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Revista (PDF) - Juventude Adventista Portuguesa

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ESPECIAL<br />

:::: a revista da juventude adventista ::::<br />

j.a.<br />

SENTIR<br />

Semana<br />

de Oração


2<br />

SENTIR<br />

JA<br />

índice<br />

OS AUTORES<br />

INTRODUÇÃO<br />

1º SÁBADO: NASCIDO PARA SER GRANDE<br />

Texto Bíblico: Lucas 1:13-15<br />

DOMINGO: A VOZ QUE CLAMA<br />

SEGUNDA-FEIRA: EIS O CORDEIRO DE DEUS<br />

Texto Bíblico: João 1:29, 36<br />

TERÇA-FEIRA: OS AMIGOS TRAZEM AS NOTÍCIAS<br />

Texto Bíblico: Lucas 7:18<br />

QUARTA-FEIRA: JOÃO NÃO ESTÁ A DIMINUIR, OUTROS<br />

ESTÃO A CRESCER<br />

QUINTA-FEIRA: O QUE FAZER COM A DÚVIDA<br />

Texto Bíblico: Mateus 11:2 e 3<br />

SEXTA-FEIRA: OS VERDADEIROS HERÓIS AJOELHAM-SE<br />

SEMPRE<br />

Texto Bíblico: João 3:30<br />

2º SÁBADO: “AQUELE QUE VEM APÓS MIM É MAIS<br />

PODEROSO DO QUE EU”<br />

ficha técnica :: tradução_Ana Palma Lima :: imagem da capa_Marisa Ferreira :: diagramação_Sara<br />

Calado :: revisão_redação Publicadora SerVir :: União <strong>Portuguesa</strong> dos <strong>Adventista</strong>s do Sétimo Dia_<br />

Departamento de Jovens<br />

4<br />

5<br />

6<br />

12<br />

16<br />

20<br />

24<br />

29<br />

34<br />

38<br />

Uma LUZ<br />

Ardente<br />

Por vezes os meus filhos referem-se a mim como “o velho”. Mas eu sei que é<br />

simplesmente uma forma estranha e juvenil de exprimirem o seu afeto. No<br />

entanto, talvez seja por estar a envelhecer que existe uma pergunta que tem<br />

surgido na minha mente e que esteve adormecida durante décadas: “Qual será o<br />

meu legado?” Não estou a pensar no dinheiro ou nas posses que posso deixar aos<br />

meus filhos; estou a pensar sobre o que será dito acerca da minha vida quando eu<br />

morrer. Esta é uma pergunta relevante e talvez devêssemos fazê-la antes de envelhecermos<br />

e de termos cabelos brancos para podermos ajustar sempre os nossos<br />

objetivos e prioridades. Qual será o teu legado?<br />

Talvez seja por causa desta pergunta que estou profundamente impressionado<br />

com o obituário que Jesus fez sobre João Batista: “João era como uma lamparina<br />

que estava acesa (ardia) e brilhava” (João 5:35, NTLH). Sabemos que no tempo de<br />

Jesus não existia “luz fria”. Onde houvesse luz havia alguma coisa a arder. Contudo,<br />

Jesus menciona ambas as características, “acesa (ardia)” e “brilhava”. Arder por<br />

algo ou por alguém significa que estás plenamente dedicado e comprometido. João<br />

dedicou toda a sua vida a Deus e ele estava comprometido em seguir a Palavra e<br />

o plano de Deus para a sua vida. O facto de a luz de João arder pode referir-se ao<br />

facto de que a sua vida inteira era uma poderosa testemunha da vinda do Salvador<br />

entre o seu povo. João estava a arder e a brilhar por Jesus – e o próprio Jesus reconhece<br />

isto em público. Fantástico! Isto, sim, é um legado!<br />

Estas leituras para a Semana de Oração de Jovens dão-te a oportunidade de refletires<br />

acerca da vida de João Batista. O seu compromisso com Deus e a sua dedicação<br />

em testemunhar de Jesus durante toda a sua vida não estão somente relatados<br />

na Bíblia para nos informar, mas para nos inspirar. Evidentemente, isto não significa<br />

idealizar João Batista ou até mesmo imitar a sua vida. Deus tinha um plano para<br />

João e tem um plano para ti. Mas esta Semana de Oração vai ajudar-te a arderes<br />

por Jesus e a estimulares a tua dedicação para que sejas uma luz ardente entre a<br />

tua família, os teus amigos, os teus colegas da escola e do trabalho – em qualquer<br />

contexto para onde Deus te tenha guiado. Finalmente, tal como João, todos podemos<br />

ser testemunhas do nosso Salvador vindouro e uma luz ardente e brilhante.<br />

Que a vida de João Batista possa inspirar-te e estimular a tua alegria e o teu entusiasmo<br />

por Jesus. Que sejas uma luz ardente e brilhante, é por isto que eu oro!<br />

Que Deus esteja contigo!<br />

Stephan Sigg<br />

3<br />

SENTIR<br />

JA


4<br />

SENTIR<br />

JA<br />

SOBRE os<br />

Autores<br />

George Schiopu é pastor, diretor de<br />

jovens na União da Olténia, pai de três<br />

crianças. Gosta de poesia, do silêncio e<br />

de passar tempo na Natureza. Há três<br />

episódios na vida de Jesus que influenciaram<br />

a sua vida: o Cenáculo, o Jardim<br />

do Getsémani e a Cruz.<br />

Gelu Ioan Poenariu trabalha como<br />

vice-diretor do programa de embaixadores<br />

da União do Sul da Transilvânia<br />

e ama servir a juventude. Gosta da<br />

maneira como Jesus diz “Não”, quando<br />

outros tentam guiar a Sua vida. O<br />

seu episódio favorito é aquele em que<br />

Jesus incita os discípulos a seguirem-<br />

-n’O, depois da multiplicação dos pães<br />

e peixes.<br />

Szasz Cserei Geza é o diretor de jovens<br />

na União do Sul da Transilvânia. É<br />

apaixonado por música, crianças e distribuição<br />

de literatura. A ressurreição do<br />

filho da viúva de Naim é o seu episódio<br />

favorito na vida de Jesus.<br />

Csergezan Erik vive com a esposa<br />

Adela e a filha Karina no Oeste da Roménia,<br />

em Timisoara. É o pastor responsável<br />

pelas comunicações e pelos<br />

projetos online na União de Banat. O<br />

episódio mais inspirador da vida de Jesus<br />

é aquele em que Ele oferece uma<br />

segunda oportunidade a Pedro.<br />

Stefan Nadaban é pastor na União<br />

de Banat. Gosta muito de História e<br />

desporto. Aprecia bastante o facto de<br />

Jesus dizer a verdade em todas as circunstâncias.<br />

Daniel Chirileanu é o diretor de jovens<br />

da União Romena. É apaixonado por<br />

aviação e pela forma como Jesus trata<br />

Pedro. Ele dá-lhe uma missão a cumprir<br />

depois da crise, mesmo sabendo que<br />

Pedro traí-l’O-á.<br />

sta não é apenas mais uma semana.<br />

Esta será outra Semana de Oração, para os jovens, para ti.<br />

EPode<br />

ser uma semana aborrecida, comum e, até mesmo, triste. Mas pode ser também uma<br />

semana especial. O teu coração decidirá como irá ser. Os teus olhos interiores, os teus sentimentos<br />

tornarão esta semana luminosa ou tenebrosa. Escolhemos João Batista como um modelo<br />

para esta semana de oração. Ele assemelhava-se muito a Jesus. Preparou o caminho para Jesus.<br />

Falava e vivia como Jesus.<br />

O seu caráter, o seu estilo de vida, a sua sinceridade, a sua determinação e modéstia são lições<br />

que precisamos de aprender hoje.<br />

Vamos falar, cada dia, sobre uma dimensão diferente de João Batista:<br />

O João que nasceu com uma missão definida; o João que ajuda os outros a desenvolverem-se<br />

enquanto ele permanece fiel aos seus valores; o João que decide diminuir para que o Messias<br />

cresça; o João que se considera somente uma voz que está a preparar o caminho; o João<br />

que está rodeado de amigos e que sente a sua influência na sua vida; o João que enfrenta<br />

uma crise, que duvida e precisa de ser encorajado; o João que não conhece<br />

o Messias.<br />

João é um personagem muito complexo e autêntico. Ele era um jovem que podia<br />

ter escolhido as drogas, a discoteca, o jogo ou a imoralidade. Mas ele escolheu<br />

ser diferente, abrir o caminho, ser uma pessoa estranha e responder ao chamado<br />

especial de Deus para a sua vida.<br />

João não era teimoso, um fanático ou uma pessoa intolerante. Ele era um jovem<br />

