dedos. Sua língua. Seu corpo.<br />

A excitação de Smith cresceu com emoção a tal altura que á primeira não<br />

percebeu quando as mãos dela começaram a empurrar contra os seus ombros. Ela<br />

começou a se debater, mas assumiu que era da mesma paixão que ele sentia.<br />

122


Estava errado.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Não. Pára! — Grace disse, com alarme, se erguendo imediatamente.<br />

Começou a lutar com a camisola e, em seguida, desistiu, puxando um travesseiro<br />

para cobrir os seios. Estava tremendo e pálida.<br />

Smith se moveu para a beira da cama e pôs a cabeça entre as mãos. Estava<br />

lutando para diminuir a fome que grassava no seu corpo, maldizendo-se com cada<br />

respiração irregular.<br />

— Estou... estou arrependida — disse baixinho. Estendeu a mão para ele, e<br />

tocou-lhe no braço.<br />

Ele puxou de volta. A última coisa que precisava era a mão dela sobre ele. Não<br />

enquanto estava tentando convencer o troglodita interior para se manter civilizado.<br />

— Não é que eu não quero... —<br />

— Mas a visita ao lado errado da trilha foi mais dura do que você pensava? — Sua<br />

voz estava rouca.<br />

— Bom Deus, não. Não é nada disso. É só que... meu marido —<br />

— Eu realmente não quero ouvir falar dele agora, se você não se importa. —<br />

Smith ficou de pé. Ele precisava infernalmente de sair de perto dela. — Boa noite,<br />

condessa — .<br />

Saiu rápidamente, andando de volta para seu quarto em passos longos, com<br />

raiva. Queria fechar todas as portas entre eles.<br />

Fechar apertado, por amor de Cristo. Sentia, que precisava de algo um inferno de<br />

muito mais resistente do que a sua vontade para mantê-los separados.<br />

Capítulo 11<br />

Na manhã seguinte, Grace se atrapalhou para desligar o alarme. A mão dela batia<br />

na mesa de cabeceira, correndo em seu diário, a luz, tudo, exceto o relógio.Ela abriu<br />

os olhos, bateu a coisa em silêncio, e caiu para trás em suas almofads.<br />

Lá fora estava uma tempestade, e chuva fustigava as janelas.<br />

Olhou para baixo e viu a camiseta que Smith tinha arrancado do seu corpo. Um<br />

rubor passou por ela enquanto se lembrava do que tinha acontecido em<br />

seguida.Ainda podia sentir a sua boca, faminta sobre a dela, e suas mãos que<br />

viajando através de sua pele. Tinha sido um borrão, indo de sua ira para os seus<br />

123


GGrruuppooRRRR<br />

beijos, a partir da borda da razão para além do controle.Se sentiu como se estivesse<br />

sendo possuída por ele.<br />

Puxando para trás, parando ele, tinha sido um ato de auto preservação.<br />

Algum tempo depois ele se deitou, enquanto ele estava beijando a barriga dela e<br />

acariciando seus pés, tomando-lhe mais e mais em algum tipo de frenesi que ela<br />

nunca tinha experimentado antes, ela se tornara oprimida e um pouco<br />

assustada.Ele não estava machucando, mas as coisas foram mudando tão<br />

rapidamente que não tinha sido capaz de processar o que borbulhava em sua<br />

consciência.Insegurança, insípida e perturbadora, tinha cortado através da paixão e<br />

trouxe à tona as memórias de que ela não poderia escapar.<br />

Até o fim de seu casamento, sua vida sexual com Ranulf tinha se fragmentado<br />

em um exercício de humilhação doloroso para ela. Á medida que ele se tornava<br />

mais e mais desencantado com sua esposa, crescia mais áspero como amante, até<br />

que aprendeu a temer a sensação de mergulhar para baixo na cama quando ele<br />

deslizava ao lado dela à noite.<br />

O que tinha sido anteriormente uma experiência bastante agradável, tornou-se<br />

algo a que resistia e a sua resposta fria, só piorou a situação. Ele tornou-se<br />

impotente e colocou a culpa pela sua disfunção sexual nela. Com todas as falhas,<br />

protestava contra ela, dizendo que era frígida e uma mulher difícil. Se revoltou ele<br />

uma vez, explicando que uma mulher precisava de mais do que apenas umas mãos<br />

ásperas abrindo as pernas para desfrutar do sexo, e tinha sido a única vez na sua<br />

vida, que tinha temido que um homem a pudesse atingir.<br />

Embora soubesse que Ranulf a ridicularizava para ser cruel, porque tinha sido<br />

humilhado como também desiludido com ela e com o casamento, uma parte dela<br />

se perguntava se ele não tinha um pouco de razão.Tinha tido um amante antes de<br />

seu marido e não poderia descrever a sua atração por qualquer deles, como<br />

esmagadora. Entre suas experiências anteriores e o vocabulário depreciativo vívido<br />

de Ranulf, tinha dúvidas se poderia satisfazer um homem. Ou se ela mesma podia<br />

ser satisfeita.<br />

Até que John Smith tivesse aparecido.<br />

Sua reação a ele fundiu para fora de portas a noção de que era frígida. Mas ele<br />

não fez nada para dissipar as auto-dúvidas do outro lado de si mesma. Se havia um<br />

homem no planeta, que queria satisfazer, era Smith.<br />

Só não sabia se conseguiria.<br />

Conhecer os fundamentos do sexo não era garantia de que você poderia fazer<br />

tudo e confiar que era qualquer coisa mais do que um treino cardiovascular<br />

moderado. Inferno, aprendeu isso a partir de Ranulf... antes de ficar maldoso.<br />

124


GGrruuppooRRRR<br />

Quando as dúvidas em sua mente tinha cortado através do desejo em seu corpo,<br />

ela só queria retardar o que estava acontecendo entre eles. Precisava de um<br />

momento para recuperar o fôlego, se preparar para dar o salto para um território<br />

desconhecido.<br />

Mas quando ele não parou, entrou em pânico porque a luta a lembrou de Ranulf.<br />

Não poderia por a culpa em Smith por sair de mau humor.<br />

Jogando as cobertas para trás, Grace saiu da cama e pegou sua camiseta branca.<br />

Não queria que ficasse a pensar que ela tinha puxado para trás, porque não o<br />

queria. Pode ter perdido a razão temporariamente, mas não o seu desejo por ele.<br />

Puxando um roupão de banho, ela deixou o quarto e encontrou-o em seu quarto,<br />

sentado na espreguiçadeira ao lado da janela.Ele olhou para cima a partir do livro<br />

que estava lendo no instante em que apareceu na porta. Sua expressão estava<br />

totalmente fechada.<br />

— Você está saltando a corrida esta manhã? — perguntou ele vivamente.<br />

Ela assentiu com a cabeça enquanto uma rajada de vento empurrou a chuva<br />

contra as janelas e a água caiu em um padrão de som.<br />

— Eu... ah, eu trouxe a camiseta de volta. — Colocou-a sobre uma das camas e<br />

limpou a garganta. — Escute, ontem à noite sobre... —<br />

Fechou o livro rapidamente e olhou para fora na manhã cinzenta. — Eu lhe devo<br />

uma desculpa. —<br />

Grace franziu o cenho. — Do que você está falando? —<br />

Ele lhe lançou um olhar seco. — Além do fato de que eu nunca deveria nos ter<br />

colocado nessa posição, eu não a deixei ir quando eu deveria ter. Eu não sabia que<br />

queria parar. A única desculpa que posso oferecer é que eu não costumo ficar que...<br />

preocupado. —<br />

Sua boca relaxaou com a surpresa. Esperava que ficasse bravo porque não tinha<br />

conseguido o que queria. Isso teria sido certamente a primeira resposta de seu pai e<br />

Ranulf.<br />

Os olhos de Smith estavam contraídos quando a cortou antes que ela pudesse<br />

falar.<br />

— Eu não queria assustá-la. E não o nego — disse quando ela balançou a cabeça<br />

e abriu a boca. — Eu sei o que eu vi nos seus olhos na noite passada. Era medo. —<br />

— Mas eu quero que você saiba por que eu não podia... —<br />

125


GGrruuppooRRRR<br />

— Não é da minha empresa e, para ser honesto, eu não quero ouvir os porquês.<br />

Eles não são relevantes. A última coisa que você precisa é ter medo em sua própria<br />

casa. De mim —<br />

— Eu não me sinto ameaçada por você. — a voz de Grace era séria. Ele<br />

considerou pensativamente mas depois sacudiu a cabeça.<br />

— Mesmo se isso é verdade, isso não importa. — Smith reabriu o livro. — Deixeme<br />

saber quando o chuveiro estiver livre. —<br />

— John... — Ele olhou para cima com uma expressão sombria. — Eu não me<br />

afastei, porque eu não quero você. —<br />

— Francamente, eu gostaria que fosse o motivo. —<br />

Ela franziu o cenho. — Mas por quê? —<br />

Ele não respondeu. Em vez disso, seus olhos voltaram ao livro.<br />

Grace não tinha escolha senão deixá-lo. Havia muito mais a ser dito mas sabia<br />

que ele não falaria mais.<br />

* * *<br />

Quando chegaram ao edifício da Câmara, depois de uma viagem longa e<br />

tranquila no trânsito, Grace fez uma pausa para falar com algumas pessoas no átrio,<br />

enquanto Smith foi dar a entrada com o oficial de segurança de plantão.<br />

— Esse é consultor? — um dos funcionários sussurrou enquanto balançou para<br />

Smith.<br />

Assim, a palavra tinha circulado, Grace pensou enquanto concordava.<br />

— Ele parece um pouco... duro para um cara OD — .<br />

— Ele é um especialista — disse, esperando que o assunto voltaria a cair.<br />

— Eu aposto que ele é — , opinou uma outra mulher ao olhar Smith acima e para<br />

baixo.<br />

Grace estava de mau humor quando entrou no elevador com ele.<br />

Logo que eram apenas os dois, ele disse: — Por que você está olhando assim? —<br />

— Como o quê? —<br />

— Como em sua mente, você tem suas mãos em torno da garganta de alguém.<br />

—<br />

126


— Eu não sei o que você está falando. —<br />

— Claro que sim. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

As portas do elevador se abriram no seu andar e ela lhe lançou um olhar<br />

desafiador. — Você realmente deseja continuar com isso?orque se bem me lembro,<br />

esta manhã, você foi o único com a boca fechada. —<br />

Smith deu-lhe um sorriso preguiçoso, enquanto caminhavam pelo corredor.<br />

— Tocada — ele disse suavemente enquanto iam até a mesa de Kat, e a menina<br />

olhava para cima.<br />

— O senador Bradford ligou — disse a Grace. Ela olhou para Smith,<br />

cautelosamente, como se esperasse dele olhar através dela novamente. — Ele<br />

queria a lembrar para ir para o Plaza na sexta-feira. Sete horas. Formal — .<br />

— Obrigada. Eu vou estar lá com sinos. —<br />

— Bom dia, Kat, — Smith disse casualmente.<br />

— Bom dia — Os olhos da menina queimavam.<br />

— Como era o cara de TI? —<br />

— Er... ele era realmente um tipo de bem. — Uma tentativa de sorriso apareceu.<br />

— Ele gosta de beisebol, também, e, ah, eu poderia voltar a sair com ele. —<br />

— Certifique-se que ele paga para o jantar. —<br />

Seus olhos saltaram ao redor um pouco, como se ela estivesse perturbada pela<br />

atenção. — Ei, você precisa de algo?Café?<br />

— Café iria ser ótimo, obrigado. Simples — .<br />

Depois de Grace e Smith entraram em sua sala, ele foi até a mesa de reunião e<br />

sentou-se, abrindo os arquivos em que tinha passado dias debruçado. Quando ele<br />

começou a fazer anotações, sabia que estava deliberadamente evitando o olhar de<br />

aprovação que ela estava mandando.<br />

Quando Kat entrou com o café, fechou a porta atrás dela.<br />

— O que há de errado? — Grace perguntou.<br />

— Há um homem lá fora — disse a menina enquanto dava uma caneca<br />

fumegante a Smith. — Ele não tem nada agendado e está pedindo para vê-la.<br />

Alguém chamado Fredrique. —<br />

Grace se encolheu. — É sobre a Gala. Ele fez o planeamento da festa e os últimos<br />

anos de catering para nós, mas eu não o recontrato, porque ele custa uma pequena<br />

fortuna. Ele provavelmente só quer lançar para um arremesso do negócio que eu já<br />

recusei. —<br />

127


GGrruuppooRRRR<br />

— Ele parece que está preparado para esperar. —<br />

— Sério? —<br />

— Ele trouxe um refrigerador e um jornal. —<br />

— Mande-o de seguida — , disse Grace, irritada. — Não faz sentido transformar<br />

a área de espera em um café. —<br />

Quando Fredrique entrou na sala, sorriu largamente. Vestido de branco de chef,<br />

o homem tinha um pequeno cesto de piquenique em uma de suas mãos. Parecia<br />

como se tivesse ganho algum peso, ela pensou, embora talvez fosse apenas a forma<br />

como o algodão duro caia sobre a sua curta e robusta figura.<br />

Quando ele chegou perto para um beijo no ar, aceitou o cumprimento com<br />

reserva.<br />

— Por favor, tome um assento — disse ela, apontando para uma cadeira em<br />

frente ao balcão.<br />

Enquanto se sentava, olhou por cima do ombro em Smith. — E quem é este? —<br />

— O que posso fazer por você? — Seu tom era direto.<br />

Fredrique enfrentou a sua relutância, como se ele tivesse gostado da introdução.<br />

— Eu trouxe uma coisa para amostra. A partir da nova linha de hors d'oeuvres<br />

que estou desenvolvendo com Lolly Ramparr de NightWorx. Você conhece Lolly,<br />

não é? Ela e eu estamos no mesmo caminho. —<br />

Grace estreitou os olhos, duvidando de que ele estava realmente trabalhando<br />

com Lolly. Depois de entrevistar várias empresas, Grace tinha decidido utilizar<br />

NightWorx como um fornecedor da Gala deste ano porque tinham uma boa<br />

reputação e eram razoáveis, considerando a sua popularidade. Lolly tinha<br />

perguntado especificamente se Fredrique estava indo trabalhar no evento e Grace<br />

explicou seus motivos para não o usar. Lolly, uma pessoa honesta, que até não era<br />

cruel, tinha indicado que ela foi se afastando de colaborar com ele por motivos<br />

semelhantes.<br />

Fredrique colocou refrigerador em sua mesa, dividindo as alças e retirou fora a<br />

tampa. — Eu entendo que você está usando Lolly este ano para a Gala — disse ele<br />

casualmente. — Ela é um talento, como você deve se lembrar quando você provar<br />

estes. —<br />

Ele pegou um prato branco. Nele, havia três pequenos montes de cor de mousse<br />

de pêssego em cima de algum tipo de biscoito.<br />

— Eu chamo-os torres de camarão. — Estendeu o prato, como se estivesse<br />

oferecendo jóias. — Experimente-os e se apaixone — .<br />

128


GGrruuppooRRRR<br />

— Sinto muito, Fredrique. Eles são lindos, mas eu sou alérgica a frutos do mar. —<br />

Ele franziu a testa e retirou o prato. Olhando para Smith, disse, — Talvez você vá<br />

fazer as honras? —<br />

Smith, que desviou sua cadeira e foi em direção a Fredrique olhando para ele,<br />

apenas balançou a cabeça.<br />

O outro homem teve um momento para recompor-se. — Não importa, vou<br />

trazer-lhe outra coisa. Talvez lombinhos de batata chips incrustadas com sésamo.<br />

Ooh! Eu tenho um maravilhoso cordeiro recheado de cogumelos... —<br />

— Eu aprecio a lembrança, mas tenho de lembrá-lo. Nós não estamos no<br />

mercado para o seu tipo de serviços. —<br />

Fredrique ficou rígido e devolveu o prato para o cooler. Com movimentos<br />

precisos, ele colocou a tampa de volta e reuniu as pegas por cima. — É uma<br />

vergonha para a Gala perder a minha contribuição. Mimi Lauer está entusiasmada<br />

com o meu trabalho no evento do balé. —<br />

Grace não tinha tanta certeza sobre isso, assim como Mimi tinha ligado<br />

recentemente para expressar a sua frustração com o homem.<br />

— Eu não sei o que dizer, Fredrique. Nós não estamos usando um planeador de<br />

festas este ano. —<br />

De repente, ele sorriu.<br />

— Talvez não na Fundação, mas em particular? — Ele começou ganhando força<br />

novamente. — Como você sabe, eu faço festas fabulosas em casas particulares.<br />

Apesar de que meu livro está enchendo rápido, eu posso ter a certeza que poderia<br />

salvar uma data. Eu pretendo me reunir com Isadora Cunis esta semana sobre as<br />

férias das festas, mas eu poderia ter certeza de você obteria a primeira escolha do<br />

calendário.Contanto que você coloque um depósito hoje. —<br />

— Eu não penso assim. — Grace não queria levar o cara e sabia que tinha que ser<br />

clara. Ela foi educada, que qualquer polida e persistente prevaricação só seria vista<br />

como uma abertura. — Mas eu agradeço a oferta. —<br />

Levantou-se, esperando que ele pegaria a dica.<br />

Fredrique olhou para ela e então lentamente se levantou, ajeitando o uniforme<br />

de chef com um movimento brusco. Forçou um sorriso para ele enquanto ele<br />

pegava no refrigerador, e depois levou-o através da sala.<br />

— Obrigado por vir — disse ela, desejando que só o queria empurrar para fora da<br />

porta. Seu dia era lotado e a última coisa que ela precisava era de um acidente<br />

129


GGrruuppooRRRR<br />

vascular cerebral, no ego de alguém cuja comida era de segunda categoria, e que<br />

havia cobrado um excesso deles no ano anterior na ordem de US $ 20.000. 44<br />

Fredrique, no entanto, não ia ser apressado. Ele levou o seu tempo, olhando ao<br />

redor do escritório, enquanto ela ficava na porta aberta.<br />

— Essa bela pintura de um... ele murmurou, enquanto olhava para a paisagem<br />

sobre a mesa da conferência.<br />

— Obrigada. — Agora, se você não se importa, eu tenho outro compromisso<br />

para ir. —<br />

Foi pega de surpresa quando ele veio até perto dela. Tem certeza que deseja<br />

continuar? —<br />

Grace franziu a testa, mas antes que pudesse responder, a mão de Smith<br />

prendeu no ombro do homem.<br />

— Você quer se afastar um pouco, Fredrique — O sorriso de Smith foi o pólo<br />

norte de quente.<br />

O outro homem levantou os olhos de surpresa e imediatamente se afastou de<br />

Grace. Com uma pequena reverência, ele murmurou, — Eu tenho certeza que a<br />

vou ver novamente em breve, condessa — .<br />

Quando ele foi embora, Grace deu um suspiro de alívio e fechou a porta.<br />

— Obrigado por colocar algum espaço entre ele e mim — disse a Smith quando<br />

ele sentava na mesa de conferência.<br />

— Eu não posso ser muito cuidadoso. —<br />

Ela escondeu um estremecimento. — Eu provavelmente deveria avisar Isadora<br />

que está em busca de negócios e ela vem em sua lista — .<br />

Além disso, pensou ainda entorpecida, ela e Isadora tinham outras coisas para<br />

falar. Suas amigas perdidas. Esse bom-terrível artigo.<br />

* * *<br />

Grace passou o resto da semana em confusão. Parecia haver um suprimento<br />

infinito de problemas a enfrentar. Os convites para a Gala, que precisavam ser<br />

enviados imediatamente, voltaram com um erro de impressão. O custo da<br />

reimpressão foi uma pequena fortuna, e quando ela olhou para o produto final, a<br />

44 46.072.00 BRL – 19.900 EUR.<br />

130


GGrruuppooRRRR<br />

ausência da peça mais importante do leilão era óbvia. Ela esperava que ninguém<br />

pegasse nisso, mas sabia que eles iriam.<br />

Lamont estava certo sobre uma coisa.Tentando fazer trabalho de seu pai e<br />

levantar um evento de prestígio juntos era uma carga pesada ao ombro. Lidar com<br />

os fornecedores, empresas de locação, os homens de som, publicitários e grafistas<br />

de vídeo era um escoador incrível do seu tempo.Como a demanda aumentou, e o<br />

evento se aproximava, começou a contar com Kat mais e mais. Felizmente, a<br />

menina saudou a responsabilidade extra.<br />

Grace estava tão distraída com o trabalho e a corrente entre ela e Smith, que ela<br />

quase se esqueceu do perigo em que estava metida.<br />

Até que Tenente Marks ligou novamente.<br />

Ela e Smith tinham acabado de entrar no apartamento depois de assistir a uma<br />

abertura de galeria tarde da noite quando o telefone começou a tocar. Assim que<br />

ouviu a voz do tenente, o medo voltou, vivido e terrível.<br />

— Não se preocupe — , disse ele. — Estou apenas verificando. Você viu alguma<br />

coisa diferente? Smith ainda está com você? —<br />

Sentiu uma onda de alívio quando se sentou no sofá. — Sim, ele é. E não, não<br />

realmente. —<br />

— Você pode colocá-lo em linha? —<br />

Grace chamou Smith. — Marks quer falar com você. —<br />

Quando Smith pegou no telefone, ela observou-o ansiosamente. Não tinha ideia<br />

do que estavam falando aproximadamente, ouviu que todas as respostas Smith e<br />

eram curtas. Ele desligou o telefone e ficou desapontada quando não disse nada.<br />

— Tem alguma coisa errada? — perguntou.<br />

Balançou a cabeça.<br />

— Então do que você falou? —<br />

Ele deu de ombros e começou a caminhar pelo corredor. Correu atrás dele.<br />

— Diga-me — ela exigiu e agarrou o braço dele. Seu pulso era grosso e quente<br />

sob os dedos, lembrando-a do que sentia estar contra o seu corpo.<br />

Quando ele olhou para o contato, pegou a mão dela de volta, mas pisou na frente<br />

dele, bloqueando o caminho de seu quarto.<br />

— Não esconda coisas de mim — , disse sem rodeios. — Eu prefiro saber más<br />

notícias que ter de lidar com o que minha mente pode imaginar. —<br />

131


GGrruuppooRRRR<br />

Smith lhe deu um olhar de nível antes de falar. — A única coisa que sabem é que<br />

as vítimas foram mortas pela mesma pessoa. Eles testaram amostras de sangue,<br />

DNA e as fibras de cabelo encontrado em uma das cenas, com pele encontrada nas<br />

unhas das vítimas e condizem. Fora isso, eles não têm ligações. Nenhum suspeito.<br />

Nenhum motivo. —<br />

Ela inclinou seu quadril e ombro contra a parede, sentindo-se doente enquanto<br />

imaginava suas amigas arranhando o assassino. E o fato de que a polícia não havia<br />

feito muito progresso era assustador. No fundo de sua mente, tinha assumido que<br />

eles estavam apanhando pistas e dicas que acabariam por fazer algum tipo de<br />

sentido.<br />

— Eu não posso acreditar que eles não encontraram nada — , disse, olhando<br />

abaixo no tapete fino corredor. Mudou o calcanhar apontado de seu Manolo<br />

Blahnik em um círculo, fazendo uma trilha de meia-lua na forma creme suave da<br />

superfície. Era uma tentativa de evitar os olhos e alguma da dura realidade que<br />

estavam discutindo, mas a distração trabalharam apenas no molde. — Já olharam<br />

suficiente severo? —<br />

— Marks tem uma boa reputação e sei que ele é navega um navio apertado. O<br />

desgraçado que matou as mulheres tem tido apenas sorte até agora. —<br />

— Ou ele sabe o que está fazendo. —<br />

A voz de Smith foi dura. — Ele é um amador. —<br />

Ela encolheu-se, pensando nas fotos do corpo de Cuppie. — O que o faz dizer<br />

isso? —<br />

Quando não respondeu, ela olhou para ele.<br />

— Tem certeza que você quer falar sobre isso? — ele disse rispidamente.<br />

— Eu perguntei, não foi? — , disparou de volta enquanto o orgulho surgia através<br />

de seu medo. Não queria que ele pensasse que era incapaz de discutir<br />

racionalmente algo que obviamente afetava a sua vida. Ao mesmo tempo, o seu<br />

estômago começou a rolar com as náuseas.<br />

Smith não respondeu ainda e o corpo dela ficou frio.<br />

— Fale comigo, pelo amor de Deus — , disse bruscamente. — Essa rotina de<br />

esfinge está me dando nos nervos. —<br />

Smith esboçou um sorriso. — Eu perguntei a Marks se olhou para todas as<br />

conexões entre os maridos das mulheres no referido artigo. Ele disse que além dos<br />

laços sociais, anteriores parecia haver semelhanças. Eu não fiquei surpreso. —<br />

— Então o que você acha? Porque isso está acontecendo? —<br />

Suspenso no ar estava, porque eu.<br />

132


GGrruuppooRRRR<br />

— Isso é pessoal. A ligação é entre vocês e não seus maridos. Olha, tudo que eu<br />

posso dizer é que Marks está fazendo tudo o que pode com o que tem. Ele é um<br />

policial muito bom. Algo irá aparecer, eventualmente. —<br />

— Mas o que acontece até lá? Como muitas de nós... — Grace não podia dizer a<br />

palavra que estava saltando ao redor de sua cabeça. A morte nunca foi fácil de falar,<br />

pensou, mas era quase impossível dizer a palavra morre quando você estava<br />

pensando em si mesmo.<br />

Ela colocou os braços ao redor dela, perdendo a névoa da segurança com que<br />

tinha vivido ao longo dos últimos dias.<br />

— Grace. Olhe para mim. —<br />

Ela levantou a cabeça.<br />

— Você me contratou para a proteger. — Assentiu com a cabeça quando ele fez<br />

uma pausa. — E é isso que eu vou fazer. —<br />

— Eu espero que sim. Deus, eu realmente espero que sim. —<br />

— Não espere — disse ele. — Acredite — .<br />

Ela olhou em seus olhos e viu a auto-confiança, o poder de controle. Tudo parecia<br />

prometer que sua fé nele seria recompensada.<br />

Quando estendeu a mão para ela, o gesto foi inesperado.<br />

— Vamos para a cama. —<br />

Seus olhos se arregalaram, mas então percebeu que ele não estava falando sobre<br />

sexo. Suas palavras foram no sentido casual se destinando a levá-la para descansar.<br />

Pegou a mão dele, sentindo os dedos envolverem em torno dela, quentes e<br />

fortes. Eles andaram pelo corredor até chegarem juntos ao seu quarto e, em<br />

seguida, ele quebrou o contato silenciosamente e a deixou.<br />

Ela mudou para uma camisola e estava deitada na cama, no escuro, quando o<br />

ouviu ir para o banheiro. Os sons da água eram suaves e breves. Minutos depois, ele<br />

emergiu.<br />

— John? —<br />

— O quê? — Sua voz através da escuridão era suave.<br />

— Estou feliz por você estar aqui —<br />

Havia apenas silêncio e assumiu que ele havia voltado ao seu quarto.<br />

— Eu também — disse ele baixinho.<br />

Surpreendida pela sua resposta, virou apenas para descobrir que estava sozinha.<br />

133


GGrruuppooRRRR<br />

Horas depois, ela ainda estava acordada. A sensação de claustrofobia em meio a<br />

todos os travesseiros e o conforto do edredom, pegou seu diário e uma caneta e foi<br />

para sala. Quando ela passou na porta Smith, a luz foi desligada.<br />

Sentada no sofá, ela enrolou as pernas sob ela, mas encontrou-se a pensar em<br />

vez de escrever.<br />

Quando Smith estendeu a mão para ela, tinha sido surpreendida e, enquanto se<br />

lembrava da sensação de sua mão contra a dela, ela pensava em outras coisas que<br />

ele tinha feito também e que foram inesperadas.<br />

Na outra manhã, depois de terem chegado em casa depois de uma corrida<br />

rápida, ela tinha se atrasado em sair do chuveiro. Correu para a cozinha para dizerlhe<br />

que era a sua vez, quando ele apertou uma xícara de café fumegante na mão<br />

dela e apontou para um prato de torradas que tinha feito.<br />

Tinha ficado embasbacada.<br />

— É comida — ele demorou. — Você pode não reconhecer, porque você não<br />

comeu muito na semana passada. —<br />

— Eu? É claro que eu tenho. —<br />

— Aquela salada para o jantar na noite passada não conta. Você está perdendo<br />

peso que você não pode se dar ao luxo de perder. —<br />

Olhou para si mesma. Ele estava certo. Suas saias tinham ficado um pouco<br />

maiores na cintura ultimamente.<br />

— Coma — . Empurrou a torrada para ela.<br />

Ela pegou um pedaço e notou que estava coberta com geleia de morango. — Eu<br />

não tinha geleia na torrada há anos. —<br />

Logo que engoliu um pouco, seu apetite voltou. Depois de quatro pedaços, e de<br />

ter terminado o café, suspirou de contentamento. Tinha estado numa correria de<br />

estresse nervoso por tanto tempo, tinha esquecido sobre a alimentação de seu<br />

corpo.<br />

Lembrou-se olhando para ele. Todo o tempo em esteve comendo, ele estava<br />

encostado no balcão, os braços cruzados, olhando para ela.<br />

— Eu gostaria de lhe agradecer por isso — disse com ironia, — se você me<br />

deixar. —<br />

Ele deu de ombros, mas quando nenhum comentário mordaz era iminente, sorriu<br />

para ele.<br />

— Então, obrigada. —<br />

134


GGrruuppooRRRR<br />

Seus olhos penetrantes cintilaram sobre o prato vazio. — Assim, estou cuidando<br />

de meu cliente. —<br />

Grace sorriu pela lembrança de como ele tinha olhado. A imagem dele sendo<br />

algo próximo a acanhado foi incongruente, mas era o que parecia. Sua gratidão<br />

simples por seu cuidado tinha sido difícil para ele aceitar, mas não tinha a tinha<br />

recusado, também.<br />

Era um progresso, pensou. Assim como ele a alcançando esta noite, tinha sido.<br />

Mas um progresso em direção a quê?<br />

Em seu coração, queria mais dele. Tudo dele.<br />

E o desejo foi ficando mais forte enquanto começava a conhece-lo melhor.<br />

Em primeiro, se perguntava se ele tinha um outro lado, algo a oferecer que não o<br />

carisma agressivo. Agora, sabia que eram diferentes, as peças menos áspero dele.<br />

Mantinha a maioria delas escondidas por trás da máscara de controle, mas elas<br />

saíam em suas ações, como cortesias simples que provavam que tinha<br />

conhecimento dos outros. Consciente dela.<br />

Esse pequeno-almoço era apenas um exemplo de como ele poderia ser gentil. Ele<br />

nunca deixou a casa de banho bagunçada.Fazia questão de ser agradável para Kat.<br />

Cozinhava as refeições, limpava a cozinha, e de alguma forma não seguia com lama<br />

por todos os tapetes brancos, mesmo em dias chuvosos.<br />

Eram coisas pequenas, mas significavam muito para ela. Elas também eram algo<br />

desconhecido. Ter um homem em casa que não exige atenção constante ou tinha<br />

uma longa lista de exigências foi uma experiência nova.<br />

Ranulf esperava que ela organizasse a sua agenda social, verifique se o<br />

apartamento estava devidamente equipado, para atender suas necessidades<br />

pequenas e grandes, entreter os convidados no jantar quase todas as noites,<br />

mesmo se ela estava trabalhando a tempo inteiro e ele não. E tudo isso foi feito sem<br />

agradecimentos da parte dele, porque, em sua mente, esse era o seu dever.<br />

Nunca iria cair nessa armadilha novamente.<br />

Grace olhou para o diário e a data que tinha escrito no topo da página em branco.<br />

Na manhã seguinte, iria passar dos trinta. As 07h05 para ser precisa.<br />

Sentindo-se lunática, escreveu: Tudo que eu quero para o meu aniversário, hoje, é<br />

John Smith. Na minha cama com uma fita em volta do pescoço e nada mais sobre ele.<br />

Rindo baixinho, Grace empurrou o livro e a caneta de lado. Estava sendo ridicula,<br />

é claro, mas era divertido fantasiar. Certamente melhor do que muito do que sua<br />

mente tinha estado a cozinhar até recentemente.<br />

135


GGrruuppooRRRR<br />

Olhando para a noite, imaginou coisas que a faziam corar. Eventualmente, se<br />

voltou para o corredor, parando na porta aberta do quarto de Smith. Brincou por<br />

um momento com ir para dentro e encontrá-lo no escuro, mas se forçou a ir para o<br />

seu quarto.<br />

Na manhã seguinte, tomou um banho e depois foi para encontrar Smith. Eles<br />

haviam caído em um ritual matutino. Ela vai primeiro e enquanto se vestia, ele<br />

assumia o banheiro.<br />

— Smith? — Espiou em seu quarto. A cama estava feita, como sempre, e não<br />

havia confusão a volta.<br />

A herança de um militar, pensou. Quando se virou, viu uma barra preta na porta<br />

de seu banheiro. A barra do queixo-em-cima. Então era assim que se mantinha em<br />

forma.<br />

Dirigido-se para a sala de estar, encontrou-o virado para o céu da manhã. Depois<br />

de dias de nuvens cinzentas, o horizonte era azul claro e o sol estava chegando<br />

sobre a cidade.<br />

— O chuveiro está livre. —<br />

Não mostrou nenhuma surpresa com o som de sua voz, embora tivesse ficado<br />

quieta na sua abordagem. Estava se acostumando aos seus estranhos sentidos e o<br />

fato de que ele sempre parecia saber onde estava.<br />

Ele estava olhando agora, para o seu reflexo na porta de vidro.<br />

Quando não disse nada, ela limpou sua garganta. — Er... o chuveiro? —<br />

Ela apontou atrás dela com um polegar.<br />

Ele não respondeu, apenas continuou olhando para ela no vidro.<br />

Sua pele arrepiou na consciência que ele permaneceu em silêncio. Havia algo<br />

diferente sobre ele esta manhã, pensou.<br />

Quando finalmente se virou, a sua expressão a chocou. Havia um calor nele, do<br />

tipo de ardente intensidade que não tinha visto desde a noite em que o impediu.<br />

Pensou sobre o seu corpo contra o dela e da vontade que tinha de ser tocada por<br />

ele. Seus olhos focavam em seus lábios, como se ele estivesse pensando a mesma<br />

coisa.<br />

Quando ele atravessou a sala em passos largos, sentiu-se preparada para manter<br />

contato com ele, pronta para isso. — Vou fazer isso rápido — disse, enquanto vinha<br />

até ela.<br />

A decepção foi enorme. Tinha certeza que ia levá-la em seus braços e tentou<br />

esconder o seu desapontamento pelo sorriso indiferente.<br />

136


GGrruuppooRRRR<br />

Mas então ele parou em seu caminho, e inclinou a cabeça para baixo na sua<br />

orelha. — Feliz aniversário, Grace. —<br />

Sua respiração roçou seu pescoço e ela sentiu-o correr o dedo indicador para<br />

baixo na sua bochecha. Electricidade sacudiu por ela e engasgou.<br />

Para sua frustração, porém, ele continuou no corredor.<br />

Sentindo-se como se tivesse sido abordada por trás, Grace se sentou em uma<br />

cadeira, perguntando do que diabos tudo o que se tratava. E por que ele não tinha<br />

seguido completamente no que seus olhos estavam prometendo-lhe.<br />

Franziu o cenho. Como ele sabia que era seu aniversário?<br />

Seus olhos inquietos se moviam ao redor da sala enquanto tentava lidar com sua<br />

confusão. E então viu, completamente aberto no sofá, o seu diário.<br />

Oh, Deus.<br />

Se aproximou e olhou para o que ele deve ter lido.<br />

Yup. O seu pequeno desejo de aniversário.<br />

Grace fez uma careta, se sentindo como uma tola.<br />

Uma ruga no tempo, pensou, fechando a capa. Isso é o que precisava. Ou, então<br />

poderia voltar para as três horas da manhã e se lembrar de tomar a coisa pelo<br />

corredor com ela.<br />

Uma ruga no tempo ou meia onça de senso comum.<br />

Capítulo 12<br />

Estando no chuveiro, Smith deixou a água correr para baixo sobre a cabeça e os<br />

ombros.Estava quente o suficiente para picar a sua pele, mas ele precisava de<br />

alguma distração e dor física sempre foi uma boa.<br />

Tinha estado deitado na cama e olhando para o teto no escuro, ela tinha deixado<br />

seu quarto na noite anterior.Quando ela voltou ao fundo do corredor, a pausa que<br />

tinha feito em frente a sua porta tinha sido uma tentação, a que tinha dificilmente<br />

resistido.Ainda podia sentir o lençol enrolado em seu pulso conforme a deixou ir<br />

para o seu quarto sozinha.<br />

Assim que ela se edeitou, foi a vez dele de marcar o ritmo em todo o<br />

apartamento.Ao andar de sala em sala, pensou sobre o fato de que ambos estavam<br />

sem sono e nervosos, embora não necessariamente pelo mesmo motivo.Essa<br />

137


GGrruuppooRRRR<br />

hesitação em sua porta poderia ter sido por causa do medo, mas queria acreditar<br />

que havia uma outra razão para isso.Queria acreditar que ela não conseguia dormir<br />

porque estava tão frustrada sexualmente como ele.<br />

Estava certo que era isso, então, passou ao lado do sofá e viu um pequeno livro<br />

deitado de barriga para cima sobre a almofada.Quando se inclinou, olhou para a<br />

pura e elegante caligrafia, e sorriu ao terminar de ler.<br />

Ele adoraria ser seu maldito presente de aniversário.<br />

Smith rodou a água para um pouco mais quente.<br />

Cristo, pensou. Queria ela. E, apesar do fato de que ela tinha puxado fora, antes,<br />

era óbvio que ainda o queria. O que estaria de tão errado para o impulso? Só uma<br />

vez?<br />

Ok, violou cada padrão profissional que já tinha estabelecido para si mesmo. Mas<br />

estava muito cansado da maldita frustração, com a qual estava lutando dia e noite.<br />

Smith apoiou os braços contra a parede de mármore e inclinou-se, sentindo os<br />

músculos das costas esticarem de volta, e a água batendo atrás no seu pescoço.<br />

Gostava de divisões claras. Seguro e perigoso. Inteligente e estúpido. Sempre<br />

acreditou que a vida era muito simples se você toma conta do negócio e faz as<br />

escolhas certas. Não era como se o certo e o errado fossem difíceis de discernir.<br />

Por exemplo, dormir com uma cliente era igualmente perigoso e estúpido.<br />

Smith virou-se e deixou os jatos fazer peso em suas costas. Rolou os ombros ao<br />

redor, tentando aliviar a tensão, mesmo sabendo que não ia fazer nenhuma<br />

diferença.Nada tinha o aliviado recentemente e podia sentir a pressão em seu<br />

corpo. Suspeitava que o único alivio que teria, era passar uma noite na cama com<br />

Grace.<br />

Ou talvez uma semana.<br />

Pelo menos saberia que estava segura e longe do assassino, pensou<br />

sombriamente.<br />

Quando saiu do chuveiro, o tático nele saiu. O que precisava fazer era avaliar a<br />

situação de forma desapaixonada. Rever os ativos e passivos. Planos para o<br />

conflito.<br />

Tinha sido um Ranger, pelo amor de Deus. Foi treinado para chamar si mesmo á<br />

razão em situações de vitórias-impossíveis.<br />

Smith desligou a água e saiu do chuveiro. Pegando uma toalha, começou a se<br />

secar.<br />

Ela o queria. Ele sentia da mesma maneira. Aqueles eram os ativos.<br />

138


GGrruuppooRRRR<br />

Tudo bem, talvez activos não era a palavra certa. Mas era a realidade.<br />

Mudou-se para os passivos. Essa lista era muito longa.<br />

Primeiro, havia a relação profissional. Acordar ao lado de uma cliente, com<br />

certeza nunca foi uma meta na carreira. Sabia malditamente bem que o sexo<br />

sempre carregava consigo o risco do envolvimento emocional do lado da mulher,<br />

mas isso era especialmente verdadeiro quando se tratava de alguém que protegia.<br />

Não é que não considerasse bom ficar apanhado num, mas as pessoas em situação<br />

de vulnerabilidade poderiam facilmente ficar ligadas no seu protetor e sexo só iria<br />

incentivar a conexão inapropriada.<br />

E aí, era do jeito que levava a vida pessoal. Depois que dormia com alguém, a<br />

deixava. Não havia nenhum abraço, ou afagos carinhosos sussurrados no escuro.<br />

Usualmente saia porque tinha que pegar um avião, mas em raras ocasiões em que<br />

não estava saindo em breve, ia ficar bem longe delas, porque se sentia preso. As<br />

consequências emocionais depois do sexo, sempre as tinha sentido como uma<br />

obrigação forçada para ele.<br />

Simplesmente não tinha nada a dizer para a mulher.<br />

À excepção de adeus.<br />

Grace pode ser um inferno de uma mulher sofisticada, mas não era claramente<br />

uma jogadora. Suspeitou que ela só se entregaria a um homem com o qual tinha<br />

algum tipo de ligação emocional, e foi por isso que ela tinha puxado para trás na<br />

noite em que quase a tinha tido. Quando ela tentou explicar, não queria que ela<br />

compartilhasse os seus sentimentos.Conhecia muito bem a raça dessas<br />

confidências de intimidade e não queria incentivar isso.<br />

Com qualquer mulher.<br />

Smith deixou escapar uma maldição.<br />

Falando sobre um território novo e desconhecido. Nunca tinha pensado sobre as<br />

ramificações de dormir com uma mulher antes. Anteriormente, tinha sido um<br />

exercício binário. Se queria um, ele o tinha dela.<br />

E então continuava caminhando.<br />

Smith amarrou a toalha na cintura e limpou o vapor fora do espelho com o<br />

antebraço.<br />

Olhou-se com um olhar duro e inabalável.<br />

Então, qual era a resposta?<br />

Tinha toda a confiança que poderia dormir com ela e não se tornar<br />

emocionalmente comprometido.<br />

139


GGrruuppooRRRR<br />

Principalmente porque era incapaz de forjar para relacionamentos íntimos. Seu<br />

estilo de vida o tinha deslocado em volta de diferentes partes do mundo como se na<br />

queda de um chapéu, para destinos que não podia divulgar. E se o problema não era<br />

um deslocamento constante, a sua linha de trabalho com certeza era. Não queria<br />

voltar para alguém que teria que viver durante um mês sem ouvir falar dele, se<br />

perguntando o tempo todo se não vinha para casa.<br />

Muita pressão.<br />

Quando estava trabalhando, precisava pensar sobre a segurança de seus clientes<br />

e a sua própria. Não havia espaço para se preocupar com uma mulher que poderia<br />

pranteá-lo. Era por isso que, na idade de trinta e oito anos, nunca foi casado e nunca<br />

passou mais que uma sequência de noites com qualquer mulher.<br />

Smith estava sozinho no mundo, exceto para o seu pessoal da Black Watch, e<br />

gostava dessa forma. Nunca se sentia sozinho, porque nunca parou de se mover. E<br />

porque não tinha família, não havia viagens de culpa sobre os malditos feriados,que<br />

parecia vir em torno de quinze em quinze minutos. Era livre.<br />

Mas e sobre as emoções de Grace?<br />

Se íamos fazer amor, ela tinha o direito de saber o que esperar.Que não era nada,<br />

somente e realmente algum grande sexo.<br />

Smith se vestiu com uma eficiência que havia sido induzida nele pelo Exército. O<br />

barbear teve um total de três minutos a partir do momento que pegou a lata de<br />

creme de barbear até quando acabou com a navalha. O cabelo era tão curto, que<br />

não precisava mesmo de escova.<br />

Ele estava quase indo embora quando avistou uma mancha de seda lavanda<br />

pendurada na parte de trás da porta. Imaginou Grace nele e imaginou lentamente<br />

descascar o material delicado de sua pele.<br />

E se se envolve emocionalmente, perguntou ociosamente.<br />

Não achava que fosse remotamente possível, mas não deveria negligenciar o<br />

risco. E se faz amor com Grace e começa a se preocupar com ela? Já chegou até ao<br />

respeito por ela. E a encontrava em muitos níveis atraente assim.<br />

Cristo, pela primeira vez em sua vida, estava realmente pensando em como o<br />

sexo poderia afetar as coisas entre ele e uma mulher. Era assim que as coisas eram<br />

diferentes.<br />

Então, o que significa tudo isso para ele? Apesar de que era melhor se ela não<br />

ficasse emocionalmente ligada, era se ele não ficasse, uma maldita crítica que não<br />

fazia. Nenhum deles poderia se dar ao luxo da objetividade ser comprometida e,<br />

com o coração envolvido, a mente pode enfraquecer. Os médicos não tratam os<br />

membros da família justamente por esse motivo.<br />

140


GGrruuppooRRRR<br />

Compartimentalização tinha que ser a resposta, pensou, tocando a camisola de<br />

noite.<br />

Felizmente, era uma técnica que se destacava. Sua habilidade para segmentar os<br />

seus pensamentos e seus movimentos significava que poderia entrar em situações<br />

com a cabeça limpa e um corpo calmo e permanecer assim após as balas<br />

começaram a voar. Tudo o que tinha que fazer era desligar porções de si mesmo e<br />

reprimir seus sentimentos.<br />

Era uma questão de vontade.<br />

Disse a si mesmo, não havia razão pela qual não poderia se distanciar<br />

emocionalmente de Grace. No caso improvável de que sentia alguma coisa por ela.<br />

Smith agarrou a seda firmemente em sua mão.<br />

Ele a queria, mas não estava preparado para mentir para levá-la para a cama.<br />

Daria a ela a escolha. Estaria na frente com o que poderia oferecer, o que não era<br />

nada, mas o contato físico, ela iria escolher por eles.<br />

Afinal, ela era uma mulher crescida. E havia passado tempo suficiente com ela<br />

para saber que era inteligente e honesta com ela mesma. Se alguém seria capaz de<br />

tomar uma decisão informada, seria Grace.<br />

Quando Smith abriu a porta, estava sorrindo.<br />

— Smith? —<br />

Voltou-se para a voz dela.<br />

Estava em pé na porta de quarto de vestir, sua camisa de seda parcialmente<br />

enfiada na cintura de uma saia preta. Tinha estado obviamente esperando por ele.<br />

— Sobre o que você leu... lá fora — Seus olhos se esforçaram para manter os<br />

seus, mas ela desviou o olhar quando corou.<br />

— Eu não sabia que era o seu diário até que era tarde demais — , disse ele,<br />

incapaz de manter o sorriso fora do rosto.<br />

— Sim, bem, ah... —<br />

Smith foi até ela, parando somente quando podia ver a mancha de amarelo em<br />

seus olhos verdes.<br />

— Eu gostei da sua ideia de um presente de aniversário — disse. Sua voz era<br />

ainda mais baixa que o normal.<br />

Seus olhos se arregalaram.<br />

Ele abaixou a cabeça para que pudesse falar no ouvido dela. — Mesmo que eu<br />

não deveria, eu quero que você me queira. —<br />

141


GGrruuppooRRRR<br />

Levantou a mão e tocou a batida do pulso na base do pescoço com a almofada do<br />

polegar. Sua frequência cardíaca era rápida, tão rápida que as batidas nublavam<br />

uma na outra.<br />

— Eu acho que estava errado sobre nós — disse, movendo os dedos em sua<br />

clavícula. A pele dela estava quente e suave.<br />

— Sobre o quê? — ela resmungou.<br />

Os olhos estavam luminosos enquanto olhavam para os seus, cheios de medo e<br />

antecipação.<br />

Ele colocou os lábios mais perto de seu ouvido.<br />

— Diga-me, — sussurrou, — o que você quer que eu faça com você. —<br />

A respiração dela deixou a boca em um suspiro.<br />

Ele mudou o cabelo de lado e, lentamente, deliberadamente, tomou o lóbulo da<br />

orelha entre os dentes. — O que você quer? —<br />

Sua mão subiu para os ombros e ela o empurrou.<br />

— John — ela murmurou. Limpou a garganta. Ele podia vê-la disposta a se fazer<br />

forte, enquanto via a trela de fogo em seu sangue, e a respeitou por isso. Sua voz<br />

era clara quando finalmente falou. — Por que você não me diz o que você quer dizer.<br />

—<br />

Ele deu um passo para trás e enfiou as mãos nos bolsos.<br />

— Eu não penso que haja qualquer razão, que não deve... — Ele ia dizer, ter<br />

relações sexuais, mas parecia um pouco difícil. — Sejamos amantes. —<br />

E que tal agora mesmo — pensou. Vamos tirar a roupa. Mergulhar um no outro.<br />

A mão de Grace veio até sua garganta. — O que fez você mudar de ideia? —<br />

Boa maldita pergunta, pensou, sabendo que ela merecia uma resposta honesta.<br />

— Porque eu quero você como nenhuma outra mulher que já conheci — disse<br />

asperamente.<br />

Antes que pudesse responder, ele continuou, se lembrando do que mais tinha<br />

para lhe dizer.<br />

— Olhe, eu posso lhe dar prazer. Mas você precisa saber, o trabalho acaba e eu<br />

estou fora da sua vida. Sem permanência, sem final feliz. — Olhou para ela,<br />

desejando que ela o levasse seriamente e ainda fosse para a cama com ele. — Até<br />

que isso aconteça, posso prometer-lhe, ninguém vai fazer amor com seu corpo<br />

como eu. — Ouviu vibrar o desejo em sua própria voz. — Pense nisso — , disse<br />

antes de ir para longe dela. — E deixe-me saber o que você decide. —<br />

142


Grace o observou ir.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Ele não a poderia ter surpreendeu mais, se lhe tivesse dito que era o Superman.<br />

Ela assumiu que ele havia esquecido o que tinha acontecido em seu quarto<br />

naquela noite, que o tinha posto de lado com o mesmo desprezo que ele<br />

casualmente tratava outras coisas. Obviamente, ele não tinha.<br />

A idéia de que ele a queria, foi profundamente gratificante. O que ele propunha<br />

era um pouco menos. Será que realmente queria ter um caso? Um intenso, curto<br />

relacionamento com base numa conexão física e nada mais?<br />

Se lembrou de como a sua voz soava, no fundo do ouvido dela, e pensou que sim,<br />

com certeza podia.<br />

Grace voltou para seu camarim, sentou-se na sua mesa de espelho e começou a<br />

escovar os cabelos.<br />

Exceto, se fosse verdadeira consigo mesma, sabia que não seria apenas físico da<br />

parte dela.Estava atraída por ele, mas suas emoções já estavam envolvidas.<br />

Sem felizes para sempre.<br />

Deixando de lado a escova pincel, torceu o cabelo para cima e começou a prender<br />

o coque.<br />

Antes de seu casamento com Ranulf, tinha sido capaz de acreditar em felizes<br />

para sempre. Ou pelo menos, num moderadamente-feliz-em-um-estável espécie<br />

de passagem para sempre.Agora, não o fazia.<br />

A questão era, ao que parece, se pudesse estar com Smith e ainda manter sua<br />

cabeça junto.<br />

Teria que ser capaz de resistir à procura, e então acreditar em um futuro que ele<br />

tinha dito explicitamente que nunca iria acontecer. Porque ela sabia melhor que ao<br />

assumir que ele mudaria de ideia se perdesse o coração para ele. Se lhe dizia que<br />

estava indo embora e nunca mais iria vê-la novamente, ele iria. Não duvidou nem<br />

por um momento.<br />

Grace olhou o coque a partir de vários ângulos e colocou mais um gancho na<br />

parte de trás.<br />

Se se machucasse, seria apenas culpa dela própria.<br />

143


GGrruuppooRRRR<br />

Pensou em seus beijos e queria lhe dar uma resposta imediata. Era tentador<br />

dizer-lhe que sim e lidar com as consequências mais tarde, para ir ter com ele neste<br />

exato momento e cair em seus braços.<br />

Mas esse tipo de pressa-do-momento da tomada de decisão foi a raiz de seus<br />

problemas com Ranulf.<br />

Ele pediu-lhe para casar e ela concordou, afastando suas dúvidas. Se tivesse tido<br />

algum tempo para pensar sobre a situação, poderia ter seguido a voz interior que<br />

lhe dizia que eles eram imcompatíveis.<br />

Desta vez, faria a sua decisão com cuidado. Apesar de o quanto queria estar com<br />

John.<br />

A partir de agora, estava indo para escolher seu caminho mais deliberadamente.<br />

* * *<br />

No final do dia de trabalho, Grace olhou para a pilha de papéis sobre a mesa e<br />

sentiu como se estivesse olhando para uma montanha. A pilha tinha crescido,<br />

apesar de todas as coisas que delegava, jogava fora, ou pedia a Kat para arquivar.<br />

