BONS AMIGOS
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De uma vez que o coelho estava a dormir, muito<br />
descansado, o macaco, pendurado de uma árvore, puxoulhe<br />
as orelhas com toda a força.<br />
O coelho acordou dorido e num grande sobressalto.<br />
– Ai desculpa – disse o macaco, a fugir. – Andava a caçar<br />
borboletas e julguei que as tuas orelhas eram uma<br />
borboleta gigante.<br />
De outra vez, estava o coelho a roer um cogumelo e o<br />
macaco gritou-lhe, fingindo um grande susto:<br />
– Cuidado, não comas mais que estás a ficar com as<br />
orelhas azuis! Esse cogumelo há-de ser venenoso.<br />
O coelho ficou apavorado. Foi a correr ao rio. Mirou-se<br />
e remirou-se. Quando percebeu que era tudo mentira,<br />
desatou a perseguir o macaco, mas onde é que já ia!<br />
– Não esperas pela pancada! – ameaçou-o, de longe.<br />
Não esperou mesmo. Numa ocasião em que o macaco<br />
estava a dormir num galho, com a comprida cauda<br />
dependurada, o coelho muniu-se de um cacete e zás!<br />
Deu-lhe uma pancada, com toda a força, na cauda<br />
desenrolada. A força do coelho não seria muita, mas o<br />
macaco, que gostava de exibir-se em grandes cenas<br />
teatrais, deu urros e saltos, como se lhe tivessem arrancado<br />
o rabo.<br />
– Porque me fizeste isto, traidor? – gritava o macaco.<br />
– Ai, desculpa – disse o coelho, muito inocente. –<br />
Julguei que era uma cobra.<br />
Apesar das peripécias e facécias, o macaco e o coelho<br />
continuam a ser bons amigos.<br />
FIM<br />
2<br />
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