que amava Deus. Cada lição aprendida com a vida de João será uma bênção.<br />

Que possas desfrutar plenamente de cada uma delas.<br />

União Romena<br />

INTRODUÇÃO<br />

5<br />

SENTIR<br />

JA


1º SÁBADO<br />

Lucas 1:13-15<br />

6<br />

SENTIR<br />

JA<br />

NASCIDO PARA SER<br />

“Mas o anjo lhe disse: Zacarias, não temas, porque<br />

GRANDE<br />

a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à<br />

luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás<br />

prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu<br />

nascimento, porque será grande diante do Senhor.”<br />

UM NOME – DÁ IDENTIDADE<br />

Gostas do teu nome? Quem é que o escolheu?<br />

Conheces o seu significado? Pensas<br />

que um nome é importante? Quando<br />

era adolescente, comecei a interessar-me<br />

pela etimologia dos nomes. Isto foi algo<br />

que me ajudou bastante durante o meu<br />

ministério com os jovens. Para mim, tornou-se<br />

mais fácil recordar o seu nome e<br />

também me dava uma informação muito<br />

importante: chamar uma pessoa pelo seu<br />

nome é uma das melodias mais suaves<br />

para os seus ouvidos. Esta semana, vamos<br />

estudar um personagem cujo nome<br />

encontramos frequentemente não só no<br />

Novo Testamento, mas igualmente no<br />

mundo atual. Vamos tentar descobrir qual<br />

é a ligação entre o seu nome, a sua identidade<br />

e a sua missão. Além disso, vamos<br />

tentar descortinar como é que podemos<br />

aplicar a experiência da sua vida ao nosso<br />

presente e à nossa idade.<br />

João Batista nasceu como resposta às<br />

orações dos seus pais. O seu nascimento<br />

trouxe uma grande alegria a muitas pessoas.<br />

Foi assim que tudo começou. Por<br />

que razão o seu nascimento é importante?<br />

Devido à sua origem, época e circunstâncias,<br />

muitas pessoas interrogavam-se:<br />

“Quem será, pois, este menino?” (Lucas<br />

1:66). Os eventos que ocorreram quando<br />

João Batista nasceu eram fora do comum<br />

e as pessoas estavam temerosas (Lucas<br />

1:65), indagando sobre a missão daquele<br />

que iria nascer.<br />

Pensa um pouco! Tudo decorre normalmente.<br />

As pessoas acordam e partem<br />

para as suas tarefas diárias. Todos estão<br />

ocupados com os seus afazeres. Os<br />

agricultores lavram os seus campos, os<br />

pastores guardam os seus rebanhos, os<br />

soldados carregam as suas armas, os cobradores<br />

de impostos cobram as taxas, os<br />

mestres ensinam e os sacerdotes execu-<br />

tam os seus rituais no Templo. Nada fora<br />

do comum. Hoje é um dia tal como o de<br />

ontem, e este ano será tal e qual como o<br />

ano anterior. A vida é sempre a mesma:<br />

existe a primavera, o verão, o outono e o<br />

inverno. Contudo, apesar disto, para além<br />

desta vida normal, as coisas estão a mudar.<br />

Se analisarmos cuidadosamente o<br />

caráter das pessoas, vemos que a dimensão<br />

moral está cada vez mais enfraquecida.<br />

Na verdade, o estado das pessoas,<br />

no final de uma era e no início de outra, é<br />

muito semelhante àquele que se verificou<br />

antes do dilúvio quan-<br />

Se pudéssemos<br />

abrir os olhos<br />

e ver as coisas<br />

à luz da Sua<br />

sabedoria,<br />

descobriríamos<br />

que Ele está<br />

interessado em<br />

cada pequeno<br />

detalhe da<br />

nossa vida.<br />

do “Viu o Senhor que a<br />

maldade do homem se<br />

multiplicara sobre a terra,<br />

e que toda a imaginação<br />

dos pensamentos do seu<br />

coração era só má continuamente”<br />

(Génesis 6:5).<br />

Penso que a seguinte citação<br />

reflete muito bem<br />

a realidade da época em<br />

que João Batista nasceu:<br />

“A ilusão do pecado<br />

atingira o seu auge.<br />

Todos os meios para<br />

depravar a alma dos<br />

homens tinham sido<br />

postos em ação. Contemplando<br />

o mundo, o<br />

Filho de Deus viu sofrimento<br />

e miséria. Viu,<br />

com desgosto, como os<br />

homens se tinham tornado<br />

vítimas da crueldade satânica. Olhou<br />

com compaixão para os que estavam<br />

sendo corrompidos, mortos, perdidos.<br />

Tinham escolhido um dominador que<br />

os prendia ao seu carro como cativos.<br />

Confundidos e enganados, avançavam<br />

em soturna procissão para a ruína eterna<br />

– para a morte em que não há nenhuma<br />

esperança de vida, para a noite em que<br />

não há alvorecer. Agentes satânicos estavam<br />

unidos com os homens. Os corpos<br />

de criaturas humanas, feitos para a habitação<br />

de Deus, tinham-se tornado mora-<br />

da de demónios. Os sentidos, os nervos,<br />

as paixões, os órgãos dos homens eram<br />

levados por agentes sobrenaturais a condescender<br />

com a concupiscência mais<br />

vil. O próprio selo dos demónios achava-<br />

-se impresso na fisionomia dos homens.<br />

Esta refletia a expressão das legiões do<br />

mal de que se achavam possessos. Eis<br />

a perspetiva contemplada pelo Redentor<br />

do mundo. Que espetáculo para a Infinita<br />

Pureza! […] Com intenso interesse, os<br />

mundos não caídos tinham olhado para<br />

ver Jeová levantar-Se e fazer desaparecer<br />

os habitantes da Terra” (O<br />

Desejado de Todas as Nações,<br />

ed. Pub. SerVir, pp. 26 e 27).<br />

Agora, no momento em que<br />

o destino do mundo estava<br />

pronto para ser selado através<br />

do julgamento divino, Gabriel<br />

desce do Céu, para dar as<br />

boas-novas a Zacarias – um<br />

idoso sacerdote fiel: ele seria o<br />

pai de João. No plano de Deus<br />

nada acontece por acaso. Se<br />

pudéssemos abrir os olhos e<br />

ver as coisas à luz da Sua sabedoria,<br />

descobriríamos que<br />

Ele está interessado em cada<br />

pequeno detalhe da nossa<br />

vida. Por exemplo, os nomes<br />

dos personagens desta história<br />

transmitem uma mensagem<br />

importante para o seu tempo.<br />

O nome “Isabel” tem a sua origem<br />

e significado no Hebraico<br />

Elisheba (Êx. 6:23). Ela era a esposa do<br />

sumo-sacerdote do povo israelita, Elisheba<br />

é a bisavó de Isabel (a mãe de João<br />

Batista). O significado, em Hebraico, pode<br />

ser o seguinte: O meu Deus é um juramento;<br />

e também pode significar: O meu Deus<br />

é o único Deus ou O meu Deus cumpre<br />

a Sua palavra. Aquilo que Ele disse, cumprir-se-á<br />

certamente. Por outro lado, “Zacarias”,<br />

o nome do seu marido, significa:<br />

Deus lembrou-Se. Na história da Bíblia,<br />

a expressão Deus lembrou-Se tem uma<br />

conotação especial. Como consta, Deus<br />

7<br />

SENTIR<br />

JA


8<br />

SENTIR<br />

JA<br />

lembrou-Se de Noé (Gén. 8:1), de Abraão<br />

(Gén. 19:29), da aliança feita com Abraão,<br />

Isaque e Jacob (Êx. 2:24) e de Ana (I Sam.<br />

1:19). Quando “Deus Se lembrou” da condição<br />

do nosso mundo, em vez do Seu juízo,<br />

Ele enviou João (Deus é misericordioso)<br />

para proclamar a infinita bondade do<br />

Senhor, manifesta na vinda do Messias, o<br />

Salvador do mundo. Embora a sua mensagem<br />

devesse ser direta e sem rodeios,<br />

o nome de João deveria sempre recordar<br />

o povo de que Deus é misericordioso e<br />

está à espera que nos arrependamos.<br />

CARÁTER E MISSÃO<br />

Humanamente falando, era impossível<br />

que João nascesse. Zacarias, assim como<br />

a sua esposa, tendo uma idade avançada,<br />

duvidou da mensagem do anjo Gabriel<br />

(Lucas 1:18). É verdade, não era fácil de<br />

acreditar que o filho, pelo qual tinham orado<br />

toda a sua vida, não somente nasceria<br />

milagrosamente, mas também seria uma<br />

pessoa importante e sobre cuja identidade<br />

e missão tinham sido escritas profecias,<br />

há centenas de anos (Isaías 40:3; Malaquias<br />

3:1; 4:5 e 6). É espantoso que Deus<br />

não transforma somente uma impossibilidade<br />

numa realidade, mas que Ele tenha<br />

revelado esta verdade muitos anos antes<br />

da sua realização. Acreditarmos nisto significa<br />

que devemos aceitar, entre outras<br />

coisas, que o impossível pode tornar-se<br />

possível na nossa própria vida. Apesar de<br />

