19.04.2013 Views

Download - Auxiliares do Sacerdocio

Download - Auxiliares do Sacerdocio

Download - Auxiliares do Sacerdocio

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Comitê de redação:<br />

Marie Jô Grollier<br />

Dilma <strong>do</strong>s Santos Barbosa<br />

Márcia de Oliveira Figuerê<strong>do</strong><br />

Fotos:<br />

Arquivos da Congregação<br />

Internet<br />

Projeto gráfico, Editoração,<br />

Impressão e Acabamento<br />

Raimun<strong>do</strong> Rodrigues <strong>do</strong> Nascimento<br />

Congregação das Irmãs<br />

<strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio<br />

Av. Cardeal da Silva, 56 – Federação<br />

40231-250 – SALVADOR-BA<br />

Tel./Fax: (71) 3235-0738<br />

E-mail: auxsalva<strong>do</strong>r@jesuitas.org.br<br />

Site : www.auxiliares<strong>do</strong>sacer<strong>do</strong>cio.com.br<br />

Maio 2011<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 1


Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 1


2 – CARTA AOS AMIGOS


Sumário<br />

05 Editorial<br />

Marie Jô Grollier<br />

07 Marie Magdeleine nos conta<br />

a noite de Natal 1911<br />

09 Vivência da Encarnação<br />

por Marie Magdeleine Galliod<br />

Marie Emmanuel Crahay<br />

13 Falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mistério da Encarnação<br />

Catarina Chévrier<br />

21 Espaço Inaciano:<br />

Contemplação da encarnação<br />

Marie Jô Grollier<br />

25 O que aconteceu...<br />

Dilma <strong>do</strong>s Santos Barbosa<br />

Endereços<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 3


4 – CARTA AOS AMIGOS


Editorial<br />

Queridas e queri<strong>do</strong>s amigas/os das <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio,<br />

Mais um ano passou e estamos chegan<strong>do</strong> para partilhar com vocês o que<br />

nos faz viver! Como em todas as famílias, a vida vai sen<strong>do</strong> marcada por<br />

momentos importantes de lembranças; nós gostamos de fazer memória e<br />

celebrar, agradecer a vida que Deus nos dá.<br />

Para nós <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio, 2011 é uma dessas datas que toca o<br />

nosso coração. É o ano <strong>do</strong> centenário da Intuição Funda<strong>do</strong>ra.<br />

1911, a França vive momentos que sacodem as instituições e as pessoas:<br />

uma nova sociedade se constrói marcada pela revolução industrial e social,<br />

a democratização, um laicismo integral, uma legislação anticlerical. A<br />

indiferença religiosa vai se expandin<strong>do</strong>.<br />

Marie Magdeleine Galliod tem 25 anos. Ela descobre pouco a pouco o<br />

sofrimento e isolamento <strong>do</strong>s padres.<br />

No coração <strong>do</strong>s Alpes franceses, na Sabóia, na noite de Natal uma<br />

intuição: “os sacer<strong>do</strong>tes precisam ser ajuda<strong>do</strong>s, participan<strong>do</strong> <strong>do</strong> seu ministério<br />

pela oração e ação apostólica”.<br />

Ajuda rara na época... Essa idéia vai caminhar durante 12 anos até nascer<br />

a Congregação das <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio. Consagradas a Deus na Vida<br />

religiosa apostólica, na dinâmica <strong>do</strong> sacerdócio <strong>do</strong>s batiza<strong>do</strong>s, em comunhão<br />

de oração e ação com os sacer<strong>do</strong>tes, somos chamadas a amar a Igreja, a<br />

sentir com a Igreja, a trabalhar em Igreja.<br />

Noite de Natal é a Encarnação de Deus. Hoje nós somos chamadas e<br />

chama<strong>do</strong>s a prolongar essa Encarnação <strong>do</strong> Verbo.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 5


Noite de Natal de 1911, um Projeto de Deus se encarna no coração da<br />

nossa Funda<strong>do</strong>ra Marie Magdeleine Galliod. Por isso nós escolhemos<br />

partilhar nessa carta o que a Encarnação representa para nós.<br />

6 – CARTA AOS AMIGOS<br />

Marie Emmanuel,<br />

uma irmã nossa na França,<br />

nos partilha como<br />

nossa Funda<strong>do</strong>ra vivenciou<br />

a Encarnação.<br />

Catarina entrevistou<br />

algumas pessoas, irmãs<br />

nossas e um casal, que<br />

partilham como vivem a<br />

Encarnação hoje e aqui.<br />

Marie Jô nos faz contemplar com Inácio de Loyola esse grande mistério<br />

da Encarnação.<br />

Enfim, Dilma nos introduz nos diversos acontecimentos vivi<strong>do</strong>s por nós<br />

ao longo deste ano para que você, querida e queri<strong>do</strong> amiga e amigo, possa<br />

nos conhecer melhor e agradecer conosco o grande <strong>do</strong>m da Inspiração<br />

Funda<strong>do</strong>ra de Marie Magdeleine, que foi conduzida até o Mistério <strong>do</strong><br />

Sacerdócio de Cristo ao qual somos consagradas.<br />

Que o Espírito de Pentecostes nos ajude nesse caminho <strong>do</strong> seguimento<br />

de Jesus, e assim possamos viver mais plenamente a nossa vocação de<br />

batizadas e batiza<strong>do</strong>s.<br />

Irmã Marie Jô Grollier


Marie Magdeleine nos conta<br />

a noite de Natal 1911<br />

O que aconteceu nessa noite de Natal de 1911? Marie nos conta ela<br />

mesma. Ela tem 25 anos.<br />

“Na noite de Natal, a<strong>do</strong>entada, eu não estava em condições de<br />

participar da missa <strong>do</strong> Galo. A minha família foi para a igreja me<br />

deixan<strong>do</strong> sozinha em casa”.<br />

“Na cama, nessas altas horas da noite da natividade, de repente<br />

recebi a inspiração de uma Obra que não existia ainda. Logo me<br />

levantei para escrever sobre um pedaço de papel deixa<strong>do</strong> sobre a mesa<br />

<strong>do</strong> meu quarto, o planejamento de uma Obra destinada ao serviço <strong>do</strong><br />

Clero. Quan<strong>do</strong> terminei de escrever, fui totalmente vislumbrada, arrebatada...<br />

