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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA<br />

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA<br />

GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL<br />

GIORDANO NEPOMUCENO DE CERQUEIRA<br />

Eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas: revisão e aplicação dos métodos em três tipos <strong>de</strong><br />

fundações<br />

FEIRA DE SANTANA<br />

2009<br />

1


GIORDANO NEPOMUCENO DE CERQUEIRA<br />

Eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas: revisão e aplicação dos métodos em três tipos <strong>de</strong><br />

fundações<br />

Orientadora: Prof. Maria do Socorro C. S. Mateus, D.Sc<br />

FEIRA DE SANTANA<br />

2009<br />

Monografia submetida ao corpo docente do<br />

Departamento <strong>de</strong> Tecnologia da Universida<strong>de</strong><br />

Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana como parte dos<br />

requisitos necessários para a obtenção do grau<br />

<strong>de</strong> bacharel em engenharia civil.<br />

2


GIORDANO NEPOMUCENO DE CERQUEIRA<br />

Eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas: revisão e aplicação dos métodos em três tipos <strong>de</strong><br />

fundações<br />

Feira <strong>de</strong> Santana, 21 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2009<br />

Aprovada por:<br />

Prof. Maria do Socorro C. S. Mateus, D.Sc<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana<br />

Eng.º Jonas Ma<strong>de</strong>ira Guimarães Neto<br />

Gunitest Fundações Especiais e Tecnologia Ltda<br />

Prof. Areobaldo Oliveira Aflitos, M.Sc.<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana<br />

Monografia submetida ao corpo docente do<br />

Departamento <strong>de</strong> Tecnologia da<br />

Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana<br />

como parte dos requisitos necessários para<br />

a obtenção do grau <strong>de</strong> bacharel em<br />

engenharia civil.<br />

3


Dedico este trabalho ao Engenheiro do<br />

Universo, Jeová Deus, a seu amado Mestre <strong>de</strong><br />

Obras, Jesus Cristo, aos meus pais, João Lopes<br />

e Ana Maria, e ao meu irmão Camilo, que<br />

foram a fonte <strong>de</strong> minhas forças para concretizálo.<br />

4


AGRADECIMENTOS<br />

Aos meus maiores amigos, Jeová Deus e Jesus Cristo, que me acompanharam nessa longa<br />

jornada e me <strong>de</strong>ram o apoio necessário para concluir mais esta etapa.<br />

Aos meus pais e irmão que me <strong>de</strong>ram apoio material e emocional.<br />

A professora Maria do Socorro, pela paciência e orientação.<br />

Aos meus companheiros <strong>de</strong> república, em especial a Jonas Ma<strong>de</strong>ira, que me ajudou na<br />

confecção <strong>de</strong>sse trabalho, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a sugestão do tema, fornecimento <strong>de</strong> material bibliográfico e<br />

estágio na empresa <strong>de</strong> geotecnia (Gunitest) <strong>de</strong> sua família.<br />

A todos na Gunitest pela contribuição à minha formação profissional na área <strong>de</strong> geotecnia, à<br />

engª. Aline Cruz, ao engº. Robson Machado, ao encarregado geral Jean Macedo e ao engº.<br />

Paulo Roberto, por ter me acolhido em sua empresa como estagiário.<br />

5


RESUMO<br />

Eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas: revisão e aplicação dos métodos em três tipos <strong>de</strong><br />

fundações<br />

Giordano Nepomuceno <strong>de</strong> Cerqueira<br />

Agosto/2009<br />

Orientador: Prof. Maria do Socorro C. S. Mateus, D.Sc<br />

Programa: Engenharia Civil<br />

O presente trabalho revisou algumas metodologias existentes para o estudo da<br />

eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas e fez uma aplicação em três locais: edifício comercial em<br />

Salvador-Ba, com fundações em estacas raiz, complexo <strong>de</strong> viadutos em Feira <strong>de</strong> Santana-Ba<br />

com fundações em estacas hélice contínua e São Carlos-SP a partir <strong>de</strong> dados publicados por<br />

Silva e Cintra (1996), resultados <strong>de</strong> testes em campo experimental. Para esse estudo, foram<br />

coletados parâmetros referentes a características do subsolo, projeto das fundações, método<br />

executivo das fundações adotadas e outros aspectos peculiares <strong>de</strong> cada local. Realizou-se<br />

pesquisa sobre o tema em livros, artigos, revistas e em fontes obtidas através do acesso à<br />

internet. A partir da revisão bibliográfica e dos dados coletados, foram aplicados e analisados<br />

alguns métodos para verificação da eficiência <strong>de</strong> estacas em grupos, consi<strong>de</strong>rando as<br />

diferentes características <strong>de</strong> cada caso. As análises mostraram que as equações existentes para<br />

o cálculo do fator <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupo fornecem valores próximos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tipo <strong>de</strong><br />

subsolo e do tipo <strong>de</strong> fundação.<br />

6


ABSTRACT<br />

Giordano Nepomuceno <strong>de</strong> Cerqueira<br />

August/2009<br />

Advisor: Prof. Maria do Socorro C. S. Mateus, D.Sc<br />

Program: Civil Engineering<br />

This work studies some methodologies about pile groups efficiency and its application to<br />

three different situations: a commercial building in Salvador-Ba, using root pile foundations,<br />

the bridgeways in Feira <strong>de</strong> Santana-Ba with continuous augered pile foundations and the<br />

results published by Silva e Cintra (1996) about some tests carried out at the experimental<br />

field in EESC-USP campus. Some parameters about subsoil characteristics, foundation <strong>de</strong>sign<br />

and the executive method were collected and some peculiarities of each them. It was done a<br />

review about pile groups efficiency from books, papers, periodic and internet. Based on<br />

review and collected data, some piles group efficiency methods were applied and analysed,<br />

consi<strong>de</strong>ring the different characteristics of the situations. The results showed that the obtained<br />

values using pile groups efficiency equations are almost the same, in dispite of subsoil or<br />

foundation characteristics.<br />

7


CAPÍTULO 2<br />

LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1- Bloco <strong>de</strong> fundação (Téchne, 2004) .........................................................................22<br />

Figura 2. Sapata isolada (Téchne, 2004) ................................................................................22<br />

Figura 3. Sapata associada (Téchne, 2004) ............................................................................22<br />

Figura 4 - Sapata corrida (Téchne, 2004) ...............................................................................22<br />

Figura 5. Vigas <strong>de</strong> fundação (http://grupoconstrumont.com.br) ............................................23<br />

Figura 6. Radier ou placa <strong>de</strong> fundação (Téchne, 2004) ..........................................................23<br />

Figura 7. Tubulão a céu aberto e ferramentas utilizadas na execução (JÚNIOR, 2007) .......24<br />

Figura 8. Estaca Strauss e Equipamentos Utilizados na sua Execução (JÚNIOR, 2007) .....29<br />

Figura 9. Estaca Franki e Equipamento <strong>de</strong> Execução (JÚNIOR, 2007) ..............................30<br />

Figura 10. Tubo-manchete <strong>de</strong> válvulas (indicadas pelas setas) múltiplas (AUTOR, 2008)...31<br />

Figura 11. Fases <strong>de</strong> execução das microestacas (LAMARE NETO, 1985, apud BENATI,<br />

2007) ......................................................................................................................................32<br />

Figura 12. Interstício anelar entre revestimento e pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação (AUTOR, 2008) ....36<br />

Figura 13. Broca tricone (AUTOR, 2007)..............................................................................37<br />

Figura 14. Martelo <strong>de</strong> fundo (AUTOR, 2008).......................................................................37<br />

8


Figura 15. Transpasse <strong>de</strong> segmentos <strong>de</strong> armadura (AUTOR, 2007)........................................38<br />

Figura 16. Demolição da argamassa do topo das estacas (AUTOR, 2007).............................40<br />

Figura 17. Bloco <strong>de</strong> coroamento das estacas (AUTOR, 2007)................................................40<br />

Figura 18. Fatores <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga em função do ângulo <strong>de</strong> atrito φ (CAPUTO, 1983)<br />

..................................................................................................................................................42<br />

Figura 19. Ensaio <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga em estaca (AUTOR, 2008)............................................50<br />

Figura 20. Esquema <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga em estaca (CAPUTO, 1983)......................................51<br />

CAPÍTULO 3<br />

Figura 21. Pilar <strong>de</strong> uma ponte fundada em grupo <strong>de</strong> 64 microestacas (PRADO, FARIA E<br />

VAZ, 2009)..............................................................................................................................57<br />

Figura 22. Bloco confeccionado acima do solo, usual <strong>de</strong> estruturas marinhas (BRAJA,<br />

1995)........................................................................................................................................57<br />

Figura 23. Distribuição <strong>de</strong> tensões no solo – teoria elástica (BELL, 1985).............................58<br />

Figura 24. Grupo <strong>de</strong> estacas em planta (BRAJA, 1995)..........................................................59<br />

Figura 25. Variação da eficiência <strong>de</strong> grupo em função <strong>de</strong> d/D (BRAND et al, 1972, apud<br />

BRAJA, 1995)..........................................................................................................................61<br />

Figura 26. Recalque <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas em vários estágios da carga teste (BRAND et al,<br />

1972, apud BRAJA, 1995)........................................................................................................62<br />

Figura 27. Resultados <strong>de</strong> testes mo<strong>de</strong>los da eficiência <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas em areia compacta<br />

(BRAJA, 1995).........................................................................................................................62<br />

9


Figura 28 (a). Comportamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas, sem elevação do bloco <strong>de</strong> coroamento,<br />

em relação à média do atrito superficial (LIU et al, 1985, apud BRAJA, 1995).....................64<br />

Figura 28 (b). Comportamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas com elevação do bloco <strong>de</strong> coroamento<br />

em relação à média do atrito superficial (LIU et al, 1985, apud BRAJA, 1995).....................64<br />

Figura 29. Variação da média do atrito lateral baseada na localização da estaca no grupo (LIU<br />

et al, 1985, apud BRAJA, 1995)...............................................................................................65<br />

Figura 30. Variação <strong>de</strong> Nc em função <strong>de</strong> H/B (BRAJA, 1995)...............................................66<br />

Figura 31. Configuração dos grupos (SILVA e CINTRA, 1996).............................................67<br />

Figura 32. Seção esquemática da geologia <strong>de</strong> pequena profundida<strong>de</strong> em São Carlos<br />

(BORTOLUCCI, 1983, apud SOARES, 2002).......................................................................67<br />

Figura 33. Esquema do método <strong>de</strong> Aoki e Lopes (1975); (a) estaca real e sua mo<strong>de</strong>lagem (b)<br />

modo <strong>de</strong> divisão das superfícies da base e do fuste (Velloso e Lopes, 2002, apud SANTANA,<br />

2008)........................................................................................................................................71<br />

Figura 34. Esquema do método <strong>de</strong> radier fictício (Velloso e Lopes, 2002, apud SANTANA,<br />

2008)........................................................................................................................................73<br />

Figura 35. Metodologia da estaca equivalente (RANDOLPH, 1994, apud SANTANA,<br />

2008).......................................................................................................................................74<br />

Figura 36. Ábacos <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> eficiência apresentados por Fleming et al, 1992, apud<br />

SANTANA, 2008..................................................................................................................77<br />

10


CAPÍTULO 4<br />

Figura 37. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados<br />

para o grupo <strong>de</strong> duas estacas..................................................................................................85<br />

Figura 38. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados<br />

para o grupo <strong>de</strong> quatro estacas.................................................................................................85<br />

Figura 39. Gráfico comparativo da eficiência real calculada através da equação extraída <strong>de</strong><br />

Braja (1995).............................................................................................................................86<br />

Figura 40. Gráfico com resultados <strong>de</strong> eficiência obtidos por Silva e Cintra (1996), com a<br />

consi<strong>de</strong>ração do bloco <strong>de</strong> coroamento (ηpc) e sem a contribuição do mesmo (ηpc’).............88<br />

Figura 41. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados<br />

para o grupo <strong>de</strong> estacas 1 x 2...................................................................................................88<br />

Figura 42. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados<br />

para o grupo <strong>de</strong> estacas 1 x 3....................................................................................................89<br />

Figura 43. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados<br />

para o grupo <strong>de</strong> estacas 2 x 2....................................................................................................89<br />

Figura 44. Gráfico comparativo da eficiência real calculada através da equação extraída <strong>de</strong><br />

Braja (1995) para os três grupos apresentados.........................................................................90<br />

Figura 45. Gráfico comparativo da eficiência real calculada através da equação extraída <strong>de</strong><br />

Braja (1995) para os dois grupos apresentados........................................................................94<br />

11


CAPÍTULO 2<br />

TABELAS<br />

LISTA DE TABELAS E QUADROS<br />

Tabela 1. Valores <strong>de</strong> carga admissível em função <strong>de</strong> algumas seções <strong>de</strong> estacas pré-moldadas<br />

<strong>de</strong> concreto (CAPUTO, 1983)..................................................................................................26<br />

Tabela 2. Seções <strong>de</strong> estacas pré-moldadas <strong>de</strong> concreto quadradas e sextavadas (JOPPERT JR,<br />

2007)........................................................................................................................................26<br />

Tabela 3. Seções <strong>de</strong> estacas pré-moldadas <strong>de</strong> concreto circulares (JOPPERT JR, 2007).......26<br />

Tabela 4. Valores <strong>de</strong> carga admissível em função <strong>de</strong> alguns diâmetros <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />

(CAPUTO, 1983).....................................................................................................................27<br />

Tabela 5. Principais características mecânicas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras brasileiras (OLIVEIRA FILHO,<br />

1985)........................................................................................................................................28<br />

Tabela 6. Vantagens e <strong>de</strong>svantagens das diferentes estacas (OLIVEIRA FILHO, 1985)......33<br />

Tabela 7. Principais características das diferentes estacas (OLIVEIRA FILHO, 1985).........34<br />

Tabela 8. Tubos <strong>de</strong> revestimento da estaca raiz (JOPPERT JR, 2007)...................................35<br />

Tabela 9. Coeficientes <strong>de</strong> atrito em função do tipo <strong>de</strong> solo (CAPUTO, 1983).......................43<br />

Tabela 10. Valores <strong>de</strong> F1 e F2 (LOBO, 2005)........................................................................44<br />

Tabela 11. Valores <strong>de</strong> k e α (LOBO, 2005)............................................................................45<br />

12


Tabela 12. Valores atribuídos a K (DÉCOURT & QUARESMA, 1978, apud LOBO,<br />

2005).......................................................................................................................................46<br />

Tabela 13. Valores atribuídos ao coeficiente α (QUARESMA et al, 1996, apud LOBO,<br />

2005).......................................................................................................................................46<br />

Tabela 14. Valores atribuídos ao coeficiente β (QUARESMA et al, 1996, apud LOBO,<br />

2005).......................................................................................................................................46<br />

Tabela 15. Valores <strong>de</strong> K (LIZZI, 1982, apud SODRÉ, 1996)................................................47<br />

Tabela 16. Valores <strong>de</strong> I (LIZZI, 1982, apud SODRÉ, 1996).................................................47<br />

Tabela 17. Valores <strong>de</strong> β1 e β2 (FUNDESP, 1990, apud SODRÉ, 1996)...............................48<br />

Tabela 18. Valores <strong>de</strong> β0 (FUNDESP, 1990, apud SODRÉ, 1996)......................................48<br />

Tabela 19. Valores <strong>de</strong> α e β (BRASFOND, 1991, apud SODRÉ, 1996)..............................49<br />

CAPÍTULO 3<br />

Tabela 20. Valores <strong>de</strong> carga última obtidos nas provas <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong> carga última dos grupos<br />

sem a contribuição do bloco (SILVA E CINTRA, 1996)....................................................68<br />

Tabela 21. Valores <strong>de</strong> eficiência para os ensaios realizados (SILVA E CINTRA, 1996)...69<br />

CAPÍTULO 4<br />

Tabela 22. Valores <strong>de</strong> eficiência obtidos pelas equações <strong>de</strong> Converse-Labarre e Braja......86<br />

13


QUADROS<br />

CAPÍTULO 2<br />

Quadro 1 - Características e proprieda<strong>de</strong>s mecânicas das rochas (CARNERO, 1995 modificado apud<br />

CARREGÃ, BALZAN, 1998)..............................................................................................................53<br />

Quadro 2 - β em função da natureza da rocha (SALAS, ALPAÑES E GONZALEZ, 1976)...................54<br />

Quadro 3. Valores utilizados no cálculo da constante α...........................................................55<br />

Quadro 4. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> RB.........................................................................55<br />

Quadro 5. Valores encontrados para Ae, Ap e RHt.....................................................................56<br />

Quadro 6. Valores encontrados para Qp...................................................................................56<br />

CAPÍTULO 3<br />

Quadro 7. Comparação entre características das metodologias <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

estacas (SANTANA, 2008)..............................................................................................................79<br />

CAPÍTULO 4<br />

Quadro 8. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η..........................................................................82<br />

Quadro 9. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η..........................................................................83<br />

Quadro 10. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η........................................................................83<br />

Quadro 11. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η........................................................................84<br />

Quadro 12. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η........................................................................88<br />

14


Quadro 13. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η.......................................................................88<br />

Quadro 14. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η.......................................................................89<br />

Quadro 15. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η.......................................................................89<br />

15


SUMÁRIO<br />

1. INTRODUÇÃO ...............................................................................................................17<br />

1.1 JUSTIFICATIVA...........................................................................................18<br />

1.2 OBJETIVOS...................................................................................................18<br />

1.2.1 Objetivo Geral.................................................................................................18<br />

1.2.2 Objetivos Específicos......................................................................................19<br />

1.3 HIPÓTESE.....................................................................................................19<br />

1.4 METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA...........................................20<br />

1.5 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA.............................................................21<br />

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................22<br />

2.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES E CARACTERÍSTICAS .................................. 24<br />

2.2 ESTACA RAIZ...............................................................................................34<br />

2.2.1 Fases <strong>de</strong> Execução das Estacas Raiz...............................................................36<br />

2.3 CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS (MOLDADAS “IN LOCO”).41<br />

2.3.1 Cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da estaca engastada na rocha.......................53<br />

3. EFICIÊNCIA DE GRUPO DE ESTACAS....................................................................57<br />

3.1 ESTACAS NA AREIA-estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo..................................62<br />

3.2 ESTACAS NA ARGILA-estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo...............................65<br />

3.3 ESTACAS EM AREIA ARGILOSA - estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo..........66<br />

3.4 ESTACAS NA ROCHA- estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo...............................69<br />

4. APLICAÇÃO DO ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE GRUPO DE ESTACAS...........81<br />

4.1 Obra localizada na avenida Manoel Dias da Silva, no bairro Pituba, na cida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> Salvador – BA.....................................................................................................................81<br />

4.2 Aplicação do estudo da eficiência para o caso já apresentado <strong>de</strong> Silva e Cintra<br />

(1996) ......................................................................................................................................87<br />

4.3 Complexo <strong>de</strong> viadutos em Feira <strong>de</strong> Santana-BA...........................................90<br />

5. CONCLUSÃO..................................................................................................................95<br />

REFERÊNCIAS ...................................................................................................................98<br />

ANEXOS................................................................................................................................102<br />

