Tema: Ser diferente - Editora Saraiva
Tema: Ser diferente - Editora Saraiva
Tema: Ser diferente - Editora Saraiva
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
128<br />
<strong>Tema</strong>:<br />
<strong>Ser</strong> <strong>diferente</strong><br />
DE LHO NA IMAGEM<br />
Campeão de bolinha de gude (1939), de Norman Rockwell.<br />
Português: Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
1. Nesse quadro, três crianças estão brincando.<br />
a) Do que elas estão brincando? De bolinha de gude.<br />
b) Esse jogo normalmente é jogado por meninos ou meninas? Por meninos.<br />
c) Se você já jogou esse jogo, conte para os colegas como são as regras dele e como se faz para<br />
vencer. Resposta pessoal.<br />
2. Cada um dos jogadores tem um saquinho de bolinhas de gude.<br />
Como está o saquinho:<br />
a) do menino de camiseta listrada? Vazio.<br />
b) que está no bolso do menino de camisa branca? Vazio.<br />
c) ao lado da menina? Completamente cheio.<br />
3. Pelos saquinhos de bolinhas de gude, é possível tirar algumas conclusões.<br />
a) O jogo começou nesse momento ou já faz algum tempo que as crianças estão jogando?<br />
Por quê? Deve ter começado há algum tempo, pois os meninos deviam ter bolinhas quando começou a partida.<br />
b) Quem está ganhando o jogo? Por quê? A menina, pois tem várias bolinhas ao seu lado, no chão, além do saco cheio de bolinhas.<br />
4. Observe a expressão do rosto das três crianças.<br />
a) O que os meninos parecem estar sentindo?<br />
b) E a menina, o que ela deve estar pensando e sentindo?<br />
Ela também parece estar ansiosa e pensando algo como “Não posso errar esta jogada”.<br />
Eles parecem estar ansiosos e preocupados<br />
com o resultado da jogada da menina.<br />
5. Observe a localização das bolinhas de gude no quadro.<br />
Provavelmente vai terminar a<br />
a) Existe alguma bolinha perto dos meninos? Não. partida, pois os meninos não<br />
terão mais como jogar.<br />
b) O que você acha que vai acontecer se a menina acertar a jogada?<br />
c) O título do quadro é Campeão de bolinha de gude. Qual das crianças<br />
você acha que merecerá esse título? Por quê?<br />
O título certamente caberá à menina, pois ela tem maior possibilidade de ganhar o jogo.<br />
6. Existem certos jogos e brincadeiras que são praticados geralmente por meninos, e outros,<br />
por meninas.<br />
Resposta pessoal. Sugestões: futebol, baseball (taco), judô, bolinha de gude, figurinha, pião, soltar pipa, etc.<br />
a) Que esportes, jogos e brincadeiras são mais praticados por meninos?<br />
b) E quais são mais praticados por meninas? Resposta pessoal. Sugestões: ginástica olímpica, balé,<br />
brincar de roda ou de boneca, etc.<br />
c) Na sua opinião, existe preconceito de sexo nas brincadeiras e nos jogos?<br />
Por quê? Resposta pessoal.<br />
d) Você conhece alguém que se destaca num jogo ou esporte que geralmente<br />
é praticado pelo sexo oposto? Essa pessoa sofre ou sofreu preconceitos?<br />
Conte para os colegas. Resposta pessoal.<br />
129
130<br />
<strong>Tema</strong>:<br />
<strong>Ser</strong> <strong>diferente</strong><br />
ESTUDO DO TEXTO<br />
A pipoca<br />
Falaram pouco até chegar no morro.<br />
O caminho que subiam era estreito. O Tuca foi<br />
na frente. Quase correndo. Feito querendo escapar da<br />
discussão que crescia lá dentro dele: um Tuca dizendo<br />
que amigo-que-é-amigo não tá ligando se a gente mora<br />
aqui ou lá; o outro Tuca não acreditando e cada vez mais<br />
arrependido da ideia de comer pipoca.<br />
E atrás dos dois lá ia o Rodrigo, querendo assobiar<br />
para disfarçar. Querendo mas não podendo: já estava<br />
botando a alma pela boca de tanto subir.<br />
Quantas vezes, com a luz de tudo que é barraco<br />
se espalhando pelo morro, o Rodrigo tinha escutado<br />
dizer: que bonito que é favela de noite! as luzes parecem<br />
estrelas.<br />
E o Rodrigo ia olhando cada barraco, cada criança,<br />
cada bicho, vira-lata, porco, rato, olhando tudo que passava:<br />
bonito? estrela? cadê?!<br />
[...]<br />
Quando chegaram no alto o Rodrigo estava sem<br />
fôlego. O Tuca parou:<br />
— Eu moro aqui. — Entrou.<br />
Só os irmãos pequenos estavam em casa. Quatro.<br />
O Tuca foi apresentando cada um. Os grandes ainda<br />
estavam “lá embaixo se virando”; e a irmã mais velha<br />
Morro (1933), de Portinari.<br />
tinha saído.<br />