Estava cansada e distraída e a última coisa que queria fazer era ir para o Plaza para a<br />

festa de aniversário que Bo estava jogando nela.<br />

— Eu não posso fazer isso — murmurou.<br />

Smith olhou para cima da mesa de conferência.<br />

— Eu não posso sair hoje à noite — disse mais alto. — Sinto muito.<br />

Ele deu de ombros. — Por que você está pedindo desculpas para mim? Nós não<br />

estávamos indo num encontro. —<br />

Suas palavras pragmática picaram, mas ele estava certo. Eles não estavam<br />

saindo juntos como um casal. Eram apenas duas pessoas indo para o mesmo lugar.<br />

E pensou que poderia ser capaz de fazer amor com ele e não ficar mais envolvida<br />

emocionalmente?<br />

Durante todo o dia, a resposta à sua proposta tinha sido solidamente no território<br />

sim. Sim e agora. Mas talvez estivesse enganando a si mesma.<br />

Grace pegou o telefone, discou o Plaza, e pediu a senadora Barbara Ann<br />

Bradford. Assim que Bo pegou, ela disse, — Eu sinto muito, alguma coisa tem... —<br />

Bo riu e seu sotaque sulista não admitia um bom argumento. — Nem tente isso<br />

comigo. Eu estou na cidade por 48 horas para a sua trigésima festa de aniversário<br />

144


GGrruuppooRRRR<br />

.Você estará vindo para o jantar, você terá um bom tempo, e nós vamos dar-lhe<br />

uma verdadeira chacota sobre o envelhecer. —<br />

— Estou exausta. —<br />

— Todo mundo que está chegando hoje à noite é amigo. Do tipo verdadeiro. Se<br />

você acabar caindo no sono durante on0} jantar, vamos apoiar-te num sofá. Você<br />

vai ser tão elegante como sempre, um pouco mais quieta. —<br />

— Talvez devêssemos nos encontrar amanhã para... —<br />

A voz de Bo subiu na gentileza. — Woody, você precisa de nós agora. É por isso<br />

que eu te mandei o presente. —<br />

Grace se esforçou para virar cadeira de seu pai em torno de modo que enfrentou<br />

a vista da cidade, desejando que estivesse sozinha.<br />

Ela não queria chorar na frente de Smith lágrimas áridas enquanto estava na<br />

moagem.<br />

— Oh, Bo, eu não sei o que dizer. —<br />

O presente era uma relíquia da sua infância juntas, um pequeno pedaço de cabelo<br />

trançado, loiro e ruivo entrelaçados. Elas o tinham tecido na idade de doze anos,<br />

quando elas estavam no acampamento de Verão e tinham cortado o cabelo uma da<br />

outra.<br />

Assim que Grace tinha visto a tampa da caixa de porcelana, ela lembrava<br />

exatamente onde elas estavam sentadas enquanto iam colocar um par de tesouras<br />

para o trabalho. Tinham estado no cais, nas margens do Lago Sagamore. O sol<br />

estava baixo num céu muito azul e de brisa suave. Tinha sido no final do verão,<br />

lembrava ela, e o calor no ar havia sido saudado por seus maiôs ainda húmidos. Ela<br />

ainda podia ouvir o som da água batendo com o cercado debaixo de suas toalhas.<br />

Com grandes golpes e cortes, haviam se transformado a si mesmas para o outro ,<br />

ansiosas por se aproximar de seus “eus” crescidos. Enquanto as mechas de cabelo<br />

caíam na madeira branqueada do cais, elas estavam convencidos de que, com o<br />

cabelo mais curto ficariam mais velhas. Eles seriam, mais adiante, o grande<br />

caminho para seus destinos.<br />

Com os cabelos mais curtos, as coisas seriam de alguma forma mais fáceis.<br />

Quando terminaram, elas haviam tomado algumas das mechas e fizeram as duas<br />

tranças, uma para cada um delas. Elas tinham escovado fora o resto do cabelo para<br />

a água onde eles permaneram na superfície como uma teia de aranha e então<br />

flutuaram para longe. Elas riram de quão engraçado era a sensação de estar livre do<br />

peso que tinha ficado uma vez sobre seus ombros.<br />

145


GGrruuppooRRRR<br />

Algures no caminho para a vida adulta, Grace tinha perdido sua trança e a dor<br />

que sentiu com a perda teria surpreendido sua própria juventude. Tendo crescido,<br />

tendo atingido a maturidade que ansiava, foi uma surpresa encontrar-se a querer<br />

voltar a vida mais simples, até aquele momento na borda do lago com sua amiga.<br />

Para um dia de Verão que acreditava que ia durar para sempre.<br />

— Bo, como você sabe o quanto isso significa para mim? —<br />

— Porque eu estava com você, então e eu estou com você agora. Algum dia,<br />

quando eu estiver machucada, você pode enviar volta para mim. — Grace sentiu as<br />

lágrimas alfinetar os cantos dos olhos enquanto Bo ria. — Pense nele como um bolo<br />

de frutas emocional. Nós apenas continuaremos enviando-a para trás e para a<br />

outra. —<br />

— Eu não sei como lhe agradecer. —<br />

— Eu sei — . Diga-me você e Ranulf estão vindo hoje à noite. —<br />

Grace hesitou, superada com a necessidade de ver sua amiga. — Ranulf está...<br />

ocupado. Acho que vou levar mais alguém. —<br />

Grande. Quem é ela? —<br />

— Ele. Na verdade. Ah... Ele é um amigo — .<br />

— Sério? Ele é solteiro? —<br />

— Er... sim.Acho que sim. —<br />

— Acha que ele estaria interessado numa de trinta-e-quatro-anos e<br />

sobrecarregada, mãe solteira? — Bo riu. — Agora há um anúncio pessoal garantido<br />

para obter resultados. —<br />

Grace não tinha certeza de como responder á inocente sugestão da amiga. A<br />

idéia de John com outra mulher fez mal ao seu estômago.<br />

Quando desligou, olhou para ele se perguntando se havia uma mulher em sua<br />

vida.<br />

Ela não conseguia imaginar ele sendo casado, mas isso não significava que estava<br />

sozinho.<br />

Podia ser algo a explorar antes que tomasse sua decisão final, pensou<br />

sombriamente.<br />

— Então, eu estou colocando o terno? — ele perguntou. Seus olhos penetrantes<br />

diziam que tinha perdido nenhuma das emoções que estava sentindo.<br />

Ela assentiu com a cabeça lentamente.<br />

— Bo é uma mulher difícil de recusar. —<br />

146


— Obviamente. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Eram quase seis e meia quando Grace saiu de seu quarto. Smith estava de pé na<br />

sala de estar vestido de smoking, o casaco pendurado livremente em cima do<br />

braço.Grace abrandou quando se aproximou, pensando que o branco de sua camisa<br />

fazia seu cabelo parecer mais escuro.<br />

Tudo desapareceu quando viu que ele estava olhando para os seus lábios.<br />

— Isso é um vestido lindo — , disse em voz baixa, muito masculino.<br />

Olhou para o chiffon de limão amarelo. O vestido era sem ombros, longo e<br />

simples.<br />

— Obrigada. —<br />

Ele caminhou até ela. — O colar, também. —<br />

Ele estendeu a mão e tocou um dos diamantes canário. Havia seis deles, ligados<br />

por grupos de diamantes brancos.<br />

— Era da minha avó. — Sua voz estava sem fôlego enquanto as pontas dos<br />

dedos pairavam sobre a sua pele e ela agarrou sua bolsa a apertando bem.<br />

Sua mão desceu lentamente para o seu lado e observou como as emoções<br />

fervendo no rosto dele estavam desligadas.<br />

— Estamos prontos? — perguntou abruptamente.<br />

Assentiu com a cabeça e pensou, enquanto desciam no elevador, havia uma<br />

possibilidade muito real de que estava indo para conseguir o seu coração partido<br />

por ele.<br />

Eddie os levou até ao Plaza. Quando parou na frente do hotel, ele disse: — Eu<br />

espero que você tenha uma noite esplêndida. —<br />

Smith lhe lançou um olhar enquanto o porteiro se adiantava e deixava o ar frio<br />

entrar. — Essa é uma palavra bonita. —<br />

— Sim, não é ótimo? Eu estou gostando de adjetivos. Você precisa trabalhar o<br />

seu vocabulário, é como um músculo.<br />

Ummm... Feliz aniversário Ummm, Grace, a propósito. — Eddie passou um<br />

pequeno, cuidadosamente embrulhado presente de volta. — Eu sei que este não é o<br />

melhor momento ou nada, mas eu acho, que diabos, vou dar agora. —<br />

147


— Eu agradeço a você, Eddie. —<br />

— Você não tem que abri-lo. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Claro, eu faço! Isso foi muito gentil de sua parte. — Ela arrancou o papel. —<br />

Porque, é... Mace. — 45<br />

Ela sorriu para ele.<br />

— Eu sei que é ilegal em Nova York, mas você deve realmente manter um com<br />

você o tempo todo. Você sabe como usá-lo? Basta deslizar o dedo aqui e aponte<br />

para o rosto. — Ele mostrou-lhe o mecanismo de descarga e ficou satisfeito apenas<br />

quando praticou por duas vezes. — Coloque-o em sua bolsa.Você leva isso em todos<br />

os lugares, ok? —<br />

— Ok Eddie. Eu farei isso. — Escorregou-o dentro de sua pequena bolsa de seda<br />

e depois se inclinou e pressionou um beijo no rosto. — Obrigada de novo. —<br />

Eddie estava sorrindo quando ele se afastou do meio-fio.<br />

— Isso foi muito gentil da parte dele — , disse enquanto acenava.<br />

— Sim, foi. Ele gosta de você. Mas, então, assim como a maioria das pessoas. —<br />

Olhou para Smith, mas ele estava vasculhando o parque, a rua, os pedestres em<br />

frente ao hotel.<br />

— Você parece surpreso — , disse ela baixinho.<br />

Seus olhos pousaram no rosto dela. — Há muito de você que eu acho<br />

surpreendente. Vamos. —<br />

Ela queria ele soltasse os detalhes, mas levantou a bainha de seu vestido e subiu<br />

a carpete vermelha das escadas. Ao passarem pela Palm Court, 46 Grace parou para<br />

conversar com um casal e, em seguida eles se dirigiram para os elevadores.<br />

Quando chegaram à suíte, Grace bateu na porta e sua amiga abriu ampla,<br />

varrendo-a num abraço.<br />

— Aqui está ela! — Bo exclamou.<br />

Grace abraçou sua velha amiga. — Estou tão feliz em vê-la ao norte da linha<br />

Mason-Dixon. 47 —<br />

45 Mace é nome conhecido para spray de gás pimenta, usado para defesa pessoal, e por forças<br />

policiais.<br />

46 Palm Court, é uma sala larga, usualmente em hoteis de prestigio, onde funçionalidades são<br />

organizadas, tal como festas particulares, um chá dançante ou uma orquesta.<br />

47 A linha Mason-Dixon é uma linha de demarcação entre quatro estados membros, que faz parte<br />

das fronteiras da Pensilvania, Maryland, Delaware, e em direcção a Virgínia Oeste (então parte da<br />

148


GGrruuppooRRRR<br />

— O ar é um pouco fino aqui, mas fora isso está tudo bem. —<br />

Grace virou-se para apresentar Smith. — E este é John... Smith. Meu amigo. —<br />

A Senadora ofereceu um sorriso acolhedor e, como eles apertaram as mãos,<br />

Grace tinha que saber o que ele pensou de Bo. Ela era uma bela mulher alta, com<br />

cabelos ruivos, olhos castanhos, e um sorriso de alta tensão. O terno vermelho<br />

profundo que ela estava usando reforçava a sua aparência dramática e foi adaptado<br />

para se ajustar as suas curvas. Ao lado dela Grace se sentiu lavada, uma versão<br />

pálida do ar feminino enquanto Bo exalava um perfume exótico.<br />

Quando eles se adiantaram numa sala elegantemente nomeada, uma multidão<br />

de vinte soltou um coro de saudações. Um copo de vinho foi pressionado em sua<br />

mão e Grace tentou relaxar e divertir-se enquanto Nick Carter se aproximava. Ela<br />

estava tão feliz de vê-los.<br />

Em todo o coquetel, ela sempre sabia onde estava Smith. Ele permaneceu à<br />

margem da multidão, parecendo confortável no grupo.<br />

Estava olhando para ele, pensando que se encaixava bem na atmosfera elegante,<br />

quando ele passou os olhos para os dela. Ergueu a sobrancelha e enviou-lhe um<br />

aceno.<br />

E foi aí que ela percebeu que era tarde demais.<br />

Olhando para o outro lado da sala, vendo a luz caindo sobre seu rosto duro, sabia<br />

que estava se apaixonando por ele.<br />

Isso, mais do que até mesmo a paixão, foi o motivo que a fez decidir ir para a<br />

cama com ele.<br />

Grace olhou para longe rapidamente, caso ele pudesse ler seus pensamentos.<br />

Aturdida, ela escapou de um pequeno grupo que estava conversando com o<br />

pretexto de colocar mais batom, enquanto sua mente se agitava sobre os porquês e<br />

os como, sabia que a busca apenas atrapalhava a ginástica mental. Não importa<br />

quando começou e saber porque não era a resposta que precisava. A verdade<br />

estava em seu coração, e não na sua mente.<br />

Ela estava em um dos quartos, dobrada em direção ao espelho com seu<br />

delineador de lábios quando Mimi Lauer apareceu na porta.<br />

— Peço muita desculpa. Estou atrasada — disse a mulher com um sorriso.<br />

Virgínia). Foi examinado entre 1763 e 1767 por Carlos Mason e Jeremías Dixon na resolução de um<br />

conflito fronteiriço entre as colônias britanicas na América.<br />

149


GGrruuppooRRRR<br />

Grace congelou quando seus olhos se encontraram no espelho. Pensou em<br />

Cuppie e Suzanna antes de se virar abrindo os braços. Mimi estava no mesmo<br />

artigo, também.<br />

— Mimi, estou tão feliz que você veio! Achei que não iria vê-la porque amanhã é<br />

a sua grande noite. —<br />

Grace não tinha conhecido os Lauers por muito tempo, mas ela gostara deles os<br />

dois imediatamente. Tinham saido da Costa Oeste, há quatro anos, porque seu filho<br />

sofria de um caso grave de artrite juvenil e as opções de tratamento para ele eram<br />

melhores em Nova York. A quente personalidade de Mimi e o seu talento para<br />

entreter serviu-lhe bem em seu novo ambiente e ela subiu rapidamente na escada<br />

social. Nos últimos dois anos, ela tinha sido presidente do evento anual do balé.<br />

Enquanto ela se puxavam para trás, Mimi disse: — O desempenho na noite de<br />

amanhã vai ser esplêndido. Eles estão fazendo uma série dos favoritos de<br />

Balanchine, 48 apenas esboços rápidos de alguns do seu melhor. —<br />

Grace franziu o cenho. — Lamento que não vou estar indo este ano. —<br />

Ela e Smith haviam discutido a sua ida para a grande festa. Ele não achava que<br />

era uma boa idéia estar em grandes multidões se o podia evitar e tinha tomado o<br />

seu conselho.<br />

— Por favor, não se preocupe. Você vai perder, é claro, mas eu posso entender o<br />

tipo de pressão que você está debaixo, — os olhos de<br />

Mimi olhos se estreitaram, como se estivesse tentada a falar da mesma coisa que<br />

estava na mente de Grace.<br />

O assassino. Suas amigas perdidas.<br />

Houve uma pausa estranha.<br />

— Então, como você está? — Grace disse. — Eu imagino que você tenha todos<br />

os detalhes cuidados. —<br />

Mimi abanou a cabeça. — Pelo contrário, as coisas estão uma bagunça — .<br />

— Bom Deus, por quê? —<br />

— Fredrique tornou-se um bocado de um problema. — Desgosto cintilou no<br />

rosto da mulher. — Está tão ruim, que eu estou a pensar em demiti-lo mesmo se<br />

48 George Balanchine, Giorgi Melitonovich Balanchivadze (São Petersburgo,22 de Janeirode1904<br />

Nova Iorque, 30 de Abril de 1983) foi um coreógrafo que desertou da União Soviética em 1924, e depois,<br />

nos Estados Unidos, desenvolveu uma dança totalmente nova, a partir dos estilos dos balés clássicos<br />

francês, italiano e russo.<br />

150


GGrruuppooRRRR<br />

faltarem 24 horas para o evento. Ele queria o recurso de um tubarão num aquário<br />

na festa. Um tubarão. — O que um Tubarão tem a ver com ballet? —<br />

Grace sorriu e colocou seu batom de volta em sua embalagem. — Ele quer fazer<br />

um respingo grande, evidentemente. —<br />

— Bem, ele pode fazê-lo em outro lugar. Talvez Long John Silver's esteja<br />

procurando por um planeador de festas — Mimi respondeu secamente. — Em outro<br />

tópico, o que está acontecendo entre você e Lamont? —<br />

— Por que você pergunta? —<br />

— Ele me ligou hoje e disse que estava procurando para fazer uma mudança. —<br />

Grace franziu os lábios. — Não me surpreende. Ele e eu nunca nos demos bem e<br />

sei que ele se aproximou de um par de outras pessoas. —<br />

— Bem, eu disse a ele que eu não acho que tenha algo a oferecer a ele, mas eu<br />

acho que ele sabia a verdadeira razão. Você tem sido muito favorável comigo. Nem<br />

o balé, nem eu jamais iriamos tomar uma de suas pessoas-chave para longe. —<br />

— Para ser honesta, eu não me importaria se ele fosse — .<br />

Mimi sorriu. — Nesse caso, nós realmente não gostaríamos dele. Se ele não pode<br />

ficar junto com você, ele deve ser impossível. —<br />

— Esse é um tipo de voto de confiança — disse Grace com uma risada.<br />

Houve uma pausa, enquanto Mimi olhava para baixo.<br />

— Grace... posso lhe pedir uma coisa? — A voz da mulher caiu para um sussurro.<br />

— Claro. —<br />

— O que vocês estão fazendo para... estarem seguras? —<br />

Grace sentiu seu coração afundar enquanto olhava para cima. Havia medo nu em<br />

seus olhos, a mesma coisa que Grace sentia quando pensava sobre o que tinha<br />

acontecido ás suas amigas.<br />

— Eu contratei um guarda-costas. — Grace estendeu a mão a outra mulher. —<br />

Você está se protegendo? —<br />

— Eu tenho um homem a paisana me seguindo e Marks tem sido muito<br />

favorável, mas eu não sei. Ted e eu estávamos pensando em voltar a São Francisco<br />

por um tempo até que tudo isso passe, exceto que nós realmente não podemos.<br />

Nosso filho precisa ficar com seu fisioterapeuta. — Mimi fez uma pausa. — Você<br />

sabe se Suzanna tinha alguma ajuda? —<br />

— Marks tem sido muito vago com os detalhes. E estou me perguntando se<br />

quem está fazendo isso segue a sequência do artigo. —<br />

151


GGrruuppooRRRR<br />

— Você tem sorte, então. Porque você foi a última a ser mencionada. —<br />

— Assim Isadora é a próxima. —<br />

Bo apareceu na porta — Estou interrompendo alguma coisa? —<br />

Grace forçou um sorriso. — Não de todo. —<br />

Mimi deu um riso estranho. — Eu não quero estar monopolizando a convidada<br />

de honra. É melhor eu ir dizer o meu — olá — a todos. —<br />

— Eu ligo para você — , disse Grace. — Vamos almoçar e você pode me contar<br />

tudo sobre o sucesso da noite de amanhã. —<br />

— Eu gostaria disso. Eu realmente gostaria disso. —<br />

Elas trocaram um olhar significativo enquanto Mimi as deixava. Grace tinha<br />

mudado de ideias quanto a festa para benefício de Bo e ambas sabiam disso.<br />

— Então eu tenho que perguntar, — Bo disse com um sorriso — O que pensa<br />

Ranulf de você sendo conduzida em volta no braço daquele homem bonito lá fora?<br />

—<br />

— John é apenas um conhecimento profissional — .<br />

— Negócios? Sério? Ele parece mais com um homem militar para mim. Ele tem<br />

os mesmos rápida olhos e ombros largos, como meu pai tem. E papai, como você<br />

sabe, era um general. —<br />

Grace tentou reunir um sorriso casual, tentando dizer algo que não fosse<br />

mentira.Antes que pudesse responder, entretanto, foram interrompidas por um dos<br />

garçons que disse que o jantar estava pronto para ser servido.<br />

Bo sorriu. — Bem, eu espero que você não se importe, eu o sentei ao meu<br />

lado.Parecia justo uma vez que não estive em volta de um homem assim, por um<br />

longo tempo. Os políticos com que estou diáriamente, eu não sei.<br />

Eles tendem a ser suave á volta no meio e na cabeça. —<br />

Grace sorriu fracamente e Bo fez uma careta. — O que há de errado? —<br />

— Eu vou te contar sobre tudo isso mais tarde. —<br />

O rosto de sua amiga tomou um elenco Grace obstinado e tinha a nítida<br />

impressão de que com jantar ou não jantar, Bo estava preparada para as prender no<br />

banheiro até que a história viesse à tona.<br />

— Não vai me bater com a Mãe-visão — , Grace respondeu. — Você tem a<br />

ressalva materna para o seu pequeno garotinho.Você tem vinte pessoas lá fora,<br />

prontas para o jantar e eu estou com fome. —<br />

Bo atirou um olhar. — Nós vamos terminar mais tarde, ouviu? —<br />

152


— Sim, senhora — .<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Elas voltou a festa e Grace aceitou um copo de vinho, bebendo-o rapidamente<br />

enquanto elas entravam na sala de jantar. Estava sentada em frente de Bo e Smith<br />

e, enquanto o jantar chegava, ela os observou. Bo era uma conversadora<br />

consumada e embora Smith não falasse muito, parecia estar se divertindo.<br />

Ou pelo menos é o que assumiu Grace, e ver o flash dos olhos dele para a sua<br />

amiga era difícil de testemunhar.<br />

O homem que tinha sido um estranho apenas algumas semanas atrás, tinha<br />

capturado o seu coração.<br />

Mas ele só queria seu corpo.<br />

Quando Bo deixou cair o guardanapo e se inclinou sobre Smith ele pegou para<br />

ela, Grace pediu outra recarga de sua taça de vinho.<br />

Capítulo 13<br />

Smith fez uma careta quando viu o garçom colocar mais vinho no cálice de Grace.<br />

Ele nunca a tinha visto beber muita coisa e ainda assim ela já tinha tomado três<br />

copos do material. Quando ela se virou para a direita e sorriu para Nick Farrell,<br />

pensou que o estresse estava tomando conta dela. Ela foi empurrando o alimento<br />

em torno de seu prato e seu riso, como passava por ele, parecia tenso.<br />

Sua pequena proposta de que eles vão para a cama juntos havia com certeza<br />

aumentado a confusão em sua vida, pensou. Muita coisa para todo o seu padrão<br />

profissional.<br />

Num exercício extraordinário de ilusão, e que de alguma forma conseguiu jogar<br />

fora todos os pingos de formação e de senso comum que tinha, para chegar à<br />

conclusão de que fazer sexo com ela era aceitável.<br />

Tinha que saber porque tinha feito sentido para ele 12 horas atrás. Agora, vendo<br />

a exaustão que firmemente tranparecia na pele de Grace, em seu rosto, vendo-a<br />

beber, ele estava sentindo...<br />

Arrependimento.<br />

O que para um tomador de risco automático, era tão comum como uma placa de<br />

sinalização no deserto.<br />

153


GGrruuppooRRRR<br />

— Então, Grace nunca me disse como vocês se conheceram — , senadora<br />

Bradford disse a ele. Ela levantou casualmente o guardanapo e tapou os seus<br />

lábios.Seus olhos estavam muito diretos.<br />

Ele deu de ombros. — Em uma festa — .<br />

Indo pela aparência seca que foi dada, a resposta evasiva não satisfaz a senadora<br />

e estava preparada para dar seguimento. Tinha a sensação de que as boas maneiras<br />

escondia uma mulher com vontade de ferro e lembrou-lhe Grace.<br />

— Você conhece o marido? —<br />

A menção do homem o fez querer amaldiçoar, porque lhe lembrava uma vez<br />

mais que ela não só era uma cliente, mas também era legalmente casada.<br />

Normalmente, não tinha qualquer escrúpulo em adultério, imaginando que se a<br />

mulher queria enganar, não era da sua empresa. Mas o fato de que Grace era a<br />

esposa de alguém o irritava, e não porque estava preocupado em ferir os preciosos<br />

pequenos sentimentos do conde.<br />

A queria toda para si.<br />

Quando ficou surpreso com a sua reação, disse a si mesmo que deveria ter<br />

pensado melhor. Nada sobre Grace era típico e nem eram as suas reações a ela.<br />

— Eu perguntei, você conhece Ranulf? — A senadora disse suavemente.<br />

— Não, eu não — , disse, pousando o garfo e faca e inclinando para trás em sua<br />

cadeira. — E eu não tenho nenhum interesse nele. —<br />

Uma perfeita sobrancelha arqueou. — A maioria das pessoas querem conhecer<br />

ele. Ele é bastante considerado, uma figura internacional. —<br />

— Baseado em quê? Ganhar na loteria da hereditariedade? Isso é sorte, não um<br />

compromisso. —<br />

Bo estudou-o e disse baixinho: — Há algumas vezes em que me pergunto o que é<br />

o fascínio. Mesmo assim, ele recorta uma figura de estilo arrojado em bom número<br />

e um título real é o suficiente para ganhar o seu afeto.<br />

Francamente, eu foi surpreendido que Grace se casou com ele, embora eu<br />

entenda que seus pais estavam muito satisfeitos. —<br />

— Sem ofensa, senadora, mas o casamento dela não é da minha empresa. Nós<br />

somos apenas colegas de trabalho. —<br />

— Sério? Ela não pode manter seus olhos fora de você e você passou a maior<br />

parte desta refeição olhando para baixo na mesa, devolvendo o favor. A menos que<br />

vocês dois estão meramente perseguindo esforços oculares, posso presumir que<br />

algo mais profundo está acontecendo. —<br />

154


GGrruuppooRRRR<br />

Ele olhou para Bo, que lhe sorria afetuosamente. Não podia deixar de gostar<br />

dela, embora fosse irritante como o inferno e o punha fora dele, com a sua palestra<br />

sobre Grace. — Eu acho que você está tirando conclusões precipitadas, senadora —<br />

.<br />

— Eu venho de uma família de fabricantes de bourbon, Sr. Smith. Confie em<br />

mim, eu sei muito sobre o amor. — Olhou apontando para Grace que estava<br />

tomando outro gole de sua taça de vinho. — Negócios do coração têm mantido<br />

minha família no negócio há gerações. O amor tem um jeito de fazer pessoas terem<br />

necessidade de consolo e a variedade de líquidos parece funcionar muito bem.<br />

Acredito que é por isso que nossa Grace está absorvendo esta noite. —<br />

— Você pode querer repensar o pronome. —<br />

— Óptimo. Sua Grace — disse ela, com uma piscadela.<br />

Bo tocou a campainha de prata que estava ao lado junto ao seu lugar e garçons<br />

uniformizados entraram na sala.<br />

Enquanto os pratos do jantar foram sendo servidos, a senadora inclinou-se para<br />

ele e sussurrou: — Vou lhe dizer uma coisa, eu acho que você é seu amante. —<br />

Smith ergueu uma sobrancelha. — Bem, eu não sou. —<br />

Mas queria ser. Desesperadamente, maldição. E, evidentemente, às custas de<br />

fazer o trabalho para que tinha sido contratado.<br />

Bo enviou-lhe um olhar de cumplicidade enquanto dobrava novamente o<br />

guardanapo e o colocava cuidadosamente no colo. — Bem, eu vou deixar você<br />

manter seus segredos, mas só porque minha mãe me criou adequadamente — .<br />

Ele balançou a cabeça ironicamente. — E de que alguma forma a educação<br />

adequada incluiu exercícios em técnica de interrogatório? —<br />

— Oh, não. Esse recebi do papai. — O sorriso que ela lhe deu estava cheio de<br />

prazer.<br />

Bo assentiu com a cabeça sobre o ombro de um garçom que começou a colocar<br />

copos altos e finos baleados na frente de cada convidado. Eram de cerca de três<br />

centímetros de altura, um centímetro de diâmetro e foram cheios com líquido de<br />

cor de âmbar.<br />

Ela se aproximou e colocou uma mão elegante em seu braço.<br />

— Apenas não a machuque, ok? Ela já teve o bastante disso. Mesmo que tenta<br />

manter uma frente boa, acontece que sei que o conde não é tudo o que tem<br />

parecido ser. Ele tentou jogar um passe em mim na noite do jantar de ensaio. Eu o<br />

desiludi da noção de que era irresistível com um joelho rápido na virilha, mas ele é<br />

um merda e sempre será. Ela merece melhor. —<br />

155


GGrruuppooRRRR<br />

— Por que você está me dizendo tudo isso? —<br />

— Porque eu gosto do jeito que ela olha para você. —<br />

Smith sorriu lentamente. — Você é uma boa amiga, não é? —<br />

— Pode apostar — .<br />

— Eu não sabia que os senadores foram autorizados a praguejar — .<br />

— Não conta aqui ao norte. Tenho que os por todos para fora, enquando eu<br />

estou aqui. — A mulher, ficou de pé, e a mesa ficou em silêncio.<br />

Smith olhou para Grace enquanto a sua amiga falava.<br />

— E agora, eu gostaria de propor um brinde. Se todos pudessem pegar um copo<br />

do melhor Bradford, vamos deitar abaixo um pouco de bourbon para a nossa<br />

querida amiga, Grace. Todo o amor em seu trigésimo, querida. —<br />

Enquanto um bolo de aniversário aceso foi trazido, Smith colocou o copo de volta<br />

na mesa sem ter provado. Ele estava pensando que Bo tinha um ponto sobre o<br />

álcool e o amor e encontrar um pouco de transição de relevo no fundo de uma<br />

garrafa. Ele estava tão contido, ele poderia ter usado alguns golos, mas nunca<br />

bebeu no trabalho.<br />

Isso, pelo menos, era uma regra que ainda estava pendurada, dura e rápida.<br />

Uma hora depois, a festa começou a se fragmentar. Pessoas dispersaram até que<br />

apenas Bo, Grace, e Smith estavam de pé no vestíbulo da suite.<br />

— Obrigada — disse Grace, levantando a mão para sua testa, ela apertou os<br />

olhos e olhou para o candelabro, como se estivesse incomodada com a luz. — Isto<br />

foi lindo. —<br />

— Eu acho que é melhor você ir para casa. — A senadora sorriu — Você nunca<br />

conseguiu aguentar o seu vinho — .<br />

— Eu não acho que tenha tido muito. —<br />

— Grande é um termo relativo, querida. —<br />

Depois que as mulheres deram um abraço de adeus, Smith ofereceu sua mão<br />

para a senadora. — Bom conhecer você. —<br />

— Da mesma forma, — ela respondeu. — Leve-a para casa em segurança, você<br />

vai? —<br />

Smith balançou a cabeça, pensando que não era o único que estava vigiando<br />

Grace.<br />

156


GGrruuppooRRRR<br />

Quando saíram do hotel, Grace fez uma pausa e olhou para o céu, puxando e<br />

envolvendo o agasalho em torno de si mesma. Acima, uma lua nebulosa pairava<br />

sobre a cidade, seu brilho esmaecido pelo brilho das luzes da rua e os arranha-céus.<br />

— Está quente esta noite — disse ela, tomando uma respiração profunda. —<br />

Vamos dar uma caminhada — .<br />

Smith se posicionou entre Grace e rua e disparou um sinal de movimento para<br />

Eddie, que estava esperando no Explorer.<br />

Enquanto caminhavam em direção a Quinta Avenida, seus passos ao longo da<br />

calçada estavam em sincronia, o som de seus sapatos rítmicos e lentos. Os táxis<br />

passavam, suas lanternas vermelhas brilhantes e, ocasionalmente, outro pedestre<br />

que vinha no caminho. Uma brisa suave soprava em suas costas, e enviava<br />

periodicamente um aroma de seu perfume no caminho.<br />

— Eu sempre gostei da forma como a cidade parece a noite — , murmurou<br />

Grace, olhando para os edifícios.<br />

De repente, ela pegou a ponta do seu sapato em uma fenda e caiu para a frente.<br />

Smith agarrou-a pela cintura e a sentiu a relaxar contra seu corpo. Ela era quente<br />

e macia e seus dedos apertaram a extensão estreita de sua cintura.Não queria<br />

deixá-la ir, apesar de que andar com o braço em torno dela não era inteligente.Tudo<br />

o que precisavam era de uma fotografia dos dois juntos e não seria mais que<br />

complicações, mesmo em sua vida.<br />

— Nós não deveríamos estar tão perto — ela murmurou num momento<br />

posterior.<br />

Quando se afastou dele, a deixou ir.<br />

— Afinal — disse ela, em voz alta: — sou uma mulher casada. Uma maldita<br />

mulher casada. —<br />

Smith olhou para ela. Ela estava franzindo a testa.<br />

— Bo não é, você sabe. Casada. —<br />

Ele retomou a verificação da rua e da calçada. — Ela disse que seu marido tinha<br />

morrido. —<br />

— Três anos atrás — Ela fez uma pausa. — Vocês dois pareciam se dar bem no<br />

jantar. Ela é bonita, não acha? —<br />

Levantou uma sobrancelha, se perguntando onde ela estava levando a conversa.<br />

— Ela é — .<br />

— Diga-me, Smith. — Ela reposicionou seu envoltório com um movimento<br />

brusco. — O que torna uma mulher bonita para você? O que era bonito em Bo? —<br />

157


GGrruuppooRRRR<br />

Como se passeavam sob uma lâmpada de rua, a luz caiu sobre as características<br />

delicadas de Grace e Smith sabia exatamente o que a sua definição de beleza<br />

era.Antes que ele pudesse conceber uma resposta adequada, ela falou.<br />

— Oh, não responda a isso. — Grace bateu a mão sobre, como se quisesse<br />

apagar a questão. — Eu não sei porque eu pergunto.Provavelmente, para torturar a<br />

mim mesma. —<br />

Ela parecia surpresa por sua própria admissão e disse em uma pressa, — O<br />

marido de Bo era um homem maravilhoso e ela o amava profundamente. Agora<br />

esse, foi um casamento que realmente funcionou. E foi cruel, que acabou tão cedo.<br />

—<br />

Os instintos de Smith chamaram atenção.<br />

Olhando para trás, ele se sentiu, e então viu, uma forma a desaparecer na<br />

escuridão. Indiferente, abriu o botão do paletó do smoking no caso de que<br />

precisava chegar a sua arma.<br />

— Eu acho que é hora de voltar — , observou, agarrando o braço de Grace com<br />

firmeza. Ela olhou para ele. Não querendo alarmá-la, disse suavemente, — Está<br />

ficando tarde. —<br />

— Alguém está nos seguindo, não é? — sussurrou.<br />

— Talvez. —<br />

Ele poderia dizer que estava assustada com a tensão que atravessa seu corpo e<br />

segurou firme, ela assumiu seu bíceps, mas não mostrou nenhum sinal de medo.<br />

Simplesmente continuou andando com a cabeça para cima.<br />

Boa menina, pensou ele.<br />

Smith olhou em volta casualmente, em busca de uma oportunidade para tirá-la<br />

da rua. Eles vieram para cima de um restaurante animado.<br />

— Vamos entrar aqui — , disse, puxando-a para o restaurante moderno. Assim<br />

que estavam lá dentro, virou e abriu seu celular e ligou para Eddie.<br />

Através do emaranhado de pessoas esperando para terem lugar, o maitre foi<br />

direto a Grace com um largo sorriso. — Condessa, bem-vinda. Você vai se juntar a<br />

nós esta noite? —<br />

Enquanto Grace puxava conversa, Smith ficou ao lado dela e olhou para Eddie<br />

fora das janelas grandes que davam para a rua. Quando o Explorer preto puxou para<br />

cima, a pegou pelo braço e a conduziu para fora. Eles tinham acabado sair da porta<br />

quando um homem saltou para fora, para eles. Smith cobriu Grace com o seu corpo<br />

enquanto um flash disparava.<br />

158


GGrruuppooRRRR<br />

Movendo-se diante da luz ofuscante assim que escureu, Smith empurrou-a para<br />

o Explorer, bateu a porta e foi atrás do paparazzo. Pegou o homem em três passos<br />

e arrastou-o para o beco ao lado do restaurante. Assim que o cara começou a gritar,<br />

Smith pegou sua câmera, retirou o filme, e amassou-o contra os tijolos do prédio.<br />

— Sinto muito, o que ia dizer? — Smith pressionou o seu antebraço contra a<br />

garganta do rapaz enquanto sorria amigavelmente.<br />

— Eu o vou processar! Esse é o meu filme... —<br />

— Aqui, tome isso. — Empurrou os negativos expostos no bolso do cara.<br />

— Deixe-me ir! —<br />

— Não até que você prometa deixá-la em paz. —<br />

— É um país livre!Você não pode me machucar. Se o fizer, vou processá-la! —<br />

O homem continuou a lutar, o rosto vermelho da raiva crescente. Smith segurouo<br />

facilmente, imaginando quanto tempo levaria até o cara cansar.<br />

— Ela é património público! — O fotógrafo zombou. — Apesar de por que<br />

alguém iria querer saber quem está transando com uma princesa de gelo como<br />

ela... —<br />

Smith parou de sorrir. — O que você disse? —<br />

— Eu disse... —<br />

Smith mudou de posição, empurrando seu braço mais forte contra a garganta do<br />

homem e cortando suas palavras. — No segundo seguinte, eu não acho que será do<br />

seu melhor interesse para o repetir. Eu poderia ficar chateado e depois as coisas<br />

iriam ficar feias. —<br />

— Ah, é? — o cara engasgou. — O que vai fazer? —<br />

Smith colocou o rosto para baixo perto do fotógrafo e o homem caiu<br />

completamente quieto. — Você não quer saber o que eu sou capaz. —<br />

O cara começou a parecer preocupado, com os olhos deslocando para cima e<br />

para baixo no beco como se estivesse à procura de ajuda. Não havia ninguém ao<br />

redor.<br />

Smith o manteve preso contra a parede de tijolos, assim tinha tempo de sobra<br />

para imaginar todos os tipos de lesões desagradáveis. Estava esperando o<br />

paparazzo dizer algo mais, algo que daria a Smith uma desculpa para bater nele.<br />

Duro.<br />

Ouvir uma palestra sobre Grace como baixo nível, tinha realmente chateado ele.<br />

— Você teve o bastante? — perguntou ao rapaz.<br />

159


O aceno foi rápido e furioso.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Eu vou só assumir que você e eu estamos de acordo sobre a condessa. Se eu<br />

vir você de novo, eu vou fazer um inferno de muito pior do que rasgar o filme de sua<br />

câmara. Entendeu? —<br />

Quando Smith o largou, o fotógrafo caiu contra o edifício e agarrou sua garganta.<br />

Smith se virou e começou a afastar-se.<br />

— Eu não tenho medo de você! — o homem gritou quando havia uma boa<br />

distância entre eles.<br />

Um simples olhar sobre o ombro fechou a boca do cara.<br />

Quando Smith entrou no Explorer, Grace o olhou em silêncio. Ela parecia estar<br />

em choque e não podia culpá-la.<br />

— Você se move tão rápido — , murmurou, enquanto eles se afastavam do meiofio.<br />

— Quando tenho que o fazer. Eddie, — disse ele — leve-nos pelas traseiras na<br />

volta, quando você nos deixar. No caso do nosso amiguinho com a bolha de flash<br />

ter chamado qualquer um dos seus camaradas. —<br />

Um dia antes, a pedido de Smith, Eddie tinha sondado a entrada dos fundos do<br />

edifício. Havia uma passarela que serpenteava através do porão e subia até o<br />

saguão. Parecia que eles estavam para começar a ter que a usar.<br />

Enquanto estavam acelerando no trânsito, sentiu Grace olhando para ele.<br />

— ... Esse fotógrafo.Você quis machucá-lo? — perguntou em voz baixa.<br />

— Não. —<br />

Houve uma pausa. Tem a certeza?<br />

Então essa era a razão pela qual estava olhando para ele como se fosse um<br />

estranho. Ela nunca tinha visto alguém lançar outra pessoa em um beco e sair<br />

sozinho.<br />

— Sim, ele vai ficar bem. —<br />

Enquanto colocava os braços ao redor de si mesma, Smith estava contente por<br />

ela não saber o que queria fazer para o cara.<br />

Dez minutos depois, Eddie parou atrás do prédio e Smith acompanhou Grace<br />

pela porta de trás e no corredor com cheiro de mofo até à entrada. O porteiro<br />

estava dormindo no seu posto, e Smith, bateu forte no ombro do cara.<br />

— Levante-se. Eles não estão pagando para você dormir — , disse ele<br />

asperamente.<br />

160


GGrruuppooRRRR<br />

O rapaz sacudiu a cabeça, embora se de vergonha ou apenas como uma maneira<br />

de acordar, Smith não tinha certeza.<br />

Ele apertou o botão do elevador e cortou o pedido de desculpas do porteiro. —<br />

Se você não pode ficar acordado, encontre um outro turno ou outro emprego. —<br />

A voz de Grace era muito mais suave quando ofereceu ao homem um sorriso<br />

reconfortante. — Tudo bem, eu sei que o seu novo bebê provavelmente não deixa<br />

você dormir regular. —<br />

Os dois conversaram sobre a família do homem até que o elevador chegou.<br />

Conforme Smith e Grace subiam até ao apartamento, viu os olhos dela escurecer<br />

novamente e não a culpava por estar abalada. Obter um salto de um fotógrafo<br />

raivoso e ver o seu guarda-costas maltratar um cara não era muito divertido para<br />

qualquer um.<br />

Smith voltou a pensar no tinha acontecido naquele beco. Ele tinha estado<br />

preparado para se soltar naquele fotógrafo, realmente feri-lo. Certificar-se de que a<br />

imagem nunca iria ver a luz do dia não pareceu ir longe o suficiente, considerando<br />

que o homem tinha medo de Grace e depois a insultou.<br />

Em retrospecto, sua reação foi perturbadora. A defesa de um cliente era uma<br />

coisa, vingar a honra de Grace era totalmente diferente. Lembrou-se que ela estava<br />

lhe pagando para protegê-la, não para ser um bandido contratado.<br />

À medida que entrou na casa e desligou o alarme, Smith sabia que estavam indo<br />

para o problema.<br />

Todos os tipos de linhas foram ficando turvas com Grace e sua clareza de espírito<br />

era uma casualidade, que nenhum dos dois podia pagar.<br />

Merecia tê-lo em sua melhor forma. Devia isso a ela.<br />

E não teria exigido nada menos de si mesmo.<br />

* * *<br />

Grace ouviu a porta fechar quando entrou na sala.<br />

— Você precisa de alguma coisa? — Smith perguntou.<br />

Ela se virou. Estava esperando por ela para falar, a forma no escuro, iluminada<br />

por trás na altura pela luz do corredor.<br />

Ela não conseguia manter o confronto com o fotógrafo fora de sua mente e<br />

ficava vendo o fim de um cenário, maneira diferentede, com violência. Quando<br />

161


GGrruuppooRRRR<br />

Smith tinha se lançado à frente para protegê-la com o seu corpo, só Deus sabia se<br />

era uma máquina fotográfica ou uma arma apontada para ela. Ainda assim, ele<br />

havia estado preparado para assumir o que estava chegando, se era uma bala ou<br />

uma faca ou um soco ou um flash.<br />

Pensou em como facilmente o que estivesse para chegar, poderia ter sido fatal.<br />

E como, nesse momento, saltava à frente dela, John estava disposto a dar sua<br />

vida por ela. Ela estava agradecida e irritada ao mesmo tempo, porque, se estava<br />

disposto a fazer isso por ela, certamente, colocava sua vida em risco para seus<br />

outros clientes. Não lhe importa se poderia morrer?<br />

De repente, olhando para o futuro parecia um exercício inútil de otimismo. Ele<br />

estava com ela agora.<br />

Hoje à noite eles estavam juntos.<br />

E o queria.<br />

Para o inferno com finais felizes, pensou.<br />

Tomando coragem ainda com os efeitos nefastos do vinho, Grace se aproximou<br />

dele lentamente e deixou cair o envoltório de seus ombros. Na penumbra, viu-o<br />

seguir a seda enquanto deslizava para baixo nos braços, passado de sua cintura e no<br />

chão. Quando seus olhos voltaram aos dela, brilhavam.<br />

Ela estendeu a mão e tocou na lapela de cetim de seu smoking, deixando os<br />

dedos flutuar para baixo no material. Facilmente se movendo contra o seu corpo,<br />

de modo que seus seios pressionavam contra seu peito, ela se estendeu até a sua<br />

orelha.<br />

— Faça amor comigo — sussurrou contra a pele de sua garganta.<br />

Ela sentiu um arrepio percorrê-lo.<br />

A hesitação que se seguiu não foi animadora.<br />

— O que há de errado? — perguntou.<br />

— Isso não está certo — disse, retirando as mãos. — Sinto muito, Grace. —<br />

Ela franziu as sobrancelhas em confusão, esforçando-se para tocá-lo novamente.<br />

— Você me disse que eu poderia escolher. — E eu o fiz. —<br />

— Eu nunca deveria ter colocado você nessa posição. — Ele se afastou.<br />

Grace o olhou, incapaz de compreender o que estava dizendo.<br />

Quando encontrou os olhos dela impiedosamente, ficou furiosa.<br />

— Vá se ferrar. — Quando ele permaneceu em silêncio, perguntou:<br />

— Por que você fez isso comigo? Você só quer me ver implorar? —<br />

162


— Claro que não. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Então, por quê? Se eu soubesse que isso era apenas uma espécie de jogo ... —<br />

— Nunca foi um jogo — , disse ele ferozmente.<br />

A frustração a fez atacar. — Bem, então eu nunca tomei você por um covarde. Se<br />

você realmente é rei de-ficar-uma-noite, o que é o grande negócio com um pouco<br />

de sexo? Você já fez isso antes e conseguiu sobreviver à experiência com o seu eusou-uma-rocha<br />

de rotina, ainda intacta. —<br />

Com a velocidade da luz, com as mãos segurou seus braços com tanta força que<br />

doeu.<br />

— Não me pressione, Grace. Eu não estou no clima. —<br />

— Então, entre num melhor. Beije-me — murmurou, olhando nos olhos dele.<br />

— Para com isso! —<br />

— Não. —<br />

Com uma onda de poder, lhe prendeu os braços para trás e empurrou suas costas<br />

contra a parede.<br />

— Cristo, isso é tudo que você quer? — Ele pressionou a excitação em seu corpo.<br />

Ela olhou para ele corajosamente — Esta noite? Sim. —<br />

Seus olhos se fecharam. E então se abriram e os lábios dele desceram sobre os<br />

dela.<br />

Seu beijo era duro e ela quis assim. Deixando os braços livres, ela agarrou o<br />

paletó e o deslizou a partir de seus ombros enquanto sentia as mãos dele vir até ao<br />

corpete de seu vestido.Houve um som rasgando enquanto ele rasgava a seda<br />

delicada de seu corpo e cobria os seios com as mãos.<br />

Sua boca era quente e esfomeada ao longo dela, empurrando sua língua para<br />

dentro dela enquanto a apertava contra seu corpo. Movendo as unhas em suas<br />

costas, gemeu.<br />

Ao som rouco, ele congelou. Olhando nos olhos dela, afastou-a bruscamente.<br />

Passando uma mão sobre seu cabelo curto, ele se abaixou e pegou o envoltório.<br />

— Vá para a cama — , disse, jogando-o.<br />

Grace apanhou a seda, mas se recusou a cobrir-se, ciente de que seus seios<br />

estavam nus e ele estava tendo um tempo difícil não olhar para eles. — Você me<br />

quer. —<br />

163


GGrruuppooRRRR<br />

Smith voltou para ela em uma corrida, plantando suas mãos contra a parede em<br />

cada lado da cabeça com um ruído alto. Enquanto ele se inclinou perto, não sentiu<br />

medo quando seus olhos passaram sobre seu corpo.<br />

— Sim, eu quero você.Tão intensamente que até que porra dói. Satisfeita? —<br />

— Nem de perto, — disse suavemente, as palavras dela pingando intenção.<br />

Estendeu a mão e acariciou sua bochecha.<br />

Seu olhar se estreitou em seus lábios, mas depois ele fechou os olhos e ficou<br />

assim por um longo tempo.<br />

—<br />

Quando ele a olhou de novo, estava frio como gelo. Calmamente se afastou.<br />

— O que mudou? — ela sussurrou.<br />

— Você não está pensando claramente esta noite. E eu não estava esta manhã.<br />

Se virou e entrou em seu quarto. Ouviu a porta fechar em silêncio e percebeu que<br />

era a primeira vez que ele fechou por fora.<br />

No silêncio, a realidade voltou e bateu em Grace tão duro que sentia vontade de<br />

gritar. Olhou para baixo num choque mudo, no vestido arruinado. Com as mãos<br />

tateando, puxou o corpete de volta de forma que seus seios ficaram cobertos e foi<br />

para o seu quarto.<br />

Não teve coragem de olhar na porta enquanto passava.<br />

* * *<br />

O primeiro pensamento de Grace na manhã seguinte foi que talvez tudo tivesse<br />

sido um pesadelo louco. Então, olhou e viu o vestido rasgado pendurado numa<br />

cadeira.<br />

Oh, Deus. Realmente tinha tentado seduzi-lo e ele realmente a tinha recusado.<br />

Gemendo, entrou no banheiro e tomou duas aspirinas. Depois de ter um<br />

chuveiro, ela vestiu o robe grosso e saiu para o corredor.<br />

Sua porta estava entreaberta.<br />

— Smith? — ela disse suavemente. Quando não houve resposta, entrou no<br />

quarto.<br />

Uma cama havia sido desfeita, ou pelo menos havia se sentado nela. Duas<br />

almofadas foram encostadas na parede e um livro estava espalhados nos no topo<br />

164


GGrruuppooRRRR<br />

da colcha. A outra cama estava bem feita e tinha sua jaqueta de couro e o smoking<br />

entendido ao pé dele.<br />

Estava prestes a sair, quando viu a sua carteira na mesa antiga. Próximo a ela<br />

estava a sua arma, o coldre e um conjunto de chaves.<br />

— Procurando por algo? —<br />

Seus olhos voaram até o espelho sobre a mesa. Estava em pé na porta com uma<br />

xícara de café na mão.Ele parecia cruamente bonito, vestindo apenas uma camiseta<br />

branca e um par de calças de cintura descida, pretas.Sua boca ficou seca quando<br />

pensou em o beijar e queria amaldiçoar.<br />

Não parecia ter fim a sua imaginação fértil ou a sua vontade de atirar-se para ele.<br />

Depois da noite passada, devia ter aprendido uma coisa ou duas.<br />

— O chuveiro está livre — , disse.<br />

E saiu rapidamente, tentando não notar o amplo espaço que ele lhe deu quando<br />

passou por ele.Enquanto estava no seu quarto e começou a se vestir, decidiu que<br />

tinha ido de um extremo ao outro. De uma rainha do gelo para uma prostituta.<br />

Não é exatamente um melhoramento, pensou pesarosamente.<br />

* * *<br />

Quando Grace e John entraram no escritório, na manhã de segunda-feira, Kat<br />

olhou para cima na sua mesa com um sorriso. — O local é uma dança hoje. Lamont<br />

já parou por duas vezes. Há dez mensagens para você devolver.Ah, e os<br />

fornecedores de serviço ligaram. Disseram que Fredrique tinha passado lá e<br />

discutido o menu da Gala com eles.Eles pareciam um pouco confusos, mas estão<br />

lhe enviando o primeiro passo para os alimentos de qualquer maneira.Eu acho que<br />

estavam sob a impressão de que ele não esteva envolvido neste ano. —<br />

— Ele não está. — Grace engoliu a sua irritação.<br />

— Oh, e mais uma coisa. O tenente Marks apenas ligou para você, do NYPD 49 .<br />

Disse que você saberia do que se tratava. —<br />

O telefone celular de Smith foi ligado e o colocou até seu ouvido.<br />

Grace sentiu seu estômago sacudir.<br />

49 Sigla: Departamento de Polícia de Nova Iorque.<br />

165


GGrruuppooRRRR<br />

À medida que entrava no seu escritório e fechava as portas, ela o ouviu dizer: —<br />