Zacarias ser diferente da maioria dos seus<br />

contemporâneos e de o seu caráter ser irrepreensível<br />

(Lucas 1:6), a sua reação em<br />

relação à mensagem do anjo mostra-nos<br />

que é difícil acreditar e aceitar os desígnios<br />

do Senhor.<br />

Necessitamos de compreender que<br />

não é só o nascimento de João Batista<br />

que ultrapassa o nosso entendimento,<br />

mas que toda a sua vida foi uma jornada<br />

incompreensível, contrária a qualquer<br />

expectativa humana. Ele nasceu para ser<br />

“grande diante do Senhor” (Lucas 1:15),<br />

mas ele nunca frequentou nenhuma sinagoga<br />

ou escola do seu tempo. Quando,<br />

finalmente, se tornou grande e obteve o<br />

reconhecimento do povo, a sua vida foi<br />

repentinamente tomada. Ele simplesmente<br />

saiu de cena.<br />

O que significa ser grande neste mundo?<br />

Pensemos nas conversas dos nossos<br />

colegas, quando dizem: Isto é fixe? Qual é<br />

o objetivo supremo de um jovem que vive<br />

numa sociedade secular? Quais são, atualmente,<br />

os (não) valores que definem a<br />

base da formação do comportamento do<br />

indivíduo? Infelizmente, hoje em dia, os<br />

valores apreciados são o egoísmo, o orgulho<br />

e a vaidade. “Porque, tudo o que há<br />

no mundo, a concupiscência da carne, a<br />

concupiscência dos olhos e a soberba da<br />

vida, não é do Pai, mas do mundo” (I João<br />

2:16). Tenho a certeza de que, pelo menos<br />

uma vez durante a tua infância, as pesso-<br />

Qual é o objetivo supremo<br />

de um jovem que vive numa<br />

sociedade secular?<br />

as te perguntaram o que pensavas ser<br />

quando crescesses. A maioria das crianças<br />

responde inocentemente a esta pergunta<br />

e são nobres na sua resposta. Elas<br />

desejam ser médicas para poder curar os<br />

doentes; desejam ser professores para ensinar<br />

as crianças; desejam ser bombeiros<br />

para socorrer os que correm perigo; etc..<br />

Mas, à medida que o tempo passa, os valores<br />

dessas crianças inocentes começam<br />

a mudar. Os adolescentes ou jovens adultos<br />

desejam obter um determinado estatuto,<br />

porque querem ter algo ou ser alguém.<br />

As estrelas ou os VIP’s do nosso mundo<br />

são os ricos, os belos e aqueles cujos nomes<br />

se destacam na política, na arte do<br />

cinema ou da música, etc..<br />

Mas no mundo de Deus as coisas são<br />

diferentes. João seria grande por duas<br />

razões: o seu caráter e a sua missão.<br />

Através da sua temperança relativamente<br />

à bebida, que poderia turvar a sua mente,<br />

e através da presença do Espírito Santo<br />

na sua vida, mesmo antes do seu nascimento,<br />

João consagrou a sua infância e<br />

juventude a Deus. Deste modo, tornou-se<br />

num dos maiores reformadores na história<br />

do mundo. O seu forte caráter conferiria<br />

autoridade à sua missão:<br />

“João devia ir como mensageiro de Jeová,<br />

para levar aos homens a luz de Deus.<br />

Devia imprimir uma nova direção aos seus<br />

pensamentos. Devia impressioná-los com<br />

a santidade dos preceitos divinos, e com<br />

a necessidade que tinham de receber a<br />

Sua perfeita justiça. Esse mensageiro tem<br />

que ser santo. Precisa de ser um templo<br />

para a presença do Espírito de Deus. A<br />

9<br />

SENTIR<br />

JA


10<br />

SENTIR<br />

JA<br />

fim de cumprir a sua missão, deve ter sã<br />

constituição física, bem como resistência<br />

mental e espiritual. Era, portanto, necessário<br />

que regesse os apetites e paixões.<br />

Deveria ser de tal modo capaz de dominar<br />

as suas faculdades, que pudesse estar<br />

entre os homens, tão inabalável ante<br />

as circunstâncias ambientais, como as<br />

rochas e montanhas do deserto.<br />

No tempo de João Batista, a cobiça das<br />

riquezas e o amor do luxo e a ostentação<br />

tinham-se alastrado. Os prazeres sensuais,<br />

banquetes e bebidas estavam a causar doenças,<br />

degeneração física, amortecendo<br />

as perceções espirituais e insensibilizando<br />

ao pecado. João devia assumir a posição<br />

de reformador. Através da sua vida abstinente<br />

e da simplicidade de vestuário, devia<br />

constituir uma repreensão para a sua época”<br />

(Op. Cit., pp. 73 e 74).<br />

No momento escolhido, quando João<br />

iniciou o seu ministério público, não era<br />

somente ouvido pelo povo. Estavam presentes<br />

os coletores de impostos, os soldados,<br />

os mestres e os líderes políticos<br />

da época. João podia levantar-se, falar<br />

destemidamente e cheio de poder acerca<br />

da mensagem divina. Herodes Antipas,<br />

tremera ante o chamado de João ao arrependimento<br />

(Idem, p. 169); e mais ainda,<br />

quando a voz de João foi ouvida no deserto,<br />

“Satanás temeu pela segurança do<br />

seu reino” (Idem, p. 178).<br />

Os mais ilustres homens da sua época<br />

tremiam diante dele; o próprio Satanás temeu<br />

pela segurança do seu reino. Talvez<br />

tenhamos vontade de perguntar: Que tipo<br />

de pessoa era João Batista? Ele era grande<br />

porque Gabriel assim o profetizou?<br />

A sua autoridade tinha as suas raízes<br />

nos poderes humanos e divinos que trabalhavam<br />

coordenadamente. De um lado<br />

estava o Espírito Santo, do outro lado podemos<br />

observar que ele tinha um caráter<br />

íntegro em harmonia com a verdade. João<br />

podia cumprir a sua missão divina e abrir<br />

o caminho para o Senhor, porque lhe fora<br />

confiada uma missão especial e ele tinha<br />

altos valores morais. A sua missão foi<br />

cumprida porque a sua identidade estava<br />

escondida na identidade de Cristo. Ele<br />

era grande porque viveu na presença de<br />

Deus, preparando o povo para a chegada<br />

do Redentor. João honrou Deus, por isso,<br />

Deus também honrou João.<br />

UM NOME, UM CARÁTER E UMA<br />

MISSÃO<br />

A vida de João Batista ensina-nos que<br />

o nome que nos é atribuído pode conferir-<br />

-nos uma identidade. Cada identidade e<br />

cada missão são únicas. O segredo para o<br />

cumprimento da missão é manter a nossa<br />

identidade inalterada. E só podemos fazer<br />

isto deixando que o Espírito Santo e a verdade<br />

moldem o nosso caráter. O anúncio<br />

do nascimento de João Batista, o anúncio<br />

do seu nome, do seu comportamento e da<br />

sua missão, podem ser aplicados a qualquer<br />

jovem que tenha nascido numa família<br />

que aguarda a segunda volta de Jesus.<br />

Por isso, se acreditas que Jesus vai voltar<br />

em breve, e que Ele voltará durante o teu<br />

tempo de vida, deves perguntar a ti mesmo:<br />

Quanto é que o meu destino poderia<br />

assemelhar-se ao de João Batista?<br />

Quando João Batista nasceu, o anjo do<br />

Senhor disse que ele seria “grande diante<br />

do Senhor”. Interrogo-me sobre o que terá<br />

sido dito quando nasceste. O nascimento<br />

de João não foi o único milagre que Deus<br />

realizou. Cada nascimento é um milagre.<br />

Cada nascimento recria a criação do homem<br />

no Éden. Quando Adão e Eva foram<br />

criados, “as estrelas da alva juntas alegremente<br />

cantavam, e todos os filhos de<br />

Deus rejubilavam” (Job 38:7). Cada nascimento<br />

é a celebração da vida. A primeira<br />

coisa que fizemos, quando nascemos, foi<br />

chorar e o nosso choro fez os anjos cantarem.<br />

Eles cantaram louvores por causa do<br />

milagre de uma nova vida.<br />

Portanto, João não foi o único que nasceu<br />

para ser “grande diante do Senhor”.<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

1. Discute com o teu grupo (3-4 pessoas) acerca do nome de cada um. Se pudesses<br />

escolher o teu nome, qual seria? Qual é o significado do teu nome? Consegues<br />

descobrir uma ligação entre o teu nome e a tua ocupação?<br />

2. Quão importante é a identidade no cumprimento da tua missão? Dá um exemplo.<br />

3. A missão da Igreja <strong>Adventista</strong> do Sétimo Dia assemelha-se à missão de João<br />

Batista. Quais são as coisas que sustentam a identidade da Igreja e a ajudam a<br />