16


1 – INTRODUÇÃO<br />

A soli<strong>de</strong>z <strong>de</strong> uma edificação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, em primeiro lugar, <strong>de</strong> uma fundação bem<br />

dimensionada. Para isto, a engenharia tem evoluído a ponto <strong>de</strong> garantir que até as estruturas<br />

mais pesadas mantenham-se estáveis e, é claro, com recalques compatíveis com o tipo <strong>de</strong><br />

estrutura, mesmo em solos <strong>de</strong> baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte. A varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> sistemas,<br />

equipamentos e principalmente processos executivos é enorme, restando o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong><br />

i<strong>de</strong>ntificar a maneira mais a<strong>de</strong>quada, <strong>de</strong> acordo com as peculiarida<strong>de</strong>s da obra e do terreno.<br />

São muitas as possibilida<strong>de</strong>s quando se fala em fundações profundas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os<br />

variados tipos <strong>de</strong> estacas a tubulões, associadas às estruturas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s cargas ou<br />

características <strong>de</strong> solo superficial ruim. Quando os solos com baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga<br />

ocorrem em pequenas profundida<strong>de</strong>s, muitas vezes utilizam-se fundações profundas mesmo<br />

se a edificação for <strong>de</strong> pequeno porte (um ou dois pavimentos). É importante <strong>de</strong>stacar essa<br />

falsa idéia, que ocorre muitas vezes, <strong>de</strong> que fundação profunda serve apenas para obras <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong> porte. O que <strong>de</strong>fine o tipo <strong>de</strong> sistema é o conjunto estrutura e solo.<br />

Quando se utilizam fundações profundas, em geral, as cargas dos pilares são recebidas<br />

por um grupo e não apenas por um elemento. Isto se <strong>de</strong>ve a problemas <strong>de</strong> alinhamento,<br />

prováveis excentricida<strong>de</strong>s e para uma melhor distribuição das cargas da estrutura para o solo<br />

(BOWLES, 1982). Essa necessida<strong>de</strong>, portanto, <strong>de</strong> agrupar as fundações profundas nos leva a<br />

ter <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar alguns aspectos tais com a influência <strong>de</strong> um elemento no outro e no grupo<br />

como um todo, além do comportamento do grupo em relação ao solo. Esta influência é<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> grupo.<br />

A NBR 6122 (1996) <strong>de</strong>fine o efeito <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas como o processo <strong>de</strong> interação<br />

das diversas estacas que constituem uma fundação ou parte <strong>de</strong> uma fundação, ao transmitirem<br />

ao solo as cargas que lhes são aplicadas. Esta interação acarreta uma superposição <strong>de</strong> tensões,<br />

<strong>de</strong> tal sorte que o recalque do grupo <strong>de</strong> estacas para a mesma carga por estaca é, em geral,<br />

diferente do recalque da estaca isolada. O recalque admissível da estrutura <strong>de</strong>ve ser<br />

comparado com o recalque do grupo e não do elemento isolado da fundação.<br />

Devido à complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse assunto, é comum as empresas adotarem uma eficiência<br />

<strong>de</strong> 100% para os grupos <strong>de</strong> estacas, ignorando assim os efeitos <strong>de</strong>sse fenômeno, confiando-se<br />

em coeficientes <strong>de</strong> segurança.<br />

Este trabalho reuniu algumas das diferentes equações existentes para <strong>de</strong>terminação da<br />

eficiência <strong>de</strong> grupo e aplicou em três locais: edifício comercial em Salvador-Ba, com<br />

17


fundações em estacas raiz, complexo <strong>de</strong> viadutos em Feira <strong>de</strong> Santana-Ba com fundações em<br />

estacas hélice contínua e São Carlos-SP a partir <strong>de</strong> dados publicados por Silva e Cintra<br />

(1996), resultados <strong>de</strong> testes em campo experimental, visando estudar os parâmetros que são<br />

levados em consi<strong>de</strong>ração nas equações.<br />

1.1 - JUSTIFICATIVA<br />

A eficiência <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas é um parâmetro importante para a avaliação do<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> uma fundação profunda, porque mostra o quanto o <strong>de</strong>sempenho individual<br />

<strong>de</strong>sta fundação po<strong>de</strong>rá ser alterado quando o mesmo é colocado para trabalhar em um grupo.<br />

Segundo Silva e Cintra (1996), apesar <strong>de</strong> escassos os estudos do comportamento <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong><br />

estacas, tem-se verificado que o mesmo difere daquele <strong>de</strong>sempenhado pela estaca isolada.<br />

Nos grupos <strong>de</strong> estacas (ou quaisquer tipos <strong>de</strong> fundações profundas que possam trabalhar em<br />

grupos, como no caso <strong>de</strong> tubulões e caixões) ocorre superposição dos bulbos <strong>de</strong> pressão,<br />

como também, as estacas juntamente com o solo contido entre elas po<strong>de</strong>m agir como um<br />

bloco único, modificando, portanto, o mecanismo <strong>de</strong> ruptura do grupo. Entretanto, <strong>de</strong>ve-se<br />

observar que a carga última do conjunto não é, por isso, um múltiplo inteiro da carga última<br />

da estaca isolada.<br />

Enten<strong>de</strong>-se, portanto, que este tema representa uma oportunida<strong>de</strong> interessante para<br />

ampliar as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abordagens <strong>de</strong> aspectos supostamente consi<strong>de</strong>rados secundários,<br />

nos cursos <strong>de</strong> graduação e em projetos <strong>de</strong> fundações profundas, <strong>de</strong>vido a escassas pesquisas<br />

sobre o tema, no estudo das fundações.<br />

1.2 - OBJETIVOS<br />

1.2.1 - OBJETIVO GERAL<br />

Reunir algumas metodologias existentes sobre o estudo da eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

estacas e fazer a aplicação para diferentes situações, avaliando os fatores influentes no<br />

comportamento <strong>de</strong> estacas em grupos para perfis <strong>de</strong> solo distintos.<br />

18


1.2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />

1. Conhecer os métodos existentes para o cálculo do fator <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong><br />

estacas, incluindo diferentes tipos <strong>de</strong> estacas.<br />

2. Conhecer o projeto <strong>de</strong> fundações profundas, em especial o <strong>de</strong> estacas raiz<br />

utilizadas em uma das obras estudadas, pois se constitui no atual local <strong>de</strong> trabalho<br />

do autor <strong>de</strong>sta monografia, apresentar a sua seqüência executiva padrão para<br />

estacas do tipo raiz, comparando com o método executivo adotado na referida<br />

obra.<br />

3. Aplicar os métodos estudados ao grupo <strong>de</strong> algumas estacas injetadas e escavadas.<br />

4. Comparar os resultados obtidos no item 3.<br />

5. Discutir a importância e participação dos parâmetros fornecidos pelo ensaio <strong>de</strong><br />

1.3 - HIPÓTESE<br />

sondagem a percussão.<br />

As hipóteses apresentadas aqui têm origem em algumas discussões levantadas por<br />

profissionais que atuam em projetos e execução <strong>de</strong> fundações profundas.<br />

Baseado nos métodos <strong>de</strong> cálculo disponíveis para <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga das estacas injetadas, juntamente com a execução <strong>de</strong> estacas testes levadas à ruptura em<br />

provas <strong>de</strong> carga estática ou submetidas a ensaios não <strong>de</strong>strutivos em estacas da própria<br />

estrutura, tem-se verificado que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga admissível das estacas injetadas aten<strong>de</strong><br />

aos esforços solicitantes <strong>de</strong> projeto. No entanto, também se verifica, através dos resultados<br />

<strong>de</strong>ssas provas <strong>de</strong> carga, que os métodos semi-empíricos utilizados para o cálculo da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, em geral, estão a favor da segurança. Verifica-se também que o caráter<br />

19


<strong>de</strong>sses ensaios é predominantemente individual, não sendo suficientes para fornecerem<br />

informações substanciais quanto à interferência causada pela transferência <strong>de</strong> esforços entre<br />

estacas <strong>de</strong> um mesmo bloco.<br />

Apesar da adoção <strong>de</strong> coeficientes <strong>de</strong> segurança para a <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga admissível das estacas, fatores como distância entre estacas e método <strong>de</strong> execução<br />

interferem na forma como grupos <strong>de</strong> estacas transferem os esforços solicitantes da estrutura<br />

para o solo. A questão é prever com precisão o quanto e até quando esses fatores provocam<br />

interferências. Por exemplo, a distância mínima entre eixos <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> um mesmo bloco<br />

<strong>de</strong>verá ser <strong>de</strong> duas vezes e meia a três vezes o diâmetro <strong>de</strong>ssas estacas. Será que esse valor<br />

mínimo estará sempre garantindo uma boa eficiência no grupo?<br />

Outro aspecto está relacionado com as equações utilizadas para o cálculo da eficiência<br />

<strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas: estas equações conseguem representar todos os fatores intervenientes,<br />

incluindo a variabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos <strong>de</strong> solos existentes?<br />

1.4 - METODOLOGIA ADOTADA NA PESQUISA<br />

Para conhecer com certa profundida<strong>de</strong> o tema proposto nesta monografia e, também,<br />

conhecer os estudos <strong>de</strong>senvolvidos e avanços alcançados até o momento, realizou-se revisão<br />

bibliográfica buscando abranger livros, artigos técnico-científicos e materiais obtidos através<br />

do acesso à internet.<br />

A revisão bibliográfica também incluiu os diferentes tipos <strong>de</strong> fundações existentes,<br />

características, vantagens e <strong>de</strong>svantagens, métodos utilizados no cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

carga e, especificamente, os métodos executivos e <strong>de</strong> cálculo <strong>de</strong> estacas injetadas.<br />

Em seguida, como os métodos para cálculo da eficiência <strong>de</strong> grupo seriam aplicados a<br />

casos reais <strong>de</strong> obra, <strong>de</strong>finiu-se inicialmente uma obra com fundação em estaca raiz e, em<br />

seguida, mais outras duas obras. Realizou-se levantamento das informações relacionadas com<br />

as obras e as suas fundações, referentes ao tipo e localização do empreendimento, aspectos<br />

gerais, cargas nas fundações, furos <strong>de</strong> sondagem realizados no terreno, tipo <strong>de</strong> fundação<br />

utilizada, quantida<strong>de</strong>, disposição geométrica das fundações, dimensões, cota <strong>de</strong> apoio. Para a<br />

primeira obra, foram acrescentadas as etapas executivas das fundações, dados referentes aos<br />

materiais utilizados no processo executivo, registros fotográficos da obra e do processo<br />

executivo das fundações, para ilustrar e caracterizar <strong>de</strong>talhadamente um dos locais estudados.<br />

Buscou-se também verificar a existência <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> carga.<br />

20


Após a <strong>de</strong>scrição geral dos locais estudados, fez-se a aplicação e análise dos métodos<br />

para verificação da eficiência <strong>de</strong> estacas em grupos.<br />

Por fim, foram levantados os fatores que mais influem nos resultados, buscando<br />

subsídios em trabalhos encontrados na literatura.<br />

1.5 - ESTRUTURA DA MONOGRAFIA<br />

Na estruturação <strong>de</strong>sta monografia <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso, o capítulo 1 é a introdução, o<br />

capítulo 2 apresenta uma revisão bibliográfica das informações publicadas sobre fundações,<br />

características (método executivo, vantagens e <strong>de</strong>svantagens) <strong>de</strong> diversos tipos <strong>de</strong> fundações,<br />

superficiais e profundas, além <strong>de</strong> uma abordagem mais específica sobre as estacas raiz e a<br />

capacida<strong>de</strong> da carga <strong>de</strong> estacas moldadas “in loco”.<br />

O capítulo 3 apresenta um estudo bibliográfico específico sobre o comportamento <strong>de</strong><br />

grupos <strong>de</strong> estacas (eficiência), ou efeito <strong>de</strong> grupo, enquanto que no capítulo 4 é feita a<br />

aplicação do estudo <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupo para três casos apresentados.<br />

Por fim, no capítulo 5 são apresentadas as conclusões obtidas a partir do estudo e<br />

aplicação da eficiência <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas.<br />

21


2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

Segundo Caputo (1983), “chama-se fundação a parte <strong>de</strong> uma estrutura que transmite<br />

ao terreno subjacente a carga da obra”. Azeredo (1977), também apresenta uma <strong>de</strong>finição<br />

semelhante ao afirmar que “fundações são os elementos estruturais com função <strong>de</strong> transmitir<br />

as cargas da estrutura ao terreno on<strong>de</strong> elas se apóiam”.<br />

São diversos os tipos <strong>de</strong> fundações, e estes po<strong>de</strong>m ser reunidos em dois grupos<br />

principais: fundações superficiais (ou rasas) e fundações profundas.<br />

As fundações superficiais, empregadas quando as camadas pouco profundas do<br />

subsolo são suficientemente capazes <strong>de</strong> suportar as cargas, po<strong>de</strong>m se apresentar <strong>de</strong> várias<br />

formas: blocos <strong>de</strong> fundação (figura 1), sapatas isoladas (figura 2), associadas (figura 3) e<br />

corridas (figura 4), vigas <strong>de</strong> fundação (figura 5) e placas <strong>de</strong> fundação (“radiers ou “mat<br />

foundations”, figura 6). Segundo a NBR 6122/1996, a profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assentamento <strong>de</strong>ssas<br />

fundações “é inferior a duas vezes a menor dimensão da fundação”.<br />

Figura 1. Bloco <strong>de</strong> fundação (Revista Téchne, 2004) Figura 2. Sapata isolada (Revista Téchne, 2004)<br />

Figura 3. Sapata associada (Revista Téchne, 2004) Figura 4. Sapata corrida (Revista Téchne, 2004)<br />

22


Figura 5. Vigas <strong>de</strong> fundação (http://grupoconstrumont.com.br) Figura 6. Radier (Revista Téchne, 2004)<br />

Quando as camadas mais superficiais do subsolo não constituem um suporte a<strong>de</strong>quado<br />

para a estrutura, necessitando-se, portanto, recorrer a camadas profundas mais resistentes, faz-<br />

se uso das fundações profundas, cujos tipos principais são: estacas, tubulões e caixões. A<br />

NBR 6122/1996 <strong>de</strong>limita a fundação profunda a uma “profundida<strong>de</strong> superior ao dobro <strong>de</strong> sua<br />

menor dimensão em planta e, no mínimo, 3 m, salvo justificativa”.<br />

As estacas são elementos alongados (esbeltos), po<strong>de</strong>ndo ser prismáticas ou cilíndricas,<br />

instaladas no solo através <strong>de</strong> percussão, tendo como exemplos as estacas cravadas pré-<br />

moldadas <strong>de</strong> concreto, aço ou ma<strong>de</strong>ira, ou prévia perfuração do solo, sendo em seguida<br />

concretadas. Neste caso, são classificadas como “estacas escavadas” (JOPPERT JR, 2007),<br />

sendo representadas pelas estacas moldadas “in loco”.<br />

As estacas resistem aos esforços atuantes sobre elas <strong>de</strong> duas maneiras distintas: ou<br />

pelo atrito das pare<strong>de</strong>s laterais contra o terreno, chamado <strong>de</strong> “resistência <strong>de</strong> atrito lateral”<br />

(CAPUTO, 1983) e <strong>de</strong>nominadas estacas flutuantes, ou pelas reações exercidas pelo terreno<br />

sobre a ponta, conhecidas como “resistência <strong>de</strong> ponta” (ALONSO, 1983), <strong>de</strong>nominadas<br />

estacas carregadas <strong>de</strong> ponta, ou ainda <strong>de</strong> ambas as maneiras.<br />

As estacas po<strong>de</strong>m ser executadas verticais ou inclinadas e po<strong>de</strong>m estar submetidas a<br />

esforços <strong>de</strong> compressão, tração e flexão.<br />

Ao longo dos anos, muitas foram as técnicas <strong>de</strong>senvolvidas para fabricar e/ou executar<br />

estacas, originando tipos e nomes distintos, como por exemplo: Strauss, Franki Normal,<br />

Hélice contínua, Mega, Broca, Estacão (Escavada), Barrete e Raiz, <strong>de</strong>ntre outras.<br />

23


2.1 TIPOS DE FUNDAÇÕES E CARACTERÍSTICAS<br />

As fundações superficiais são uma opção interessante, pois para executá-las não é<br />

necessária a utilização <strong>de</strong> equipamentos e mão-<strong>de</strong>-obra especializada, necessitando-se apenas<br />

<strong>de</strong> uma equipe simples composta por armadores, carpinteiros e serventes. Isto torna a<br />

fundação direta atraente no que se refere ao aspecto econômico (JOPPERT JR, 2007).<br />

No que diz respeito ao aspecto técnico, é uma vantagem das fundações superficiais a<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inspeção do solo no qual a fundação está apoiada, aliada ao controle final <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> do material utilizado quanto à resistência e aplicação.<br />

analisada.<br />

Estes dois aspectos favorecem as fundações rasas como primeira solução a ser<br />

Por outro lado, as fundações profundas são executadas, normalmente, utilizando-se<br />

equipamentos e mão-<strong>de</strong>-obra especializados, a exemplo das estacas hélice contínua e estacas<br />

cravadas. Os tubulões a céu aberto (figura 7) necessitam utilizar uma equipe <strong>de</strong> poceiros, caso<br />

o poço seja escavado manualmente, ou uma perfuratriz rotativa, caso a execução seja<br />

mecânica.<br />

Figura 7. Tubulão a céu aberto e ferramentas utilizadas na execução (JOPPERT JR, 2007)<br />

24


Dentre as fundações profundas com elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte, Joppert Jr. (2007)<br />

afirma que o tubulão é uma solução atrativa economicamente, pois, além <strong>de</strong> ser extremamente<br />

barata a mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> escavação, o tubulão é preenchido com concreto simples (sem<br />

armação na base e fôrmas) com baixo consumo <strong>de</strong> cimento. No entanto, <strong>de</strong>vido a eventuais<br />

dificulda<strong>de</strong>s no corte e retirada do material do poço (presença <strong>de</strong> argila e siltes <strong>de</strong> consistência<br />

rija a dura, matacões ou pedregulho) ou ocorrência <strong>de</strong> água no subsolo, o preço da mão-<strong>de</strong>-<br />

obra po<strong>de</strong>rá sofrer aumento significativo.<br />

Quanto ao aspecto técnico, a adoção <strong>de</strong> tubulões é uma excelente opção <strong>de</strong> fundações,<br />

pois através do poço escavado po<strong>de</strong>-se verificar visualmente o solo <strong>de</strong> apoio e as dimensões<br />

finais <strong>de</strong> escavação do fuste e da base (JOPPERT JR, 2007).<br />

No caso <strong>de</strong> se executar tubulões em solo on<strong>de</strong> haja água e não seja possível esgotá-la<br />

<strong>de</strong>vido ao perigo <strong>de</strong> <strong>de</strong>smoronamento das pare<strong>de</strong>s, utilizam-se tubulões pneumáticos com<br />

camisa <strong>de</strong> concreto (on<strong>de</strong> o serviço será feito manualmente sob ar comprimido) ou <strong>de</strong> aço<br />

(cravada com auxílio <strong>de</strong> equipamentos a céu aberto, sendo apenas os serviços <strong>de</strong> abertura e<br />

concretagem da base feitos sob ar comprimido) (ALONSO, 1983).<br />

Quanto às estacas, sejam elas <strong>de</strong> aço, concreto ou ma<strong>de</strong>ira, também são necessários<br />

equipamentos e equipes especiais, para a instalação das mesmas no solo por cravação, através<br />