Sim, eu estou com ela agora. —<br />

Grace observava Smith ansiosamente quando se sentou. Ele esteve ao telefone<br />

por mais alguns minutos, mas ela não podia dizer nada por suas respostas<br />

monossilábicas.<br />

Assim que desligou, ela disse numa voz congelada, — Quem? —<br />

Veio ao redor da mesa, ficando mais perto dela do que tinha estado em dias. Os<br />

olhos dele eram gentis o que a aterrorizava.<br />

— Quem? — repetiu.<br />

— Eles não vão liberar o nome porque ainda estamos tentando avisar a família. E<br />

aconteceu na noite passada.<br />

Uma camareira encontrou o corpo. —<br />

Grace fechou os olhos.<br />

Sentiu a sua mão ser coberta pensou que era a primeira vez que ele a ahavia<br />

tocado desde aquela cena terrível na noite de seu aniversário.<br />

— É uma coisa boa, que vamos para Newport neste fim de semana, não é — ,<br />

disse com bravata. — Todos parecem morrer em Nova York. —<br />

Tentou sorrir heroicamente e não conseguiu. Assustada, olhou para as janelas<br />

para que ele não conseguisse ver o seu medo.<br />

— Olhe para mim. Grace? — Relutante, passou os olhos para ele. — Eu não vou<br />

deixar nada acontecer com você. —<br />

— Eu quero acreditar nisso. —<br />

Quando Kat zumbia que a sua primeira reunião havia chegado, John foi até a<br />

mesa de conferência.<br />

Grace apertou o botão do interfone e disse que precisava de um momento.<br />

Estava pensando em Mimi Lauer e pegou o telefone. A idéia de que Isadora<br />

poderia estar morta, era terrível e precisava falar com alguém que conheceria em<br />

primeira mão, exatamente como fora de controle estava, e o quanto se sentia triste.<br />

Quando o correio de voz apareceu, deixou uma mensagem.<br />

Quando desligou o telefone, sentiu um brilho de suor aparecer na sua testa. Uma<br />

onda de tontura seguida de perto com o flash de calor em seu corpo,<br />

transformando sua visão num tabuleiro de xadrez.<br />

166


GGrruuppooRRRR<br />

Tentando respirar através dos pulmões que estavam transformados em pedra,<br />

ela disse a si mesma que não ia morrer. Ninguém morreu por causa de ansiedade.<br />

Você preferia estar morta.<br />

Ela estremeceu, pensando no assassino e na mulher que tinha acabado de ser<br />

assassinada.<br />

Essa era uma expressão que não iria usar nunca mais.<br />

Capítulo 14<br />

Naquela noite, Grace não conseguia dormir. Após uma hora de tentar em vão, ela<br />

vagueou até a cozinha.<br />

Mais cedo naquela noite, ela tinha levado um par de potenciais doadores para o<br />

Congresso para o jantar, na esperança de conseguir uma peça para o<br />

leilão.Tentando concentrar-se no negócio tinha sido impossível e talvez foi por isso<br />

que ela tinha sido rejeitada quando ela perguntou aos Staffords pela sua coleção de<br />

Early American de trabalhos em agulha. As amostras teriam sido um bom item de<br />

leilão. Mesmo se elas não eram tão chamativas como as cartas de Franklin<br />

Jefferson, as peças eram ainda notáveis pela sua raridade e excelente estado.<br />

Ela abriu a geladeira e pensou em Smith. As prateleiras estavam cheias de<br />

legumes frescos, carnes, caixas de suco de laranja e leite de soja. Ela imaginou que<br />

o aparelho estava provavelmente grato por ser usado como mais do que um<br />

cemitério de condimentos.<br />

Ela estava no caminho de volta para seu quarto depois de ter feito um sanduíche,<br />

quando o telefone tocou. Smith se materializou na porta, enquanto relutantemente<br />

ela pegava no receptor na sala de estar.<br />

— Grace? — Era uma voz masculina. Uma abalada, angustiada voz masculina.<br />

— Sim? —<br />

— É Ted Lauer. —<br />

167


GGrruuppooRRRR<br />

Ela sentiu o sangue escorrer fora de sua cabeça. — Oh, Deus, não... —<br />

— Mimi é... ela se foi, Grace... — Ted engasgou e pigarreou.<br />

Soltando um pequeno som ferido, ela que desmoronou em uma cadeira,<br />

imaginando Mimi, enquanto a mulher deixava a suite de Bo. A idéia de que ela<br />

estava morta enquanto Grace tentava alcançá-la de manhã, era horrível.<br />

Ela tentou imaginar Ted tendo de dizer a seu filho que sua mãe não estava<br />

voltando para casa nunca mais.<br />

— Há algo que eu possa fazer por você? — ela perguntou.<br />

— Não há nada que possa fazer. —<br />

Quando finalmente desligou o telefone, depois de oferecer palavras de<br />

condolência e pesar que sentiu, lamentavelmente não serem substanciais no<br />

momento de sofrimento do homem, olhou para Smith.<br />

— A vida desta família está arruinada. Seu filho... — Se levantou, sacudindo a<br />

cabeça desolada. — Não podemos ir para Newport.O funeral é esta semana. —<br />

— Eu não quero que você vá. —<br />

— Para o funeral? — Ela franziu o cenho. — Como eu não posso? —<br />

Smith balançou a cabeça. — Eu não estou fazendo chances. —<br />

— Mas eu vou estar perfeitamente segura. Você vai estar comigo. —<br />

— Vai ser uma cena de multidão. Eu te disse, sem grandes multidões se podemos<br />

evitá-lo. —<br />

— Mas ela era minha amiga. — Grace cruzou os braços sobre o peito, lutando<br />

contra lágrimas de raiva, frustração e medo.<br />

— Grace, temos de ser razoáveis. —<br />

— Eles vão ter muito policial lá. Você consegue proteger figuras políticas, certo?<br />

Pessoas como o embaixador — ela atirou de volta. — Então por que é diferente<br />

para mim? —<br />

— Naquela noite, tive o Plaza cravejado com meus homens. —<br />

— Então, traga-os, faça-me um maldito casaco com eles, eu não me importo. —<br />

Seus olhos escureceram.<br />

— Temos um acordo. Você vai fazer o que eu digo, certo. —<br />

Grace começou a sacudir a cabeça. — Isso não é justo. Eu tenho que ir. —<br />

— Não tem nada a ver com justiça. Isto é sobre o risco e ir a este funeral, e é um<br />

evitável.<br />

168


GGrruuppooRRRR<br />

Assassinos em série gostam de ver as consequências do seu trabalho. Há uma<br />

boa possibilidade de ele estar em algum lugar no meio da multidão e eu não quero<br />

você perto dele. —<br />

— Então o que é próximo? Você vai me dizer que eu não posso ir para a Gala?<br />

Quando ele não respondeu enfiou-lhe o queixo para fora. — Eu estou indo Gala da<br />

Fundação, John. Não importa o que você diz. —<br />

— Então nós podemos ter um problema. —<br />

— Que diabos é que isso quer dizer? Você está ameaçando me deixar? —<br />

— Eu lhe disse desde o início. Eu estou aqui só nos meus termos. —<br />

Estava pronto para discutir com ele, quando uma onda de esperança rompeu sua<br />

raiva. — Mas talvez ele vá ser capturado por lá. Talvez isto acabe tudo em um par<br />

de semanas. —<br />

— Talvez. —<br />

Seu tom era mais ao longo das linhas de talvez não.<br />

— A Gala é ainda afastada a mais três semanas — disse ela. — Será que<br />

podemos pelo menos discutir isso depois? —<br />

— Você não pode negociar comigo. —<br />

Amaldiçoou em voz alta. Ótimo. Posso gritar com você, então? Porque eu estou<br />

ficando muito doente e malditamente cansada de ter qualquer influência na minha<br />

vida. —<br />

Sentiu a umidade em seu rosto e percebeu que tinha começado a chorar.<br />

Impaciente, limpou debaixo de seus olhos.<br />

— Cristo — , ele murmurou, estendendo seus braços. — Vem cá. —<br />

Grace hesitou e depois foi para o abraço, caindo em sua força, colocando seu<br />

rosto no peito largo. Segurou-a por um longo tempo, acariciando suas costas com<br />

as mãos grandes.<br />

— Eu desprezo você agora — disse ela contra sua camisa.<br />

— Eu sei! —<br />

* * *<br />

169


GGrruuppooRRRR<br />

Smith a embalou nos braços durante algum tempo, tentando aliviar um pouco da<br />

sua frustração e medo. Ele tinha decidido antes mesmo da morte Mimi Lauer que<br />

poderia ter que puxar Grace fora da Gala e sabia que a conversa ia ser difícil.<br />

Ela estava certa. Ele havia protegido pessoas como o embaixador, pessoas que<br />

estavam sendo caçados por assassinos que gostavam de fazer a meta em público. E<br />

o assassino que estava atrás de Grace tinha um padrão de trabalho em particular.<br />

Provavelmente ele preferia um ambiente íntimo, razão pela qual ele matou em<br />

casas das vítimas. Ainda assim, e apesar de seus homens de confiança Smith e tinha<br />

confiança em si mesmo, quando chegou até Grace a menor elevação no risco<br />

parecia inaceitável.<br />

Enquanto a segurava firmemente contra ele, não podia suportar a idéia de ela<br />

ficar magoada e sentiu uma chance de verdadeira simpatia pelo marido da tal<br />

Lauer. Descobrir a sua mulher com a garganta cortada aberta e sangrando até a<br />

morte em sua sala. Que diabos isso era para um civil? A morte era forte o suficiente<br />

para se lidar com, se você foi treinado para lidar com ela, e ela tirou seus colegas ou<br />

seus inimigos. Mas uma mulher?<br />

Cristo.<br />

Lembrou o que Marks lhe tinha dito por telefone mais cedo. O assassinato tinha<br />

sido ao longo da mesma linha dos outros dois. Nenhuma entrada forçada. Viciado<br />

trabalho de faca. Sem impressões digitais. E as roupas da mulher tinham sido<br />

dispostas ordenadamente após a luta. A matança se encaixava no padrão, embora<br />

estivesse fora de ordem. Isadora Cunis deveria ter sido a próxima se o assassino<br />

estava seguindo a sequência do artigo, mas Smith sabia que não queria dizer que a<br />

mulher estava fora de perigo. Marks disse que Cunis e seu marido tinham deixado a<br />

cidade e não voltariam até ao seu grande evento no final do mês.<br />

A falta de disponibilidade, sem dúvida, deve ter forjado a ordem, em detrimento<br />

da trágica Mimi Lauer.<br />

Smith desejava saber como o assassino tinha ido para a mulher. Ela estava sendo<br />

assistida por bons policiais. Os homens de Marks tinham estado no edifício e fora na<br />

calçada.<br />

Só não em sua maldita casa, evidentemente.<br />

Sentiu Grace puxar para trás. Seus olhos estavam luminosos da névoa de<br />

lágrimas e sua voz era um sussurro apenas quando falou.<br />

— Eu não quero ficar sozinha hoje à noite. Fica comigo? —<br />

Smith sufocou um gemido e o reforçou. Dormir ao seu lado não era o tipo de<br />

apoio que se sentia capaz de oferecer. Não importa o quão horrível ela estava<br />

sentindo, ou o quanto merecia a simpatia, nada ia mudar a maneira como se sentia<br />

170


GGrruuppooRRRR<br />

quando o seu corpo estava perto dele. Queria aliviar o seu sofrimento, mas deitado<br />

ao lado dela durante toda a noite não estava indo para mantê-lo de um humor<br />

compassivo.<br />

— Tem certeza? — disse rispidamente.<br />

Quando ela concordou, e eles começaram a caminhar pelo corredor, disse a si<br />

mesmo que havia provas mais duras para testar a sua força.<br />

Naturalmente, a maioria delas envolvia em movimento de máquinas pesadas ou<br />

grandes electrodomésticos. Com um braço amarrado nas costas e as pernas em<br />

malditas manilhas.<br />

Ainda assim, ele não pensou que poderia recusá-la.<br />

Depois que ela entrou na cama, se deitou em cima dos lençois. Estava pensando<br />

que não seria tão ruim, desde que eles ficassem em lados opostos, mas depois ela<br />

se mudou para os seus braços e se enrolou numa pequena bola.<br />

Aos poucos, sua respiração desacelerou e a tensão em seu corpo se dissipou até<br />

que ela se tornou exatamente no que temia.<br />

Suave, rendida, quente.<br />

Ele podia sentir sua respiração contra o seu antebraço, sua bunda enfiada<br />

apertada na base de seus quadris, o peso de sua cabeça em seu ombro.<br />

Cristo.<br />

Ele era um cara durão. Passou pela Escola Ranger sem nenhum problema,<br />

apenas um pouco de lama, suor, e privação de sono. Primeiros tiros? Curado<br />

apenas, muito obrigado. Mesmo com a obtenção de esfaqueamentos, batido na<br />

cabeça com um ferro de liras, e ser atingido por esse Chevy Nova.<br />

Ok, então ele precisou de algum tempo de tração depois do Nova e até agora o<br />

joelho doía um pouco quando chovia. Ainda assim, tudo não era nada comparado<br />

ao ter que passar a noite ao lado de Grace, e ao que estava fazendo com ele.<br />

Tinha que se lembrar quando tinha passado uma noite com uma mulher em seus<br />

braços. Excepto quando estava tendo relações sexuais. Não conseguia se lembrar<br />

de quanto há tempo tinha sido. Talvez nunca.<br />

Grace moveu-se em seu sono, se esfregando em seus quadris.<br />

Enquanto rangia os dentes, sabia que não ia conseguir dormir. E tinha de<br />

imaginar que, se estar deitado ao lado dela e estando separados por cobertores, seu<br />

roupão de banho e suas roupas estava sendo difícil, estava certo de que fazer amor<br />

com a condessa, que o Chevy Nova que aterrou na sua bunda, só o tinha atordoado.<br />

171


GGrruuppooRRRR<br />

Fechou os olhos, pensando que era uma vergonha que não a havia encontrado<br />

em diferentes circunstâncias.<br />

Embora não soubesse que outro estado de coisas os poderia ter reunido.<br />

* * *<br />

Na tarde de sexta-feira da semana do Columbus Day, Grace esfregou os olhos<br />

cansados e se estendeu na cadeira do pai. Smith estava na mesa da conferência,<br />

falando em seu telefone. Fezia isso muito quando eles estavam no escritório e se<br />

acostumou a ouvir o murmurar profundo da sua voz.<br />

Grace estudou-o secretamente, o pensamento de volta para a noite que<br />

passaram juntos. Algum tempo antes do amanhecer, ela acordou com a sensação<br />

de braços pesados a segurando no seu aperto e um grande corpo empurrado<br />

estreitamente contra o dela. Ela virou com cuidado, tentando não perturbá-lo,<br />

porque queria ver como que parecia, quando estava dormindo.<br />

Mas seus olhos estavam alerta e brilhantes quando olhou para eles. A expressão<br />

em seu rosto tinha sido intensa na luz da manhã e ele olhou para ela durante o que<br />

pareceu um longo tempo. Se perguntou se ia beijá-la, mas depois ele derrapou para<br />

fora da cama num movimento suave e saiu do quarto sem sequer um bom dia.<br />

O zumbido suave do fax atrás na mesa a trouxe de volta ao presente.<br />

Distraidamente, estendeu a mão e pegou as páginas como elas chegavam através<br />

da máquina.<br />

Desde aquela noite, ele tinha evitado ficar muito perto e não era difícil sentir-se<br />

como uma leprosa, evitou a sua volta, se reunir na sala ou passar enquanto entrava<br />

e saia de seu banheiro. Disse a si mesma para não o tomar pessoalmente, mas<br />

realmente não ajudava.<br />

Como o fax continuava, atirando para fora, página após página, olhou para a lista<br />

de assinaturas e franziu o cenho.<br />

— Isso é para mim. —<br />

Grace saltou ao som de sua voz. Ele conseguiu atravessar a sala sem fazer<br />

barulho e desejava saber quando iria se acostumar com a forma como ele se movia<br />

silenciosamente.<br />

— O que é isso? — Entregou os documentos para ele.<br />

172


GGrruuppooRRRR<br />

— Relatórios da entregas e visitantes. — Ele voltou à mesa de conferência.<br />

— Para quê? —<br />

Como não respondeu, sabia que tinha a ver com o caso.<br />

— Conte-me sobre a investigação — disse ela calmamente.<br />

Ele olhou para cima. — Eu não quero incomodá-la. —<br />

— Eu lhe disse antes, eu me sinto melhor sabendo o que está acontecendo. —<br />

— Eu não estou tão certo sobre isso — resmungou. Quando olhou para ele<br />

incisivamente, ele encolheu os ombros. Eu estou passando pelos realtórios dos<br />

edifícios com um novo conjunto de olhos. À procura de padrões que Marks e sua<br />

equipe poderiam ter perdido. —<br />

Foi até ele, inclinando-se sobre seu ombro e olhando para as colunas de<br />

assinaturas e datas e tempos. Viu um monte dos mesmo nomes e reconheceu<br />

muitos deles.<br />

— Não é hora de ir para o aeroporto? — ele perguntou abruptamente.<br />

— Sim. Acho que sim. —<br />

Embora não se importaria de adiar a viagem por completo. Ainda se sentia como<br />

se deveria estar indo para o funeral de Mimi e não estava ansiosa para ver sua mãe.<br />

A conversa que tinha tido com Carolina no dia anterior, quando teve que explicar<br />

que Ranulf não ia, não tinha corrido bem. A desaprovação vindo através do telefone<br />

se tinha intensificado quando mencionou que estava sendo acompanhada por um<br />

homem ‘ amigo’. —<br />

Quando ela e Smith saíram do escritório, Grace estava esperando que o tempo<br />

fosse apenas voando sobre o assunto. Amava a mãe, tanto quanto a mulher iria<br />

deixá-la, mas um pouco de Carolina Hall era um caminho longo.<br />

Eddie os levou da cidade para o Aeroporto Teterboro onde o avião da família Hall<br />

estava esperando, abastecido e brilhando sobre o asfalto. O jato Gulf havia sido<br />

usado frequentemente por seu pai, mas Grace, estava pensando em vendê-lo,<br />

sentindo que as despesas gerais superavam a conveniência.<br />

A viagem não era longa. Era pouco mais de uma hora voo do Aeroporto T.F.<br />

Greene, que era localizado nos arredores de Providence, Rhode Island. Assim que<br />

saiu do avião, viu um Mercedes preto familiar á espera em uma entrada lateral<br />

especial do campo.<br />

— Olá, Wilhelm, — Grace cumprimentou o motorista quando eles se<br />

aproximaram, um porteiro fardado por trás deles estava empurrando as suas coisas<br />

em um carro.<br />

173


GGrruuppooRRRR<br />

— Miss Grace — , respondeu o homem, tirando o seu chapéu de motorista. O<br />

sotaque alemão era pesado em sua pronúncia.<br />

— Como está Marta? —<br />

Quando o homem abriu a porta traseira, ele respondeu: — Bem. Ela está tão<br />

bem como sempre. Ela está ansiando de<br />

prazer em tê-la em casa novamente, mesmo que seja apenas para o fim de<br />

semana. —<br />

— Wilhelm, este é John Smith. Um amigo meu. —<br />

O homem mais velho dobrou a cintura brevemente. — Senhor. —<br />

Smith balançou a cabeça e deslizou na parte traseira.<br />

Levou uma hora para chegar a Newport e, enquanto passavam a majestosa<br />

ponte indo para a ilha, Grace sentiu uma pontada de antecipação em seu estômago.<br />

A casa em Newport era o seu verdadeiro lar, um lugar que ela amava como se fosse<br />

um membro vivo da família. Os vívidos dias, e suaves noites de Verão da sua<br />

juventude à beira do mar eram mais claras em sua mente que o que tinham sido no<br />

dia anterior no escritório.<br />

E como a forma como as coisas estavam indo com a Gala, a amnésia cronológica<br />

era uma coisa boa.<br />

Ainda não tinha uma peça de leilão adequada e havia alguns problemas sérios<br />

com a comida para o evento...<br />

Graças à interferência de Fredrique, o fornecedor tinha vindo acima com um<br />

menu obscuro de fusão asiática que era tão pervertido e por cima disso tudo, Grace<br />

teve que pedir-lhes para começar tudo de novo. Servir peixe-balão na Gala<br />

simplesmente não era o que ela tinha em mente, era caro e mortal se preparado<br />

incorretamente. Ela queria oferecer aos hóspedes pratos finos, e não uma viagem<br />

para a sala de emergência do Lenox Hill.<br />

Ela colocou a responsabilidade pelo caótico menu firmemente em seu próprio<br />

tribunal. Assumiu que a sua chamada para Fredrique quando tomou conhecimento<br />

de sua intromissão tinha sido suficiente para levá-lo a recuar, mas claramente que<br />

estava errada. De acordo com a Lolly Ramparr e sua equipe NightWorx, ele<br />

apareceu em sua loja e se recusou a sair quando lhe disse que era seu entendimento<br />

que ele não estava envolvido com a Gala deste ano. Quando ele continuou a dar<br />

ordens, Lolly tinha tentado chegar a Grace, que estava numa reunião e indisponível.<br />

Frederique tinha então exigido que chamassem Lamont que tinha prontamente<br />

atestado a autoridade que o homem estava assumindo. Lolly tinha feito o que ele<br />

tinha dito.<br />

174


GGrruuppooRRRR<br />

Obviamente, Grace ia ter de tentar de novo com o homem. Talvez por escrito.<br />

Era condenamente inconveniente de ter que demitir alguém que você nunca<br />

contratou, repetidas vezes, pensou.<br />

Grace abaixou a janela, encostou a cabeça na brisa fresca do mar e respirou<br />

fundo. O turbilhão de tudo parecia um pouco afastado, enquanto olhava para o<br />

oceano e era grata pelo descanso.<br />

— Você gosta muito daqui. — comentou Smith.<br />

— Eu amo isso aqui — ela murmurou, olhando para um veleiro de carga através<br />

das ondas.<br />

— Seu lugar familiar é direto sobre o oceano, não é? —<br />

Ela assentiu com a cabeça. — Willings 50 não é a maior das propriedades, mas tem<br />

vista para o mar e um jardim maravilhoso. —<br />

— Interessante nome. —<br />

Sorriu, lembrando a história.<br />

— Meu grande-grande-avô, que era de Grosse Pointe, Michigan, odiava a idéia<br />

de veraneio em Newport, após o seu casamento. A família dela sempre passou de<br />

Julho a Agosto no Adirondacks 51 e ela considerou a falta de ar claro e nítido na beira<br />

do oceano como um insulto respiratório. —<br />

— Eu posso pensar em alguns piores — , disse ele secamente.<br />

— Ela era uma mulher com alto padrão. — Grace olhou para ele, com prazer de<br />

que estavam falando de algo mais do que a logística do trabalho que estava<br />

fazendo para ela. Desde a noite que passara em sua cama, teve a impressão de que<br />

ele manteve deliberadamente a conversa profissional. — Depois de muita<br />

bajulação, e um planeamento sério de arquitectura, o meu grande-grande-avô<br />

apresentou-lhe um conjunto de plantas da casa. Ela indicou que, se o lugar fazia jus<br />

ao seu potencial, ela podia ser convencida a vir a beira-mar. Dois anos depois, em<br />

1879, as construções foram terminadas, ela estava de fato disposta, e a mansão<br />

tinha o seu nome. —<br />

Eles viraram em Bellevue Avenue, passando Marble House e os Breakers, as<br />

anteriores casas da família Vanderbilt que foram agora abertas ao público através<br />

da Sociedade de Preservação do Condado de Newport. Um quarto de milha mais<br />

50 Tradução: Anseios<br />

51 Montanhas Adirondack, cadeia de montanhas no nordeste de Nova York (EUA).<br />

175


GGrruuppooRRRR<br />

tarde, Wilhelm arrancou em uma rodovia circular e parou o carro na frente de uma<br />

mansão de três andares.<br />

Grace hesitou antes de olhar para a casa branca elevada com as suas esplanadas,<br />

colunas, e alpendres. Foi a primeira vez que ela foi para lá desde o funeral. Então,<br />

estava distraida e oprimida pelos hóspedes oferecendo suas condolências. Agora,<br />

no silêncio, podia sentir a ausência de seu pai muito mais intensamente.<br />

— Sua mãe está aguardando ansiosamente a sua chegada — , disse Wilhelm ao<br />

abrir a porta do carro para ela.<br />

Grace saiu e se aproximou lentamente da entrada formal de Willings. Cinco<br />

degraus de mármore branco levavam até um par de portas trabalhadas em ferro<br />

maciço e vidro, e que eram definidas dentro de um pórtico de colunas.<br />

Acima da porta, pendurada do teto em uma corrente grossa e preta, houve uma<br />

fora de moda, lanterna pesada ainda iluminada por velas de cera de abelha na noite.<br />

Um par de buxos em urnas de pedra em topiaria 52 enquadradas nas portas e Grace<br />

se lembrou de os ter decorado com fitas vermelhas, brancas e azuis no 4 de Julho,<br />

quando era jovem.<br />

Wilhelm passou, segurando algumas das suas bagagens e olhando várias vezes<br />

por cima do ombro. Smith estava perto nos calcanhares, levando o resto de suas<br />

coisas com facilidade e, assim, quebrando uma das regras rígidas-e-rápidas do<br />

mordomo.<br />

O velho nunca se sentia confortável com convidados que são auto-suficientes e<br />

havia há muito tempo reprovado a própria independência de Grace. Ele considerava<br />

que o desfazer das malas por si mesma ou apenas a condução na cidade para levá-la<br />

a comprar as suas próprias mercearias como uma falha na ordem natural das coisas.<br />

Sua forma de Mundo Velho eram parte do motivo pelo qual ela o amava.<br />

Grace seguiu os homens pela porta da frente e, como o som de seus passos<br />

ecoava da sala de entrada, tentou vê-la através dos olhos de Smith. A resposta<br />

típica das pessoas como ele quando chegavam dentro pela primeira vez era de<br />

espanto e admiração e os arquitetos haviam previsto apenas tal reação. Havia<br />

lareiras de mármore em cada lado da sala com enormes espelhos dourados<br />

pendurados acima delas. Portas de bronze maciço abertas para a sala de jantar e<br />

um salão mas nem elas nem o lustre brilhante pendurado no teto eram a atração<br />

principal.<br />

À frente, levantando-se como as asas de um pássaro grande, havia uma escada<br />

de mármore bifurcada. Dentre todos os detalhes da casa, a escada, com os seus<br />

52 Topiaria, arte de podar plantas em formas decorativas.<br />

176


GGrruuppooRRRR<br />

dois braços se unindo para formar o desembarque no segundo andar, era o mais<br />

havia sido fotografado.<br />

Olhou para Smith. Ele não estava olhando para a arte e os detalhes<br />

arquitectónicos. Ele estava marcando as portas e as janelas, e sorriu para si mesma.<br />

Por todo o interesse que ele estava mostrando na decoração, poderia ter andado<br />

em uma caverna escura, e gostou do fato de que ele não ficou impressionado.<br />

Quando ela deu de ombros o casaco, ela viu o suporte de bengalas do seu pai no<br />

canto. Elas eram uma variedade de formas e tamanhos, algumas de marfim tratado<br />

e fino, algumas espessas e retorcidas como as raízes das árvores.<br />

Conseguia se lembrar de seu pai, levando-os em suas caminhadas em volta do<br />

terreno, um enfeite elegante que ele usaria para apontar as flores que lhe<br />

interessava ou os barcos no horizonte.<br />

Wilhelm estava levando o seu casaco justamente quando sua mãe chegou do<br />

salão. Carolina estava vestida com um terno creme pálido, perecendo elegante<br />

como um chá de rosa.<br />

— Querida, como foi sua viagem. — Enquanto se abraçavam, a atenção de sua<br />

mãe estava em Smith. — Grace, você não vai nos apresentar? —<br />

— Este é John Smith. Er... John, esta é a minha mãe, Carolina Woodward Hall. —<br />

Sua mãe ofereceu-lhe a mão fina e um fino sorriso. — Nós não conhecemos<br />

muitos Smiths. É s-m-i-t-h, correto? —<br />

Ele balançou a cabeça.<br />

— Sim, eu tive um sentimento que não era com um 'y' e um 'e' — , ela murmurou.<br />

— Não vi você no Congress Club recentemente? —<br />

E sua resposta pode ter sido agnosticismo: — Eu não tenho ideia. Talvez! —<br />

— Com que convidado você estava? —<br />

Grace interrompeu. — Quando Jackson e Blair chegam? —<br />

Virando-se para sua filha, Carolina disse: — Eles devem estar chegando a<br />

qualquer minuto. Seremos dez para jantar hoje à noite, com o Sr. Cobith, os<br />

Raleighs e os Blankenbakers. Marta está trabalhando num rosbife fabuloso. —<br />

Houve uma pausa e Carolina olhou para trás, em Smith, fixando os olhos em sua<br />

jaqueta de couro. Nós nos vestimos para jantar aqui — .<br />

Quando ele não desviou o olhar, nem apresentou qualquer reação, a testa de sua<br />

mãe se levantou.<br />

Grace saltou novamente. — Acho que é melhor nos acomodarmos. Porque eu<br />

não mostro a John o seu quarto? —<br />

177


— Ele está na suíte verde. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Com Wilhelm e Smith atrás dela, Grace se dirigiu até a escada. No patamar<br />

superior, ela pediu a Wilhelm para levar suas malas para o quarto dela e levou Smith<br />

pelo corredor na direção oposta.<br />

Quando ela abriu a porta de um quarto masculino mergulhado em verdes escuros<br />

e madeira, ele nem sequer se incomodou a olhar para dentro.<br />

— Onde você está dormindo? — Perguntou ele.<br />

— Na outra ponta da casa. Este é a ala dos convidados. —<br />

— Quão longe é ? —<br />

— No final do corredor, vire à esquerda, passe pelas escadas. Estou na sala de<br />

canto, do lado do oceano. —<br />

— Mostre-me. —<br />

Grace percebeu que manteve suas bolsas com ele, enquanto estavam indo para o<br />

quarto dela.<br />

— Quem está do outro lado do corredor de você? — perguntou enquanto ela<br />

abria a porta.<br />

— Eu não sei. — Provavelmente ninguém. —<br />

— Então eu estou tomando esse quarto. —<br />

— Mas você não pode... —<br />

Sua sobrancelha levantada a deteve. — A menos que você me queira a dormir<br />

em seu chão? —<br />

Quando ela balançou a cabeça vigorosamente, entrou no outro quarto.<br />

Enquanto as malas dele pousavam com um baque, Grace tentava encurralar a<br />

sua ansiedade num grupo restrito de cobras. Era altamente improvável que a mãe ia<br />

se aventurar fora da nova suite mestre do primeiro andar para verificar exatamente,<br />

quem estava dormindo e onde.<br />

Embora não tenha estado completamente fora do reino das possibilidades.<br />

Grace entrou em seu quarto, sentindo-se frustrada com sua mãe. Com Smith.<br />

Acima de tudo consigo mesma. No grande esquema das coisas, tinha que saber<br />

porque estava com tanto medo de dar a um convidado dela outro quarto para<br />

dormir. Tinha trinta anos agora, pelo amor de Deus. Quando era que iria ser<br />

suficientemente adulta para enfrentar a sua mãe?<br />

Se se mantinha em seu curso atual, ia ser resina de alimentos macios e usando<br />

um andador antes que encontrasse a sua espinha dorsal com essa mulher.<br />

178


GGrruuppooRRRR<br />

Enquanto Grace olhava em volta, sentiu o tempo recuar. Passou alguns, se não<br />

todos, cada Verão em Newport e a sala não tinham mudado em 30 anos. As cortinas<br />

e papéis de parede eram os mesmos pálidos amarelos que eles sempre foram e os<br />

móveis não foram movidos desde que ela se graduou do quarto de criança para o<br />

seu — quarto de adulto — quando ela tinha três anos. As janelas, que davam para o<br />

mar e os jardins, ainda deixavam entrar a luz num padrão familiar em todo o chão. E<br />

as portas francesas, que abriam para o terraço, faziam aquele confortante, falador<br />

barulho, enquanto o vento terrestre vinha contra a casa.<br />

Grace abriu uma das portas e saiu para a varanda do segundo andar, que corria<br />

em volta da casa. Lá em baixo, passando os jardins e o gramado, o mar recuou e<br />

correu na praia.<br />

Era um som que associava com a casa, com o seu quarto. Com momentos felizes.<br />

Quando ouviu passos atrás dela, endureceu.<br />

— Eu só queria que você não fosse tão evidente — Ela se virou. — Jack! —<br />

Grace riu alto e atirou os braços em volta de seu amigo. Enquanto puxava para<br />

trás, com um sorriso largo no rosto, quando ela pegou Smith assistindo aos dois do<br />

corredor com os olhos apertados.<br />

— Er..., John — , disse ela, voltando para o quarto. — Eu gostaria que você<br />

conhecesse um velho amigo meu, Jack Walker. —<br />

Jack sorriu na direção da porta, mas depois levantou uma sobrancelha. — Bem,<br />

isso é um prazer. Como você está, estranho? —<br />

A tensão aumentou enquando Smith vinha da entrada e os homens apertaram as<br />

mãos. Enquanto eles esquadrinhavam um ao outro, lembrou-se daquela noite no<br />

Congresso se perguntou o que tinha acendido tal atrito, entre eles.<br />

— Onde está Blair? — perguntou, com a esperança de atenuar a afluência de<br />

testosterona no ar.<br />

Se este era o objetivo, provavelmente teria melhor sorte dando aos dois uma<br />

manicure e uma reforma.<br />

Jack olhou para ela. — Blair, quebrou um molar e precisava de tratamento do<br />

canal radicular. 53 Ela ficou para trás para ter uma experiência de vínculo com o<br />

ortodentista e um inferno de um monte de Novocaína. Ela vai chegar aqui, com<br />

Motrin 54 a qualquer hora de amanhã. —<br />

53 Tratamento na raiz do dente, obstrução da raiz.<br />

54 Marca de anti-inflamatório.<br />

179


GGrruuppooRRRR<br />

Grace fez uma careta. — Sinto muito em ouvir isso. —<br />

— E Ranulf? —<br />

— Não está aqui. Ocupado. — As palavras correram para fora de sua boca. — Ele<br />

está muito ocupado. Ele está na Europa… Sendo ocupado. —<br />

Oh sim, como soava crível, pensava, lembrando ironicamente que devia ter<br />

havido um tempo quando tinha parecido articulada.<br />

Jack deu uma piscadela e deslizou um braço ao redor dos ombros, de forma<br />

casual. — É melhor assim. O que eles não sabem, não pode prejudicá-los. —<br />

Grace observou enquanto Smith saia da sala.<br />

Ia ser um inferno de uma longa semana, pensou.<br />

Capítulo 15<br />

No momento em que as bebidas eram servidas na biblioteca, a noite tinha se<br />

instalado e a temperatura caiu.<br />

Para cortar o frio, Wilhelm tinha acendido a lareira e Grace estava de costas para<br />

as chamas, a beber um chardonnay.<br />

A sala era um dos seus preferidos da casa, porque, ao contrário da maioria das<br />

outras, não era cavernosa.As paredes estavam cobertas de estantes de volumes<br />

encadernados em couro e ela sempre gostou da maneira como o ouro letras nas<br />

lombadas brilhava à luz do fogo. Poltronas e sofás, cobertas de seda vermelhoescuro,<br />

estavam estacionados estrategicamente pelas janelas de leitura e cortinas<br />

de veludo pesado caiam ao chão em grandes curvas. Um tapete oriental de ruby<br />

escuro foi adicionado ao esquema de cores como jóias.<br />

Quando era mais jovem, ela tinha estado convencido de que era uma sala de<br />

aprendiz de feiticeiro, vinda de um lugar fantástico.<br />

Jack aproximou-se dela, parecendo bonito em um terno preto. Com os recursos<br />

de seu patrício e encapuçados olhos, Grace se perguntou por que nunca tinha sido<br />

atraída para ele. Muitas mulheres foram. A maioria das mulheres, como uma<br />

questão de fato.<br />

180


GGrruuppooRRRR<br />

Ele sorriu. — Então, seu amigo não fala muito, pois não? —<br />

Grace olhou para Smith, que estava encostado no batente da porta do outro lado<br />

da sala. Ele estava vestido de preto, embora não se adequasse a um terno, e na<br />

penumbra, seus olhos pareciam particularmente escuros.<br />

Ela ofereceu um sorriso a Jack. — Você apenas não o conhece. —<br />

— E eu não estou com muita pressa para. Como companheiros de jantar no<br />

passado, o cara faz um projecto de parecer frio malditamente atraente. —<br />

— Você sabe, eu estou realmente ansiosa para ver Blair amanhã — , disse,<br />

ansiosa para parar de falar sobre Smith. — Diga-me, quando vocês dois estão<br />

amarrando o nó? —<br />

Jack riu e tomou um gole de bourbon. — Mudando de assunto. Boa manobra<br />

defensiva, e um bem escolhido tópico em particular, também.Vamos falar sobre o<br />

tempo? —<br />

Grace riu. — Você vai perguntar a ela, não é? —<br />

Os olhos de seu amigo se estreitaram enquanto olhava para baixo em sua bebida,<br />

a rodando de forma casual. — Eu vou dar a volta a em algum momento.Quem<br />

sabe? Talvez até mesmo mais cedo que mais tarde. —<br />

— O que você está esperando? —<br />

Um encolher de ombros elegante foi seguido por um sorriso malicioso. — Os<br />

planetas devem estar devidamente alinhados. Minha Lua precisa de ser<br />

ascendente, mas, nos últimos 30 anos ou mais, ela foi afundando rapidamente.Ou<br />

talvez seja o contrário. —<br />

— Ela é uma mulher adorável. —<br />

— Eu sei! — E ela está comigo o que faz dela uma santa. — Jack olhou para<br />

cima. — Só não me jogar no casamento inteiro é uma rotina fabulosa. Minha mãe<br />

está usando muito essa linha ultimamente e está perdendo seu ponto. —<br />

Grace levantou a taça aos lábios e manteve-se pensando, silenciosa, essa seria a<br />

última coisa que ela diria a alguém.<br />

Quando Marta anunciou o jantar foi servido, Jack levantou o cotovelo e ela pegou<br />

o seu braço. Enquanto caminhavam até a sala de jantar, sentiu os olhos de Smith<br />

entediados em suas costas. Teve que lutar contra o desejo de rodar em volta e<br />

dizer-lhe que a sua intensidade a estava fazendo nervosa. Estava em sua própria<br />

181


GGrruuppooRRRR<br />

casa, entre amigos, pelo amor de Deus. Não era como se Hugh Blankenbaker 55 ia<br />

correr para ela com o garfo de salada ou algo assim.<br />

Apesar de, logo que se sentaram, tinha outras coisas para se preocupar.<br />

No meio do decorrer da sopa, a voz da mãe cortou a conversa como uma foice.<br />

— Agora me diga, Sr. Smith, o que você faz? —<br />

Todo mundo parou de falar e todos os olhos foram para John, exceto Grace.<br />

olhou para seu prato, se perguntando se havia uma maneira de desviar a atenção da<br />

mãe.<br />

Sempre poderia trazer o seu divórcio iminente, pensou ironicamente.<br />

— Estou na indústria de serviços — , John disse, soando aborrecido.<br />

— Que tipo de serviço que você oferece? —<br />

Grace respondeu antes que ele pudesse. — Ele contribui com o desenvolvimento<br />

organizacional. Pedi-lhe para vir para a Fundação e trabalhar na equipe de<br />

construção, após a morte do Pai. —<br />

Os olhos de Carolina se deslocaram para baixo na mesa e seguraram sua filha por<br />

um longo momento. — Bem, se você deve. Embora eu ainda não consiga entender<br />

por que você não deixa que as coisas funcionem com Lamont. Seu pai tinha a maior<br />

confiança nele. —<br />

Talvez por isso, Grace lhe apetecia jogar para fora, mas ele não deixou o cara<br />

responsável, não foi?<br />

Em vez disso, ela sorriu gentilmente com os lábios apertados. — Mais uma vez<br />

obrigada pela sugestão. —<br />

A conversa surgiu novamente, e Grace encontrou os olhos de Smith sobre a<br />

mesa.<br />

Jack cutucou seu braço. — Então? —<br />

— Me desculpe? —<br />

— O que está leiloando para a Gala este ano? —<br />

Antes que ela pudesse responder-lhe em particular, os outros na mesa se<br />

acalmaram novamente e olharam para ela. Ela congelou um sorriso no rosto e fez<br />

uma pequena dança de PR. 56<br />

55 Não encontrei referência nenhuma a este nome.<br />

56 (Sigla: Public Relations - Relações Publicas.<br />

182


GGrruuppooRRRR<br />

— Nós já mudamos o evento este ano. Nós o estamos tendo no átrio do edifício<br />

da Câmara, em vez de no Plaza. Vai ser espetacular nesse espaço, supondo que<br />

possamos obter a acústica certa. —<br />

Sr. Blankenbaker se inclinou para frente, enquanto empurrava os óculos sobre o<br />

pequeno nariz. — Qual é a peça do leilão? —<br />

— Nós estamos tentando decidir — , respondeu ela.<br />

E é uma puta de uma escolha. Entre o nada e o nada.<br />

— Você estaria interessada no retrato Copley de Nathaniel Walker? —<br />

Grace lentamente baixou a colher para o prato, com certeza o que tinha ouvido<br />

estava errado. — Como? —<br />

— A pintura de John Singleton Copley, de Nathaniel Walker. Foi feita em 1775,<br />

creio eu. Imediatamente antes da batalha de Concord, em Massachusetts, onde<br />

Walker foi capturado pelos britânicos e levado para Fort Sagamore. Certamente<br />

você se lembra da história. —<br />

— Claro, que sim! E a Fundação estaria absolutamente interessada na pintura. —<br />

Sr. Blankenbaker acenou para Jack. — O seu ancestral esteve pendurada sobre a<br />

nossa lareira por longo tempo. Minha esposa o comprou de seu pai. —<br />

Houve uma reprovação sutil no tom, como se o homem não conseguia entender<br />

por que tal tesouro de família teria saído das mãos de um Walker.<br />

— Eu me lembro quando ele vendeu — Jack murmurou, obviamente partilhando<br />

do sentimento de Blankenbaker.<br />

O homem acenou com a cabeça, reconhecendo o seu acordo sobre o assunto.<br />

— Bem,um Walker permanece em destaque na nossa sala de estar, mas minha<br />

esposa, que só fica na aquisição de coisas e ao mesmo tempo o nosso espaço da<br />

parede permanece constante. Acho que ao doar o retrato para a Fundação<br />

encontrarei nela aprovação.Especialmente se você acabar sendo o comprador. —<br />

— Se ele vier para venda, virá para casa comigo. Seja qual for o preço. — O<br />

sorriso de Jack não temperou a luz forte nos seus olhos.<br />

Blankenbaker virou-se para Grace. — Amanhã, você virá a Edge Water ver a<br />

pintura. E devo dizer, ela precisa ser limpa. Ela é um pouco escura, mas é um<br />

excelente exemplo de início do trabalho de Copley, antes que ele atravessou o lago<br />

e fez um nome para si mesmo, em Londres. —<br />

Enquanto agradecia ao homem, Jack se inclinou e sussurrou no ouvido dela: —<br />

Isso significa que você não quer o velho par de ceroulas que eu tenho no meu<br />

183


GGrruuppooRRRR<br />

armário?A palavra é que foram usadas por Benedict Arnold. 57 —Revirando os olhos,<br />

Grace lhe deu uma cotovelada, e em seguida, olhou para cima.<br />

Smith estava olhando para ela do outro lado da mesa, seus olhos severos. Sentia<br />

como se o tivesse ofendido de alguma forma e pensouque talvez fosse sua mãe,<br />

que o colocava fora do comum. Deus sabia, que Carolina Woodward Hall tinha feito<br />

isso com muita gente.<br />

Enquanto tomou um gole do seu copo de água, Grace se perguntava se seu pai e<br />

Smith teriam de dado bem e decidiu que provavelmente teriam. Cornelius tinha<br />

gostado de pessoas fortes e Smith Era certamente o tipo dominante. Duvidava,<br />

porém, que seu pai teria aprovado a atração de Grace para o homem.<br />

Quando confessou o mau estado do seu casamento para ele um par de meses<br />

antes de sua morte, sua resposta foi enfática. Ele disse que ela devia ir<br />

imediatamente para casa e fazer as coisas direitas com o marido. Fez um grande<br />

esforço para sublinhar a importância internacional da família von Sharone<br />

e apontou tudo de bom que saia de ela ter um título real. De ter filhos reais.<br />

Quando insistiu, explicando como estava infeliz, ele tinha anotado sobre o fato<br />

de que ela não amava o homem com quem estava dormindo ao lado de noite. Em<br />

seus olhos, ele sentia que tinha feito um compromisso de um homem digno e era<br />

melhor viver com ele.<br />

Seu pai a tinha decepcionado naquele dia. Mas ela voltou para Ranulf.<br />

Grace olhou para o retrato de Cornelius pendurado na parede atrás da cabeceira<br />

da mesa. Ele olhava para fora do quadro severo, seu cabelo vermelho escuro<br />

escovado da testa autocrática, com os olhos encapados, a julgar.<br />

Não, ele não teria aprovado do jeito que ela sentia por Smith. Não mesmo.<br />

* * *<br />

57 Benedict Arnold (1741-1801) general americano que lutou na Revolução Americana (famoso por sua traição<br />

tornando-se colaborador dos britânicos.<br />

184


GGrruuppooRRRR<br />

Após o jantar acabar, e a festa ter dispersado, Smith viu Grace ir ao seu quarto e<br />

atravessou o corredor.Andando pelo quarto que ele comandava, não era um<br />

homem feliz.<br />

Assistindo Grace e o Sr. Charmoso flertar durante o jantar tinha realmente<br />

começado a dar em seus nervos. E aquele Sorriso Pepsodent do homem que estava<br />

brincando quando disse adeus a ela tinha sido o chutador. Smith não poderia deixar<br />

de se perguntar se Walker estava tão malditamente alegre porque planeava passar<br />

a noite com Grace.<br />

Smith passou uma mão sobre seu cabelo e pegou seu reflexo em um espelho.<br />

Parecia um cachorro preso e perguntou que diabos havia de errado com ele.<br />

Você está invejoso, idiota.<br />

— Eu não estou — ele murmurou, virando-se.<br />

Disse a si mesmo para cair na real. Ele não tinha nenhuma pretensão a Grace. Ele<br />

não tinha motivo para se preocupar com o que ela fazia depois de escurecer. Ou<br />

com quem o fazia.<br />

Smith tinha a recusado, assim que ela foi em frente. E por que ela não deveria ter<br />

um caso com algum dois-dedos-de-sósia, de Hugh Grant? Ela era uma bela mulher,<br />

vibrante, jovem, livre para fazer o que desejava.<br />

Ele amaldiçoou o pensamento alto, pensando que era uma grande razão, lógica<br />

real. Pena que o atingiu como um par de soqueiras.<br />

A idéia dela com Jack Walker o colocou em uma espécie de comando de humor.<br />

Queria ir ao encontro de Walker, o arrastar para fora atrás da casa, e reorganizar os<br />

dentes brancos dele. Que era completamente ridículo.<br />

Ainda assim, começar físicamente em algo estava bem atraente.<br />

Smith olhou através do quarto, colado na cômoda no canto e rejeitou a tentação.<br />

A coisa teria sido um adversário muito bom, para um objeto inanimado, mas se<br />

sentiria como um idiota destruindo o local. Não era uma estrela do rock, pelo amor<br />

de Deus.<br />

Não, era apenas um homem sexualmente frustrado que estava indo ter que<br />

tentar dormir do outro lado do corredor da mulher que ele queria... enquanto ela<br />

estava fazendo amor com outra pessoa.<br />

Oh, inferno. Ela não era o problema. O problema era esse traço possessivo em<br />

que ele tinha indo. Depois de anos de não dar uma porcaria ao que ninguém no<br />

planeta estava fazendo, sem falar com que estavam dormindo, não podia acreditar<br />

que estava finalmente interessado em alguém e sua vida amorosa.<br />

Mas caramba, conseguiu pegar um momento ruim para a transformação.<br />

185


GGrruuppooRRRR<br />

Smith gemeu quando um pensamento lhe ocorreu. Precisava dar a Grace um<br />

botão de pânico em caso algo acontecer no meio da noite. Eles estavam fora da<br />

cidade, mas estar em Willings não garantia a sua segurança.<br />

Foi até sua mochila. Quando encontrou o que estava procurando, deu a si mesmo<br />

uma palestra. Não ia desperdiçar um segundo naquele quarto dela. Estava indo<br />

para dar-lhe o que estava em sua mão e então começar o inferno fora de lá.<br />

Não tinha interesse em se encontrar com Walker.<br />

Afinal, tinha fé em seu auto-controle. Mas não estava indo para empurrar sua<br />

sorte.<br />

* * *<br />

Grace estava sentada ao espelho em seu banheiro, quando achou que ouviu uma<br />

batida na porta. Colocou a escova de cabelo para baixo e ouviu.<br />

Quando uma outra batida soou, trocou a toalha em que tinha se envolvido em<br />

volta por um robe de seda e foi até a porta. Ficou surpresa ao ver Smith em pé no<br />

corredor.<br />

Indo pela expressão de seu rosto, seu humor não melhorou.<br />

— Posso entrar? —<br />

— Por favor! — Ela se afastou, consciente de que estava nua sob o roupão.<br />

Quando ele fechou a porta, seus olhos pousaram sobre os cabelos úmidos, mas<br />

sua voz era rouca e distante.<br />

— Tome isto — Smith segurava uma pequena caixa preta do tamanho de um<br />

pager. — É um botão de pânico. Pressione-o e eu vou vir. —<br />

— Obrigada — , disse ela, examinando-a.<br />

Ele se virou para ir embora.<br />

— Smith? — Não queria falar, mas apenas o seu nome saltou para fora da boca.<br />

Quando ele olhou por cima do ombro para ela, seu coração começou a bater.<br />

Havia tantas coisas que queria lhe dizer. Nenhum delas era fácil. Poucas faziam<br />

sentido.<br />

E não parecia que ele estava de bom humor para falar.<br />

— Não importa — murmurou.<br />

186


GGrruuppooRRRR<br />

Houve um longo silêncio entre eles. E então ele virou-se, a boca levantada, num<br />

sorriso sem graça.<br />

— Você pareceu surpresa de que fui eu a bater à sua porta. Esperando alguém<br />

mais? —<br />

Ela franziu o cenho. — Não — .<br />

— Você tem certeza disso? —<br />

— Você quer dizer... Jack? —<br />

— Parece apenas o tipo de cara que poderia conciliar duas mulheres também.<br />

Provavelmente discreto, também. Boa escolha, se você está procurando um caso.<br />

—<br />

Grace puxou a gola de seu roupão mais fechada. — Eu não estou procurando por<br />

um. —<br />

— Você tem certeza disso, condessa?<br />

Seus olhos brilhavam quando enquanto a olhava e ela ficou confusa, mas atraída<br />

pela mudança<br />

dele. A energia sexual começou a vir dele em ondas de calor.<br />

— John? — sussurrou, consciente de que era um convite classificado.<br />

Ele balançou a cabeça, embora não tinha a certeza se era para a recusar ou<br />

porque estava desapontado com ele mesmo.<br />

— Você é tão bonita assim — , disse, seus olhos se movendo em seu rosto, de seu<br />

pescoço para baixo, sobre seu corpo. — Eu quase te odeio por isso — .<br />

— Eu não quero que você me odeie. —<br />

— Sim, bem, seria mais fácil de manusear do que o que estou sentindo agora. —<br />

— O que você está sentindo? — Sua voz tinha ido sem fôlego.<br />

— Como eu quero você nua e debaixo de mim. —<br />

Involuntariamente, Grace deu um passo em direção a ele e, num borrão de<br />

movimento, ele a tomou em seus braços. Seus lábios, desceram sobre os dela em<br />

um beijo que era duro e cheio de demanda. Abrindo a boca, levando-o dentro dela,<br />

gemeu. Isso era o que queria há muito tempo, desde aquela noite que eles tinham<br />

quase feito amor.<br />

E hoje, ela não ia recuar.<br />

Ela sentiu as mãos dele soltar o manto e o deslizamento para baixo, pela sua<br />

pele. Á medida que escorregava por seus seios, ela se esforçou para se aproximar<br />

dele. Agarrando a frente de sua camisa, se atrapalhou com os botões.<br />

187


GGrruuppooRRRR<br />

De repente, houve uma batida aguda na porta.<br />

— Você está decente? Espero que não, — disse Jack, jogando-a em aberto. —<br />

Eu trouxe o vinho —<br />

Grace e Smith se separaram, ofegantes. Enquanto puxava seu manto de volta no<br />

lugar, podia sentir as batidas do sangue em seu rosto. No momento de<br />

constrangimento que se seguiu, pensou nos contratados que haviam os<br />

interrompido naquela manhã há muito tempo.<br />

Ela e John tiveram um tempo horrível, pensou. Ou talvez fosse o resto do mundo<br />

com o problema. De qualquer maneira, era de enlouquecer.<br />

As sobrancelhas Jack subiram em sua testa. — Eu não quis... —<br />

— Eu estava saindo — , disse Smith rosnando. Enquanto passou pelo outro<br />

homem, Jack saiu do seu caminho.<br />

Depois que a porta estava totalmente fechada, o amigo a olhou com tristeza. —<br />