— Mas e a pipoca? — o Tuca quis logo saber — ela esqueceu que ia fazer pipoca pra gente?<br />
— Não, — um irmão explicou — ela já fez. Mas ficou com medo da gente comer tudo antes de<br />
você chegar e então guardou ali — espichou o queixo pra uma porta que estava fechada. Fez cara de<br />
sabido e piscou o olho: — A chave tá na vizinha...<br />
Enquanto o garoto falava o Rodrigo ia olhando pro barraco: dois cômodos pequenos, um puxado<br />
lá fora pro fogão e pro tanque, e a tal porta fechada que o garoto tinha mostrado e que devia ser um<br />
outro quarto; ou quem sabe o banheiro? Juntando tudo o tamanho era menor que a cozinha da casa<br />
dele; e eram onze morando ali! e mais a mãe?!<br />
★★★<br />
Uma vez o Tuca tinha contado pro Rodrigo:<br />
“O meu pai era marinheiro. Só aparecia em casa de vez em quando. Um dia não apareceu mais.”<br />
Fundação Portinari<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
“Ele morreu?”<br />
“Ninguém sabe.”<br />
“E a tua mãe?”<br />
“Ela mora lá com a gente. Mas quem faz de mãe lá em casa é a minha irmã<br />
mais velha.”<br />
“Por quê?”<br />
“É que a minha mãe... é doente.”<br />
“O que ela tem?”<br />
“Tem lá umas coisas. Mas a minha irmã é a pessoa mais legal que eu já vi até<br />
hoje: aguenta qualquer barra.”<br />
★★★<br />
Lá pelas tantas o Tuca quis acabar com a discussão que continuava dentro dele:<br />
— Vam’embora, Rodrigo. Você agora já sabe onde eu moro e se quiser aparecer a casa é sua.<br />
— Mas e a pipoca? — o Rodrigo perguntou.<br />
Não precisou mais nada: a criançada desatou a falar na pipoca, a querer a pipoca, a pedir a pipoca.<br />
Uma barulhada! O Tuca ficou olhando pro chão. De repente saiu correndo. Pegou a chave na casa<br />
da vizinha. Abriu a porta que estava trancada.<br />
Era um quarto com uma cama, um armário velho de porta escancarada e uns colchões no chão.<br />
Tinha uma mulher jogada num colchão.<br />
Tinha uma panela virada no colchão.<br />
Tinha pipoca espalhada em tudo.<br />
A criançada logo invadiu o quarto e começou a catar pipoca do chão.<br />
Ninguém ligou pra mulher querendo se levantar do colchão.<br />
O Rodrigo estava de olho arregalado.<br />
O Tuca olhou pra ele. Olhou pra mulher. Olhou pras pipocas sumindo.<br />
— Pronto, — ele resolveu — você não vai comer pipoca do chão, vai? então não tem mais nada<br />
pra gente fazer aqui. — Empurrou o Rodrigo pra fora do barraco. — Agora você já sabe o caminho.<br />
Desce por lá. — Apontou.<br />
O Rodrigo estava atarantado:<br />
— Lá onde?<br />
— Vem! eu te mostro. — E desceu correndo na frente. Num instantinho chegou na curva que ele<br />
tinha mostrado. Respirou fundo. Lembrou do perfume do talco. Olhou pro lado: estava um lameiro<br />
medonho naquele pedaço do morro: tinha chovido forte na véspera e uma mistura de água e de lixo<br />
tinha empoçado ali.<br />
O Rodrigo chegou de língua de fora: o Tuca tinha descido tão depressa que mais parecia um<br />
cabrito.<br />
— Pô cara! — ele reclamou — assim não dá. Você quase me mata nessa des...<br />
Mas o Tuca já tinha virado pra ele de cara feia e já estava gritando:<br />
— Não precisa me dizer! eu sei muito bem que não dá. Como é que vai dar pra gente ser amigo<br />
com você cheirando a talco...<br />
— Eu?!<br />
— ... e eu aqui nesse lixo todo. Não precisa me dizer, tá bem? eu sei, EU SEI, que não dá.<br />
Você que ainda não sabe de tudo. Quer saber mais, quer? quer? — Pegou o Rodrigo pela camisa. —<br />
Quando a minha irmã tranca minha mãe daquele jeito é porque a minha mãe já tá tão bêbada que<br />
faz qualquer besteira pra continuar bebendo mais. — Começou a sacudir o Rodrigo. — Você olhou<br />
bem pra cara dela, olhou? pena que ela não tava chorando e gritando pra você ver. Ela chora e grita<br />
(feito neném com fome) pedindo cachaça por favor.<br />
— Me solta Tuca!<br />
131
— Solto! solto sim. Mas antes você vai ficar igual a mim. — E botou toda a força que tinha pra<br />
derrubar o Rodrigo no lameiro.<br />
[...]<br />
[...] E quando sentiu os pés se encharcando se atirou pro lameiro levando o Rodrigo junto.<br />
Aí largou.<br />
O Rodrigo levantou num pulo. Não precisava tanta pressa: ele já estava imundo, pingando lixo.<br />
O Tuca levantou devagar. E de cabeça baixa foi subindo o morro de volta pra casa.<br />
atarantado: aturdido, perturbado, atrapalhado.<br />
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO<br />