<strong>de</strong> equipamento percussivo.<br />

Para as estacas <strong>de</strong> concreto pré-moldado, uma gran<strong>de</strong> vantagem é que, uma vez que<br />

são fabricadas antes da sua utilização, é possível inspecionar e controlar o processo <strong>de</strong><br />

confecção das mesmas minuciosamente. Em geral, são empregadas em qualquer tipo <strong>de</strong> solo<br />

acima ou abaixo do nível <strong>de</strong> água subterrâneo e possuem duração quase ilimitada. Fazendo-se<br />

uma comparação com as estacas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, as pré-moldadas <strong>de</strong> concreto possibilitam uma<br />

redução dos volumes <strong>de</strong> escavação e <strong>de</strong> construção (TSCHEBOTARIOFF, 1978; OLIVEIRA<br />

FILHO, 1985; CAPUTO, 1983).<br />

Algumas <strong>de</strong>svantagens das estacas pré – moldadas que ainda persistem são as<br />

seguintes: peso consi<strong>de</strong>rável, transporte dificultado pela possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> quebra das estacas,<br />

sua cravação provoca vibrações consi<strong>de</strong>ráveis e, nos solos arenosos <strong>de</strong> baixa compacida<strong>de</strong>,<br />

provocam a <strong>de</strong>nsificação da massa em suas adjacências, ocorrendo gran<strong>de</strong>s diferenças entre os<br />

comprimentos cravados nas estacas <strong>de</strong> um mesmo bloco (OLIVEIRA FILHO, 1985). Outra<br />

<strong>de</strong>svantagem é que em terrenos pedregulhosos e resistentes, po<strong>de</strong>rão quebrar durante a<br />

cravação.<br />

25


Os valores <strong>de</strong> carga admissível em função <strong>de</strong> algumas seções <strong>de</strong> estacas pré-moldadas<br />

<strong>de</strong> concreto, aconselhados pela Norma Alemã DIN 1054 (1953) (apud CAPUTO, 1983), se<br />

encontram na tabela 1.<br />

Tabela 1. Valores <strong>de</strong> carga admissível em função <strong>de</strong> algumas seções <strong>de</strong> estacas pré-<br />

moldadas <strong>de</strong> concreto (CAPUTO, 1983)<br />

Estacas Pré-Moldadas <strong>de</strong> Concreto<br />

Seção (cm) Carga Admissível (tf)<br />

30 X 30 40<br />

35 X 35 48<br />

40 X 40 55<br />

Atualmente as estacas pré – moldadas são fabricadas no Brasil com seção quadrada e<br />

sextavada (tabela 2) e circular (tabela 3).<br />

Tabela 2. Seções <strong>de</strong> estacas pré-moldadas <strong>de</strong> concreto quadradas e sextavadas (JOPPERT JR,<br />

2007)<br />

Bitola<br />

quadrada(cm) Seção quadrada Seção sextavada<br />

Capacida<strong>de</strong> 15 x 15 17 x17 21,5 x 21,5 23,5 x 23,5 26,5 x 26,5 29,5 x 29,5 Ø 36 Ø 42 Ø 52<br />

estrutural(tf) 32 40 67 82 106 134 138 158 244<br />

Tabela 3. Seções <strong>de</strong> estacas pré-moldadas <strong>de</strong> concreto circulares (JOPPERT JR, 2007)<br />

Bitola circular (cm) 15 17 20 23 26 28 31 33 38 42 50 60 70<br />

Capacida<strong>de</strong> estrutural Maciça 18 25 35 50 64 75 93 107 145<br />

(tf) Vazada 60 63 85 105 120 162 225 300<br />

Quanto às estacas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, estas são cravadas no solo com bate-estacas <strong>de</strong><br />

pequenas dimensões e martelos leves. Antes da difusão da utilização do concreto, elas eram<br />

empregadas quando a camada <strong>de</strong> apoio das fundações se encontrava em profundida<strong>de</strong>s<br />

gran<strong>de</strong>s. Para sua utilização, é necessário que elas fiquem totalmente abaixo d’água<br />

(MELHADO et al, 2002), pois com a variação do nível <strong>de</strong> água durante sua vida útil, parte do<br />

fuste ficará submetida a ciclos <strong>de</strong> secagem e ume<strong>de</strong>cimento, provocando danos na seção da<br />

estaca. No entanto, segundo Tschebotarioff (1978), através da impregnação da ma<strong>de</strong>ira com<br />

26


produtos químicos variados (a exemplo do creosoto), é possível retardar o processo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>terioração.<br />

A utilização dos diversos tipos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do local em que as estacas serão<br />

executadas e da disponibilida<strong>de</strong> das mesmas na região. Suas qualida<strong>de</strong>s mais <strong>de</strong>sejáveis são<br />

durabilida<strong>de</strong> e resistência. As ma<strong>de</strong>iras que melhor se adaptam a este fim (em nosso país) são:<br />

aroeira, maçaranduba, eucalipto, peroba-do-campo, <strong>de</strong>ntre outras (CAPUTO, 1983).<br />

Os valores <strong>de</strong> carga admissível em função <strong>de</strong> alguns diâmetros <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira,<br />

segundo a Norma Alemã DIN 1054 (1953) (apud CAPUTO, 1983), se encontram na tabela 4.<br />

nacionais.<br />

Tabela 4. Valores <strong>de</strong> carga admissível em função <strong>de</strong> alguns diâmetros <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong><br />

ma<strong>de</strong>ira (CAPUTO, 1983)<br />

Estacas <strong>de</strong> Ma<strong>de</strong>ira<br />

Diâmetro (cm) Carga Admissível (tf)<br />

30 33<br />

35 38<br />

40 45<br />

A tabela 5 apresenta as principais características mecânicas <strong>de</strong> algumas ma<strong>de</strong>iras<br />

27


Tabela 5. Principais características mecânicas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras brasileiras (OLIVEIRA FILHO,<br />

1985)<br />

As estacas <strong>de</strong> aço ou metálicas po<strong>de</strong>m ser constituídas por perfis <strong>de</strong> aço laminados ou<br />

soldados (como, por exemplo, os perfis <strong>de</strong> seção I e H), tubos <strong>de</strong> chapa dobrada (seções<br />

circulares, quadradas ou retangulares), tubos sem costura e trilhos (estes geralmente<br />

reaproveitados após sua remoção <strong>de</strong> linhas férreas). Tanto os perfis quanto os trilhos po<strong>de</strong>m<br />

ser empregados como estacas em sua forma simples ou múltipla (duplos ou geminados,<br />

triplos, etc.) (SECRETARIA DE SERVIÇOS PÚBLICOS/PREFEITURA DO RECIFE,<br />

2004).<br />

As estacas <strong>de</strong> aço po<strong>de</strong>m ser cravadas em quase todos os tipos <strong>de</strong> terreno; possuem<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte e emenda; po<strong>de</strong>m atingir gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga; trabalham bem à<br />

flexão e, se utilizadas em serviços provisórios, po<strong>de</strong>m ser reaproveitadas várias vezes. No<br />

entanto, os perfis metálicos são corrosivos quando em contato com água, variação <strong>de</strong> umida<strong>de</strong><br />

e salinida<strong>de</strong>, sendo necessário, neste caso, prever um excesso <strong>de</strong> seção ou recobrimento do<br />

perfil com pintura especial asfáltica antes <strong>de</strong> sua cravação. Sua maior <strong>de</strong>svantagem é o custo<br />

maior em relação às estacas pré-moldadas <strong>de</strong> concreto, no entanto, se reaproveitadas, po<strong>de</strong>m<br />

sair mais barato (FILHO, 1985; MELHADO et al, 2002).<br />

28


As estacas moldadas “in loco” <strong>de</strong>stacam-se pela sua diversida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido às novas<br />

tecnologias empregadas na execução das mesmas. Algumas são mais simples, como é o caso<br />

das estacas broca, e outras mais mo<strong>de</strong>rnas, como as estacas ômega e hélice contínua<br />

monitorada.<br />

As estacas broca são estacas moldadas “in loco” através <strong>de</strong> preenchimento <strong>de</strong><br />

perfuração efetuada com trado manual ou mecânico, sem a utilização <strong>de</strong> revestimento. As<br />

estacas em questão, face às condições executivas, somente <strong>de</strong>vem ser utilizadas abaixo do<br />

nível <strong>de</strong> água se o furo pu<strong>de</strong>r ser esgotado antes da concretagem (DEPARTAMENTO DE<br />

ESTRADAS DE RODAGEM/SP, 2006). Em vista <strong>de</strong> suas características, como baixa<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga (geralmente entre 4 e 5 tf), comprimento máximo em torno <strong>de</strong> 6m, o fato<br />

<strong>de</strong> trabalhar apenas à compressão e não haver garantia <strong>de</strong> verticalida<strong>de</strong>, essas estacas são<br />

utilizadas apenas em casos limitados, sendo sua execução feita normalmente pelo próprio<br />

pessoal da obra (MELHADO et al, 2002).<br />

As estacas tipo Strauss (figura 8) são estacas ‘executadas por perfuração através <strong>de</strong><br />

bal<strong>de</strong> sonda (piteira), com uso parcial ou total <strong>de</strong> revestimento recuperável e posterior<br />

concretagem’ (NBR 6122, 1996).<br />

Figura 8. Estaca Strauss e Equipamentos Utilizados na sua Execução (JOPPERT JR, 2007)<br />

A estaca Strauss apresenta algumas vantagens: baixo custo, utiliza equipamento<br />

simples, não causa vibrações no terreno, po<strong>de</strong> ser moldada no local, evitando cortes e<br />

<strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> material. Porém, em geral possui capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga menor que estacas<br />

29


Franki e pré-moldadas <strong>de</strong> concreto e possui limitações <strong>de</strong>vido ao nível do lençol freático<br />

(ROGERIO, 1984; MELHADO et al, 2002).<br />

As estacas tipo Franki (figura 9) são <strong>de</strong> concreto armado moldado no solo, após<br />

cravação dinâmica <strong>de</strong> um tubo munido <strong>de</strong> bucha composta <strong>de</strong> areia e pedra, implantada na sua<br />

ponta inferior. A cravação ocorre através da queda livre <strong>de</strong> um pilão com peso variável (em<br />

função do diâmetro da estaca) sobre a bucha, fazendo com que a composição (tubo + bucha)<br />

vá penetrando no solo até atingir uma camada <strong>de</strong> solo com boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> suporte, cuja<br />

verificação é feita pela aferição das negas e energias <strong>de</strong> cravação (JOPPERT JR, 2007).<br />

As estacas Franki, quando bem executadas, guardando-se observância ao método e<br />

seus recursos, praticamente não sofrem restrições <strong>de</strong> emprego diante das características do<br />

subsolo (salvo solos constituídos por espessas camadas <strong>de</strong> solo muito mole). Uma outra<br />

vantagem da utilização <strong>de</strong>ssas estacas é que po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senvolver elevada carga <strong>de</strong> trabalho<br />

associada a recalques pequenos (HACHICH et al., 1998).<br />

Os maiores inconvenientes das estacas tipo Franki dizem respeito à vibração do solo<br />

durante a execução, área necessária ao bate-estacas e possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterações do concreto<br />

do fuste, por <strong>de</strong>ficiência do controle. Sua execução é sempre feita por firma especializada<br />

(BRITO, 1987, apud MELHADO et al, 2002).<br />

Figura 9. Estaca Franki e Equipamento <strong>de</strong> Execução (JOPPERT JR, 2007)<br />

30


As microestacas (pressoancoragens) constituem uma modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estaca escavada<br />

com injeção <strong>de</strong> calda <strong>de</strong> cimento. É executada mediante a tecnologia <strong>de</strong> tirantes injetados em<br />

múltiplos estágios com o auxílio <strong>de</strong> um tubo-manchete <strong>de</strong> válvulas múltiplas (figura 10), que<br />

impe<strong>de</strong>m o retorno da calda <strong>de</strong> cimento. Na injeção da bainha e posterior injeção <strong>de</strong> calda <strong>de</strong><br />

cimento em cada estágio <strong>de</strong> abertura das válvulas ou manchetes, são usadas altas pressões<br />

(normalmente <strong>de</strong> 1 a 3 MPa) (PRESA E POUSADA, 2001).<br />

Figura 10. Tubo-manchete <strong>de</strong> válvulas (indicadas pelas setas) múltiplas (AUTOR, 2008)<br />

Segundo Hachich et al (1998), as microestacas são estacas cuja execução compreen<strong>de</strong><br />

fundamentalmente cinco fases (figura 11) consecutivas:<br />

1. Perfuração auxiliada por circulação <strong>de</strong> água, semelhante à realizada na<br />

execução <strong>de</strong> estacas raiz;<br />

2. Instalação <strong>de</strong> tubo-manchete, <strong>de</strong> aço ou PVC rígido, dotado <strong>de</strong> válvulas<br />

espaçadas da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1m;<br />

3. Execução da “bainha”, injetando-se calda <strong>de</strong> cimento pela válvula inferior até<br />

extravasar pela boca do furo;<br />

4. Injeção da calda <strong>de</strong> cimento, através das <strong>de</strong>mais válvulas, após o início <strong>de</strong> cura<br />

da bainha, utilizando-se obturador;<br />

5. Vedação do tubo-manchete: a parte central do tubo manchetado é preenchida<br />

com nata <strong>de</strong> cimento ou com argamassa.<br />

31


Figura 11. Fases <strong>de</strong> execução das microestacas (LAMARE NETO, 1985, apud BENATI, 2007)<br />

As microestacas não <strong>de</strong>vem ser confundidas com as estacas raiz. Estas últimas são<br />

executadas mediante injeção <strong>de</strong> ar comprimido sobre a argamassa com baixas pressões,<br />

enquanto as microestacas são executadas através <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> calda <strong>de</strong> cimento com pressões<br />

elevadas, em que o tubo-manchete impe<strong>de</strong> o refluxo da calda sob pressão, durante a execução.<br />

Nas estacas raiz, ocorrem apenas notáveis irregularida<strong>de</strong>s ao longo do fuste, que favorecem a<br />

resistência por atrito lateral, ao passo que nas microestacas surgem protuberâncias (bulbos) ao<br />

longo do fuste da estaca, que melhoram substancialmente o comportamento da mesma<br />

(PRESA E POUSADA, 2001).<br />

São diversos os métodos <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> estacas, possuindo, cada uma <strong>de</strong>ssas, suas<br />

próprias características. A tabela 6 apresenta, em resumo, as vantagens e <strong>de</strong>svantagens das<br />

diferentes estacas e a tabela 7 as características das mesmas.<br />

32


Tabela 6. Vantagens e <strong>de</strong>svantagens das diferentes estacas (OLIVEIRA FILHO, 1985)<br />

Estacas Vantagens Desvantagens<br />

Ma<strong>de</strong>ira • Baixo preço;<br />

• Fácil emenda;<br />

• Resiste à cravação e<br />

transporte;<br />

• Fácil corte.<br />

Aço • Absorve cargas verticais e<br />

empuxos horizontais;<br />

• Fácil cravação e emendas.<br />

Prémoldadas<br />

<strong>de</strong><br />

concreto<br />

Moldadas<br />

“in loco”<br />

• Concreto <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>;<br />

• Boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga;<br />

• Emendas para seções<br />

anelares.<br />

• Eliminam transporte;<br />

• Comprimento variável;<br />

• Evitam vibrações na<br />

cravação.<br />

• Só para solos submersos;<br />

• Atacável por<br />

microorganismos.<br />

• Elevado custo;<br />

• Atacável por águas<br />

agressivas;<br />

• Comprimentos finais<br />

excessivos.<br />

• Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> transporte;<br />

• Armada para transporte e<br />

suspensão;<br />

• Limitadas em seção e<br />

comprimento;<br />

• Dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cravação em<br />

solos compactos.<br />

• Concreto <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>;<br />

• Problemas da pega do<br />

concreto;<br />

• Descontinuida<strong>de</strong> do fuste<br />

<strong>de</strong>corrente da recuperação do<br />

mol<strong>de</strong>;<br />

• Desalinhamento do fuste;<br />

• Danificação <strong>de</strong> estacas ainda<br />

em fase <strong>de</strong> cura.<br />

Brocas • Baixo custo. • Baixa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga.<br />

Strauss • Revestida – ponta aberta. • Concreto <strong>de</strong> má qualida<strong>de</strong>.<br />

Franki • Armadura do fuste. • Em solos arenosos e abaixo<br />

do nível <strong>de</strong> água,<br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

seccionamento do fuste.<br />

33


Tabela 7. Principais características das diferentes estacas (OLIVEIRA FILHO, 1985)<br />

Como um dos locais <strong>de</strong> estudo foi acompanhado passo a passo, que é a obra <strong>de</strong><br />

Salvador cujas fundações são em estaca raiz, esse tipo <strong>de</strong> fundação será <strong>de</strong>scrito neste<br />

trabalho em um item separadamente, conforme segue.<br />

2.2 ESTACA RAIZ<br />

A estaca raiz foi concebida na década <strong>de</strong> 50, em Nápoles, na Itália, pelo Diretor<br />

Técnico da empresa FONDEDILE SpA., Eng. Fernando Lizzi (LIZZI, 1982, apud SODRÉ,<br />

1996) e patenteada sob a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> “pali radice”.<br />

Essas estacas foram originalmente concebidas para reforço <strong>de</strong> fundações e<br />

melhoramento do terreno, imaginando-se criar com as mesmas um reticulado <strong>de</strong> estacas<br />

inclinadas em varias direções, lembrando as raízes <strong>de</strong> árvores, daí a <strong>de</strong>nominação estacas raiz.<br />

34


No início <strong>de</strong> sua comercialização, se utilizavam diâmetros <strong>de</strong> até 20 cm (daí a <strong>de</strong>nominação<br />

<strong>de</strong> “estacas <strong>de</strong> pequeno diâmetro”, como aparece na NBR 6122/86) (HACHICH et al, 1998).<br />

Atualmente, essas estacas são geralmente executadas com diâmetros entre 20 e 25 cm,<br />

chegando a alcançar até valores em torno <strong>de</strong> 40 cm e 50 cm’ (HACHICH et al, 1998). Em<br />

função disso, a NBR 6122 (1996) substituiu a <strong>de</strong>nominação <strong>de</strong> “estacas <strong>de</strong> pequeno diâmetro”<br />

por “estacas escavadas, com injeção”.<br />

A evolução das técnicas <strong>de</strong> execução das estacas raiz permitiu que a carga estrutural<br />

admissível (máxima) adotada fosse sendo aumentada, atingindo hoje valores que variam <strong>de</strong> 20<br />

a 100 tf para diâmetros entre 12 e 40 cm.<br />

Na Tabela 8, encontram-se os diâmetros nominais das estacas, diâmetros externos e<br />

internos dos tubos <strong>de</strong> revestimento mais usuais:<br />

Tabela 8. Tubos <strong>de</strong> revestimento da estaca raiz (JOPPERT JR, 2007)<br />