Tinha consciência que não havia projeta<strong>do</strong> algo de mim; escrevia<br />

como se tivesse escrito qualquer outra coisa... Nosso Bom Deus sabe!<br />

Tinha escrito algo que não haveria de ser realiza<strong>do</strong> logo; um projeto<br />

que devia repousar... Pensei: é verdade, isso não existe. Depois, em<br />

nenhum dia, em nenhuma hora esqueci, mas sentia que era uma coisa<br />

que devia amadurecer, esperar...”<br />

Numerosas vezes, Marie dirá o quanto esta intuição foi gravada definitivamente<br />

nela como “o selo sobre o coração”.<br />

Ao mesmo tempo, no rastro prolonga<strong>do</strong> daquela noite bendita, Marie<br />

partilha uma nova experiência.<br />

“Certa noite, meu Deus, enquanto a sua Presença havia desapareci<strong>do</strong>,<br />

o seu Amor me penetrou, me inspirou este desejo: imolar-me para<br />

o Sacerdócio, dar <strong>Auxiliares</strong> ao clero secular, humildes servas <strong>do</strong> padre<br />

no meio <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, pela oração, pelo sacrifício, a dedicação, a reparação,<br />

a ação discreta e inteligente.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 7


Ó meu Deus, o Senhor desejava almas religiosas no mun<strong>do</strong>, consagradas<br />

especialmente ao serviço <strong>do</strong> sacerdócio. Desejava que essas<br />

almas rezassem, se imolassem, trabalhassem, morressem para que cada<br />

um <strong>do</strong>s seus sacer<strong>do</strong>tes se tornasse outro Cristo...<br />

Eu escrevia então um plano de associação com três graus diferentes:<br />

... porém teriam o mesmo objetivo: o Reino <strong>do</strong> Coração de Jesus no<br />

seu Sacerdócio.<br />

... teriam um ideal só: suscitar vocações, crescer, santificar-se e<br />

servir aos padres seculares pelas suas orações, seus sacrifícios, sua<br />

dedicação ativa nas obras e seu ministério”.<br />

Em 1925, Marie escreve ao Bispo de Autun e retoma com uma segurança,<br />

que nunca vacilou, aquilo que tantas vezes, ela aludirá com as mesmas<br />

palavras enriquecidas por nova compreensão:<br />

“Na noite de Natal de 1911, vi de repente o desejo <strong>do</strong> Coração<br />

Sacer<strong>do</strong>tal de Jesus e se apresentou a mim um plano de organização<br />

para o serviço de Jesus Sacer<strong>do</strong>te naqueles que Ele escolheu.<br />

... em que consiste a vida religiosa de uma Pequena Auxiliar: ação<br />

de graças a Nosso Senhor pela Instituição <strong>do</strong> Sacerdócio, oferta,<br />

<strong>do</strong>ação, reparação. Entendi que Jesus Sacer<strong>do</strong>te desejava humildes<br />

pequenas servas que o serviam, custe o que custar, se esquecen<strong>do</strong> a si<br />

mesma, no serviço ao clero secular.<br />

Lutei, combati, afastei de mim esta visão de 1911.<br />

É no Congresso Eucarístico de Paray le Monial, que pressionada<br />

por Jesus Sacer<strong>do</strong>te com uma força contra a qual não me opus, prometi<br />

a Nosso Senhor colocar tu<strong>do</strong> em obra para que se realizassem seus<br />

desejos sacer<strong>do</strong>tais...”<br />

8 – CARTA AOS AMIGOS<br />

(Texto de um escrito de Ana Roy, interno à Congregação:<br />

“Uma Congregação nasce no Coração de uma mulher”.)