1. Tuca e Rodrigo são dois amigos da<br />
escola. Rodrigo, que mora num luxuoso<br />
apartamento, vai conhecer o barraco<br />
do amigo, numa favela. No 2º parágrafo<br />
do texto, o narrador se refere ao<br />
nervosismo de Tuca. O fato de ele subir o morro<br />
132<br />
a) Que comportamento do menino<br />
mostra seu nervosismo?<br />
b) Por que, segundo o texto, havia<br />
dois Tucas dentro dele?<br />
2. Releia o 5º parágrafo do texto. Nele é<br />
descrito tudo o que Rodrigo vê.<br />
a) Pela mistura dos elementos enumerados,<br />
o que se pode dizer<br />
das condições de higiene daquele<br />
lugar?<br />
correndo, como se quisesse “escapar da discussão” interior.<br />
Porque Tuca tinha dúvida quanto à opinião de Rodrigo: por um lado, achava<br />
que, se ele fosse amigo verdadeiro, não se importaria; por outro, chegava a se<br />
arrepender do convite que havia feito.<br />
É um lugar sujo, em que crianças se misturam a porcos,<br />
ratos e cachorros.<br />
b) Por que se pode dizer que Rodrigo,<br />
até aquele dia, tinha sido ingênuo<br />
em relação ao morro?<br />
Porque nunca tinha visto a miséria do morro de perto. Talvez tivesse uma<br />
“impressão poética” do morro, construída pelos sambas, pela tevê ou pelos<br />
quadros que mostram a lua atrás dos barracos.<br />
3. Com a frase “Uma vez o Tuca tinha<br />
contado pro Rodrigo”, o narrador<br />
introduz o flash-back narrativo, isto é,<br />
conta fatos que ocorreram no passado.<br />
Assim, ficamos sabendo que o pai de<br />
Tuca havia sumido e que a mãe dele era doente.<br />
(Lygia Bojunga Nunes. Tchau. 3. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1987. p. 38-42.)<br />
Promessas de um novo mundo<br />
Esse é o nome do excepcional documentário<br />
de Justine Shapiro, B. Z. Goldberg e Carlos Bolado,<br />
um filme impressionante que retrata a vida de sete<br />
crianças (israelenses e palestinas) com idade entre 8 e<br />
13 anos, que vivem em Jerusalém, local de conflitos<br />
religiosos.<br />
Apesar das diferenças religiosas e culturais, elas<br />
poderiam ser amigas?<br />
É o que tentam saber os diretores do filme, conseguindo<br />
mostrar algo quase impossível: o encontro e<br />
a amizade dessas crianças — sementes de paz para um<br />
novo mundo.<br />
Um garoto judeu e um palestino desafiando o ódio e a guerra.<br />
a) Que tipo de problema tem a mãe de Tuca? Ela é alcoólatra.<br />
b) Que diferença há entre Tuca dizer “ela mora com a gente” e “a gente mora com ela”?<br />
c) Quem sustenta a casa? Retire do texto um trecho que justifique sua resposta.<br />
d) Quem cuida da organização da casa? A irmã mais velha.<br />
“Ela mora com a gente” revela o estado de dependência da<br />
mãe: já não trabalha nem exerce nenhum papel na família.<br />
Os irmãos mais velhos, conforme<br />
mostra o trecho “Os<br />
grandes ainda estavam ‘lá<br />
embaixo se virando’ ”.<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
4. Rodrigo é convidado para ir comer pipoca na casa de Tuca; mas a pipoca é apenas uma desculpa<br />
para eles se conhecerem melhor e estreitarem a amizade.<br />
Tuca queria evitar o desconforto de abrir a porta do quarto e deixar que Rodrigo visse sua mãe bêbada.<br />
a) Por que Tuca, em casa, fica nervoso e deseja descer o morro<br />
antes mesmo de comerem a pipoca?<br />
b) Que sentimento Tuca revela sentir no momento em que<br />
abre a porta do quarto? Vergonha, humilhação.<br />
5. Tuca desce o morro em disparada. Em certo momento, Rodrigo<br />
diz: “assim não dá. Você quase me mata nessa des...”.<br />
a) Provavelmente, do que Rodrigo iria reclamar? Por quê?<br />
Provavelmente reclamaria da pressa com que Tuca estava descendo o morro, porque mal conseguia acompanhar o amigo.<br />
b) O que Tuca supôs que Rodrigo estivesse pensando sobre a<br />
situação? Que não daria para ser amigo de alguém tão pobre.<br />
c) Por esse episódio, pode-se dizer que a discussão que existia<br />
dentro de Tuca, no começo do texto, continua agora? Por quê?<br />
Sim, porque Tuca continua achando que Rodrigo não vai querer ser seu amigo depois de conhecer sua casa e sua família. Professor: É possível que o aluno veja a questão por outro<br />
ângulo e responda que não. Essa resposta é possível, se ele perceber que Tuca, agora, tem quase certeza de que Rodrigo não quer mais ser seu amigo.<br />
6. No final do texto, Tuca joga Rodrigo na lama. Um pouco antes, sentira um cheiro de talco<br />