Diâmetro da estaca (mm) 100 120 150 160 200 250 310 410<br />

Diâmetro externo do tubo (mm) 89 102 127 141 168 220 273 356<br />

Diâmetro interno do tubo (mm) 73 86 109 122 146 224 284 384<br />

As estacas raiz também têm excelentes vantagens em comparação com outros tipos<br />

executados. Po<strong>de</strong>m, por exemplo, ser executadas com maiores inclinações, entre 0º e 90º,<br />

provocam reduzida <strong>de</strong>scompressão do terreno durante a execução e têm ausência <strong>de</strong> vibração,<br />

preservando a integrida<strong>de</strong> das estruturas adjacentes, principal opção em áreas industriais e em<br />

locais <strong>de</strong> construções antigas. Essas estacas também são i<strong>de</strong>ais para serem executadas em<br />

locais confinados ou com altura limitada, permitem atravessar terrenos resistentes (inclusive<br />

rocha), atingindo gran<strong>de</strong>s profundida<strong>de</strong>s, acima ou abaixo do lençol freático e, além do mais,<br />

possuem elevada capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, consi<strong>de</strong>rando suas pequenas seções.<br />

35


2.2.1 FASES DE EXECUÇÃO DAS ESTACAS RAIZ<br />

a) PERFURAÇÃO<br />

Na etapa <strong>de</strong> perfuração introduz-se no solo, por meio <strong>de</strong> rotação imposta por uma<br />

perfuratriz, uma tubulação munida na ponta <strong>de</strong> uma coroa mais larga que o diâmetro externo<br />

do tubo, formando a composição <strong>de</strong> revestimento (JOPPERT JR, 2007).<br />

Os <strong>de</strong>tritos gerados pela perfuração são expelidos pela circulação <strong>de</strong> água injetada com<br />

pressão na parte interna da tubulação <strong>de</strong> revestimento (do topo para a ponta), retornando pelo<br />

interstício anelar formado entre a pare<strong>de</strong> externa do tubo e a pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação (figura 12).<br />

Figura 12. Interstício anelar entre revestimento e pare<strong>de</strong> <strong>de</strong> escavação (AUTOR, 2008)<br />

Isso <strong>de</strong>termina, portanto, que o diâmetro acabado da estaca seja sempre consi<strong>de</strong>ravelmente<br />

maior que o diâmetro nominal da bateria <strong>de</strong> perfuração (SODRÉ, 1996).<br />

O revestimento é instalado ao longo <strong>de</strong> toda perfuração (em segmentos rosqueáveis),<br />

sendo sacado após o seu preenchimento com argamassa e instalação da armadura. No entanto,<br />

a NBR 6122/1996 faz uma ressalva ao afirmar que “as estacas tipo raiz são revestidas pelo<br />

menos em parte do seu comprimento”, ou seja, o revestimento do furo po<strong>de</strong> ser parcial<br />

36


(<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da natureza do terreno). Neste caso, a perfuração abaixo do tubo po<strong>de</strong> ocorrer<br />

com a utilização <strong>de</strong> tricone (figura 13) com auxílio <strong>de</strong> circulação <strong>de</strong> água ou com elementos<br />

estabilizantes das pare<strong>de</strong>s das perfurações (JOPPERT JR, 2007).<br />

Figura 13. Broca tricone (AUTOR, 2007)<br />

Quando há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se ultrapassar matacões, rochas ou qualquer interferência<br />

resistente à perfuração com broca tricone, utilizam-se ferramentas especiais, como coroa com<br />

pastilhas <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>a e o martelo <strong>de</strong> fundo (figura 14) <strong>de</strong> rotopercussão tipo DTH (down the<br />

hole): equipamento acionado por ar – comprimido (SOLOTRAT, 2003), <strong>de</strong>ntre outros.<br />

Figura 14. Martelo <strong>de</strong> fundo (AUTOR, 2008)<br />

37


) ARMAÇÃO<br />

Concluída a perfuração, o Manual <strong>de</strong> Especificações <strong>de</strong> Produtos e Procedimentos<br />

(ABEF, 2004) recomenda que a armadura <strong>de</strong>sça à profundida<strong>de</strong> alcançada durante a<br />

perfuração até apoiar-se no fundo do furo. Esta po<strong>de</strong> ser constituída <strong>de</strong> uma ou mais barras <strong>de</strong><br />

aço <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência melhorada ou, para as estacas <strong>de</strong> maior diâmetro, <strong>de</strong> várias barras montadas<br />

em gaiola ou <strong>de</strong> um tubo (LIZZI, 1982, apud SODRÉ, 1996). A armação <strong>de</strong>ve ser implantada<br />

ao longo <strong>de</strong> toda a estaca, po<strong>de</strong>ndo ter a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aço transversal variável <strong>de</strong> acordo com<br />

os esforços atuantes (JOPPERT JR, 2007).<br />

Para evitar contato da armadura com o solo, no caso do tubo <strong>de</strong> revestimento não ser<br />

usado ao longo <strong>de</strong> toda a perfuração, é recomendável o uso <strong>de</strong> elementos espaçadores, que ao<br />

mesmo tempo atuam como centralizadores da armadura no furo.<br />

Os diversos segmentos <strong>de</strong> armaduras são ligados entre si por simples sobreposição, ou<br />

transpasse (figura 15), para as estacas submetidas à compressão (sendo que pequenos pontos<br />

<strong>de</strong> solda fixam as barras transpassadas), e com luva no caso das estacas submetidas à tração.<br />

Figura 15. Transpasse <strong>de</strong> segmentos <strong>de</strong> armadura (AUTOR, 2007)<br />

38


c) INJEÇÃO<br />

Uma vez instalada a armadura, é introduzido o tubo <strong>de</strong> injeção (geralmente <strong>de</strong> PVC<br />

com diâmetro <strong>de</strong> 1 ½ “ ou 1 ¼ “) até o final da perfuração para proce<strong>de</strong>r a injeção, <strong>de</strong> baixo<br />

para cima, até que a argamassa extravase pela parte superior do tubo <strong>de</strong> revestimento,<br />

garantindo-se assim que a água ou a lama <strong>de</strong> perfuração sejam substituídas pela argamassa. A<br />

argamassa é confeccionada em um misturador <strong>de</strong> alta turbulência, geralmente acionado por<br />

motor-bomba, para garantir a homogeneida<strong>de</strong> da mistura. (http://www.aeas.org.br,<br />

20/06/2008).<br />

Segundo a NBR 6122/1996, uma estaca escavada com injeção (neste caso específico, a<br />

estaca raiz) “<strong>de</strong>ve ter consumo <strong>de</strong> cimento não inferior a 600 kg/m 3 ”. O traço normalmente<br />

utilizado contém 80 litros <strong>de</strong> areia para 50 kg <strong>de</strong> cimento e 20 a 25 litros <strong>de</strong> água, para se<br />

obter uma argamassa com uma resistência característica acima <strong>de</strong> 20 MPa.<br />

Quando a argamassa está saindo pela parte superior do tubo <strong>de</strong> revestimento, é<br />

rosqueada no topo do tubo uma tampa metálica ligada a um compressor para aplicação <strong>de</strong><br />

golpes <strong>de</strong> ar comprimido, “com pressões <strong>de</strong> 0,5 kg/cm 2 a 4 kg/cm 2 ” (JOPPERT JR, 2007), ao<br />

mesmo tempo em que se extrai o revestimento com auxílio do macaco hidráulico. À medida<br />

que os tubos vão sendo extraídos, o nível da argamassa no interior dos tubos sofre abatimento,<br />

necessitando ser completado antes da aplicação <strong>de</strong> novos golpes <strong>de</strong> ar comprimido. Esta<br />

operação é repetida várias vezes até a conclusão da retirada do revestimento.<br />

Uma vez que a injeção da estaca raiz obriga seu preenchimento até a superfície do<br />

terreno, existirá um excesso <strong>de</strong> argamassa que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>molido (figura 16), no mínimo um<br />

dia após a execução da estaca (ABEF, 2004).<br />

39


Figura 16. Demolição da argamassa do topo das estacas (AUTOR, 2007)<br />

Essa <strong>de</strong>molição (ou arrasamento) <strong>de</strong>ve ser feita para a execução do bloco <strong>de</strong> coroamento<br />

(figura 17), para embutir o topo da estaca, “no mínimo 5 cm” (ABEF, 2004), <strong>de</strong>ntro do bloco,<br />

e acima do lastro <strong>de</strong> concreto, tomando-se a precaução <strong>de</strong> que a armadura, que é parte<br />

fundamental da resistência, fique ancorada a<strong>de</strong>quadamente ao bloco <strong>de</strong> coroamento.<br />

Figura 17. Bloco <strong>de</strong> coroamento das estacas (AUTOR, 2007)<br />

40


2.3 CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS MOLDADAS “IN LOCO”<br />

De acordo com a NBR 6122 (1996), a <strong>de</strong>terminação da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma<br />

estaca isolada “po<strong>de</strong> ser obtida por métodos estáticos, prova <strong>de</strong> carga e métodos dinâmicos”<br />

(no caso <strong>de</strong> estacas cravadas)<br />

As fórmulas estáticas “baseiam-se nas características do terreno, as quais <strong>de</strong>verão ser<br />

<strong>de</strong>terminadas experimentalmente em cada caso” (CAPUTO, 1983).<br />

Os métodos estáticos po<strong>de</strong>m ser classificados em 3 tipos: métodos racionais ou<br />

teóricos, métodos semi-empíricos e empíricos (VELLOSO E LOPES, 2002). Os métodos<br />

racionais ou teóricos utilizam soluções clássicas <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga a partir <strong>de</strong> parâmetros<br />

do solo como ângulo <strong>de</strong> atrito e coesão. Já os métodos semi-empíricos baseiam-se em<br />

correlações entre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do elemento com resultados <strong>de</strong> ensaios “in situ” como<br />

o CPT e o SPT (LOBO, 2005). Por fim, os métodos puramente empíricos estimam a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga apenas pela classificação das camadas <strong>de</strong> solos atravessadas pelas<br />

fundações (NIENOV, 2006).<br />

O estabelecimento das fórmulas estáticas se <strong>de</strong>u em <strong>de</strong>corrência das críticas e<br />

restrições que sobrevieram às fórmulas dinâmicas e <strong>de</strong>vido ao surgimento <strong>de</strong> estacas<br />

moldadas “in loco”, às quais não eram compatíveis com a aplicação <strong>de</strong> fórmulas <strong>de</strong> cravação,<br />

pois a execução e o conseqüente comportamento, no que diz respeito à interação estaca-solo<br />

eram diferenciados (CAPUTO, 1983).<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> estacas “é dada pela soma <strong>de</strong> duas parcelas”: a “parcela<br />

correspon<strong>de</strong>nte ao atrito lateral” e a “parcela correspon<strong>de</strong>nte à resistência (capacida<strong>de</strong>) <strong>de</strong><br />

ponta” (NBR 6122, 1996). Sendo assim,<br />

R = Ra + Rρ (1)<br />

on<strong>de</strong>, Ra é a resistência (capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga) <strong>de</strong> atrito lateral, Rρ é a resistência (capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> carga) <strong>de</strong> ponta e R, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da estaca.<br />

“Se Rρ >> Ra diz-se que a estaca trabalha <strong>de</strong> ponta e se Ra >> Rρ diz-se que a estaca<br />

trabalha por atrito (é a chamada estaca flutuante)” (CAPUTO, 1983).<br />

A resistência <strong>de</strong> base ou ponta para uma fundação circular <strong>de</strong> raio r (caso geral das<br />

estacas moldadas “in loco”) escreve-se:<br />

41


Rp = πr 2 ρrr (2)<br />

on<strong>de</strong> ρrr po<strong>de</strong> ser calculada pela fórmula semi-empírica <strong>de</strong> Terzaghi apresentada abaixo:<br />

ρrr = 1,3cNc + 0,6γrNγ + γhNq (3)<br />

on<strong>de</strong> a primeira parcela refere-se a coesão, a segunda refere-se ao atrito e a última à<br />

sobrecarga.<br />

Os termos adimensionais Nc, Nγ e Nq são chamados <strong>de</strong> “fatores <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

suporte, função do ângulo <strong>de</strong> atrito interno do solo” (NIENOV, 2006). Terzaghi chegou às<br />

seguintes expressões para seus cálculos:<br />

sendo α = e [(3π/4)-(φ/2)]tgφ .<br />

(4)<br />

(5)<br />

-1) (6)<br />

Para os dois tipos <strong>de</strong> ruptura (generalizada e localizada) obtém-se, em função <strong>de</strong> φ (ângulo <strong>de</strong><br />

atrito), os valores <strong>de</strong> Nc, Nγ e Nq (CAPUTO, 1983), fornecidos pelo ábaco apresentado na<br />

figura 18.<br />

Figura 18. Fatores <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga em função do ângulo <strong>de</strong> atrito φ (CAPUTO, 1983)<br />

42


Os <strong>de</strong>mais elementos apresentados na fórmula <strong>de</strong> Terzaghi são <strong>de</strong>signados como:<br />

coesão (c), peso específico do solo (γ) e h (profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação da base da<br />

fundação).<br />

Os fatores Nc, Nγ e Nq referem-se à ruptura generalizada, para o caso <strong>de</strong> “solos<br />

argilosos rijos a duros e arenosos compactos a muito compactos” (JOPPERT JR, 2007). Em<br />

se tratando <strong>de</strong> ruptura localizada, os fatores a usar serão N’c, N’γ e N’q (figura 18), para “solos<br />

argilosos moles e arenosos fofos” (JOPPERT JR, 2007), adotando-se um φ’ dado por tg φ’ =<br />

2/3tg φ e c’ = 2/3c. Os valores N’ são obtidos adotando-se φ’ nas linhas cheias ou φ nas linhas<br />

tracejadas.<br />

A resistência <strong>de</strong> atrito lateral (Ra) será calculada pela seguinte expressão:<br />

Ra = 2πrhf (7)<br />

on<strong>de</strong> f é o coeficiente <strong>de</strong> atrito entre o solo e a fundação. Os seus valores, para fins práticos,<br />

são apresentados na tabela 9.<br />

Tabela 9. Coeficientes <strong>de</strong> atrito em função do tipo <strong>de</strong> solo (CAPUTO, 1983)<br />

Tipo <strong>de</strong> solo f(t/m 2 )<br />

solo orgânico ou argila mole 0,5<br />

silte e areia fina solta 0,5 a 2<br />

areia argilosa solta e argila média 2 a 5<br />

argila rija 5 a 10<br />

Segundo Lobo (2005) como o ensaio <strong>de</strong> SPT é geralmente o único ensaio <strong>de</strong> campo<br />

disponível, difundiu-se no Brasil a prática <strong>de</strong> relacionar medidas <strong>de</strong> Nspt diretamente com a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> estacas. Embora os métodos (semi-empíricos) normalmente adotados<br />

constituírem-se em ferramentas valiosas á engenharia <strong>de</strong> fundações é importante reconhecer<br />

que, <strong>de</strong>vido a sua natureza estatística, a valida<strong>de</strong> está limitada a prática construtiva regional e<br />

às condições específicas dos casos históricos utilizados em seu estabelecimento (Schnaid,<br />

2000, apud LOBO, 2005). Dois dos métodos semi-empíricos consagrados nacionalmente <strong>de</strong><br />

previsão <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga são os métodos <strong>de</strong> Aoki & Velloso (1975) e o <strong>de</strong> Décourt &<br />

Quaresma (1978).<br />

43


O método <strong>de</strong> Aoki & Velloso (1975) foi concebido originalmente a partir da<br />

comparação <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga em estacas com resultados <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> cone.<br />

Para que a metodologia proposta possa ser aplicada à ensaios <strong>de</strong> penetração dinâmica, <strong>de</strong>ve-se<br />

utilizar um coeficiente <strong>de</strong> conversão “k” da resistência da ponta do cone para Nspt. A<br />

expressão da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga última é representada pela equação (8):<br />

on<strong>de</strong>, Ap representa a área da seção transversal da estaca, U, o perímetro da estaca e ∆L, o<br />

segmento <strong>de</strong> estaca que está sendo calculado.<br />

Os coeficientes “F1” e “F2” são fatores <strong>de</strong> correção das resistências <strong>de</strong> ponta e lateral<br />

que levam em conta diferenças <strong>de</strong> comportamento entre a estaca e o cone estático. Na tabela<br />

10 são apresentados os valores <strong>de</strong> “F1” e “F2” originalmente propostos por Aoki & Velloso<br />

(1975), os valores propostos por Laprovitera (1988) & Benegas (1993) e os coeficientes<br />

propostos <strong>de</strong> Monteiro (1997).<br />

Tabela 10. Valores <strong>de</strong> F1 e F2 (LOBO, 2005)<br />

Os coeficientes “k” e “α” são <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do tipo <strong>de</strong> solo e, assim como os valores <strong>de</strong><br />

“F1” e “F2”, existem trabalhos recentes sugerindo novos valores. Na tabela 11 são<br />

(8)<br />

44


apresentados os valores <strong>de</strong> “k” e “α” propostos originalmente por Aoki & Velloso (1975), os<br />

valores propostos por Laprovitera (1988) e por Monteiro (1997).<br />

Tabela 11. Valores <strong>de</strong> k e α (LOBO, 2005)<br />

O método <strong>de</strong> Décourt & Quaresma (1978) é um método expedito <strong>de</strong> estimativa da<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> ruptura baseada exclusivamente em resultados <strong>de</strong> ensaio SPT.<br />

Inicialmente esta metodologia foi <strong>de</strong>senvolvida para estacas pré-moldadas <strong>de</strong> concreto e<br />

posteriormente foi estendida para outros tipos <strong>de</strong> estacas, como estacas escavadas em geral,<br />

hélice contínua e injetadas. Na segunda versão, Décourt & Quaresma (1982) procuram<br />

aperfeiçoar o método na estimativa da carga lateral. Deste modo, a expressão final <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga proposta pelos autores e apresentada na equação (9):<br />

on<strong>de</strong>, Np é o mesmo Nspt médio da ponta, Ap é a seção transversal da ponta da estaca, K é o<br />

coeficiente que relaciona a resistência <strong>de</strong> ponta com o valor Np em função do tipo <strong>de</strong> solo<br />

(tabela 12), U é o perímetro da estaca e Nm é o mesmo Nspt médio ao longo do fuste.<br />

(9)<br />

45


Tabela 12. Valores atribuídos a K (DÉCOURT & QUARESMA, 1978, apud LOBO, 2005)<br />

Na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> Nm, os valores <strong>de</strong> Nspt menores que 3, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados<br />

iguais a 3 e os maiores que 50 <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados iguais a 50. Os valores dos<br />

coeficientes α e β apresentados na tabela 13 foram sugeridos por Quaresma et al (1996). Estes<br />

valores são apresentados nas tabelas 13 e 14 a seguir:<br />

Tabela 13. Valores atribuídos ao coeficiente α (QUARESMA et al, 1996, apud LOBO, 2005)<br />

Tabela 14. Valores atribuídos ao coeficiente β (QUARESMA et al, 1996, apud LOBO, 2005)<br />

Especificamente para o cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> estacas raiz, as fórmulas<br />

empíricas propostas por Lizzi (1982), Cabral (1986) e Brasfond (1991) são as que mais se<br />

<strong>de</strong>stacam (SODRÉ, 1996) e são <strong>de</strong>scritas a seguir <strong>de</strong> acordo com Sodré (1996).<br />

Segundo Lizzi (1982), a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga última da estaca raiz é dada por:<br />