cumprir a missão de Deus?<br />

SUGESTÕES PARA ORAÇÃO:<br />

Também nasceste pela mesma razão. Na<br />

realidade, tu nasceste para seres ainda<br />

maior. Se não acreditas em mim, lê Mateus<br />

11:11. João nasceu para preparar o<br />

povo para a primeira vinda de Jesus. Os<br />

jovens, como tu, nasceram para preparar<br />

o mundo para a segunda vinda de Jesus.<br />

João viu o lado humano de Jesus. Tu vê-<br />

-l’O-às em toda a Sua glória, como o Filho<br />

de Deus. Que destino foi preparado para ti!<br />

Como te chamas? Sei que é fácil responderes<br />

a esta pergunta, mas por detrás<br />

de cada nome existe uma identidade.<br />

Quero que saibas que Deus tinha uma<br />

identidade reservada para ti, mesmo antes<br />

de nasceres. Por favor, mantém essa<br />

identidade inalterada para seres “grande<br />

diante do Senhor”. Tu és único na história<br />

deste Universo e ninguém pode cumprir<br />

a missão que Deus te confiou. Por isso,<br />

depende da natureza do teu caráter se desejas<br />

manter a tua identidade e cumprir a<br />

tua missão. É por isso que precisas de ser<br />

amigo do Espírito Santo e de te apoiares<br />

na verdade. Deus deu-te a vida, Ele deu-te<br />

um nome e chamou-te para seres “grande”<br />

diante d’Ele. Por favor, responde afirmativamente<br />

ao Seu convite.<br />

1. Ora pelos amigos do teu grupo, para que o Senhor ajude cada um a descobrir o seu<br />

papel na obra de Deus.<br />

2. Ora por aqueles que estão a tentar descobrir qual é o trabalho para o qual foram chamados<br />

e que carreira deveriam seguir.<br />

11<br />

SENTIR<br />

JA


DOMINGO<br />

12<br />

SENTIR<br />

JA<br />

A VOZ<br />

QUE<br />

Durante a Segunda Guerra Mundial,<br />

Mihai de Hohenzollern era<br />

o rei da Roménia. Era um jovem<br />

reto, oriundo de uma nobre família que<br />

estava há muito tempo na Roménia. O<br />

verdadeiro líder do país era o General<br />

Ion Antonescu, que implementou uma<br />

ditadura militar nesse país. No dia 28<br />

de dezembro de 1942, apresentou a lei<br />

nº 927, onde ordenava que todas as religiões<br />

neo-protestantes fossem dissolvidas.<br />

Cada membro dessas religiões era<br />

forçado a assinar um papel, que definia<br />

que a pessoa abandonaria essa religião,<br />

e que se tornava num membro de uma<br />

das religiões aprovadas pela lei. Foi nesse<br />

momento que cada <strong>Adventista</strong> teve<br />

que testemunhar da sua fé, sobre quem<br />

era verdadeiramente.<br />

Em julho de 1943, todos os <strong>Adventista</strong>s<br />

do Sétimo Dia da região de Grozavesti Bacau<br />

foram levados até à Câmara Municipal.<br />

O Comandante informou-os acerca da<br />

lei 927/1942, mediante a qual todas as religiões<br />

eram dissolvidas, e pediu-lhes que<br />

CLAMA<br />

negassem a sua fé. Ele bateu num dos<br />

líderes, Dumitru Catarama, para assustá-<br />

-los e empurrou os restantes para a lama.<br />

Nenhum deles assinou a declaração, pelo<br />

que, no dia 31 de julho, foram todos entregues<br />

à Polícia. Novamente recusaram<br />

assinar o documento e, como consequência,<br />

foram amarrados a um tronco, numa<br />

posição bastante desconfortável. Ecaterina<br />

Constantin Lungu relata o seguinte:<br />

“Fomos amarrados ao tronco, com as<br />

mãos atrás das costas, uns em cima dos<br />

outros; a corda passava por uma argola<br />

que era usada para amarrar também os<br />

nossos pés; depois eles puxavam a corda<br />

que amarrava as mãos para arquear o<br />

nosso corpo. Parecia que o nosso peito ia<br />

partir-se. Permanecemos nesta posição<br />

durante duas horas. Entretanto, homens e<br />

mulheres, novos e velhos, vieram ver algo<br />

que nunca tinham visto antes: pessoas<br />

amarradas a um tronco, agonizando pela<br />

sua fé” (Arhiva Secretariatului de Stat pentru<br />

Culte: Fond Direcţia de Studii, dosar nr.<br />

93/1943, vol. 14, inv. nr 2, f. 3).<br />

Este castigo era utilizado para que os<br />

ladrões confessassem as suas faltas. A<br />

maioria dos ladrões admitia o que tinha<br />

feito na primeira meia hora. Gostaria de<br />

vos dizer que todos os <strong>Adventista</strong>s permaneceram<br />

fiéis ao seu Deus e enfrentaram<br />

a perseguição. A verdade, porém, é que<br />

todos, um a um, assinaram a declaração,<br />

na qual renunciavam a sua fé, exceto uma<br />

rapariga. Depois de desamarrarem Ecaterina<br />

Lungu do tronco – a rapariga de 27<br />

anos, que permaneceu fiel – levaram-na<br />

para uma sala vazia da Câmara Municipal.<br />

Ela conta-nos que foi atirada para o chão<br />

e agredida com um bastão.<br />

O QUE PENSAS<br />

SOBRE TI?<br />

A resposta à pergunta<br />

O que pensas sobre<br />

ti? pode ter implicações<br />

sérias na tua vida. Para<br />

a rapariga de quem falámos,<br />

uma resposta<br />

sincera significou perseguição.<br />

Para algumas<br />

das pessoas que estavam<br />

com ela significou<br />

serem presas, para outras<br />

significou liberdade.<br />

Podes responder a esta<br />

pergunta como quiseres,<br />

mas nunca te esqueças: Aquilo que dizes<br />

que és terá uma grande influência sobre a<br />

pessoa em que te tornarás. Se mentires,<br />

terás que te construir sobre os fundamentos<br />

errados. Se não tiveres coragem para<br />

dizeres quem és e permaneceres em silêncio,<br />

este fundamento dar-te-á um futuro<br />

sem identidade. Se disseres a verdade, o<br />

teu futuro será significativo.<br />

Há dois mil anos, os líderes religiosos<br />

de Jerusalém enviaram uma delegação<br />

até João Batista para lhe perguntar quem<br />

ele era. Era perigoso revelar a sua identidade<br />

naqueles dias. Jesus, que era contemporâneo<br />

de João e seu primo, teve<br />

que pagar com a Sua própria vida porque<br />

confessou que era o Messias. Por<br />

isso, João precisava de coragem para<br />

revelar a sua verdadeira identidade. Habitualmente,<br />

acreditava-se que ele era<br />

perigoso devido à sua falta de tato em<br />

admoestar abertamente os pecados dos<br />

líderes políticos. Como podes imaginar,<br />

isso não beneficiava a sua campanha<br />

política. A primeira resposta de João<br />

foi bastante diplomática: “Eu não sou<br />

o Messias.” Era a resposta correta que<br />

gratificava parcialmente a curiosidade<br />

deles. “Então, quem és tu?” Eles repetiram<br />

a pergunta cinco vezes para descobrirem<br />

a verdade. Finalmente, João<br />

disse: “Eu sou a voz do que clama no<br />

deserto: Endireitai o<br />

caminho do Senhor”<br />

“Eu sou a voz<br />

do que clama<br />

no deserto:<br />

Endireitai o<br />

caminho do<br />

Senhor.”<br />

(João 1:23).<br />

A resposta de João<br />

foi sucinta, mas significativa.<br />

Os eruditos<br />

da sua época de certeza<br />

que compreenderam<br />

que João se<br />

considerava o profe-<br />

ta do qual se dissera<br />

que viria preparar o<br />

caminho para o Messias.<br />

Que resposta!<br />

O que terias respondido?<br />

Quem és tu?<br />

Qual é a tua missão?<br />

Qual é a razão da tua existência? Terias<br />

respondido a verdade fosse qual fosse o<br />

resultado?<br />

Quando nos questionam acerca da<br />

nossa identidade, tendemos a responder<br />

mencionando a nossa carreira, o nosso<br />

género, o estatuto social, o nome. Que<br />

mais poderíamos acrescentar? Isso é<br />

quem nós somos. Sim, é verdade, mas<br />

também somos outra coisa. De facto, somos<br />

outra pessoa. Somos filhos e filhas<br />

de Deus, a obra de arte mais bela e complexa<br />

criada pelo Ser Supremo do Universo.<br />

E ainda somos algo mais… temos<br />

a missão de dar identidade àqueles que<br />

não estão conscientes da sua verdadeira<br />

condição e que têm uma autoestima tão<br />

13<br />

SENTIR<br />

JA


14<br />

SENTIR<br />

JA<br />

baixa que acreditam que os seus antecessores<br />

são os animais.<br />

CLAMAR… MAS SOBRE O QUÊ?<br />

Eu sou a voz do que clama no deserto,<br />

disse João. Clamar era a forma que o<br />

profeta de Deus usou para pregar a mensagem<br />

com coragem, sem temer as consequências.<br />

Ele sabia o que precisava de<br />

dizer porque Deus lhe tinha transmitido a<br />

mensagem. Ele não tinha medo de cla-<br />

mar com toda a força para que pudesse<br />

ser ouvido por cada pessoa que passava.<br />

João estava ciente do facto de que<br />

Deus esperava que ele pregasse toda a<br />

sua vida. Por isso permitiu que este chamado<br />

dirigisse a sua vida.<br />

Tentei aplicar a mensagem de João à<br />

minha vida – a vida de um jovem que<br />

vive e foi educado no século vinte<br />

e um. Clamar? Sejamos sérios,<br />

clamar é inadequado nos<br />

nossos dias, quando o individualismo<br />

nos satisfaz com o<br />

mundo virtual oferecido pelo<br />

nosso computador. Atualmente,<br />

temos pessoas que clamam,<br />

mas estão a fazê-lo de<br />

modo organizado nos estádios.<br />

Nós clamamos quando<br />

estamos em perigo ou quando<br />

sofremos um esgotamento<br />

nervoso. Mas não é apropriado<br />

clamar em alta voz diante dos<br />

nossos concidadãos. As pessoas não<br />

permitem que entremos na sua casa para<br />

sussurrar sobre Deus, muito menos para<br />

clamar. Poderíamos ser ridicularizados se<br />

tentássemos comunicar com aqueles que<br />

clamam.<br />

É possível que não possamos clamar<br />

nas ruas a mensagem do Evangelho,<br />

mas podemos permitir que o nosso caráter,<br />

os nossos comportamentos, o nosso<br />

discurso, clamem. Sobre o que é que<br />

podem clamar? “ Endireitai o caminho do<br />

Senhor.” Por outras palavras, a mensagem<br />

que um jovem da Igreja é chamado<br />

a proclamar assemelha-se bastante à<br />

mensagem de João Batista. Nós somos<br />

a geração que deveria dizer ao mundo<br />

que Jesus Cristo vai voltar novamente<br />

para mudar a realidade do pecado. Nós<br />

somos chamados a endireitar o caminho,<br />

a prepararmos o caminho, tal como era<br />

preparado e endireitado antigamente<br />

para o rei. Recordas-te da história com<br />

que iniciámos esta meditação? Ecaterina<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