no amigo.<br />
a) A que se associa o talco? Resposta pessoal. Sugestão: limpeza, perfume, sensação agradável.<br />
b) A que se associa a lama? Resposta pessoal. Sugestão: sujeira, lixo, mau cheiro, sensação desagradável.<br />
c) Se Tuca vive num ambiente de lama e Rodrigo cheira a talco, por que, na sua opinião, Tuca<br />
teria forçado Rodrigo a cair na lama?<br />
de perto.<br />
Professor: É possível que os alunos apresentem dificuldade para estabelecer essa relação, mas devem ser estimulados a fazê-lo. Se necessário, leia o trecho outras vezes e faça perguntas<br />
orais que induzam o raciocínio.<br />
7. “O Tuca levantou devagar. E de cabeça baixa foi subindo o morro de volta pra casa.”<br />
a) O que as expressões devagar e de cabeça baixa revelam quanto ao estado emocional de Tuca?<br />
Ele estava triste, envergonhado, sem ânimo para conversar com o amigo.<br />
b) O que você acha que ele devia estar pensando, enquanto subia o morro?<br />
Resposta pessoal. Sugestão: Devia estar pensando que Rodrigo não iria mais querer ser seu amigo.<br />
c) E Rodrigo, enquanto voltava para seu apartamento?<br />
Resposta pessoal. Sugestão: Provavelmente achava estranha a atitude de Tuca e devia estar pensando nas condições de miséria da população do morro e nos privilégios que ele tem.<br />
8. No contato com Tuca, Rodrigo — um garoto até certo ponto ingênuo — aprendeu muitas coisas.<br />
Professor: Esta questão possibilita o exercício de uma operação importante: o levantamento de hipóteses a partir da coerência interna do texto.<br />
a) Em algum momento, Rodrigo manifestou preconceito em relação à pobreza de Tuca? Se não,<br />
o que sentiu? Não, Rodrigo manifestou apenas espanto.<br />
b) Você acha que, depois dessa experiência, os dois vão continuar a ser amigos?<br />
Provavelmente sim, pois Rodrigo em nenhum momento demonstrou estar decepcionado com o amigo. Tuca, por sua vez, provavelmente irá perceber que Rodrigo gosta dele mesmo<br />
depois de conhecer a miséria em que ele vive.<br />
A LINGUAGEM DO TEXTO<br />
1. Releia este fragmento:<br />
“Tinha uma mulher jogada num colchão.<br />
Tinha uma panela virada no chão.<br />
Tinha pipoca espalhada em tudo.”<br />
Observe que o narrador poderia ter escrito “Tinha uma mulher, uma panela e pipoca espalhadas<br />
no chão”, mas o efeito de sentido não seria o mesmo.<br />
a) Que efeitos resultam dessa repetição? ritmo, quebra da sequência lógica, gradação de ideias, duplo sentido<br />
b) Empregando a mesma técnica usada pelo narrador, reescreva a frase seguinte, desdobrando-a<br />
em três frases: “Notei uma mulher, uma criança, a vida no jardim”.<br />
Resposta pessoal. Sugestão: Notei uma mulher no jardim. Notei uma criança no jardim. Notei a vida no jardim.<br />
Porque Tuca queria que o amigo se sentisse “sujo” como ele se sentia, que conhecesse a miséria e a sujeira<br />
133
2. Observe as palavras destacadas neste fragmento:<br />
134<br />
“eu sei, EU SEI, que não dá. Você que ainda não sabe de tudo”<br />
Na 1ª frase, a autora empregou EU SEI com letras maiúsculas e, na 2ª frase, empregou o pronome<br />
Você com letras do tipo itálico, que são letras ligeiramente inclinadas para a direita. Esses recursos<br />
servem para expressar, na escrita, o modo como falamos, isto é, para indicar se estamos gritando,<br />
falando baixo ou de forma lenta, se estamos enfatizando alguma palavra ou expressão, etc.<br />
a) Leia o trecho em voz alta, procurando exprimir o modo como Tuca deve ter pronunciado<br />
essas palavras.<br />
b) Concluindo, explique por que a autora empregou as maiúsculas e o itálico nessas frases.<br />
As maiúsculas indicam que a personagem gritou ou falou alto; o itálico indica que ela enfatizou a palavra ao pronunciá-la.<br />
3. O texto faz uso de várias expressões da linguagem coloquial. Dê o sentido das seguintes expressões:<br />
• amigo-que-é-amigo amigo verdadeiro • espichou o queixo mostrou<br />
• botando a alma pela boca cansado • cara feia bravo<br />
• se virando arranjando dinheiro • pra cara dela para o rosto dela<br />
LEITURA EXPRESSIVA DO TEXTO<br />
Desprezando as falas do narrador, leia com um colega as falas das personagens Rodrigo e Tuca<br />
a partir do parágrafo que se inicia com “— Pô cara!” até a última fala. Durante a leitura, enfatizem o<br />