Plim = πDLKI (10)<br />

46


on<strong>de</strong> D é o diâmetro nominal da estaca, ou seja, o diâmetro <strong>de</strong> perfuração, L é o<br />

comprimento da estaca, K é o coeficiente que representa a interação média entre a estaca e o<br />

solo, ou seja, a a<strong>de</strong>rência solo-estaca, ou as tensões induzidas no solo pela estaca, ou a coesão<br />

do solo, etc (tabela 15) e I, o coeficiente adimensional <strong>de</strong> forma, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do diâmetro<br />

nominal da estaca (tabela 16).<br />

Tabela 15. Valores <strong>de</strong> K (LIZZI, 1982, apud SODRÉ, 1996)<br />

Solo K(kPa)<br />

Mole 50<br />

Solto 100<br />

Medianamente compacto 150<br />

Muito compacto 200<br />

Tabela 16. Valores <strong>de</strong> I (LIZZI, 1982, apud SODRÉ, 1996)<br />

Diâmetro da estaca (m) I<br />

0,10 1,00<br />

0,15 0,90<br />

0,20 0,85<br />

0,25 0,80<br />

De acordo com Cabral (1986), a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga a compressão <strong>de</strong> uma estaca raiz,<br />

com um diâmetro final D ≤ 45 cm e injetada com uma pressão σ ≤ 0,4 MPa, po<strong>de</strong> ser obtida<br />

através da equação 11:<br />

Pr = Pl + Pp (11)<br />

on<strong>de</strong>, Pr é a carga <strong>de</strong> ruptura, Pl, a carga resistida pelo atrito lateral e Pp, a carga<br />

resistida pela ponta (obs: segundo a NBR 6122/1996, as estacas escavadas com injeção,<br />

quando não penetrarem na rocha, <strong>de</strong>vem ser dimensionadas levando em conta apenas o atrito<br />

lateral)<br />

A carga resistida pelo atrito lateral (Pl) é encontrada através da seguinte equação:<br />

47


Pl = Σβ0β1NU∆l (12)<br />

on<strong>de</strong>, N é igual ao SPT (golpes/30 cm), U é o perímetro final da estaca, β1, um<br />

coeficiente encontrado a partir da tabela 17 e β0 é, também, um coeficiente encontrado através<br />

da equação 13, com o auxílio da tabela 18.<br />

β0 = 1 + 0,10σ – 0,01D (13)<br />

on<strong>de</strong>, D é o diâmetro final da estaca em centímetros e σ é a pressão <strong>de</strong> injeção.<br />

Tabela 17. Valores <strong>de</strong> β1 e β2 (FUNDESP, 1990, apud SODRÉ, 1996)<br />

Solo β1 (%) β 2<br />

Areia 7 3<br />

Areia siltosa 8 2,8<br />

Areia argilosa 8 2,3<br />

Silte 5 1,8<br />

Silte arenoso 6 2<br />

Silte argiloso 3,5 1<br />

Argila 5 1<br />

Argila arenosa 5 1,5<br />

Argila siltosa 4 1<br />

Tabela 18. Valores <strong>de</strong> β0 (FUNDESP, 1990, apud SODRÉ, 1996)<br />

D σ 0 1 2 3<br />

10 0,90 1,01 1,12 1,23<br />

12 0,88 0,99 1,10 1,21<br />

15 0,85 0,96 1,07 1,18<br />

16 0,84 0,95 1,06 1,17<br />

20 0,80 0,91 1,02 1,13<br />

25 0,75 0,86 0,97 1,08<br />

31 0,69 0,80 0,91 1,02<br />

42 0,58 0,69 0,80 0,91<br />

48


estaca.<br />

A carga resistida pela ponta (Pp) é calculada através da seguinte equação (14):<br />

Pp = β0β2NAb (14)<br />

on<strong>de</strong>, Ab é a área da base da estaca, β0β1N ≤ 0,2 MPa e β0β2N ≤ 5 MPa.<br />

O valor a ser adotado para σ <strong>de</strong>ve ser analisado em conjunto com a firma executora da<br />

Para a comprovação dos valores <strong>de</strong> β0, β1 e β2, é recomendada a realização <strong>de</strong> testes,<br />

em provas <strong>de</strong> carga à compressão, <strong>de</strong> preferência logo no início da obra (SODRÉ, 1996).<br />

Segundo Brasfond (1991) (apud SODRÉ, 1996), a carga <strong>de</strong> ruptura (Pr) po<strong>de</strong> ser<br />

encontrada através da equação (15):<br />

Pr = αNpAp + βNPL (15)<br />

on<strong>de</strong>, α é o coeficiente que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> solo on<strong>de</strong> se situa a ponta da estaca, Np,<br />

a média dos valores <strong>de</strong> SPT <strong>de</strong>terminados a um metro acima e a um metro abaixo da ponta da<br />

estaca, sendo que os valores <strong>de</strong> SPT superiores a 40 <strong>de</strong>vem ser adotados iguais a 40, Ap, a área<br />

da ponta da estaca, β, o índice <strong>de</strong> atrito lateral, N, a média dos valores <strong>de</strong> SPT medidos ao<br />

longo do fuste da estaca, P, o perímetro do fuste da estaca e L, o comprimento útil da estaca.<br />

A tabela 19 apresenta os valores <strong>de</strong> α e β em função do tipo <strong>de</strong> solo.<br />

Tabela 19. Valores <strong>de</strong> α e β (BRASFOND, 1991, apud SODRÉ, 1996)<br />

Solo α (tf/m 2 ) β (tf/m 2 )<br />

Areia siltosa 8<br />

Silte argiloso 10<br />

Argila arenosa 12<br />

Silte arenoso 15<br />

Areia argilosa 18 0,5<br />

Areia siltosa 21<br />

Areia 27<br />

Areia com pedregulhos 30<br />

De acordo com BRAJA (1995), para estacas raiz executadas em argila saturada na<br />

condição não-drenada (Ø = 0), tem-se:<br />

49


Qp = Ap[9cu(p)] (16)<br />

on<strong>de</strong> Qp é a carga <strong>de</strong> ponta, cu(p) é a coesão não-drenada da argila na ponta da estaca.<br />

Já Qs (a carga por atrito lateral) po<strong>de</strong> ser calculada pela expressão (17):<br />

sendo α o coeficiente que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do tipo <strong>de</strong> solo.<br />

Qs = αpcu∆L (17)<br />

Po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> uma estaca, também, por meio <strong>de</strong> prova<br />

<strong>de</strong> carga, sendo, na verda<strong>de</strong>, “o único processo capaz <strong>de</strong> fornecer um valor incontestável”<br />

(CAPUTO, 1983) <strong>de</strong>ssa capacida<strong>de</strong>. Existe a prova <strong>de</strong> carga estática e a dinâmica.<br />

Prova <strong>de</strong> carga estática é o ensaio que consiste na aplicação <strong>de</strong> incrementos <strong>de</strong> carga<br />

em estágios à fundação (figura 19) com finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se conhecer os <strong>de</strong>slocamentos<br />

associados a estes incrementos e <strong>de</strong>finir qual o comportamento real do elemento <strong>de</strong> fundação<br />

no local on<strong>de</strong> foi executado (BENATI, 2007).<br />

Figura 19. Ensaio <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga estática em estaca (AUTOR, 2008)<br />

As cargas para este ensaio po<strong>de</strong>m ser verticais ou inclinadas, à compressão ou à<br />

tração, cujo objetivo é reproduzir o carregamento que este elemento estará sujeito em<br />

50


condições <strong>de</strong> trabalho, para comparar os resultados obtidos com os valores esperados no<br />

projeto.<br />

A norma que prescreve o método <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga em estacas é a NBR 12131/1992<br />

(Estacas – prova <strong>de</strong> carga estática) e a que permite sua interpretação é a NBR 6122 (1996).<br />

São vários os dispositivos <strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> uma prova <strong>de</strong> carga estática (figura 20),<br />

distinguindo-se também as técnicas para sua execução.<br />

Figura 20. Esquema <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga estática em estaca (CAPUTO, 1983)<br />

A NBR 6122 (1996) prescreve o seguinte: “na avaliação da carga admissível, o fator<br />

<strong>de</strong> segurança contra ruptura <strong>de</strong>ve ser igual a 2”; caso não seja atingida a ruptura, a carga<br />

admissível será adotada admitindo “1/1,5 daquela que produz o recalque” (NBR 6122, 1996)<br />

compatível com a sensibilida<strong>de</strong> da construção projetada. De qualquer modo, o valor que for<br />

adotado “não po<strong>de</strong> ser superior ao que resultaria da aplicação do coeficiente <strong>de</strong> segurança 2 à<br />

carga <strong>de</strong> ruptura estimada” (CAPUTO, 1983). Esta po<strong>de</strong> ser feita pela carga que conduz ao<br />

recalque expresso pela seguinte equação:<br />

on<strong>de</strong> ∆ é o recalque <strong>de</strong> ruptura convencional; P, a carga aplicada; L, o comprimento da estaca;<br />

A, a área da seção transversal da estaca; E, o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> do material da estaca e<br />

D, o diâmetro do círculo circunscrito à estaca.<br />

(18)<br />

51


A equação acima <strong>de</strong>fine a carga <strong>de</strong> ruptura da estaca como aquela que provoca, além<br />

do recalque elástico da estaca como elemento estrutural, um recalque plástico adicional<br />

correspon<strong>de</strong>nte a 1/30 do diâmetro da estaca. Este critério <strong>de</strong>ve ser utilizado em provas <strong>de</strong><br />

carga que apresentem recalques consi<strong>de</strong>ráveis, acima <strong>de</strong> D/30 (NIENOV, 2006).<br />

No que diz respeito a estacas em que se prevê a ação do atrito negativo, “a carga<br />

admissível <strong>de</strong>ve ser obtida <strong>de</strong>duzindo da carga <strong>de</strong> ruptura real ou estimada a parcela prevista<br />

para o atrito negativo e aplicando o coeficiente <strong>de</strong> segurança 2 à diferença” (CAPUTO, 1983).<br />

Critérios <strong>de</strong>finidos por Van <strong>de</strong>r Veen (1953) e Mazurkiewicz (1972) permitem obter a<br />

provável carga <strong>de</strong> ruptura <strong>de</strong> uma estaca. O método <strong>de</strong> Van <strong>de</strong>r Veen é o método <strong>de</strong><br />

extrapolação da curva carga-recalque <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> carga mais utilizado no Brasil (VELLOSO<br />

E LOPES, 2002), e a expressão que <strong>de</strong>fine essa curva proposta por ele é a seguinte:<br />

que também po<strong>de</strong>-se escrever da seguinte maneira:<br />

) (19)<br />

on<strong>de</strong> P é a carga correspon<strong>de</strong>nte ao recalque δ, Pr, a carga <strong>de</strong> ruptura e α, o coeficiente que<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das características da estaca e do solo, <strong>de</strong>finidor da forma da curva. Po<strong>de</strong>-se obter Pr,<br />

utilizando-se um diagrama semi-logarítmico e por meio <strong>de</strong> tentativas.<br />

Mazurkiewicz (1972) apresentou um método <strong>de</strong> extrapolação da curva carga-recalque,<br />

admitindo a curva como parabólica. Para obter a carga <strong>de</strong> ruptura provável da estaca o método<br />

constrói uma curva extrapolada por meios geométricos (NIENOV, 2006). A construção<br />

gráfica é a seguinte: “das interseções com o eixo horizontal das cargas, das verticais tiradas<br />

por pontos igualmente intervalados da curva, traçam-se semi-retas a 45 o até a sua interseção<br />

com a vertical imediatamente seguinte”; “a reta que for interpolada por estas interseções e<br />

prolongada até o eixo das cargas, <strong>de</strong>fine a provável carga <strong>de</strong> ruptura” (CAPUTO, 1983).<br />

(20)<br />

52


2.3.1 CÁLCULO DA CAPACIDADE DE CARGA DA ESTACA ENGASTADA NA<br />

ROCHA<br />

Na impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se efetuar um teste a<strong>de</strong>quado na rocha <strong>de</strong> apoio das estacas,<br />

convencionalmente, empregam-se as seguintes regras empíricas (SALAS, ALPAÑES E<br />

GONZALEZ, 1976):<br />

on<strong>de</strong>,<br />

A resistência unitária da base é igual a:<br />

RB = αRu (21)<br />

Ru = Resistência a compressão simples da rocha obtida através do Quadro 1.<br />

Quadro 1 - Características e proprieda<strong>de</strong>s mecânicas das rochas (CARNERO, 1995 modificado apud<br />

CARREGÃ, BALZAN, 1998)<br />

α = Constante em relação à inclinação da superfície da rocha, calculada do seguinte modo:<br />

α = β(0,5 + De/6B) (22)<br />

sendo α ≤ 1, tomando-se este valor para os casos em que a equação (22) conduzir a resultados<br />

superiores. Os elementos apresentados representam o seguinte:<br />

β = Constante obtida pelo quadro 2 em função da natureza da rocha;<br />

De = Comprimento do engaste em rocha;<br />

B = Diâmetro da estaca.<br />

53


Quadro 2 - β em função da natureza da rocha (SALAS, ALPAÑES E GONZALEZ, 1976)<br />

Natureza da rocha β<br />

- Granito, pórfiro, diabásio, granodiorito 0,6<br />

- Calcáreo 0,8<br />

- Cascalho, filito, micaxisto, etc. 0,3<br />

- Arenitos compactos 0,8<br />

Quanto à resistência tangencial unitária, em parte do engaste, correspon<strong>de</strong>nte à altura<br />

De, e à área lateral da estaca no engaste Ae, consi<strong>de</strong>ra-se como sendo meta<strong>de</strong> do valor <strong>de</strong> RB<br />

calculado (como se apresenta na equação 24), no entanto, percebe-se (através da equação 25)<br />

que o limite <strong>de</strong>ssa resistência está em função da resistência concreto ao esforço cortante RHt<br />

(equação 23).<br />

RHt = 2,5 + fck*0,02 (23)<br />

No caso da área da base Ap, é conveniente estimar e aplicar um coeficiente <strong>de</strong> redução<br />

r, porque a técnica empregada (ou irregularida<strong>de</strong>s naturais na superfície da rocha on<strong>de</strong> a<br />

estaca está apoiada) não nos garante que não haja áreas parciais <strong>de</strong> lodo. A resistência total <strong>de</strong><br />

ponta (Qp) (incluindo a transmissão lateral por engastamento) será o menor dos seguintes<br />

valores (SALAS, ALPAÑES E GONZALEZ, 1976):<br />

ou,<br />

Qp = rRBAp + 0,5RBAe (24)<br />

Qp = rRBAp + RHtAe (25)<br />

Este procedimento empírico <strong>de</strong> Salas, Alpañes e Gonzalez (1976) foi aplicado no<br />

dimensionamento geotécnico das estacas raiz do estudo <strong>de</strong> caso. Entretanto, não se po<strong>de</strong><br />

esquecer da importância <strong>de</strong> se prosseguir nas investigações do subsolo, mediante sondagem<br />

rotativa, que fornece dados sobre a qualida<strong>de</strong> das rochas, quanto ao seu grau <strong>de</strong> fraturamento<br />

(RQD – Rock Quality Designation).<br />

54


As estacas foram engastadas (em média, 1m) em rocha granítica, respeitando-se a<br />

NBR 6122/1996 que recomenda um embutimento mínimo <strong>de</strong> três diâmetros (3B). Neste caso,<br />

para a obtenção da resistência unitária da base, po<strong>de</strong>mos adotar Ru (tomando-se como<br />

referência os valores apresentados no quadro 1) como sendo 10% <strong>de</strong> 100 MPa (ou 1000<br />

kgf/cm 2 ). Esta consi<strong>de</strong>rável redução da resistência a compressão simples da rocha foi em<br />

função da ausência <strong>de</strong> informações sobre as condições da mesma (alterações quaisquer <strong>de</strong><br />

suas proprieda<strong>de</strong>s e características originais). Os valores apresentados no Quadro 3 foram<br />

utilizados para o cálculo da constante α.<br />

Neste caso,<br />

Neste caso,<br />

Quadro 3. Valores utilizados no cálculo da constante α<br />

α = β(0,5 + De/6B)<br />

Elementos da Equação Valores<br />

β 0,6<br />

De<br />

1m<br />

B 0,3m<br />

α = 0,63 < 1 OK!<br />

O Quadro 4 apresenta os valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> RB.<br />

Quadro 4. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> RB<br />

RB = αRu<br />

Elementos da Equação Valores<br />

Ru<br />

100 kgf/cm 2<br />

α 0,63<br />

RB = 63 kgf/cm 2<br />

55


A fim <strong>de</strong> obtermos a resistência total <strong>de</strong> ponta, é necessário encontrar os <strong>de</strong>mais<br />

elementos (Ae, Ap e RHt) que constituem a equação da mesma, através <strong>de</strong> expressões já<br />

conhecidas. O quadro 5 apresenta esses elementos e seus valores calculados:<br />

Quadro 5. Valores encontrados para Ae, Ap e RHt<br />

Elementos da Equação Valores Calculados<br />

Ae<br />

Ap<br />

RHt<br />

9424,78 cm 2<br />

706,86 cm 2<br />

6,5 kgf/cm 2<br />

Para o cálculo <strong>de</strong> Qp a engenheira projetista adotou (baseada em sua experiência) o<br />

coeficiente <strong>de</strong> redução r igual a 0,2. Os valores encontrados para Qp são apresentados no<br />

quadro 6:<br />

Quadro 6. Valores encontrados para Qp<br />

Equações <strong>de</strong> Qp<br />

Qp1 = rRBAp + 0,5RBAe<br />

Qp2 = rRBAp + RHtAe<br />

Resultados<br />

Qp1 = 305,8 tf<br />

Qp2 = 70,2 tf<br />

A resistência total <strong>de</strong> ponta da estaca apoiada na rocha é, portanto, o menor dos<br />

valores calculados, aproximadamente 70 tf (Qp = 70 tf). Este valor foi utilizado na<br />

composição dos grupos <strong>de</strong> estacas que foram formados em função da carga dos pilares,<br />

enquanto que, para valores <strong>de</strong> carga inferiores a 35 tf, as estacas foram dimensionadas para<br />

este valor padrão (35 tf) e instaladas isoladamente.<br />

56


3 - EFICIÊNCIA DE GRUPO DE ESTACAS<br />

As estacas po<strong>de</strong>m transmitir a carga da estrutura trabalhando isoladamente, ou po<strong>de</strong>m<br />

trabalhar em grupos (figura 21), sendo que, um bloco <strong>de</strong> coroamento é confeccionado sobre o<br />

grupo <strong>de</strong> estacas fazendo a ligação entre elas, normalmente, estando o mesmo apoiado no<br />

solo. Em alguns casos, porém, o bloco po<strong>de</strong> ser confeccionado acima do terreno (figura 22),<br />

como é comum em estruturas marítimas (BOWLES, 1982).<br />

Figura 21. Pilar <strong>de</strong> uma ponte fundada em grupo <strong>de</strong> 64 microestacas (PRADO, FARIA E VAZ, 2009)<br />

Figura 22. Bloco confeccionado acima do solo, usual <strong>de</strong> estruturas marítimas (BRAJA, 1995)<br />

57


Muitos autores têm tentado <strong>de</strong>terminar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas,<br />

mas não tem sido uma tarefa muito simples nem plenamente efetiva. Uma das razões para isso<br />