Eu não sabia que você e ele estavam... Ah... É com certeza um inferno que explica<br />

muita coisa. —<br />

Grace limpou a garganta e se perguntou o que devia fazer. Queria correr pelo<br />

corredor até John e o desenganar na conclusão que tinha, obviamente, saltado<br />

para. No entanto, se o olhar no seu rosto quando a tinha deixado era qualquer coisa<br />

de perto para ir, a última coisa que iria querer seria uma visita dela.<br />

Nesse meio tempo, seu amigo estava esperando por uma explicação.<br />

— Ah, nós não estamos juntos. Ou pelo menos, não é o que parece-que-parecia.<br />

— Fez uma pausa. — Oh inferno. —<br />

Ela foi até uma janela e olhou para o oceano. O luar estava caindo sobre as<br />

ondas, e dançando nelas.<br />

— O que está acontecendo, Grace? —<br />

Ela ergueu as mãos, sentindo que não poderia manter o disfarce de um<br />

casamento feliz por muito tempo. — Você pode muito bem saber que Ranulf e eu<br />

nos separamos. —<br />

Jack soltou um assobio. — Me desculpe. Quando isso aconteceu? —<br />

— Um mês atrás. Estou pedindo o divórcio. —<br />

— Por causa do homem que acabou de sair? —<br />

Ela balançou a cabeça. — Não, isso não tem nada a ver com John. Ranulf e eu<br />

nunca deveríamos nos ter casado em primeiro lugar. —<br />

188


GGrruuppooRRRR<br />

— Jesus, eu realmente sinto muito. — Houve uma pausa e, em seguida Jack<br />

soltou uma risada suave. — Está tudo certo para mim para dizer que eu nunca<br />

gostei de Ranulf?Mesmo por toda a linhagem dele, ele não era suficientemente<br />

bom para você. —<br />

— Isso é doce de você para dizer. — Ela se virou para sua amigo, com um sorriso<br />

triste no rosto.<br />

— Então, quem é esse cara, Smith? —<br />

— É complicado. Mas não há nada... acontecendo entre nós. — Lhe lançou um<br />

olhar seco. — Apesar do que você andou dentro. —<br />

— Você tem certeza disso? Eu entendo agora por que ele estava olhando para<br />

mim como se eu tivesse um olho de boi no meu peito e que ele estava carregando<br />

um punhado de dardos. Ele está sendo territorial. Sobre você. —<br />

Grace sacudiu a cabeça. — Olha, eu não quero falar sobre ele, se você não se<br />

importa. É... —<br />

— Complicado. Eu posso dizer. —<br />

Sorriu suavemente. — Olha, minha mãe não sabe sobre Ranulf, ainda. Assim, o<br />

mantém calado. Eu vou dar a notícia para ela antes de eu sair. —<br />

Ele balançou a cabeça. — Esta vai ser uma longa semana. —<br />

— Eu estive pensando isso a partir do momento que entrei na ponte. —<br />

Jack hesitou. — Eu preciso de dizer mais uma coisa sobre John Smith, de<br />

qualquer forma. —<br />

— Sim? —<br />

A expressão do seu amigo era muito séria enquanto acenou com a cabeça para a<br />

porta. — Tenha cuidado com esse homem. Seu coração está em seus olhos quando<br />

você olha para ele. —<br />

Grace sentiu um calafrio passar por cima de sua pele. Claramente, Jack viu<br />

através de sua fachada de coragem e suas mentirinhas.<br />

— Não foi assim com Ranulf — ela sussurrou. — Não tem sido assim com<br />

ninguém. —<br />

Jack colocou o vinho e os copos para baixo e aproximou-se dela. — Nós não<br />

conseguimos escolher por quem nos apaixonamos. —<br />

Grace suspirou infeliz. — Eu não estou apaixonada por ele. —<br />

189


GGrruuppooRRRR<br />

Jack colocou um braço em volta, e ela inclinou a cabeça em seu ombro por um<br />

longo tempo. Quando se afastou, ele sorriu e colocou uma mecha de cabelo atrás<br />

da orelha.<br />

— Por que não guardamos o vinho e relembramos de um outro tempo. —<br />

— Obrigada, Jack. Você é um bom amigo. —<br />

Ele se inclinou e a beijou na bochecha. Enquanto se afastava, seu celular tocou.<br />

De alguma forma, ele conseguiu responder, pegar a garrafa e os copos, e sair sem<br />

deixar cair nada.<br />

Grace apagou as luzes e deitou-se. Seu último pensamento foi a raiva no rosto de<br />

Jonh, quando ele se virou.<br />

Dar-lhe-ia algum tempo para arrefece e então iria falar com ele.<br />

* * *<br />

Quando Smith fechou a porta de seu quarto, sentia-se como um idiota. Um idiota<br />

estúpido.<br />

A visão dela no seu robe de seda, era uma que porra de insulto com o que ele<br />

tinha rejeitado.<br />

Isso, e Walker e ela estaram juntos neste momento era...<br />

Estava tendo dificuldade em encontrar as palavras certas.<br />

Jesus.<br />

E tinha pensado que durante o jantar foi ficando ruim? Estar confinado num<br />

quarto do outro lado do corredor e da cama, em ela estava colocando numa boa<br />

utilização era intolerável.<br />

Desarmou-se com movimentos bruscos, pensando que a última coisa que<br />

precisava era de estar perto de uma arma.<br />

O que precisava era de ar.<br />

Usando a porta no final do corredor, saiu e deu a volta no terraço até que tivesse<br />

uma visão completa do oceano. Ouvindo as ondas e sentindo a umidade, o ar frio<br />

no rosto, tomou um par de respirações profundas ao tentar se lembrar quando se<br />

sentiu tão fora de controle.<br />

Tinha sido por algum tempo.<br />

190


GGrruuppooRRRR<br />

Ele tinha tido uma fina maldita esteira, de estar no topo do seu jogo, até que<br />

conheceu Grace. Cortesia do destino, um pequeno capricho cruel, estava sentindo<br />

um monte de coisas, mas o controle, não era uma delas. Estava frustrado. Excitado<br />

como o inferno. Espremido com agressão.<br />

Smith apoiou as mãos contra a grade e se inclinou para a frente. Olhando para o<br />

horizonte escuro-estrelado, percebeu que estava à procura de algum tipo de<br />

resposta no céu à noite e isso o surpreendeu. Normalmente não era para momentos<br />

de reflexão e a saudade que sentia era tão desconhecida como a dor em seu peito.<br />

Afastando-se do céu em silêncio, ele enfrentou a casa, apenas para perceber que<br />

estava do lado de fora do quarto de Grace. Através do vidro, a viu conversando com<br />

Jack e então a viu entrar nos braços do outro homem.<br />

Dor rasgou por ele, elegante e fria.<br />

Seu primeiro instinto foi o de derrubar a porta e rasgar os dois separados. Para<br />

evitar de agir no impulso, chegou por trás e segurou a madeira fria dos trilhos até as<br />

palmas das mãos queimarem.<br />

Quando ela levantou a cabeça do ombro de Jack Walker e encontrou os olhos do<br />

homem, Smith absorveu a imagem como se fosse uma mancha. Com clareza<br />

terrível, viu seu corpo arqueando para Walker, os cabelos loiros caindo em ondas<br />

pelas costas, os braços indo, e chegando ao descanso em volta dos ombros do<br />

homem.<br />

Walker acariciou seu rosto e então lentamente se inclinou em direção a seus<br />

lábios.<br />

Smith rodou fora, voltando para o seu quarto.<br />

Não queria ver mais nada por medo do que poderia ser a sua reação.<br />

Capítulo 16<br />

Na manhã seguinte, Grace foi para os jardins procurando um pouco de paz de<br />

espírito. Como vagava entre os canteiros de flores que haviam sido preparados para<br />

o próximo Inverno, se lembrava o que pareciam em plena floração. Plantadas de<br />

forma estudada, as rosas chá e dedaleiras, as peônias e os lírios, muitos híbridos<br />

que seu pai tinha gostado de cultivar, todas elas floresciam em uma grande<br />

profusão de cor e vida nos meses de Verão.<br />

191


GGrruuppooRRRR<br />

Como continuava descendo o gramado, o som do mar tornou-se mais insistente.<br />

Acima, umas poucas gaivotas surfavam muito acima da água, enquanto os raios do<br />

amanhecer se espalharam por todo o céu azul pálido. Estava frio e estava feliz<br />

porque colocou um suéter grosso.<br />

Na ponta da propriedade, com vista a queda ao mar, havia uma casa de banhos<br />

de telhas, enfeitada de branco, e telhado verde. Tinha uma varanda rasa com duas<br />

cadeiras de vime branco sobre ela e ela sentou-se numa, ao ouvindo o ranger<br />

quando o seu peso foi aceite no banco. Ela tirou os flats 58 e esticou as pernas de<br />

modo que os calcanhares repousavam sobre os trilhos.<br />

Balançando os dedos dos pés para a chegada do sol, olhou enquanto uma gaivota<br />

passou e veio em direção a um pouso suave, num par de metros de distância.<br />

Estava prestes a dizer-lhe que não era uma boa aposta, se estava olhando para o<br />

pequeno almoço, quando percebeu que não estava sozinha.<br />

Grace deslocou-se na cadeira e viu Smith na outra extremidade da propriedade<br />

sob os braços de uma velha árvore de bordo. Estava encostado no tronco e olhando<br />

para o oceano. Se perguntou como sabia que ela tinha deixado a casa. Tinha sido<br />

tão silensiosa.<br />

Imaginado que não tinha nada a perder, saiu da cadeira e caminhou até ele.<br />

Quando ele não reconhece a sua abordagem, estava tentada a deixá-lo sozinho.<br />

— Oi! — Não se surpreendeu quando tudo que ele fez foi acenar. Vestindo uma<br />

camiseta preta com sua jaqueta de couro e um par de jeans bem-lavados, era muito<br />

bonito na luz da manhã, em um remoto e difícil tipo de caminho.<br />

— Você sabe, que Jack é apenas um amigo — desabafou.<br />

Ele franziu o cenho. — Com quem você dorme não é nenhum dos meus<br />

negócios. —<br />

— Eu não... fiz. — Quando ele lhe atirou um olhar de descrença, soltou um<br />

suspiro exasperado. — Você sabe, eu me sinto muito estúpida defendendo-me<br />

sobre algo que eu não fiz. —<br />

Quando ele não respondeu, a frustração teve o melhor dela. — Vamos, John. Por<br />

que você não apenas admite você está chateado? E enquanto estamos no assunto,<br />

porque não podemos falar sobre o que está acontecendo entre nós? —<br />

Ele parecia desinteressado quando respondeu. — A menos que você queira<br />

alterar os termos do nosso contrato de trabalho, não há nada a dizer sobre nós. —<br />

— Jack não é meu amante. A noite passada... —<br />

58 Ccalçado sem salto ou de salto baixo.<br />

192


GGrruuppooRRRR<br />

A cortou com uma risada áspera. — Isso pode vir como uma surpresa real,<br />

condessa, mas o mundo não gira em torno de você. Você pode ter interesse em<br />

reanalisar suas façanhas noturnas, mas eu acho chato o assunto. —<br />

Ele olhou de volta para o oceano.<br />

Talvez estivesse lidando com isso da maneira errada, ela pensou.<br />

Ela colocou a mão em seu braço. — Eu queria estar com você. —<br />

Smith encolheu os ombros com impaciência. — Isso não é realmente um clube<br />

exclusivo, não é? Agora que você está ficando livre de seu marido. —<br />

Grace respirou fundo. — Eu não posso acreditar que você disse isso. —<br />

Smith empurrou para fora do tronco da árvore e pairou sobre ela. — Você quer<br />

conversar? Tudo bem, mas vamos cair na real. O Sr. Charme tem um monte para<br />

lhe oferecer, não é? Aposto que ele é malditamente bom na frente e no centro com<br />

as flores e jóias, após chegar em sua pedra. Inferno, ele mesmo faria um grande<br />

segundo marido. Tudo o que eu posso oferecer-lhe é um carrinho de uma noite com<br />

um membro das classes mais baixas. Pesando suas opções, eu acho que você fez a<br />

escolha certa. —<br />

— Desculpe-me, — ela disse, calorosamente — mas se você lembrar, você foi o<br />

único me recusando na noite do meu aniversário. E eu não dormi com Jack! —<br />

Smith olhou para ela. — Essa mentira é um desperdício de fôlego, Condessa — .<br />

— Não me chame assim, — ela estalou.<br />

— Ótimo. Como é que puta soa? —<br />

Grace assobiou enquanto ficava cega pela raiva. Com um movimento brusco,<br />

afastou a mão, pronta para esbofeteá-lo.<br />

— Você quer me bater? — ele rosnou. — Vá em frente. —<br />

Ela ficou ali, tremendo, incapaz de compreender o que estava fazendo.<br />

Smith se inclinou mais perto, sobressaindo o queixo. — Inferno, porque você é<br />

supostamente uma senhora, eu vou mesmo fazer mais fácil para você. Aponte alto<br />

e siga em frente. —<br />

Grace piscou e lentamente baixou a mão. Em uma voz rouca de emoção,<br />

sussurrou: — Deus me ajude. Eu gostaria de nunca ter te conhecido. — Com o<br />

coração na garganta, correu para a casa.<br />

193


GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Grace fechou a porta do quarto e andava ás voltas, esperando que o seu corpo<br />

parasse de tremer. Não conseguia se lembrar de estar com tanta raiva de alguém<br />

antes e sabia que a força das suas emoções estavam muito mais acima do que<br />

apenas as palavras que ele tinha falado ou o tom que usou. Tinha a sensação que<br />

estavam circulando em torno do que eles queriam e evitando a verdade.<br />

Claramente, ísso estava dirigindo a ambos loucos.<br />

Estava convencida de Smith estava começando a gostar dela. Era a única<br />

explicação para o seu comportamento na direção de Jack. E sabia muito bem como<br />

se estava sentindo por ele. O fato de que eles não poderiam simplesmente admitir o<br />

que estava entre eles, incomodava ainda mais.<br />

Sentada em sua cama, viu o botão de pânico e o pegou, ressentindo-se da<br />

lembrança do verdadeiro motivo por que John estava em sua vida. Estava achando<br />

difícil separar seus sentimentos por ele a partir da realidade do porque ele<br />

trabalhava para ela. E a estaria deixando, talvez algum dia em breve. Ela não podia<br />

imaginar como seria como não vê-lo. Mesmo quando ele tinha tirado a frustação<br />

como um inferno fora dela, o queria por perto.<br />

Quando uma batida suave soou, jogou a pequena caixa preta para baixo do<br />

travesseiro e endireitou suas roupas.<br />

— Sim? —<br />

Quando John entrou, levantou-se, surpresa.<br />

— Isto não vai demorar muito — , disse ele, fechando a porta e se encostando<br />

contra ela. Sua expressão era remota.<br />

Ofereceu-lhe um sorriso torto, satisfeita de que ele veio e a encontrou. — Não se<br />

preocupe se isso acontecer. Não é como se eu tivesse grandes planos antes do<br />

almoço. —<br />

— Escute, eu sinto muito, eu me perdi lá embaixo — , disse rispidamente.<br />

— O que eu disse era totalmente inadequado e não profissional. Eu<br />

simplesmente deveria ter mantido minha boca fechada. —<br />

— Eu não acho que essa é a melhor estratégia. — Ela colocou um travesseiro em<br />

seus braços e olhou os lençóis e cobertores caídos. Evidências de sua relação<br />

profunda com a insônia, pensou. — Eu não sei se posso continuar a viver sob esta<br />

pressão — .<br />

194


GGrruuppooRRRR<br />

Ouviu-o libertar um longo suspiro, como se ele fosse mudar de tema em sua<br />

cabeça. — Eu não a culpo. Eu prometo, a polícia vai descobrir quem matou essas<br />

mulheres —<br />

— Não. Eu estou falando de você. Sobre nós. — Olhou para cima. — Eu não<br />

gosto do que aconteceu. Eu não gosto de me estar transformando numa pessoa<br />

com raiva. Mas estar perto de você com muitas coisas não ditas e por explicar está<br />

me rasgando. Francamente, eu acho que está nos rasgando aos dois. —<br />

Ele cruzou os braços sobre o peito. A postura, pensou, era tão típica dele. —<br />

John, não podemos ignorar o que está acontecendo entre nós. E não se atreva a me<br />

dizer que não é nada. Ontem à noite, parecia que queria matar Jack quando ele<br />

entrou por aquela porta. —<br />

— Me desculpe se eu fiz você se sentir desconfortável. — Jogou o seu peso de<br />

forma impaciente e ela teve a impressão de que estava ansioso para sair.<br />

A exasperação apertou a sua voz. — John... —<br />

— Olha, apesar do que eu disse lá em baixo, não é da minha conta com quem<br />

você dorme, o que você faz na sua vida pessoal. —<br />

— Você pode dizer as palavras, mas eu não sei se eu acredito nelas. —<br />

Pela primeira vez, Smith foi o que olhou para longe. Empurrando as mãos nos<br />

bolsos, parecia debater dentro de si. Quando finalmente falou, as palavras saíram<br />

de forma rígida.<br />

— Eu vi ele te beijar. Eu estava no terraço. —<br />

Grace franziu o cenho. — Eu não sei o que você pensa que viu. Mas Jack nunca<br />

me deu um beijo em qualquer lugar exceto no rosto. —<br />

Começou a abanar a cabeça, como se estava frustrado com ele mesmo.<br />

— Droga, não deveria sequer ter essa conversa. —<br />

Ele fez um movimento para a porta.<br />

— John, nós precisamos conversar sobre isso. Não vá. —<br />

— Eu tenho que. —<br />

— Do que você tem tanto medo? — ela sussurrou ferozmente.<br />

— Você. —<br />

Foi a última coisa que esperava que ele dissesse.<br />

— Mas por quê? Você deve saber como me sinto sobre você. — Ela apertou o<br />

travesseiro. — Eu acho que estou apaixonada por você. —<br />

— Jesus Cristo. — Ele empurrou a mão pelo cabelo.<br />

195


GGrruuppooRRRR<br />

Ela estremeceu. — Não é exatamente a resposta que eu estava esperando.<br />

Quando a próxima mulher saltar com essa declaração sobre você, você pode tentar<br />

alguma coisa um pouco menos, como uma repreensão. —<br />

— Isto é precisamente o que eu queria evitar — , disse ele em voz baixa.<br />

— Por quê? — ela perguntou. — O que há de errado comigo amando você? —<br />

Ele acenou para longe as suas palavras. — Primeiro de tudo, você não me ama. —<br />

Grace franziu o cenho. — Não me diga o que eu sinto. —<br />

— Você está em perigo. Você está no meio de um divórcio. Agora, você está<br />

vulnerável. Se tivéssemos nos conhecido em outras circunstâncias, você nunca teria<br />

ficado emocionalmente ligada. —<br />

— Como se atreve? — Jogou o travesseiro de lado e saiu da cama.<br />

— É verdade — , disse ele sombriamente. — E quando eu for embora, você vai<br />

perceber isso também. —<br />

— Quem te fez um perito em minhas emoções? —<br />

— Quanto mais cedo você reconhecer a realidade da situação, melhor nós dois<br />

estaremos indo. —<br />

Ela balançou a cabeça com veemência.<br />

— Eu me recuso a deixar você reduzir os meus sentimentos, o meu coração —<br />

bateu no peito — a algum tipo de teoria de repercussão. —<br />

— Não é uma teoria — , disse ele, segurando os olhos duramente. — Isso já<br />

aconteceu comigo antes. Você não é a primeira cliente a pensar que estava<br />

apaixonada por mim, Grace. —<br />

Isso a acalmou por um momento. Enquanto media a extensão de seus ombros, se<br />

perguntava, quantas outras mulheres haviam se agarrado a eles.<br />

— E o que aconteceu? — perguntou, preparando-se para a resposta. — Será<br />

que você... —<br />

— Dormi com elas? Não, eu não o fiz. — Sua boca levantou em um sorriso frio.<br />

— Nunca fui tentado... até você. —<br />

— Bem, pelo menos é um começo — , ela murmurou.<br />

— Não, com certeza não é. —<br />

— Por quê? Como você disse, a ameaça que paira sobre mim não vai durar para<br />

sempre. Você não vai estar a trabalhar para mim para o resto da nossa vida natural.<br />

—<br />

196


GGrruuppooRRRR<br />

— Cristo, Grace, isto não é apenas sobre o maldito trabalho. Eu passei os últimos<br />

vinte anos sozinho. Por escolha. Eu não faço relacionamentos e você não é o tipo de<br />

mulher que pode lidar com o sexo sem um. Isto não vai a lugar nenhum. —<br />

— Como você sabe o que posso e o que não posso segurar, exatamente? —<br />

— Pense em quando eu a levei para a cama naquela noite, em você quebrou o<br />

copo. Você pôs um fim a isso, condessa, afastou-se consideravelmente muito<br />

rápido quando as coisas ficaram pesadas. Não é realmente o tipo de coisa que uma<br />

mulher faz quando se sente confortável com o sexo casual, não é? —<br />

Grace podia sentir o calor da adrenalina no rosto.<br />

Ele xingou baixinho. — Olhe, eu não estou pensando mais em linha reta e você<br />

não está me pagando para ser distraído. Nós temos um problema e eu estou<br />

tentando fazer o melhor, não o pior. —<br />

— Nós não temos um problema — , ela respondeu obstinadamente.<br />

— Então você está se iludindo. E você é a pessoa que vai se machucar. —<br />

Colocou os braços ao redor de si mesma. — Eu não sei ao certo e nem você. —<br />

Ele lhe atirou um olhar de nível. — Se o meu cérebro fica embaralhado na<br />

situação errada, você pode acabar morta. Eu ainda estou saindo no final deste<br />

trabalho. Você quer escolher entre esses dois finais? —<br />

— Quem diz que são as únicas opções. —<br />

— Não há final feliz para isso. Eu te disse isso antes. —<br />

— Bem, caramba, talvez poderia haver! —<br />

Ele passou a mão sobre seu cabelo novamente. — Grace, não se apaixone... por<br />

mim. —<br />

— Por quê? Porque está preocupado que o meu coração vai ser inconveniente<br />

para você, de alguma forma? — retrucou.<br />

— É para seu próprio bem. —<br />

Ela colocou as mãos nos quadris, atrelando-o com os olhos duros.<br />

— Vamos deixar uma coisa clara, seu filho da puta arrogante. Eu sou capaz de<br />

sobreviver a muito mais e pior do que um caso de amor com um maldito fantasma.<br />

A verdade é que quando você pegar a estrada, não vai haver muito a perder, porque<br />

não é muito de você que esteve aqui. E você tem um inferno de um descaramento<br />

me dizendo que é para o meu próprio bem. Você é um covarde, em todos os<br />

músculos. Você — ela apontou para ele — está tão ocupado a proteger a si mesmo<br />

que é um milagre que você tem tempo para cuidar de seus clientes. Para o meu<br />

197


GGrruuppooRRRR<br />

próprio bem — ela murmurou. — Por que você não trabalha sobre si mesmo em<br />

primeiro lugar. Então você pode jogar de Dr. Phil em alguém. —<br />

John soltou uma maldição com tanta força que ela recuou.<br />

— Apenas o que você acha como seria sua vida se eu andasse por aqui? —<br />

perguntou ele. — Você acha que vai ter uma bola por ficar acordada todas as<br />

noites, querendo saber onde eu estou e se eu estou voltando sempre para casa?<br />

Você acha que consegue lidar com a possibilidade de não poder chegar até a mim<br />

por semanas, talvez meses de uma vez? Você é bastante forte para tudo isso? Ou<br />

você espera que me transforme em alguém a favor de algumas malditas festas,<br />

alguém que você pode ter em seu braço como uma bolsa em todas as festas de<br />

fantasia você vai? —<br />

Ela balançou a cabeça e tentou responder de maneira mais uniforme. — Eu não<br />

quero isso. Eu nunca esperaria que você seja algo que você não é. Tudo que eu<br />

quero é dar-nos uma chance. —<br />

— Você quer jogar inteiro a essa fantasia de relacionamento? Ótimo. — Os olhos<br />

de Smith eram afiados, avaliando.<br />

— Você não consegue dizer a sua mãe que você está tendo um divórcio de um<br />

homem que não ama. Como você vai dar a notícia a ela que nós os dois estamos<br />

dormindo juntos? Eu sou o pior pesadelo dela. —<br />

Grace ergueu o queixo. — Você não precisa se preocupar com a minha mãe. Ela é<br />

o meu problema. E, como para o seu trabalho, é a linha de trabalho que você está<br />

agora, a única coisa que você pode fazer? Duvido disso. —<br />

Ele atirou-lhe um sorriso sem graça. — As pessoas sem um número de segurança<br />

social válido, as pessoas que têm três passaportes diferentes, pessoas como eu, não<br />

andam num escritório em algum lugar e concorrer a um emprego. —<br />

— Não se esconda atrás de logística — , disse ela, com demissão.<br />

— Logística? Que diabos você acha que eu faço para viver? —<br />

Ela enviou-lhe um olhar irritado.<br />

— Então? — perguntou.<br />

— Você é um guarda-costas. — Quando ele sacudiu a cabeça, incrédula, disse:<br />

— Venha, Smith, eu sei que você é um cara duro, mas mesmo os homens militares<br />

mais decorados conseguem voltar à vida civil quando deixam o serviço. Você pode<br />

escolher outro caminho. —<br />

Foi tomada de surpresa quando ele apenas olhou para ela e teve a sensação de<br />

que poderia estar fora da base.<br />

198


GGrruuppooRRRR<br />

— Será que não? — ela sussurrou com a dúvida.<br />

— Aqui estão alguns chavões para você — disse ele. — Especialista em combate<br />

corpo-a-corpo. Especialista em munições. Franco-atirador. Assassino. Agora, você<br />

quer me dizer em que tipo de emprego me qualifica no seu mundo? —<br />

— Se você nos der uma chance, a gente pode fazer o trabalho juntos. —<br />

— Não se engane, Grace. —<br />

A frustração aumentou. — Eu não estou. Você é o único que não quer ver. —<br />

— Me desculpe. —<br />

— Maldito seja! Não fique dando desculpas quando você poderia facilmente fazer<br />

coisas diferentes. — Lágrimas borravam sua visão. Ele era como falar com uma<br />

estátua. — Oh, inferno, talvez você deve apenas ir embora. —<br />

Quando se aproximou para abrir a porta, ele agarrou a mão dela. Ela lutou contra<br />

o aperto com um olhar zangado, mas parou quando seus olhos estavam quase<br />

pretos com a emoção.<br />

— Pense em todas as cicatrizes em que você estava tão interessada, Condessa.<br />

Como você acha que elas chegaram no meu corpo? Com certeza não foi de se<br />

sentar atrás de uma secretária. —<br />

Ela desviou o olhar.<br />

— Eu tenho inimigos, Grace, — disse numa voz mortalmente calma. — Do tipo<br />

que não usam os advogados para lutar as batalhas por eles. Do tipo que não<br />

hesitariam em matá-la só porque você está dormindo perto de mim durante a<br />

noite. —<br />

Seus olhos se arregalaram quando ele soltou sua mão e começou a andar.<br />

— Mesmo se eu deixar a Black Watch, eu não posso simplesmente apagar tudo e<br />

recomeçar. Essas pessoas têm uma memória longa e o fato de que você é uma<br />

figura pública é um problema. Não quero que o meu rosto ou onde eu vivo esteja na<br />

primeira página dos jornais. Eu não tenho uma casa, nunca, porque eu não quero<br />

ser facilmente encontrado. Com você, qualquer grau de anonimato seria impossível<br />

e não só me colocava em perigo, isso iria colocá-la em risco, também. —<br />

Respirou fundo. — Meu Deus, John, o que você fazia? —<br />

Houve um longo silêncio.<br />

— Operações Secretas. —.<br />

— Você pode me dizer por que você saiu? —<br />

199


GGrruuppooRRRR<br />

Hesitou. Ela tinha o senso, de que ele estava vasculhando a verdade e a estava<br />

limpando para ela.<br />

— Eu fiquei ferido. Depois de algumas semanas no hospital, decidi que se eu ia<br />

ficar perdido em um trabalho, eu queria estar comandando o espectáculo, não<br />

recebendo ordens. Nas forças armadas, não importa o quão alto você vá, há sempre<br />

alguém a menos que você seja o presidente. Assim que eu estava de volta em pé,<br />

Comecei a tirar alguns trabalhos de subcontratação. Quando eu tinha mais do que<br />

eu poderia segurar, peguei Tiny e um outro casal que eram muito bons. Nós<br />

estamos trabalhando juntos há cinco anos. —<br />

— Deve ser uma vida difícil. — Grace baixou os olhos. — Você pode continuar<br />

assim para sempre? —<br />

— Eu sei que eu posso passar hoje e amanhã. Isso é tudo que eu penso. —<br />

— Mas você quer ficar sozinho? Você não quer alguém em sua vida? —<br />

— Não. —<br />

— E a sua família? — Tinha de haver alguém, em algum lugar que se apoiaria.<br />

Uma mãe. Irmã. Irmão.<br />

— Eu não tenho nenhuma. —<br />

— Nenhuma, absolutamente? —<br />

Quando não respondeu, tentou imaginar como seria ser tão sozinho.<br />

— Acho difícil acreditar que você pode viver sem ninguém... —<br />

— Eu tenho a Black Watch. —<br />

Mas isso era um negócio, ela pensou.<br />

— Você nunca pensou em se casar? Iniciar a sua própria família? Você nunca quis<br />

algum tipo de relacionamento com uma mulher? —<br />

— Se eu quero sexo, eu tenho isso. E então eu saio. Laços permanentes são<br />

consumidores de tempo, esgotantes, e não é algo com que eu quero tratar. —<br />

Grace sentiu seu coração sofrer quando perguntou como se sentiria, vendo-o sair<br />

de sua porta e nunca olhar para trás. — Você nunca quis ficar? —<br />

Ele balançou a cabeça. — Não me lembro a última vez que eu acordei ao lado de<br />

uma mulher. —<br />

— Bem, na verdade, teria sido comigo. Será que não? —<br />

Relutante, concordou. — Sim, eu acho que foi. —<br />

— Quando me virei e olhei em seus olhos, naquela manhã, eu sabia que você me<br />

queria. — Ela falou baixinho e olhou para cima.<br />

200


GGrruuppooRRRR<br />

— Claro, eu queria que você então. Eu quero você agora. Mas eu não posso<br />

mudar a minha vida inteira pora você e isso é o que seria necessário para que<br />

possamos estar juntos. —<br />

Ela aproximou-se e tocou seu rosto. — Você não pode proteger o coração, John,<br />

e nenhum de nós pode predizer o futuro. Eu já estou apaixonada por você. Se você<br />

não quer ficar comigo, tudo bem. Mas não tome decisões por mim, porque você<br />

está receoso que eu me machuque. —<br />

A dele voz era baixa, rouca. — Eu nunca pensei que encontraria alguém como<br />

você. —<br />

Ele levou a palma de sua mão, a apertou contra os lábios, e a colocou na largura<br />

do seu peito.<br />

Então se afastou.<br />

— Mas se você sabe ou não, você está à procura de amor em troca, Grace. E eu<br />

não posso te dar algo que eu não tenho dentro de mim. —<br />

Atravessou a porta antes que ela pudesse responder.<br />

Capítulo 17<br />

Descendo para o café da manhã, Grace teve que prender um sorriso em seu<br />

rosto. Preferia comer sozinha, mas as refeições eram um desempenho de comando<br />

em Willings e a sua ausência poderia ter conduzido a outro confronto com a<br />

mãe.Porque ela estava segurando-se a si mesma com apenas uns fios soltos de<br />

dignidade, e queria evitar qualquer levantamento.<br />

Só mais dois dias, pensou, entrando na sala de jantar.<br />

Ficou surpresa ao ver Jack e sua namorada sentados na mesa comprida.<br />

— Blair! — exclamou. — Quando você chegou aqui? —<br />

A outra mulher se levantou e se abraçaram.<br />

— Tarde da noite passada. —<br />

Blair, alta e magra, com cabelo louro cortado rente e deslumbrantes olhos<br />

cinzentos, era o complemento perfeito para aparência lisa e polida de Jack. Com<br />

suas roupas caras e sua aparência clássica, eles eram um conjunto combinando.<br />

201


GGrruuppooRRRR<br />

Enquanto Grace recuava, viu Smith entrar na sala e tornou-se instantaneamente<br />

consciente dele.<br />

— Como está o dente? —<br />

— Com um pouco de dor. — Blair riu, esfregando o queixo. — Mas eu estava me<br />

sentindo melhor do que eu pensava que eu iria ao vir a noite passada. —<br />

— Ela é realmente um soldado, tudo bem, — disse Jack.<br />

A mulher olhou para ele. — Embora eu vou ter que perder a excursão de vela<br />

hoje. Eu não estou forte o suficiente para bater o oceano com você e Alex. —<br />

— Engraçado, você conseguiu sair da última vez que ele nos pediu. — Jack riu.<br />

— Tem certeza que você não planeou o tratamento do dente? —<br />

— Alex está na cidade? — Grace perguntou, sentando-se enquanto Jack<br />

empurrou sua cadeira.<br />

Alex Moorehouse era um dos melhores velejadores do país da America's Cup e<br />

um velho amigo de Jack.<br />

Grace o tinha encontrado em um número de ocasiões e gostou do homem.<br />

— Ele está, e eu não perderia uma chance de sair em mar aberto com<br />

Moorehouse. Aquele homem. É pura adrenalina. —<br />

Carolina entrou na sala e todos se levantaram. Ela estava vestida com um terno<br />

de tweed fino, cabelos precisamente disposto no coque como ela tinha usado<br />

durante anos. Enquanto a mãe passava os olhos em cima dela, Grace tocou seu<br />

próprio cabelo, que estava solto e fluindo sobre seus ombros.<br />

Carolina olhou os jeans de Smith com desaprovação antes de sorrir para seu mais<br />

novo convidado. — Blair, querida, como está? Sente-se, sentem-se, todos. —<br />

Jack a ajudou com sua cadeira e então ela tocou a campainha. Marta entrou com<br />

um café da manhã de ovos mexidos e frutas cortadas numa bandeja de prata<br />

grande. A mulher fez uma pausa por cada convidado, mantendo a carga com<br />

facilidade. Quando foi a vez dela, Grace não tirou muito de ambos.<br />

— Parece bonito, Marta, obrigada — disse. — Mãe, hoje nós estamos indo para<br />

ir para o Sr. Blankenbaker. Você gostaria de vir? —<br />

— Não. Eu estou almoçando com Harrington Wright. Antes, porém, devo ir ver<br />

Stella Lineu, que não está se sentindo bem. E então... —<br />

Grace deixou o recital de atividades da mãe para o dia passar por cima dela como<br />

uma névoa. Ela pensou, em vez disso em John e no que havia sido dito mais cedo<br />

naquela manhã. Ficou surpresa que ele revelou muito de si mesmo, embora fosse<br />

uma pena que tão pouco trabalhasse a seu favor. Ela repetiu a conversa em sua<br />

202


GGrruuppooRRRR<br />

cabeça várias vezes, procurando uma maneira de fazê-lo ver as possibilidades em<br />

vez dos obstáculos entre eles.<br />

Seu passado era uma das coisas mais difíceis de combater. Ela não tinha dúvidas<br />

de quando ele disse que tinha inimigos perigosos, mas tinha que acreditar que havia<br />

uma maneira de contornar, mesmo esse impedimento.<br />

— Grace? — a mãe disse bruscamente.<br />

Sacudiu-se fora de seu devaneio e olhou para a mesa. Sua mãe já havia dobrado<br />

o guardanapo em um quadrado limpo, colocado ao lado de seu prato e estava em<br />

pé. Evidentemente, o pequeno almoço tinha acabado.<br />

— Desculpe. O quê? —<br />

— Eu gostaria de vê-la por um momento. —<br />

Grace agarrou um pedaço de pão e relutantemente seguiu a mãe em todo o hall<br />

de entrada para o salão de senhora que sua mãe usava como um estudio.<br />

A sala era pintada em um espinheiro azul e cheia de delicadas antiguidades<br />

francesas. Grace nunca tinha se sentido confortável nela.Tudo parecia pequeno,<br />

delicado e frágil. Armadilhado. Era como se cada uma das cadeiras tinha sido<br />

calibrada para o peso de pássaro da mãe dela e algo mais pesado poderia causar um<br />

colapso, constrangimento e censura.<br />

Carolina fechou as portas duplas para trás e o peito de Grace contraiu. Era difícil<br />

imaginar como uma elegante sala iluminada a podia fazer sentir como num<br />

calabouço, mas ela fazia.<br />

— É bom ver Blair parecer tão bem — , disse Carolina, parando para inspecionar<br />

um buquê de flores sobre uma delicado mesa do lado. Ela pegou fora duas pétalas<br />

de uma rosa branca e atirou-as num pequrno cesto de enfeite para recortes de<br />

papel, que estava vazio. — Embora tenha sido uma história terrível sobre esse<br />

dente. —<br />

— Sim, foi. —<br />

— Ela é simplesmente adorável, você não acha? —<br />

— Sim, ela é. —<br />

Grace sabia muito bem que não tinha sido chamada dentro para discutir a<br />

namorada de Jack e esperou que a conversa realmente chegasse.<br />

Carolina entrou suavemente sobre a sua mesa, uma obra-prima de Louis XIV com<br />

algumas coisas estragando sua superfície intocada. Num canto, havia uma caixa de<br />

seda de seu papel de carta pessoal, que tinha o seu nome no topo e embaixo o<br />

endereço de Willings. Deitado na pilha, havia uma única caneta de ouro, tão fina<br />

quanto uma haste de flores e um pequeno livro de endereços de couro amarrado.<br />

203


— Sente-se, Grace. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Abaixou-se cuidadosamente na cadeira ao lado da mesa de sua mãe. A luz solar<br />

que passava uma janela virada para o leste transmitia em seus olhos, tornando-os<br />

difíceis de ver. Ela piscou.<br />

— Estou surpresa que você está usando o cabelo assim. É um pouco rebelde,<br />

você não acha? —<br />

Houve um longo silêncio.<br />

— Mãe, o que você quer falar? —<br />

Carolina cruzou as pernas na altura dos tornozelos e alisou a sua plana saia na<br />

perfeição com uma mão escrupulosa. — Eu tenho medo que você me colocou em<br />

uma posição bastante embaraçosa. —<br />

— Como? —<br />

— Eu vi você esta manhã. Com aquele homem. —<br />

Grace sentiu o aperto por toda parte. — Que homem? —<br />

— Você sabe exatamente a quem estou me referindo — .<br />

— E? —<br />

— Você estava discutindo com ele. No gramado. Eu te vi da janela do meu<br />

quarto. —<br />

Seu tom sugeria que ela preferia ter acordado com um Winnebago 59<br />

apodrecendo na grama.<br />

Grace lutou contra o impulso de olhar para os dedos, que era o que tinha feito<br />

quando era jovem e enfrentando a mesma refinada condenação. Lembrando-se<br />

que era uma adulta, tentou olhar de volta para sua mãe. Com o sol fazendo doer os<br />

olhos e as costas rígidas na cadeira desconfortável, teve uma visão clara de si<br />

mesma com a idade de cinquenta ainda a jogar ás desculpas de filha. Seu<br />

estômago se contraiu.<br />

— Então? — disse em voz baixa.<br />

— Grace, as senhoras não argumentam dessa forma. E certamente não em<br />

público — houve uma pausa significativa — com um outro homem que não seu<br />

marido. —<br />

59 Indígena da tribo Winnebago.<br />

204


GGrruuppooRRRR<br />

Grace moveu-se na cadeira, sentiu-a oscilar debaixo dela e percebeu que estava<br />

farta. Pela primeira vez em sua vida, ocorreu-lhe que não tem de tomar o limpo<br />

desagrado da mãe.<br />

Foi uma epifania poderosa.<br />

Só não sabia como agir.<br />

— Bem, — Carolina exigiu. — O que você tem a dizer para si mesma? —<br />

Como apenas acerca de sair, pensou.<br />

Grace se levantou da cadeira, saiu do sol e olhou através da sala, às portas<br />

fechadas.<br />

— Onde você pensa que vai? — A voz da mãe era frágil.<br />

Em qualquer lugar, pensou ela. Em qualquer lugar longe de você.<br />

— Eu quero uma resposta — disse Carolina drasticamente. — Por que você<br />

estava lutando com esse homem? —<br />

— Eu não tenho uma resposta para você, Mãe, — Grace murmurou, indo<br />

embora.<br />

A mão dela estava chegando para o botão quando a mãe disse: — Diga-me que<br />

não é seu amante. —<br />

Grace olhou por cima do ombro e viu que, por trás da voz de ferro, sua mãe<br />

estava pálida.<br />

Grace respirou, longo e lento, e falou claramente. — Mesmo que ele fosse, isso<br />

não seria da sua conta. —<br />

Carolina levantou-se da cadeira. — Você é uma mulher casada. Como você pode<br />

se por em desgraça por orgias com esse... —<br />

— Com o quê, mãe? —<br />

— Esse rufião! —<br />

Grace lutou contra o impulso de rir inapropriadamente da palavra antiquada.<br />

— Não seja ridícula — , murmurou.<br />

— Ele usava calça jeans para a mesa do café. —<br />

— Pelo amor de Deus, Mãe — Grace atirou — esta é uma residência privada, e<br />

não um consulado. Ele pode usar qualquer coisa que ele quiser. —<br />

— Ele não é apropriado como um hóspede e eu não entendo por que você insistiu<br />

em trazê-lo aqui. Gostaria de lembrar que você é casada com um homem de<br />

descendência real. —<br />

205


GGrruuppooRRRR<br />

— Poupe-me a cópia do anúncio, ok? Ranulf não faz jus a nenhuma deles. Se ele<br />

fosse metade do homem que Smith é... —<br />

Carolina ofegou. — Não diga isso! —<br />

— É verdade. —<br />

— Você, você... — E então, Carolina, como se um interruptor tivesse sido puxado<br />

bateu a boca fechada. Depois de uma respiração profunda, ela disse: — Eu acredito<br />

que eu não tenho mais nada a dizer a você neste momento. —<br />

— O que é bom, porque eu estava saindo. —<br />

Enquanto Grace fechou as portas atrás dela, não tinha a certeza se tinha ganho<br />

ou perdido o argumento e percebeu que não importava. Pelo menos tinha realizado<br />

o seu próprio.<br />

Uma hora depois, enquanto Grace estava fora jogando críquete com Blair, sua<br />

mãe veio e anunciou que a noite de festa tinha sido cancelada e que ela estaria<br />

jantando em outro lugar. Sem mais explicações do que isso, voltou para a casa, sem<br />

sequer olhar para a filha.<br />

Ela fez um ponto, no entanto, de poupar um olhar fulminante para John.<br />

A tarde foi passada na casa do Sr. Blankenbaker a olhar sobre o retrato. Grace<br />

ficou emocionada com a obra-prima, apesar de decepcionada que Jack tinha<br />

falhado a visualização. O Sr. Blankenbaker concordou em elaborar documentos<br />

tornando o oficial o presente e para enviar o quadro para o Museu Municipal, em<br />

tempo para a Gala.<br />

Eles retornaram para Willings quando o sol estava pendurando baixo atrás da<br />

casa e do mar foi se acalmando durante a noite. Quando ela entrou no hall de<br />

entrada, Grace decidiu ter uma boa e longa imersão em água muito quente que era<br />

só o que precisava para relaxar.<br />

Ou isso ou um transplante de cérebro.<br />

— Onde você está indo? — John perguntou.<br />

Olhou por cima do ombro para ele. Tinha estado silencioso para a maior parte do<br />

dia, mas nunca longe do lado dela. Depois de tudo que foi dito no quarto dela, estar<br />

tão perto dele era um amargo tormento.<br />

De repente, foi atingida por uma ideia. Quando ela e John tinham falado, ele<br />

estava usando a cabeça. Seu raciocínio. Sua lógica.<br />

Talvez só precisasse que ele parasse de pensar tanto.<br />

Grace lhe ofereceu um sorriso lento. — Eu vou tomar um banho. —<br />

Ele balançou a cabeça e a seguiu até as escadas.<br />

206


GGrruuppooRRRR<br />

Ela nunca tinha seduzido um homem antes, pensou enquanto atingia o patamar<br />

do segundo andar. E chegou a hora de experimentar.<br />

Ele disse que queria ela. Talvez o seu corpo pudesse substituir a mente dele.<br />

* * *<br />

Smith parou fora de seu quarto, dizendo a si mesmo que ia usar o tempo que ela<br />

estava na banheira para fazer algumas flexões e abdominais. Ele tinha um inferno<br />

de muita energia que precisava de queimar.<br />

— Eu vou estar do outro lado do corredor — disse. — Pegue o botão de pânico<br />

com você. —<br />

— Eu não posso. —<br />

— Por que não? —<br />

— Eu acho que está quebrado. —<br />

Ele franziu o cenho. — Eu o testei antes de dar para você. —<br />

Encolheu os ombros e atravessou a porta. — Eu não sei. — Talvez eu esteja<br />

errada. —<br />

E então fechou a porta na cara dele.<br />

Ele bateu nela. — Grace? — Eu tenho que verificar a maldita coisa. —<br />

Havia apenas silêncio.<br />

— Oh, pelo amor de Deus. Grace? —<br />

Abriu a porta e congelou.<br />

Ela estava saindo de sua calça. Tinha tirado a camisola. Tudo o que ele viu foi um<br />

monte de pele cremosa e algumas tiras de seda.<br />

Smith piscou como se tivesse levado um soco de otário.<br />

Doce céu, pensou.<br />

Movendo deliberadamente, e sem se preocupar em esconder-se, ela dobrou a<br />

calça e a colocou na mesa.<br />

Enquanto a visão dela inundava seu cérebro, tentou como o inferno para se<br />

segurar na realidade.<br />

O qual foi malditamente quase impossível com a sua fantasia a três metros de<br />

distância de sutiã e calcinha.<br />

207


GGrruuppooRRRR<br />

— Onde está o botão de pânico? — rosnou.<br />

Ela encolheu os ombros. — Eu não sei. — Está em algum lugar na minha cama.<br />

—<br />

— Jesus Chri... —<br />

Grace alcançou nas costas e soltou o sutiã. Lentamente, ela descascou uma alsa<br />

de cetim e depois a outra. Quando as copas laçadas cairam no chão, e viu os seios<br />

ao sol, ele sentiu seus joelhos ficarem fracos.<br />

— Que diabos você está fazendo? — perguntou.<br />

— Estou me preparando para o meu banho. —<br />

Se virou, piscando a imagem perfeita de seu bumbum para ele, e caminhou até o<br />

banheiro. A observou enquanto ela se agachava e trabalhou nas torneiras.<br />

Era o tipo de visão que poderia cegar um homem, pensou atordoado.<br />

Smith encostou contra a porta. Tentou pensar sobre suas opções, que eram<br />

limitadas enquanto ele não conseguia fazer o corpo sair da sala. A única coisa que<br />

lhe veio era uma visão de apanhá-la e carregá-la para a cama.<br />

Grace passou uma enorme quantidade de tempo certificando-se que a água<br />

estava na temperatura certa e depois virou-se para enfrentá-lo. Mesmo se ela<br />

estava se comportando de forma provocante, seus olhos revelavam um nervosismo<br />

que era totalmente cativante.<br />

Ela não tinha ideia do que estava fazendo, ele pensou, querendo sorrir.<br />

Mas então ela trancou os polegares sob o cós de sua calcinha.<br />

E Smith ficou mortalmente sério.<br />

Moveu a seda para baixo em seus quadris e coxas e, em seguida, chutou-a com<br />

um pé. Em pé no banheiro com o vapor da água quente ondulando ao redor dela,<br />

ficou claro que estava esperando por ele.<br />

Caia fora desta sala, neste momento, ele pensou. Antes que você não possa<br />

recuar.<br />

Demorou cada grama de força de vontade que tinha para virar e ir embora.<br />

Indo para o terraço, deu a volta até que ele podia ver em seu banheiro. Até o<br />

momento que estava de volta aos seus olhos, ela estava na banheira, coberta pela<br />

água.<br />

Ele amaldiçoou em voz alta enquanto sentia o desejo golpear por todo o seu<br />

corpo.<br />

208


GGrruuppooRRRR<br />

Tirando um charuto, acendeu-o e assiduamente ignorou o fato de que suas mãos<br />

tremiam ligeiramente.<br />

Passou um tempo antes que pudesse amarrar junto qualquer pensamento<br />

coerente.<br />

Enquanto se encostava na grade a fumar, pensou em sua declaração de amor.<br />

Poderia ser verdade? Poderia uma mulher como ela realmente o amar?<br />

E o que estaria disposto a sacrificar para tê-la em sua vida? Pensou na Black<br />

Watch, no seu trabalho, os seus clientes. Imagens passaram por sua mente de mil<br />

quartos de hotel, de aviões e jatos particulares, de pessoas olhando para ele com<br />

medo em seus olhos e fé e esperança em seus corações.<br />

Grace tinha desafiado ele em algo que tinha começado a pensar sobre si mesmo.<br />

Quanto tempo poderia ir em frente? Sua existência desenraizada o tinha<br />

sustentado por muitos anos, então, tinha sido a única maneira que podia conceber<br />

para atravessar a vida. Mas e se havia outra maneira?<br />

E o que, se envolvia Grace?<br />

Seus olhos se estreitaram quando ela se encostou na borda da banheira e fechou<br />

os olhos. O cabelo dela estava enrolada em sua cabeça e umas pequenas fgavinhas<br />

foram caindo sobre o rosto por causa do calor e da umidade. Seu perfil era uma<br />

perfeita composição de planos e ângulos que se somavam numa grande beleza,<br />

mas isso não era o que prendia sua atenção. Percebeu que tinha começado a olhar<br />

para lá da sua perfeição física.<br />

Estava um inferno de muito mais interessado na justaposição de pontos fortes e<br />

fracos, que estavam dentro dela.<br />

Ele observou a mão que saiu da água e escovou em seu rosto. Quando fez isso de<br />

novo, percebeu que ela estava chorando.<br />

— Oh, Grace — disse, baixinho.<br />

Ela estava certa. Eles estavam se rasgando mutuamente.<br />

Smith olhou-a até que ela começou a se levantar da banheira. Antes que ela<br />

pisasse livre da água, voltou para dentro e estava esperando ao lado de sua porta<br />

quando ela saiu 20 minutos depois, vestida para o jantar. Ela ficou em silêncio<br />

enquanto desciam o corredor.<br />

Antes de tocarem as escadas, ele estendeu a mão e tomou-lhe o braço.<br />

Colocou os seus lábios perto do ouvido dela. — Você é a mulher mais sensual que<br />

eu já vi. Vou levar a imagem de você estando na frente da banheira para a minha<br />

sepultura. —<br />

Seus passos vacilaram e ela deixou escapar um riso triste, auto-depreciativo.<br />

209


GGrruuppooRRRR<br />

— De alguma forma, eu duvido disso. Eu fui conhecida por muitas coisas, mas<br />

sexy não é uma delas. —<br />

Ele parou. — Que diabos você está falando, mulher? —<br />

Ela encolheu os ombros e sua expressão mostrava um tipo de derrota que não<br />

associava com ela.<br />

— Você não tinha que entrar em banheira comigo, não é? O que foi a minha<br />

única motivação para me comportar... Enfim, eu deveria saber melhor. Ranulf<br />

sempre me disse que eu era bonita, mas não atraente. Foi provavelmente a única<br />

coisa em que tinha razão sobre mim. —<br />

— O que ele quis dizer? —<br />

Quando seus olhos se recusaram a cumprir o seus, Smith voltou a pensar na noite<br />

que tentou se afastar dele e tinha entrado em pânico quando ele não a tinha<br />

deixado ir. Talvez houvesse mais do que ela não querer ter sexo casual.<br />

— Grace? O que ele fez para você? —<br />

Ela hesitou. — Vamos apenas dizer que ele estava menos do que satisfeito<br />

comigo, como amante. E ele me avisou. —<br />

Negra raiva bateu Smith. Enquanto tentava se acalmar, se perguntou que diabos<br />

havia de errado com o homem e como ele poderia colocar suas mãos sobre o<br />

imbecil aristocrático.<br />

— Deixe-me lhe dizer algo — disse Smith sombriamente. — Ranulf estava cheio<br />

de merda. Você é incrivelmente erótica. —<br />

Ela revirou os olhos. — Você não tem que dizer isso. —<br />

Ele se mudou para perto dela, pegou sua mão e a colocou em sua excitação. Ela<br />

engasgou.<br />

— Estou totalmente sério. — Ele abaixou a cabeça, pelo que a sua boca estava a<br />

um centímetro da dela. — Tudo o que tenho a fazer é pensar em você. —<br />

Grace balançou contra ele.<br />

— Eu queria que você ficasse — ela sussurrou.<br />

Cristo, também ele queria.<br />

— Saber isso — disse asperamente. — A razão pela qual eu a deixei não tem<br />

nada a ver com o quanto eu te quero. Estou tentando fazer a coisa certa por você.<br />