É possível que não possamos<br />

clamar nas ruas a mensagem<br />

do Evangelho, mas podemos<br />

permitir que o nosso caráter,<br />

os nossos comportamentos,<br />

o nosso discurso, clamem.<br />

Lungu clamou amar tanto o seu Deus que<br />

estava disposta a enfrentar quaisquer dificuldades<br />

por Ele. Declarou, através das<br />

suas ações, que as provações desta vida<br />

são somente um teste que a conduzirão<br />

a uma vida feliz com Jesus, o seu Salvador,<br />

e que ela fará o que for necessário<br />

para poder encontrar-se com Ele. Aquilo<br />

que ela fez foi endireitar o caminho para<br />

o Messias que viria.<br />

Quando cumprirmos a missão de proclamar<br />

as boas-novas do Evangelho,<br />

seremos João Batista, um profeta envia-<br />

do para preparar o caminho para o Rei.<br />

É interessante o quanto Deus aprecia<br />

esta missão. Jesus diz algo fantástico<br />

acerca de João: “E Eu vos digo que,<br />

entre os nascidos de mulheres, não há<br />

maior profeta do que João Batista; mas,<br />

o menor no reino de Deus é maior do<br />

que ele” (Lucas 7:28). Fico encantado<br />

porque Jesus diz que eu sou uma grande<br />

pessoa. E tu?<br />

1. Fala ao teu grupo acerca de uma ocasião em que testemunhaste sobre Jesus<br />

Cristo.<br />

2. Quais são os métodos evangelísticos mais bem-sucedidos no mundo atual?<br />

Quais os métodos que deveríamos dispensar? Apresenta uma ideia acerca de<br />

um novo método.<br />

3. Confessarias quem és se a tua identidade Cristã colocasse a tua liberdade ou a<br />

tua vida em perigo?<br />

15<br />

SENTIR<br />

JA


SEGUNDA<br />

João 1:29, 36<br />

16<br />

SENTIR<br />

JA<br />

EIS AQUI O<br />

CORDEIRO<br />

“No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira<br />

o pecado do mundo. […] E, vendo passar a Jesus, disse: Eis aqui o Cordeiro de Deus.”<br />

Um dia, estava a conduzir o meu carro<br />

até ao escritório e escolhi uma<br />

estrada secundária, sem semáforos,<br />

pensando que isso me faria chegar<br />

mais depressa. No cruzamento, virei à direita.<br />

Trinta metros à frente estava um polícia<br />

no meio da estrada e o carro da patrulha<br />

na berma. Percebi<br />

imediatamente que<br />

não tinha o cinto de<br />

segurança colocado,<br />

por isso arrependi-me<br />

logo de ter escolhido<br />

aquele atalho. Eu vi<br />

o polícia preparar-<br />

-se para me mandar<br />

parar e disse a mim mesmo que a multa<br />

não seria muito pesada. O polícia levantou<br />

a mão e pediu-me para encostar na<br />

berma da direita. Eu fiz sinal com o pisca,<br />

encostei-me na berma direita da estrada,<br />

parei e preparei os meus documentos. O<br />

polícia aproximou-se e pediu-me para ser<br />

João teve o privilégio<br />

de ser o primeiro a<br />

anunciar a vinda<br />

de Jesus.<br />

testemunha num caso de um condutor<br />

que se tinha apossado de um carro num<br />

local proibido e tinha sido filmado, e que<br />

não queria admitir, nem assinar o relatório<br />

que indicava que a sua carta de condução<br />

tinha sido apreendida pela polícia.<br />

Alegremente concordei em ajudar o polícia.<br />

Tentei persuadir o<br />

homem a assinar o relatório<br />

e a mencionar,<br />

se desejasse, o facto<br />

de não querer admitir<br />

que tinha feito aquilo.<br />

Depois de ter assinado<br />

os papéis e de me<br />

ter dirigido para o meu<br />

carro, qual foi o meu primeiro gesto? Colocar<br />

o meu cinto de segurança.<br />

JOÃO CONHECIA DEUS<br />

Muitos de nós acreditamos que Deus<br />

é como um polícia, que está sempre à<br />

espera que cometamos um erro para<br />

nos punir. A verdade é que Ele deseja<br />

que sejamos Suas testemunhas. Devemos<br />

dizer aos outros para cumprirem a<br />

Lei para se salvarem.<br />

João teve o privilégio de ser o primeiro<br />

a anunciar a vinda de Jesus, Aquele que<br />

os profetas diziam ser um Deus severo,<br />

que punia e Se vingava. João apresentou-<br />

-O como o verdadeiro sacrifício. Qual dos<br />

profetas não teria ficado feliz com este privilégio?<br />

Não admira que Jesus tenha dito<br />

o seguinte sobre João: “E Eu vos digo<br />

que, entre os nascidos de mulheres, não<br />

há maior profeta do que João Batista” (Lucas<br />

7:28). João conhecia Deus e reconheceu<br />

o Seu Filho como sendo o Cordeiro<br />

de Deus, que faria a expiação, o Cordeiro<br />

que foi preparado e oferecido por Deus.<br />

João é o único que utiliza esta designação<br />

para Cristo, embora Lucas (Atos 8:32)<br />

e Pedro (I Pedro 1:9) façam comparações<br />

semelhantes (Isaías 53:7). João Batista<br />

recomenda Jesus como o “Cordeiro de<br />

Deus” a João, o evangelista. Para João,<br />

o discípulo de Jesus, este nome deve ter<br />

tido um significado profundo. Esta imagem<br />

que enfatiza a inocência de Jesus,<br />

a perfeição de caráter e o facto de o Seu<br />

sacrifício substituir os antigos sacrifícios<br />

(Isaías 53:4-6, 11 e 12), relembra-nos do<br />

cordeiro da Páscoa do Egito, que era o<br />

símbolo da libertação da escravatura do<br />

pecado. “Porque Cristo, nossa Páscoa,<br />

foi sacrificado por nós” (I Coríntios 5:7).<br />

João utiliza a imagem de um cordeiro<br />

para descrever o Messias sofredor, Aquele<br />

que é o cumprimento do sistema sacrificial<br />

do Velho Testamento, e que é a explicação<br />

deste sistema sacrificial. Ele era<br />

o “Cordeiro, que foi morto desde a fundação<br />

do mundo” (Apocalipse 13:8). Os<br />

israelitas contemporâneos de Jesus não<br />

pensavam que o Messias sofreria, por<br />

isso os críticos acreditavam que não era<br />

possível que João tivesse chegado sozinho<br />

a esta conclusão. Teria sido estranho<br />

se Deus tivesse enviado João Batista para<br />

preparar o caminho do Messias e Ele não<br />

o tivesse informado desse aspeto crucial<br />

da missão do Messias.<br />

Tirar. Do Grego airo, significa: “levantar”,<br />

“suportar”, “carregar”, “entregar”.<br />

Só se o Messias não tivesse pecado (Hebreus<br />

4:15; I Pedro 2:22), poderia Ele “tirar<br />

(airo) os nossos pecados” (I João 3:5). O<br />

fardo do pecado era grande de mais para<br />

conseguirmos carregá-lo; logo, Jesus veio<br />

para carregar o nosso fardo do pecado.<br />

Pecado. João usa a forma singular da<br />

palavra, pois pretende enfatizar o pecado<br />

como princípio e não somente certos pecados<br />

(ver I João 2:2; 3:5; 4:10).<br />

17<br />

SENTIR<br />

JA


18<br />

SENTIR<br />

JA<br />

Estás<br />

disposto<br />

a levantar-te<br />

ou preferes<br />

permanecer<br />

em silêncio?<br />

O maior problema do mundo não é a<br />

crise económica, nem o terrorismo, mas<br />

os pecados de cada ser humano. O pecado<br />

destrói a nossa vida, os relacionamentos,<br />

tudo o que é bom e belo. O salário<br />

do pecado é a morte. A solução é o<br />

Santo Cordeiro.<br />

Isto significa ter de admitir que és<br />

mortal e que precisas de um Salvador.<br />

A Bíblia apresenta sete funções diferentes<br />

que Jesus teve na História a fim<br />

de salvar a raça humana. Precisamos de<br />

falar sobre elas para podermos conhecê-<br />

-l’O melhor.<br />

1. Ele é o Criador. “Porque n’Ele foram<br />

criadas todas as coisas que há, nos<br />

Céus e na Terra, visíveis e invisíveis,<br />

sejam tronos, sejam dominações, sejam<br />

principados, sejam potestades:<br />

tudo foi criado por Ele e para Ele”<br />

(Colossenses 1:16).<br />

2. Ele é o Legislador. Jesus entregou<br />

os Dez Mandamentos a Moisés no<br />

Monte Sinai. “Deus nunca foi visto<br />

por alguém; o Filho unigénito, que<br />

está no seio do Pai, esse O fez conhecer”<br />

(João 1:18). “Este é O que<br />

esteve entre a congregação no deserto,<br />

com o anjo que Lhe falava no<br />

Monte Sinai, e com os nossos pais,<br />

O qual recebeu as palavras de vida,<br />

para no-las dar” (Atos 7:38).<br />

3. Ele é o Salvador. “E em nenhum ou-<br />

tro há salvação, porque também, debaixo<br />

do Céu, nenhum outro nome<br />

há, dado entre os homens, pelo qual<br />

devemos ser salvos” (Atos 4:12).<br />

4. Ele é o Profeta. No capítulo 24 do<br />

Evangelho de Mateus, encontramos<br />

provas suficientes de que Jesus conhecia<br />

o futuro. “Eu vo-lo disse agora,<br />

antes que aconteça, para que,<br />

quando acontecer, vós acrediteis”<br />

(João 14:29).<br />

5. Ele é o Mediador. “Porque há um só<br />

Deus, e um só Mediador entre Deus<br />

e os homens, Jesus Cristo, homem”<br />

(I Timóteo 2:5).<br />

6. Ele será o Juiz. O Pai não pode julgar<br />

ninguém. Porquê? Para encontrares<br />

a resposta, lê os seguintes<br />

versículos: “E também o Pai a ninguém<br />

julga, mas deu ao Filho todo<br />

o juízo; para que todos honrem o Filho,<br />

como honram o Pai. Quem não<br />

honra o Filho não honra o Pai que O<br />

enviou” (João 5:22 e 23).<br />

7. Ele é o Rei. “E reinará eternamente<br />

na casa de Jacob, e o Seu reino não<br />

terá fim” (Lucas 1:33).<br />

O que sabem os teus amigos acerca de<br />

Jesus?<br />

Aconteceu numa sexta-feira. O pôr do<br />

Sol aproximava-se e eu estava num supermercado.<br />

A loja estava lotada e todas<br />

as caixas estavam abertas, mas muitas<br />

pessoas tinham comprado muitos produtos,<br />

por isso tive que esperar numa longa<br />

fila. Alguns cestos estavam recheados.<br />

Olhei para aquelas pessoas e apercebi-<br />

-me de que vivemos na mesma cidade e<br />

elas não conhecem Jesus Cristo.<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