é que, quando as estacas estão localizadas próximas umas das outras, os diagramas <strong>de</strong> tensões<br />

se sobrepõem (figura 23) e assim a tensão total em qualquer ponto é o somatório. Desta forma<br />

esta tensão exce<strong>de</strong> a tensão para o caso da estaca isolada (BELL, 1985). Neste caso, o i<strong>de</strong>al<br />

seria que as estacas em um grupo fossem espaçadas <strong>de</strong> tal modo que a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do<br />

grupo não fosse inferior à soma da capacida<strong>de</strong> individual das estacas. Na prática, o<br />

espaçamento mínimo <strong>de</strong> centro a centro entre estacas, d, é 2,5D (on<strong>de</strong> D é o diâmetro da<br />

estaca) e em situações usuais, cerca <strong>de</strong> 3 a 3,5D (BRAJA, 1995).<br />

Figura 23. Distribuição <strong>de</strong> tensões no solo – teoria elástica (BELL, 1985)<br />

A eficiência da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a<br />

relação entre a capacida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> carga do grupo e a capacida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> cada estaca sem<br />

o efeito <strong>de</strong> estacas (BRAJA, 1995). Essa eficiência po<strong>de</strong> ser dada pela equação (26):<br />

On<strong>de</strong>,<br />

η = eficiência <strong>de</strong> grupo;<br />

Qg(u) = capacida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> carga do grupo <strong>de</strong> estacas;<br />

Qu = capacida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> carga <strong>de</strong> cada estaca sem o efeito <strong>de</strong> grupo.<br />

(26)<br />

58


Muitos engenheiros projetistas têm usado uma análise simplificada para obter a<br />

eficiência <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas flutuantes, particularmente em areias (BRAJA, 1995). Esta<br />

análise po<strong>de</strong> ser esclarecida com o auxilio da figura (24) abaixo:<br />

Figura 24. Grupo <strong>de</strong> estacas em planta (BRAJA, 1995)<br />

Nº <strong>de</strong> estacas no grupo<br />

= n1 x n2<br />

Lg ≥ Bg<br />

As estacas po<strong>de</strong>m se comportar como um bloco com dimensões Lg x Bg x L (sendo L o<br />

comprimento das estacas), ou como estacas individuais, isto vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r do espaço adotado<br />

entre elas no grupo (BRAJA, 1995). Para evitar superposição, o espaçamento das estacas po<strong>de</strong><br />

ser aumentado, porém, gran<strong>de</strong>s espaçamentos são pouco práticos, visto que iriam requerer<br />

enormes e pesados blocos <strong>de</strong> coroamento, carregando também as estacas, a não ser que o<br />

bloco esteja em contato com o terreno (BOWLES, 1982). Se as estacas agirem como um<br />

bloco, a carga por atrito será:<br />

on<strong>de</strong>,<br />

favpgL ≈ Qg(u) (27)<br />

pg (perímetro da seção transversal do bloco) = 2(n1 + n2 – 2)d + 4D<br />

fav = média da resistência unitária <strong>de</strong> atrito das estacas<br />

Similarmente, se as estacas agirem individualmente, Qu ≈ pLfav (sendo que, p = perímetro da<br />

seção transversal <strong>de</strong> cada estaca). Desse modo:<br />

= = (28)<br />

59


Conseqüentemente,<br />

Qg(u) = (29)<br />

Percebe-se da equação (29) que, se o espaçamento <strong>de</strong> centro a centro, d, for gran<strong>de</strong> o bastante,<br />

η > 1. Neste caso, as estacas se comportarão como estacas individuais (BRAJA, 1995). Então,<br />

na prática, se η < 1,<br />

e, se η ≥ 1,<br />

Qg(u) = (30)<br />

Qg(u) = (31)<br />

Feld (1943) propôs um método simples, aproximado, <strong>de</strong> cálculo da eficiência <strong>de</strong><br />

grupo, por simplesmente reduzir a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga da estaca <strong>de</strong> 1/16 para cada estaca<br />

adjacente (BOWLES, 1982).<br />

Segundo Caputo (1983), o fator <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupo também po<strong>de</strong> ser dado, <strong>de</strong>ntre<br />

outras, pela fórmula empírica <strong>de</strong> Converse-Labarre:<br />

on<strong>de</strong> (<strong>de</strong>g) = tan -1 (D/d).<br />

Segundo Bowles (1982), em se tratando <strong>de</strong> algumas estruturas marinhas, on<strong>de</strong> o bloco<br />

<strong>de</strong> coroamento não está apoiado no solo, a capacida<strong>de</strong> do grupo po<strong>de</strong> ser dada através <strong>de</strong> uma<br />

das duas opções abaixo:<br />

1 – Capacida<strong>de</strong> do bloco baseada no perímetro cisalhado do bloco mais a capacida<strong>de</strong><br />

do bloco na base das estacas para pequenas relações d/D (on<strong>de</strong> d é o espaçamento mínimo <strong>de</strong><br />

centro a centro entre estacas e D é o diâmetro da estaca) ou;<br />

razões d/D.<br />

2 – Soma da capacida<strong>de</strong> individual das estacas multiplicada por η, para elevadas<br />

(32)<br />

60


A figura 25 apresenta uma comparação <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> testes em campo, na argila,<br />

com a teoria da eficiência <strong>de</strong> grupo calculada da equação <strong>de</strong> Converse-Labarre. Apresentado<br />

por Brand et al. (1972) (apud BRAJA, 1995), esses testes tinham as seguintes características:<br />

• Comprimento das estacas = 6 m;<br />

• Diâmetro das estacas = 150 mm;<br />

• Grupo <strong>de</strong> estacas do teste = 2 x 2;<br />

• Localização da cabeça da estaca = 1,5 m abaixo da superfície do terreno.<br />

Figura 25. Variação da eficiência <strong>de</strong> grupo em função <strong>de</strong> d/D (BRAND et al, 1972, apud BRAJA, 1995)<br />

Os testes foram realizados com e sem bloco <strong>de</strong> coroamento. Observa-se na figura que<br />

para d/D ≥ 2, a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> η foi maior que 1.0, nos resultados dos testes e, a eficiência <strong>de</strong><br />

grupo foi maior com o bloco <strong>de</strong> coroamento do que sem o mesmo. Esses resultados foram<br />

muito maiores que aqueles previstos pela equação <strong>de</strong> Converse-Labarre. A figura 26 mostra o<br />

recalque do grupo <strong>de</strong> estacas em vários estágios da carga teste.<br />

61


Figura 26. Recalque <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas em vários estágios da carga teste (BRAND et al, 1972, apud BRAJA, 1995)<br />

3.1 ESTACAS NA AREIA – estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo<br />

A figura 27 apresenta uma série <strong>de</strong> resultados, <strong>de</strong> testes mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> laboratório,<br />

realizados com estacas circulares cravadas em areia compacta. Percebe-se na figura que a<br />

eficiência <strong>de</strong> grupo po<strong>de</strong> ser, na realida<strong>de</strong>, maior que 1.0. A razão é a compactação <strong>de</strong> zonas<br />

do solo, criadas ao redor das estacas durante a cravação das mesmas (BRAJA, 1995).<br />

Figura 27. Resultados <strong>de</strong> testes mo<strong>de</strong>los da eficiência <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas em areia compacta (BRAJA, 1995)<br />

62


Liu et al. (1985) (apud BRAJA, 1995) relatam os resultados <strong>de</strong> testes <strong>de</strong> campo em 58<br />

grupos <strong>de</strong> estacas e 23 estacas isoladas embutidas em solo granular. Detalhes do teste<br />

incluem:<br />

• Comprimento da estaca, L = 8D – 23D;<br />

• Diâmetro da estaca, D = 125 mm – 330 mm;<br />

• Tipo <strong>de</strong> instalação das estacas = perfuração;<br />

• Espaçamento das estacas no grupo, d = 2D – 6D.<br />

Os resultados são apresentados na figura 28, que mostra o comportamento <strong>de</strong> grupos<br />

<strong>de</strong> estacas 3 x 3 com (b) e sem elevação (a) do bloco <strong>de</strong> coroamento em relação à média do<br />

atrito superficial, fav. A figura 29 apresenta a variação da média do atrito lateral baseada na<br />

localização da estaca no grupo.<br />

Figura 28 (a). Comportamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas, sem elevação do bloco <strong>de</strong> coroamento, em relação à média do atrito<br />

superficial (LIU et al, 1985, apud BRAJA, 1995)<br />

63


Figura 28 (b). Comportamento <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas com elevação do bloco <strong>de</strong> coroamento em relação à média do atrito<br />

superficial (LIU et al, 1985, apud BRAJA, 1995)<br />

Figura 29. Variação do atrito lateral médio baseada na localização da estaca no grupo (LIU et al, 1985, apud BRAJA, 1995)<br />

Duas importantes conclusões po<strong>de</strong>m ser obtidas a partir <strong>de</strong> observações experimentais<br />

do comportamento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas na areia (LIU et al., 1985 apud BRAJA, 1995):<br />

64


1 - Para um grupo <strong>de</strong> estacas cravadas na areia com d ≥ 3D, Qg(u) po<strong>de</strong> ser tomado<br />

como sendo Σ Qu, o que inclui o atrito lateral e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ponta das estacas individuais;<br />

2- Para um grupo <strong>de</strong> estacas perfuradas na areia, com espaçamento convencional (d ≈<br />

3D), Qg(u) po<strong>de</strong> ser tomado como sendo 2/3 a 3/4 do Σ Qu (atrito e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ponta das<br />

estacas individuais).<br />

3.2 ESTACAS EM ARGILA - estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo<br />

A capacida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> carga do grupo <strong>de</strong> estacas na argila po<strong>de</strong> ser estimada<br />

seguindo-se os três passos apresentados a seguir:<br />

1 – Determina-se o Σ Qu = ( Qp + Qs), on<strong>de</strong> Qp e Qs são <strong>de</strong>terminados,<br />

respectivamente, pelas equações (16) e (17), e obtém-se a equação (33)<br />

on<strong>de</strong> cu(p) é a coesão não drenada da argila.<br />

Σ Qu = [9Apcu(p) + αpcu∆L] (33)<br />

2 – Determina-se a capacida<strong>de</strong> última <strong>de</strong> carga assumindo que as estacas do grupo<br />

agem como um bloco com dimensões Lg x Bg x L. A resistência do atrito lateral do bloco é:<br />

Calcula-se a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ponta:<br />

pgcu∆L = 2(Lg + Bg)cu∆L (34)<br />

Apqp = Apcu(p)N * c = (Lg Bg)cu(p)N * c (35)<br />

Obtêm-se o valor do fator <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga na ponta, N * c, da figura 30 abaixo:<br />

65


Figura 30. Variação <strong>de</strong> Nc em função <strong>de</strong> H/B (BRAJA, 1995)<br />

O termo H/B na figura 30 é equivalente a L/Bg e L/B, da mesma figura, é equivalente<br />

a Lg/Bg. Assim, a carga última é:<br />

Qu = Lg Bgcu(p)N * c + 2(Lg + Bg)cu∆L (36)<br />

Comparam-se os valores obtidos para Qu das duas consi<strong>de</strong>rações anteriores. O<br />

menor dos dois valores é Qg(u).<br />

3.3 ESTACAS EM AREIA ARGILOSA - estudo da eficiência <strong>de</strong> grupo<br />

Silva e Cintra (1996) realizaram seis provas <strong>de</strong> carga, in situ, no Campo Experimental<br />

<strong>de</strong> Fundações da USP/São Carlos, para estacas escavadas, duas ensaiadas isoladamente (IN e<br />

IS) e quatro grupos com as seguintes configurações (figura 31): duas e três estacas em linha,<br />

três estacas em triângulo e quatro estacas em quadrado (2x2). Todas as estacas são do tipo<br />

broca, com 0,25 m <strong>de</strong> diâmetro (d) e 6 m <strong>de</strong> comprimento (L), com um espaçamento (s) entre<br />

os centros das estacas <strong>de</strong> 3d. Os blocos <strong>de</strong> coroamento estavam assentes na cota -0,50 m e a<br />

ponta das estacas na cota -6,5 m. Para reação, foram executadas 14 estacas do tipo Strauss,<br />

com 0,32 m <strong>de</strong> diâmetro e 10 m <strong>de</strong> comprimento.<br />

66


Figura 31. Configuração dos grupos (SILVA e CINTRA, 1996)<br />

O material granular predominante, a pequenas profundida<strong>de</strong>s, no Campus da EESC-<br />

USP, é caracterizado como areia argilosa, como apresentado em um perfil típico <strong>de</strong> geologia<br />

<strong>de</strong> pequena superfície da área urbana <strong>de</strong> São Carlos (figura 32).<br />

Figura 32. Seção esquemática da geologia <strong>de</strong> pequena profundida<strong>de</strong> em São Carlos (BORTOLUCCI, 1983, apud SOARES,<br />

2002)<br />

67


Os valores da carga última (Pupc) obtidos nos ensaios estão apresentados na Tabela 20,<br />

bem como os valores <strong>de</strong> carga última dos grupos sem a consi<strong>de</strong>ração da contribuição do bloco<br />

<strong>de</strong> coroamento (Pugpc’) <strong>de</strong>duzidos por SENNA JR. (1993) (apud SILVA E CINTRA, 1996).<br />

Tabela 20. Valores <strong>de</strong> carga última obtidos nas provas <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong> carga última dos grupos<br />

sem a contribuição do bloco (SILVA E CINTRA, 1996)<br />

Ensaio Pupc (kN) Pugpc’ (kN)<br />

Estaca Isolada (IN) 145 -<br />

Estaca Isolada (IS) 139 -<br />

Grupo 1 x 2 326 256<br />

Grupo 1 x 3 500 394<br />

Grupo 3 ∆ 512 465<br />

Grupo 2 x 2 608 551<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga dos grupos das estacas (Pug) foi comparada com a das estacas<br />

isoladas (Pui) através da relação:<br />

on<strong>de</strong>:<br />

η = fator <strong>de</strong> eficiência<br />

n = número <strong>de</strong> estacas do grupo<br />

η = Pug<br />

n Pu<br />

i (37)<br />

Os valores calculados <strong>de</strong> eficiência (ηpc) dos grupos para os ensaios realizados estão<br />

apresentados na Tabela 21, bem como os valores correspon<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> eficiência sem a<br />

contribuição do bloco <strong>de</strong> coroamento (ηpc’). Nesses cálculos utilizou-se o valor médio <strong>de</strong> 142<br />

kN para a carga última da estaca isolada.<br />

68


Tabela 21. Valores <strong>de</strong> eficiência para os ensaios realizados (SILVA E CINTRA, 1996)<br />

Grupo ηpc (com a contribuição do bloco <strong>de</strong> coroamento) ηpc’ (sem a contribuição do bloco <strong>de</strong> coroamento)<br />

1x2 1,15 0,90<br />

1x3 1,17 0,92<br />

3 ∆ 1,20 1,09<br />

2x2 1,07 0,97<br />

Pela análise da Tabela 21 percebe-se que foram obtidos valores <strong>de</strong> eficiência (ηpc)<br />

maiores do que a unida<strong>de</strong> em todos os grupos <strong>de</strong> estacas, quando se consi<strong>de</strong>rou a contribuição<br />

do bloco <strong>de</strong> coroamento. Descontando-se a parcela da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do bloco, obteve-<br />

se uma redução <strong>de</strong> 25% na eficiência dos grupos lineares e 10% na eficiência dos grupos não-<br />

lineares, resultando valores em torno <strong>de</strong> 1, sendo os valores máximo e mínimo iguais a 1,09 e<br />

0,90, respectivamente. Estes valores parecem indicar que o efeito <strong>de</strong> grupo se dá apenas pela<br />

contribuição do bloco <strong>de</strong> coroamento (SILVA, 1996, apud SILVA E CINTRA, 1996).<br />

3.4 ESTACAS EM ROCHA<br />

Para estacas apoiadas na rocha, a maioria dos códigos <strong>de</strong> construção especifica que<br />

Qg(u) = Qu, contanto que o espaçamento mínimo <strong>de</strong> centro a centro das estacas seja D +<br />

300mm (BRAJA, 1995). Geralmente, o espaçamento para estacas <strong>de</strong> ponta (na rocha) po<strong>de</strong><br />

ser muito menor que para estacas <strong>de</strong> atrito, já que a tensão <strong>de</strong> ponta mais elevada e o efeito <strong>de</strong><br />

superposição <strong>de</strong> tensão das estacas <strong>de</strong> ponta, muito provavelmente, não ultrapassarão a tensão<br />

latente do material ou causará recalque excessivo (BOWLES, 1982). O espaçamento na rocha<br />

po<strong>de</strong> ser calculado como:<br />

S = , (38)<br />

69


sendo Scalculado ≥ D + 300 mm, on<strong>de</strong> D = diâmetro da estaca ou a dimensão diagonal <strong>de</strong> estacas<br />

quadradas ou estacas H, mm.<br />

A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas, apoiadas na rocha, po<strong>de</strong> ser otimizada, como a<br />

soma da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estacas individuais, por se adotar um espaçamento da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 1,75D<br />

a 2,5D (BOWLES, 1982).<br />

As técnicas <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas po<strong>de</strong>m quantificar ou não a interação entre<br />

estacas através do solo (“interação estaca-solo-estaca”). Em geral, as que não consi<strong>de</strong>ram essa<br />

interação (como as equações <strong>de</strong> eficiência vistas anteriormente) po<strong>de</strong>m cometer erros<br />

consi<strong>de</strong>ráveis nas análises <strong>de</strong> recalques e distribuição <strong>de</strong> carga em grupos <strong>de</strong> estacas pouco<br />

espaçadas (SANTANA, 2008). Segundo Caputo (1983), por não levarem em conta fatores<br />

importantes, como o tipo <strong>de</strong> solo e o comprimento das estacas, são pouco confiáveis.<br />

Santana (2008) estudou eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas, baseado nos recalques. Ele<br />

fez referência a duas formas <strong>de</strong> analisar grupos <strong>de</strong> estacas (GUO e RANDOLPH, 1999),<br />

levando em conta a sua interação através do solo. Uma é a análise direta e completa do grupo<br />

como um todo e a outra é a análise do grupo por partes e <strong>de</strong>terminação do comportamento<br />

global com base no princípio da superposição. O trabalho <strong>de</strong>senvolvido por Santana (2008)<br />

será <strong>de</strong>scrito, conforme segue.<br />

A primeira metodologia leva em conta a não homogeneida<strong>de</strong> do meio, respeitando a<br />

diferença <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z entre os vários elementos da fundação e o solo, e naturalmente sua<br />

influência sobre o comportamento global do sistema solo-fundação. Em contrapartida, essa<br />

metodologia, quando aplicada a gran<strong>de</strong>s grupos <strong>de</strong> estacas, torna-se <strong>de</strong>masiadamente<br />

trabalhosa. Em geral é feita por meio <strong>de</strong> métodos numéricos, como nos trabalhos <strong>de</strong><br />

Butterfield e Banerjee (1971) e Ottaviani (1975).<br />

A segunda opção <strong>de</strong> análise baseia-se na superposição dos campos <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações<br />

provocados por cada estaca analisada como isolada. Exemplos <strong>de</strong>ssas metodologias são: o<br />

método <strong>de</strong> Aoki e Lopes (1975) e o trabalho <strong>de</strong> Randolph e Wroth (1979), que resultou no<br />

programa Piglet. Esse tipo <strong>de</strong> análise tem a seu favor a sua simplicida<strong>de</strong>.<br />