Marie Galliod (1886<br />

-1935) com certeza seria<br />

surpreendida se<br />

lhe fosse pedi<strong>do</strong><br />

para falar da Encarnação!<br />

Vivência da Encarnação<br />

por Marie Galliod<br />

Em seus escritos,<br />

encontramos poucas<br />

palavras teológicas: “encarnação”,<br />

“redenção” não fazem<br />

parte <strong>do</strong> seu vocabulário.<br />

Repassan<strong>do</strong> sua vida na minha<br />

memória, descubro que ela “é encarnada”.<br />

Não à maneira <strong>do</strong> Filho<br />

de Deus: nascida “de carne e osso”,<br />

ela não tinha que se encarnar!<br />

Enraizada na sua família, sua região<br />

e sua época, ela soube ultrapassar<br />

os limites <strong>do</strong> seu meio e<br />

<strong>do</strong>ou à Congregação um desejo de<br />

proximidade com o meio ambiente<br />

e de abertura ao tempo.<br />

Diríamos que ela é atualizada?<br />

Não somente. Seu itinerário nos<br />

Marie Emmanuel Crahay<br />

revela uma maneira diferente<br />

de seguir o<br />

Cristo encarna<strong>do</strong> e<br />

de testemunhar <strong>do</strong><br />

seu sacerdócio.<br />

Marie Galliod<br />

nasce numa terra que<br />

sempre lhe será querida,<br />

ela cantará “Quanto é bela minha<br />

Sabóia!”. Ela pertence a um<br />

meio católico <strong>do</strong> século XIX tanto<br />

aberto para o social quanto conserva<strong>do</strong>r<br />

na política. Ela vive em Aime,<br />

sua cidade natal, os <strong>do</strong>is terços da<br />

sua existência.<br />

A família é profundamente cristã,<br />

de classe média. Sua tia e madrinha,<br />

Carolina Galliod se preocupa<br />

com a educação religiosa da sua<br />

afilhada e lhe transmite a devoção<br />

ao Sagra<strong>do</strong> Coração de Jesus, “que<br />

tanto amou os homens e só recebe<br />

de volta ingratidões” (Santa Margarida<br />

Maria). Pais e tia estão<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 9


engaja<strong>do</strong>s na sociedade e na paróquia.<br />

Louis Galliod, seu pai, será<br />

prefeito de Aime. Tia Carolina organiza<br />

uma creche na sua casa para<br />

ajudar as mães que trabalham e<br />

também encontrar recursos para a<br />

escola da paróquia. Esta atenção ao<br />

meio onde vive marca a pequena<br />

Marie. Ela guardará o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />

serviço gratuito e manifestará até o<br />

fim da sua vida gratidão pelos serviços<br />

recebi<strong>do</strong>s.<br />

Na família Galliod não se esconde<br />

as suas convicções, defendese<br />

a fé contra ‘vento e maré’ que<br />

sopram neste início de século XX.<br />

A Igreja, na França, é perseguida<br />

no seu clero, suas escolas, suas congregações<br />

religiosas. Louis Galliod<br />

já experimentou as conseqüências:<br />

ele esperava suceder ao seu pai<br />

como tabelião em Aime, mas um<br />

funcionário anticlerical o fez nomear<br />

na Bretanha, no outro<br />

la<strong>do</strong> da França. Apega<strong>do</strong><br />

à sua terra natal, ele<br />

renuncia a uma carreira<br />

que lhe teria da<strong>do</strong><br />

mais reconhecimento e<br />

estabilidade financeira.<br />

Ele colocará sua competência<br />

jurídica a serviço <strong>do</strong><br />

povo.<br />

10 – CARTA AOS AMIGOS<br />

A Igreja também sofre as tensões<br />

políticas: em 1907 com a pressão<br />

<strong>do</strong>s padres e de cristãos que<br />

não aceitam suas posições republicanas,<br />

o bispo da Diocese é obriga<strong>do</strong><br />

a pedir demissão. Marie também<br />

sofrerá de incompreensões. Reprovada<br />

nas suas iniciativas pelo padre<br />

da paróquia, ela renuncia aos encontros<br />

com crianças que ela deseja<br />

começar, mas não abre mão quan<strong>do</strong><br />

se trata de ajudar os solda<strong>do</strong>s durante<br />

a guerra. Ela mantém o trabalho<br />

de costura para eles, envian<strong>do</strong>-lhes<br />

roupas quentes, <strong>do</strong>ces e mensagens<br />

de encorajamento. Apoiada pela<br />

diocese, mas contestada pelo seu<br />

pároco, ela escreve a Roma para<br />

saber o que fazer! Esses acontecimentos<br />

não abalam sua confiança,<br />

mas forjam nela um senso muito<br />

realista <strong>do</strong> que é a Igreja. O veremos<br />

mais tarde. No final <strong>do</strong> texto


entregue em 1922 ao padre com<br />

quem falou <strong>do</strong> seu projeto, ela anota:<br />

“A Igreja me formulará seu julgamento<br />

pela voz de seus ministros<br />

(se assim o julgar bom). Eu peço só<br />

uma coisa: o cumprimento da vontade<br />

divina”.<br />

Ela passou muitos anos antes de<br />

falar <strong>do</strong> seu projeto. Um traço da<br />

humanidade de Marie é sua paciência,<br />

seu senso <strong>do</strong> momento presente.<br />

Em Natal de 1911, ela recebe a<br />

luz de sua vida: fundar uma obra<br />

para o sacerdócio. Ela sente que<br />

“não é para se realizar logo.” Os<br />

acontecimentos são contrários; a<br />

guerra de 1914 não facilita as relações<br />

nem os agrupamentos. Em<br />

casa, pai e tia estão <strong>do</strong>entes, eles<br />

falecerão depois de ter recebi<strong>do</strong><br />

atenção e cuida<strong>do</strong>s de Marie. O<br />

futuro é sombrio, mas somente o<br />

momento presente abre à presença<br />

de Deus “escondi<strong>do</strong> no trabalho,<br />

nas pessoas que vejo neste momento”.<br />

O encontro com o Padre Thellier<br />

de Poncheville em 1922 é decisivo.<br />

A futura Funda<strong>do</strong>ra aprende dele a<br />

confiar seu desejo de ajudar os padres<br />

ao Coração de Cristo, fonte de<br />

to<strong>do</strong> amor, “amor feito Sacer<strong>do</strong>te”.<br />

Ela não vê o sacerdócio como uma<br />

função a preencher, mas como o amor<br />

de Cristo que salva e dá vida, simboliza<strong>do</strong><br />

pelo seu coração transpassa<strong>do</strong><br />

e o pão eucarístico partilha<strong>do</strong>.<br />

Neste momento a unidade se<br />

realiza nela. A devoção ao Coração<br />

de Jesus irriga a graça de 1911, “o<br />

Coração Sacer<strong>do</strong>tal de Jesus convida<br />

os padres a fazer uma obra de<br />

amor.” As experiências de juventude<br />

alimentam seu senso apostólico,<br />

os sofrimentos encontra<strong>do</strong>s tornamse<br />

oferenda “para a Igreja, o sacerdócio,<br />

as almas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro”.<br />

A congregação pode começar.<br />

O Bispo da Diocese de Autun<br />

acolhe o projeto, e as Irmãs<br />

contemplativas da Visitação de<br />

Paray le Monial, ‘Cidade <strong>do</strong> Coração<br />

de Jesus’ abrem suas portas:<br />

Marie recebe uma formação religiosa<br />

e fará um estágio numa Escola<br />

Social. No final de 1923 uma casa<br />

é encontrada na cidade, uma placa é<br />

colocada na porta com o nome de<br />

“Bethléem” = Belém. Essa primeira<br />

comunidade numa casa modesta no<br />

centro da cidade será uma dica para<br />

quem seguirá: As <strong>Auxiliares</strong> escolhem<br />

de preferência a casa simples<br />

<strong>do</strong> lugar onde elas são enviadas.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 11


No ano seguinte, a casa se tornou<br />

pequena demais, uma mudança<br />

de casa se impõe; esta mudança<br />

provoca um acidente que leva quase<br />

à morte nossa Funda<strong>do</strong>ra. “Você<br />

me mostrou meu Deus a que ponto<br />

eu era somente um instrumento em<br />

suas mãos”. A Congregação é reconhecida<br />

em 1926, mas a saúde de<br />

Marie se degrada lentamente. Ela<br />

sabe que a obra nascida recentemente<br />

deve poder viver sem ela.<br />

Ela já entrevê a sua morte, mesmo<br />

se o momento ainda não chegou.<br />

Ela enxerga nisso o caminho <strong>do</strong><br />

amor sacer<strong>do</strong>tal, aberto por Cristo<br />

que pela sua morte “teve que ser<br />

semelhante em tu<strong>do</strong> a seus irmãos,<br />

para se tornar sumo sacer<strong>do</strong>te misericordioso”.<br />

Heb 2, 17<br />

Doravante serão suas irmãs que<br />

servirão a sociedade, a Igreja, as<br />

almas, “nas ruas, nas casas, nas<br />

12 – CARTA AOS AMIGOS<br />

praças públicas, nas escolas e nas<br />

obras.”<br />

Doente em sua cama, Marie<br />

acompanha a construção da casamãe<br />

e as fundações locais. “É preciso<br />

que Ele cresça e eu diminua.”<br />

Jo 3, 30. Como eco à palavra de João<br />

Batista, ela escuta Jesus dizer-lhe:<br />

“eu preciso que se saiba desaparecer<br />

para que eu apareça”.<br />

As <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio<br />

receberam o senso da Encarnação<br />

que dá à sua missão um estilo de<br />

abertura e de proximidade, de senso<br />

<strong>do</strong> serviço e <strong>do</strong> amor à Igreja, de<br />

<strong>do</strong>ação de sua vida e de esquecimento<br />

de si mesma confian<strong>do</strong> nos<br />

outros, e no momento certo, de entrega<br />

de si ao Pai. O “Coração Sacer<strong>do</strong>tal”<br />

de Jesus é fonte e chegada.<br />

Sua Funda<strong>do</strong>ra lhes abriu o caminho.


Falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mistério<br />

da Encarnação<br />

P a r a<br />

aprofundar<br />

uma pouco<br />

mais o<br />

significa<strong>do</strong><br />

da<br />

Encarnação,entrevistei<br />

seis<br />

pessoas: Joseane<br />

e Marlos,<br />

casal que ganhou uma pequena<br />

Eduarda no dia 30 de dezembro <strong>do</strong><br />

ano passa<strong>do</strong>, Jacinete, aspirante<br />

Auxiliar <strong>do</strong> Sacerdócio, Débora<br />

noviça Auxiliar <strong>do</strong> Sacerdócio e<br />

mais duas <strong>Auxiliares</strong>, Michelle e<br />

Vilma. A todas pedimos para falar<br />

um pouco sobre o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> Mistério<br />

da Encarnação. As respostas<br />

foram diversas e todas oferecidas<br />

com muita generosidade e abertura<br />

de coração. Dessa partilha surgiram<br />

pérolas que nos encantaram; são<br />

essas que quero partilhar agora com<br />

você...<br />

Catarina Chévrier<br />

1) O sonho de Deus...<br />

A Encarnação nos fala <strong>do</strong> sonho<br />

de Deus. Joseane começou assim,<br />

falan<strong>do</strong> <strong>do</strong> nascimento de sua filha:<br />

“Eduarda é um presente que<br />

Deus nos deu, presente esse que<br />

não podemos mensurá-lo. Para<br />

mim está sen<strong>do</strong> uma experiênciamarcante,<br />

única e<br />

indescritível<br />

que<br />

só quem é<br />

mãe entende.<br />

Um<br />

milagre!<br />

Um sonho<br />

nosso que<br />

estava no plano de Deus para<br />

nossas vidas”.<br />

Portanto, a palavra ‘mistério’ parece<br />

indispensável para falar deste<br />

movimento da encarnação, pois se<br />

trata de algo muito grande: o invisível<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 13