Isto significa que Deus precisa de pessoas<br />

que possam falar d’Ele aos outros.<br />

“E a vida eterna é esta; que Te conheçam,<br />

a Ti só, único Deus verdadeiro, e a Jesus<br />

Cristo, a Quem enviaste” (João 17:3).<br />

João estava verdadeiramente impressionado<br />

pelos nomes atribuídos a Jesus, por<br />

isso ele apresenta Jesus trinta vezes no<br />

livro de Apocalipse, dizendo-nos o que o<br />

Cordeiro está a fazer: “Porque o Cordeiro,<br />

que está no meio do trono, os apascentará,<br />

e lhes servirá de guia para as fontes das<br />

águas da vida, e Deus limpará dos seus<br />

olhos toda a lágrima” (Apocalipse 7:17).<br />

Jesus está sentado à direita do trono<br />

de Deus. Os anciãos estão sentados e os<br />

servos permanecem de pé.<br />

“O Qual, sendo o resplendor da Sua<br />

glória, e a expressa imagem da Sua pessoa,<br />

e sustentando todas as coisas pela<br />

palavra do Seu poder, havendo feito, por<br />

Si mesmo, a purificação dos nossos pecados,<br />

assentou-Se à dextra da majestade<br />

nas alturas” (Hebreus 1:3).<br />

“Mas Este, havendo oferecido, para<br />

sempre, um único sacrifício pelos pecados,<br />

está assentado à dextra de Deus”<br />

(Hebreus 10:12).<br />

“Olhando para Jesus, autor e consumador<br />

da fé, o Qual, pelo gozo que Lhe<br />

estava proposto, suportou a cruz, desprezando<br />

a afronta, e assentou-Se à dextra<br />

do trono de Deus” (Hebreus 12:2).<br />

Aqui está o Cordeiro semelhante a um<br />

Leão, sentado vitoriosamente no trono<br />

de Deus. Quem é que está sentado no<br />

trono do teu coração? Estás disposto a<br />

levantar-te ou preferes permanecer em<br />

silêncio? Se estás silencioso, as pedras<br />

clamarão. É agora o momento de apresentar<br />

o Cordeiro de Deus ao mundo!<br />

1. Fala aos outros acerca da tua experiência no momento em que compreendeste<br />

que Jesus é o Cordeiro que morreu pelos teus pecados. Como é que te sentiste?<br />