O método <strong>de</strong> Aoki e Lopes (1975), segundo Santana (2008), permite a estimativa <strong>de</strong><br />

recalques em grupos <strong>de</strong> estacas com seções circulares ou retangulares, sem levar em conta o<br />

bloco <strong>de</strong> coroamento. A carga aplicada em cada estaca é conhecida previamente, sendo<br />

dividida em duas parcelas, uma aplicada ao longo do fuste (que po<strong>de</strong> ser dividida em<br />

diagramas <strong>de</strong> atrito, cada um com variação linear), e outra uniformemente distribuída na base<br />

(figura 30), sendo a divisão <strong>de</strong>ssas duas parcelas fornecida pelo usuário. As duas parcelas <strong>de</strong><br />

70


carregamento são discretizadas como cargas concentradas, formando um sistema<br />

estaticamente equivalente. É admitido que o ponto analisado esteja suficientemente afastado<br />

das cargas para que seja válido o princípio <strong>de</strong> Saint-Venant.<br />

A figura 33 mostra o esquema do método <strong>de</strong> Aoki e Lopes (1975), em que D1<br />

representa a profundida<strong>de</strong> inicial <strong>de</strong> um diagrama <strong>de</strong> atrito, D2 a profundida<strong>de</strong> final do mesmo<br />

diagrama, qP a carga na ponta da estaca e τf o atrito na interface estaca-solo a uma dada<br />

profundida<strong>de</strong>.<br />

Figura 33. Esquema do método <strong>de</strong> Aoki e Lopes (1975); (a) estaca real e sua mo<strong>de</strong>lagem (b) modo <strong>de</strong> divisão das superfícies<br />

da base e do fuste (Velloso e Lopes, 2002, apud SANTANA, 2008).<br />

De acordo com Santana (2008), a solução <strong>de</strong> Mindlin (1936) consi<strong>de</strong>ra o meio<br />

analisado como semi-infinito, homogêneo, isotrópico, elástico e linear, o que não é válido<br />

para a maioria dos terrenos, que são meios estratificados. Entretanto, esse problema po<strong>de</strong> ser<br />

contornado através da generalização do artifício <strong>de</strong> Steinbrenner, através do qual o recalque<br />

em um ponto pertencente a uma camada assente sobre base in<strong>de</strong>slocável po<strong>de</strong> ser calculado<br />

pela diferença entre os <strong>de</strong>slocamentos no ponto analisado e na base da camada, como se a<br />

camada tivesse espessura infinita.<br />

É possível consi<strong>de</strong>rar o solo como meio estratificado, mas sem que a diferença <strong>de</strong><br />

rigi<strong>de</strong>zes entre as camadas altere a distribuição <strong>de</strong> tensões no meio. Ainda é possível que as<br />

71


seções transversais da base da estaca (que é analisada como uma placa) e do fuste tenham<br />

dimensões diferentes.<br />

Os parâmetros <strong>de</strong> entrada referentes ao solo nessa metodologia são: a profundida<strong>de</strong> da<br />

base da camada, o módulo <strong>de</strong> Young e o coeficiente <strong>de</strong> Poisson <strong>de</strong> cada camada.<br />

A metodologia <strong>de</strong> Aoki e Lopes (1975) não calcula o encurtamento elástico da estaca,<br />

que po<strong>de</strong> ser encontrado com o conhecimento do diagrama <strong>de</strong> esforço normal versus<br />

profundida<strong>de</strong> da estaca e a utilização da equação (39).<br />

sendo Q(z) o esforço normal na estaca a uma profundida<strong>de</strong> z, igual à área do<br />

diagrama esforço normal versus profundida<strong>de</strong> e EP e AP, respectivamente, o módulo <strong>de</strong> Young<br />

e a área da seção da estaca.<br />

O encurtamento elástico é um efeito que ocorre em estacas <strong>de</strong>formáveis (mais<br />

evi<strong>de</strong>ntemente em estacas longas), aquelas em que o recalque da ponta é menor que o da<br />

cabeça da estaca (SANTANA, 2008).<br />

Um problema enfrentado por Santana (2008) na análise <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas com o método <strong>de</strong><br />

Aoki e Lopes (1975) foi a impossibilida<strong>de</strong> do método analisar grupos <strong>de</strong> estacas com bloco <strong>de</strong><br />

coroamento rígido. A fim <strong>de</strong> resolver esse problema foi proposta uma extensão do método <strong>de</strong><br />

Aoki e Lopes (1975) àquela situação, chamada <strong>de</strong> método Aoki-Lopes modificado. Essa<br />

extensão compatibiliza <strong>de</strong>slocamentos nas estacas a partir da variação <strong>de</strong> carga nas mesmas.<br />

Segundo Santana (2008), uma maneira simples <strong>de</strong> estudar o grupo <strong>de</strong> estacas é através<br />

das técnicas <strong>de</strong> radier fictício ou estaca equivalente.<br />

A técnica do radier fictício, apresentado por Terzaghi e Peck (1967), consiste em<br />

calcular o recalque médio do grupo <strong>de</strong> estacas <strong>de</strong> comprimento D, substituindo-o por um<br />

radier, situado a uma <strong>de</strong>terminada profundida<strong>de</strong> D1 que varia entre 1/3D e D (figura 34), <strong>de</strong><br />

acordo com as proprieda<strong>de</strong>s do solo. O recalque médio do grupo <strong>de</strong> estacas será dado pela<br />

soma do recalque do “radier” com o encurtamento elástico das estacas.<br />

(39)<br />

72


Figura 34. Esquema do método <strong>de</strong> radier fictício (Velloso e Lopes, 2002, apud SANTANA, 2008).<br />

Poulos e Davis (1980), segundo Santana (2008), apresentaram a metodologia da estaca<br />

equivalente, que consiste em calcular o recalque médio <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas<br />

transformando-o em uma estaca circular com área equivalente à do grupo (Ag) (figura 35). O<br />

diâmetro <strong>de</strong>ssa estaca (<strong>de</strong>q) é dado pela equação 40.<br />

O conjunto estaca-solo (a estaca equivalente) terá um módulo <strong>de</strong> Young equivalente<br />

(Eeq) dado pela equação 41:<br />

sendo ES o módulo <strong>de</strong> Young do solo, EP o módulo <strong>de</strong> Young da estaca e AT o somatório das<br />

áreas das seções das estacas do grupo.<br />

(40)<br />

(41)<br />

73


Figura 35. Metodologia da estaca equivalente (RANDOLPH, 1994, apud SANTANA, 2008).<br />

Randolph (1994) indica o uso <strong>de</strong>ssa metodologia na estimativa <strong>de</strong> recalques <strong>de</strong> grupos<br />

<strong>de</strong> estacas pouco espaçadas. Segundo o mesmo autor, para grupos <strong>de</strong> estacas mais espaçados a<br />

técnica do radier fictício é mais a<strong>de</strong>quada.<br />

Outra maneira <strong>de</strong> analisar o efeito <strong>de</strong> grupo num estaqueamento (em termos <strong>de</strong><br />

recalque) é através do fator <strong>de</strong> interação α (POULOS, 1968), que é a relação entre o recalque<br />

adicional <strong>de</strong> uma estaca pertencente a um grupo e o recalque <strong>de</strong> uma estaca isolada submetida<br />

a carregamento equivalente (equação 42).<br />

Nessa equação, i é a estaca que sofre o acréscimo <strong>de</strong> recalque (estaca receptora) e j a estaca<br />

que gera esse efeito (estaca fonte).<br />

É possível também analisar o efeito <strong>de</strong> grupo num estaqueamento através da relação<br />

entre o recalque médio <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> estacas (wG) e o recalque <strong>de</strong> uma estaca isolada<br />

carregada com a carga média por estaca do grupo (wi), utilizando a relação <strong>de</strong> recalque RS<br />

(equação 43).<br />

(42)<br />

74


Dessa maneira, a equação (43) para o recalque médio no grupo <strong>de</strong> estacas po<strong>de</strong> ser reescrita:<br />

(43)<br />

wG = wi * RS (44)<br />

Segundo Poulos (1988), o procedimento convencional <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas,<br />

utilizando um único módulo do solo para estimativa <strong>de</strong> recalque em estaca isolada e cálculo<br />

<strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> interação, ten<strong>de</strong> a superestimar os fatores <strong>de</strong> interação. De acordo com O’Neil et<br />

al. (1977), citados por Poulos (1988), é mais a<strong>de</strong>quado consi<strong>de</strong>rar a interação utilizando<br />

módulos <strong>de</strong> baixos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para o material localizado nas zonas centrais entre<br />

estacas, já que esse material é menos <strong>de</strong>formado pela estaca e a baixos níveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

os módulos do solo são mais altos, resultando em menor interação entre estacas (SANTANA,<br />

2008).<br />

Butterfield e Douglas (1981) <strong>de</strong>finiram a eficiência do grupo (ηw) (equação 45) como<br />

a relação entre a rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> n estacas (kG) e n vezes a rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> uma estaca<br />

isolada (kI) (SANTANA, 2008).<br />

Segundo Fleming et al. (1992) (apud SANTANA, 2008), a geometria precisa do<br />

estaqueamento tem importância secundária no comportamento do grupo, <strong>de</strong> modo que grupos<br />

retangulares teriam eficiência parecida com grupos quadrados, com mesmo espaçamento entre<br />

estacas. Ainda <strong>de</strong> acordo com Fleming et al. (1992), Butterfield e Douglas (1981), após<br />

traçarem gráficos <strong>de</strong> eficiência versus número <strong>de</strong> estacas em escala logarítmica, verificaram<br />

que as linhas eram aproximadamente retas, possibilitando representar a eficiência como:<br />

(45)<br />

(46)<br />

75


sendo “e” o expoente <strong>de</strong> eficiência do grupo, que varia normalmente entre 0,4 e 0,6 para a<br />

maioria dos grupos (FLEMING et al., 1992, apud SANTANA, 2008). O valor <strong>de</strong>sse expoente<br />

é influenciado pela esbeltez relativa das estacas (L/d), coeficiente <strong>de</strong> Poisson do solo, rigi<strong>de</strong>z<br />

relativa estaca-solo (λ = EP/GL), heterogeneida<strong>de</strong> do solo (representada por ρ) e espaçamento<br />

relativo entre estacas (s/d), conforme equação 47.<br />

sendo e1(L/d), c1(Ep/GL), c2(s/d), c3(ρ) e c4(ν). Esses valores po<strong>de</strong>m ser extraídos dos ábacos<br />

apresentados na figura 36, os quais aten<strong>de</strong>m a grupos <strong>de</strong> estacas com afastamentos <strong>de</strong> até 12<br />

diâmetros.<br />

(47)<br />

76


Figura 36. Ábacos <strong>de</strong> fatores <strong>de</strong> eficiência apresentados por Fleming et al, 1992, apud SANTANA, 2008.<br />

77


Consi<strong>de</strong>rando-se a estaca isolada submetida a uma carga P/n e o grupo <strong>de</strong> n estacas a<br />

uma carga P tem-se:<br />

(48)<br />

78


O quadro 7 apresenta os aspectos mais importantes referentes às análises <strong>de</strong> estacas<br />

verticalmente carregadas com os programas Piglet, Defpig e Group 7.0 e a metodologia Aoki-<br />

Lopes modificada.<br />

Quadro 7. Comparação entre características das metodologias <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

estacas (SANTANA, 2008).<br />

Segundo Santana (2008), os programas Piglet e Defpig e o método <strong>de</strong> Aoki-Lopes<br />

modificado mostram-se eficientes na estimativa do comportamento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas em<br />

79


solos argilosos, relativamente homogêneos e a níveis <strong>de</strong> carregamento inferiores a 50% da<br />

carga última do grupo. No caso <strong>de</strong> solos arenosos, os programas Piglet e Defpig e o método<br />

Aoki-Lopes modificado não conduzem a resultados satisfatórios, o que po<strong>de</strong> ser atribuído<br />

principalmente ao efeito da instalação das estacas em areias, não quantificada por nenhuma<br />

das metodologias empregadas. No programa Group 7.0 não há sugestões em seu manual<br />

quanto ao modo <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>ração da interação entre as estacas <strong>de</strong> um grupo, portanto, sua<br />

utilização conduz a previsões distantes da realida<strong>de</strong>, tanto no caso <strong>de</strong> recalques do grupo<br />

como no <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> cargas das estacas do grupo.<br />

80


4 – APLICAÇÃO DO ESTUDO DA EFICIÊNCIA DE GRUPO DE ESTACAS<br />

Neste item, estão <strong>de</strong>scritas algumas obras e situações para as quais se calculou a<br />

eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas, <strong>de</strong>stacando-se uma obra na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Salvador-Ba, on<strong>de</strong> foi<br />

realizado estágio.<br />

4.1 - OBRA LOCALIZADA NA AVENIDA MANOEL DIAS DA SILVA, BAIRRO<br />

PITUBA, SALVADOR – BA<br />

Trata-se <strong>de</strong> um edifício comercial (Spazio Montalto) <strong>de</strong> quatro pavimentos, <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong> da GATTO empreendimentos, com fundações em estacas raiz. O contrato <strong>de</strong><br />

construção do edifício pertence à GERTEC Engenharia, construtora com se<strong>de</strong> em Salvador e<br />

que terceirizou os serviços especializados <strong>de</strong> geotecnia à GUNITEST Fundações, com se<strong>de</strong> na<br />

mesma cida<strong>de</strong>.<br />

As estacas, com diâmetro <strong>de</strong> 30 cm, foram apoiadas em rocha granítica, sendo<br />

engastadas cerca <strong>de</strong> 1 m na mesma. O espaçamento entre as estacas é <strong>de</strong> 90 cm.<br />

As cargas nos pilares da estrutura variam <strong>de</strong> 5 tf (50 kN) a 265 tf (2650 kN), sendo<br />

estes esforços transferidos para o terreno por meio <strong>de</strong> 53 estacas, algumas trabalhando<br />

isoladamente e outras em grupos <strong>de</strong> duas, três (dispostas em formato triangular) e quatro<br />

estacas (dispostas em formato quadrangular).<br />

As estacas foram locadas topograficamente e dispostas conforme apresentado na<br />

planta <strong>de</strong> locação (anexo A).<br />

4.1.1 Características do subsolo no local da obra<br />

Foram realizados quatro furos <strong>de</strong> sondagem (Anexo B), espaçados conforme croqui<br />

mostrado no Anexo C. O solo foi classificado como silte argiloso com areia e pedregulho, em<br />

dois furos, apresentando alteração <strong>de</strong> rocha, sendo que o impenetrável se apresentou a poucos<br />

metros <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (aproximadamente a 5 m da superfície).<br />

A camada <strong>de</strong> solo siltosa com areia e argila (predominante acima do impenetrável)<br />

apresentou um SPT variando <strong>de</strong> 5 a 20, crescente com a profundida<strong>de</strong>, porém <strong>de</strong>sprezível para<br />

efeitos <strong>de</strong> cálculo da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga frente à resistência à compressão da rocha,<br />

suficiente para absorver as tensões que chegam através da ponta das estacas.<br />

81


4.1.2 Eficiência <strong>de</strong> grupo das estacas<br />

Neste item, são aplicadas as expressões <strong>de</strong> eficiência para os grupos <strong>de</strong> estacas da obra <strong>de</strong><br />

Salvador-Ba.<br />

a) Grupos <strong>de</strong> duas estacas:<br />

- Método <strong>de</strong> Converse – Labarre:<br />

O quadro 8 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação <strong>de</strong><br />

Converse – Labarre:<br />

Neste caso,<br />

Quadro 8. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

- Método extraído <strong>de</strong> Braja (1995):<br />

η = 90 %<br />

2<br />

1<br />

18,43 o<br />

O quadro 9 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação<br />

extraída <strong>de</strong> Braja (1995):<br />

82


Neste caso,<br />

Quadro 9. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

d 0,90 m<br />

D 0,30 m<br />

p 0,94 m<br />

η = 1,6 > 1 (adota-se η = 100 %)<br />

Neste caso, as estacas se comportariam como se estivessem trabalhando isoladamente,<br />

conforme mencionado no Capítulo <strong>de</strong> revisão bibliográfica.<br />

b) Grupos <strong>de</strong> três estacas posicionadas em forma <strong>de</strong> triângulo:<br />

As equações <strong>de</strong> Converse – Labarre e àquela encontrada em Braja (1995) não se<br />

aplicam a essa configuração <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas.<br />

c) Grupos <strong>de</strong> quatro estacas:<br />

- Método <strong>de</strong> Converse – Labarre:<br />

O quadro 10 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação <strong>de</strong><br />

Converse – Labarre:<br />

2<br />

1<br />

83


Neste caso,<br />

Quadro 10. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

- Método encontrado em Braja (1995):<br />

η = 80 %<br />

2<br />

2<br />

18,43<br />

O quadro 11 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação<br />

extraída <strong>de</strong> Braja (1995):<br />

Conseqüentemente,<br />

Quadro 11. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

d 0, 90 m<br />

D 0,30 m<br />

p 0,94 m<br />

η = 1,3 > 1 (adota-se η = 100 %)<br />

Neste caso, as estacas se comportariam como se estivessem trabalhando isoladamente,<br />

conforme mencionado no Capítulo <strong>de</strong> revisão bibliográfica.<br />

As figuras 37 e 38 apresentam, para cada grupo <strong>de</strong> estacas (grupos <strong>de</strong> duas e quatro<br />

estacas), a comparação entre os resultados <strong>de</strong> eficiência obtidos através dos métodos <strong>de</strong><br />

Converse–Labarre e extraído <strong>de</strong> Braja (1995). A figura 39 mostra uma comparação entre as<br />

2<br />

2<br />

84


eficiências reais calculadas, através do método encontrado em Braja (1995), para os grupos <strong>de</strong><br />

duas (grupo 2 x 1) e quatro estacas (grupo 2 x 2).<br />

Figura 37. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados para o grupo <strong>de</strong> duas estacas.<br />

Figura 38. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados para o grupo <strong>de</strong> quatro estacas.<br />

85


Figura 39. Gráfico comparativo da eficiência real calculada através da equação extraída <strong>de</strong> Braja (1995).<br />

O método encontrado em Braja (1995) apresentou um resultado <strong>de</strong> eficiência superior<br />

ao calculado pelo método <strong>de</strong> Converse – Labarre, nas duas configurações <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

estacas. Se consi<strong>de</strong>rarmos os valores calculados, a diferença entre eles é <strong>de</strong> 70% e 50%,<br />

respectivamente, para grupos <strong>de</strong> duas e quatro estacas. Consi<strong>de</strong>rando-se os valores adotados<br />

segundo o método extraído <strong>de</strong> Braja (1995), essa diferença cai para 10% e 20%,<br />

respectivamente. Pelas expressões utilizadas, verifica-se que a <strong>de</strong> Converse-Labarre consi<strong>de</strong>ra<br />

a relação existente entre o diâmetro da estaca e o seu espaçamento, por meio do ângulo “θ”,<br />

ou seja, parece consi<strong>de</strong>rar a influência entre as estacas do grupo, enquanto que a outra<br />

consi<strong>de</strong>ra exclusivamente a relação entre perímetros.<br />

A expressão <strong>de</strong> Converse-Labarre mostra que quanto maior o espaçamento entre as<br />

estacas, menor será a relação (D/d) e o valor <strong>de</strong> “θ”, levando ao valor próximo <strong>de</strong> 1 para o<br />

fator <strong>de</strong> eficiência, embora matematicamente este valor <strong>de</strong> 100% não seja atingido. Por outro<br />

lado, a equação extraída <strong>de</strong> Braja (1995) permite atingir valores superiores a 100%.<br />

