Roteiro Diversidade e Evolução - Jardim Botânico do Rio de Janeiro
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<strong>Diversida<strong>de</strong></strong> <strong>Evolução</strong><br />
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a afirmar que “não é a espécie mais forte que sobrevive, tampouco a mais<br />
inteligente. É a mais adaptável às mudanças. Ao longo da história da<br />
humanida<strong>de</strong> (e <strong>do</strong>s animais também) aqueles que foram mais eficazes<br />
em apren<strong>de</strong>r a colaborar e a improvisar foram os que prevaleceram”<br />
(Charles Darwin). Este pensamento se fundamenta no fato <strong>de</strong> que as<br />
espécies não vivem isoladamente. Portanto, aquelas que conseguem gerar<br />
um ambiente mais propício para o conjunto <strong>de</strong> seres vivos contribuem<br />
para a riqueza da diversida<strong>de</strong> local e isto favorece o processo evolutivo <strong>de</strong><br />
todas as espécies que convivem. Por esta explicação uma espécie evolui,<br />
não em <strong>de</strong>trimento das outras, mas, ao contrário, evoluem em grupo, em<br />
sistemas <strong>de</strong> “cooperação”.<br />
Em contraposição a esta perspectiva outros teóricos <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m que a<br />
“competição” entre os seres vivos serve como um guia para a evolução, sen<strong>do</strong><br />
consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s os mais adapta<strong>do</strong>s aqueles que geram mais <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes,<br />
favorecen<strong>do</strong> características que permitem um maior sucesso da espécie<br />
no ambiente modifica<strong>do</strong>. Essa capacida<strong>de</strong> maior <strong>de</strong> sobrevivência <strong>de</strong><br />
uma espécie tem si<strong>do</strong> interpretada por aqueles que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a idéia da<br />
competição como fator evolutivo com sen<strong>do</strong> “a lei <strong>do</strong> mais forte”, ou<br />
seja, o mais forte é o vence<strong>do</strong>r na luta pela sobrevivência.<br />
No que diz respeito a essa discussão sobre a relação entre competição e<br />
cooperação é importante <strong>de</strong>stacar a visão <strong>do</strong> biólogo Chileno Humberto<br />
Maturana (2002). Esse autor afirma que olhan<strong>do</strong> para o ser humano<br />
enquanto espécie em evolução, somente seres vivos extremamente<br />
“cooperativos” po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>senvolver sistemas <strong>de</strong> comunicação como<br />
a linguagem, que parte <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo profun<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser compreendi<strong>do</strong> pelo<br />
outro, permitin<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong> códigos comunicativos comuns.<br />
Esta comunicação permite a empatia - o colocar-se no lugar <strong>do</strong> outro<br />
- viabilizan<strong>do</strong> a construção <strong>de</strong> projetos coletivos <strong>de</strong> vida. Segun<strong>do</strong> este<br />
autor, foi assim que a espécie humana evoluiu, compartilhan<strong>do</strong> visões<br />
comuns <strong>de</strong> futuro, geran<strong>do</strong> sonhos coletivos e tentan<strong>do</strong> concretizá-los.<br />
Além disso, várias evidências apontam que os seres humanos passaram, em<br />
um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> momento na pré-história, por um gargalo populacional:<br />
a espécie esteve quase à beira da extinção. A colaboração, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
viver em grupo, <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong> filhotes, <strong>de</strong> se comunicar <strong>de</strong> maneira mais<br />
eficiente e a inteligência posta em prática foram provavelmente <strong>de</strong>cisivos<br />
para a sobrevivência da espécie humana.<br />
ii) a “ev o l u ç ã o e di v eR s i d a d e” a paRtiR d o s o B Je t i v o s d o tecen<strong>do</strong> Re<strong>de</strong>s<br />
O projeto “Tecen<strong>do</strong> Re<strong>de</strong>s por um Planeta Terra Saudável” sempre<br />
estimula que se trabalhe os temas a partir <strong>de</strong> reflexões sobre a realida<strong>de</strong><br />
local 4 . Neste local estão inseri<strong>do</strong>s os participantes <strong>de</strong>ste projeto, buscan<strong>do</strong><br />
a transformação <strong>de</strong> sua realida<strong>de</strong> através das escolas, museus, instituições<br />
<strong>de</strong> pesquisa e da colaboração entre eles. Isto porque buscamos contribuir<br />
para a produção <strong>de</strong> uma ciência comprometida com nossas reflexões e<br />
ações. Com base neste pensamento construímos perguntas que guiam as<br />
idéias <strong>de</strong>ste texto e as ações <strong>do</strong> projeto:<br />
Como a reflexão sobre a realida<strong>de</strong> - local e global - contribui para<br />
problematizar a discussão sobre o tema “<strong>Evolução</strong> e diversida<strong>de</strong>”?<br />
Como este tema po<strong>de</strong> ajudar a construir conhecimentos e<br />
direcionar ações que possam contribuir para a transformação da<br />
nossa realida<strong>de</strong> local e global?<br />
O tema “<strong>Evolução</strong> e <strong>Diversida<strong>de</strong></strong>” é <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> porque é muito comum<br />
abordá-lo a partir <strong>de</strong> uma perspectiva que consi<strong>de</strong>ra as relações biológicas<br />
como mo<strong>de</strong>los para as relações sociais da espécie humana. A partir daí,<br />
valoriza-se “competição” entre os seres vivos como forma <strong>de</strong> justificar<br />
a competição na socieda<strong>de</strong> humana, com o argumento <strong>de</strong> que este é<br />
4 “O senti<strong>do</strong> da relação local-global significa enten<strong>de</strong>r a inserção <strong>de</strong> lugares, com suas<br />
pessoas, comunida<strong>de</strong>s, li<strong>de</strong>ranças e sistemas <strong>de</strong> suporte à vida, no interior <strong>de</strong> ecossistemas<br />
e esferas sócio-políticas mais abrangentes. (...) Um elemento marcante a nível global é o<br />
processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico, tecnológico e social – com sua natureza e suas<br />
dinâmicas - que marcam um território num da<strong>do</strong> perío<strong>do</strong> histórico, produzin<strong>do</strong> ciclos<br />
mais perversos ou virtuosos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, cujos impactos agrega<strong>do</strong>s se dão em<br />
territórios mais abrangentes.” (Porto,2007: 200;196).<br />
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