2. Falem acerca de 10 maneiras que certas pessoas utilizam para testemunhar de<br />

Jesus.<br />

19<br />

SENTIR<br />

JA


TERÇA<br />

Lucas 7:18<br />

20<br />

SENTIR<br />

JA<br />

OS AMIGOS<br />

TRAZEM AS<br />

“E os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.”<br />

Oano tinha acabado de ter início e<br />

as pessoas estavam a fazer os<br />

preparativos de última hora para o<br />

Campeonato Americano de Patinagem Artística.<br />

Jeff Gillooly e Shawn Eckhardt contrataram<br />

Shane Stant para ajudar Tonya<br />

Harding, a sua amiga, a ganhar o tão<br />

desejado troféu. Eles não podiam ajudá-<br />

-la porque a ajuda de que ela necessitava<br />

era diferente: ela precisava de alguém que<br />

partisse o pé direito da sua adversária,<br />

Nancy Kerrigan.<br />

O atacante conseguiu aproximar-se dela,<br />

mas, infelizmente, só a magoou. Foi, no<br />

entanto, o suficiente para a incapacitar de<br />

competir e a Tonya ganhou. A conspiração<br />

foi descoberta, a medalha foi-lhe retirada e<br />

nunca mais pode competir mundialmente.<br />

Eurípides disse que: “Um amigo leal<br />

vale mais do que dez mil parentes.” A lealdade<br />

é tudo o que importa? Hoje vamos<br />

olhar para a história de um gigante da fé<br />

e para a dos seus fiéis discípulos.<br />

NOTÍCIAS<br />

Quando os Sentimentos Negativos São Despertados Pelos Amigos<br />

UMA VOZ NO DESERTO<br />

O mestre deles tinha sido como a chuva<br />

de verão depois de várias semanas de<br />

seca. Antes de ter aparecido, a vida era<br />

monótona. Estava a destruir toda a esperança.<br />

A vida de cada dia significava lutar<br />

para obter o pão diário, uma tentativa desesperada<br />

para pagar os impostos e para<br />

poupar dinheiro para levar o pão e o peixe<br />

para casa. O ódio em relação à nação exploradora<br />

era tão grande, tal como o era<br />

a frustração em relação ao passado e ao<br />

futuro. Os velhos Rabinos liam, repetidamente,<br />

as notas acerca da glória que a pequena<br />

nação, que habitava na confluência<br />

do continente, já tinha tido. Eles enfatizavam<br />

as promessas de restaurar a glória<br />

na casa de David. Depois de décadas de<br />

ociosidade, nas quais apenas uns pequenos<br />

tumultos fúteis interromperam o silêncio<br />

profundo, o Judaísmo assemelhava-se<br />

a uma cidade engolida pela areia do deserto.<br />

Uma voz foi ouvida nesse deserto.<br />

Comportando-se de forma estranha,<br />

com uma mensagem e um ritual desconfortáveis,<br />

João trouxe novas mudanças.<br />

De repente, as notícias começaram a circular,<br />

tal como um carrossel cujo dono<br />

acabou de acordar. Em apenas poucas<br />

semanas, os Judeus estavam a pregar<br />

em todo o território de Israel, desde Jerusalém<br />

até ao Norte e ao Sul, sobre a nova<br />

estrela que trazia esperança à sua nação.<br />

Os jovens e os idosos, os pescadores,<br />

os agricultores e os pastores, os cobradores<br />

de impostos e os mestres, todos<br />

iam ouvi-lo. A sua mensagem era muito<br />

simples: o reino de Deus está próximo e<br />

aquela era a última hora em que podiam<br />

preparar-se. Mais do que isso, a mensagem<br />

era para todos: para o povo comum,<br />

para os coletores de impostos desleais,<br />

para os soldados do exército e até para o<br />

povo piedoso.<br />

Só um aspeto era realmente claro: Embora<br />

a mensagem de João não fosse popular,<br />

a sua presença e o seu ministério<br />

despertaram a nação e os seus sonhos há<br />

muito esquecidos. Palavras como “Messias”,<br />

“o Trono de David”, “libertação”,<br />

estavam nos lábios e na mente do povo.<br />

À medida que este novo movimento despertava<br />

a curiosidade das multidões, João<br />

fazia tanto amigos, como inimigos. Acontece<br />

com qualquer mestre e aconteceu,<br />

igualmente, com João: Um grupo de sonhadores<br />

reuniu-se à sua volta. Eles pensavam<br />

que valia a pena deixar tudo para<br />

trás para que não perdessem nada do<br />

novo movimento que poderia iniciar uma<br />

nova era para a sua nação. Afinal, o Reino<br />

estava próximo!<br />

Eles podiam aprender muitas coisas<br />

com João! Coragem, justiça, fidelidade a<br />

Deus e à Sua missão, tenacidade, etc.. A<br />

imagem do mais imponente soldado romano<br />

desvanecia-se quando comparada<br />

com este homem, enrijecido pela vida austera<br />

no deserto. Fraqueza? Ninguém podia<br />

achar fraqueza nele. As pessoas não<br />

seriam senão felizes por poderem pertencer<br />

a este grupo unido. Será que alguém<br />

poderia ser maior do que este novo Elias?<br />

A VERDADE VERDADEIRA<br />

João respondeu: “Após mim vem Aquele<br />

que é mais forte do que eu!” (Marcos<br />

1:7). Como é que seria essa pessoa?, era a<br />

pergunta, tenho a certeza, que eles faziam<br />

a si mesmos frequentemente. Um dia, um<br />

alegre clamor do mestre, um batismo especial<br />

e o abandono de dois companheiros<br />

curiosos anunciaram a diminuição da<br />

popularidade de João Batista. Para os que<br />

ficaram, aqueles minutos foram transfor-<br />

João conhecia muito bem o papel que Deus<br />

lhe tinha atribuído. Mas os seus discípulos e<br />

amigos não podiam compreender isto.<br />

mados em lembranças com um cordeiro,<br />

uma pomba e um homem comum, uma<br />

memória pouco interessante e nada mais.<br />

João conhecia muito bem o papel que<br />

Deus lhe tinha atribuído. Mas os seus discípulos<br />

e amigos não podiam compreender<br />

isto. Algumas destas pessoas eram<br />

amigas de João, mas também queriam<br />

ser importantes devido à sua relação com<br />

ele e à atenção que ele obtinha. Se João<br />

era uma pessoa importante, então elas<br />

também o seriam. Os discípulos de João<br />

eram guiados pelo desejo de conservação;<br />

consequentemente, eles quase nem<br />

desejavam que o Messias, sobre o Qual<br />

João pregava, viesse. Se esse Messias<br />

chegasse, o mandato deles terminaria.<br />

Isto significava que deveriam abandonar o<br />

palco. Os discípulos não eram os únicos<br />

que estavam confusos. O povo também<br />

21<br />

SENTIR<br />

JA


22<br />

SENTIR<br />

JA<br />

se interrogava se poderia existir alguém<br />

mais sábio e mais justo do que João.<br />

Enquanto João declarava a verdade sobre<br />

si mesmo e sobre Jesus, os discípulos<br />

traziam notícias intrigantes sobre a crescente<br />

popularidade de Jesus. Não foi fácil para<br />

João resistir a estas notícias de impopularidade;<br />

não achou fácil ignorar o desafio dos<br />

sentimentos despertados pelas notícias<br />

acerca do sucesso d’Aquele de Quem tinha<br />

falado e a Quem tinha promovido com<br />

tanta consideração. Nós ajudamos, alegremente,<br />

os necessitados, as pessoas que<br />

precisam da nossa misericórdia. Mas não<br />

gostamos quando elas provam ser talentosas,<br />

mais populares e mais admiradas do<br />

que nós. João enfrentou esses sentimentos<br />

e os seus amigos aumentaram o fosso<br />

quando lhe trouxeram tais novas.<br />

NA CELA DO ANONIMATO<br />

João estava a desvanecer-se no anonimato.<br />

Enquanto o Galileu multiplicava o<br />

pão e transformava a água em vinho, curava<br />

os doentes e expulsava demónios, as<br />

margens do Jordão esvaziavam-se cada<br />

vez mais e cada vez menos pessoas procuravam<br />

João. O mesmo homem, a mesma<br />

mensagem, mas rodeado de alguns<br />

amigos e… inimigos. O tempo da vingança<br />

chegara e com a sua própria liberdade<br />

pagou pela liberdade de admoestar. Por<br />

outro lado, chegara o tempo de alguns<br />

dos seus amigos provarem que eram seus<br />

verdadeiros amigos. Ele partilhou tanto<br />

com eles: sonhos, esperança, poder e coragem!<br />

Agora, esses partilhavam com ele<br />

um pouco de… liberdade. Ah, estava a<br />

esquecer-me… e algumas notícias sobre o<br />

crescente ministério de Jesus. Além disso,<br />

também partilhavam algumas dúvidas: É<br />

esta a recompensa depois de tudo o que<br />

fez? Se não, onde está o Reino? Porque é<br />

que não chega? Será o seu primo o Escolhido<br />

ou é simplesmente um impostor que<br />

levou os seguidores daquele que foi preso?<br />

Vamos tentar imaginar como João<br />

se terá sentido quando viu que os seus<br />

discípulos o visitavam cada vez mais raramente,<br />

que, quando vinham, só louvavam<br />

Jesus, o novo Mestre, e relatavam as<br />

Suas sábias palavras e as respostas que<br />

dava aos Saduceus e aos Fariseus. Eles<br />

contaram-lhe sobre os milagres que Ele<br />

tinha realizado e, especialmente, sobre o<br />

facto de o povo quase tê-lo esquecido e<br />

como seguiam o novo Mestre.<br />

Ele estava numa masmorra escura e<br />

isso parecia-lhe uma injustiça. Ele tinha<br />

PARA MEDITAR:<br />

Eclesiastes 4:4<br />

Tiago 3:16<br />

preparado o caminho, tinha sido o primeiro,<br />

e agora, não só perdeu o primeiro lugar,<br />

mas também foi esquecido, abandonado,<br />

e nem era visitado. Ser esquecido<br />

era mais difícil para ele do que estar numa<br />

cela da prisão. Ele não compreendia o<br />

plano de Deus e os seus amigos e discípulos<br />

não eram uma grande ajuda. Pelo<br />

contrário, causaram-lhe pesar por causa<br />

das notícias que tinham trazido.<br />

Finalmente, recebeu notícias de Jesus,<br />

sobre como Ele estava a continuar o trabalho<br />

que ele tinha iniciado, que tudo o<br />

que fizera não fora inútil e que o povo fora<br />

despertado pelos sermões de João e es-<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

1. Diz o nome da pessoa que mais admiras. O que é que admiras, especificamente, nela?<br />

2. Gostarias de viver o tempo inteiro perto desta pessoa? Que atividades gostavas<br />

que fizessem juntos?<br />

3. Pensa num VIP que esteja a perder a popularidade. Como é que pensas que essa<br />

pessoa se sente? O que farias se estivesses no seu lugar?<br />

4. A ajuda dos discípulos de João foi apropriada? Argumenta a tua resposta.<br />

PERGUNTAS ADICIONAIS:<br />

1. Gálatas 5 diz-nos que o ciúme é uma das obras da carne. Qual é o fruto do Espírito<br />

(Gál. 5:22) que melhor ajuda a superar o ciúme?<br />

2. O filho mais velho da parábola do filho pródigo (Lucas 15:25-30) era muito ciumento.<br />

Que conselho darias a uma pessoa como ele?<br />

APLICAÇÕES PRÁTICAS:<br />

tava agora a aproximar-se do Salvador e<br />

a ser salvo.<br />

Este foi o momento em que João compreendeu<br />

que a sua missão tinha sido cumprida<br />

e que todos os esforços, até mesmo<br />

o de ser um mártir, tinham valido a pena.<br />

É tão importante elevar emocional e espiritualmente<br />

um amigo! Não deveríamos<br />

quebrar o espírito de alguém trazendo-lhe<br />

notícias perturbadoras. Devemos ajudá-lo<br />

a ver perspetivas e direções mais elevadas.<br />

É tão fácil ser portador de notícias. Sê<br />

um portador de notícias que traga novas<br />

encorajadoras e edificantes. Este é o desafio<br />

de hoje! Sê este tipo de amigo!<br />

Telefona a um amigo que esteja a viver um momento difícil.<br />

Pensa numa forma de expressares a tua apreciação por uma pessoa de quem sentes<br />

ciúmes.<br />

Escreve um curto parágrafo acerca do modo como gostarias de reagir quando um<br />

dos teus amigos alcança o sucesso.<br />

Tenta comparar a tua vida com a de outras pessoas que vivem noutros países do<br />

mundo (por exemplo, Estados Unidos da América, Dinamarca, Rússia, China, Coreia<br />

do Norte, África, etc.).<br />

Reescreve uma versão moderna da parábola do filho pródigo, enfatizando a reação<br />

do irmão mais velho. Tenta alterar o final da parábola descrevendo a alegria desse<br />

