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impactos ambientais da barragem de tucuruí: lições ainda ... - UFRJ

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empréstimos <strong>de</strong> provisão que levam a exigência <strong>de</strong> que os<br />

equipamentos sejam comprados dos fornecedores franceses, e aos<br />

preços estipulados por eles. Até 1991, a dívi<strong>da</strong> com os<br />

franceses totalizou US$3 bilhões, e na<strong>da</strong> <strong>de</strong>sse valor tinha<br />

sido pago (Pinto, 1991a, Bloco 5, p. 2-3).<br />

As <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> Lúcio Flávio Pinto <strong>de</strong> corrupção entre<br />

alguns dos homens mais po<strong>de</strong>rosos no Brasil, e uma ligação para<br />

um dos assassinatos políticos mais notórios do País,<br />

permanecem sem provas. No entanto, elas também nunca foram<br />

investiga<strong>da</strong>s corretamente.<br />

F.) O PAPEL DE DISCUSSÃO PÚBLICA<br />

Um dos maiores impedimentos para discussão pública<br />

informa<strong>da</strong> <strong>de</strong> Tucuruí foi a política <strong>de</strong> sigílio que aplica a<br />

muitas <strong>da</strong>s informações relaciona<strong>da</strong>s às barragens hidrelétricas<br />

no Brasil. Até mesmo o volumoso Plano 2010 (Brasil,<br />

Eletrobrás, 1987) para expansão hidrelétrica no Brasil,<br />

somente foi tornado público em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1987, <strong>de</strong>pois que já<br />

havido vasado para o domínio público. Este plano indica que 10<br />

milhões <strong>de</strong> hectares (100.000 km 2 ) seriam inun<strong>da</strong>dos se to<strong>da</strong>s as<br />

represas planeja<strong>da</strong>s forem construí<strong>da</strong>s (p. 150). Os planos<br />

evoluíram subseqüentemente,e com os Planos 2015 e 2020. Este<br />

autor teve a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> rara <strong>de</strong> questionar o presi<strong>de</strong>nte <strong>da</strong><br />

Eletrobrás publicamente uma vez sobre por quê cópias <strong>de</strong>stes<br />

documentos não podiam ser forneci<strong>da</strong>s, resultando em uma<br />

explicação notável: a autori<strong>da</strong><strong>de</strong> elétrica do Brasil, cujo<br />

orçamento é <strong>de</strong> bilhões <strong>de</strong> dólares, não tinha recursos para<br />

fotocópias (Fre<strong>de</strong>rico Magalhães Gomes, <strong>de</strong>claração pública, 07<br />

<strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1989).<br />

O sigílio e a evolução contínua dos planos oferecem meios<br />

i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> evitar qualquer interrogatório. Quando planos vêm a<br />

luz e são questionados, as autori<strong>da</strong><strong>de</strong>s sempre po<strong>de</strong>m alegar que<br />

o plano mudou.<br />

VI.) CONCLUSÕES: AS LIÇÕES DE TUCURUÍ<br />

O contraste entre os benefícios potenciais <strong>de</strong> Tucuruí e<br />

os reais benefícios para o Brasil quase não po<strong>de</strong>ria ser maior.<br />

Examinar os <strong>impactos</strong> específicos <strong>de</strong>ste ou <strong>de</strong> qualquer outra<br />

represa é insuficiente para a toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões a menos que a<br />

pergunta para quem provêm os benefícios é respondi<strong>da</strong><br />

satisfatoriamente. Infelizmente, isto não aconteceu no caso <strong>de</strong><br />

Tucuruí, que beneficia principalmente companhias<br />

multinacionais <strong>de</strong> alumínio. A Tucuruí tem <strong>impactos</strong> severos,<br />

inclusive per<strong>da</strong> <strong>de</strong> floresta, <strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> povos indígenas e<br />

resi<strong>de</strong>ntes ribeirinhos na área <strong>de</strong> submersão, eliminação <strong>da</strong><br />

pesca a jusante, formação <strong>de</strong> criadoros para uma praga <strong>de</strong><br />

mosquitos, e metilização <strong>de</strong> mercúrio, com conseqüências<br />

potenciais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, sérias para a população local e<br />

para consumidores <strong>de</strong> peixe em centros urbanos como Belém.<br />

O processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões para <strong>de</strong>senvolvimento<br />

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