espanto de Rodrigo e deem cada vez mais ênfase às palavras de Tuca, a fim de mostrar seus sentimentos<br />
conflituosos de raiva, vergonha e insegurança.<br />
Trocando ideias<br />
1. O texto narra a amizade entre um menino pobre e um menino rico.<br />
a) Você já teve alguma experiência desse tipo ou conhece alguém que tenha passado por isso?<br />
Em caso afirmativo, conte como foi.<br />
b) E os adultos de sua casa, o que pensam sobre esse tipo de relacionamento?<br />
c) Você acha que as diferenças entre<br />
amigos — sejam elas sociais,<br />
raciais, culturais — dificultam a<br />
amizade?<br />
2. Coloque-se no lugar de Rodrigo e<br />
depois no de Tuca.<br />
a) Como Rodrigo, você teria coragem<br />
de ir ao barraco de Tuca? Como<br />
agiria diante do comportamento<br />
do amigo?<br />
b) Como Tuca, você também sentiria<br />
vergonha da situação de pobreza?<br />
Como teria agido?<br />
Sapatilhas ou luvas de boxe?<br />
Você já pensou no preço que se paga por ser <strong>diferente</strong>?<br />
Billy Elliot, personagem do premiado filme inglês<br />
que tem esse mesmo nome, é um garoto que descobre por<br />
acaso o gosto pelo balé e acaba se tornando, mais tarde, um<br />
renomado bailarino.<br />
Para isso, tem de<br />
pagar um alto preço,<br />
como lutar contra o<br />
preconceito de várias<br />
pessoas, inclusive o<br />
de seu pai.<br />
Universal<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
<strong>Tema</strong>:<br />
<strong>Ser</strong> <strong>diferente</strong><br />
ESTUDO DO TEXTO<br />
O nariz<br />
Era um dentista respeitadíssimo. Com seus quarenta e poucos anos, uma filha quase na faculdade.<br />
Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes, mas de uma sólida reputação como<br />
profissional e cidadão. Um dia, apareceu em casa com um nariz postiço. Passado o susto, a mulher<br />
e a filha sorriram com fingida tolerância. Era um daqueles narizes de borracha com óculos de aros<br />
pretos, sobrancelhas e bigodes que fazem a pessoa ficar parecida com Groucho Marx. Mas o nosso<br />
dentista não estava imitando o Groucho Marx. Sentou-se à mesa de almoço — sempre almoçava em<br />
casa — com a retidão costumeira, quieto e algo distraído. Mas com um nariz postiço.<br />
— O que é isso? — perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.<br />
— Isto o quê?<br />
— Esse nariz.<br />
— Ah, vi numa vitrina, entrei e comprei.<br />
— Logo você, papai...<br />
Depois do almoço ele foi recostar-se<br />
no sofá da sala como fazia<br />
todos os dias. A mulher im pacientou-se.<br />
— Tire esse negócio.<br />
— Por quê?<br />
— Brincadeira tem hora.<br />
— Mas isto não é brin cadeira.<br />
Sesteou com o nariz de<br />
borracha para o alto. Depois<br />
de meia hora, levantou-se<br />
e dirigiu-se para a porta. A<br />
mulher interpelou:<br />
— Aonde é que você vai?<br />
— Como, aonde é que eu<br />
vou? Vou voltar para o consultório.<br />
— Mas com esse nariz?<br />
— Eu não compreendo você<br />
— disse ele, olhando-a com censura<br />
através dos aros sem lentes. — Se<br />
fosse uma gravata nova, você não diria<br />
nada. Só porque é um nariz...<br />
135
— Pense nos vizinhos. Pense nos clientes.<br />
Os clientes, realmente, não compreenderam o nariz de borracha. Deram risada: (“Logo o<br />
senhor, dou tor...”), fizeram perguntas mas terminaram a consulta intrigados e saíram do consultório<br />
com dúvidas.<br />
— Ele enlouqueceu?<br />
— Não sei — respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. — Nunca vi<br />
“ele” assim.<br />
Naquela noite, ele tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois, vestiu o<br />
pijama e o nariz postiço e foi se deitar.<br />
— Você vai usar este nariz na cama? — perguntou a mulher.<br />
— Vou. Aliás, não vou mais tirar este nariz.<br />
— Mas, por quê?<br />
— Por que não?<br />
Dormiu logo. A mulher passou a metade da noite olhando para o nariz de borracha. De madrugada<br />
começou a chorar baixinho. Ele enlouquecera. Era isto. Tudo estava acabado. Uma carreira<br />
brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita, tudo trocado por um nariz postiço.<br />
— Papai...<br />
— Sim, minha filha.<br />
— Podemos conversar?<br />
— Claro que podemos.<br />
— É sobre esse seu nariz...<br />
— O meu nariz, outra vez? Mas vocês só pensam nisso?<br />
— Papai, como é que nós não vamos pensar? De uma hora para outra, um homem como você<br />