de Deus na Encarnação se torna<br />

visível aos nossos olhos.<br />

“Deus, se quisesse, tinha<br />

várias maneiras de realizar a<br />

sua ação salvífica para com a<br />

humanidade, porém escolhe a<br />

Encarnação, o que demonstra o<br />

ápice de seu Amor: ele ama<br />

tanto o ser humano, que assume<br />

sua condição para salvá-lo”,<br />

nos diz Débora para expressar<br />

esta grandeza <strong>do</strong> sonho de Deus<br />

e acrescenta:<br />

“O mesmo Amor, que também<br />

se revela no Mistério da<br />

Paixão e Ressurreição. Tamanho<br />

Amor, que O fez se encarnar,<br />

se tornar homem! Ten<strong>do</strong> sua<br />

condição Divina Ele assume a<br />

condição humana”.<br />

...que se revela nas mínimas<br />

coisas...<br />

14 – CARTA AOS AMIGOS<br />

Como diz<br />

Vilma, podemosfazer<br />

a “experiência<br />

forte da<br />

aproximaçãoconcreta<br />

de Deus no<br />

meio da humanidade, isso nos convida<br />

a entrar em comunhão com<br />

Aquele que foi capaz de se fazer<br />

criança e habitar entre nós para<br />

nos fazer igual a Ele na entrega<br />

total <strong>do</strong> seu ser”.<br />

A grandeza de Deus nos é oferecida,<br />

através da Encarnação, nas<br />

pequenas coisas <strong>do</strong> cotidiano nosso.<br />

As expressões de Joseane e<br />

Marlos falan<strong>do</strong> de Eduarda conseguem<br />

expressar um pouco da<br />

“ação <strong>do</strong> Espírito Santo” na<br />

encarnação que faz o <strong>do</strong>m máximo<br />

realizar-se no mínimo <strong>do</strong> dia a<br />

dia:<br />

“pelo sorriso inocente, pelo<br />

carinho nos pequenos gestos,<br />

pelo encanto nas gradativas descobertas...”<br />

E Michelle nos deu <strong>do</strong>is fatos<br />

luminosos para falar disso:<br />

“Desde a Encarnação de<br />

Jesus, para mim, tem um traço<br />

de Deus em cada ser humano.<br />

Eu o vi, com meus próprios<br />

olhos, em Carlos* que me diz:<br />

‘Eu estava erra<strong>do</strong>, ven<strong>do</strong> minha<br />

mulher só como esposa para<br />

criar meus filhos. Agora, ela é<br />

minha amiga, meu amor, minha<br />

companheira’. E ele passou a


mão com ternura<br />

nos cabelos<br />

da Ana*<br />

que sorria.<br />

Este<br />

traço de<br />

Deus encarna<strong>do</strong>,<br />

eu<br />

o vi, em nossa<br />

igreja, quan<strong>do</strong><br />

o padre pediu que<br />

rezássemos em dupla, face a<br />

face, mãos sobre os ombros um<br />

<strong>do</strong> outro. Um casal jovem se<br />

colocou a rezar, com a filha<br />

entre eles <strong>do</strong>is. E a mulher colocou<br />

a cabeça no ombro <strong>do</strong><br />

mari<strong>do</strong>. Era como o ícone da<br />

Trindade! Era belíssimo, como<br />

Deus deve ser” ...<br />

Portanto, havemos de concordar<br />

com Michelle: só é possível<br />

falar de encarnação de<br />

“maneira muito concreta e<br />

cheia de imagens. Encarnação,<br />

Deus vem em nossa carne humana...<br />

A Virgem lhe deu seu<br />

corpo de homem... Os traços de<br />

Deus? Olhem bem, tem muitos<br />

ao re<strong>do</strong>r de vocês!”.<br />

*Nomes fictícios<br />

2) O amor incondicional de um<br />

Deus que se preocupa...<br />

O que mais tocou, nesta partilha<br />

sobre a encarnação, são as expressões<br />

que nos revelam o jeito de<br />

amar de Deus, um jeito materno de<br />

um amor que vai até o fim. “Ao<br />

entranhar-se da humanidade” fala<br />

Débora; Deus nos diz quem Ele é e<br />

o que Ele quer. A palavra que sempre<br />

voltava nos lábios de Joseane e<br />

Marlos era ‘preocupação’ e me<br />

parece ser uma verdade de nossa fé:<br />

Deus se preocupa conosco, assim<br />

como uma mãe com seu filho e<br />

para nos provar isso, passou “por<br />

esta mesma experiência da gravidez”<br />

como diz Joseane. Deus se<br />

preocupa conosco e encontra o seu<br />

prazer nisso:<br />

“Estamos sempre com o sentimento<br />

de nos preocupar com<br />

o bem estar, de ter inúmeras<br />

outras atribuições e, ao mesmo<br />

tempo, é extremamente prazeroso<br />

e gratificante” assegurava<br />

o casal.<br />

Enquanto Jacinete e Débora<br />

afirmam:<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 15


“A encarnação de Cristo me<br />

revela o amor incondicional de<br />

Deus pela humanidade e por<br />

mim, na sua Ternura e Misericórdia.”<br />

E assim me confirmam nesta<br />

certeza de que o amor <strong>do</strong> Pai é um<br />

amor “de coração puro que nos dá<br />

tu<strong>do</strong>, sem resguardar” como diz<br />

Jacinete.<br />

Joseane não encontrou melhor<br />

expressão <strong>do</strong> que o amor ‘incondicional’<br />

da mãe pelos seus filhos:<br />

“pela forte ligação na<br />

amamentação e pelo amor que<br />

cresce a cada dia e que parece<br />

não caber no coração. Portanto<br />

é um amor incondicional”.<br />

...se faz humilde, e, através<br />

de Maria, torna-se mãe<br />

cuida<strong>do</strong>sa.<br />

Jacinete: “A<br />

entrega total<br />

de Jesus é a<br />

maior demonstração<br />

<strong>do</strong> amor misericordioso<br />

de Deus por to-<br />

16 – CARTA AOS AMIGOS<br />

<strong>do</strong>s. No livro ‘o Beijo de Deus’, a<br />

Ir. Ana Roy diz: ‘A prática da misericórdia<br />

é arte que nunca humilha,<br />

nunca desfaz aquele a quem se dirige’”.<br />

É assim que a encarnação nos<br />

fala <strong>do</strong> jeito de amar de Deus: compaixão<br />

e misericórdia levadas à sua<br />

maior expressão para nos provar,<br />

como diz Vilma:<br />

“A vida humana é capaz de<br />

viver grandes transformações.<br />

Jesus veio para resgatar a vida<br />

e impulsioná-la, devolven<strong>do</strong> às<br />

pessoas a pérola que elas têm<br />

dentro delas para mais amar e<br />

servir, é assim que Ele continua<br />

se encarnan<strong>do</strong> hoje, depositan<strong>do</strong><br />

em nós a semente de esperança<br />

de um mun<strong>do</strong> sem opressor<br />

e sem oprimi<strong>do</strong>”.<br />

Joseane falava com emoção da<br />

experiência da gravidez,<br />

“Deus passou por isso. Com<br />

certeza, Maria sentiu as mesmas<br />

preocupações que eu, a<br />

angústia normal <strong>do</strong> parto. E<br />

ela, que não recebeu este acolhimento<br />

que recebemos? Quan<strong>do</strong><br />

penso como nós arrumamos


o quarto; toda a expectativa<br />

da chegada... E o quartinho de<br />

Jesus como foi? Muitas vezes<br />

lembrei o sofrimento de Maria<br />

diante da morte <strong>do</strong>s inocentes,<br />

o me<strong>do</strong> que ela deve ter senti<strong>do</strong>,<br />

a fuga para o Egito...”<br />

E assim falan<strong>do</strong>, ela afagava a<br />

pequena Eduarda deitada no seu<br />

colo e diante de meus olhos colocava<br />

em imagem as palavras de<br />

Débora:<br />

“Deus feito<br />

homem<br />

me revela<br />

a Ternura,Misericórdia<br />

e Compaixão<br />

de<br />

um Deus que é<br />

Pai... Deus se faz Mãe através<br />

de Maria... Ele nasce de uma<br />

Mulher, a qual pelo mesmo Mistério<br />

se torna Mãe de Deus e<br />

da humanidade, aquela que acolhe<br />

o projeto d’Ele, geran<strong>do</strong> em<br />

seu ventre o Verbo que se faz<br />

Carne. E, é na escolha desta<br />

mulher, que Deus se entrega<br />

como Mãe”.<br />

A preocupação <strong>do</strong> casal me fala<br />

da preocupação de Deus conosco e<br />

expressan<strong>do</strong> isso, eles me surpreenderam<br />

com esta reflexão sobre Nossa<br />

Senhora:<br />

“Às vezes somos tão materialistas,<br />

talvez não precisasse se<br />

preocupar tanto. Quan<strong>do</strong> Deus<br />

está na frente está tu<strong>do</strong> bem”.<br />

Deus se fez ‘bebê’ para nos dizer:<br />

Olha para mim nos braços de<br />

minha mãe e faça o mesmo, não se<br />

preocupe com amanhã estou aqui<br />

para cuidar. Eu sou este Pai, como<br />

Marlos, ansioso para ver minha criança,<br />

“chegan<strong>do</strong> em casa depois <strong>do</strong><br />

trabalho, esqueço tu<strong>do</strong> e me derreto<br />

diante da minha filha”.<br />

3) Ter fé no Mistério da<br />

Encarnação toca no mais<br />

profun<strong>do</strong> de nosso ser e<br />

nos compromete:<br />

Interessante é que, para concluir<br />

a sua partilha sobre a<br />

Encarnação, Joseane e Marlos evocaram<br />

o compromisso que isso fazia<br />

nascer na sua vida de jovens<br />

pais de família:<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 17


“Indubitavelmente reconhecemos<br />

que, enquanto casal cristão,<br />

temos mais uma missão:<br />

somos responsáveis por educar<br />

Eduarda na fé e no amor. A inocência<br />

de uma criança, frente a<br />

este mun<strong>do</strong> de tantas catástrofes,<br />

faz nascer em nós o desejo de<br />

fazer algo para que ela possa<br />

viver num mun<strong>do</strong> melhor.”<br />

O Mistério da Encarnação, portanto,<br />

não nos deixa de braços cruza<strong>do</strong>s,<br />

mas nos move para um agir,<br />

uma mudança:<br />

“Pensar que Jesus veio na<br />

carne e morreu na carne, foi<br />

homem sem deixar de ser Deus<br />

me emociona e me motiva a<br />

viver em comunhão com Ele na<br />

Eucaristia, mesmo que por muitas<br />

vezes não esteja coerente”<br />

nos confia Jacinete e continua<br />

dizen<strong>do</strong> como este olhar para<br />

Cristo que se fez homem a põe<br />

em comunhão com Ele e a<br />

conforta no assumir suas fragilidades.<br />

“Olhar para Cristo e tê-lo<br />

como modelo referencial de vida<br />

18 – CARTA AOS AMIGOS<br />

me faz caminhar e superar as<br />

dificuldades encontradas em<br />

alguns momentos da minha pequena<br />

caminhada. O amor e a<br />

fé mesmo com todas as minhas<br />

fragilidades humanas são sentimentos<br />

que me motivam a viver<br />

na comunidade e no serviço<br />

pastoral”.<br />

Pelo Mistério da Encarnação, o<br />

Evangelho nos apresenta Deus feito<br />

homem, <strong>do</strong> recém nasci<strong>do</strong> na manje<strong>do</strong>ura<br />

