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era meu filho de volta e isso ninguém<br />
vai me dar”, diz Irani Lima, mãe de<br />
Djalma Lima Santos, um dos torcedores<br />
mortos. Um ano após o episódio,<br />
das sete famílias das vítimas, apenas os<br />
herdeiros de Joselito Lima e Milena Palmeira<br />
já tiveram a pensão mensal a que<br />
teriam direito liberadas pelo governo<br />
do estado.<br />
Responsável pelo pagamento das<br />
pensões, a Secretaria de Administração<br />
do Estado (Saeb) informa que todos os<br />
outros casos estão em tramitação na justiça<br />
e aponta impasses com Defensoria<br />
Pública e possíveis (e às vezes duvidosos)<br />
beneficiários como uma das justificativas<br />
para a demora na resolução.<br />
Entretanto, pior do que ficar sem a<br />
pensão é ainda não ter recebido nem<br />
a indenização pelo acidente (segurotorcedor),<br />
estipulada em R$ 25 mil. É o caso das<br />
famílias de Mydiã Santos e Anísio Marques. Mydiã<br />
deixou uma filha menor, que teria direito a 50% do<br />
benefício. A outra parte seria destinada ao padrasto<br />
da criança, mas o avô também reivindica o direito.<br />
Já Anísio deixou três filhos com três companheiras<br />
Jader Landerson<br />
sobreviveu porque caiu por<br />
cima de um dos mortos<br />
diferentes, sendo que dois não foram registrados.<br />
As três mulheres reivindicam a indenização, mas<br />
precisam comprovar legalmente a união estável com<br />
Anísio. “Os dois casos envolvem crianças. Temos<br />
que preservar os seus interesses como beneficiários,<br />
por isso só podemos liberar a indenização quando<br />
ficar bem claro quem tem direito”, explica Nélson<br />
Uzêda, superintendente executivo da Companhia<br />
Excelsior de Seguros, seguradora da Confederação<br />
Brasileira de Futebol.<br />
Uzêda diz ainda que os sobreviventes também têm<br />
direito ao seguro-torcedor proporcional ao grau de sua<br />
lesão. “O caso do Jader demorou de ser resolvido porque<br />
só agora recebemos o relatório médico conclusivo<br />
sobre a situação dele”, disse. Somente no dia 17 de<br />
novembro, quase um ano após cair da arquibancada<br />
e só ter sobrevivido por ter sido amortecido por uma<br />
das pessoas mortas, é que Jader Landerson recebeu a<br />
quantia aproximada de R$ 7,5 mil.<br />
Sem entrar na discussão jurídica, Fábio Marques,<br />
irmão de Anísio, se mostra indignado por outros motivos.<br />
Ele afirma que o único apoio que sua família<br />
recebe da Superintendência de Desportos do Estado<br />
da Bahia (Sudesb) é a doação de uma cesta básica por<br />
mês. “Antes tinha um apoio psicológico, uma vez por<br />
semana, mas suspenderam. E minha mãe ainda não<br />
está nada bem”, revela.<br />
A assessoria de comunicação da Sudesb informou<br />
que o apoio psicológico não foi suspenso e sim con-<br />
HUMBERTO FARIAS<br />
<strong>Revista</strong> <strong>Metrópole</strong> -novembro de 2008 5