Eu realmente estou. —<br />

Ele a beijou duro e rápido e, em seguida, estendeu o braço.<br />

Juntos, desceram a escadaria.<br />

210


GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Smith se inclinou para trás enquanto Marta retirava o prato. Quando uma<br />

bandeja de sobremesa foi rodada ao lado dele, ele balançou a cabeça em qualquer<br />

coisa doce que estava coberta de molho, sobre ela.<br />

Cruzando os braços sobre o peito, olhou através da luz das velas para Grace, que<br />

estava rodando seu copo de vinho sobre a mesa. Seus olhos estavam sobre o cristal<br />

facetado enquanto ela riu de alguma coisa que Walker estava dizendo.<br />

— É claro que eu o recusei baixo hoje — disse ela. — Blair precisava de<br />

companhia mais do que você e Alex precisa de um companheiro nesse veleiro. —<br />

— Vamos lá, você simplesmente disse não por hábito. Você começou a me<br />

recusar desde o jardim de infância e não me deixa esquecer. Felizmente, meu ego<br />

pode ultrapassar. — Walker sorriu urbanamente enquanto se serviu de mais vinho.<br />

— E só porque eu me acostumei com isso. —<br />

O homem empurrou a cadeira para trás da mesa, chutou as pernas para fora na<br />

frente dele e cruzou uma em cima da outra.O copo de vinho pendia de uma das<br />

mãos enquanto ele se reclinava.<br />

— Pelo menos você me ama — disse ele a Blair.<br />

A mulher se inclinou e beijou a sua bochecha. — Sim, eu amo. —<br />

— Quanto tempo até agora? —<br />

— Cinco anos mais ou menos. —<br />

— Você sabe, eu estive pensando sobre nós ultimamente. —<br />

Blair revirou os olhos enquanto sorria para ele. — O que você inventou dessa<br />

vez? — Ela olhou por cima a Grace. — No inverno passado, ele pegou-me em um<br />

avião, me disse para tirar uma soneca, e acordei mais mais no Oceano Atlântico.<br />

Estávamos indo para Portofino. Foi lindo, mas um pouco desorientador. —<br />

Walker riu e colocou o copo sobre a mesa.<br />

— Bem, este não envolve viagens de avião e eu espero que você não vá dormir<br />

com ele. — Ele chegou no bolso interno do paletó e tirou uma pequena caixa de<br />

veludo. — Eu gostaria que você fosse minha esposa. Você quer se casar? —<br />

Os olhos de Smith agarraram a cara de Grace. Sua expressão era alegre enquanto<br />

apertava as mãos.<br />

Walker abriu a caixa e empurrou-a para Blair. Ele estava usando um meio sorriso<br />

quando ela olhou para o diamante de tamanho considerável, sem palavras.<br />

211


GGrruuppooRRRR<br />

— Você sabe, eu realmente gosto de surpreender você, Blair. —<br />

Os olhos da mulher levantaram do anel de noivado. — Você está falando sério?<br />

Houve uma pausa imperceptível.<br />

— É hora de nos acalmarmos. — Ele sorriu. — E eu fiz isso na frente de<br />

testemunhas, para que você saiba que eu não tenho nenhuma intenção de recuar.<br />

—<br />

Blair pegou o anel da caixa e o deslizou em seu dedo. Ela respirou fundo, mas<br />

depois sorriu.<br />

— Tudo bem. Vamos fazer isso. —<br />

Walker se inclinou e beijou a mulher. Enquanto os dois sussurravam um com o<br />

outro, Smith estudou Grace. Estava olhando para a chama de uma vela, com um<br />

leve sorriso no rosto.<br />

Um pouco mais tarde, o pequeno grupo se separou e cada um foi para o seu<br />

quarto. Smith estava andando trás de Grace quando ela chegou na sua porta.<br />

—<br />

— Posso entrar — disse ele.<br />

— É claro. —<br />

Enquanto a seguia para dentro, ela foi até a mesa e começou a tirar os brincos.<br />

— Eu realmente saltei para uma conclusão errada sobre você e Walker, não foi?<br />

Ela virou-se, torcendo os dedos nas costas de um solitário de diamantes. A voz<br />

dela estava cansada. — O que fez você finalmente acreditar em mim? —<br />

— O jeito que você olhou para eles esta noite. Você teria que ter gelo em suas<br />

veias para estar tão genuinamente feliz do seu noivado. Especialmente<br />

considerando que aconteceu na sua frente. —<br />

Grace assentiu com a cabeça e passou a trabalhar na outra orelha. Na penumbra,<br />

sua pele era translúcida. Ele quis tocá-la.<br />

Depois ela colocou o outro brinco para baixo, se sentou na beirada da cama e<br />

começou a tirar seus sapatos.<br />

— Bem, obrigado por dizer algo. —<br />

Ele balançou a cabeça, olhando para ela a lançar um salto e começar a desatar a<br />

correia no tornozelo da outro.<br />

Ele permaneceu na curva graciosa da panturrilha e do arco do pé.<br />

212


GGrruuppooRRRR<br />

— E você está certo — murmurou. — Estou muito feliz por Jack. Espero que<br />

tudo funcione para eles. O casamento, mesmo sob as melhores circunstâncias, é<br />

um desafio. Exceto para os meus pais, é claro. Que eram perfeitos juntos. —<br />

— Você tem certeza disso? — ele disse calmamente. — A perfeição é muito<br />

difícil para encontrar neste mundo. —<br />

— Verdade — disse ela, — mas meus pais chegaram perto. Ele era uma estrela<br />

do negócio e da filantropia. Ela foi o seu agente social. Real coisa, estilo de 1950,<br />

mas eles foram tão bem um para o outro. —<br />

— É isso que você pensou quando estava ficando com o conde? —<br />

Seus olhos registraram surpresa, mas, em seguida, balançou a cabeça. — Não.<br />

Eu nunca quis ser uma líder de torcida para alguém. Eu queria estar em campo.<br />

Pensei que Ranulf compreendia isso e, até certo ponto, ele o fez. Ele estava feliz o<br />

suficiente para gastar tanto o dinheiro que eu tinha, assim como o dinheiro que eu<br />

fiz. —<br />

Ele teve uma visão dela em seu escritório, trabalhando longas horas, sendo uma<br />

pedra para tanta gente.<br />

— Você merece melhor. — As palavras de Smith foram baixas e intensas.<br />

Ela olhou para ele e assentiu. — Eu estou apenas começando a descobrir isso. —<br />

Mesmo sabendo que não devia, aproximou-se dela.<br />

Estendeu a mão, correu um dedo pela pele sedosa de sua bochecha.<br />

— Bom para você — disse suavemente — Vejo você na parte da manhã, Grace.—<br />

Capítulo 18<br />

Depois de a John deixou, Grace tirou fora o vestido e foi até uma janela.<br />

Enquanto olhava para o mar, estava arrependida, ela tinha acabado de deixá-lo sair<br />

de seu quarto. Quando ele lhe tocou no rosto, ela deveria ter tomado a mão e o<br />

puxar para ela.<br />

Por uma questão de fato, deveria apenas atravessar a sala e beijá-lo.<br />

Afinal, o striptease tinha trabalhado melhor do que tinha inicialmente previsto,<br />

Grace pensou. Talvez tivesse alguma vamp nela, afinal de contas.<br />

213


GGrruuppooRRRR<br />

Escorando-se de coragem, enfiou a cabeça para fora de sua porta e ouviu os sons<br />

que ninguém se movia em volta na casa. O silêncio parecia se estender em todas as<br />

direções, imaginando que Jack e Blair provavelmente foram comemorar o noivado<br />

em particular. Sua mãe não estava em casa, no entanto, também.<br />

Bateu na porta de John suavemente, enquanto esperava com sua respiração<br />

apressada. Não houve resposta.<br />

Franzindo a testa, bateu um pouco mais alto.<br />

Como ainda não havia resposta, enfiou a cabeça dentro.<br />

— John? — disse para a escuridão.<br />

Atravessou a porta. Enquanto seus olhos se ajustavam, podia ver as formas<br />

dentro da sala. A cama, a cômoda e algumas de suas coisas, como o seu saco e<br />

blusão. A porta do banheiro estava aberta e ela viu, no brilho de luz da noite, uma<br />

toalha amontoada no balcão de mármore e outra pendurado na porta do chuveiro.<br />

Havia uma navalha e uma lata de creme de barbear ao lado do lavatório.<br />

Sentindo-se como uma intrusa, voltou ao seu quarto e deixou a porta aberta para<br />

que pudesse ouvi-lo voltar. Quando não tinha voltado 20 minutos depois, começou<br />

a ficar preocupada. Ela se aproximou e pegou o botão de pânico.<br />

Segurando-o na mão, se perguntava se deveria usá-lo. Com uma maldição,<br />

colocou a coisa para baixo na mesa ao lado dela. Não estava em perigo, apesar de<br />

tudo. Só queria saber onde ele estava.<br />

Meia hora depois, estava ficando inquieta e preocupada, perguntando se algo<br />

havia acontecido com ele.<br />

Era difícil imaginar o que poderia derrubar um homem como John, mas as coisas<br />

acontecem.<br />

Pensou em Cuppie, Suzanna, e Mimi.<br />

Coisas horríveis certamente acontecem.<br />

E ele deixou claro que o tipo de pessoas que possam querer machucá-lo não<br />

fariam isso com palavras cruéis ou insinuações ameaçadoras.<br />

Disse a si mesma para não ser ridícula. Que tipo de bandido iam caçar John em<br />

Newport, Rhode Island?E quem sabia mesmo, ele estava em Willings?<br />

O tempo passou. E o seu lado razoável foi emboscado pelas terríveis imagens<br />

que voavam através de sua cabeça.<br />

Grace olhou para o botão de pânico. Se o ativava, e ele não vinha, saberia que ele<br />

estava em apuros.<br />

214


GGrruuppooRRRR<br />

Sim, e então o que ia fazer? Armar-se com uma escova de cabelo e sair para caçar<br />

por ele em sua camisola de noite?<br />

Não, iria buscar Jack, pensou. Eles saberiam o que fazer.<br />

Se aproximou, pegou o botão de pânico e apertou a almofada vermelha.<br />

Em um nanossegundo, Smith chegou explodindo através das portas da varanda,<br />

madeira estilhaçando e caindo ao chão enquanto ele quebrava a fechadura. Sua<br />

arma estava em punho e seus olhos eram negros como o inferno, enquanto ele<br />

revistava a sala. Quando olhou, ela sabia, sem sombra de dúvida que ele era capaz<br />

de força mortal.<br />

E que cometido feito um erro terrível.<br />

— Oh...! — as palavras lhe falharam. — Merda! —<br />

Depois dele olhar ao redor e sobre o seu corpo, perguntou: — Qual é o<br />

problema? —<br />

Grace se sentiu mal. E tola. — Er... nada — .<br />

— Por que diabos você apertou o botão de pânico, então? —<br />

— Eu sinto muito. Eu não sabia onde estava e... —<br />

— Jesus — Smith praguejou enquanto enfiava a arma no coldre. — Aquilo não é<br />

um pager. —<br />

— Eu sei! Eu realmente não deveria ter usado a menos que eu tivesse uma<br />

emergência. — Ela ofereceu-lhe um sorriso de desgosto. — Acredite em mim, eu<br />

nunca vou tocar essa coisa de novo. —<br />

— Não, eu quero que você o use. Apenas se certifique que há uma boa razão. —<br />

Ele aproximou-se e inspecionou o porta. — Isso vai precisar de um trabalho de<br />

reparo sério. —<br />

Balançando a cabeça, fechou as portas e apoiou-as fechadas com uma cadeira.<br />

— O que você estava fazendo na varanda? — Ela falou.<br />

— Você precisa de alguma coisa? —<br />

Depois de uma longa pausa ela encontrou os seus olhos.<br />

Faça-o, pensou. Apenas diga as palavras.<br />

— Eu preciso de você — .<br />

Antes que ele pudesse dizer uma palavra, se aproximou dele.<br />

— Você me disse que nós poderíamos ter uma noite juntos. Eu sei que você<br />

lamentou o convite, mas você tem que admitir que nós os dois estamos levando um<br />

215


GGrruuppooRRRR<br />

ao outro à loucura. Se você está preocupado em ficar distraído ou se eu vou me<br />

machucar, você honestamente acha que as coisas podem ficar mais complicadas?<br />

Quer pretenda admitir ou não, estamos envolvidos, John. Acho que deveríamos<br />

parar de falar. E começar a fazer amor. —<br />

Com movimentos bruscos, ele tirou a jaqueta que usara para o jantar, como se na<br />

sala de repente ficasse muito quente.<br />

— Você sabe que estou certa — disse baixinho.<br />

Seus olhos se fixaram na porta do corredor e, quando finalmente se moveu, ela<br />

tinha certeza que seria para sair.<br />

Em vez disso, ele veio e passou os braços ao redor dela.<br />

— Deus nos ajude — , disse ele.<br />

Grace levantou a boca para o beijo dele, mas ele puxou a cabeça para trás.<br />

— Se passarmos a noite juntos, não vai mudar o final — disse. — Eu ainda estou<br />

indo embora. —<br />

Olhando fixamente em seus olhos, ela disse — eu sei. Mas você está aqui agora,<br />

não é? Então cale a boca e me beija. —<br />

Com um sorriso sarcástico, ele murmurou, — Você está ficando difícil para mim?<br />

—<br />

— Sim. — E puxou a boca dele para baixo na dela.<br />

Enquanto seus lábios se tocavam, ela ouviu um gemido de necessidade vindo<br />

dele. Sua língua mergulhou em sua boca e ela conheceu o impulso apaixonado.O<br />

beijo rapidamente assumiu uma borda selvagem.<br />

Grosso modo, ele tirou o robe manto de seus ombros e, em seguida sentiu a<br />

camisola de noite escorregar para o chão. Como o ar frio atingiu asua pele, ela<br />

circulou os braços ao redor de seus ombros, mas parou quando sentiu a arma. Ele se<br />

afastou e tirou o coldre e, em seguida a camisa. Enquanto se despia, com os olhos<br />

nunca deixou seu rosto e ela adorou a extensão de seu peito e as nervuras de seu<br />

estômago. Ela estendeu a mão, tocando na pele quente, masculina.<br />

— Eu quero ver você — disse ele, movendo-a para a cama e em uma piscina de<br />

luz. Quando ele olhou para ela, ouviu um assobio e ficou chocada com a<br />

necessidade escura no seu rosto. Sentou-se, ou talvez tivesse mesmo<br />

desmoronado, sobre a cama.<br />

Ele chegou e pegou seus seios em suas mãos, seus polegares esfregando os<br />

mamilos, que já estavam tensos. Eles repicaram ainda mais com seu toque e sua<br />

cabeça caiu para trás com um gemido de desejo escapando. Inclinando-se, tomou a<br />

ponta de um seio em sua boca e ela agarrou seus ombros, então o seu pescoço,<br />

216


GGrruuppooRRRR<br />

depois a cabeça. Sua boca foi descendo, abaixo da superfície plana do seu<br />

estômago e até seu quadril, seus dentes gentilmente beliscando em sua pele.<br />

E então, como se não aguentava mais, ele puxou-a para a frente em cima dele.<br />

Seus braços apertaram o corpo dela com força e sua excitação era grossa e dura,<br />

pressionando para dentro dela. Ela chegou no meio deles, em busca de seu cinto,<br />

enquanto ele continuava a beijá-la. Com um movimento fluido, ele revirou mais,<br />

puxando para trás e tirou as calças. No primeiro momento, que ela o sentiu<br />

completamente nu contra ela, Grace sentiu uma onda de calor que era quase dor.<br />

O tempo parou enquanto explorava o corpo dela, beijando seu pescoço e seios,<br />

cobrindo-lhe a pele com as mãos. Pensou vagamente que nunca ninguém tinha<br />

tomado tal cuidado para excitá-la antes, e se sentiu viva.<br />

— Eu preciso de você me tocando — ele rosnou contra a sua boca.<br />

Com a confiança que nunca teria pensado de ser capaz, começou a acariciá-lo, a<br />

partir de seus ombros largos e peito dele, descendo os contornos rígidos do seu<br />

estômago, para a curva de ossos de seu quadril.<br />

Quando ela foi mais abaixo, levando-o em suas mãos, ele firmou- se contra a<br />

cabeceira enquanto espasmos atravessavam o seu grande corpo. Maravilhada que<br />

era a ela que ele tanto necessitava, começou a dar-lhe prazer.<br />

Mas não foi muito longe. Com um clarão de movimento, ele a agarrou e puxou-a<br />

para ele, a sua língua enfiando em sua boca, suas mãos passando nas suas costas,<br />

inquieto. Ela percebeu que ele estava tentando ser gentil, mas que sua necessidade<br />

o fazia áspero. E não tinha medo. Só queria mais.<br />

— Eu não posso aguentar mais — ele gemeu contra sua boca. Ele rolou por cima<br />

dela e os seus olhos furavam nos dela enquanto o seu peso a empurrava para baixo<br />

no colchão. Arfando sob ele, um crescente sentimento, de necessidade pulsante em<br />

seu núcleo, ela levantou os joelhos. Ele se estabeleceu entre as pernas dela com<br />

uma expressão que estava perto da angústia.<br />

John se puxou para trás, a olhando nos olhos. — Tem certeza? —<br />

Ela assentiu com a cabeça e puxou-o para a sua boca.<br />

Com uma lentidão de dor, ele entrou nela, preenchendo o seu corpo com uma<br />

espessura exuberante que foi a sua ruína. Ela gritou e ele engoliu as suas palavras<br />

incompreensíveis enquanto começava a se mover dentro dela. Mais e mais rápido<br />

ele dominou o seu corpo até que chegaram ao êxtase juntos, explodindo com gritos<br />

roucos, segurando firmemente um ao outro.<br />

No silêncio que se seguiu, um brilho assentou nela, mas não tinha a certeza do<br />

que ele estava sentindo. Olhou-o sob os cílios. Seus olhos estavam fechados e os<br />

planos duros do seu rosto estavam surpreendentemente relaxados.<br />

217


— Você está bem? — ele perguntou.<br />

Ela sorriu. — Sim. Eu estou. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Ele a olhou, acariciando para trás uma mecha de cabelo do rosto. — Você é um<br />

inferno de uma mulher. —<br />

— Sério? —<br />

— Sim. Sério. — E beijou-a. Longa e lentamente.<br />

Ela estendeu a mão e o agarrou em suas costas.<br />

Enquanto crescia duro dentro dela novamente, suspirou e entregou-se ao prazer.<br />

* * *<br />

Grace acordou sozinha, e poderia dizer que era no final da manhã. O sol, que<br />

estava entrando pelas janelas e vagando preguiçosamente pelo chão, havia<br />

alcançado até ao final de sua cama.<br />

Ela se espreguiçou, sentindo todo o tipo de sensações novas, e sorriu para si<br />

mesma enquanto olhava para a bagunça que havia feito da cama.<br />

Depois de fazer amor com John durante toda a noite, sentia-se como uma nova<br />

mulher. Tinha sido tudo o que esperava que ele fosse, ao mesmo tempo apaixonado<br />

e terno, e ele com certeza sabia como usar esse corpo duro dele. Esta havia sido a<br />

única noite mais gratificante de sua vida.<br />

Analisando todo o quarto e a cadeira que estava apoiada contra as portas<br />

francesas, quis saber como estava indo para explicar o dano, no entanto.<br />

Estava se levantando e vestindo o seu robe, quando ouviu uma batida na porta.<br />

Ela ficou surpresa ao encontrar a mãe em pé, fora no corredor.<br />

— Isto é cedo para você — disse Grace, tentando alisar os cabelos. Ela estava<br />

bem ciente de que eram uma bagunça emaranhada.<br />

— Não. Ele não é. Você dormiu sobre o café da manhã. —<br />

Sua mãe se adiantou, forçando Grace para sair do caminho. Seus olhos foram<br />

para a porta partida. — Eu pensei ter ouvido alguma coisa aqui na noite passada. O<br />

que aconteceu? —<br />

Grace deu de ombros. — Eu me tranquei no terraço por engano. —<br />

— Por que você não usou a porta no final do corredor? —<br />

— Isso estava bloqueado também. —<br />

218


GGrruuppooRRRR<br />

Carolina aproximou-se e inspecionou o puxador quebrado. — Eu vou ter que<br />

chamar Gus aqui para consertar isso. —<br />

— Você quer alguma coisa? —<br />

Sua mãe se virou. — Porque é que o quarto que eu dei ao Sr. Smith está<br />

desabitado?<br />

Grace hesitou. — Porque ele não vai ficar no mesmo. —<br />

— E onde ele está hospedado?<br />

— Do outro lado do corredor. —<br />

Houve uma pausa terrível. Grace endireitou os ombros enquanto os olhos de sua<br />

mãe viravam frios.<br />

— Há alguma razão especial, o quarto original não era do seu agrado? —<br />

— Mãe. —<br />

— Você mentiu para mim, não foi? — As palavras eram sussurradas ferozmente.<br />

— Sobre o quê? —<br />

— Sobre...sobre... o homem ser seu amante! —<br />

Não exatamente, Grace pensou. Ontem, ele não era.<br />

— Mãe, você está soprando isto fora de proporção. —<br />

— Estou? — Carolina apontou o dedo para o casaco de Smith, que estava<br />

pendurado nas costas de uma cadeira.<br />

— Então, talvez isto: há outra explicação para a sua cama que está em desordem<br />

e um casaco de homem que está em seu quarto? —<br />

Grace orou para que o seu corar não fosse era tão óbvio como se sentia. — Nós<br />

fomos para uma caminhada. Eu estava com frio e ele me deu. —<br />

— E você espera que eu acredite nisso? — Nojo cortavam linhas através da testa<br />

cuidada da mãe dela.<br />

— Você sabe, esta conversa não correu bem ontem. E isso não está ficando<br />

melhor com o tempo. —<br />

— É pedir muito que você cumpra suas obrigações como um membro da família<br />

presente e se comporte como uma dama? —<br />

Grace suspirou, exasperada. — Pelo amor de Deus, isto não é a era vitoriana. —<br />

— E é uma pena — disse Carolina, como uma mordida. — Porque naquela altura<br />

então, as pessoas compreendiam a importância das boas maneiras e aparências. —<br />

219


GGrruuppooRRRR<br />

— Só quem você acha que eu tenho que impressionar, Mãe? Além de você, é<br />

quem? —<br />

— Não seja argumentativa. Você sabe que as pessoas estão sempre observando.<br />

E lhe garanto, não há nada curioso ou nostálgico sobre a quebra de seus votos de<br />

casamento. — Carolina apontou para a porta aberta, através da qual o quarto de<br />

Smith era visível. — Eu quero aquele homem fora desta casa. —<br />

Os olhos de Grace se arregalaram. — Eu não posso fazer isso —<br />

— Sim, você vai. —<br />

— Mãe, John Smith trabalha comigo. —<br />

— Eu não me importo se ele é o seu médico, ou advogado ou o seu homem do<br />

lixo. Eu não quero ele sob o teto de seu pai. —<br />

— Então eu vou também. —<br />

Estas quatro palavras trouxem a conversa para uma parada.<br />

— Como? —<br />

Grace levantou a mão cansada até suas têmporas, tentando esfregar um pouco<br />

da tensão que se arrastava até sua coluna e na cabeça dela. — Olha, eu não quero<br />

incomodá-la. —<br />

— É um pouco tarde para isso. —<br />

— Mas eu acho que poderia ser melhor que a gente simplesmente vá. —<br />

Carolina inspirou com desaprovação. — Não há nenhuma razão para ser teatral,<br />

Grace. E eu estou apenas olhando sobre os seus interesses. —<br />

— É como se tudo o que você está fazendo, é fazer acusações. —<br />

— Melhor eu do que a imprensa. — Os olhos de Carolina se estreitaram<br />

astutamente. — Seria tão público, se você estava para entrar em qualquer<br />

indiscrição. Você sabe disso, não é? —<br />

Grace assentiu com a sua frustração. — Claro que sim! —<br />

— Podemos ter perdido o seu pai, mas ainda temos o poder do seu nome. Eu não<br />

quero que nada aconteça com a reputação desta família. —<br />

Grace ficou rígida enquanto as implicações do que disse sua mãe afundavam<br />

dentro.<br />

— Isso seria uma maior tragédia para você? — ela sussurrou. — Mais difícil de<br />

suportar do que perdê-lo? —<br />

220


GGrruuppooRRRR<br />

Carolina ignorou a pergunta. — Você é a única herdeira válida para o seu legado.<br />

Eu não quero que você jogue tudo fora para algum... homem. Você se casou na<br />

realeza. —<br />

— Pare com isso, Mãe, — Grace interrompeu. — Por favor! —<br />

Afastando-se, foi até o armário e pegou sua mala.<br />

— Você está realmente indo embora? —<br />

Ela encontrou sua mãe ralando o choque. — Sim, eu estou. —<br />

— Mas o que vou dizer aos convidados? Depois que eu já remarquei a festa, para<br />

esta noite, devido aos seus ataques. —<br />

Com um resignado balançar de cabeça, Grace murmurou: — Eu tenho certeza<br />

que você vai pensar em alguma coisa. —<br />

Enquanto começava a tirar as coisas fora do armário, a mãe fez um som<br />

depreciativo na parte traseira de sua garganta.<br />

— Bem, se é que isto vai ser a sua atitude, talvez seja melhor que você vá. —<br />

Carolina parou na porta.<br />

— Apesar disso me faça a gentileza de dar o seu adeus, você vai? É o mínimo que<br />

você pode fazer. —<br />

Assim que Grace estava sozinha, caiu na cama e olhou para as roupas que esteve<br />

jogando a esmo na mala. A idéia de que ela poderia nunca mais ficar confortável em<br />

Willings novamente, que a divisão entre ela e sua mãe só iria ficar maior agora que a<br />

influência suavizante de seu pai tinha ido embora, a decepcionava.<br />

Mas, talvez, ficar longe era a única opção. Havia alguma coisa sobre sua mãe que<br />

sugava a vontade de viver para fora de si mesma, pensou. Toda aquela elegância<br />

fria, a censura infatigável, era como estar ao lado de um buraco negro emocional.<br />

Quando ouviu os tons suaves do relógio de pêndulo no corredor, percebeu que<br />

era melhor contar a John que estavam saindo.<br />

Atravessou o corredor e bateu no aro da sua porta. — John? —<br />

Ele saiu do banheiro vestindo uma t-shirt e calças pretas. Havia uma toalha<br />

pendurada em seu pescoço e suas mãos estavam segurando ambas as<br />

extremidades, fazendo com que seus bíceps sobressaíssem.<br />

Um fluxo acelerou através dela, mas quando seus olhos se encontraram e ele<br />

mostrou pouca resposta, teve a sua decepção enquanto ajustava os seus ombros.<br />

— Bom dia — disse ela.<br />

Ele balançou a cabeça. — Bom dia. —<br />

221


GGrruuppooRRRR<br />

Com certeza ele poderia ter usado um sorriso. Alguma dica de calor. O toque da<br />

sua mão. Em vez disso, ele parecia ter recuado em si mesmo e se lembrou de<br />

quando o tinha visto pela primeira vez, e se perguntou se havia algo por trás da sua<br />

dureza.<br />

— Hum... Houve uma mudança de planos. Nós estamos saindo — disse.<br />

— Ótimo. —<br />

Ela franziu o cenho. Na noite anterior, ele a havia mantido fortemente contra ele,<br />

sussurrando seu nome com a voz rouca enquanto seu corpo estava entrado no seu.<br />

Olhando para o rosto impassível, pensou que era como se tudo o que tinha<br />

acontecido na noite anterior tinha sido um sonho.<br />

Um dos dela. Não dele.<br />

Ela hesitou. — Certo. Vou fazer as malas. —<br />

— Eu vou estar pronto em dez minutos. —<br />

Como ele se virou, seus olhos se apegaram a suas costas. — John, o que está<br />

errado? —<br />

— Nada. — A palavra foi dita sobre o seu ombro enquanto caminhava para o<br />

banheiro.<br />

Ouviu a água correndo no lavatório e o silvo suave que só poderia ser do creme<br />

de barbear.<br />

Grace o seguiu. — Por que você está assim? —<br />

Seus olhos estavam fixos no espelho, ele pegou uma navalha e começou a cortar<br />

uma área através da barba branca que havia dado a si mesmo.<br />

— De que forma, exatamente? —<br />

— Fale comigo, por favor. —<br />

— Eu não tenho nada para dizer. —<br />

— Nada? —<br />

Sua sobrancelha ergueu enquando ele lavava a navalha e voltou a trabalhar em<br />

sua barba. — Você quer que eu faça alguma coisa? —<br />

— Só para você saber — disse ela rudemente — se seu objetivo é provar que<br />

não há final feliz na loja para nós, a sua missão está cumprida. —<br />

Voltando ao seu quarto, percebeu que tinha cometido um erro na erupção do<br />

cálculo, assumindo que as coisas não poderiam ter ficado mais difíceis, se fizessem<br />

amor.<br />

222


Capítulo 19<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Enquanto o jato descia sobre a pista de Teterboro, Smith olhou para fora da<br />

janela oval próximo ao seu assento para o chão correndo. Ele havia passado a hora<br />

do tempo de voo com os olhos fechados, mas não estava dormindo.<br />

Desde que tinha acordado ao lado de Grace, naquela manhã, estava tentando se<br />

convencer de que não estava se apaixonando por ela. A palestra não estava indo<br />

bem, apesar de ter sido totalmente baseada em princípios racionais. Inferno, ele de<br />

todas as pessoas deveria saber que uma noite não significa nada. Foram apenas<br />

dois corpos no escuro, cumprindo a principal directiva da evolução.<br />

Então, por que sentia como se seu centro de gravidade estava de folga?<br />

E por que diabos se comportara como um idiota para ela?<br />

Se lembrava de como ela parecia em pé, na porta do banheiro enquanto se<br />

barbeava. As palavras dela antes que o tinha deixado o tinham feito sentir-se<br />

desprezível.<br />

Cristo, que como era hipócrita. Dizendo que ela merecia coisa melhor do que a<br />

maneira de seu marido a tinha tratado, apenas para lhe dar o tratamento do silêncio<br />

depois que eles... fizeram amor.<br />

Fizemos amor. Essas foram as palavras certas, ele percebeu.<br />

A noite anterior tinha sido sobre muito mais do que um bom poema, e estava se<br />

esforçando para chegar a termos com a sua resposta. Coisas como ficar ao redor ou<br />

mesmo querer estar com uma mulher novamente depois que esteve com ela uma<br />

vez não era o que geralmente tinha na cabeça na manhã seguinte.<br />

Queria falar com Grace. Ele queria. Simplesmente sentia que tinha de ordenar a<br />

sua mente em linha reta. Precisava de algo para dizer que fizesse sentido para ele.<br />

Bem, inferno pelo menos sabia o onde, para começar. Deveria se desculpar por<br />

não tratar a sua confusão de forma melhor. Um pouco de introspecção era uma<br />

coisa. A desligando completamente era inaceitável.<br />

Quando o avião aterrissou na pista e os propulsores começaram a inverter a<br />

marcha, olhou através do corredor. Grace estava passando os seus relatórios<br />

mensais e os espalhou para fora, havia papéis em todos os lugares no banco ao lado<br />

dela, no chão, em todo o tampo da mesa à sua direita. Ela estava vestida<br />

casualmente, vestindo uma camisola bem ajustadas e um par de calças de lã leve,<br />

mas ela ainda conseguia parecer elegante.<br />

223


GGrruuppooRRRR<br />

Nunca teria imaginado ser atraído por alguém que era tão refinado. Ou<br />

parecendo tão caro no vestuário.<br />

Tentou diminuir porque ela era tão diferente das outras mulheres que tinha<br />

conhecido. Todos os tipos de imagens vieram à mente. Seu alcance para fora, para<br />

tocar suas cicatrizes, seu queixo chutado no meio do seu medo, os olhos tímidos<br />

enquanto se despia para ele. Ela era uma tal contradição, assertiva mas ainda<br />

vulnerável, régia, mas ainda terra-a-terra, reservada mas ainda assim apaixonada.<br />

E era sexy como o inferno. Tudo o que conseguia pensar era tirar suas roupas<br />

para que pudesse prová-la novamente.<br />

O avião girou, e enviou de um raio de sol através da cabine. Como o flash viajava,<br />

caiu na safira do anel de noivado do conde. A gema brilhou intensamente.<br />

A jóia pomposa de um homem rico, ele pensou. A mulher especial de um homem<br />

rico.<br />

Queria que ela os tirasse fora, mas sabia que não tinha direito a ser possessivo.<br />

Especialmente depois da maneira como a tratou.<br />

— Grace? —<br />

Ela não olhou para cima e sua voz era viva. — Sim? —<br />

— Me desculpe. —<br />

A observou enquanto ela circulou um parágrafo e escreveu algo na margem. —<br />

Sobre o quê. —<br />

— Esta manhã. —<br />

Ela olhou para a frente do avião, como se só agora tivesse percebido que tinha<br />

pousado. — Não se preocupe com isso. —<br />

Ela começou a pegar os papéis, misturando-os em pilhas e a colocá-los nas<br />

pastas.<br />

— Grace? — Olhe para mim! — Quando não olhou, ele soltou o cinto de<br />

segurança e foi até ela. — Estou sinceramente arrependido por ter te machucado<br />

esta manhã. —<br />

Suas mãos silenciaram. Depois uma longa pausa.<br />

— Você não me machucou. Eu me machuquei porque eu sabia quais eram as<br />

regras. — Olhou para ele, os olhos sombrios. — Você me disse tudo o que você<br />

queria e o que você poderia dar. Meu ego me fez olhar mais para o que você fez<br />

com o meu corpo que eu deveria ter. —<br />

— Grace... —<br />

224


— Você vai sair? —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Não — . Ele franziu o cenho. — O que faz você pensar que eu poderia? —<br />

— Isso é bastante óbvio, não é? —<br />

— Eu ainda vou cuidar de você — disse, a encará-la diretamente. — Nada mudou<br />

— .<br />

Ela respirou fundo e deixou sair fora. — Infelizmente, eu acho que é verdade. —<br />

O avião chegou a um impasse.<br />

— Eu não estava preparado para o que aconteceu na noite passada — disse ele<br />

severamente.<br />

— Olha, você não me deve nada. Desculpas ou explicações. — Ela atirou-lhe um<br />

sorriso demasiado brilhante. — Sou uma menina grande, eu posso cuidar de mim.<br />

Você deve simplesmente esquecer sobre isso. —<br />

Jogando seu cinto, estendeu a mão para a bolsa dela, reuniu as pastas em seus<br />

braços e correu para fora do avião, como se não pudesse esperar para se livrar dele.<br />

Cristo.<br />

Sabia que se envolver com ela seria um inferno de uma complicação. Agora<br />

estava agindo como se tivesse um caso de cabeça, e ela estava machucada, e<br />

estavam de volta em Nova York, onde o assassino devia ter passado o fim de<br />

semana a afiar as suas facas.<br />

Se este trabalho fosse ficar pior, Smith pensou, alguém estaria sangrando.<br />

Eddie estava esperando por eles na frente do terminal e ajudou a pegar a<br />

bagagem para o Explorer.<br />

O homem estava num estado de espírito ensolarado.<br />

— Eu fiquei surpreendido que você voltou tão cedo — disse à medida que<br />

entravam no carro. — E com o tempo bom e tudo. —<br />

Smith grunhiu enquanto Grace ofereceu ao homem um sorriso apertado, —<br />

Diga, como as aulas de escrita criativa estão indo? — perguntou a ele.<br />

Eddie sorriu para o espelho retrovisor enquanto se afastava do meio-fio. — Elas<br />

estão indo muito bem. Estamos fazendo tensão dramática agora. —<br />

Que apropriado, Smith pensou.<br />

O passeio até a cidade foi quieto e tenso. Quando reduziram para parar em<br />

frente ao partamento, Smith saiu em primeiro lugar e estava olhando em volta<br />

enquanto Grace pisava na calçada.<br />

225


GGrruuppooRRRR<br />

Quando o lançamento do backhatch 60 estourou, Smith deu a volta para pegar as<br />

suas bagagens. Ele agarrou o saco de Grace puxando-o livre do carro e quando ela<br />

se aproximou para pegar isso dele, tropeçou no meio-fio. Tinha apenas deslizado o<br />

braço em volta da cintura para evitar que caísse, quando ouviu seu nome sendo<br />

chamado.<br />

Ambos olharam para o som enquanto um fotógrafo debruçando-se de uma<br />

janela do carro começou a tirar fotos. Com o clarão de lâmpada saindo como uma<br />

luz estroboscópica, o carro resvalou no tráfego.<br />

Smith amaldiçou e quase saiu correndo atrás do cara, mas não queria deixar<br />

Grace. Mesmo com seus olhos treinados sobre a placa, sabia que era tarde demais.<br />

As fotos haviam sido tomadas e não havia muito que pudesse fazer sobre isso.<br />

Quando olhou para Grace, viu o esgotamento assente em seus olhos.<br />

— Vai estar em toda parte amanhã — disse ela, cansada.<br />

* * *<br />

Passava das onze horas quando Grace decidiu tomar um banho quente, na<br />

esperança de fazer-se sonolenta. Ela estava em seu caminho para o banheiro<br />

quando o telefone tocou e ela o deixou ir no correio de voz.<br />

Não havia ninguém com quem quisesse falar a esta hora.<br />

Se fosse Tenente Marks com um outro anúncio horrível, ele ligaria para John. E se<br />

fosse sua mãe, ela definitivamente não queria levantar a coisa para cima. Ela deixou<br />

uma mensagem em Willings com uma advertência sobre as fotos, mas não queria<br />

lutar com a situação. Hoje não.<br />

Quando tirou o roupão, tinha um peso morto no seu estômago, embora ela não<br />

tivesse comido o jantar.<br />

Smith tinha cozinhado algo que cheirava apetitoso, mas recusou-o quando lhe<br />

pediu para sentar com ele. Se estava tentando expulsá-lo, no entanto, não teve<br />

muita sorte. Ele tinha o domínio sobre a sua mente.<br />

60 O hatchback ou simplesmente hatch é um design de automovél que consiste num compartimento<br />

de passageiros com porta-malas integrado (diferentemente do modelo sedan), acessível através de<br />

uma porta traseira, e o compartimento do motor, à frente. Os hatchbacks são também chamados de<br />

três-portas (quando têm duas portas mais a porta traseira) ou cinco-portas (quando têm quatro portas<br />

mais a porta traseira). Normalmente esses modelos são identificados pois o porta-malas e a janela<br />

traseira do automóvel são numa única parte.<br />

226


GGrruuppooRRRR<br />

Ele lhe disse que estava arrependido e ela acreditava que tinha arrependimento.<br />

Ele estava bastante óbvio tanto em seus olhos com em sua apologia. Disse a si<br />

mesma que não poderia ficar surpreendida. E, pelo menos ele teve a decência e o<br />

cuidado de que estava machucada. Tinha a sensação de que ele havia poupado o<br />

esforço com um monte de outras mulheres que teve.<br />

Ela gemeu, lembrando mais uma vez como que se sentia em tê-lo em cima dela,<br />

a beijá-la, a tocá-la.<br />

Deus a ajude, queria estar com ele novamente. E sim, mesmo que isso<br />

significasse ficar ferida na manhã seguinte.<br />

Era difícil não ficar decepcionada com a sua libido e se perguntou por que não<br />

poderia ser atraída para alguém mais razoável. Afinal, Eugene Fessnick, CPA, era<br />

solteiro. Provavelmente poderia mesmo começar a ter seus impostos feitos de<br />

forma gratuita, se estavam namorando.<br />

Mas não, teve que escolher alguém que nunca ia sossegar. Alguém que era<br />

quente e apaixonado e conseguiu criar o caos e a confusão em sua vida. O El Niño, 61<br />

de homem. Claramente, seu senso de auto-preservação precisava de uma revisão<br />

séria.<br />

Estava se enxugando quando um vulto escuro apareceu na porta. Cobrindo<br />

rapidamente a si mesma, olhou para a silhueta de John surpresa. Na tranquila<br />

quietude, ele era avassalador e sentiu a tensão em seu corpo.<br />

E se tivesse sido o tenente Marks, afinal?<br />

Ela lambeu os lábios nervosamente. — Há algo de errado? —<br />

Sua voz era profunda e rouca. — Eu queria ter a certeza que estava tudo bem<br />

antes de eu ir para a cama. —<br />

— Eu estou bem. — Quando ele não saiu, puxou a toalha um pouco mais e<br />

colocou a ponta solta dentro.<br />

Não podia ver o seu rosto claramente, mas sentia que havia algo o incomodando.<br />

Ela franziu o cenho. — Você está bem? —<br />

Ele empurrou a mão pelo cabelo. — Não, eu não estou inferno. —<br />

— Qual é o problema? —<br />

— Eu quero fazer amor. Com você. Agora. —<br />

Grace prendeu a respiração enquanto as palavras explodiam fora dele.<br />

61 El Nino" (o menino em espanhol), fenômeno climático que ocorre uma vez a cada 3-5 anos e se<br />

identifica na mudança da direção dos ventos no Oceano Pacífico e no aquecimento de suas águas.<br />

227


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu sei que eu realmente estraguei tudo esta manhã. Eu sou inexperiente em<br />

todo este... — Ele mexeu a mão para frente e para trás como se estivesse<br />

procurando a palavra certa. — Coisa de mulher-homem. É um maldito pesadelo.<br />

Estou chateado comigo mesmo, e passei a noite toda sonhando com desculpas que<br />

são como algo saído de uma maldita novela. Eu estou querendo saber onde no<br />

inferno a minha lógica foi embora, eu não consigo me livrar dessa dor em meu<br />

peito, e se houvesse uma maneira de voltar para esta manhã e fazer tudo de novo,<br />

eu faria. Toda vez que eu fecho meus olhos, eu vejo você nua em meus braços,<br />

olhando para mim com a confiança em seus olhos e eu quero colocar a minha mão<br />

através de uma parede. —<br />

Ele começou a andar. — Isto está me deixando louco. Estou me deixando louco.<br />

Cristo, tem de haver maneira mais fácil do que isto. Como no inferno que as pessoas<br />

se colocam nesta confusão, quando elas finalmente encontram alguém que<br />

importa? É como ser jogado numa cova sem maldita luz. Eu nunca me senti tão<br />

malditamente foda desorientado na minha vida e, deixe-me dizer, eu estive em<br />

algumas confusões bem feias antes. —<br />

Sem palavras, Grace olhava enquanto ele continuou a falar. Nunca o ouviu dizer<br />

mais do que um par de frases em qualquer momento e certamente nunca foi tão<br />

franco sobre seus sentimentos.<br />

— Isto é horrível. Eu me sinto mal. Você se sente mal. Tudo o que eu quero fazer<br />

é segurar você em meus braços. Eu não sei o que está acontecendo comigo. Eu só<br />

sei que eu quero você e eu desejo que eu não tenha que te machucar. E... —<br />

Respirou fundo quando perambulava a um impasse.<br />

Grace sacudiu a cabeça e sorriu pesarosamente. — Isso é um bom bocado. —<br />

— Bem, eu pensei sobre isso durante o jantar. —<br />

— Obviamente. —<br />

Era difícil não o perdoar quando ele parecia tão sincero em desacordo consigo<br />

mesmo e podia sentir o aquecimento do seu próprio corpo. Mas se lembrou que<br />

mesmo que ele se desculpasse pelo que havia acontecido, não era como se<br />

estivesse prometendo permanecer na sua vida depois que o trabalho estava<br />

terminado.<br />

Eles tinham esta noite, porém, pensou. E amanhã de manhã. Depois que saisse,<br />

estava indo somente a ter as suas memórias.<br />

— Venha aqui — , disse ela, estendendo os braços.<br />

Seus olhos se arregalaram, como se ela tivesse feito o inesperado, e seu corpo<br />

jogou através das ondas de intensidade à medida que ele se adiantava. Colocou a<br />

228


GGrruuppooRRRR<br />

mão em seu peito. O calor dele veio através de sua camisa e podia sentir seu<br />

coração batendo com a palma da mão.<br />

— Estou feliz que você me contou tudo isso. —<br />

Ele fechou os olhos, como se estivesse revivendo a decepção que sentiu com ele<br />

mesmo.<br />

— Você tem que acreditar em mim, a última coisa que eu quero fazer é te<br />

machucar —<br />

Grace levantou os lábios para o beijo dele e puxou sua cabeça para baixo. Sua<br />

boca era suave na dela, um pincel suave e surpreendente, e o sentiu tomar a mão<br />

esquerda na sua.<br />

— Você vai tirar esses anéis hoje à noite? — Perguntou ele.<br />

Ela não hesitou. Com movimentos descuidados, tirou a safira e os diamantes e os<br />

jogou sobre o balcão de mármore.<br />

John a pegou nela e a levou para a cama. Quando a colocou e deitou em cima<br />

dela, apoiando seus braços poderosos de ambos os lados do seu corpo, sentia a<br />

antecipação de fluxo através de suas veias como uma droga.<br />

Enquanto a sua boca tomava a dela, se entregou ao desejo.<br />

* * *<br />

Grace estava dormindo nos braços de John, quando o telefone começou a tocar<br />

às seis e meia da manhã seguinte.<br />

— Quando começou num terceiro curso, ela pegou o receptor.<br />

— Onde você estava? — a mãe exigia antes que Grace teve tempo para<br />

espremer um Olá. — E por que você não atendeu o telefone ontem à noite? —<br />

— Foi você? — Grace sentou-se, empurrando o cabelo do rosto.<br />

John mexeu e mudou-se com ela, mantendo o braço em volta da cintura dela. Ela<br />

estava aliviada por ele não sair imediatamente.<br />

— É claro que fui eu — a mãe agarrou. — Eu achei que você poderia gostar de<br />

saber que eu levei os cuidados do seu pequeno problema. Passei a maior parte da<br />

última noite telefonemas divertidos com Cameron Brast. No meio da minha festa,<br />

eu poderia acrescentar. —<br />

Grace fez uma careta. Brast era o editor de um dos trapos de Nova York.<br />

229


GGrruuppooRRRR<br />

Sua mãe continuou. — A imagem daquele homem Smith, com seus braços em<br />

volta de você não vai aparecer nos jornais, esta manhã. Levou todo o meu poder de<br />

persuasão para bloquear a sua publicação e, cortesia de sua indiscrição, agora estou<br />

em dívida para aquele odioso homenzinho, Brast. —<br />

— Sinto muito por você. —<br />

— Da mesma forma escandalosa, no entanto, é o fato de que seu marido me<br />

ligou para dizer que um repórter havia chegado a ele em Paris para um comentário.<br />

Ranulf estava praticamente inconsolável na noite passada. Tentou alcançar você no<br />

telefone e quando foi incapaz, ligou para aqui. Você não tem vergonha. —<br />

Grace fechou os olhos. — Mãe, Ranulf e eu estamos nos divorciando. —<br />

A inspiração rápida de Carolina veio através do telefone como um rascunho. — Ai<br />

meu Deus. É aquele homem, não é? Você está deixando Ranulf por algum... —<br />

— Ranulf e eu nos separamos logo após a morte do pai. Antes mesmo de eu<br />

conhecer John. —<br />

— Meu Deus... Mas porque é que ele se divorcia de você? —<br />

Grace era quase capaz de afastar as frustrações de sua voz. — Sou eu que estou<br />

pedindo o divórcio. —<br />

Praticamente podia ouvir as engrenagens no cérebro da mãe ficarem paralisadas.<br />

— Mas, porquê? —<br />

— Nós temos diferenças inconciliáveis. —<br />

Começando com o fato de que nunca nos amávamos, pensou.<br />

— Vamos agora, quão diferentes podem ser vocês dois? Sua família está muito<br />

bem considerada. Talvez você poderia simplesmente tentar novamente. —<br />

— Isso é justamente o que o pai disse — Grace respondeu.<br />

Houve uma pausa. — Você falou com ele sobre isso? —<br />

— Sim. Durante o Verão. Ele me disse para voltar para Ranulf e eu fiz. As coisas<br />

só pioraram. —<br />

—<br />

— Eu não entendo. O que aconteceu? Vocês sempre pareciam tão felizes juntos.<br />

— As aparências enganam, mãe. —<br />

Houve um longo silêncio no telefone.<br />

— Oh Grace, eu não posso suportar a ideia de tudo isso. Primeiro seu pai e agora<br />

o seu casamento. Quando isso vai acabar? —<br />

230


GGrruuppooRRRR<br />

— Sinto que isso tenha perturbado você. — Foi difícil manter a decepção em sua<br />

mãe para si mesma. Ela poderia ter usado algum do apoio da mulher, mas sabia<br />

muito bem que nunca tinha sido como seu relacionamento tinha funcionado.<br />

— Você sabe, seu pai e eu tivemos momentos difíceis — disse Carolina, com um<br />

raio de esperança em sua voz. — Nós trabalhamos através deles. Isso pode ser<br />

feito. —<br />

Grace achou difícil acreditar que seus pais haviam enfrentado alguma coisa mais<br />

árdua do que o que vestir para um jantar.<br />

— Mãe, a verdade é que eu nunca deveria ter casado com Ranulf. Eu tinha<br />

dúvidas desde o início. Mesmo na nossa festa de noivado. —<br />

Como Smith saiu da cama e caminhou nu em seu quarto, ela se esqueceu<br />

momentaneamente de sua mãe.<br />

— Mas o que você vai fazer? Como uma mulher sozinha? —<br />

— Vou gerir de alguma forma — disse Grace com uma ponta de sarcasmo. — É<br />

incrível o que as meninas estão autorizados a fazer nesses dias. Você está ciente de<br />

que nós podemos votar agora? —<br />

— Não há nenhuma razão para ser hostil. E devo dizer, eu estou sériamente em<br />

dificuldades, com o final do seu casamento, seu primeiro instinto é se jogar em<br />

algum caso bombástico com esse... homem Smith. —<br />

— John é meu guarda-costas. —<br />

Sua mãe ficou em silêncio. — Seu guarda-costas? —<br />

— Foi por isso que ele precisava de mudar de quarto. Ele precisava estar mais<br />

perto de mim. —<br />

— Bom Senhor, porque você precisa de um? Você está bem? —<br />

— Eu... eu estou bem. — Ela lançou um suspiro frustrado. Tendo apenas<br />

consolado a mãe sobre o divórcio iminente, não se sentia com forças para acalmar a<br />

mulher sobre o assassinato de suas amigas. — É melhor eu ir, mãe. É hora de ir<br />

trabalhar. —<br />

— Mas hoje é feriado. Columbus Day. —<br />

— Eu sei que é, mas eu ainda tenho um trabalho a fazer. Eu vou falar com você<br />

depois. —<br />

Empurrando a conversa para fora de sua mente, Grace desligou o telefone e<br />

desceu pelo corredor. Ela estava prestes a a pedir Smith se queria se juntar a ela no<br />

banho quando ouviu a sua voz à deriva fora de seu quarto.<br />

231


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu não sei quando vou estar livre. Poderiam ser mais umas duas semanas<br />

antes que eu possa sair de Nova Iorque, o que significa que eu não seria capaz de ir<br />

para o Oriente Médio até ao início de Novembro. —<br />

Grace se virou e voltou para seu quarto, sentindo-se mal no seu estômago. A dor<br />

disse-lhe o quanto estava se iludindo a si mesma. Em algum lugar lá no fundo,<br />

estava abrigando a esperança de que ele ia ficar. Ouvir a logística da sua saída foi<br />

um tapa na cara.<br />

Ela tomou um banho rápido e, antes de fechar-se em seu camarim, gritou para<br />

ele que o banheiro estava livre.<br />

Sentada na frente do espelho, sentiu vontade de chorar. Quando ouviu o som da<br />