resolve andar de nariz postiço e não quer que ninguém note?<br />
— O nariz é meu e vou continuar a usar.<br />
— Mas por que, papai? Você não se dá conta de que se transformou no palhaço do prédio? Eu<br />
não posso mais encarar os vizinhos, de vergonha. A mamãe não tem mais vida social.<br />
— Não tem porque não quer...<br />
— Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?<br />
— Mas não sou “um homem”. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo homem.<br />
Um nariz de borracha não faz nenhuma diferença.<br />
— Se não faz nenhuma diferença, então por que usar?<br />
— Se não faz diferença, por que não usar?<br />
— Mas, mas...<br />
— Minha filha.<br />
— Chega! Não quero mais conversar. Você não é mais meu pai!<br />
A mulher e a filha saíram de casa. Ele perdeu todos os clientes. A recepcionista, que trabalhava<br />
com ele há 15 anos, pediu demissão. Não sabia o que esperar de um homem que usava nariz postiço.<br />
Evitava aproximar-se dele. Mandou o pedido de demissão pelo correio. Os amigos mais chegados,<br />
numa última tentativa de salvar sua reputação, o convenceram a consultar um psiquiatra.<br />
— Você vai concordar — disse o psiquiatra depois de concluir que não havia nada de errado<br />
com ele — que seu comportamento é um pouco estranho...<br />
— Estranho é o comportamento dos outros! — disse ele. — Eu continuo o mesmo. Noventa<br />
e dois por cento do meu corpo continua o que era antes. Não mudei a maneira de vestir, nem<br />
de pensar, nem de me comportar. Continuo sendo um ótimo dentista, um bom marido, bom<br />
pai, contribuinte, sócio do Fluminense, tudo como antes. Mas as pessoas repudiam todo o resto<br />
por causa deste nariz. Um simples nariz de borracha. Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o<br />
meu nariz?<br />
— É... — disse o psiquiatra. — Talvez você tenha razão...<br />
136<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
O que é que você acha, leitor? Ele<br />
tem razão? Seja como for, não se entregou.<br />
Continua a usar nariz postiço. Porque agora<br />
não é mais uma questão de nariz. Agora é<br />
uma questão de princípios.<br />
(Luis Fernando Verissimo. O nariz e outras crônicas.<br />
São Paulo: Ática, 1994. p. 73-6.)<br />
reputação: fama, renome.<br />
repudiar: rejeitar, repelir.<br />
sestear: fazer a sesta, descansar,<br />
cochilar.<br />
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO<br />
1. A crônica discute vários aspectos da vida social moderna; contudo, um deles se destaca. Das<br />
palavras seguintes, qual traduz o assunto central do texto?<br />
X • comportamento • moda • casamento • beleza<br />
2. As três frases a seguir expressam a reação da esposa e da filha diante do comportamento do dentista:<br />
“Passado o susto, a mulher e a filha sorriram com fingida tolerância.”<br />
“— O que é isso? — perguntou a mulher depois da salada, sorrindo menos.”<br />
“A mulher impacientou-se.”<br />
a) De uma frase para outra, nota-se que o narrador, para demonstrar o processo de irritação da<br />
esposa e da filha, empregou o recurso da gradação. Esse recurso consiste em criar um movimento<br />
crescente ou decrescente, que acontece aos poucos, em graus. Comparando as partes<br />
destacadas nas frases, observa-se uma gradação crescente ou decrescente? Gradação crescente.<br />
b) A partir de que momento o comportamento bem-humorado da mãe e da filha começa a se<br />
modificar? A partir do momento em que percebem não se tratar apenas de uma brincadeira comum.<br />
3. Observe esta descrição que o narrador faz do dentista:<br />
“Era um dentista respeitadíssimo. [...] Um homem sério, sóbrio, sem opiniões surpreendentes,<br />
mas de uma sólida reputação como profissional e cidadão.”<br />
Compare-a, agora, com estes pensamentos da esposa:<br />
Os irmãos Marx<br />
Quatro comediantes americanos, os irmãos Marx,<br />
fizeram grande sucesso na música e no cinema. Groucho<br />
Marx (1895-1977), o que teve<br />
uma carreira mais duradoura no<br />
cinema, usava bigode e sobrancelhas<br />
pretos e espessos. Seus<br />
óculos pesados destacavam<br />
ainda mais o nariz avantajado.<br />
“Uma carreira brilhante, uma reputação, um nome, uma família perfeita”<br />
a) Em algum momento esses fragmentos demonstram os sentimentos e desejos do dentista como<br />
pessoa? Justifique. Não, as pessoas só levavam em conta seu papel social.<br />
