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CV Eugenio Barba Eugenio Barba nasce em 1936 ... - Odin Teatret

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<strong>CV</strong> <strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong><br />

<strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong> <strong>nasce</strong> <strong>em</strong> <strong>1936</strong>, num vilarejo do sul da Itália<br />

chamado Gallipoli, de uma família pobre que, antes da segunda<br />

guerra mundial, teve bastante poder na região. Com 14 anos vai para<br />

Nápoles e frequenta o Curso Clássico do colégio militar da<br />

Nunziatella. Após se formar, <strong>em</strong> 1954, <strong>em</strong>igra para a Noruega e<br />

começa atrabalhar como soldador. Em 1956 e 1957 trabalha como<br />

marinheiro num navio cargueiro e num petroleiro noruegueses.<br />

De volta à Oslo, matricula-se na Universidade e se forma <strong>em</strong><br />

Literatura Francesa e Norueguesa e <strong>em</strong> História das Religiões. Em<br />

seguida, retoma seu trabalho de soldador e frequenta os ambientes<br />

da esquerda estudantil. Em 1960 vive seis meses num kibutz de<br />

Israel.<br />

Ganha uma bolsa de estudo para cursar Direção na Escola<br />

Teatral de Varsóvia. Em 1961 abandona a escola para trabalhar num<br />

pequeno teatro experimental da cidadezinha polonesa de Opole, sob<br />

o comando do jov<strong>em</strong> e desconhecido diretor Jerzy Grotowski e do<br />

famoso crítico Ludvik Flaszen. Fica lá até abril de 1964, alternando o<br />

trabalho de assistente de direção, viagens na Europa para difundir<br />

notícias sobre as atividades de Grotowski e uma estadia de três<br />

meses no sul da Índia para estudar o Kathakali.<br />

Em outubro de 1964, funda <strong>em</strong> Oslo o <strong>Odin</strong> <strong>Teatret</strong>. Dois anos<br />

depois <strong>em</strong>igra com seu teatro para a Dinamarca, para a pequena<br />

cidade de Holstebro.<br />

Em quase 50 anos de atividade, o <strong>Odin</strong> <strong>Teatret</strong> e <strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong><br />

se tornam uma lenda do teatro cont<strong>em</strong>porâneo. Um punhado de<br />

pessoas criam uma tradição teatral independente e que influenciam<br />

tanta gente. Inventam um modo próprio de transmitir experiência,<br />

tanto na prática quanto na teoria, conduzindo inúmeros s<strong>em</strong>inários e<br />

giras e publicando livros e documentos filmados. Contribu<strong>em</strong> de<br />

forma inovadora para o crescimento da “ciência do teatro”: <strong>em</strong> 1979,<br />

<strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong> funda a ISTA (International School of Theatre<br />

Anthropology) e, <strong>em</strong> 2002, o CTLS (Centre for Theatre Laboratory<br />

Studies).<br />

Mas o que está no coração dessa imponente atividade de<br />

‘política cultural autônoma’, dando-lhe o sentido e o valor de uma<br />

conquistada diferença, é a incandescência dos espetáculos que<br />

<strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong> cria junto de seu pequeno grupo de atores.<br />

Espetáculos que encaram o horror da História e que ficam cravados<br />

na m<strong>em</strong>ória e na consciência de milhares de espectadores espalhados<br />

por todos os cantos do mundo.<br />

Entre os artistas que marcaram profundamente a história do<br />

teatro da segunda metade do século XX, <strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong> é o único que<br />

trabalhou e que ainda hoje trabalha de forma inovadora <strong>em</strong> todos os<br />

campos da cultura teatral: a criação artística; a transmissão das<br />

técnicas e do saber profissional; a pesquisa sobre a m<strong>em</strong>ória<br />

histórica; a investigação científica; o uso do teatro no contexto social,


como um instrumento transcultural para ativar relações entre grupos<br />

sociais e etnias diversas. O conjunto de suas atividades pode ser<br />

definido como o ex<strong>em</strong>plo de uma reinvenção global do teatro como<br />

“ilha de liberdade”, uma expressão muito cara a <strong>Barba</strong>.<br />

A reinvenção global do “mundo do teatro” parecia impossível e<br />

fora do t<strong>em</strong>po depois de Stanislávski, Craig, Meyerhold, Copeau e<br />

Brecht; ou seja, depois da geração daqueles que, na primeira metade<br />

do século XX, deram forma aos protótipos de um teatro futuro a<br />

partir de seus próprios fundamentos. No caso de <strong>Barba</strong>, o desafio<br />

para uma renovação completa do teatro passou a ser possível através<br />

do salto das grandes às pequenas dimensões, do teatro-institucional<br />

ao teatro-laboratório.<br />

Olhando para o futuro, pod<strong>em</strong>os nos perguntar: será que este<br />

“teatro reinventado” por <strong>Barba</strong>, esta “ilha de liberdade”, pode inspirar<br />

as novas gerações e aquelas que ainda estão por vir? Será que, no<br />

t<strong>em</strong>po, pode fazer ecoar a pergunta “qual o sentido de fazer teatro<br />

hoje”? Será que pode apontar para o valor das relações duradouras –<br />

pessoais e profissionais – e da dimensão artesanal da prática teatral?<br />

O legado de <strong>Eugenio</strong> <strong>Barba</strong>, o ultimo reformador teatral do<br />

século XX, é imenso. Ultrapassa as geografias e as culturas teatrais,<br />

e o que as fundamenta. Ultrapassa o próprio teatro como território de<br />

investigação do humano, como espaço para a construção de relações<br />

e como lugar para a reinvenção da realidade.

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