de Belém até o suplicia<strong>do</strong><br />

totalmente desfigura<strong>do</strong> na cruz fora<br />

de Jerusalém. Em ambas as situações,<br />

nos é apresentada a humanidade<br />

no seu maior despojamento,<br />

aban<strong>do</strong>no e total dependência <strong>do</strong><br />

outro. Nestes momentos de entrega<br />

total, Débora descobre<br />

“que Deus acolhe ternamente<br />

os seus filhos, demonstra a<br />

sua Misericórdia, per<strong>do</strong>an<strong>do</strong> e<br />

libertan<strong>do</strong>... E, se compadece,<br />

assumin<strong>do</strong> nossas <strong>do</strong>res e sofren<strong>do</strong><br />

uma vez por todas, pelo<br />

homem, para que não sofra<br />

mais.”<br />

Como o enfatiza Débora, o<br />

Cristo assumiu nossas <strong>do</strong>res e


alegrias e isso não nos deixa indiferente,<br />

mas nos impulsiona, olhan<strong>do</strong><br />

para Ele, a segui-lo no seu projeto<br />

de realizar o sonho de Deus: um<br />

Reino de Paz e Justiça. E, é por<br />

isso, que Vilma afirma com muita<br />

força:<br />

“Ele nos convida por meio<br />

da ação dinamiza<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Espírito<br />

Santo a deixar nascer no<br />

nosso coração o desejo de mudança<br />

concretizada no cotidiano<br />

de nossa vida, nos gestos de<br />

compaixão, solidariedade e compromisso<br />

com a justiça social.<br />

Jesus se torna presente na história<br />

e continua se manifestan<strong>do</strong><br />

tanto na nossa capacidade<br />

de sermos instrumentos de transformação<br />

quanto de nos indignarmos<br />

com as injustiças opressoras<br />

<strong>do</strong> nosso tempo atual”.<br />

Falan<strong>do</strong> de um <strong>do</strong>s Exercícios<br />

Espirituais que Santo Inácio propõe<br />

e que nos convida a imaginar a<br />

Santíssima Trindade elaboran<strong>do</strong> o<br />

plano da salvação e decidin<strong>do</strong> a<br />

Encarnação <strong>do</strong> Filho, Michelle explica:<br />

“Santo Inácio, nosso mestre,<br />

diz: ‘Peça o conhecimento<br />

<strong>do</strong> Senhor’ – É sempre útil!<br />

– e ainda: ‘Considere a Trindade,<br />

escute- os falarem’, tu<strong>do</strong><br />

isso para despertar nossa<br />

imaginação, para que to<strong>do</strong> nosso<br />

ser humano seja toca<strong>do</strong> e<br />

participe. É uma graça entrar<br />

nisso.”<br />

E de fato, ao escutar as pessoas<br />

entrevistadas, recolhi este fruto de<br />

nossa partilha: contemplar o Mistério<br />

da Encarnação é uma graça que<br />

nos leva a conhecer melhor a pessoa<br />

de Jesus Cristo e, por<br />

consequência, ativa em nós o desejo<br />

de segui-lo na construção <strong>do</strong><br />

Reino de Deus, Reino mais plenamente<br />

humano à imagem <strong>do</strong> Filho<br />

que se encarnou.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 19


20 – CARTA AOS AMIGOS


Falar da Encarnação é<br />

partilhar como vive; mas<br />

viver a Encarnação significa<br />

viver como Jesus<br />

se encarnou e com Ele<br />

devemos aprender;<br />

aprenderemos olhan<strong>do</strong><br />

para Ele, contemplan<strong>do</strong><br />

esse Mistério da Encarnação.<br />

Assim, proponho a<br />

você, amiga e amigo, ter um momento<br />

de oração. Aceita? Santo<br />

Inácio vai nos ajudar nessa contemplação.<br />

O Mistério da Encarnação nos<br />

ajuda a descobrir, a experimentar<br />

quanto Deus ama e tem interesse<br />

pela Humanidade. Ele se interessa<br />

por to<strong>do</strong>s os homens e mulheres,<br />

sem discriminação... (cor, cultura,<br />

país etc...) É toda a História humana<br />

que interessa a Deus!<br />

Por isso Ele decide de intervir,<br />

pois quer “salvar a Humanidade”.<br />

Espaço Inaciano<br />

Marie Jô Grollier<br />

Toda a história humana interessa a Deus...<br />

Pela mediação de Jesus,<br />

vamos contemplar as<br />

“Três Pessoas Divinas”.<br />

O Pai e o Espírito são<br />

sempre solidários <strong>do</strong><br />

que vive e faz Jesus.<br />

Vamos pedir uma<br />

graça: O conhecimento interior<br />

de Jesus para mais<br />

amar e servir.<br />

Vamos contemplar uma grande<br />

Pintura que compreende três quadros:<br />

– A Humanidade<br />

– As Três Pessoas divinas que<br />

estão ten<strong>do</strong> “reunião de Conselho”<br />

– O Anjo Gabriel envia<strong>do</strong> a<br />

Maria e a Anunciação.<br />

Vamos contemplar como “Discípulas/os”<br />

amadas/os e chamadas/<br />

os a seguir! Daqui para frente, vamos<br />

contemplar – “ver/ ouvir/ e<br />

observar”.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 21


1 o Quadro: Contemplar o<br />

quadro da Humanidade<br />

• Ver to<strong>do</strong>s os Povos nas suas<br />

diversidades de línguas, culturas,<br />

raças... Hoje, o que vemos a cada<br />

dia?<br />

• Ouvir o que eles dizem! Muitas<br />

vezes são palavras que constroem,<br />

mas muitas vezes são palavras<br />

para xingar!<br />

• Olhar / Mirar / observar o<br />

que eles fazem: rejeição, injustiça,<br />

guerras, violência, exclusão... Fácil<br />

imaginar! DEUS, ONDE ESTÁS?<br />

2 o Quadro: Contemplar as<br />

Três Pessoas divinas<br />

Vamos “experimentar” “sentir”<br />

que a raiz da Criação e da gente<br />

está no Amor de um Deus que “se<br />

inclina” sobre nós. Como a mãe<br />

sobre o berço <strong>do</strong> filho, como o<br />

oleiro sobre a argila que a toda hora<br />

vai modelan<strong>do</strong>.<br />

Esse “inclinar-se” sob o peso<br />

<strong>do</strong> Amor infinito é a chave para<br />

entender a “atitude reverencial” de<br />

quem se sente, por um la<strong>do</strong> indigno<br />

22 – CARTA AOS AMIGOS<br />

peca<strong>do</strong>r e, por outro, tão gratuitamente<br />

ama<strong>do</strong> por Deus – pura Graça<br />

– sem merecimento algum. Cabe<br />

maior admiração?<br />

– Vamos tentar VER “o Amor<br />

que desce”! A Trindade nos escuta!<br />

Diariamente, Ela se comove diante<br />

de tanta miséria.<br />

Inclina-se com Amor misericordioso.<br />

Quer transformar esse nosso<br />

mun<strong>do</strong> em Reino de Deus. Desce. E<br />

o Verbo se faz Carne!<br />

Nós tocamos o Verbo da Vida<br />

(1Jo1,1). Os nossos olhos de Fé de<br />

Discípulos/as contemplam, na humildade<br />

da carne, a Glória de Deus.