b) De acordo com o texto, o que é mais importante para a sociedade: o que o indivíduo realmente<br />
é ou o que ele parece ser? A sociedade valoriza a aparência e pouco se importa com o que cada um pensa ou sente.<br />
Bettmann/Corbis<br />
137
4. O mundo do dentista, até o episódio do nariz postiço, resumia-se a dois elementos básicos: a<br />
família (esposa e filha) e a profissão (incluindo aí seus clientes e sua secretária).<br />
a) Que comportamento têm essas pessoas quando ele insiste em agir de modo <strong>diferente</strong>?<br />
b) De modo geral, tal qual ocorreu no caso do dentista, pode-se dizer que a sociedade reserva<br />
um único destino a todos aqueles que ousam ser <strong>diferente</strong>s. Qual é esse destino?<br />
5. A esposa suspeita que o marido tenha enlouquecido, os amigos o aconselham a procurar um<br />
psiquia tra. O psiquiatra conclui que ele está bem, apesar de apresentar um “comportamento<br />
estranho”.<br />
a) Que argumentos contrários o dentista apresenta diante da opinião do psiquiatra sobre seu<br />
comportamento? Com coerência, afirma que pouco mudou: continua quase com a mesma aparência física e cumprindo normalmente suas obrigações de marido,<br />
pai e cidadão.<br />
b) No final da crônica, o narrador afirma que o dentista continua a usar o nariz: “agora não é<br />
mais uma questão de nariz. Agora é uma questão de princípios”. Qual a diferença entre uma<br />
questão de nariz e uma questão de princípios?<br />
6. O dentista diz ao psiquiatra: “Quer dizer que eu não sou eu, eu sou o meu nariz?”. E o psiquiatra<br />
responde: “É... [...] Talvez você tenha razão...”. E o narrador nos propõe uma questão: “O que é<br />
que você acha, leitor? Ele tem razão?”.<br />
138<br />
O isolamento em pequenos grupos ou a solidão total.<br />
Então dê sua opinião: O que é ser <strong>diferente</strong>? Somos o que somos ou o que parecemos ser?<br />
A LINGUAGEM DO TEXTO<br />
1. Releia estes trechos do texto:<br />
“Era um dentista respeitadíssimo”<br />
“Continuo sendo um ótimo dentista”<br />
a) Em que grau estão os adjetivos respeitadíssimo e ótimo? No superlativo absoluto sintético.<br />
b) Considerando as surpresas provocadas pelo dentista, por que o uso desse grau é importante<br />
para caracterizá-lo? Porque esse grau reforça a ideia de que ele era uma pessoa bem-aceita socialmente, o que é importante para provocar a surpresa posterior.<br />
2. Observe o trecho:<br />
“— Não sei — respondia a recepcionista, que trabalhava com ele há 15 anos. — Nunca<br />
vi ‘ele’ assim.”<br />
a) Por que o narrador empregou o pronome ele entre aspas?<br />
b) Como ficaria essa frase de acordo com a norma-padrão?<br />
Nunca o vi assim.<br />
3. Observe o emprego do artigo neste trecho:<br />
Porque, com os definidos, a personagem confirma que é alguém que elas conhecem bem: o marido, o pai.<br />
As pessoas se afastam dele.<br />
Questão de nariz significa uma mania, uma brincadeira, até um tique. Questão de<br />
princípios significa ir até o fim em relação a uma opinião ou pensamento, custe o que custar. Professor: É importante, nesse caso, ressaltar que o dentista mostrou firmeza de caráter<br />
diante de toda a pressão social e familiar.<br />
Resposta pessoal. O importante, nessa questão, é o aluno refletir sobre o preconceito social que há em relação a tudo que é <strong>diferente</strong> do padrão estabelecido.<br />
Entre outras possibilidades, porque quer explicitar que tem consciência<br />
de que está empregando uma construção gramatical que<br />
foge à norma-padrão. Ou porque talvez queira dar uma entonação<br />
especial ao pronome, o que seria difícil com o emprego do oblíquo.<br />
“— Como é que ela vai sair na rua com um homem de nariz postiço?<br />
— Mas não sou ‘um homem’. Sou eu. O marido dela. O seu pai. Continuo o mesmo<br />
homem.”<br />
a) De acordo com o contexto, por que a personagem empregou o artigo indefinido ao responder<br />
à filha que ele não é “um homem”? Porque quer ressaltar que ele não é um homem qualquer, como tantos outros.<br />
b) Por que, nas frases seguintes, ele emprega o artigo definido?<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães<br />
Leia este cartum:<br />
Cruzando linguagens<br />
(Quino. Déjenme inventar. Barcelona: Lúmen, 1986. p. 63.)<br />
1. O cartum é organizado em nove cenas ou situações. Observe a expressão do homem nas duas<br />