água a correr, decidiu que o que precisava fazer, em vez de lamentar-se em volta e<br />

de sentir pena de si mesma, era sair de casa. Percebeu que tinham passado dias<br />

desde que tinha ido para uma corrida e a ideia de ser livre por um pouco de tempo<br />

era irresistível. Tudo o que precisava era de algo curto e rápido, o suficiente para<br />

limpar a sua mente e ajudá-la a passar o dia sem rasgar na frente dele.<br />

Ela só precisava de algo para lembrar-se da sua força.<br />

Jogando em um par de suéters e seus sapatos de corrida, ela estava na rua em<br />

questão de minutos. Enquanto saia de debaixo do toldo, olhou para cima. Uma<br />

chuva fina caía de um céu cinzento, mas o dia encharcado não a incomodou quando<br />

ela começou em um ritmo rápido. Por hábito, tomou a sua rota normal, indo até o<br />

Central Park Este e depois indo para o parque. Ela pegou uma das pistas de corrida<br />

que a manteria perto da rua, e ainda assim a levava longe do barulho e da poluição<br />

do trânsito.<br />

Quando corria, chutava os pés para cima de poças de água que a encharcavam<br />

nas pernas. Ela podia sentir o suor de sua pele em conjunto com a humidade fria<br />

que escoava através do suor, e se forçou um pouco mais arduamente.<br />

Correu cerca de um quarto de milha quando percebeu que alguém a estava<br />

seguindo.<br />

Seu primeiro pensamento foi que devia ser John e queria amaldiçoar quando<br />

percebeu o que tinha feito. Ele ia ficar irado porque tinha saído sem ele e tinha todo<br />

o direito de estar.<br />

Que diabos tinha estado a pensar?<br />

Não muito mesmo, pensou, abrandou e virou-se.<br />

Não era Smith.<br />

O medo inundou os seus sentidos, apagando temporariamente a sensação de seu<br />

corpo, os sons em seus ouvidos, tudo. Rapidamente avaliou a pessoa por trás dela.<br />

232


GGrruuppooRRRR<br />

Não conseguia ver a cara, porque quem era, tinha sobre si uma capa de chuva com a<br />

capa acima. Nem esperou para conseguir uma boa identificação.<br />

Grace começou numa corrida rápida, olhando para a esquerda e direita, na<br />

esperança de ver alguns outros corredores. Por causa da chuva, estava sozinha no<br />

caminho.<br />

Correndo o mais rápido que pôde, se atirou de cabeça por entre as árvores e toda<br />

a grama, tentando se lembrar de como chegar à rua. Seu batimento cardíaco estava<br />

rasgando o peito e as pernas estavam dormentes do esforço, mas continuou a<br />

pressionar.<br />

Ela olhou por cima do ombro. Quem quer que fosse, mantinha o ritmo.<br />

As imagens de Mimi, Suzanna e Cuppie, todas mortas com suas gargantas<br />

cortadas, lhe veio à mente. Ela desceu para que as pernas obtivessem mais<br />

velocidade. Ansiando na direção de casa, tentou tranquilizar-se que ela poderia<br />

conseguir voltar.<br />

Mas não tinha a certeza se seria capaz.<br />

Era isso, pensou com terror. Aqui no Central Park? Em um lampejo de pânico, se<br />

lembrou do que Smith tinha dito sobre os seus clientes viverem mais tempo, porque<br />

eles fizeram o que lhes disse para fazer.<br />

Ela tinha quebrado uma de suas regras mais simples.<br />

De repente, através do som da corrida em seus ouvidos, ouviu uma voz rouca<br />

gritando. Percebeu que a pessoa que a seguia estava gritando algo.<br />

E então uma palavra que ela pensou que nunca mais que seria escutada, rompeu<br />

através do seu medo.<br />

— Starfish! 62 —<br />

A voz do seu pai lhe chegou, Anime-se, Starfish, vamos ver aquele sorriso.<br />

Grace quebrou num passo largo, enquanto estancava em torno da surpresa e<br />

desarmada. Batendo na calçada num deslizamento, sentiu o joelho e a canela sendo<br />

raspados, mas era a menor das suas preocupações. Enquanto o estranho veio sobre<br />

ela, levantou os braços, como que para afastar os golpes.<br />

— Eu... Eu não vou te machucar... — Grace ficou surpresa ao ouvir a voz de uma<br />

mulher, que era dura da respiração pesada. — Sério... —<br />

62 Estrela do Mar.<br />

233


GGrruuppooRRRR<br />

Quando a sua perseguidora não fez nada ameaçador, mas sim apoiou suas mãos<br />

sobre os joelhos e tentava recuperar o fôlego, Grace pensou que só poderia ter sido<br />

poupada.<br />

Assim que encontrou sua própria voz, ela disse — Quem é você? E como você<br />

sabe o meu nome... —<br />

A desconhecida puxou o capuz e Grace franziu o cenho.<br />

Havia algo familiar sobre o rosto da mulher, como se a tivesse conhecido antes<br />

ou vis...<br />

Oh meu Deus, pensou Grace, ficou gelada.<br />

O pai dela.<br />

A estranha tinha a mesma cor que ele tinha, a mesma: forma de rosto,<br />

semelhantes profundos olhos azuis.<br />

Dando uma olhada contra a chuva e a impossibilidade do que estava vendo, se<br />

perguntava se estava perdendo a cabeça.<br />

— Eu sou... sua... meia irmã. Callie — disse a mulher, ainda respirando com<br />

dificuldade.<br />

Capítulo 20<br />

Smith saiu do chuveiro, pensando que era uma pena que se esqueceu de tomar<br />

um com Grace. Apesar de que tivessem feito amor três vezes durante o decorrer da<br />

noite, ele queria mais. Não podia acreditar que tinha um único pensamento: uma<br />

noite com ela nunca seria o suficiente. Iria precisar de meses, talvez anos.<br />

Era uma tragédia que não tinha esse tipo de tempo.<br />

Acordar ao lado dela foi outra revelação. Depois de anos deixando a mulher, logo<br />

que poderia ter as suas calças de volta, rolava ao lado de Grace e não tinha nenhum<br />

interesse em estar em qualquer outro lugar.A tinha olhado enquanto estava<br />

dormindo, absorvendo o parecer de seus cílios contra a bochecha, a divisão ligeira<br />

de seus lábios, o seu cabelo enquanto fluía sobre o travesseiro.<br />

Smith tirou a toalha fora, vestiu uma roupa e saiu, esperando que ela ainda<br />

estivesse em seu quarto de vestir.Como não estava, olhou para a cama dela e foi<br />

pego na lembrança do que tinha feito para ele durante a noite. Como ela tinha<br />

234


GGrruuppooRRRR<br />

crescido mais confortável e confiante com ele, e tinha se tornado em negrito,<br />

exigente... inovadora.Seu corpo começou a sobreaquecer.<br />

Definitivamente iria tomar banho com ela amanhã de manhã.<br />

Smith estava prestes a sair para a encontrar na cozinha quando viu os anéis do<br />

conde na parte superior do seu gabinete. Ele pegou o de noivado. A coisa era<br />

pesada, a pedra de um azul escuro glorioso, os diamantes nas laterais espumantes<br />

como fogo branco.<br />

Que tipo de anel que lhe iria dar? Não seria nada como os quilates e quilates de<br />

safiras que ela tinha. Seria simples. Uma aliança, talvez.<br />

Balançou a cabeça. Ele não estava comprando anéis para ninguém.<br />

E, certamente, não para ela.<br />

Ele era um delinqüente juvenil reformado, um ex-militar, um ex-espião. Com<br />

certeza ele não era o cara certo para se tornar o segundo marido de Grace<br />

Woodward Hall, anteriormente conhecida como a Condessa von Sharone.<br />

Período, fim da história.<br />

Deixou a safira escapar de seus dedos e observava enquanto saltava e depois<br />

balançou até parar.<br />

Ficou surpreso que até pensou em casamento de todo, mesmo que fosse apenas<br />

hipoteticamente. As esposas eram ainda mais um não-não, que namoradas em sua<br />

linha de trabalho, porque as famílias eram a última ameaça à lucidez. Quantos mais<br />

laços você tem com as pessoas, e mais estabilidade você cortejava, mais chances<br />

você teria de ser vulnerável.<br />

Sempre pensou que era um erro que as pessoas assumissem que se tivessem um<br />

lar, uma esposa e um casal de crianças que de alguma maneira o mundo era um<br />

lugar seguro. Muitos deles entendiam que só porque tinham uma chávena de café<br />

sentados à mesa com a mesma pessoa a cada manhã eles estavam de alguma<br />

forma seguros. Smith sabia que era o contrário. Como todo mundo, essas pessoas<br />

estavam negociação com o destino, pois eles só não sabiam que estavam na mesa<br />

da negociação.<br />

Sabia que estava melhor sozinho, porque enquanto ele era um operador solitário,<br />

tudo o que tinha para se preocupar era com a morte.<br />

E isso era uma força da natureza que não o assustava. Depois de morto, nada<br />

mais importava.<br />

Sua clareza de pensamento sobre as armadilhas da família sempre foi uma fonte<br />

de orgulho, mas agora, não estava se sentindo tão auto-satisfeito. Conhecer Grace<br />

estava mudando o que pensava sobre ter um lar. Pela primeira vez, podia entender<br />

235


GGrruuppooRRRR<br />

a atração da dependência. A verdade era que gostava de a ouvir mover-se durante a<br />

noite. Ele gostava de vê-la em seu roupão de manhã com o cabelo numa bagunça.<br />

Gostava do jeito que ela roncava baixinho quando dormia de costas. Gostava de seu<br />

calor ao lado dele...<br />

Os instintos Smith picaram por atenção.<br />

Ele ouviu atentamente o silêncio do apartamento por apenas um momento e<br />

então correu pelo corredor. Ele olhou para a sala de estar, sala de jantar, e depois<br />

abriu caminho para a cozinha. Quando explodiu na sala da entrada, uma voz dentro<br />

da sua cabeça começou a gritar.<br />

* * *<br />

Enquanto Grace olhava para a mulher, piscou para levar embora a chuva que caía<br />

em seus olhos. Sentia o pavimento rígido sob a sua bunda, o frio molhado da<br />

camisola pendurada pelos ombros, uma pungente dor quente na perna.<br />

Então isto tem que ser real, pensou.<br />

— Eu não tenho uma irmã — , sussurrou, embora os olhos dela estavam dizendo<br />

de outra forma. A semelhança com o pai dela era sutil, mas inegável e um<br />

sentimento de traição veio sobre ela numa pressa, a fazendo sentir-se doente.<br />

— Como você sabe sobre Starfish? — exigiu asperamente.<br />

A resposta foi suave e cheia de pausas, como se a mulher não sabia como iria<br />

reagir Grace.<br />

— Quando eu era pequena, eu vi uma foto de você com ele no jornal e eu<br />

perguntei quem era. Ele disse que era sua outra filha e eu queria saber qual era seu<br />

nome. Ele me disse que era Starfish. Eu sempre pensei em você assim. Mesmo<br />

quando eu soube o seu verdadeiro nome. —<br />

Grace sentiu uma picada de ciúme passar por ela, que essa outra pessoa, essa<br />

estranha, sabia o nome especial que seu pai lhe dera.<br />

Como ele ousa estar morto quando tudo isso tudo vem fora, pensou<br />

irracionalmente.<br />

Enquanto se esforçava para ficar em pé, a mulher estendeu a mão e Grace<br />

recusou o gesto.<br />

236


GGrruuppooRRRR<br />

O braço da mulher caiu lentamente para ao seu lado. — Eu deveria ter escrito a<br />

você primeiro mas eu percebi que você pensaria que eu era uma espécie pessoa<br />

desonesta. Você, provavelmente, vai pensar de qualquer jeito. Eu só precisava<br />

conhecê-la pessoalmente. Eu já vi você em fotos durante muitos anos. Era como se<br />

não fosse real. Tão linda e glamourosa. Eu costumava fingir... — Um sorriso triste<br />

lhe esticou os lábios. — Eu só queria conhecer a outra parte dele. A maior parte...<br />

de meu pai. —<br />

Grace olhou para a mulher. A chuva estava escurecendo seus cabelos vermelhos,<br />

que era liso e húmido em seu couro cabeludo. Seus olhos azuis pareciam ter velhas<br />

sombras atrás deles.<br />

— Qual é seu nome? — Grace perguntou.<br />

— Callie. Na verdade, é Calla Lily. —<br />

Um arrepio passou por Grace. O nome. O nome que ela tinha ouvido o pai dizer<br />

no sonho.<br />

Balançou a cabeça, sentindo a realidade deslocar e girar no seu cérebro que<br />

lutava para reorganizar a sua vida.<br />

Grace se focou na mulher. — Você se parece com ele. —<br />

— Eu sei! — É o cabelo vermelho, eu acho. —<br />

— Seus olhos, também. — Grace ouviu a raiva em sua própria voz.<br />

Queria dizer á mulher para ir para o inferno, a acusá-la de mentir. Ou ao menos,<br />

queria nunca ter saído para a corrida, como se isso tivesse magicamente impedido o<br />

encontro.<br />

— Eu sei que isso deve ser um choque. —<br />

Agora havia uma meia verdade.<br />

Grace começou a percorrer as suas memórias de infância por sinais da vida dupla<br />

do seu pai. Ele havia estado muito tempo fora. Ele era um homem muito bem<br />

sucedido, então é claro, sempre parecia estar a caminho de uma reunião ou<br />

voltando para casa de uma. Tinha essas viagens sido desculpas para ir a sua outra<br />

vida? Pensou sobre o quão ocupados seus dias na Fundação eram. Antes de ele ter<br />

morrido, ele tinha feito tudo o que ela fazendo, assim como cuidava dos extensos<br />

investimentos da família. Onde ele encontrou a energia? Bem, obviamente ela<br />

tinha vindo de algum lugar, pensou. De alguma forma, ele encontrou tempo para<br />

levar outra vida. Para criar uma outra vida.<br />

Callie levantou a mão e afastou alguns cabelos fora do rosto. — Agora que eu<br />

estou aqui com você, eu não sei o que eu pensei que ia conseguir. —<br />

Grace olhou profundamente nos olhos da mulher.<br />

237


A filha de seu pai.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Foi você — disse abruptamente, enfocando na capa de chuva. — Vendo-me<br />

quando eu saia e entrava no trabalho, esperando por mim fora dos restaurantes.<br />

Você me seguiu até no funeral, não foi. —<br />

— Sim. — Callie olhou para longe. — Era difícil me aproximar de você. Eu ficava<br />

pensando que poderia simplesmente ir até você mas você nunca estava sozinha e<br />

eu, eu não queria causar uma cena. Quanto ao funeral, eu só tinha de ver ele ser<br />

enterrado, porque uma parte de mim se recusava a acreditar que tinha ido embora.<br />

Os jornais não diziam onde o serviço iriam ser realizado, apenas a data. Segui você<br />

porque eu não sabia de que outra forma eu poderia dizer adeus a ele. —<br />

O estômago de Grace se sacudiu e começou a abanar a cabeça novamente.<br />

— Eu tenho que ir — , murmurou.<br />

Enquanto começava a andar às cegas, sentiu a chuva que descia em seu rosto. Ou<br />

poderiam ser lágrimas.<br />

Calla Lily.<br />

A voz de seu pai ecoou em sua cabeça.<br />

Ela tinha andado um par de metros, quando parou e olhou para trás.<br />

A mulher estava olhando atrás dela, parecendo pequena debaixo da capa<br />

impermeável.<br />

Aquele casaco não era caro, pensou Grace. Apenas uma barata capa de chuva de<br />

plástico. E seus sapatos eram velhos, a precisar de serem reparados. Ela não estava<br />

vestida como alguém que tinha dinheiro.<br />

Será que ela estava olhando para contestar o testamento? Estaria realmente só<br />

atrás de algum dinheiro?<br />

Grace pensou em John. Ele poderia descobrir exatamente quem era a mulher e<br />

farejar se era alguém com segundas intenções.<br />

— Está frio aqui fora — disse Grace. — Você vive por perto? —<br />

Não, na verdade. Meu apartamento é em Chelsea. —<br />

Mantenha seus amigos próximos e seus inimigos mais próximos, Grace pensou.<br />

Palavras pelas quais poderia ser condenada.<br />

— Então volte comigo para se secar. —<br />

Olhos azuis a consideraram com cautela. — Tem certeza? —<br />

Não, não tinha.<br />

238


GGrruuppooRRRR<br />

Grace assentiu com a cabeça de qualquer maneira e Callie se aproximou com<br />

cautela.<br />

— Você está sangrando — disse, apontando com alarme.<br />

Grace olhou para si mesma. Podia ver o arranhão na perna através de um rasgão<br />

na calça de moletom. O sangue estava manchando seu tênis. Isto provavelmente<br />

devia estar doendo, pensou. Engraçado, não sentia absolutamente nada.<br />

— Tem certeza que você pode andar? — Callie perguntou. — Eu posso nos levar<br />

de táxi. —<br />

— Eu vou ficar bem. —<br />

Quando era que este filme de horror da minha vida pararia de adicionar novas<br />

cenas. E novos personagens.<br />

Elas voltaram para a rua juntas, movendo-se lentamente, apesar da chuva, pois<br />

Grace estava mancando.<br />

— Você realmente não sabia, não é? — Callie disse suavemente. — Eu sempre<br />

me perguntei se você poderia ter adivinhado. Deve ser muito difícil de descobrir...<br />

Tenho 27 anos e continuo a achar a coisa toda difícil de lidar. —<br />

Ouvir a idade de Callie partiu noutra cascata de raiva. Vinte e sete anos. Seu pai<br />

tinha estado vivendo uma mentira por mais de um quarto de século. Ele fez todos<br />

eles viverem uma mentira.<br />

Grace pensou com amargura no passado e naquela palestra dele sobre a<br />

importância de ficar com Ranulf. Ele tinha mesmo se jogado numa linha sobre a<br />

importância dos votos que tinha tomado, um comentário que era agora mais difícil<br />

para o seu estômago do que o recital de destaque da família von Sharone. Cortesia<br />

de Callie abaixo atrás dela, e as suas palavras fedidam agora com a hipocrisia e<br />

Grace se viu querendo os três meses adicionais que ela passou com Ranulf de volta.<br />

Bem como todos aqueles anos que acreditou que seu pai era um homem<br />

honrado.<br />

Quando pisaram sob o toldo do edifício da Grace, Callie fez uma pausa e abanou<br />

a chuva fora de seu casaco e seu cabelo. Parecendo desconfortável, seguiu Grace<br />

para dentro, os olhos movendo-se sobre o homem uniformizado que abriu a porta<br />

para elas, a entrada luxuosa, o bronze e o vidro do elevador.<br />

— Este é um belo edifício — murmurou enquanto andava até o piso superior.<br />

Quando elas saíram do elevador, Grace franziu o cenho. Sua porta da frente<br />

estava aberta e um homem loiro estranho, que era grande como um linebacker e<br />

vestido de preto, estava em sua sala de entrada. Quando ele a viu, seu sorriso não<br />

foi amigável.<br />

239


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu acredito que a sua condessa está de volta — disse secamente.<br />

John explodiu na porta e Grace deu um passo involuntário para trás. Ele estava<br />

lívido de raiva.<br />

— Onde diabos você foi? — ele berrou.<br />

Teve que lutar contra o desejo de voltar para o elevador e desaparecer<br />

novamente.<br />

Limpando a garganta dela, disse baixinho: — Eu saí para uma corrida. Me<br />

desculpe, eu não chegar e pegar você... —<br />

— Que diabos você estava pensando! — Apontou o dedo para ela. — Você não<br />

vai a lugar nenhum sem mim. Esse é o nosso acordo. Você quer me dizer o que<br />

diabos estava passando pela sua cabeça? —<br />

Ela olhou para Callie, que parecia estar tentando derreter na parede. Grace não a<br />

culpava.<br />

— Você precisa se acalmar — sussurrou para John. — Tudo está bem. —<br />

— Sim, está tudo bem. Eu vou chamar a polícia fora agora e dizer a todos os<br />

meus homens para irem para casa porque tudo está bem. Nenhum problema do<br />

caralho, condessa. — Enquanto marchava de volta para a sala, colocou o telefone ao<br />

ouvido e começou a falar em frases curtas e com raiva.<br />

— Talvez esse não seja o melhor momento — Callie disse suavemente.<br />

— Não, ele vai se acalmar. —<br />

Felizmente, acrescentou para si mesma.<br />

Enquanto Grace entrava, viu três homens em sua sala de estar, todos altos, caras<br />

de ombros largos em roupas escuras.<br />

Pareciam uma espécie de esquadrão militar, embora não estivessem usando<br />

uniformes. Quando seus olhos pousaram sobre ela todos de uma vez, se sentiu<br />

como uma criança que tinha violado o toque de recolher.<br />

Ou um agitador que precisava ser eliminado.<br />

— Olá — disse para o grupo. O homem que estava na porta quando elas<br />

chegaram, um bonito loiro, apenas inclinou a cabeça. O resto, nem sequer<br />

responderam.<br />

John desligou o telefone e se dirigiu a eles. — Marks e os seus meninos estão<br />

voltando para trás e regressando para a estação. Obrigado por terem vindo. —<br />

240


GGrruuppooRRRR<br />

— Fico feliz que ela se apresentou — disse o loiro. E atirou em John um sorriso<br />

sardônico. — Caso contrário, nós estávamos pensando em amarrá-lo a uma cadeira<br />

antes de se machucar. —<br />

— Vá-se-foder, Tiny. —<br />

Tiny jogou um braço musculoso em torno de John e agarrou-o na parte de trás do<br />

pescoço, dando-lhe um abanão. Com uma voz muito baixa, disse: — Você está<br />

bem? —<br />

John disse algo baixinho e Grace observou como os olhos dos dois homens se<br />

encontraram e fixaram.<br />

— Ok, nós estamos saindo daqui, senhoras, — Tiny disse aos homens. Enquanto<br />

passavam por ela, ele fez uma pausa e disse: — Faça-nos um favor a todos,<br />

Condessa, e fique perto de casa, você vai? —<br />

—<br />

— Adeus, Tiny, disse John como aviso.<br />

O homem revirou os olhos e sorriu por cima do ombro.<br />

— Se eu continuar falando com ela, você vai começar a chamar-me Itty Bitty? 63<br />

Tiny acenou por cima do ombro enquanto conduzia os homens para fora da<br />

porta.<br />

Grace olhou para John. Tinha as mãos nos quadris e estava olhando para o chão.<br />

Sua mandíbula estava rígida.<br />

Callie falou. — Olha, eu realmente acho que deveria ir. —<br />

A cabeça de John ficou na posição vertical. — Quem diabos é você? —<br />

— Esta é Callie, — Grace ofereceu. — Minha ir... meia-irmã. —<br />

Os olhos de John estreitaram na mulher. — Eu não sabia que você tinha uma. —<br />

— Nem ela — respondeu Callie.<br />

— Bem, bem vinda à maldita família. Eu vou falar com você depois — John disse<br />

a Grace, antes de ir para o fundo do corredor.<br />

— Você me desculpa? — Grace disse rapidamente enquanto foi atrás dele.<br />

Ela estava mesmo em seus calcanhares, quando ele parou na frente de seu<br />

quarto. — Você precisa ficar bem longe de mim até eu me acalmar. —<br />

Com isso, ele lhe fechou a porta na cara.<br />

63 Adjetivo: Muito pequenino. Trocadilho de Tiny que traduzido significa Minúsculo ou Pequeno.<br />

241


Grace lançou um suspiro.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Quando voltou para a sala de estar, lamentou trazer Callie de volta com ela,<br />

principalmente porque ela devia ter sabido o quanto John iria ficar aborrecido.<br />

Ela estava apenas fazendo a chamada má, depois de chamar mau ao dia de hoje.<br />

— Gostaria de tirar o seu casaco? — perguntou à mulher.<br />

Os olhos de Callie estavam sombrios quando ela tirou a capa dos ombros.<br />

Colocou-a sobre o seu braço, segurando-a perto de seu corpo mesmo estando<br />

molhada.<br />

— Aqui, deixe-me ficar com isso. — Grace observou que a roupa húmida de<br />

Callie estava limpa, mas não na moda e que não usava jóias de qualquer tipo.<br />

Quando se virou do armário, Callie estava de pé sobre a imagem de Grace com<br />

seu pai. Quando pegou na foto, o coração de Grace contraiu.<br />

Maldito, pensou.<br />

— Ah... estou indo para ir tomar um banho — disse em voz tensa. — Você<br />

gostaria de alguma roupa para se trocar? —<br />

Callie colocou a imagem de volta e olhou para si mesma. — Isso seria ótimo — .<br />

Pouco tempo depois, Grace sentou-se à beira de sua cama em seu roupão de<br />

banho e esperou por Callie sair do quarto de vestir. Quando o fez, Grace ficou<br />

surpresa com a transformação. O longo cabelo vermelho da mulher secava em<br />

cachos soltos e, vestida com um par de calças de Grace e uma jaqueta ajustada,<br />

parecia sofisticada, nada como uma pessoa afogada em abandono.<br />

Nós vestimos as roupas do mesmo tamanho, Grace pensou.<br />

— Esta é uma roupa linda. — Callie acariciou o pano fino.<br />

— O vermelho é perfeito para a sua coloração. — Grace inclinou a cabeça para<br />

um lado. — O que você faz? —<br />

— Eu sou uma conservadora de arte, mas agora eu trabalho como recepcionista<br />

em uma galeria. Eu preciso encontrar um outro emprego, mas nos últimos dois<br />

anos, as coisas têm sido... difíceis. —<br />

Houve um momento embaraçoso.<br />

— Como posso chegar até você? — Grace perguntou, indo até a cama e tirando<br />

um pequeno bloco de de papel. Quando os olhos de Callie se iluminaram com o que<br />

parecia ser a verdadeira felicidade, sentiu um espasmo de culpa.<br />

A mulher parecia estar à procura de um amigo, mas Grace não achava que elas<br />

poderiam ter já esse tipo de relacionamento.<br />

242


GGrruuppooRRRR<br />

Callie anotou um número e Grace ficou impressionada com o fato de que<br />

escreveu com a sua mão esquerda. Apenas como Grace fazia. Assim como seu pai.<br />

— Você sabe, você não tem que me ligar — Callie disse, entregando o bloco de<br />

volta. — Eu realmente só queria conhecer você. Para te ver de perto uma vez. Para<br />

me certificar de que você era real. —<br />

Grace olhou para o número.<br />

— Podemos dar-lhe uma carona para casa? — ofereceu, querendo saber onde a<br />

mulher morava em Chelsea. — Nós estaremos indo para o centro muito em breve.<br />

—<br />

Callie olhou para fora, e na chuva da janela, que ainda estava caindo. — Isso seria<br />

ótimo. Obrigada. —<br />

Enquanto Callie saia para esperar na sala de estar, Grace se aproximou da porta<br />

de John cautelosamente. Batendo suavemente, abriu quando ouviu a sua curta<br />

resposta.<br />

Ele estava fazendo flexões na barra, que tinha instalado na porta do banheiro.<br />

Em um ritmo conduzido, estava bombeando o seu corpo para cima e para baixo, os<br />

músculos em seus braços, duros e muito tensos do esforço. Se perguntou quanto<br />

tempo ele tinha estado nisso.<br />

— Peço muitas desculpas, por ter saído daquele jeito — disse timidamente<br />

enquanto fechava a porta. — Eu só precisava ficar fora por um minuto. Eu não<br />

estava pensando direito. —<br />

Ele parou e caiu da barra. — Foi uma coisa malditamente idiota para fazer. —<br />

— Eu sei! — Eu não vou fazer isso de novo. —<br />

— É melhor não, inferno. Eu nem vou incomodar-me dizendo o que poderia ter<br />

acontecido. — Ele pegou uma toalha e limpou o suor do seu rosto. — Estamos indo<br />

para a Fundação? —<br />

Como se recusou a olhar para ela, gostaria que houvesse uma maneira de levar<br />

tudo de volta, queria que pudesse voltar ao momento em que ela colocou os<br />

sapatos para correr.<br />

— Sinto muito o aborrecer. —<br />

— Eu não estou chateado. — Andou até a mesa e começou a verificar a sua<br />

arma. Ela ouviu o som do clique da movimentação de metal contra metal.<br />

— Sim, você está. —<br />

Se virou para ela, seus olhos se estreitaram com a raiva. — Vá se vestir, Grace. —<br />

243


GGrruuppooRRRR<br />

Em vez de se encolher dele, viu, através das palavras duras, o medo que sentiu,<br />

que estavam por debaixo delas.<br />

— Eu voltei. Eu estou bem. — Quando ele não respondeu, disse: — John, eu<br />

estou bem. —<br />

Ele colocou a arma de volta na mesa e pegou num relógio preto. — Você acha<br />

que talvez a polícia pegue esse maluco que está abatendo as suas amigas? Porque<br />

eles não vão, você sabe. Você poderia muito bem não ter voltado para casa depois<br />

de uma corrida como essa. —<br />

— Mas eu fiz. —<br />

John amaldiçoou. — Você deve ser inteligente o suficiente para não acreditar na<br />

sorte. —<br />

Tentou se aproximar dele, mas ele se afastou. — Você me contratou para ter<br />

certeza de sair disto viva. Não me coloque posição de fracassar novamente. —<br />

Ele foi até a porta e escancarou-a.<br />

— Condessa ? — ele murmurou, apontando com o braço.<br />

Esperou que ele olhasse. Ele não.<br />

Enquanto roçava por ele, disse baixinho: — Por favor, não use isto como uma<br />

desculpa para me afastar. —<br />

E não esperou pela sua resposta.<br />

* * *<br />

Assim que Eddie parou atrás do prédio, os três entraram no Explorer. Callie<br />

soltou um endereço em Chelsea e Grace observou como os bairros foram de alto<br />

luxo baixando para as castanhas pedras dos apartamentos de baixo-custo. Quando<br />

pararam na frente de um que não estava tão degradado como os outros, Callie<br />

abriu a porta.<br />

— Obrigado pela carona — disse. — E eu vou devolver o terno. —<br />

— Não se preocupe com isso — respondeu Grace.<br />

A mulher abanou a cabeça. — Obrigado, mas não o posso manter. —<br />

Com um aceno de despedida, fechou a porta e desapareceu no prédio encardido.<br />

244


GGrruuppooRRRR<br />

Grace virou-se para John assim que o carro avançou. Ele estava olhando pela<br />

janela, com uma expressão pensativa em seu rosto.<br />

— John? — As sobrancelhas dele subiram, mas não olhou através do banco. —<br />

Você estaria disposto a conferir os seus antecedentes? —<br />

— Já começou. —<br />

Olhou para o seu perfil, ficando com a terrível sensação de que algo havia<br />

mudado entre eles.<br />

Talvez de forma irrevogável.<br />

* * *<br />

Dez minutos depois, ela e John entravam no átrio do Edifício Municipal. Havia<br />

poucos funcionários em volta por causa do feriado, mas havia muitos turistas que<br />

visitavam o museu. Depois de parar brevemente para as assinaturas com o guarda<br />

de segurança na recepção, eles entraram no elevador.<br />

Quando chegaram lá em cima, Grace ficou surpresa ao ver Kat em sua mesa e um<br />

homem parado na frente dela. Ele tinha as mãos nos quadris e uma expressão<br />

arrogante no rosto.<br />

— Eu não sabia que você estava chegando hoje — disse Kat a Grace, em uma voz<br />

calma. Ela deu ao homem uma olhada rápida uma vez mais. Terno liso, cabelo liso,<br />

gravata horrível. Tinha que ser um advogado, pensou, perguntando como ele<br />

conseguiu passar no andar de baixo pelo homem da segurança.<br />

Kat sorriu firmemente. — Lamont ligou e disse que precisava de mim para vir<br />

aqui, eu acho que seu assistente foi embora de novo. Este homem...er, ele não vai<br />

sair. —<br />

O cara deu a Grace um sorriso brilhante enquanto estendia a mão. — Eu sou Fritz<br />

Canton. Eu acredito que você sabe quem sou. —<br />

— Ah, claro, você é o advogado de Ranulf. Será que temos uma reunião<br />

agendada? — perguntou, sabendo que não tinham.<br />

— Não, mas eu gostaria de ter uma palavra com você. — O olhar do homem se<br />

deslocou para John. — Sozinhos, se possível. Não vai demorar muito. —<br />

Quando Smith aprovou, desde que a porta ficasse entreaberta, disse: — Muito<br />

bem. —<br />

245


GGrruuppooRRRR<br />

Grace o levou ao escritório e sentou-se atrás da mesa de seu pai.<br />

Canton olhou em volta e sorriu. — Esta é uma bela arte que você tem aqui. —<br />

— Obrigada! Grace se inclinou para frente. — Eu não quero apressá-lo, mas você<br />

poderia me dizer por que você está aqui? —<br />

Sentou-se na frente dela, colocou as mãos juntas em uma ponte e se inclinou o<br />

queixo sobre elas. — O meu cliente não está satisfeito com o acordo em dinheiro,<br />

que você está propondo. —<br />

Grace franziu o cenho. — Considerando o quanto do meu dinheiro ele já<br />

percorreu, eu não acho que um centavo mais seja apropriado. E, francamente, eu<br />

me ressinto de ter que pagar-lhe o privilégio de um divórcio. —<br />

—<br />

— Ele só quer o que é justo. —<br />

— Então vamos deixá-lo com o que ele veio. Eu vou mesmo devolver-lhe o anel.<br />

Os olhos de Canton brilharam e sabia que ele estava fazendo uma estimativa do<br />

valor da safira. — Você e eu sabemos que não é tão simples. —<br />

— Mr. Canton, se você está aqui para tentar negociar, você precisa chamar o<br />

meu advogado. — E se levantou. — Agora, você vai me desculpar. —<br />

O advogado sorriu. — Eu acho que você vai querer me ouvir. —<br />

— Por quê? —<br />

— Eu entendo que você foi fotografada ontem à noite com um homem. Fora de<br />

seu prédio. Meu cliente recebeu uma cópia dessa imagem. — Canton se levantou.<br />

— Seria muito prejudicial para você, se uma coisa como essa saísse para a imprensa<br />

e sua mãe não tivesse a chance de conseguir que fosse enterrado novamente.<br />

Adultério nunca parece bom, especialmente numa mulher, e eu posso imaginar<br />

como é importante é para você ser conhecida como uma cidadã honesta agora.<br />

Com a morte do seu pai, e o seu justo assumir do leme desta venerável instituição,<br />

seria o momento errado, se um escândalo sair agora. Muito ruim. —<br />

Enquanto ele caminhava para o banco das janelas, Grace pensou na piada sobre<br />

advogados, que de uma centena deles no fundo do mar era um bom começo. E<br />

tinha um desejo de obter a tendência iniciada.<br />

— Você está me chantageando? perguntou.<br />

— Não mesmo. — Ele se virou para ela. — E nem, é claro, é meu cliente. —<br />

Quando ela permaneceu em silêncio, levantou as sobrancelhas.<br />

— Então, o que você diz, condessa? Se chegarmos a um acordo sobre o valor<br />

agora, esta parte confusa pode ser ultrapassada. Vocês os dois podem emitir uma<br />

246


GGrruuppooRRRR<br />

declaração conjunta à imprensa, indicando que foi tudo muito amigável e ninguém<br />

nunca vai ver a foto que sugere que você traiu seu marido. Ranulf e eu, estávamos<br />

pensando em que algo com oito dígitos será suficiente. —<br />

O primeiro pensamento de Grace foi que ele e o seu cliente podiam ir para o<br />

inferno.<br />

Em vez disso, sorriu calmamente. — Obrigada por vir. —<br />

— Não há nada que você queira dizer para mim? —<br />

Dizer para o cara ir se ferrar, provavelmente, não era uma ideia tão quente,<br />

pensou.<br />

— Eu acredito que você indicou claramente a sua posição e eu não estou<br />

negociando nada sem a presença do meu próprio advogado. —<br />

Grace caminhou até a porta e esperou que o homem saísse.<br />

Enquanto estava saindo, ele disse — Não seja tola sobre isso. —<br />

— Obrigada pelo conselho — disse ironicamente.<br />

Capítulo 21<br />

Naquela noite, Smith chamou Eddie. Já estava ficando tarde, empurrando as<br />

onze horas.<br />

— Lo? — veio a saudação grogue.<br />

— Nós estamos tendo um rápido início amanhã. —<br />

Um gemido veio através da linha. — Que horas estamos falando, o homem<br />

chefe? —<br />

— Seis. —<br />

Outro gemido. — Você pensa como um espectador que não ouviu a coisa toda<br />

sobre a beleza do sono. Nós dirigimos a algum<br />

lugar especial? —<br />

— Ela tem um pequeno-almoço, perto da fronteira, em Connecticut. —<br />

— Ok, eu vou estar lá com os sinos ligados. Mas eles podem estar pendurados do<br />

meu pijama. —<br />

— Eddie? —<br />

247


— Sim, Chefe? —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Diga a Tiny para me dar uma chamada quando ele der a verificação de<br />

amanhã. —<br />

— Para quê? —<br />

Smith passou uma mão em seu cabelo. Ele tinha crescido desde que estava<br />

trabalhando para Grace. Ele precisava de começar a cortar novamente.<br />

— Estou pensando em desistir deste trabalho. —<br />

— Por que você quer saltar fora? — Quando não respondeu, Eddie disse: — O<br />

que está acontecendo? —<br />

Smith estava revivendo o que tinha feito após descobrir Grace se foi. Parte de seu<br />

horror ao que tinha acontecido era seu próprio fracasso.Quando saiu do banheiro,<br />

ele estava distraído, sobre os anéis, com preguiça pensando em casamento, pelo<br />

amor de Deus.Porque não tinha estado focado no trabalho, tinha levado mais<br />

tempo do que deveria ter, para descobrir que ela tinha saído e que o atraso era uma<br />

evidência careca de que sua objetividade foi baleada à merda.<br />

A primeira regra na empresa de segurança era consideravelmente dum raio<br />

simples: sempre saber onde seu cliente está. Ela arriscou sua vida saindo sem ele,<br />

mas ele tinha agravado o perigo de lascar a deixando sair para fora. Foi<br />

precisamente o que temia que acontecesse, uma tempestade perfeita de mau<br />

pensar de ambas as partes.<br />

— Chefe! Você ainda está aí? —<br />

— Sim, eu estou aqui. — Smith sentou na beirada da cama.<br />

— Ela não precisa mais de você? —<br />

Desviou a questão. — Descobri que ela estava sendo seguido pela sua meia-irmã.<br />

—<br />

— Ela tem uma meia-irmã? —<br />

— Ela tem agora. Estou executando uma verificação sobre a mulher, mas até<br />

agora, ela é quem ela diz que é. —<br />

— Mas por que você está saindo? Eles encontraram o assassino? —<br />

— Não — .<br />

— Chefe, você quer me dizer o que realmente está acontecendo? — Quando não<br />

respondeu, Eddie disse: — Você está preocupado por estar envolvido com ela? —<br />

Smith abriu a boca, mas a mentira emitiu faisca e morreu em sua língua. — É<br />

assim tão óbvio, que porra? —<br />

248


GGrruuppooRRRR<br />

— Não, eu só te conheço há muito tempo. Ei, sei que você não está perguntando,<br />

mas essa é uma boa mulher, que tem aí. E ela tem o olhos para você. Como se você<br />

está usando o seu endereço de casa em seu peito, você sabe o que quero dizer? —<br />

— Você está ficando realmente poético à medida que envelhece — disse Smith,<br />

de crescente incomodo com a conversa.<br />

— É o curso de escrita. —<br />

— Olha, eu vou te ver amanhã. —<br />

— Chefe, hein? —<br />

— Sim, Eddie. —<br />

— É hora de você se estabelecer. —<br />

— Homens como eu não sossegam. Você sabe disso. —<br />

— Você nunca pensou sobre isso? —<br />

Só recentemente, Smith disse para si mesmo.<br />

— Você sabe, — Eddie disse em alta velocidade, — A Black Watch pode<br />

continuar sem você. Tiny, ele está tão em cima dos meninos como um martelo na<br />

cabeça de um prego. —<br />

— Agora você está indo em metáforas? —<br />

— Essa era uma parábola, Chefe. —<br />

Depois que desligou, Smith começou a andar a volta da sala, sabendo que de<br />

alguma forma, no meio de toda a disciplina e seu auto-controle, havia perdido seu<br />

caminho.<br />

Durante anos, teve uma e apenas uma meta. Queria fazer um monte de dinheiro<br />

fazendo o que veio naturalmente para ele sem ser morto. Era um tipo direto e<br />

simples de vida, supondo que você sabia como lidar com uma arma, que ele fazia.<br />

Mas, depois de anos de admirável sucesso, estava confuso e conflitante. A Black<br />

Watch e tudo o que estava a sentir era arbitrário.<br />

Manter Grace em seus braços, não.<br />

Tentou se lembrar de quando ele tinha feito um inventário do que ele queria ou<br />

precisava enquanto homem e pensou em algo que ela tinha jogado a ele quando<br />

estavam discutindo uma vez. Ela disse que ele era um fantasma.<br />

Que não iria sentir falta dele porque ele nunca tinha estado em sua vida.<br />

Estava certa, pensou, em um nível prático e talvez de alguma maneira mais<br />

profunda, mais preocupante. O que tinha realmente dado a ela, exceto o prazer? E<br />

249


GGrruuppooRRRR<br />

algumas dores de coração? Ela nem sequer sabia o seu verdadeiro nome, por amor<br />

de Deus.<br />

Se fosse para pensar sobre isso, não tinha usado o seu nome verdadeiro nos<br />

últimos anos.<br />

Um fantasma.<br />

Deu-se conta de que talvez tenha desaparecido há algum tempo e só agora<br />

estava se apercebendo.<br />

Talvez esteja apenas está se escondendo atrás da condução para ter sucesso na<br />

sua violenta e perigosa linha peculiar de trabalho. Afinal, o que poderia ser mais<br />

perturbador, se você não quer pensar sobre si mesmo, do que proteger outras vidas<br />

humanas?<br />

Perguntou-se quando a dissolução havia começado. No passado, no caminho<br />

quando escapou da brutalidade de seu pai?<br />

Durante a sua curta carreira com os Rangers? Ou será que foi durante esses anos<br />

na forma correta da mudança depois que deixou o exército, quando tinha invocado<br />

identidades e subterfúgios para que seus inimigos não o pudessem encontrar?<br />

Mais provavelmente, foi um acumular de todas as sombras com que se tinha<br />

mascarado.<br />

Que merda de ironia, pensou. O ponto culminante do trabalho de sua vida era<br />

fazer-se desaparecer.<br />

Ele voltou a pensar no que Eddie tinha dito sobre se estabelecer, começar de<br />

novo. A ideia teria lhe parecido ridícula vinda de mais ninguém, exceto talvez de<br />

Tiny. Mas se se desconectar da Black Watch, e então? O que faria com suas horas,<br />

seus dias? Será que ele e Grace jamais seriam capazes de ter uma vida juntos?<br />

Enquanto contemplava a extensão do tempo à frente dele, sentiu as escolhas que<br />

tinha como um peso morto no peito.<br />

Bonita maldita semelhança, pensou.<br />

Enquanto estava xingando Eddie e sua franqueza, Grace apareceu em sua porta.<br />

Ela estava vestindo uma dessas camisolas de noite que pendia de seus ombros<br />

delicados como uma nuvem de neblina, do tipo que ele quase podia enxergar, mas<br />

não era bem assim. Seus olhos traçaram o contorno dos quadris e cintura e viajaram<br />

até os seios.<br />

— O que é isso? — ele perguntou asperamente.<br />

— Estamos prontos para amanhã? —<br />

— Sim. —<br />

250


GGrruuppooRRRR<br />

O silêncio se estendeu entre eles e Smith podia sentir a mudança do ar quando os<br />

seus olhos se encontraram. O tempo começou a derreter. Lentamente. Parou<br />

completamente.<br />

Foi até ela, pensando que não havia nada que não iria fazer para a proteger.<br />

Mesmo que isso significasse ter que a deixar.<br />

Estendeu a mão para tocá-la, os dedos roçando a clavícula e continuando para<br />

baixo ao longo da seda e rendas. Ele deu uma parada no ponto mais baixo do<br />

corpete da camisa de noite, a direita sobre o coração dela. Ele o sentiu batendo.<br />

Envolvendo os braços em torno dela, puxou o seu corpo contra o dele e colocou<br />

seus lábios para baixo nela. Ela soltou um longo suspiro, que engoliu, melhor do que<br />

o ar em seus pulmões.<br />

Levantou-a do chão e levou-a para a sua cama. Pausou antes de se deitar com<br />

ela, e bebia a vista de sua cabeça atirada para um lado, com as costas arqueadas, os<br />

cabelos derramando sobre o tecido fino da fronha. Era como se quisesse vê-la,<br />

desde muitos dias e semanas atrás, quando lhe mostrou pela primeira vez a sua<br />

casa. Seria como iria se lembrar dela sempre.<br />

Uma senhora inesquecível.<br />

Arrancando a camisa, sentiu as mãos dela avidamente pela sua pele e<br />

estremeceu quando ela explorou seu peito e estômago. Sua necessidade de estar<br />

no lugar dela era tão grande, que sentia as suas próprias mãos a tremer. Ele<br />

deslizou a camisola do seu corpo e arrancou o resto de suas roupas. Deu prazer a ela<br />

uma e outra vez com a sua boca antes de entrar nela num impulso poderoso que os<br />

levou para outro mundo.<br />

Depois voltou para a realidade, ele rolou, levando-a consigo, assim Grace estava<br />

deitada sobre o seu corpo.<br />

— Eu nunca vou ficar livre de você — ele sussurrou contra a pele coberta de suor<br />

do pescoço.<br />

— Promete? — ela perguntou roucamente.<br />

Ele assentiu, sentindo-se amaldiçoado.<br />

Porque ele sabia que tinha que sair.<br />

Rolando mais uma vez, colocou-a ao seu lado.<br />

Quando ela adormeceu, achava que não era seu o direito de torturá-los tanto,<br />

por retardar o inevitável. Quanto mais cedo a transição fosse feita, melhor, e pediria<br />

a Tiny para vir imediatamente.<br />

251


GGrruuppooRRRR<br />

E quanto à duração de um longo futuro, depois que o perigo para ela se fosse,<br />

não achava que era justo que com ele o trouxesse de volta em sua vida. Ela merecia<br />

uma vida normal, com as experiências e atribulações normais.<br />

E não precisava de ser exposta ao tipo de bagagem que arrastava em redor com<br />

ele. A última coisa com que deveria ter de lidar era com um louco aparecendo com<br />

uma arma em seu quarto, pronto para disparar na cabeça do seu amante.<br />

Quando tinha certeza de que ela estava dormindo, escorregou para fora da cama,<br />

pegou no telefone, e entrou na sala. Não ia esperar pela chamada de Tiny.<br />

Seu velho amigo era o melhor homem que tinha na Black Watch, quase tão bom<br />

como o próprio Smith.<br />

Na verdade melhor, neste caso, porque o cara viria para a situação com a cabeça<br />

limpa, bem como um corpo forte.<br />

Se ele podia confiar Grace com alguém, seria com Tiny.<br />

Assim que a voz de homem apareceu, Smith disse: — O que você está fazendo<br />

agora? —<br />

Tiny riu. — Eu estou até as minhas bolas em aranhas, para dizer a verdade. Deus,<br />

eu odeio esses detalhes tropicais. Há sempre algo rastejando na sua roupa, só que<br />

raramente é persuasão feminina. —<br />

— Eu preciso de você para assumir um projeto. —<br />

— Quando? —<br />

— Agora — Smith disse rispidamente.<br />

— Desculpe, o quê? —<br />

— Agora. —<br />

Tiny soltou um pequeno silvo. — Jesus, você está resgatando da condessa. O que<br />

inferno essa mulher fez com você? —<br />

Smith deixou cair no esquecimento. — Quando você pode estar aqui? —<br />

— Ah, eu vou ver o que posso fazer. Isso significa que você estará livre para cobrir<br />

o senador Pryne em sua viagem ao Médio Oriente? Flat Top ia fazer isso, mas ele<br />

ficaria melhor aqui. —<br />

— Se você puder chegar a Nova Iorque, eu vou. —<br />

— Bom negócio. Eu te ligo amanhã com o meu ETA. 64 —<br />

64 ETA sigla de estimated time of arrival - horário previsto de chegada.<br />

252


Smith grampeou o telefone fechado.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Olhou para a frente sem ver nada. Isso um pouco antes de perceber que estava<br />

olhando para o piano.<br />

Andou até ele. Sempre que topava com um, fazia questão de tocar, se pudesse. E<br />

tocar tinham sido poucas vezes e distantes entre si, enquanto ele estava no<br />

exército, mas enquando estava fora, havia tocado nos salões de hotel, em casas<br />

particulares, ocasionalmente num bar.<br />

Levantou as mãos e olhou para elas. Elas foram treinadas para fazer muitas<br />

coisas, algumas das quais foram edificantes.<br />

E tocar tinha vindo naturalmente, no entanto.<br />

* * *<br />

Grace ficou acordada no momento em que ouviu a música. Era macia e baixa,<br />

potente e silenciosa.<br />

Ela pegou a camisola do chão, colocou-a sobre a sua cabeça, e saiu para o<br />

corredor. Fez uma pausa antes de entrar na sala, encantada com os sons, mas com<br />

medo, se John sabia que estava ouvindo poderia parar de tocar. Encostada à<br />

parede, virando a cabeça para o som, fechou os seus olhos. Ele era bom. Melhor do<br />

que bom.<br />

Enquanto ele tocava, permitiu-se um pouco de fantasias tentadoras. De ele ficar<br />

em sua vida. Viver com ela. Lhe dando filhos.<br />

Quando a música morreu longe, entrou na sala. Estava sentado no banco, de<br />

cabeça baixa, os dedos longos ainda nas teclas. Ele estava vestindo apenas boxers e<br />

o contraste entre sua pele nua e piano brilhante era atraente.<br />

— Quanto tempo você está escutando? — perguntou sem olhar.<br />

— Algum tempo. —<br />

Ele virou a cabeça. Na penumbra, seus olhos brilhavam.<br />

— Eu não quis acordá-la. —<br />

Estou feliz que você o fez. Você toca muito bem. — Como ele se levantou e<br />

fechou a guarda, perguntou: — Você treinou em algum lugar? —<br />

— Acabo de o fazer apenas á medida que vou seguindo adiante. — A enfrentou,<br />

colocando as mãos nos quadris. Sua expressão era grave.<br />

253


GGrruuppooRRRR<br />

Quando ela tinha ido com ter ele antes, ostensivamente para dizer boa noite,<br />

tinha ficado surpreendida e aliviada quando a beijou, porque ele tinha sido tão<br />

distante durante o dia. Enquanto tinha feito amor com ela, tinha sido tentador<br />

acreditar que tudo tinha sido perdoado, mas depois ainda tinha as suas dúvidas.<br />

A comoção com que ele a abraçou enquanto adormecia tinha sido curiosamente<br />

preocupante. Tinha sido quase como se estivesse dizendo adeus.<br />

— Nós temos que conversar — disse ele.<br />

O estômago de Grace enrolou. — Sobre o quê? —<br />

— Eu liguei para um dos meus caras esta noite. Quero colocá-lo sobre este<br />

trabalho. —<br />

Grace respirou fundo, relaxando um pouco. — Não importa quantos membros da<br />

Black Watch você põe á sua volta. Especialmente se isso significa que eu posso ir<br />

em frente com a Gala. —<br />

— Isso não é o que eu tenho em mente. —<br />

Instintivamente, colocou os braços ao redor de si mesma. — Então o que você<br />

está dizendo? —<br />

— Eu estou saindo. —<br />

Grace ouviu as palavras, mas de imediato, as rejeitou. — O que você quer dizer?<br />

Você não pode sair. Eu... nós...eles ainda não encontraram quem matou... —<br />

— Tiny é um bom homem. Eu confio nele a minha vida. E a sua. —<br />

— Eu não quero Tiny. Eu quero você. —<br />

— Eu aceitei uma outra atribuição. —<br />

Sua boca se abriu e então ela riu amargamente. — Desistindo de mim? —<br />

— Trocando de trabalhos. —<br />

— É a mesma linha de trabalho, no entanto. Certo? —<br />

— Diferente — ele fez uma pausa — cliente. —<br />

E disse a ela somente depois que estava feito, pensou. Só depois que tinha<br />

tomado conta de tudo e não havia maneira de argumentar.<br />

Ela virou-se dele enquanto as lágrimas brotaram de seus olhos. Se recusou a<br />

deixá-las cair, piscando furiosamente.<br />

— Grace — disse asperamente. Eu tenho que ir. —<br />

Rodou de volta para ele. — Não, não tem. —<br />

254


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu não posso confiar em mim com você por mais tempo. Eu não sou o homem<br />

certo para este trabalho. —<br />

—<br />

— Você não acha que eu deveria decidir isso? Eu sou aquela que está te pagando.<br />

— Você não está qualificada para julgar minhas habilidades. —<br />

Ela lançou-lhe um clarão. — Obrigada pelo voto de confiança. —<br />

— Você não é mais objetiva do que eu sou neste momento. —<br />

Impaciente, ela empurrou o cabelo sobre o ombro. — E quando você decidiu<br />

tudo isso? —<br />

— Esta noite. —<br />

— Você, você faz amor comigo e depois me diz que você está saindo? —<br />

exclamou. — O quê? Preocupado que você não teria a chance de chegar em sexo<br />

antes de sua próxima missão? —<br />

Ele franziu a testa, as sobrancelhas desenhando apertadas sobre os olhos. —<br />

Você sabe, isso nunca foi assim entre nós. —<br />

— Oh, sério? Então, talvez você gostaria de me dizer o que acontece depois de<br />

você sair? Será que eu vou te ver de novo? —<br />

Seu silêncio foi a resposta.<br />

— Oh, Deus — disse.<br />

— Eu não quero que seja assim. —<br />

— Então, faça diferente — retrucou.<br />

Quando a olhou num silêncio pétreo, ela balançou a cabeça. — Eu não posso<br />

acreditar que você esteja preparado para simplesmente ir embora. —<br />

Sua resposta foi tranquila. — Sinto muito, Grace. Eu realmente estou. —<br />

Ela empurrou o queixo para cima e roçou por ele, indo para sua mesa e pegou no<br />

livro de cheques.<br />

— Eu acho que você deveria sair agora. — E começou a rabiscar apressadamente<br />

com uma caneta de ouro. Ela arrancou o cheque livre e o estendeu para ele. — Vá.<br />

Aceite. Vamos apenas acabar com isso agora. —<br />

— Não até que Tiny esteja aqui. —<br />

— Você disse que queria sair, então arrume suas coisas e dê o fora. Não tenho<br />

nenhum interesse em ser passada para um de seus meninos. —<br />

255


GGrruuppooRRRR<br />

A tensão estalava no ar, como o cheque pendurado entre eles. Lentamente, ele<br />

se adiantou e o tirou da mão dela somente para colocá-lo sobre a mesa.<br />

— Eu não vou a lugar nenhum até que Tiny apareça. —<br />

— Eu não acho que você entenda — , disse ela, apontando para a porta da frente.<br />

— Você e a Black Watch estão despedidos. Saia! —<br />

Sua voz era plana, quando falou, desmentindo na suavidade a sua vontade<br />

incrível. — Eu não vou embora até que eu saiba que você está segura. —<br />

Raiva, nascida da dor e frustração, a fez piscar as lágrimas para longe. — Isto é<br />

extremamente cruel de você. Para dizer que você está indo e, em seguida, forçarme<br />

a... —<br />

— Você não tem idéia de como que foi, quando você desapareceu. —<br />

Ela jogou os braços para cima.<br />

— Me desculpe. Eu disse que estava arrependida. — Enrolou as suas mãos em<br />

punhos. — E eu voltei. —<br />

Ele cortou. — Eu vi a morte de perto antes, Grace. Imaginar a sua foi o mais perto<br />

que eu cheguei de chorar em 30 anos. —<br />

Ela fechou a boca, atordoada.<br />

— Eu não sei o que eu faria — , disse ele com ênfase gritante — se alguma coisa<br />

acontecesse com você. A profundidade de meu medo me diz que eu tenho que<br />

deixá-la com outra pessoa para protecção. E que eu não posso vê-la novamente. —<br />

Impulsivamente, ela pegou as suas mãos. — Não, você está errado. Se você se<br />

importa assim tanto por mim, você não deve ir. —<br />

— Grace, não se iluda. Essas três mulheres que foram mortas não tiveram o<br />

cuidado suficiente. Você tem necessidade de ser implacável com a sua segurança,<br />

tão cruel quanto aquele homem que está cortando suas amigas. Você não quer que<br />

eu a esteja protejendo e você não me quer pendurado á volta em torno de sua vida.<br />

Confie em mim nisto. —<br />

— Então vamos deixar que Tiny ou quem quer que seja venha. Isso não significa<br />

que você tem que sair. Nós podemos descobrir o futuro, juntos. —<br />

Ele balançou a cabeça. — A ruptura é o único caminho. —<br />

Baixou as mãos e virou-se, sentindo que não haveria negociação com ele. Ele<br />

estava saindo e não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Numa corrida, uma<br />

sensação de dormência passou por cima dela, tirando um pouco da dor.<br />

— Eu não quero Tiny — disse. — Eu não quero ele. —<br />

256


GGrruuppooRRRR<br />

Porque ele só me faz lembrar de você, pensou.<br />

— Grace, não deixe sua raiva de mim prejudicar a sua decisão sobre deixar<br />

alguém cuidar de você. Você sabe que não é seguro para você ficar sozinha agora.<br />

—<br />

Pensou em suas três amigas.<br />

Por mais que estava com raiva de John, não ia ser idiota sobre a sua própria vida.<br />

Nenhum homem, mesmo ele, valia a pena ser morta.<br />

Embora, Cristo, com a dor no peito, no momento, sentiu-se meio morta já.<br />

Grace deu de ombros. — Quando Tiny vai estar aqui? —<br />

— Vinte e quatro horas, se tudo correr bem. —<br />

— E a Gala? Você percebe que é neste fim de semana. Eu ainda tenho toda a<br />

intenção de ir. —<br />

— Se ele puder juntar alguns homens para o cobrir, e permitir que Marks e seu<br />

esquadrão estejam no edificio naquele dia todo e através do evento, os riscos<br />

podem ser mitigados. O assassino parece gostar de as apanhar em casa. Mas é a<br />

escolha de Tiny. Mas por mim, eu não iria aproveitar a oportunidade. —<br />

O inferno que era a escolha de Tiny, ela pensou.<br />

E estava disposta a admitir que John estava certo. Ainda precisava de um guardacostas.<br />

Mas não um da Black Watch. E tinha 24 horas para encontrar uma outra<br />

empresa.<br />

E um dia até que nunca mais veria John novamente.<br />

Ela ergueu o queixo.<br />

— Quero deixar algo bem claro — disse. — Eu acho que você está cometendo<br />

um erro terrível, saindo fora, e eu tenho que saber se você realmente sente tão<br />

profundamente sobre mim como você diz. Parece-me que se estivesse realmente<br />

tão preocupado com meu bem-estar, seria possível mover céus e terra para estar ao<br />

meu lado. —<br />

— Grace, eu... —<br />

— Pare de me dar sermões. E enquanto você está nisso, pare de ser tão<br />

convencido de que temos todas as respostas e ouça. Eu acho que você me ama,<br />

John, e para um homem que viveu a sua vida sozinho, isso é provavelmente<br />

assustador como o inferno para você. Não posso deixar de desejar que você<br />

gostaria de encontrar a força para ficar, mas eu não sou feita para a mendicidade.<br />

Se você me deixar agora, saiba disso. Eu não vou esperar por você. Eu vou seguir<br />

257


GGrruuppooRRRR<br />

com a minha vida. E eu poderei nunca mais ser capaz de abrir o meu coração para<br />

você. —<br />

E balançou a cabeça tristemente quando se afastou dele.<br />

Capítulo 22<br />

Quando Grace rolou si mesma ás cinco horas da manhã seguinte, ela pegou uma<br />

lufada de café fresco e soube que John estava levantado.<br />

O encarar, era algo para o qual se precisava de preparar, então tomou uma ducha<br />

fria rápida e colocou um dos fatos de poder dela. Ele era negro e ajustado, com<br />

lapelas que foram aparadas com uma fina tubulação vermelha, e ela se sentiu mais<br />

forte por o usar. Com um par de saltos altos e um toque de vermelho vibrante nos<br />

lábios, se sentiu como se estivesse se blindado para passar o dia.<br />

Quando chegou ao fundo do corredor, John estava em seu telefone celular,<br />

andando para lá e para cá entre a sala de estar e sala de jantar. A expressão em seu<br />

rosto estava triste quando olhou para ela.<br />

— Não, deixe-me fazer isso — disse baixinho e depois desligou.<br />

Ela lhe lançou um olhar frio.<br />

— Isadora Cunis foi atacada na noite passada. —<br />

A garganta de Grace fechou.<br />

Sentindo sua pose defensiva desmoronar, começou a tremer. — Eu pensei que<br />

ela e o marido tinham ido fora do estado.O que aconteceu? —<br />

— Ela voltou para se preparar para o seu evento. Ela foi encontrada na entrada<br />

de seu edifício. Ela, evidentemente, foi atacada em sua casa e de alguma forma<br />

conseguiu se arrastar para dentro do elevador. Considerando na extensão das suas<br />

feridas, a manobra foi um milagre. Ela está em coma no Lenox Hill. —<br />

Grace estendeu a mão para firmar-se e sentiu o plano fresco da parede em sua<br />

palma. — Como ele chegou até ela? —<br />

John deu de ombros. — Só há uma explicação. Ela o conhecia, e o deixou entrar.<br />

—<br />

258


GGrruuppooRRRR<br />

Grace se atrapalhou com os botões de sua jaqueta e tirou-a, jogando-a sobre o<br />

braço do sofá. Contra o tecido cremoso, pensou que o toque do preto parecia<br />

violento.<br />

— Bom Deus — sussurrou, sentando-se. Cruzou as pernas na altura dos<br />

tornozelos e cruzou as mãos no colo.<br />

Como se organizar o seu corpo colocaria alguma ordem em sua mente.<br />

— Eu... eu acho que não estou indo para o Connecticut. — disse.<br />

— Eu vou chamar Eddie. —<br />

Ela ouviu o sinal sonoro eletrônico do telefone quando ele marcou e, em seguida<br />

o retumbar da sua voz.<br />

Imaginou Isadora deitada em uma cama de hospital e ficou triste pelo sofrimento<br />

da mulher.<br />

— Grace? —<br />

Ao som de seu nome, olhou para cima e viu que ele estava ajoelhado na frente<br />

dela.<br />

— Grace? — Você quer que eu diga a Kat que você não vai hoje? —<br />

Ela começou a acenar, mas, em seguida, olhou em volta no apartamento. O fato<br />

de que as mulheres estavam sendo atacadas em suas casas fazia com que o local se<br />

parecesse de alguma forma contaminado.<br />

— Não. Eu acho que prefiro ir para o trabalho. —<br />

Grace começou a ficar em pé e John estendeu a mão para ajudá-la.<br />

Ela se forçou a não o segurar.<br />

— Eu preciso de algum tempo para mim — , disse, indo para seu quarto. — Se<br />

você me desculpa? — Não esperou por uma resposta.<br />

* * *<br />

No final da manhã, quando caminhava até a mesa de Kat, Grace deu um sorriso<br />

constante que a moça, aparentemente, não caiu nele.<br />

— Você está bem? — Kat perguntou.<br />

— Muito bem, muito bem. —<br />

— Como foi o Connecticut? —<br />

259


GGrruuppooRRRR<br />

— Eu tive que reprogramar — . Antes de Kat pudesse fazer mais perguntas, disse,<br />

— Você vai me fazer um favor e cancelar os meus encontros regulares, hoje?Eu<br />

tenho que trabalhar sobre os preparativos da Gala e preciso de algum tempo sem<br />

interrupções. —<br />

— Sem problema. —<br />

Com a sua programação desmarcada, Grace passou o resto da manhã em<br />

confusão. Tentou fazer algum trabalho, mas nada que leu e se afundou e nada que<br />

escreveu fazia algum sentido. Em um esforço de última trincheira para realizar algo,<br />

tentou terminar o mapa de assentos para a Gala.<br />

Depois que ficou olhando para ele por 20 minutos, empurrou-o e olhou para o<br />

busto de seu pai. Bateu no interfone.<br />

— Kat? Quer fazer o favor de chamar a manutenção? Eu gostaria de mover uma<br />

coisa para o museu. Ah, e diga-lhes que quero mudar algumas das pinturas aqui. As<br />

que estão sobre estas paredes aqui há muito tempo. —<br />

Ela largou o botão e olhou para John, que estava falando em seu telefone. Ele<br />

esteve fazendo isso toda a manhã, coleta de informações, imaginava, sobre o que<br />

tinha acontecido com Isadora. Queria perguntar por mais detalhes, mas não tinha<br />

certeza se que a faria se sentir melhor. A má notícia vinda dele parecia ter gosto de<br />

duplo golpe. Grace olhou para o busto e, em seguida, no prato dos doces e no<br />

suporte de cachimbos. Estava pensando se iria se livrar deles, também, quando a<br />

imagem de Callie veio à mente.<br />

Quando John desligou o telefone, perguntou: — O que você sabe sobre Callie? —<br />

Ele terminou de escrever uma espécie de nota e, em seguida, olhou para cima.<br />

— Ela mora no prédio em que a deixamos em frente. Ela tem 27, nunca foi<br />

casada, vive sozinha, nada no banco. Trabalha numa galeria, se saiu muito bem na<br />

escola. Formada summa cum laude 65 da Universidade de Nova York com uma<br />

graduação, e, em seguida, destacada em seu programa de mestrado em<br />

conservação de arte. Sua mãe morreu. —<br />

Grace levantou as sobrancelhas. — Quando? —<br />

— Dois anos atrás. De MS. 66 —<br />

Estava prestes a perguntar se Callie tinha alguns irmãos quando Kat zumbiu para<br />

dentro. — Lamont está aqui para a ver. —<br />

65 Latim com a maior honra, com o maior mérito, com a maior distinção.<br />

66 (MS (multiple sclerosis) esclerose múltipla.)<br />

260


GGrruuppooRRRR<br />

Grace franziu os lábios em aborrecimento, tentada de mandá-lo embora. Com a<br />

Gala apenas a vinte e quatro horas de distancia, no entanto, achou que não devia<br />

arriscar. Ele poderia realmente ter algo construtivo para dizer. — Ele pode entrar,<br />

mas não vai ser por muito tempo. —<br />

Lamont abriu as portas duplas.<br />

— Porque, olá Lou — , disse secamente.<br />

Enquanto marchou até a mesa, ela olhou para o terno e a gravata<br />

acentuadamente animada. E notou vagamente que o lenço dobrado no bolso do<br />

paletó era do mesmo tipo que seu pai tinha usado.<br />

— Sua peça para o leilão chegou — disse com um sorriso sem graça. — Eles<br />

simplesmente desembrulharam ele. Essa coisa é tão escura, só Deus sabe o que<br />

realmente é. —<br />

Ela lutou contra a responder num tom de corte em sua voz. — Eu acredito que a<br />

documentação da pintura fala por si mesma, Lou. Ou talvez você gostaria de<br />

discutir com os acadêmicos de Copley que já autenticaram isso? —<br />

Ele soltou um ruído de descrédito.<br />

— É melhor estar preparado para o pato amanhã à noite e para cobrir, porque<br />

você está indo parecer como uma tola.<br />

Essa coisa toda foi um desastre do começo ao fim. Os convites estavam errados,<br />

e levou semanas para definir o menu, e eu nem vi uma retrospectiva sobre o seu pai<br />

ainda.O retrato é um pesadelo, e só Deus sabe como você está indo para a fase da<br />

festa do átrio no térreo.Eu lhe digo, Bainbridge está muito desconfortável. —<br />

— Fique longe do meu conselho — disse ela bruscamente.<br />

— Eu só estou tentando lhe salvar de si mesma. —<br />

Grace se mordeu no lábio para não responder para trás. Estava doente e cansada<br />

dele movendo-se com problemas, da reunião de sua censura, apenas com desapego<br />

calmo. Frustração endureceu sua voz.<br />

— Obrigada, mas eu não preciso de ser resgatada por você. —<br />

Um clarão de maldade aprofundou a cor em seu rosto. — Oh, me desculpe. Eu<br />

esqueci. Você tem um incrível senso de equilíbrio na corda bamba desta cidade.<br />

Vou ter que lembrar que quando nossos doadores querem saber por que o mais<br />

importante e único evento do ano acabou por ser nada mais do que um mau jantar<br />

e uma exposição constrangedora de uma pintura que ninguém queria comprar. —<br />

Ela massageou um nó de tensão na base do seu crânio. — Lou, eu não posso<br />

continuar lutando assim. —<br />

261


GGrruuppooRRRR<br />

— Nós não teriamos, se você tivesse acabado de fazer o que eu digo. Mas não. —<br />

Ele jogou as mãos teatralmente.<br />

— Você ainda está com tanta inveja do meu relacionamento com seu pai que<br />

você não pode me mostrar respeito. —<br />

— Como? — Grace estava sinceramente surpreendida. Não gostava de Lou<br />

como pessoa, mas não tinha nada a ver com o quão próximo ele estava com o pai.<br />

— Você sempre odiou o jeito que ele gostava de mim, sendo meu mentor. —<br />

Ela balançou a cabeça. — Meu pai gostava de ver você crescer, mas eu não me<br />

sentia ameaçada por isso. Você foi um passatempo dele, Lou, nunca um substituto<br />

de seu filho. Não deixe o seu ego reescrever a realidade. —<br />

Lamont plantou os seus braços sobre a mesa de seu pai, e inclinou-se para ela,<br />

cheio de raiva. — Sua pequena... —<br />

Uma mão prendeu em seu ombro.<br />

— Você quer relaxar, grande garoto? — Smith estava sorrindo tristemente<br />

enquanto pairava sobre o outro homem.<br />

— Tire suas mãos de mim! —<br />

— Assim que você se acalmar. —<br />

Lamont encarou Smith e depois afastou-se bruscamente.<br />

— Você é um consultor de OD realmente grande, você sabe disso? Eu venho para<br />

lhe dar um fique-de-olho-sobre o seu conselho que está insatisfeito com o seu<br />

desempenho e você rasteja sobre mim. — Lamont agarrou o seu terno de volta ao<br />

lugar e alisou a gravata. — Não me diga que você foi à escola para isso? —<br />

Grace começou a sacudir a cabeça. — Lou, talvez você deva ir. —<br />

— Você está certa sobre isso. Eu tenho uma reunião com a minha equipe em dez<br />

minutos para dizer-lhes que todos precisam ir à Gala deste ano, mesmo os malditos<br />

secretários.Só para você saber, é para preencher os lugares vazios nas mesas. —<br />

— Não, eu quero dizer, realmente sair. Da Fundação. —<br />

Suas sobrancelhas se ergueram numa linha fina. — Você está me demitindo? —<br />

Grace se levantou da cadeira pesada. Tinha medo de deixar Lamont ir, mesmo<br />

sendo um problema, porque estava preocupada que ele poderia estar certo. Havia<br />

uma parte dela que se questionava se sabia o que estava fazendo e esperava que<br />

Lou acabaria por vir em volta e ser uma ajuda.<br />

Olhando para o seu rosto, soube que era hora de desistir.<br />

262


GGrruuppooRRRR<br />

— Sim, Lou, estou despedindo você. Eu não quero, mas é óbvio que não<br />

podemos trabalhar juntos. —<br />

— Você vai se arrepender se você me deixar ir — disse ele com uma ameaça<br />

macia. — Eu não tenho sido mais nada, que fiel a este lugar e a seu pai. —<br />

— Eu sei que você se aproximou de várias pessoas para emprego. —<br />

— Eu não tenho. —<br />

— Sim, você tem. Porque Suzanna van der Lyden e Mimi Lauer disseram isso,<br />

depois que o recusaram. —<br />

Lamont apertou a boca enquanto lutava com a própria mentira.<br />

— Lou, estamos num impasse. Você não está feliz trabalhando abaixo de mim e<br />

eu não vou renunciar. Sugiro que você nos deixe comprar o seu contrato. Contanto<br />

que você deixe civilmente, vamos ter certeza de obter uma conferencia de<br />

imprensa e eu vou lhe dar uma referência satisfatória. —<br />

Seus olhos se estreitaram, mas não poderia dizer se ele estava somando os zeros<br />

no seu pacote de separação ou a medir a distância entre a mesa para que pudesse<br />

bater nela.<br />

Ele apontou um dedo no ar. — Eu prometo que essa vai voltar para a assombrar.<br />

—<br />

Assim que ele saiu, ela zumbiu a Kat. — Consiga segurança para escoltar Lou para<br />

fora do edifício. Certifique-se de que obtenha o seu crachá e suas chaves, ok? —<br />

A última coisa que precisava era de ter Lamont a roubar as listas de doadores,<br />

assumindo que ele já não o tivesse feito.<br />

Enquanto se sentava em sua cadeira, estava tentando descobrir quem ela<br />

poderia chamar para chefe do Departamento de Desenvolvimento. Teria que<br />

começar a procurar agora, porque o preenchimento de um lugar como esse poderia<br />

levar meses.<br />

* * *<br />

Sentado à mesa de conferências, Smith estava impaciente batendo uma caneta<br />

contra o bloco de papel que estava usando.<br />

Cristo, por que diabos não tinha ligado Tiny de volta para ele, ainda?<br />

Pegou o telefone e tentou novamente. Quando realmente ouviu a voz do<br />

homem, disse — Onde diabos você esteve? —<br />

263


GGrruuppooRRRR<br />

A ligação telefônica estava movimentada dentro e fora e Tiny parecia que estava<br />

debaixo d'água. — Eu estou tentando um inferno para conseguir sair fora da<br />

América do Sul. Flat Top tomou finalmente conta para mim aqui em baixo e eu<br />

tentei chamá-lo três vezes nesta manhã. Eu não conseguia ligar. —<br />

— Quando você vai estar aqui? —<br />

— Estou tentando pegar um avião agora. —<br />

— Não perca tempo. —<br />

— Eu perco alguma vez? —<br />

Smith desligou o telefone e discou para a linha privada do tenente Marks. Assim<br />

que o cara pegou o telefone, disse: — O que você tem? —<br />

— Ela ainda está fria lá fora. Eles acham que ela vai sair dessa, porém, que<br />

significa que pode ser capaz de se obter uma identificação positiva. A cena do crime<br />

está sendo passada a pente fino, mas eu não estou aguentando de ter nada<br />

malditamente muito esclarecedor. Cristo, eu gostaria que soubesse mais sobre esse<br />

cara. —<br />

— As mulheres no artigo foram atacados por volta da época dos eventos sociais<br />

a que presidiam, e você sabe as grandes festas são exercícios de exclusão. Quem<br />

entra e quem não, é um grande negócio. Deveríamos estar procurando por alguém<br />

que está ficando excluído, alguém a que foi negada a entrada no círculo ou alguém<br />

que estava dentro e agora está sendo afastado. —<br />

Ele olhou para Grace. Tinha pegado o telefone e estava falando, uma expressão<br />

séria em seu rosto. Se perguntou com quem ela estava falando.<br />

— Isso soa racional. — disse Marks — mas ao nível do estamos falando, as<br />

manobras sociais são tão agressivas, que um boxeador pensaria duas vezes antes<br />

de ir para um desses eventos. — Quem não é ascendente ou descendente em<br />

qualquer momento? —<br />

— Essas seis mulheres no referido artigo, que é quem. Elas estão no topo. Elas<br />

são os árbitros do gosto, nesta cidade, o que significa que elas tomam as decisões<br />

quando e a quem é cortado a partir da lista A. Eu lhe digo, este é alguém que foi<br />

pisado, de fato ou por meio da sua percepção do modo como estão tratando ele. E<br />

cada uma dessas mulheres o conhece pessoalmente. É assim que ele chega perto.<br />

—<br />

— Mas nós não temos pontas soltas. Você já viu as listas desses edifícios.<br />

Nenhuma irregularidade e todo mundo está com assinatura de saída até agora.<br />

Todos eles tinham um motivo para estar nesses lugares, nesses dias, e ainda mais<br />

para o momento, todas eles tinham saído antes da hora da morte. Dentro e fora. —<br />

264


GGrruuppooRRRR<br />

Smith pensou sobre a entrada dos fundos do edifício de Grace. — Talvez ele<br />

volte a entrar. —<br />

— O que você quer dizer? —<br />

— E se esse cara assina, e enquanto ele está dentro deixa aberta a porta de<br />

serviço ou uma janela. Quando ele sai, ele assina a saída, garantindo que o porteiro<br />

repara nele, mas depois vem de novo pelo caminho dos fundos. Esses prédios<br />

antigos são labirintos. Ele poderia esperar por horas, se sabia onde se esconder. Isso<br />

explicaria porque não houve entrada forçada e porque não existem discrepâncias<br />

com as listas. —<br />

Marks ficou em silêncio por um momento. — Cristo, você pode estar certo. —<br />

Quando Smith desligou, viu Grace o olhando. Ela parecia como o inferno,<br />

pensava ele, os olhos em tonalidades de verde diferentes e sua boca tensa. Era<br />

como se a luz dentro dela tivesse sido sufocada.<br />

— Estou saindo para almoçar — disse calmamente.<br />

— Ótimo. Onde? —<br />

— Em Chelsea. Eu vou almoçar com a minha meia-irmã. —<br />

* * *<br />

Após o esforço de músculos através de um engarrafamento causado por uma<br />

ruptura de água principal, Eddie deixou-os sair fora na frente de uma galeria de arte<br />

moderna pretensiosa. Enquanto Grace estava estudando a fachada de vidro e aço,<br />

Callie veio para fora.Com seu cabelo puxado para trás, ela parecia menos com seu<br />

pai e Grace teve que admitir que estava aliviada.<br />

— Oi. Onde você quer ir? — Callie perguntou.<br />

Grace sugeriu um pequeno-lugar-fora-de-caminho onde elas pudessem ter<br />

alguma privacidade. Enquanto caminhavam, o vento caindo chutou um barulho ao<br />

seu redor, fazendo tremer brilhantemente as folhas coloridas nas árvores e as<br />

pequenas plantas na calçada.John ficou perto, apenas a dois passos atrás.<br />

O silêncio era estranho.<br />

— Fiquei surpresa que você ligou — Callie murmurou. Estou feliz que você o fez.<br />

— Eu também. — Grace não tinha certeza se queria dizer as palavras, mas não<br />

sabia mais o que dizer. A única coisa que tinham em comum era o seu pai e ele não<br />

era exatamente material de conversa fiada.<br />

265


GGrruuppooRRRR<br />

Quando elas estavam sentadas no café, John ficou numa mesa ao lado delas,<br />

para lhes dar algum espaço.<br />

Depois que pediram, houve mais silêncio constrangedor.<br />

Grace estava tentando não olhar para a mulher e fracassando, enquanto que as<br />

questões sem saída inundavam seu cérebro. As coisas que ela queria saber só<br />

poderiam ter vindo de seu pai e sua morte a fazia irada. Ainda assim, não importa o<br />

quanto estava frustrada, Grace sabia que não seria justo descontar em Callie.<br />

A mulher não pediu para nascer numa bagunça.<br />

Enquanto o garçom enchia seus copos de água, Grace se perguntou sobre o que<br />

estavam indo para falar, mas, surpreendentemente, a conversa começou a<br />

fluir.Tudo começou com algo banal, a decoração do restaurante. Callie comentou<br />

sobre o piso, que era uma decoupage 67 em massa de imagens de dançarinos.<br />

Grace apontou para baixo para uma chapeleta 1920 que ela sempre gostou e<br />

Callie pegou uma menina de cancan. Isto levou a uma discussão sobre as<br />

reproduções de litografias francesas nas paredes, e a mais recente visita de Grace a<br />

Paris. Vagarosamente no início, depois com facilidade crescente, trocaram<br />

histórias. Por uma espécie de acordo tácito, ficaram afastadas de suas infâncias e<br />

preferiram se concentrar mais nos últimos anos, mas o passado sempre esteve<br />

entre elas. Mais particularmente nas pausas da conversa.<br />

— Eu fui para a NYU para a escola de graduação e pós-graduação — , Callie<br />

estava dizendo enquanto os pratos eram levantados.<br />

— Eu queria estar com minha mãe enquanto ela ficou doente. —<br />

— Você cuidou dela por muito tempo? — Grace perguntou, tentando imaginar a<br />

pressão que Callie deve ter tido durante esse tempo.<br />

— Por alguns anos, mas o mais difícil foi nos últimos quatro meses. Ela recusou a<br />

ajuda do meu... nosso pai. —<br />

Os olhos de Callie brilharam, com a incerteza. Quando Grace assentiu com a<br />

cabeça, prosseguiu. — Ele queria a colocar em um hospital particular, mas ela<br />

estava irredutível, mais para o aborrecer do que qualquer outra coisa.Era muito<br />

mulher independente.A perda de controle que veio com a esclerose múltipla foi<br />

muito difícil para ela e para lidar com isso. Os últimos meses foram os mais longos<br />

da minha vida. E da dela. Foi um alívio muito triste para nós dois, quando ela<br />

morreu. —<br />

67 Enfeite com recortes de papel.<br />

266


GGrruuppooRRRR<br />

Grace observou como Callie pegou uma colher e começou a desenhar na toalha<br />

de linho à toa. Uma imagem de seu pai veio à mente e teve de forçar-se a não<br />

desviar o olhar.O acompanhamento do movimento suave, ouvindo o som suave, ela<br />

sentiu uma sensação terrível de perda. E uma estranha espécie de alívio.<br />

Embora o início da refeição tinha sido estranho, estava contente por ter ligado. A<br />

mulher era inteligente, honesta, e parecia haver muito pouco sobre a sugestão que<br />

era uma garimpeira de ouro.O que se deparara, no entanto, foi com a impressão de<br />

alguém que tinha vivido uma vida difícil.<br />

Houve lampejos aqui e ali do que Callie teve de enfrentar, não só com a doença<br />

da mãe, mas também com o isolamento de não ser reconhecida como filha.<br />

Como o café foi trazido para a mesa, Grace sentiu que Callie não queria falar mais<br />

sobre a mãe. — Então você gosta de conservação de arte? —<br />

— Estou apaixonada por ela e eu gostaria de trabalhar em campo em vez de<br />

atender o telefone de uma galeria.Eu tive alguma experiência num grande projeto<br />

na escola, mas o mundo real é difícil. Trabalhos de conservação são muito<br />

competitivos e, porque, a minha mãe estava doente, eu não queria olhar para fora<br />

da cidade. — Ela encolheu os ombros. — É provavelmente o tempo para que eu<br />

comece a usar o meu currículo lá fora. Agora que estou sozinha, eu posso ir em<br />

qualquer lugar do país.Ou no mundo, realmente. —<br />

— Onde você gostaria de ir? —<br />

Callie riu e tomou um gole de café. Eu não tenho ideia. Eu sempre quis ter<br />

opções, mas agora que eu as tenho, eu estou oprimida e acho que eu só quero ficar<br />

onde estou. —<br />

Grace pensou no departamento próprio de conservação da Fundação. Parte dela<br />

não queria Callie em qualquer lugar perto do Edifício Municipal. E se alguém pegava<br />

a semelhança de família? Ela olhou para o rosto da mulher. A semelhança com o pai<br />

dela era sutil. Provavelmente, só perceptível se alguém estivesse procurando por<br />

ela, e quem o faria? Ninguém sabia sobre a outra vida de Cornelius.<br />

Hesitou, mas decidiu que havia algo muito desinteressante sobre se recusar a<br />

ajudar alguém só porque estava com medo de uma consequência remota.<br />

— Callie — disse ela — talvez você gostasse de entrar e falar com Miles<br />

Forsythe. Ele é o nosso conservacionista no museu. Ele pode ser capaz de orientá-la<br />

para algumas posições. Ou ao menos, ele poderia dar-lhe os nomes de algumas<br />

pessoas para conversar. —<br />

Callie lentamente colocou seu copo de café na mesa. Seus olhos ficaram<br />

assustados, como se nunca teria esperado a ajuda de Grace. Ou qualquer outra<br />

pessoa.<br />

267


GGrruuppooRRRR<br />

Olhando como ela, era impossível acreditar que poderia estar atrás de dinheiro,<br />

pensou Grace.<br />

— Eu ficaria muito grata — , respondeu Callie.<br />

Depois que elas terminaram, elas caminhavam de volta para a galeria e<br />

despediram-se na calçada.<br />

— Eu vou falar com Miles e obter uma data para um encontro com ele. —<br />

Obrigada! Callie puxou sua bolsinha mais para cima em seu ombro. — E você não<br />

tem que pagar o almoço. —<br />

— Eu sei! —<br />

Quando a mulher virou a cabeça e olhou para um motorista de táxi que estava<br />

tocando sua buzina, a luz do sol caiu sobre o seu rosto e apanou as maçãs do rosto<br />

elevadas que Grace sempre tinha admirado em seu pai.<br />

Callie olhou para trás. — Eu não trouxe a sua roupa hoje, mas eu não sabia que<br />

você poderia chamar e... —<br />

— Certo. Não há pressa. —<br />

Callie sorriu. Ficando em sua roupa simples e numa jaqueta disforme, ela parecia<br />

vulnerável e ainda assim claramente não estava procurando por esmola.<br />

— Eu a verei quando eu me encontrar com o Sr. Forsythe? — perguntou. — Sim<br />

— disse Grace. — Você vai. —<br />

Capítulo 23<br />

No dia seguinte, Grace entrou no trabalho se sentindo sobrecarregada. A Gala<br />

estava a 24 horas de distância, e a grande noite pairava sobre ela como uma<br />

avalanche.<br />

Mas era a iminente partida de Smith que estava realmente em sua mente.<br />

— Bom dia — Kat disse enquanto entregava alguns papéis. — Miles Forsythe<br />

passou por aqui. Ele está livre para atender a essa mulher esta tarde. Ah, e Jack<br />

Walker ligou. Ele se perguntou se poderia ver o Copley hoje á noite e eu disse que<br />

ele poderia. Achei que você não se importaria. —<br />

— Ótimo. —<br />

268


— E Fredrique está de volta. —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Grace olhou com surpresa. — Ele está? —<br />

— Foi atrás da restauração novamente. Eles disseram que se não o tirar de suas<br />

costas, eles vão parar. —<br />

— É melhor eu cuidar disso. —<br />

Grace entrou em seu escritório e telefonou para a restauração. Após 30 minutos<br />

de penas suaves, eles estavam de volta ao trabalho.<br />

Ainda assim, amaldiçoou quando desligou, sentindo como se a tenacidade de<br />

Fredrique era mais um problema que podia ter passado sem.<br />

Do outro lado da sala, os olhos de John levantaram-se de algo que estava<br />

escrevendo.<br />

— Desculpe — ela murmurou.<br />

Ele deu de ombros e se levantou. Quando ele começou a se esticar, ela olhou<br />

para a sua mesa. Mesmo que sua mente começava a aceitar a perda dele, seu corpo<br />

não tinha esse pragmatismo. Queria ele, mesmo agora.<br />

Mesmo depois que ele partiu seu coração. Depois que estava saindo, e para<br />

nunca mais ser visto novamente. Ela imaginava que em alguma parte dela, sempre<br />

o iria querer.Sempre o amararia.<br />

— Eu tenho algo para você — ele disse rapidamente. Se aproximou e lhe<br />

entregou um envelope.<br />

Franzindo a testa, ela abriu e tirou um maço grosso de papel dobrado. Tirou os<br />

documentos fora e começou a folheá-los. Eram impressos de contas, a partir de um<br />

cassino em Las Vegas, um hotel em Monte Carlo, outro na Riviera Francesa.<br />

— Que história é esta? — Ela olhou para cima.<br />

— Tomei a liberdade de fazer uma pequena pesquisa sobre seu marido. Essas<br />

são despesas não pagas de hotéis e recibos de dívidas de jogo, ele foi bastante<br />

falador com a bebida e uma vez chutou para fora e ele está usando o nome de sua<br />

família e seu seguro de crédito. Além de ser péssimo nas mesas, evidentemente,<br />

tem um grande apetite e afinidade com o licor da gaveta superior. Não parece se<br />

importar muito com o pagamento, entretanto. —<br />

Ela olhou para os totais. — Isso é muito, mas não para um von Sharone. —<br />

— Bem, isso é a coisa. Aparentemente, a família não é tão rica como era antes.<br />

Você estava consciente que eles estão vendendo os seus vinhedos na França? —<br />

— Não — Ela franziu a testa novamente. — Mas por quê? Esses vinhedos estão<br />

com eles há gerações. —<br />

269


GGrruuppooRRRR<br />

— Eles colocaram vários outros imóveis no mercado, assim como algumas<br />

pinturas e esculturas. Tudo foi feito muito discretamente, claro, mas quando você<br />

adiciona tudo, eles estão descarregando um barco cheio de recursos. —<br />

— Bom Senhor. O que aconteceu com eles? —<br />

Ele deu de ombros. — Muitos descendentes com muito interesse na vida<br />

elevada. A linha de base é, a família está sem dinheiro e a existência internacional<br />

que o seu marido foi desfrutando vai ficar muito provincial, e de merda bem de<br />

rápido. —<br />

— É por isso que ele está tentando a chantagem no acordo de divórcio — ,<br />

murmurou. Era tudo muito mais claro.Tinha assumido que estava indo atrás dela,<br />

porque estava sendo vingativo. Em vez disso, era uma questão de sobrevivência.<br />

Deus sabia, ele era totalmente incapaz de fazer o tipo de dinheiro que precisava.<br />

John apontou para as contas. — Enviado para o jornalista certo, estas<br />

desencadeará uma investigação sobre as finanças von Sharone e eles fariam<br />

qualquer coisa para evitar isso. —<br />

— Porque as aparências são tudo, — ela disse suavemente. Grace olhou para ele,<br />

sabendo que ele tinha apenas acabado de lhe entregar o bilhete para o seu divórcio.<br />

— Obrigada! —<br />

— Eu tive um pressentimento quando o seu advogado apareceu em seu<br />

escritório parecendo tão malditamente satisfeito consigo mesmo que eles estavam<br />

tentando prendê-la sobre um barril.Provavelmente, aproveitando aquela foto de<br />

nós, estou certo? —<br />

Ela assentiu com a cabeça.<br />

— Então deixe-me dizer-lhe, achar tudo isso foi o meu prazer. —<br />

Grace olhou para as contas. Ranulf gostava da sua imagem internacional de<br />

riqueza e status, e este tipo de notícia iria arruiná-lo. Ela podia apenas ver o artigo<br />

na revista Vanity Fair.<br />

Não queria magoá-lo. Tudo o que queria era a sua liberdade sem ter que pagar<br />

um preço exorbitante por isso.<br />

— Kat, chame o meu advogado no telefone, você vai? — disse ao interfone.<br />

Perto do fim do dia, Grace e John desceram para atender Callie no átrio.<br />

Enquanto eles atravessam a multidão de pessoas zanzando, Grace viu a mulher que<br />

estava em pé na entrada de mármore do museu. Ela estava vestida com calça preta<br />

e uma blusa preta espessa, parecendo calma e composta.<br />

Callie ofereceu um vago aceno provisório quando avistou um deles se<br />

aproximando.<br />

270


GGrruuppooRRRR<br />

— Bem-vinda — disse Grace. — Miles está ansioso para conhecê-la. —<br />

Eles deixaram o mosaico barulhento de movimento e som para trás enquanto<br />

entravamm no interior silencioso do museu. Grace acenou para os guardas e os<br />

docentes e começou a caminhar, voltando rapidamente para trás quando percebeu<br />

que Callie tinha ficado para trás, tendo uma pausa na frente de uma exposição.<br />

Estava observando as contribuições da família Woodward Hall para o estudo da<br />

história americana.<br />

Havia fotografias e pinturas de várias gerações, bem como de Willings. A imagem<br />

de Grace tinha sido acrescentada, ao lado do pai.<br />

Pai delas, se corrigiu. Ela tentou imaginar como que seria olhar para uma história<br />

que era dela por direito, mas não na prática.<br />

— Desculpe — murmurou Callie, vindo para a frente.<br />

— Você quer... —<br />

— Devemos ir, não deveríamos? — Sua voz era tensa e Grace assentiu.<br />

Callie ficou em silêncio, enquanto iam passando exposições passadas em<br />

escavações arqueológicas que a Fundação tinha patrocinado e através de uma<br />

galeria de retratos Early American.<br />

Quando chegaram a um elevador de carga de grande porte, Grace deslizou seu<br />

cartão de passe por um leitor. Quando as portas se abriram e eles entraram, Callie<br />

disse, — Obrigado por ter feito isto. —<br />

— Estou feliz — , ela respondeu, significando isso.<br />

Grace apertou o botão do quarto andar e o elevador deu uma guinada para cima.<br />

Ela percebeu que, se estivessem sozinhas, teria perguntado a Callie o que estava<br />

pensando, porque queria ajudar. Tinha um pressentimento que as emoções com<br />

que ela mesma estava lutando com eram semelhantes às que tinham colocado os<br />

lábios firmemente juntos de Callie e causavam as sobrancelhas baixas sobre os<br />

olhos. Grace não tinha certeza do que podia fazer.<br />

Talvez se possam ajudar uma á outra, pensou.<br />

Quando reabriram as portas, eles saíram para um longo corredor. — O escritório<br />

de Miles está aqui em baixo à direita. —<br />

Grace deixou Callie com ele e então decidiu ficar e conversar com alguns dos<br />

administradores do museu, enquanto esperava que Jack chegasse.Para seu alívio,<br />

todo mundo estava animado com o Copley e, apesar das terríveis previsões de<br />

Lamont, o consenso foi que o lance no leilão ia ficar animado.<br />

271


GGrruuppooRRRR<br />

Um pouco mais tarde, Jack saiu dos elevadores e um par de membros da equipe<br />

que estavam esperando para entrar, saiu do seu caminho com deferência. Ele<br />

estava vestido em um terno preto, caminhando em sua marcha forçada, e Grace<br />

pensou que era uma figura poderosa.Tal como John fez, só que de uma maneira<br />

diferente.<br />

— Eu estou pronto para ver o meu antepassado de novo — , ele demorou a<br />

beijando na bochecha. Ele e John acenaram bruscamente um para o outro.<br />

Naquele momento, a voz de Callie invadiu a sala.<br />

— Novamente, obrigado pelo conselho. — Ela estava se retirando do escritório<br />

de Miles, um sorriso em seu rosto enquanto acenava.<br />

A cabeça de Jack agarrou na direção dela como ela se virou. Quando se<br />

encontrou com seu olhar, seus olhos se arregalaram quando olhou para seu rosto.<br />

Grace sorriu, pensando que Jack tendia a ter esse efeito nas mulheres. E então<br />

hesitou, insegura de como apresentar Callie.<br />

Seu amigo teve o cuidado, colocando a sua mão. — Eu sou Jack Walker — .<br />

Callie fez uma pausa antes de deslizar a palma da mão contra a dele. Assim que o<br />

contato foi feito, recuou e olhou para Grace. — Er... obrigada por me dar a conhecer<br />

Miles. É sempre bom conversar com um companheiro conservacionista. —<br />

— Qual é o seu nome? — Jack perguntou, seus olhos no mapeamento do seu<br />

rosto.<br />

Seus olhos foram aos seus. — Callie Burke. —<br />

— E você é? —<br />

Grace corou, consciente da sua própria grosseria. — Ela é uma amiga minha. Ela<br />

veio aqui para se encontrar com Miles. —<br />

— Você está no mundo da arte? —<br />

Callie assentiu com a cabeça, parecendo como se quisesse que o homem parasse<br />

de se concentrar nela. Grace tinha que saber se Jack a tinha ofendido, mas depois<br />

viu a maneira como os olhos de Callie voltaram para ele.<br />

Como se estivesse intrigado, bem como desconfiado.<br />

— Se você gosta de arte, então você deve vir conhecer Nathaniel — disse<br />

laconicamente.<br />

— Nathaniel? —<br />

272


GGrruuppooRRRR<br />

Grace explicou. — É o retrato de John Singleton Copley, de Nathaniel Walker.<br />

Por que não fica e dá uma olhada?Não vai demorar muito e eu estaria curiosa para<br />

ouvir o que você pensa sobre isso. —<br />

Os olhos de Callie viraram para Jack. E então, com um aceno de cabeça, ela<br />

seguiu o pequeno grupo para oficina de conservação.<br />

Grace adorava visitar o laboratório e ver as obras em andamento. O quarto<br />

cheirava a verniz e tintas e havia sempre algum tipo de música clássica tocando ao<br />

fundo. Em todas as estações ao redor da sala, pinturas em diferentes estágios de<br />

conservação eram realizadas na posição vertical em blocos de madeira.<br />

Ao lado de cada uma estava um carrinho de material que carregava frascos<br />

escuros, cheio de soluções, bem como pincéis e cotonetes.<br />

Os funcionários tinham saído para a noite, mas ela sabia onde estava o Copley.<br />

— Ele está aqui, no bloqueio — , disse ela, indo para um banco de armários que<br />

eram segmentados em cinco metros de largura, e gavetas rasas.Com um chaveiro<br />

que tinha trazido com ela, liberou um, o deslizou fora, e rolou para trás um pano.<br />

Ela ouviu Jack suspirar de satisfação, enquanto olhava para o seu ancestral.<br />

— Vamos tirá-lo — , disse Grace. Ela chegou e tentou levantar a pintura, mas por<br />

causa do, quadro enorme dourado, ela mal conseguiu mexer a coisa.Smith o pegou<br />

com cuidado e o levou para uma das mesas de trabalho, colocando-o em ordem.<br />

— Ele é lindo — Callie murmurou, em pé ao lado.<br />

— Mais o tipo de ninhada, ou assim que eu entendo. — Jack inclinou-se, olhando<br />

atentamente para o rosto olhando para cima e para fora da tela. — Esta é uma<br />

imagem particularmente boa dele, eu acho. —<br />

— Seus olhos são extraordinários — Callie murmurou. — Tão expressivos. Pena<br />

que eles têm o olhar de um homem atormentado. —<br />

Jack olhou através do retrato para ela por um longo momento.<br />

— Sim. Eles são. —<br />

Grace adiantou-se, apontando para o canto inferior direito. — Aqui está a<br />

assinatura e data. Está certo que foi aproximadamente ao mesmo tempo que<br />

Copley fez o retrato de Paul Revere que paira no MFA, 68 em Boston. —<br />

— Você se importaria se eu der uma olhada? — Callie perguntou.<br />

— Não mesmo. —<br />

68 MFA (master of fine arts) mestre em Belas Artes.<br />

273


GGrruuppooRRRR<br />

Callie ligou uma das lâmpadas de-pescoço-guindaste em cima da mesa e a<br />

angulou para a superfície da pintura.Estando próxima, ela pairou cerca de três<br />

centímetros acima da tela, movendo-se lentamente em volta das bordas para o<br />

centro. Quando seu corpo se aproximou de Jack, ele não deu passo para se<br />

distanciar.<br />

Um leve sorriso estava brincando em seus lábios quando ela se levantou.<br />

— O que você vê? — Jack perguntou.<br />

— Ele precisa de algum trabalho. Há cerca de 75 anos de fumaça e sujeira presa a<br />

um revestimento de verniz que tem amarelado com a idade. Ele vai ter que ser<br />

manuseado com muito cuidado, com muito amor, mas a tela é boa. —<br />

— Talvez você gostaria de fazer o trabalho. —<br />

Callie olhou para ele com surpresa. — Como? —<br />

Grace tentou encobrir o silêncio constrangedor que se seguiu, rindo baixinho. —<br />

Você tem que comprá-lo em primeiro lugar, você sabe, antes de contratar alguém<br />

para trabalhar com ele. —<br />

— Não importa o que ele vai custar, ele vai voltar para a família. — Ele se virou<br />

para Callie. — Você está interessada no projeto? —<br />

Passou um longo tempo antes de responder. — Esta pintura carrega um histórico<br />

de enorme significado, tanto pelo assunto como pelo artista. —<br />

Jack deu de ombros. — Então você está dizendo que você não está interessada?<br />

—<br />

— É mais do que eu já tratei anteriormente. —<br />

— Então, se você fizer isso direito, vai fazer a sua carreira. —<br />

— Eu faço tudo errado e tanto a pintura como a minha reputação ficam em<br />

ruínas. —<br />

Grace olhou para trás e para frente entre os dois. Callie estava olhando para<br />

Nathaniel Walker. Jack estava olhando-a ela.<br />

Se perguntou o que ele estava pensando e decidiu que talvez ele só visse em<br />

Callie a oportunidade de dar a alguém uma oportunidade na grande liga.<br />

274


GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Smith tinha apenas acendido um charuto e ficou encostado na cabeceira da cama<br />

em seu quarto quando seu celular tocou. — Sim? —<br />

— Ei, — Tiny disse. Havia um monte de corte de estática através da conexão.<br />

— Diga-me você está em algum lugar sobre New Jersey — .<br />

— Nem de perto. Fomos atrasados por causa de uma ameaça de bomba, depois<br />

reencaminhados longe do mau tempo. Eu não estarei em Nova York até amanhã a<br />

meio da manhã. Onde você quer se encontrar comigo? —<br />

Smith amaldiçoou e, em seguida, deu-lhe o endereço do Edifício Hall. — Nós<br />

vamos estar em seu escritório. Piso superior. —<br />

— Certo. Agora, o que se passa com esta coisa da Gala? —<br />

— Questão usual de festa glamour. Cerca de quinhentas pessoas viram. Eu falei<br />

com Marks. Se você decidir que é seguro, os meninos estão dispostos a se esgueirar<br />

por todo o lugar. Você terá abundância de apoio, se você precisar dele. —<br />

— É bom saber. O que você acha?<br />

Smith explodiu sua frustração. — Eu não sei. As vítimas foram mortas em suas<br />

casas e eu tenho a certeza que o cara trabalha sozinho.Você precisa ter uma noção<br />

do espaço antes de decidir. Se você acha que pode mantê-la segura, isso significaria<br />

muito para ela, poder ir. —<br />

— Você estará acessível? —<br />

Isso era algo que Smith tinha vindo a debater. Se não estava no trabalho, não<br />

deveria estar flutuando em torno do fundo. Uma pessoa, e apenas uma pessoa,<br />

tinha que ser responsável e não havia maneira de que poderia jogar o segundo<br />

violino, até mesmo para Tiny, em uma situação envolvendo Grace. O melhor curso<br />

de ação era para dar o fora da cidade, mas não conseguia sair. Não até que a Gala<br />

tivesse acabado e ela acordasse no dia seguinte, e a salvo.<br />

— Eu reservei um quarto próximo. Pode chamar-me a qualquer momento e eu<br />

estarei lá num piscar de olhos, se as coisas virarem de cabeça para o sul. —<br />

— Parece bom para mim. —<br />

— Vic — Smith fez uma pausa. Ele nunca usou o nome dado a Tiny. — Cuide<br />

bem dela. —<br />

Um crepitar veio sobre a linha e, em seguida, seu amigo disse: — Olha, eu tenho<br />

que perguntar. O que é essa mulher para você, afinal? —<br />

275


Tudo, Smith pensou.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Apenas um outro cliente. — Ele apagou o charuto.<br />

— Sim, claro Chefe. Em cinco anos de trabalho com você, eu nunca te vi assim. —<br />

— Tudo o que você tem a fazer é ter certeza que ela permanece viva, ok? Faça<br />

isso e eu poderia até mesmo promovê-lo. —<br />

— Para quê? —<br />

— Acho que vou começar a chamar você Médio. —<br />

Tiny riu.<br />

Tão logo terminou a chamada, Smith marcou outro número, um privado da linha<br />

do senador Pryne foi respondido rapidamente pelo homem chefe de pessoal.<br />

— É Smith — , disse. — Quando é que ele quer sair? —<br />

— Você será capaz de estar em Washington no dia depois de amanhã? — A<br />

suavidade da voz da mulher, a dicção, o cheiro do poder político fez Smith doente.<br />

— Sim. —<br />

— Que bom. O senador vai ficar satisfeito. Você vem altamente recomendado,<br />

Sr. Smith. —<br />

Quando desligou o telefone, seu coração doía como se tivesse levado um tiro no<br />

peito.<br />

* * *<br />

Na manhã seguinte, Grace tomou uma decisão. Ia chamar Blair e pedir à mulher<br />

para vir dar uma olhada no escritório de seu pai. Seu escritório. Era hora de fazer o<br />

espaço dela. Aliviar as paredes. Jogar algumas cortinas nas janelas.<br />

Já tinha encomendado uma mesa de substituição. Ia demorar dois meses para<br />

fazer, mas era só o que Grace queria. Feita de madeira de teixo pálida, tinha linhas<br />

limpas e gavetas com rodas, para que não sentisse que estava indo para deslocar o<br />

ombro tentando conseguir seus arquivos. A cadeira também era sobre rodas e<br />

equipada em couro creme.<br />

E havia outras coisas que ia fazer. Sempre quis ter um cachorro. Um golden<br />

retriever, pensou. Algo grande e feliz.<br />

276


GGrruuppooRRRR<br />

Seu pai tinha reprovado possuir um cão de caça, se eles não eram usados para<br />

caçar. Sua mãe tinha desprezado qualquer coisa que fazia barulho ou deixasse cair<br />

pelo e, por sua vez, Ranulf não queria nada que competisse por sua atenção.<br />