– Vamos OUVIR também o que<br />

eles dizem: Palavra de decisão! O<br />

Filho é envia<strong>do</strong> no meio <strong>do</strong>s homens.<br />

Ele consente esse movimento<br />

de Encarnação. Ele diz SIM!<br />

3 o Quadro: Lc 1,26-38<br />

“Faça se em mim segun<strong>do</strong> a<br />

Tua Palavra”<br />

Chegamos ao ponto mais admirável<br />

da história! No SIM de Maria,<br />

a onda da Misericórdia transborda<br />

o oceano amoroso da Trindade e<br />

alcança as praias da nossa humanidade.<br />

“Anunciação de Taizé”<br />

VER Maria em Nazaré, 12 a 15<br />

anos de idade: discrição, silêncio,<br />

humildade, abertura.<br />

VER o anjo Gabriel, o envia<strong>do</strong><br />

de Deus que a “salva”. Como Maria<br />

é rica para os olhos da Fé! Ela nos<br />

ensina uma sabe<strong>do</strong>ria que não se<br />

aprende nas escolas. “Alegra-te<br />

Maria”!<br />

OUVIR o que é dito! “Como<br />

isso pode acontecer? Eu não conheço<br />

nenhum homem”.<br />

OBSERVAR / OLHAR o que<br />

acontece: Maria vai ao encontro de<br />

Isabel.<br />

O canto de Louvor, o Magnificat<br />

é a mais bela amostra da atitude de<br />

Fé que configura o “acatamento reverencial”:<br />

admiração, humildade,<br />

amor e vontade de louvar e servir...<br />

O conhecimento interno de Jesus<br />

tem sua raiz aí, na sintonia e no<br />

acolhimento caloroso de Maria à<br />

“comoção” que tanto tocou o coração<br />

da Trindade Santa.<br />

Jesus é to<strong>do</strong> Ele, Amor: Fruto<br />

<strong>do</strong> Amor Divino acolhi<strong>do</strong> com amor<br />

pela mulher mais maravilhosa que<br />

representa a Humanidade nova. Por<br />

isso, Jesus só vai saber amar, servir,<br />

per<strong>do</strong>ar, ser misericordioso – Salvar<br />

–!<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 23


Que bom que o Verbo divino<br />

foi acolhi<strong>do</strong> na história com Amor!<br />

Depois... Maria proclama no seu<br />

canto o que vai ser a novidade <strong>do</strong><br />

Evangelho; que a Salvação começa<br />

a partir <strong>do</strong> pequeno, que o Pobre é<br />

o Predileto de Deus; ele tem valor e<br />

será o mais aberto ao reino, pois ele<br />

almeja a sua Libertação.<br />

Terminar essa contemplação,<br />

ousan<strong>do</strong> expressar o que sente.<br />

24 – CARTA AOS AMIGOS<br />

Perguntas para ajudar:<br />

O que Deus sente ao contemplar<br />

essa situação?<br />

Como Maria acolhe a Deus e<br />

aos irmãos?<br />

O que mais tocou você nessa<br />

Contemplação? Quais são os apelos<br />

que você sente ao contemplar a situação<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> atual?<br />

Viver a Encarnação hoje, para<br />

mim, significa o que?