primeiras cenas. O que ele parece estar fazendo? Ele parece estar pensando sobre alguma coisa, buscando alguma ideia.<br />
139
2. A partir da 3ª cena, o homem passa a andar com as mãos.<br />
Porque ele resolveu ser <strong>diferente</strong> dos outros.<br />
a) Por que você acha que ele tem esse comportamento?<br />
b) Como ele se sente enquanto tem esse comportamen-<br />
140<br />
to? Justifique sua resposta.<br />
c) Que fato o surpreende?<br />
d) Como ele parece se sentir na penúltima cena?<br />
Ele se sente satisfeito, feliz, pois seu rosto mostra<br />
um sorriso.<br />
O fato de encontrar muitas outras pessoas andando<br />
como ele.<br />
Ele parece estar decepcionado, triste, conforme a expressão do rosto e a posição das pernas.<br />
3. Observe que a última cena é igual à primeira. O que isso<br />
significa quanto aos objetivos da personagem?<br />
Significa que ela voltou à estaca zero, ou seja, não conseguiu ser <strong>diferente</strong>.<br />
4. Comparando o cartum ao texto “O nariz”, explique:<br />
a) O que os dois protagonistas têm em comum?<br />
O desejo de ser <strong>diferente</strong> ou ter comportamentos <strong>diferente</strong>s em relação às outras pessoas.<br />
b) Que diferença existe quanto ao modo como as pessoas reagem?<br />
5. Os textos nos permitem concluir que, quando uma pessoa passa a se comportar de modo <strong>diferente</strong>,<br />
pode haver dois tipos de reação por parte das pessoas que estão à sua volta.<br />
a) Tomando como base o texto “O nariz”, qual é o primeiro tipo de reação?<br />
b) Tomando como base o cartum, que outro tipo de reação pode haver?<br />
6. Tanto o texto “O nariz” quanto o cartum refletem sobre o desejo de ser <strong>diferente</strong>. Na sua opinião:<br />
a) Essa é uma necessidade de todo ser humano? Por quê? Resposta pessoal.<br />
b) É fácil ser <strong>diferente</strong>? Por quê? Resposta pessoal.<br />
Trocando ideias<br />
1. A crônica retrata uma situação extrema de comportamento social <strong>diferente</strong>. Mas, no dia a dia, nas<br />
mínimas coisas podemos notar o preconceito social em relação ao que é <strong>diferente</strong>, como o uso<br />
de brincos por meninos, o uso de piercings e tatuagens, o uso de cabelos coloridos ou cortados<br />
de forma não convencional, o uso de roupas rasgadas, o indivíduo ser excessivamente gordo ou<br />
magro, etc.<br />
Se você já viveu uma situação social desse tipo, conte-a para seus colegas. Caso contrário, discuta:<br />
Você teria coragem de se vestir conforme uma moda completamente <strong>diferente</strong> daquela que é<br />
adotada no seu meio social ou pelas pessoas da sua faixa etária?<br />
2. Apesar de haver preconceito social em relação ao que é <strong>diferente</strong>, alguns setores da sociedade<br />
procuram tirar proveito daquilo que é incomum, ganhando dinheiro com<br />
roupas, cortes de cabelo e atividades culturais alternativos. Nesse caso, o<br />
<strong>diferente</strong> pode até tornar-se uma moda ou um comportamento de grupo.<br />
Pense, por exemplo, na moda e no comportamento punk, heavy metal, etc.<br />
Então discuta com seus colegas:<br />
a) O <strong>diferente</strong>, ao tornar-se igual dentro do grupo, não perde seu caráter<br />
livre e alternativo, virando algo comum e quase obrigatório?<br />
b) É possível sermos realmente <strong>diferente</strong>s na nossa sociedade? Até que<br />
ponto?<br />
Maluco beleza<br />
Raul Seixas também discutiu o<br />
tema do comportamento social em<br />
sua canção Maluco beleza. Eis alguns<br />
versos dela: “Enquanto você se esforça<br />
pra ser / um sujeito normal / e fazer<br />
tudo igual / Eu, do meu lado, aprendendo<br />
a ser louco / maluco total / na<br />
loucura real”.<br />
Em “O nariz”, as pessoas rejeitam o comportamento do dentista; no cartum não há rejeição, pois as pessoas passam a ter o mesmo comportamento do protagonista.<br />
Isolar a pessoa que se comporta de<br />
modo <strong>diferente</strong>.<br />
O comportamento <strong>diferente</strong> pode ser imitado pelas demais pessoas até se tornar um comportamento normal. Professor: Chame a atenção dos alunos para o fato de que, no cartum,<br />
apesar de as demais pessoas passarem a ter o mesmo comportamento do protagonista, este rejeita o grupo e prefere o isolamento.<br />
Stuart Hughs/Stone<br />
Português: Linguagens — William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães