MADEIRA SERRADA DE EUCALIPTO: DESAFIOS E PERSPECTIVAS efetivamente manipulada por mudanças no ambiente através <strong>de</strong> tratamentos silviculturais combinados com melhoramentos na direção <strong>de</strong>sejada (Zobel, 1981). A gran<strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> dos <strong>eucalipto</strong>s em várias regiões brasileiras associada com disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> terras necessitando cobertura florestal e <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra, contingentes <strong>de</strong> população pouco ou não treinada, necessitando <strong>de</strong> empregos, representam uma boa oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um recurso extremamente útil para a vida mo<strong>de</strong>rna. PERSPECTIVAS A retomada do <strong>de</strong>senvolvimento econômico e social do país, exigirá a construção <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> habitações, aumento da produção industrial, importações e exportações. Esse crescimento implica no aumento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> materiais e matérias-primas, entre elas a <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong>. Contudo, uma economia mais competitiva, fator fundamental para o <strong>de</strong>senvolvimento, exigirá produtos com melhor qualida<strong>de</strong> e preços equivalentes ou inferiores aos do mercado internacional. Nesse contexto a indústria florestal brasileira tem uma missão a cumprir para evitar que o país, em alguns anos se transforme em importador <strong>de</strong> <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong>. Atualmente as exportações e importações <strong>de</strong> <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> <strong>serrada</strong> se equivalem. Consi<strong>de</strong>rando-se o potencial representado pelos Eucalyptus há condições ambientais e conhecimentos silviculturais para dar ao país vantagem comparativa na produção <strong>de</strong> matéria prima florestal. Isso, porém, não é suficiente. É necessário produzir com qualida<strong>de</strong>, nisso ainda não somos competitivos. Com relação á <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> <strong>serrada</strong>, muito ainda <strong>de</strong>ve ser feito para que o <strong>eucalipto</strong> ocupe um lugar fundamental que lhe confere o alto <strong>de</strong>sempenho silvicultural. As <strong>perspectivas</strong> são favoráveis: o conhecimento já acumulado sobre a silvicultura e o manejo <strong>de</strong> várias espécies do gênero, sua maleabilida<strong>de</strong> e resposta ao manejo e ao melhoramento genético, a gran<strong>de</strong> variabilida<strong>de</strong> e diferenças inter e intra-específicas, que o torna aplicável em um gran<strong>de</strong> espectro <strong>de</strong> usos, e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotações curtas, fundamental no ambiente econômico <strong>de</strong> falta <strong>de</strong> política <strong>de</strong> financiamentos a longo prazo. A produção <strong>de</strong> <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> <strong>serrada</strong> <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>: <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> livre <strong>de</strong> nós, colapso, fendas, empenamento é possível em rotações curtas, algo entre seis e <strong>de</strong>z anos. Para isso é necessário um gran<strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> investigação em várias regiões do país. Abaixo são apresentadas medidas para obtenção em alguns anos <strong>de</strong> material a<strong>de</strong>quado para processamento industrial da <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> sólida <strong>de</strong> <strong>eucalipto</strong>. . Caracterização: i<strong>de</strong>ntificação, através <strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong> campo e <strong>de</strong> laboratório <strong>de</strong> espécies, procedências, progênie, dones ou indivíduos com características silviculturais e tecnológicas a<strong>de</strong>quadas à produção <strong>de</strong> taras para <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> <strong>serrada</strong>. Os principais aspectos a serem <strong>de</strong>terminados são: forma, comportamento da <strong>de</strong>rrama, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e outras proprieda<strong>de</strong>s físicas, tendência ao rachamento, tendência a colapso e a empenamentos. . Testes e ensaios silviculturais e <strong>de</strong> manejo objetivando estabelecer principalmente: método <strong>de</strong> propagação, espaçamento, cronograma <strong>de</strong> <strong>de</strong>srama, e duração da rotação; tendo em vista a obtenção no mínimo prazo <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> toras a<strong>de</strong>quadas para serraria. . Investigação dos melhores métodos <strong>de</strong> colheita, tratamento <strong>de</strong> toras, <strong>de</strong>sdobro, secagem, usinagem, colagem e acabamento a<strong>de</strong>quados para os vários materiais selecionados. . Desenvolvimento <strong>de</strong> produtos a<strong>de</strong>quados para as <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong>s consi<strong>de</strong>rando suas características e aptidões. Os produtos <strong>de</strong>vem orientar-se inicialmente para aqueles que <strong>de</strong>mandam maiores quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong>, por exemplo, construção civil, componentes para edificações, embalagens e móveis. Concluindo, po<strong>de</strong>-se dizer que o <strong>eucalipto</strong> tem tudo para ser a principal <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> <strong>de</strong> serraria do país, para isso é necessária investigação intensiva, tanto sob o ponto <strong>de</strong> vista tecnológico como silvicultural. Sem emprego intensivo <strong>de</strong> pesquisa, os resultados serão lentos e medíocres, com um trabalho sistemático e arrojado <strong>de</strong> investigação po<strong>de</strong>rse-á atingir uma importância econômica comparável a da celulose <strong>de</strong> <strong>eucalipto</strong>. Sem investigação no futuro, importaremos <strong>ma<strong>de</strong>ira</strong> <strong>serrada</strong> para nossas necessida<strong>de</strong>s básicas. Anais do Seminário Internacional <strong>de</strong> Utilização da Ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Eucalipto para Serraria - 57
REINALDO HERRERO PONCE REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAO - FAO YEARBOOK, 1987. FOOD ANd AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 1989. FERNANDES, P.S. Variações <strong>de</strong> Densida<strong>de</strong> da Ma<strong>de</strong>ira e suas Relações com as Tensões <strong>de</strong> Crescimento em Progênies <strong>de</strong> Eucalyptus urophylla S.T. Blake. Dissertação apresentada à Escola Superior <strong>de</strong> Agricultura Luiz <strong>de</strong> Queirós.. ESALQ/USP. Piracicaba, 1982. HILLIS, W.E. and BROWN, A.G. Eucalyptus for Wood Production. CSIRO, Austrália, 1978. ZOBEL, B. - Wood Quality from Fast-grown plantation. In Tappi, The Journal ofthe Technical Association of the Pulp and Paper Industry. Vol 64, n.1, Jannuary, 1981. Anais do Seminário Internacional <strong>de</strong> Utilização da Ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> Eucalipto para Serraria - 58