ABRIL<br />

.Rose, Débora e<br />

Dilma viveram o tríduo<br />

pascal nas comunidades<br />

rurais da Paróquia de Venceslau<br />

Guimarães no Baixo<br />

Sul da Bahia. Foi um<br />

bom tempo de Missão.<br />

.No dia 25 de Abril<br />

aconteceu os 50 anos da<br />

diocese de Ruy Barbosa,<br />

onde as <strong>Auxiliares</strong> por<br />

mais de 28 anos foram<br />

presentes. Renata e Dilma<br />

representaram a Congregação,<br />

participan<strong>do</strong> desse<br />

tão bonito e precioso evento.<br />

MAIO<br />

.Algumas <strong>Auxiliares</strong> participaram<br />

de uma conferência com Pe.<br />

José Comblin, em Salva<strong>do</strong>r.<br />

.Continuamos nossos encontros<br />

com os leigos para partilhar o<br />

nosso Carisma.<br />

.Renata por motivo de saúde,<br />

voltou pra França e Hélène veio da<br />

França, para reforçar a Comunidade<br />

de Aracaju.<br />

O que aconteceu...<br />

Dilma <strong>do</strong>s Santos Barbosa<br />

Entre o mês de Abril de 2010 a Março de 2011<br />

.Tivemos o nosso primeiro encontro<br />

<strong>do</strong> ano, entre as três comunidades<br />

de <strong>Auxiliares</strong>. Com a ajuda<br />

de Padre Sergio, de Santo Antonio<br />

de Jesus, na Bahia, refletimos sobre<br />

o sacerdócio <strong>do</strong>s batiza<strong>do</strong>s.<br />

JUNHO<br />

.As <strong>Auxiliares</strong> da França e<br />

<strong>do</strong> Brasil se alegram com a profissão<br />

perpétua de Mireille e Minh<br />

Thu Thuy, duas irmãs nossas na<br />

França.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 25


.As <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Brasil tiveram<br />

a alegria de receber, por algumas<br />

semanas, a visita de um casal<br />

amigo, Gerard e Françoise, que veio<br />

da França para nos conhecer melhor.<br />

Eles visitaram nossas três comunidades.<br />

Dentre outras coisas,<br />

eles puderam experimentar as festas<br />

juninas com o povo e vivenciar<br />

a copa <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> no Brasil!<br />

JULHO<br />

.Dilma concluiu os três anos<br />

da Escola de Forma<strong>do</strong>res, juntamente<br />

com mais 17 colegas de outras<br />

Congregações. Uma missa foi celebrada<br />

para agradecer a Deus. Fizeram-se<br />

presentes diversas religiosas<br />

das respectivas Congregações.<br />

AGOSTO<br />

.Participamos <strong>do</strong>s dez anos<br />

da comunidade da Trindade (Comunidade<br />

que acolhe o povo da rua),<br />

em Salva<strong>do</strong>r.<br />

.Um seminário sobre “Juventudes”<br />

foi organiza<strong>do</strong> pela Conferência<br />

<strong>do</strong>s Religiosos <strong>do</strong> Brasil, em<br />

Salva<strong>do</strong>r. Dilma, Lene, Márcia, Rose<br />

e Débora, participaram.<br />

SETEMBRO<br />

.Dilma tem a alegria de se<br />

juntar aos seus familiares para festejar<br />

os 50 anos de vida matrimonial<br />

de seus pais.<br />

.Dia 7 de setembro, em nossas<br />

26 – CARTA AOS AMIGOS<br />

diferentes Comunidades de <strong>Auxiliares</strong>,<br />

participamos <strong>do</strong> Grito <strong>do</strong>s Excluí<strong>do</strong>s.<br />

.Marie-Jô comemora 30 anos<br />

de presença no Brasil. O bolo com<br />

as cores da bandeira <strong>do</strong> Brasil marcou<br />

fortemente este momento.<br />

OUTUBRO<br />

.Mais uma vez, realizamos nossa<br />

assembleia geral. Padre Sérgio José,<br />

Jesuíta, nos aju<strong>do</strong>u na assessoria.<br />

.Frente ao Fórum Ruy Barbosa,<br />

na noite que antecedeu o julgamento<br />

<strong>do</strong> empresário de uma fábrica<br />

de fogos em Santo Antônio de<br />

Jesus, na Bahia, algumas <strong>Auxiliares</strong><br />

participaram de uma vigília com os<br />

familiares das vítimas (64 vítimas).<br />

A explosão aconteceu há onze anos.<br />

.Rose, postulante, vai descobrir,<br />

durante uma semana, a vida da<br />

comunidade de Aracaju.<br />

DEZEMBRO<br />

.Todas nós tivemos a alegria<br />

de acolher a família de Catarina,<br />

por alguns dias no Brasil.!<br />

JANEIRO<br />

.Vilma, depois de quatro anos<br />

estudan<strong>do</strong> Serviço Social, na faculdade<br />

Católica, recebeu o seu diploma<br />

de assistente social. A colação<br />

de grau contou com a presença de<br />

algumas <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio.<br />

O momento foi de simplicidade, alegria<br />

e fraternidade.


.Mais um encontro<br />

vocacional<br />

em Guaibim,<br />

perto de Valença<br />

(BA). Lene,<br />

Márcia, Jacinete<br />

e Bia assumiram<br />

este encontro.<br />

Teve a presença<br />

de seis jovens:<br />

duas de Aracaju, uma de Valença,<br />

duas de Tancre<strong>do</strong> Neves e uma de<br />

Bonito, na Chapada Diamantina.<br />

.Aconteceram algumas transferências<br />

em nossas Comunidades:<br />

Márcia, que estava na Comunidade<br />

de Valença, foi transferida para a<br />

Comunidade de Aracaju. E Vilma,<br />

que estava na Comunidade de Salva<strong>do</strong>r,<br />

foi transferida para a Comunidade<br />

de Valença.<br />

.A celebração de entrada no<br />

novicia<strong>do</strong> de Rose e Débora alegrou<br />

todas as <strong>Auxiliares</strong> na França<br />

e no Brasil.<br />

FEVEREIRO<br />

.Aconteceu o primeiro encontro<br />

<strong>do</strong> ano, com todas as irmãs <strong>Auxiliares</strong>.<br />

Dessa vez refletimos sobre a<br />

encíclica pós sinodal sobre a Palavra<br />

de Deus na vida e na missão da<br />

Igreja. Foi um momento muito forte<br />

de aprofundamento e partilha sobre<br />

a Palavra. Durante o encontro, nos<br />

unimos a Lene, que renovou por<br />

mais <strong>do</strong>is anos os seus votos.<br />

MARÇO<br />

.Algumas<br />

<strong>Auxiliares</strong> participaram<br />

de<br />

um momento<br />

solene, na Catedral<br />

de Salva<strong>do</strong>r,<br />

em gratidão<br />

a Dom Geral<strong>do</strong><br />

Majella.<br />

.Dia 25 de Março,<br />

como uma grande maioria da vida<br />

religiosa de Salva<strong>do</strong>r, algumas de<br />

nós, participamos da missa de posse<br />

<strong>do</strong> novo Cardeal, Dom Murilo<br />

Krieger.<br />

.E para fechar as nossas notícias<br />

dessa revista, queremos lembrar<br />

a caminhada da paz, que aconteceu<br />

em Valença. Um evento que<br />

mexeu com todas as classes sociais...<br />

Mexeu com to<strong>do</strong>s os corações<br />

que estão claman<strong>do</strong> por dias<br />

de mais tranquilidade... As <strong>Auxiliares</strong><br />

que moram em Valença, participaram.<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 27


28 – CARTA AOS AMIGOS


Endereços<br />

IRMÃS AUXILIARES DO SACERDÓCIO<br />

Av. Cardeal da Silva, 56 – Federação<br />

40231-250 SALVADOR - BA<br />

Tel./Fax: (71) 3235-0738<br />

E-mail: auxsalva<strong>do</strong>r@jesuitas.org.br<br />

Rua Veteranos da Independência, 345 – Amparo<br />

45400-000 VALENÇA - BA<br />

Tel.: (75) 3641-7580<br />

E-mail: auxiliaresvalenca@yahoo.com.br<br />

Rua Rio Branco, 397 – Lot. Tijuquinha – Bairro Rosa Elze<br />

49100-000 SÃO CRISTÓVÃO - SE<br />

Tel.: (79) 3257-7597<br />

E-mail: auxaracaju@yahoo.com.br<br />

SEDE NA FRANÇA<br />

57 rue Lemercier – 75017 – PARIS - FRANÇA<br />

Tel./Fax: (33) 1 - 4226-7089<br />

E-mail: auxsac@club-internet.fr<br />

Site: www.auxiliaires-du-sacer<strong>do</strong>ce.com<br />

CASA MÃE<br />

Maison Bethléem<br />

15 avenue de Bethléem – 71600 – PARAY LE MONIAL<br />

FRANÇA<br />

Tel.: (33) 3 - 8588-8415<br />

E-mail: sacer<strong>do</strong>ce.auxiliaire@9online.fr<br />

Irmãs <strong>Auxiliares</strong> <strong>do</strong> Sacerdócio – 29

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!