Para o fator <strong>de</strong> eficiência calculada em ambos os métodos, o grupo <strong>de</strong> duas estacas<br />

apresentou um valor <strong>de</strong> eficiência superior ao encontrado para a configuração <strong>de</strong> quatro<br />

estacas (em formato quadrangular), mostrando que a execução <strong>de</strong> um maior número <strong>de</strong><br />

estacas por bloco po<strong>de</strong>rá reduzir a eficiência do grupo.<br />

86


4.2– APLICAÇÃO DO ESTUDO DE EFICIÊNCIA PARA O CASO JÁ<br />

APRESENTADO DE SILVA E CINTRA (1996)<br />

Aplicando a equação <strong>de</strong> Converse-Labarre e a equação encontrada em Braja (1995) à<br />

configuração dos grupos <strong>de</strong> estacas ensaiados por Silva e Cintra (1996), obtivemos os<br />

seguintes resultados <strong>de</strong> eficiência apresentados na tabela 22:<br />

Tabela 22. Valores <strong>de</strong> eficiência obtidos pelas equações <strong>de</strong> Converse-Labarre e Braja para o<br />

estudo <strong>de</strong> Silva e Cintra (1996): comparação com os valores obtidos pelos autores<br />

Grupo η (Equação <strong>de</strong><br />

Converse-Labarre)<br />

η (Equação<br />

extraída <strong>de</strong><br />

Braja,1995)<br />

1x2 0,9 1 (valor calculado<br />

= 1,59)<br />

1x3 0,86 1 (valor calculado<br />

= 1,70)<br />

ηpc (com a contribuição do<br />

bloco <strong>de</strong> coroamento)<br />

ηpc’ (sem a contribuição do<br />

bloco <strong>de</strong> coroamento)<br />

1,15 0,90<br />

1,17 0,92<br />

3 ∆ - - 1,20 1,09<br />

2x2 0,8 1 (valor calculado<br />

= 1,27)<br />

1,07 0,97<br />

Os mesmos comentários feitos para a obra <strong>de</strong> Salvador são válidos aqui.<br />

Observa-se também que os valores <strong>de</strong> fator <strong>de</strong> eficiência encontrados para esta<br />

situação são iguais àqueles encontrados para a obra <strong>de</strong> Salvador, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tipo <strong>de</strong> solo.<br />

A obra <strong>de</strong> Salvador está assente em silte argiloso com areia e pedregulho, em dois furos,<br />

apresentando alteração <strong>de</strong> rocha, e foram utilizadas fundações em estacas raiz <strong>de</strong> 30cm <strong>de</strong><br />

diâmetro. Em contrapartida, para o estudo <strong>de</strong> Silva e Cintra (1996), as estacas são do tipo<br />

broca, com 25cm <strong>de</strong> diâmetro e 6 m <strong>de</strong> comprimento, tendo espaçamento <strong>de</strong> 3d entre os<br />

centros das estacas 3d, e o subsolo é composto por areia argilosa.<br />

Os valores obtidos por Silva e Cintra (1996), consi<strong>de</strong>rando a contribuição do bloco <strong>de</strong><br />

coroamento se aproximam daqueles obtidos pela equação extraída <strong>de</strong> Braja (1995), enquanto<br />

os fatores <strong>de</strong> eficiência sem a contribuição do bloco <strong>de</strong> coroamento variam.<br />

A figura 40 apresenta, em gráfico, os resultados <strong>de</strong> eficiência obtidos por Silva e<br />

Cintra, com a consi<strong>de</strong>ração do bloco <strong>de</strong> coroamento (ηpc) e sem a contribuição do mesmo<br />

(ηpc’).<br />

87


Figura 40. Gráfico com resultados <strong>de</strong> eficiência obtidos por Silva e Cintra (1996), com a consi<strong>de</strong>ração do bloco <strong>de</strong><br />

coroamento (ηpc) e sem a contribuição do mesmo (ηpc’).<br />

As figuras 41, 42 e 43 apresentam, para cada grupo <strong>de</strong> estacas (grupo 1 x 2, grupo 1 x<br />

3 e grupo 2 x 2), a comparação entre os resultados <strong>de</strong> eficiência obtidos através dos métodos<br />

<strong>de</strong> Converse–Labarre e extraído <strong>de</strong> Braja (1995). A figura 44 mostra uma comparação entre as<br />

eficiências reais calculadas, através do método encontrado em Braja (1995), para os mesmos<br />

grupos.<br />

Figura 41. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados para o grupo <strong>de</strong> estacas 1 x 2.<br />

88


Figura 42. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados para o grupo <strong>de</strong> estacas 1 x 3.<br />

Figura 43. Gráfico comparativo da eficiência calculada através dos dois métodos apresentados para o grupo <strong>de</strong> estacas 2 x 2.<br />

89


Figura 44. Gráfico comparativo da eficiência real calculada através da equação extraída <strong>de</strong> Braja (1995) para os três grupos<br />

apresentados.<br />

4.3– COMPLEXO DE VIADUTOS EM FEIRA DE SANTANA-BA, ESTUDADOS POR<br />

ANDRADE (2009)<br />

Trata-se da obra referente ao principal viaduto do município <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-BA,<br />

instalado no bairro da Cida<strong>de</strong> Nova, on<strong>de</strong> foi adotada fundação em estaca hélice contínua com<br />

diâmetro <strong>de</strong> 60 cm, carga <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong> 90 tf e espaçamento <strong>de</strong> 150 cm.<br />

Os grupos <strong>de</strong> estacas analisados por Andra<strong>de</strong> (2009) foram os que compõem os apoios<br />

1 (grupo <strong>de</strong> 2 x 2) e 5 (grupo <strong>de</strong> 2 x 10), conforme anexo F.<br />

4.3.1 Características do subsolo no local da obra<br />

Embora tenham sido realizados oito furos <strong>de</strong> sondagem a percussão no local, apenas<br />

dois furos foram utilizados e anexados, SP-05 (anexo E) e SP-08 (anexo D), referentes aos<br />

grupos <strong>de</strong> estacas estudados por Andra<strong>de</strong> (2009) (apoios 1 e 5, conforme apresentado em<br />

planta <strong>de</strong> localização no anexo F).<br />

90


Os furos <strong>de</strong> sondagem SP-05 e SP-08 mostram os gráficos <strong>de</strong> variação <strong>de</strong><br />

N SPT<br />

com a<br />

profundida<strong>de</strong>. Observa-se que no SP-08 o solo é composto basicamente <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong><br />

N<br />

areia siltosa <strong>de</strong> 1,60 m <strong>de</strong> espessura ( SPT<br />

N<br />

(com SPT<br />

<strong>de</strong> 4) e por uma extensa camada <strong>de</strong> silte-argiloso<br />

variando <strong>de</strong> 2 a 35), o que também po<strong>de</strong> ser observado no furo <strong>de</strong> sondagem SP-<br />

05. O nível <strong>de</strong> água encontra-se na cota <strong>de</strong> aproximadamente 232m, a cerca <strong>de</strong> 7 metros <strong>de</strong><br />

profundida<strong>de</strong>.<br />

4.3.2 Eficiência <strong>de</strong> grupo das estacas<br />

Neste item, são aplicadas as expressões <strong>de</strong> eficiência para os grupos <strong>de</strong> estacas da obra do<br />

viaduto <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana-BA.<br />

a) Grupos <strong>de</strong> quatro estacas:<br />

- Método <strong>de</strong> Converse – Labarre:<br />

O quadro 12 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação <strong>de</strong><br />

Converse – Labarre:<br />

Neste caso,<br />

Quadro 12. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

- Método extraído <strong>de</strong> Braja (1995):<br />

η = 76 %<br />

2<br />

2<br />

21,80 o<br />

91


O quadro 13 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação<br />

encontrada em Braja (1995):<br />

Neste caso,<br />

b) Grupos <strong>de</strong> vinte estacas:<br />

- Método <strong>de</strong> Converse – Labarre:<br />

Quadro 13. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

d 1,50 m<br />

D 0,60 m<br />

p 1,88 m<br />

η = 1,1 > 1 (adotou-se η = 100 %)<br />

O quadro 14 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação <strong>de</strong><br />

Converse – Labarre:<br />

Neste caso,<br />

Quadro 14. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

η = 66 %<br />

2<br />

2<br />

2<br />

10<br />

21,80 o<br />

92


- Método encontrado em Braja (1995):<br />

O quadro 15 apresenta os valores utilizados para o cálculo <strong>de</strong> η através da equação<br />

extraída <strong>de</strong> Braja (1995):<br />

Conseqüentemente,<br />

são menores.<br />

Quadro 15. Valores utilizados no cálculo <strong>de</strong> η<br />

Elementos da Equação Valores<br />

n1<br />

n2<br />

2<br />

10<br />

d 1,50 m<br />

D 0,60 m<br />

p 1,88 m<br />

η = 0,86<br />

Os valores encontrados pela expressão <strong>de</strong> Converse-Labarre, como nas outras obras,<br />

Observa-se que, para esta situação em que o diâmetro das estacas é aproximadamente<br />

o dobro dos diâmetros utilizados nas <strong>de</strong>mais obras, os fatores <strong>de</strong> eficiência resultaram em<br />

valores menores, embora o espaçamento utilizado seja maior.<br />

A figura 45 apresenta os resultados reais obtidos através do método extraído <strong>de</strong> Braja<br />

(1995) para os dois grupos <strong>de</strong> estacas apresentados (grupo 2 x 2 e grupo 2 x 10).<br />

93


Figura 45. Gráfico comparativo da eficiência real calculada através da equação extraída <strong>de</strong> Braja (1995) para os dois grupos<br />

apresentados.<br />

94


5- CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

A partir da análise dos três casos apresentados neste trabalho e da aplicação das<br />

equações <strong>de</strong> eficiência, as configurações <strong>de</strong> grupo <strong>de</strong> estacas apresentadas, cada um com suas<br />

características peculiares, como diâmetro, espaçamento e número <strong>de</strong> estacas, percebemos que,<br />

mesmo para solos com características distintas, a eficiência <strong>de</strong> grupo (para grupos <strong>de</strong> mesma<br />

configuração) é praticamente a mesma, isto se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong>ssas equações <strong>de</strong> eficiência não<br />

levarem em conta fatores importantes, como o tipo <strong>de</strong> solo, suas características e o<br />

comprimento das estacas. Neste caso, segundo Caputo (1983), estas equações <strong>de</strong> eficiência se<br />

mostram pouco confiáveis.<br />

Observando-se a equação (28), que <strong>de</strong>fine fator <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupo como sendo a<br />

relação entre a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga do grupo <strong>de</strong> estacas e do somatório das estacas isoladas<br />

pertencentes ao grupo, verificou-se que ela se reduz a uma <strong>de</strong>pendência da geometria quando<br />

se utilizam as equações teóricas <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga. Se substituirmos pelas equações<br />

semi-empíricas <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga, observaremos que os fatores representantes das<br />

características dos solos e dos tipos <strong>de</strong> estacas (K, α, por exemplo) não são eliminados,<br />

mostrando a importância dos mesmos sobre o efeito <strong>de</strong> grupo das estacas.<br />

Ainda na análise dos três casos, verificou-se que as equações divergem quanto aos<br />

resultados <strong>de</strong> eficiência para uma mesma configuração <strong>de</strong> grupo, sendo o menor valor obtido<br />

pela equação <strong>de</strong> Converse-Labarre.<br />

No terceiro caso analisado, dos grupos <strong>de</strong> estacas do viaduto <strong>de</strong> Feira <strong>de</strong> Santana –<br />

Ba, em especial o grupo <strong>de</strong> vinte estacas (2 x 10), percebe-se uma redução significativa da<br />

eficiência <strong>de</strong> grupo em função do gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> estacas. Embora, as equações utilizadas<br />

não representem as condições do subsolo e não se saiba ao certo se o valor obtido nos cálculos<br />

seja o real valor, ainda assim, elas mostram que há uma interferência entre as estacas <strong>de</strong> um<br />

mesmo grupo. Segundo Santana (2008), <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar esse efeito <strong>de</strong> grupo, especialmente em<br />

grupos com gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> estacas, po<strong>de</strong> conduzir o projeto <strong>de</strong> fundação a significativos<br />

erros.<br />

Consi<strong>de</strong>rando esses resultados específicos, po<strong>de</strong>-se verificar que as equações<br />

existentes para cálculo <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupos apresenta limitações. Adicionalmente, conclui-<br />

se que uma melhor avaliação po<strong>de</strong>ria ter sido realizada, se existissem resultados <strong>de</strong> provas <strong>de</strong><br />

carga para todos os três casos analisados.<br />

95


Propostas para estudo <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> estacas em grupo, que só consi<strong>de</strong>ram a<br />

geometria do problema, <strong>de</strong>verão ser utilizadas com cuidado e apenas para os casos on<strong>de</strong> as<br />

condições gerais são similares àquelas nas quais as correlações foram baseadas. Essas foram as<br />

consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong> Polo & Clemente (1988) apud Rezen<strong>de</strong> (1996), para as primeiras propostas <strong>de</strong><br />

previsão <strong>de</strong> recalques <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estacas.<br />

Para avaliar o comportamento <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estaca, <strong>de</strong>ntre outros aspectos <strong>de</strong> interesse,<br />

Russo Neto (2005) mediu recalques na base <strong>de</strong> diversos pilares <strong>de</strong> uma mesma obra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

construção até a sua utilização. Esse autor utilizou também programa para aferir os resultados<br />

com os valores medidos. Como resultado dos estudos, verificou que a extrapolação do<br />

comportamento <strong>de</strong> uma estaca isolada (para o caso <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> carga estática) para o grupo ao<br />

qual ela pertence po<strong>de</strong>rá conduzir a erros consi<strong>de</strong>ráveis, uma vez que o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

imposto pelo grupo é muito maior que o das estacas isoladas.<br />

Em função <strong>de</strong>ssa afirmação <strong>de</strong> Russo Neto (2005), talvez seja possível pensar que a<br />

execução <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> carga dinâmica consiga ter melhor representativida<strong>de</strong> com relação ao<br />

efeito <strong>de</strong> grupo no comportamento das estacas, uma vez que a mesma é realizada, em geral,<br />

após o grupo ter sido formado e, portanto, ter alterado o estado inicial <strong>de</strong> tensões do solo.<br />

Ainda em seu estudo, Russo Neto (2005) usou a solução <strong>de</strong> Mindlin para mo<strong>de</strong>lar o<br />

efeito <strong>de</strong> grupo das estacas <strong>de</strong> concreto armado, com seção transversal quadrada e lados iguais<br />

a 32cm e 35cm, totalizando 99 estacas. A equação <strong>de</strong> Mindlin (1936) é utilizada para calcular<br />

os <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong> estacas, mediante o estudo dos <strong>de</strong>slocamentos (recalques) <strong>de</strong> uma massa<br />

<strong>de</strong> solo causados por um carregamento <strong>de</strong>ntro da massa. Essa equação consi<strong>de</strong>ra a interação<br />

solo-estaca (Rezen<strong>de</strong>, 1996) e tem sido utilizada nos diversos estudos sobre recalques <strong>de</strong><br />

grupos <strong>de</strong> estacas, a exemplo <strong>de</strong> Bezerra (2003), Russo Neto (2005) e Santana (2008).<br />

Russo Neto (2005) verificou também que uma extrapolação do comportamento <strong>de</strong><br />

estacas isoladas para o grupo po<strong>de</strong>rá representar erros ainda maiores, pois a relação tensão-<br />

<strong>de</strong>formação para o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação apresentada, não é linear; isto conduz a valores<br />

menores <strong>de</strong> “E” para o grupo, quando comparado com estacas isoladas <strong>de</strong>sse grupo. Ressaltou<br />

que o comportamento visco-elástico dos materiais e sistemas envolvidos na análise da<br />

interação solo-estrutura <strong>de</strong>verão ser incluídos, e que as observações <strong>de</strong> obra em escala natural<br />

continuam sendo um campo <strong>de</strong> pesquisa a ser explorado. Concluiu que as variabilida<strong>de</strong>s da<br />

formação geotécnica <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas, para que as previsões sejam mais realistas.<br />

Bezerra (2003) em seus estudos verificou que os principais agentes redutores do efeito<br />

<strong>de</strong> grupo são a redução da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estacas e o aumento do espaçamento. Os efeitos <strong>de</strong><br />

96


interação no grupo reduzem bastante (70%) a rigi<strong>de</strong>z nas estacas isoladas do grupo,<br />

principalmente para aquelas localizadas no centro do bloco.<br />

Pelo exposto em Bezerra (2003), Russo Neto (2005) e Santana (2008), observa-se uma<br />

tendência <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> estaca, consi<strong>de</strong>rando-se como radier estaqueado e<br />

analisando-se os recalques ao invés <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga e aplicando a solução <strong>de</strong> Mindlin<br />

(1936), conforme já mencionado.<br />

Poulos já em 1989 afirmava que os parâmetros geotécnicos adotados e a maneira como o<br />

perfil geotécnico é i<strong>de</strong>alizado são aspectos mais relevantes na análise do comportamento <strong>de</strong><br />

grupos <strong>de</strong> estacas, do que o método <strong>de</strong> análise dos recalques (Rezen<strong>de</strong>, 1996).<br />

Na revisão bibliográfica dos trabalhos <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> (1996), Bezerra (2003), Russo Neto<br />

(2005) e Santana (2008), ou seja, tendo sido <strong>de</strong>corridos 12 anos, observa-se que poucos ou<br />

quase nenhum avanço foi alcançado no que se refere à avaliação <strong>de</strong> comportamento <strong>de</strong> grupos<br />

<strong>de</strong> estacas, no sentido <strong>de</strong> simplificar as análises <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um limite aceitável. Há uma<br />

complexida<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> envolvida.<br />

Diante do exposto, parece que a existência das equações <strong>de</strong> eficiência <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong><br />

estacas, apesar <strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rarem apenas a geometria do grupo <strong>de</strong> estacas, po<strong>de</strong>rá alimentar<br />

contínuas discussões quanto ao mecanismo <strong>de</strong> funcionamento das fundações em estacas,<br />

visando o dimensionamento <strong>de</strong> fundações mais seguras e econômicas. O objetivo é aproveitar<br />

ao máximo a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carga das estacas trabalhando em grupo, sob o efeito da interação<br />

entre si, muitas vezes <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado nos projetos. Esse nível <strong>de</strong> preocupação por parte <strong>de</strong><br />

empresas, assim como a tentativa <strong>de</strong> buscar soluções para preencher as lacunas existentes em<br />

projetos <strong>de</strong> fundações e obras <strong>de</strong> terra, torna essas empresas mais competitivas no mercado na<br />

medida em que estas se mostram preocupadas com o <strong>de</strong>sempenho das obras projetadas.<br />

97


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101


ANEXO A – Planta <strong>de</strong> locação das fundações<br />

102


ANEXO B – Perfis <strong>de</strong> sondagem do terreno<br />

103


104


105


106


ANEXO C: obra em Salvador-Ba<br />

107


ANEXO D – Furo SP-08: obra dos viadutos em Feira <strong>de</strong> Santana-Ba (ANDRADE, 2009)<br />

108


ANEXO E – Furo SP-05: obra dos viadutos em Feira <strong>de</strong> Santana-Ba<br />

(ANDRADE, 2009)<br />

109


ANEXO F – Planta com a localização dos SP-05 e SP-08 (ANDRADE, 2009)<br />

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