Isso é o que queria. Um cão.<br />

Como fantasiava sobre o esvoaçar de orelhas e gentis olhos castanhos, Grace<br />

percebeu que estava, finalmente, a assumir o controle de sua vida. Cortesia da<br />

mudança, estava reexaminando tudo o que tinha uma vez simplesmente aceite<br />

como que as coisas eram. Tinha perdido a dominadora mão do pai quando ele tinha<br />

morrido e agora estava questionando tudo que já sabia sobre ele. E estava<br />

lentamente aprendendo a enfrentar até a sua mãe. E graças ao que John havia<br />

cavado acerca de Ranulf e os von Sharones, tinha conseguido um acordo de<br />

divórcio que parecia razoável.<br />

As perdas que vieram com os recentes acontecimentos em sua vida eram difíceis<br />

de suportar, mas foram contrabalançadas por seu senso de que tudo tinha sido<br />

inevitável e atrasado. E definitivamente tomar a dura verdade sobre as aparências<br />

algum dia. Como a juventude, ilusões desbotadas e murchas, mas os trade-offs 69 da<br />

sabedoria e da independência e liberdade, valiam bem a degradação de um exterior<br />

bonito.<br />

Anime-se, Starfish. Vamos ver aquele sorriso.<br />

— Não mais! Não, a menos que isso seja real — , disse em voz alta.<br />

Pegou o vestido que ia usar na Gala e sua caixa de jóias, e deixou o quarto.<br />

John estava esperando na entrada, e passou por ele com um aceno de cabeça<br />

dura. Estava esperando que o seu parceiro chegasse a qualquer momento, e sentia<br />

como se o submundo de ele estar à beira de a deixar nunca acabasse.<br />

Eles entraram no Explorer, e fez um esforço para conversar com Eddie sobre a<br />

sua escrita. Ele tinha começado um manuscrito como seu projeto final, um livro<br />

para crianças de sobre segurança, e lhe disse que conhecia sabia um agente que<br />

podia lê-lo quando o acabasse.<br />

Grace passou a manhã toda em baixo, no átrio, supervisionando os arranjos para<br />

a Gala. As pessoas do audiovisual tinham erguido um pequeno palco, perto da<br />

entrada para o museu e tinham colocado uma tela na qual mostraria a breve<br />

homenagem ao pai e a sua vida. Os fornecedores estavam ao redor, na colocação<br />

69 Trade-off ou tradeoff é uma expressão que define uma situação em que há conflito de escolha. Ela<br />

se caracteriza em uma ação econômica que visa à resolução de problema mas acarreta outro,<br />

obrigando uma escolha. Ocorre quando se abre mão de algum bem ou serviço distinto para se obter<br />

outro bem ou serviço distinto.<br />

277


GGrruuppooRRRR<br />

de mesas para os alimentos e bares, e a florista chegou com milhares de flores<br />

perfumadas.<br />

Foi no início da tarde, pelo tempo que ficou satisfeita com a forma como as<br />

coisas foram progredindo. Após um almoço rápido com alguns membros da<br />

imprensa, ela e John voltaram até seu escritório.<br />

As portas do elevador se abriam quando seu celular tocou. E não prestou muita<br />

atenção ao que ele disse até que ouviu: — Vocês o têm preso? —<br />

Ela parou de andar enquanto os olhos entediados de John prenderam no dela.<br />

— Quando vocês o capturaram? — Houve um período de silêncio. — Você pode<br />

fazê-lo ficar? —<br />

Assim que ele desligou o telefone, ela disse: — Será que eles acham... —<br />

Ele balançou a cabeça e ficou surpresa quando ele não parecia aliviado.<br />

— Então me diga — ela solicitou, sentindo uma corrida doce de alivio.<br />

— Isadora veio a si no início desta manhã. Ela identificou o homem que a atacou<br />

como um associado de seu marido. Marks e seus meninos prenderam o cara. —<br />

— Quem era? —<br />

— Alguém chamado Margis. Você já ouviu esse nome antes? —<br />

Ela assentiu, estupefacta com a notícia. — Claro que sim. Ele é um gerente de<br />

investimento e um real bon vivant. Ele estava sempre correndo atrás de mulheres,<br />

especialmente as mais ricas. Eu sei que ele trabalhou com o marido de Mimi em um<br />

negócio e eu acho que ele esteve cuidando de algum dinheiro de Cuppie. Eu não<br />

tenho certeza se Suzanna teve algum contato com ele, mas não teria me<br />

surpreendido se tivesse. Quanto a Isadora, ele estava muito perto de Raphael<br />

Cunis.Eles eram sócios. —<br />

— E você? Alguma vez você lidou com ele? —<br />

Grace pensou por um momento.<br />

— Agora que você mencionou, se aproximou logo após a morte do meu pai. Ele<br />

me disse que com a mudança no meu patrimônio, eu precisava de uma atenção<br />

mais pessoal e queria cuidar de coisas para mim. Eu disse-lhe que não. Eu tinha<br />

ouvido que sua empresa estava lutando por causa da crise no mercado, e havia algo<br />

porque eu não confiava nele. —<br />

John parecia estar pensando profundamente.<br />

— Qual é o problema? — perguntou.<br />

278


GGrruuppooRRRR<br />

Ele deu de ombros. — Marks diz que Isadora admitiu ter tido um caso com o<br />

cara. Evidentemente, ela estava tentando romper, razão pela qual ela voltou para a<br />

cidade. Essa é uma conexão muito pessoal, ao contrário dos negócios que Margis<br />

teve com outras mulheres. Embora eu suponho que é possível que ele estava tendo<br />

casos com elas, também. —<br />

— Seu nome estava na lista — Grace desabafou. — Essas listas dos edifícios, vi<br />

o nome dele nelas, naquele dia que você estava olhando sobre elas. —<br />

— Sim. Os caras de Marks verificaram que o homem tinha estado nos edifícios de<br />

van der Lyden e Lauer no dia dos assassinatos. —<br />

— Bem, eu estou aliviada — disse Grace. Enquanto media a expressão de John,<br />

sentia-se quase defensiva sobre seu otimismo. — O que Marks acha? —<br />

John deu de ombros. — Ele acha que o cara fez isso. Aparentemente, eles<br />

encontraram uma coleção de armas em casa de Margis. Ele gosta de facas. —<br />

— Assim acabou — murmurou. — E eu posso voltar para minha vida. —<br />

Olhou para ele e seus olhos encontraram os dela intensamente. Por um<br />

momento, prendeu a respiração em seu peito, como se toda a sua dor, e esperanças<br />

secretas voltassem.<br />

Diga-me você mudou sua mente, ela pensou. Me diga que você me ama e que vai<br />

ficar. Diga-me que eu estava certa e você estava errado e você não consegue<br />

imaginar uma vida sem mim. Diga-me que eu vou acordar ao seu lado de manhã.<br />

Não tentando adivinhar e querendo saber onde você está.<br />

Mas quando ele permaneceu em silêncio, se virou e caminhou pelo corredor. Não<br />

houve lágrimas. Viriam depois, tinha a certeza.<br />

Kat olhou para cima de sua mesa. — Há um homem aqui para vê-la. —<br />

Grace olhou por cima do ombro e viu o gigante loiro, Tiny, ficar em pé. Seu<br />

coração ficou apertado quando ele veio para a frente, com uma pesada bolsa<br />

pendurada no ombro, um sorriso brilhante voltado para John.<br />

A expressão do homem tornou-se absolutamente suspeita quando olhou para<br />

ela.<br />

Smith aplaudiu seu parceiro nas costas, mas Grace não ouviu o que foi dito entre<br />

eles por causa de um forte zumbido nos ouvidos.<br />

Entrou em seu escritório e sentou-se à secretária. Momentos depois, os homens<br />

entraram, John com uma grave expressão em seu rosto e Tiny parecendo que foi<br />

convidado a assumir o comando de uma bomba-relógio. A bagagem do homem<br />

bateu no chão com um baque surdo.<br />

279


GGrruuppooRRRR<br />

Quando a porta estava fechada, se dirigiu a eles em sua voz mais imponente. —<br />

Embora eu aprecie que tenha vindo de tão longe, Senhor... — Ela esperou que o<br />

homem preenchesse o nome.<br />

— Basta me chamar de Vic — disse.<br />

— Vic. Mas eu não acredito que necessite dos serviços de um guarda-costas por<br />

mais tempo. — Ela começou a mover os papéis a volta, tentando parecer ocupada.<br />

— Sim, você precisa — John respondeu.<br />

— Não — ela lhe lançou um olhar furioso — eu não. —<br />

— Grace... —<br />

Ela o ignorou. — Então, Vic, você pode pegar a mochila e se transportar para<br />

fora. Sem dúvida você está aliviado pela demissão. Você não parece feliz por estar<br />

aqui. —<br />

O cara corou.<br />

Smith caminhou rapidamente através da sala. — Tiny fica e ponto final. —<br />

— Por quê? Eles têm o homem por trás das grades, assim o perigo já passou. Eu<br />

não sou menor de idade e eu não sou um caso mental, assim eu não preciso de um<br />

tutor. Eu também não pedi a sua opinião. —<br />

Sem olhar para longe dela, ele disse — Vic, dá-nos um minuto. —<br />

Seu parceiro desapareceu sem uma palavra.<br />

Mas deixou a maldita mochila.<br />

— Eu não acho que temos alguma coisa a dizer um ao outro. — Grace estava<br />

tendo dificuldade olhar em seus olhos, pelo que pegou um pedaço de papel da<br />

mesa. Era uma nota que tinha escrito sobre a nova política de despesas.<br />

— Olhe para mim, diga a verdade! — Quando ela recusou, Smith bateu com o<br />

punho na mesa. Ela saltou e pegou uma caneta antes que rolasse para o chão.<br />

Relutante, ela passou os olhos para ele. — Droga, não é como se Marks tem uma<br />

confissão do rapaz. Ele pode não ser o único. Você tem que cuidar de si mesma. —<br />

— Eu estou. Estou dissolvendo a minha relação com a Black Watch. A exposição<br />

que eu tive com vocês rapazes foi de longe tão traumática quanto qualquer outra<br />

coisa na minha vida ultimamente. — Soltou um riso tenso. — Você sabe, eu<br />

sempre imaginei que haveria algum momento dramático, quando você saia do nada<br />

e me salvava. De alguma forma, eu não acho, que o trabalho que você fez sobre a<br />

porta da varanda conte o bastante. Mas então a vida real não tem muito em comum<br />

com os filmes, não é? —<br />

Porque, em Hollywood eles acabam juntos, pensou.<br />

280


GGrruuppooRRRR<br />

Ela pegou sua bolsa e tirou o cheque que havia escrito antes, o que ele tinha<br />

recusado.<br />

— Você está pronto para aceitar isto agora? —<br />

— Eu não quero seu dinheiro. —<br />

— Mas você vai pegar, não vai? Então não haverá laços deixados entre nós,<br />

portanto, assim o corte será um corte limpo. —<br />

John pegou o cheque, parecendo triste.<br />

— Agora, pegue seu amigo e saia daqui — disse a ele.<br />

— Tiny vai ficar. — a mandíbula de John estava definida, mas ela se recusou a ser<br />

intimidada pela força de sua vontade. Ou influenciada por ela.<br />

— Tiny ou Vic ou quem quer que seja pode ir para o inferno e você também pode.<br />

Eu não preciso de outro cara duro na minha vida ou na minha cama. De agora em<br />

diante, eu estou aderindo a minha própria espécie. —<br />

— Eu não dou uma boa porcaria sobre o que você diz, Tiny vai ficar aqui esta<br />

noite. —<br />

— Oh não, ele não vai. Eu despedi você e sua equipe inteira! — Estava sendo<br />

totalmente irracional, mas não teve jeito para parar a si mesma. Ela tinha perdido<br />

de vista tudo, menos o núcleo oco no peito.<br />

— A Black Watch está fora da minha folha de pagamento. —<br />

— Então ele vai fazer isso pro bono. —<br />

— Eu vou o mandar prender por invasão. —<br />

— Eu gostaria de vê-la tentar — rebateu John friamente. — A polícia de Nova<br />

Iorque não vai tocar num dos meus meninos, condessa. —<br />

Grace saltou a seus pés, enrolando as suas mãos em punhos. Seu corpo tremia.<br />

— Saia! Basta que saia, inferno, fora da minha vida! —<br />

Ele ficou em silêncio por um longo tempo.<br />

E então se surpreendeu quando ele consentiu, simplesmente virando e<br />

caminhando pela sala. Quando chegou até as portas duplas, ele fez uma pausa. Sua<br />

cabeça foi para baixo, como se estivesse se apoiando.<br />

— Adeus, Grace. —<br />

E com essas duas palavras simples, ele saiu.<br />

Ela tomou uma respiração profunda, estremecendo.<br />

281


GGrruuppooRRRR<br />

Cegamente, começou a folhear papéis sobre a mesa, retirando as folhas a partir<br />

de arquivos de forma aleatória, fazendo uma bagunça. Cada vez mais rápido, ela os<br />

vasculhou, em busca de nada.<br />

As lágrimas caíam dos olhos sobre a escrivaninha de seu pai, deixando manchas<br />

de água em seus memorandos e contratos de políticas e relatórios.<br />

Ela ainda estava chorando em silêncio 20 minutos mais tarde, quando Kat<br />

chamou.<br />

— Sim? — Grace limpou a garganta. — O que é? —<br />

— Esse homem ainda está aqui — Kat disse calmamente.<br />

Tiny. Vic. O parceiro de John. Outro homem duro com uma arma.<br />

— Bem, ele pode sentar e apodrecer se me importo. —<br />

Capítulo 24<br />

Depois de falar com Tiny sobre a Gala, e ouvir o homem decidir deixar Grace ir<br />

em frente com a presença no evento, Smith pulou em um táxi e foi a sua casa. No<br />

caminho, foi pensando que Tiny provavelmente estava certo. O risco para ela era<br />

pequeno, especialmente com os homens de Marks estando lá, e Tiny prometeu<br />

fazer a cobertura, como se ela fosse o presidente dos Estados Unidos, o Papa, e<br />

Nelson Mandela, tudo em um.<br />

Assim que Smith abriu a porta da frente, uma vontade irresistível de não a deixar<br />

começou uma onda de insegurança que havia lhe dado vontade de amaldiçoar.<br />

Apressando-se através da casa de Grace, reuniu as suas coisas enquanto fazia de<br />

tudo para ignorar o cheiro sutil de seu perfume remanescente no ar. Antes de sair,<br />

deu um último olhar para a foto dela com seu pai.<br />

Então colocou a chave em cima da mesa, acionou o alarme, e saiu.<br />

Quando chegou à rua, pegou um táxi e pediu para ser levado para o hotel abaixo<br />

em Wall Street que estava tão perto do edifício da Câmara. No minuto que<br />

conseguiu o seu quarto, pegou no telefone e discou para a linha privada do senador<br />

Pryne. Era necessário para confirmar os locais e fazer um pequeno trabalho<br />

cibernético e estava esperando que ambos o distraíssem.<br />

O telefone tocou apenas uma vez antes de desligar.<br />

282


GGrruuppooRRRR<br />

Sentado na cama, Smith pôs a cabeça entre as mãos.<br />

Tudo parecia estar errado. O quarto de hotel. A ideia de voar para uma parte<br />

diferente do mundo.<br />

Sua maldita mochila e suas maletas de metal.<br />

Quando levantou a cabeça, se pegou olhando para trás no espelho sobre a<br />

cómoda. Olhando seu rosto, viu um homem a quem estava faltando a sua mulher.<br />

Um homem que, possivelmente, se sentiria para sempre perdido sem ela. Um<br />

homem que estava cometendo um erro.<br />

Ela estava certa. Ele a amava.<br />

Então o que diabos estava fazendo saindo?<br />

Mas tinha que deixá-la ir, disse a si mesmo. Para mantê-la segura.<br />

Em um instante, ouviu Grace o chamando de covarde.<br />

Ou estava apenas mantendo-se seguro?<br />

* * *<br />

A próxima coisa que Grace soube, era a voz de Kat surgindo no alto-falante. —<br />

Eu estou indo para baixo. Você está já pronta? —<br />

Grace olhou para o relógio. Horas se passaram e estava perto de chegar tarde<br />

para a sua própria festa.<br />

— Eu só preciso de me vestir. Vou me encontrar com você no átrio. —<br />

Mudou rapidamente para o vestido que tinha trazido com ela, realmente não se<br />

se importando como era. No banheiro, colocou um colar de diamantes no pescoço,<br />

um par de brincos de mola, e retocou até a maquiagem.<br />

Após a pulverização de algum Cristalle 70 saiu de seu escritório, se surpreendeu ao<br />

ver Tiny ainda na sala de espera. Tinha esquecido mesmo que o homem estava lá e<br />

a lembrança de John trouxe lágrimas frescas aos seu olhos.<br />

Tiny ficou de pé como se estivesse a chamar a atenção, e balançou a cabeça,<br />

rigidamente. Ele tinha trocado para um smoking.<br />

70 Cristalle, perfume da Chanel, que é floral, cítrico e fresco e custa á volta de 315 BRL ou 136.88 Eur.<br />

283


— Você precisa sair — , disse a ele.<br />

GGrruuppooRRRR<br />

Ele apenas deu de ombros. — Não há para onde ir excepto aqui. —<br />

— Portanto, seja criativo. Esta cidade está repleta de atrações turísticas. —<br />

— Desculpe, Condessa, eu tenho as minhas ordens. —<br />

Estacou e lhe mandou um olhar fulminante. — Não é de mim, e eu comando este<br />

lugar. Você não é bem-vindo aqui. —<br />

— Eu tenho muita experiência, não sendo bem recebido em lugares. —<br />

— Eu imagino que isso seja verdade. Mas você ainda precisa ir embora. —<br />

Antes que ele abrisse a boca novamente, foi até a mesa Kat e discou o número do<br />

segurança. Sabia que era um extremo, mas, com um suspeito em custódia, não<br />

podia ver nenhuma outra razão para a tortura, mantendo o outro homem por aí.<br />

— Eu tenho um intruso em meu escritório — disse com uma voz meio-morta. —<br />

Por favor, venha imediatamente. —<br />

Quando desligou, Tiny estava dando-lhe um olhar indulgente. — Você realmente<br />

acha que é necessário? —<br />

— Se você sair agora, não vai ser. —<br />

Momentos depois, seu chefe de segurança e outros três homens voaram pelo<br />

corredor. O que aconteceu depois foi um borrão. Os seguranças da Fundação<br />

cercaram Tiny apenas para serem enviados sobre o chão ou contra a parede, com<br />

força. O parceiro de John era um dervixe 71 rodopiante de punhos e pernas e era<br />

óbvio que ia ganhar, embora estivesse em desvantagem.<br />

Como estava assistindo à briga, e se perguntando como muitos de seus homens<br />

iriam precisar de atenção médica, Grace lembrou do presente de Eddie. Chegando<br />

em sua bolsa de noite, puxou o Mace justamente quando dois homens se<br />

agarravam aos ombros de Tiny. Sentia-se em conflito quanto ao seu uso, mas<br />

depois decidiu que ele já tinha feito suficiente dano para o seu pessoal de<br />

segurança. Tiny não mostrava sinais de cansaço e temia que alguém ia se<br />

machucar.<br />

— Sinto muito ter que fazer isso — gritou em meio ao barulho. Todos os homens<br />

pararam de se mover rapidamente, e ela aproveitou a oportunidade, permitindo um<br />

fluxo para fora, acertando direto na cara de Tiny.<br />

71 Dervixe (membro de uma ordem ascética do islamismo.<br />

284


GGrruuppooRRRR<br />

O homem amaldiçoou e começou a piscar furiosamente enquanto a luta<br />

prosseguia. Embora ele continuasse atacando, os agentes de segurança tinham<br />

agora a vantagem e finalmente foram capazes de o dominar.<br />

— Nós vamos levá-lo para a expedição — seu chefe de segurança disse entre<br />

respirações pesadas. Ele estava prendendo os braços em volta de Tiny, enquanto<br />

um funcionário colocava algemas no homem. — E então, nós o vamos mandar para<br />

a prisão. —<br />

— Isso não é necessário. Basta levá-lo para fora do prédio. — Grace fez uma<br />

pausa. — Será que ele vai ficar bem, apesar de tudo? —<br />

— Eu vou ficar malditamente bem. — disse Tiny debaixo da pilha de homens. —<br />

Contanto que você chame de volta os seus cães e deixe-me te proteger! —<br />

O homem de costas, olhou para baixo em confusão.<br />

— Apenas certifique-se que ele esteja bem — disse Grace, sentindo-se<br />

incrivelmente insensível. — Eu realmente o peguei bem. —<br />

— Condessa — Tiny protestou, levantando a cabeça fora do tapete. Seus olhos<br />

lacrimejavam e ele começou vomitar. — Não faça isso. Você não sabe se eles tem o<br />

homem certo ou se eles podem manter esse suspeito sob custódia. —<br />

Quando ela olhou em seus olhos vermelhos e inchados, respirou fundo e se<br />

dirigiu ao sargento.<br />

— Carmine, eu gostaria de ter um de nossos agentes em torno de mim em todos<br />

os momentos desta noite. —<br />

Suas sobrancelhas grossas levantaram. — Certamente. Mas você não precisa de<br />

ter medo desse cara. Ele não está fugindo de nós. Não com o que você fez para ele.<br />

E os homens de Marks estão aqui. Nós temos bastante uniformes azuis<br />

para fazer uma colcha lá em baixo. —<br />

Ela gemeu. — A menos que eles estejam à paisana, mande-os embora. Eu não<br />

quero todo mundo com medo de que um alerta de terrorismo subiu ou algo assim.<br />

Embora, eu quero alguém comigo todo o tempo. —<br />

O homem concordou, e a atribuiu a um dos outros.<br />

Enquanto Grace descia para a festa, ela ficou perversamente aliviada de que<br />

estava se sentindo tão insensível. Sob circunstâncias mais normais, teria ficado<br />

nervosa como o inferno sobre o resultado da noite.<br />

O tipo de pessoas que iam a galas de elite, como a da Fundação tinham tanto da<br />

mentalidade de rebanho, como qualquer outro grupo de seres humanos e<br />

consideravam um declínio no prestígio como uma má dica de estoque, como algo a<br />

285


GGrruuppooRRRR<br />

ser evitado a todo custo. A noite ia ser um teste de força da Fundação. Da fé das<br />

pessoas nela.<br />

Grace saiu para o átrio e viu que tudo estava arranjado a tempo para os<br />

convidados que já tinham começado a chegar. Quadros haviam sido erguidos em<br />

um círculo alargado em volta da entrada de mármore do museu e, no centro de<br />

cada um, arranjos magníficos de rosas vermelhas e brancas misturadas com talos<br />

de dedaleira azul profundo que davam um ar dramático. Garçons uniformizados já<br />

estavam passando bandejas e oferecendo bebidas e um octeto de cordas 72 tinham<br />

começado a tocar.<br />

Antes que pudesse cumprimentar as primeiras chegadas, Kat aproximou-se dela<br />

e correu por informações sobre alguns últimos detalhes.<br />

Meia hora mais tarde, a entrada do edifício da Câmara estava positivamente<br />

cheio. A grande massa de brilho, giraram para fora, e tinham se reunido em torno<br />

da Fundação. E de Grace. Ficou surpresa pelo número de pessoas que realmente<br />

pareciam desejar-lhe bem e estavam oferecendo o seu apoio por ter assumido o<br />

papel de seu pai. Eles também tinham um monte de coisas boas a dizer sobre a<br />

pintura Walker, a comida, a mudança de local.<br />

Mesmo os mais velhos caturras do conselho pareciam ansiosos para estar nas<br />

boas graças dela, agora que a noite estava provando ser um sucesso. Enquanto<br />

chegavam até ela, um por um e proclamavam o seu apoio, assentia com a cabeça e<br />

sorria. E observou que nenhum deles protestou sobra a partida de Lamont.<br />

E estava pensando que deveria estar sentindo algum tipo de triunfo, mas nada<br />

rompia através da sua névoa. Em face do sucesso que queria e para o qual trabalhou<br />

tão duro, teve que voltar à sua criação, apenas como uma vingança para passar a<br />

noite e ser quem todas as pessoas o queriam que fosse Grace Woodward Hall. A<br />

bela filha de Cornelius Woodward e Carolina Hall. A tendências e a estrela social,<br />

agora a presidente da Fundação.<br />

Quando olhou para a multidão, vendo as belas roupas e as jóias, os sorrisos<br />

largos florescendo para fora de caras conhecidas, e percebeu que estava numa sala<br />

cheia de gente que se parecia com ela e ainda assim estava totalmente fora de<br />

lugar.<br />

Mesmo que a reação era lógica, dado tudo o que tinha acontecido recentemente,<br />

o deslocamento parecia de alguma forma mais permanente do que as dores do<br />

crescimento que, inevitavelmente, vinham com as grandes mudanças na vida. E<br />

72 Orquesta com oito pessoas.<br />

286


GGrruuppooRRRR<br />

estava começando a ver o seu mundo de forma diferente e o que uma vez foi<br />

familiar estava começando a parecer estranho.<br />

Aonde o novo caminho a levaria no entanto, não tinha ideia.<br />

Na hora marcada, Grace subiu ao palco e apresentou a montagem de vídeo da<br />

vida de seu pai.<br />

Enquanto o observava, lembrou os lugares e os tempos e as circunstâncias de<br />

cada fotografia. Embora estava familiarizada com todos elas, viu a cada uma de<br />

forma diferente agora, como se as cores tivessem sido recalibradas. Quando a<br />

fotografia apareceu pela última vez, considerou a imagem de seu pai, sentado à sua<br />

mesa com um cachimbo entre os dentes, através de olhos que eram tensos a partir<br />

de emoções conflituosas.<br />

E sabia que qualquer resolução sobre as mentiras que ele tinha vivido teriam de<br />

chegar, sem qualquer explicação ou pedido de desculpas dele. Tinha que saber se a<br />

lembrança do amor que ele tinha mostrado ela seria o suficiente para ajudá-la a<br />

encontrar algum tipo de paz com tudo. Mas não tinha a certeza.<br />

Enquanto a imagem de seu pai esmaecia, teve que engolir algumas vezes antes<br />

que fosse capaz de falar.<br />

Quando as luzes voltaram, Grace olhou para baixo e viu sua mãe em pé na frente<br />

da multidão de pessoas, reta e elegante como um cisne, num vestido preto de volta<br />

no pescoço pendurado perfeitamente dos delicados ombros. A expressão em seu<br />

rosto era de tolerância régia, embora a luz em seus olhos era algo próximo a<br />

quente.<br />

Quando o retrato Walker foi revelado, a multidão caiu em um silêncio abafado.<br />

Jack e Blair chegaram na frente e seguiu-se uma batalha entre seu amigo e um<br />

magnata da mídia americana, cujo gosto por arte era bem conhecido. Como os dois<br />

levavam golpes de bom coração, um para o outro, o preço subiu mais de US $ 3<br />

milhões, com Jack finalmente tendo a pintura com um final lance de US $ 5<br />

milhões.<br />

A multidão explodiu em aplausos. Clarões de flashes saíram como fogos de<br />

artifício, Jack se aproximou e abraçou Grace, seu rosto austero mostrando<br />

satisfação com seu sucesso.<br />

Algum tempo depois, os convidados começaram a se dispersar e a mãe de Grace<br />

foi uma dos primeiros a sair.<br />

— Acho que correu tudo bem — , disse Grace, enquanto ela beijava Carolina de<br />

despedida. — Embora, é claro, as festas do Pai são de um alto padrão para<br />

conhecer. —<br />

287


GGrruuppooRRRR<br />

A mãe estendeu a mão e apertou a mão de Grace com uma urgência<br />

surpreendente.<br />

— Foi só perfeito, querida. Você fez um trabalho perfeito. — Seus olhos se<br />

encontraram. — Seu pai ficaria muito orgulhoso de você hoje à noite. —<br />

— Ora, muito obrigada, Mãe. — Mas ela sentiu mais alívio do que prazer no<br />

louvor.<br />

— Também estou muito orgulhosa de você. E eu disse Bainbridge a mesma<br />

coisa. — Carolina se inclinou para frente e beijou a bochecha de Grace. — Você vai<br />

fazer um bom presidente. —<br />

Com um aceno de despedida, a mãe virou-se e desapareceu na multidão.<br />

Grace sacudiu a cabeça. Era difícil compreender que, depois de ter desistido de<br />

vez de ouvir uma palavra de apoio da mulher, sua mãe havia finalmente chegado<br />

através de uma. E num momento em Grace realmente precisava. E sabia muito<br />

bem que este era o início de uma tendência, mas apreciou o gesto.<br />

E então a Gala estava acabada.<br />

Grace demorou até mais tarde, conversando com os fornecedores por um tempo<br />

e observando a equipe de limpeza começar a recuperar o átrio dos detritos da<br />

festa.Ela agradeceu ao segurança que a tinha seguido discretamente a noite toda e<br />

estava prestes a dizer que podia ir, quando decidiu que chegar em casa com escolta<br />

era provavelmente uma boa ideia.<br />

Ela pediu ao homem para chamar um carro enquanto ia até ao seu escritório para<br />

buscar o seu saco de roupas e a bolsa que usou durante o dia. Enquanto subia no<br />

elevador, sentiu a solidão e o silêncio a empurrar dentro dela.<br />

A distração oferecida pela Gala foi um alívio, mas, como todo o Band-Aids 73 sobre<br />

as feridas frescas, seus efeitos eram transitórios. Ouvindo o sinal eletrônico sonoro<br />

emitido, enquanto os pisos foram passando, não podia ajudar, mas se perguntou<br />

onde John estava e o que estava fazendo. O imaginou em um avião, em algum lugar<br />

sobre o oceano, rumo a só Deus sabe onde.<br />

Uma parte dela se recusava a acreditar que estava realmente tudo acabado. O<br />

senso comum lhe disse que seria melhor começar com o programa de abraçar a<br />

realidade.<br />

Seu escritório estava escuro quando entrou, mas encontrou a mesa facilmente,<br />

deslizando em volta da mesa de conferências e das várias cadeiras. Acendeu a luz<br />

ao lado de seu telefone.<br />

73 Band-Aids - marca de penso rápido.<br />

288


GGrruuppooRRRR<br />

E estava retirando a bolsa de uma gaveta, quando a voz de um homem cortou o<br />

silêncio.<br />

— E que grande sucesso foi tudo isso. —<br />

Grace olhou para cima para ver Fredrique de pé entre as portas abertas. Ele as<br />

fechou enquanto entrava na sala.<br />

* * *<br />

Smith voltou do ginásio do hotel, com um humor sombrio. Tinha batido<br />

deliberadamente o inferno para fora de si mesmo, mas mesmo depois de<br />

quilômetros de corrida e de ter levantado peso suficiente para fazer seus ombros<br />

gritar de dor, ainda não tinha conseguido o que estava procurando. Ele tinha estado<br />

atirando para o tipo de estado morto de esgotamento, que o lembrava de seus dias<br />

de combate. Em vez disso, ainda estava tenso, apenas dolorido agora.<br />

E sabia que tinha que ligar para o escritório de Pryne. Eles estavam á espera de<br />

ouvir dele.<br />

Ele tomou um banho, em primeiro lugar.<br />

Smith estava se secando quando ouviu seu celular tocando. Seus instintos<br />

tomaram vida, seu primeiro pensamento para Grace.<br />

Quando atendeu, uma voz desconhecida disse: — Sr. Smith?<br />

— Sim? —<br />

— É Joey. O porteiro da condessa. —<br />

Smith agarrou o telefone. — O que aconteceu? —<br />

— Você, ah... você me disse para ligar para você, se alguém quisesse entrar em<br />

seu apartamento. Bem, esse cara apareceu aqui há pouco tempo. —<br />

— Diga-me. —<br />

— Ele é de um serviço de buffet. Eu o vi aqui antes. Fredrique-alguma coisa. Ele<br />

disse que a condessa precisava de uma muda de roupa após a Gala e que lhe tinha<br />

sido pedido para a buscar e levar à Fundação para ela. Quer dizer, eu o vi com ela<br />

antes. No ano passado, por uma questão de fato. Mas você disse para ligar para<br />

você. —<br />

— Você deixou ele entrar? — — Smith atirou de volta.<br />

289


GGrruuppooRRRR<br />

— Não. Ele ficou um pouco em vapor. Espero que ele não me ferre por isso. —<br />

Graças a Deus.<br />

— Você fez a coisa certa, Joey. Ela está em casa ainda? — Smith correu para o<br />

telefone ao lado da cama.<br />

— Não, ela não voltou. —<br />

— Diga-me o que ele estava usando. —<br />

— Era uma roupa de chef. Branca. Ele disse que estava na cozinha da Gala, mas<br />

estava limpo, o que eu achei estranho. —<br />

Smith estava discando para o celular de Tiny, enquanto eles conversavam. —<br />

Diga a ela para me ligar no momento em que a vir. Obrigado, Joey. —<br />

— Quando uma mulher atendeu o celular de Tiny, teve um pressentimento que a<br />

merda tinha batido no ventilador. Um minuto depois, com Tiny finalmente na linha,<br />

soando rouco e com respiração áspera.<br />

— O que diabos está acontecendo? — Smith gritou.<br />

— Ah, merda, chefe. —<br />

— Fale! — Smith segurava o telefone ao ouvido, enquanto começou a jogar a<br />

roupa e amarrava a sua arma e coldre em seus ombros.<br />

— Onde está a Grace? —<br />

— Eu não sei. — Passei a noite na sala de emergência e esta é a primeira vez que<br />

me deixaram usar o telefone. Olhe, ela não está sozinha. Eu acho que ela tem um<br />

dos rústicos locais com ela e sei que Marks e seus meninos estão em volta. Ela está<br />

bem. —<br />

— O inferno é que está! Eles pegaram o homem errado. — Smith bateu o<br />

telefone e discou o redial do número de seu celular enquanto deixou o quarto.<br />

Ele estava correndo pelo corredor até as escadas quando Tiny respondeu<br />

novamente. — — Como diabos você acabou no hospital? —<br />

— Ela deu Mace em mim. —<br />

Smith olhou para o telefone como se não estivesse funcionando corretamente.<br />

— Ela o quê? —<br />

— E eu tive uma reação aquela merda. —<br />

— Cristo. Cuide-se. —<br />

— Sinto muito sobre isto, Chefe. —<br />

290


GGrruuppooRRRR<br />

Por esta altura, Smith já estava a meio caminho no edifício. Desligou e ligou para<br />

o telefone celular do tenente.<br />

Assim que Marks respondeu, Smith disse: — Quantos meninos você tem na<br />

Fundação? —<br />

— Nenhum. Nós os retiramos fora, o detalhe a seu pedido. Ela disse que ia usar<br />

hoje à noite os próprios homens, e considerando que temos... —<br />

— Consiga alguns policiais para lá agora. Quem você tem em custódia não é o<br />

cara que está matando as mulheres. —<br />

Smith saiu do hotel por uma porta lateral e começou a correr o mais rápido<br />

possível. Estava apenas a três quarteirões do edifício da Câmara, mas sentia como<br />

se fossem quilómetros.<br />

— De que diabos você está falando? —<br />

— É o maldito fornecedor. Fredrique. —<br />

— O fornecedor? —<br />

— Ele já tentou entrar esta noite no apartamento de Grace. Seu porteiro me<br />

chamou. Eu não tenho tempo para dar detalhes. Você tem que confiar em mim. —<br />

— Você sabe como ele é? —<br />

Smith deu uma descrição de Fredrique. — E ele está no branco de chef. —<br />

Marks já estava dando ordens enquanto estava desligando.<br />

Quando Smith voou no átrio do edifício da Câmara, um rapaz da segurança, o<br />

reconheceu olhando por cima da mesa da frente com um sorriso. — Olá... —<br />

— Onde ela está? —<br />

— A condessa? Eu acho que já saiu. Para ir para casa. —<br />

* * *<br />

Grace recuou até que sentiu a cadeira bater nas costas de suas pernas. — O que<br />

está fazendo aqui? —<br />

Fredrique sorriu. — Eu não podia perder o maior evento da temporada. Os<br />

canapés eram agradáveis, embora eu não teria feito algo tão comum, é claro. Seus<br />

convidados poderiam ter ficado muito mais impressionados. Mas então, você não<br />

me usou. —<br />

291


GGrruuppooRRRR<br />

Ele veio em sua direção, seu corpo atarracado que se desloca de forma irregular<br />

com a raiva.<br />

— Você arruinou-me. Todas vocês — disse ele, sua voz se intensificando —<br />

arruinaram-me. Você me congelou para fora. Eu perdi tudo. Você acha que pode<br />

apenas tomar a vida de alguém e esmagá-lo, porque você é rica e é poderosa. As<br />

pessoas são brinquedos para você. Brinquedos. —<br />

Grace estava medindo a distância até a porta quando viu a faca na mão dele. A<br />

luz refletiu na lâmina com um clarão e a fez fisicamente doente.<br />

A voz de Fredrique ficou estridente. — Quando eu era novo e fresco, vocês<br />

precisavam de mim para fazer as suas festas boas. Vocês me pediam. Vocês me<br />

queriam. E então, alguém chegou à cidade e nenhuma de vocês sabia o meu nome.<br />

Era como se eu não existisse! —<br />

Grace olhou através da mesa, à procura de algo para se defender assim que<br />

chegasse mais perto. E desejava como o diabo que tivesse deixado a resistente taça<br />

de cristal de peppermints de seu pai de fora. Ela daria uma arma muito boa.<br />

* * *<br />

Smith estava quase na porta giratória que dava para a rua quando um outro cara<br />

da segurança o chamou.<br />

— Hey! Você procura a condessa? Ela só subiu para pegar sua bolsa. Eu pedi um<br />

carro para nós dois. —<br />

Smith amaldiçoou enquanto se virava e corria para os elevadores. — A polícia<br />

está a caminho, leve-os para o seu escritório, logo que cheguem. —<br />

A viagem para o andar superior foi uma eternidade. E estava pensando que iria<br />

desistir de qualquer coisa apenas para a ter a salvo. Ilesa. Viva.<br />

E isso incluía a Black Watch, o seu estilo de vida, a coisa toda.<br />

Ela tinha razão. Estava se protegendo a si mesmo, porque amá-la era a mais<br />

ameaçadora coisa que ele poderia pensar. Mas a alternativa era pior. Ele preferia<br />

estar com ela do que sem, mesmo se, o preço que pagasse fosse a falsa sensação de<br />

segurança que tinha quando estava sozinho.<br />

Tudo que queria, era ela. Tudo que precisava era ela.<br />

292


GGrruuppooRRRR<br />

Ela lhe disse que não o ia esperar. Bem, não ia pedir para ela. Ele estava indo para<br />

ficar ao seu lado.<br />

Oh, Senhor! Por favor, deixe que esteja segura.<br />

Quando pulou para fora do elevador e viu a luz em seu escritório, brilhando sob<br />

as portas, sentiu uma onda de esperança dolorosa enquanto corria silenciosamente<br />

pelo corredor. Ela provavelmente subiu para trocar de roupa.<br />

E provavelmente estava saindo de seu salto alto e suspirando enquanto seus pés<br />

nus batiam no tapete neste exato momento. E provavelmente estava bem.<br />

Por favor, a deixe estar bem.<br />

Ele estava prestes a abrir a porta dupla, quando ouviu uma voz de homem. A<br />

ameaça por trás das palavras era evidente, mesmo através da madeira, e Smith<br />

passou de ansioso para mortal.<br />

Silenciosamente, empurrou um lado aberto numa fresta. Ele viu o homem, a faca<br />

e o medo sombrio sobre o rosto de Grace.<br />

Isso era tudo que Smith precisava saber.<br />

Com uma investida maciça, irrompeu pela porta. Havia sede de sangue e nada<br />

mais correndo em suas veias enquanto ele abordava Fredrique, levando-o com<br />

força ao chão. Smith era mais pesado e teve o elemento surpresa que trabalhou<br />

para ele, mas com toda a raiva, ele nem precisou do benefício.<br />

O homem começou a lutar, mas era coisa de amador. Smith pegou a faca e<br />

rapidamente tomou o controle.<br />

Em questão de momentos, tinha Fredrique atordoado e deitado de costas.<br />

Mas Smith não parou por aí. Antes estava totalmente ciente do que estava<br />

fazendo, e tinha uma mão em torno da garganta do homem e a outra apertada no<br />

punho da faca. Pelo que o assassino quase tinha feito a Grace, ele estava preparado<br />

para o estripar no local.<br />

Smith ergueu o braço acima da cabeça e inclinou a lâmina de modo que seria<br />

atingido o peito de Fredrique exatamente no centro. Sentiu um rugido animal sair<br />

dele quando começou a se mover.<br />

— John! Não! —<br />

Smith congelou quando ouviu a voz de Grace. Ele balançou a cabeça para a<br />

limpar e olhou para ela. Seu rosto estava numa cor cinza não natural e suas mãos<br />

estavam estendidas para ele.<br />

— Coloque a faca para baixo — disse ela gentilmente.<br />

293


GGrruuppooRRRR<br />

Ele tomou conhecimento do seu coração batendo, o som da respiração que saía<br />

da sua boca, a sensação da arma na mão. Ele olhou para baixo, nos olhos do<br />

Fredrique. As pálpebras estavam destacadas para trás com terror, as pupilas<br />

dilatadas pelo medo.<br />

Smith olhou novamente para Grace.<br />

— Você esta machucada? — perguntou com voz rouca.<br />

— Não, eu estou bem. —<br />

Ele voltou sua atenção para o assassino. O cara estava começando a sufocar e<br />

Smith retratou Grace, com a vida gradualmente deixando seu corpo. Ele apertou<br />

mais a sua mão, e levantou a faca mais alto, disposto a mostrar a Fredrique o que as<br />

suas vítimas tinham sentido.<br />

— John, baixe isso! Por favor, não o mate. —<br />

A urgência da voz dela o trouxe de volta à realidade. E soube malditamente bem<br />

que esteve a um fôlego de cometer homicídio e jogou a faca através da sala,<br />

capotou Fredrique mais, e aproximadamente arrancou as mãos do homem por trás<br />

das costas.<br />

Smith olhou para Grace. — Você tem certeza que está bem? —<br />

Ela lhe deu um sorriso trêmulo. — Sim. —<br />

Quando Fredrique começou a protestar, Smith rangeu os dentes e ficou bem<br />

perto da orelha do homem.<br />

— É melhor calar a boca antes que eu corte sua língua fora. —<br />

Fredrique não falou muito depois disso.<br />

— Grace, chame os rapazes da sua segurança. Os homens de Marks deveram<br />

chegar em breve, mas vamos pedir umas algemas até aqui. —<br />

Quando acenou com a cabeça e foi até ao telefone, tudo que queria fazer era<br />

segurá-la, mas não havia jeito que estava deixando o homem sob ele ficar solto.<br />

Dentro de minutos, dois oficiais de segurança uniformizados entraram na sala.<br />

Smith saiu de cima de Fredrique após eles o algemarem e foi imediatamente para<br />

Grace. Ele próprio se enrolou em volta dela, cercando-a com o seu corpo, e quando<br />

os braços dela o envolveram, sentiu um alívio que o fez ficar de cabeça leve.<br />

Respirar o cheiro dela, sentir o seu calor de vida contra ele, achou que era nada<br />

menos que um milagre.<br />

294


GGrruuppooRRRR<br />

* * *<br />

Com a chegada do Tenente Marks e seus homens, o escritório de Grace se<br />

transformou em uma prisão de policiais.<br />

Fredrique foi carregado para fora, parecendo confuso e gago sobre ter havido<br />

algum tipo de erro.<br />

— Vocês poderiam nos dar um segundo, rapazes — , disse Smith sobre a cabeça<br />

de Grace para os seguranças e policiais se movimentando em volta.Os homens de<br />

azul estavam esperando para tomar o seu depoimento, mas precisava ficar sozinho<br />

com ela.<br />

Quando estavam sozinhos, ficou surpreso por a sentir endurecer contra ele.<br />

— Então, você me salvou, apesar de tudo — ela murmurou, afastando-se. —<br />

Irrompeu pela porta... e me salvou. Assim como um guarda-costas deve. —<br />

Ela foi até as janelas, movendo-se lentamente, como se não confiava em suas<br />

pernas. A mão que levantou até ao pescoço estava tremendo e olhou para os dedos,<br />

curiosamente, como se ela só agora ficasse percebendo o quanto estava tremendo.<br />

Smith fez uma careta, pensando na recuperação que ela tinha pela frente. Não<br />

foi ferida fisicamente, mas ela ia estar tremendo em sua própria pele por um<br />

tempo. Ele tinha visto isso antes. Havia passado por isso ele próprio.<br />

— Grace, você vai precisar de ajuda para superar isto. Eu posso recomendar<br />

alguém com quem você possa falar. —<br />

— Eu vou ficar bem. Embora seja muito amável da sua parte se preocupar. — Ela<br />

ficou rígida ao olhar para fora no piscar da cidade. — Você se importaria de chamar<br />

a polícia de volta? Estou me sentindo um pouco cansada e gostaria de ir para casa.<br />

—<br />

As palavras eram formais, sua voz numa falsa calma que lhe disse que estava a<br />

dois centímetros do topo do penhasco.<br />

— Grace... —<br />

— E por todos os meios, você deve ir agora. Você mais do que serviu o seu<br />

propósito. Você me salvou. —<br />

Houve um pequeno soluço após essa última palavra.<br />

— Eu não vou a lugar nenhum. —<br />

Sua mão foi até a base da sua garganta. — Não há nenhuma razão para você<br />

ficar. —<br />

295


— O que estou tentando dizer é... —<br />

GGrruuppooRRRR<br />

— Ou você vai me mandar prender pelo que eu fiz para Tiny? —<br />

Smith fez uma careta. — Falaremos sobre isso mais tarde. —<br />

— Não há mais tarde para nós. —<br />

— Sim, há. — Aproximou-se dela e a virou. — Eu não sei como isso vai funcionar,<br />

mas eu não posso te deixar. Fugindo de você esta tarde me senti mal, como se eu<br />

estava deixando uma parte de mim para trás. Eu não quero ficar sem você. Eu não<br />

sei se posso... viver sem você. —<br />

Seus olhos eram cautelosos. — E o que, sobre a Black Watch? E sobre o seu<br />

passado? —<br />

— Como você disse, nós vamos trabalhar nisso juntos. —<br />

— Oh, sério? — Ela saiu de seu alcance. — Você estava muito preocupado com<br />

isso antes, o que mudou? —<br />

Ele balançou a cabeça. — Nada. Tudo. —<br />

— Agora há uma resposta. — Ela sorriu tristemente. — Na verdade, isso é só o<br />

que eu esperava que você iria dizer. —<br />

Ele franziu o cenho. — Grace, eu... —<br />

Sua voz estava cansada quando o interrompeu. — Sinto muito, John. Mas eu não<br />

acho que aja qualquer coisa que você poderia me dizer que me convença de que<br />

todos os problemas que você viu entre nós desapareceram. —<br />

— E que tal isto. — Ele esperou até que ela olhou para cima. — Eu te amo. —<br />

Suas sobrancelhas se levantaram e ela abriu a boca ligeiramente.<br />

— Eu te amo. E eu não quero viver sem você. — Ele fez uma pausa. — Não vou<br />

fingir que de qualquer maneira eu tenho manuseado bem isto. Mas prometo<br />

melhorar ao longo do tempo. E eu sou treinável. Foi assim que eu consegui<br />

ultrapassar através do Exército. —<br />

E ofereceu-lhe um sorriso torto, esperando, como diabos ela iria acreditar nele.<br />

Acreditar neles. Agora que finalmente viu tudo o que tinham juntos, ele rezou para<br />

que não fosse tarde demais.<br />

Grace só ficava olhando para ele. Enquanto o silêncio se estendeu entre eles, um<br />

pavor frio se instalou na cova de seu estômago. Ela disse que iria demorar um<br />

inferno de um tempo para abrir seu coração para ele novamente e se perguntava se<br />

o seu amor era suficiente.<br />

Estava se preparando para pedir, quando ela se lançou para a frente.<br />

296


GGrruuppooRRRR<br />

Com uma estocada desajeitada, ela se agarrou a ele, quase o levando ao chão<br />

com a força de seu corpo.<br />

E se segurou tão duro, que ele achou que não seria capaz de respirar e não se<br />

importava se seria sufocado ou não.<br />

Quando os braços dela o desprenderam, inclinou-se e a beijou suavemente.<br />

— Eu te amo — , ele sussurrou, saboreando o brilho que irradiava de seu rosto.<br />

Correu um dedo por sua bochecha. — E eu quero que você saiba que eu estou<br />

pronto para mudar. Não vai ser fácil, mas... —<br />

— Pare de falar e me beije outra vez — , murmurou com um sorriso.<br />

— Você não tem que me pedir duas vezes, senhora — disse, enquanto colocava<br />

para baixo os lábios nos dela.<br />

Epílogo<br />

Na manhã seguinte, Grace sorriu enquanto estava deitada na cama e observava<br />

Smith sair do chuveiro. Seu grande corpo era dela para ter e manter, pensou. Cada<br />

centímetro de dura-rocha do mesmo.<br />

E o segurou duma bonita e difícil maneira na noite passada, se lembrou com<br />

satisfação.<br />

Enquanto ele girava para secar suas pernas, teve um vislumbre de onde o tinha<br />

arranhado em suas costas com as unhas.<br />

— Olha o que eu fiz com você — disse com uma careta.<br />

Ele olhou por cima do ombro em direção ao espelho. Quando se virou para ela,<br />

seu sorriso estava cheio de aprovação masculina.<br />

— Eu estou vestindo suas marcas com orgulho e na esperança para mais esta<br />

noite. —<br />

297


GGrruuppooRRRR<br />

Ele enrolou uma toalha na cintura apertada e, quando ela estendeu os braços<br />

para fora, se juntou a ela. Seu cabelo ainda estava húmido e cheirava como um<br />

homem limpo.<br />

Seu homem.<br />

Eu escolhi bem, pensou, enquanto olhava para os seus olhos azuis escuros.<br />

Quando ele deu uma risadinha no fundo de seu peito, levantou uma sobrancelha.<br />

— Eu só estou pensando em Tiny — disse ele. — Eu não posso acreditar que<br />

você deu Mace nele. —<br />

Grace corou. — Eu me sinto realmente mal por isso. —<br />

— Não se preocupe com isso. Ele é durão o suficiente para lidar com isso. Estou<br />

rindo porque é certo agora, que ele está revolvendo alguns ovos de plástico num<br />

avião no caminho para o Oriente Médio. Ele odeia comer no avião. —<br />

Ela franziu o cenho. — Foi isso que ia ser o seu próximo trabalho? —<br />

— Quando John assentiu com a cabeça, ela sentiu seus nervos mexer.<br />

— Você desejava que estivesse indo? —<br />

Ele balançou a cabeça.<br />

— Não. Sem dúvida, eu irei às vezes, mas esta manhã, eu quero estar aqui. — Ele<br />

caiu para um beijo.<br />

— Eu amo você, John, — sussurrou.<br />

Ele puxou de volta, com um olhar sério sobre o rosto. — Eu tenho algo que quero<br />

fazer. —<br />

— O quê? —<br />

— Eu quero te levar para jantar. —<br />

Ela sorriu. — Jantar? —<br />

Ele limpou a garganta. — Eu quero mostrar-me à sua porta com flores e alguma<br />

pequena bugiganga da Tiffany's. Eu quero levar você para sair, segurar a sua mão,<br />

puxar a cadeira para você. Tratá-la como uma dama. Ser o seu homem. —<br />

Grace riu baixinho.<br />

— Você sempre me tratou como uma dama. E eu não preciso de flores ou um<br />

jantar ou jóias. Eu só preciso de você. —<br />

Ele revirou mais para cima. — Bem, você me tem. —<br />

Ela estava prestes a beijá-lo, quando ele tomou o seu rosto nas mãos.<br />

298


GGrruuppooRRRR<br />

— Grace, me faça um favor. — Ele fez uma pausa. — Eu quero que você me<br />

chame de Ross. —<br />

Sua respiração ficou presa na garganta enquanto ela olhava em seus olhos.<br />

— Foi o nome com que eu nasci. Parece adequado que o deveria usar, agora que<br />

estou começando tudo de novo. Meu sobrenome foi-se para sempre, mas pelo<br />

menos eu posso ressuscitar a primeira metade. —<br />

— Ross — repetiu. — Eu te amo, Ross. —<br />

Ele trouxe seus lábios aos dele.<br />

— Oh, Deus, diga isso novamente. —<br />

Fim<br />

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