filho mais velho.<br />

SENTIR 23<br />

JA


QUARTA<br />

24<br />

SENTIR<br />

JA<br />

JOÃO NÃO ESTÁ A DIMINUIR,<br />

OUTROS ESTÃO A<br />

CRESCER<br />

NÃO HÁ NECESSIDADE DE TE<br />

ARRASTARES PELA LAMA SÓ PARA<br />

ATRAIR A ATENÇÃO DOS OUTROS.<br />

Vamos imaginar que João Batista, quando<br />

era adolescente, montava na sua mota<br />

e andava às voltas pela cidade, enquanto o<br />

seu pai servia como sacerdote no Templo.<br />

Ele pararia em cada bar e discoteca, entraria<br />

em todos os casinos para tentar a sua<br />

sorte. Talvez fosse acompanhado por uma<br />

rapariga a certos clubes. Não teria sido<br />

uma pessoa muito popular e amada? Talvez<br />

tivesse pregado utilizando a versão bíblica<br />

do iPhone que guardava no bolso das<br />

calças de ganga. Não teria sido mais eficaz<br />

do que aquele método que ele usou?<br />

Não obstante, João escolheu não entrar<br />

em bares ou discotecas; ele nunca<br />

frequentou festas com outros rapazes e<br />

raparigas que estavam drogados. Para<br />

ele, a missão era algo muito diferente daquilo<br />

que alguns de nós pensamos hoje<br />

em dia. João mantinha a distância das<br />

festas e dos lugares imorais. Vivia a vida<br />

de um homem colocado à parte e Deus<br />

trouxe-lhe aqueles que desejavam ouvir<br />

acerca do Reino dos Céus. Embora possamos<br />

pensar que ele estava errado, os<br />

resultados do seu método e da sua missão<br />

revelam-nos que ele fez o que estava<br />

correto. Milhares de pessoas, crianças,<br />

jovens, mulheres, homens, mestres e idosos,<br />

vinham até ele, cada dia, para ouvir a<br />

sua mensagem.<br />

Por vezes, temos medo de que, se formos<br />

diferentes, se não frequentarmos<br />

determinados lugares, possamos ficar<br />

isolados. De vez em quando usamos<br />

esta desculpa para frequentarmos lugares<br />

imorais. Fingimos estar à procura de<br />

jovens a quem falar acerca de Deus.<br />

DEUS ENVIA-TE AS PESSOAS. SÓ<br />

PRECISAS DE FALAR COM ELAS.<br />

Uma citação do livro Testemunhos para<br />

a Igreja (volume 9, pp. 189 e 190), no ca-<br />

pítulo Espírito de Unidade, diz o seguinte:<br />

“Se nos humilhássemos perante Deus, e<br />

fôssemos bondosos e corteses, compassivos<br />

e piedosos, haveria uma centena<br />

de conversões à verdade onde agora há<br />

apenas uma. […] Cristo deixou de lado<br />

a Sua vestimenta real, a Sua coroa real<br />

e o Seu elevado comando, descendo a<br />

níveis cada vez mais baixos, às maiores<br />

profundezas da humilhação.”<br />

Nunca deveríamos pensar que estamos<br />

a trabalhar sozinhos para salvar<br />

outras pessoas. Deus e nós formamos a<br />

equipa missionária, Deus é Quem prepara<br />

tudo – o meu coração e os meus pensamentos.<br />

Ele concede-nos o desejo de<br />

servirmos os outros e então dá aos outros<br />

o desejo de procurarem Deus. Deus<br />

conduz os passos daqueles que são chamados<br />

para serem salvos para se encontrarem<br />

com alguém que testemunhe por<br />

Ele. Assim, Deus traz-nos pessoas que<br />

precisam d’Ele. Ele também guiou o povo<br />

no deserto até João.<br />

João só orou e testemunhou. Ele permitiu<br />

que o Espírito Santo o inspirasse<br />

e conduzisse. Ele olhou para o povo e<br />

sentiu as suas necessidades; ele viu que<br />

esperavam por uma mensagem de Deus.<br />

É realmente desagradável se o nosso<br />

desejo de nos escondermos e vivermos<br />

uma vida imoral fica escondido atrás de<br />

um falso trabalho missionário.<br />

Deus não nos pede para mancharmos<br />

o nosso caráter e os nossos pensamentos<br />

só para salvarmos alguém. Aqui está<br />

um bom exemplo:<br />

Dois estranhos visitaram Ló (eles provaram<br />

ser anjos de Deus no final). Os<br />

habitantes da cidade viram os estranhos<br />

entrarem na casa de Ló e vieram até ele,<br />

dispostos a cometerem um grande pecado.<br />

A homossexualidade e a prostituição<br />

eram duas práticas bem conhecidas daquele<br />

povo. Também estavam bêbedos.<br />

Quando a multidão pediu a Ló para trazer<br />

aquelas pessoas para as conhecerem, Ló<br />

tentou encontrar uma solução intrigante:<br />

Decidiu entregar-lhes as suas filhas virgens,<br />

para que satisfizessem os seus<br />

próprios prazeres.<br />

Consegues perceber como este engano<br />

foi tão terrível? Consegues ver como<br />

a sua escolha foi tão inútil e insensata?<br />

Bem, a solução veio da parte de Deus,<br />

que admoestou Ló e ofereceu a solução<br />

salvadora através do Seu próprio poder.<br />

A mensagem de Deus era bastante clara:<br />

Não precisas de te sacrificar, nem de<br />

sacrificar as tuas filhas, atirando-te para<br />

o fundo do poço ou caindo na lama,<br />

nem mesmo para defender Deus. Deus<br />

pode defender-Se a Si mesmo. Ele não<br />

precisa que vivamos uma vida imoral<br />

para O defendermos. Identificarmo-nos<br />

com outros jovens não significa necessariamente<br />

que devamos cometer os<br />

mesmos pecados que eles. Não significa<br />

que devamos abandonar os princípios<br />

da Bíblia, anular cada regra, para<br />

nos tornarmos populares e falarmos<br />

com eles.<br />

IDENTIFICARES-TE COM ELES<br />

SIGNIFICA:<br />

Liguagem: Podemos apresentar a<br />

Palavra de Deus aos jovens e eles<br />

compreendê-la-ão sem precisarmos<br />

de utilizar uma linguagem vulgar ou<br />

ofensiva. Não necessitamos de reescrever<br />

a Bíblia, mas torná-la relevante<br />

e significativa para aqueles que falam<br />

mais a língua cibernáutica.<br />

Fé: Posso explicar-lhes o que é a fé<br />

apenas quando testemunho acerca<br />

do modo como a fé se manifesta na<br />

minha vida pessoal.<br />

Caráter: Nada é mais convincente do<br />

que um caráter que revela que possuímos<br />

valores consistentes.<br />

Compaixão: Não é necessário existir<br />

uma separação entre as outras pessoas<br />

e nós mesmos e olharmos do<br />

alto para elas; mas necessitamos de<br />

estar presentes quando elas precisam<br />

de nós. Quando elas escolhem<br />

25<br />

SENTIR<br />

JA


26<br />

SENTIR<br />

JA<br />

consumir drogas, não precisam de<br />

nós; mas sim quando precisam de<br />

ser ajudadas a não o repetirem ou a<br />

compreenderem que o consumo de<br />

drogas não é bom. Não as ajudo se<br />

partilho o meu álcool com elas; mas<br />

posso ser útil quando tenho uma<br />

mente lúcida e uma boa saúde. Não<br />

preciso de me cegar para ajudar um<br />

cego a encontrar o caminho. Pelo<br />

contrário, necessito de ser vigilante<br />

e de cuidar da minha vista para<br />

poder ajudar uma pessoa invisual.<br />

Não é necessário ser um infrator da<br />

lei para poder ajudar alguém que fez<br />

algo de errado. Necessito de poder e<br />

inocência para ser capaz de levantar<br />

alguém que caiu.<br />

COMO É QUE PODES AJUDAR<br />

ALGUÉM A REERGUER-SE, A SAIR DO<br />

SEU CANTO CONFORTÁVEL?<br />

Podes fazê-lo através da amizade,<br />

mantendo princípios elevados. Posso e<br />

preciso de ter amigos. A amizade é a melhor<br />

maneira de ajudar alguém. Revelamos<br />

amizade genuína quando ajudamos<br />

o outro a crescer. Não manifestamos amizade<br />

genuína se fazemos alguém baixar<br />

os seus padrões ou se a própria pessoa<br />

o fizer. Se baixares os teus padrões, encorajas<br />

os outros a permanecerem onde<br />

se encontram e é como se tu próprio os<br />

tivesses arrastado para o fundo. Quando<br />

és amigo de alguém, não precisas de ser<br />

como é o teu amigo, mas deves ajudá-lo<br />

a ser mais semelhante a Jesus.<br />

Através de diferentes projetos. Os nossos<br />

projetos missionários não devem ser<br />

encarados como se estivéssemos a fazer<br />

alguma coisa pelos outros, como se tivéssemos<br />

tudo e os outros não tivessem<br />

nada. Seria uma excelente oportunidade<br />

para nos unirmos a outros jovens à<br />

medida que ajudam os necessitados ou<br />

desenvolvem projetos ecológicos. Partilhamos<br />

muitos valores com outros jovens<br />

crentes ou de culturas diferentes. Porque<br />

não darmos bom uso a esses valores partilhados<br />

de modo a construirmos amizades<br />

enquanto trabalhamos juntos pelas<br />

outras pessoas?<br />

Mediante o companheirismo. Não estamos<br />

proibidos de aceitar o convite de<br />

alguém para comermos juntos. Até o Sal-<br />

vador aceitou estes convites vindos dos<br />

Fariseus ou dos pecadores. Mas precisamos<br />

de nos afirmar e de nos firmar nos<br />

nossos valores religiosos e estilo de vida.<br />

Devemos respeitar os outros, mas temos<br />

também o direito de escolher uma fé e de<br />

sermos respeitados.<br />

Depois podes falar-lhe sobre coisas<br />

importantes, como a salvação. João estava<br />

a trabalhar em conjunto com uma<br />

equipa (aquilo que te faz permanecer à<br />

tona é uma equipa). É muito importante<br />

saber que João tinha uma equipa com<br />

quem trabalhar. Eles intitulavam-se “os<br />

discípulos”. João era o líder. O seu ensino,<br />

as suas ideias, o seu estilo de vida, o<br />

seu caráter, tornava tudo importante para<br />

o grupo de amigos que era influenciado<br />

por João.<br />

A equipa visita, convida e reúne informação.<br />

Os discípulos de João visitavam<br />

as aldeias vizinhas, traziam-lhe notícias<br />

do povo sobre determinados eventos e<br />

até mesmo sobre o trabalho de Jesus,<br />

quando Ele começou a pregar e a realizar<br />

milagres. Quando tens uma equipa<br />

de amigos como esta, tens tempo para te<br />

preparar, tens tempo para orar. Eles trarão<br />

as pessoas até ti.<br />

Não penses que João recebeu esta<br />

equipa de amigos como um presente.<br />

Eles eram as pessoas com quem travava<br />

amizade. Qualquer jovem pode ter um<br />

tal grupo de amigos. Isso quer dizer que<br />

João não era uma pessoa estranha, um<br />

lobo solitário e alguém reservado. A sua<br />

amizade com estas pessoas demonstra-<br />

-nos que ele se envolvia com elas mas<br />

mantinha os seus valores. Ele tinha determinados<br />

princípios e um estilo de vida e<br />

amava em conformidade.<br />

O seu ensino, as suas ideias, o seu estilo de<br />

vida, o seu caráter, tornava tudo importante para<br />

o grupo de amigos que era influenciado por João.<br />

O EXEMPLO DE JOÃO VERSUS O<br />

EXEMPLO DE SANSÃO<br />

Sansão estava sempre a descer. Toda<br />

a história de Sansão gira em volta de<br />

um verbo específico: “descer”. Tal como<br />

João, Sansão nasceu como cumprimento<br />

de uma profecia. Os pais de Sansão<br />

confiaram na Palavra de Deus, mais do<br />

que Zacarias, o pai de João, confiou.<br />

Sansão é enviado e educado com muita<br />

atenção, e é treinado acerca da missão<br />

especial que Deus tem para ele. O que<br />

faz Sansão? Ele desceu várias vezes até<br />

aos Filisteus, aos seus jogos e raparigas<br />

imorais. Ele até casou com uma rapariga<br />

que mal conhecia. Os Israelitas precisavam<br />

de um libertador e Sansão foi chamado<br />

para ser o seu libertador, mas ele<br />

brincou com este compromisso. Ele desceu<br />

cada vez mais baixo até ao seu último<br />

dia, quando caiu debaixo das paredes<br />

do Templo, que ele próprio destruiu.<br />

27<br />

SENTIR<br />

JA


28<br />

SENTIR<br />

JA<br />

Sansão comeu um favo de mel retirado<br />

de cadáveres, para descer ainda mais<br />

baixo. Sansão comeu o mel só pelo divertimento<br />

de ver os corpos mortos que<br />

deixava para trás. Estava fascinado com<br />

o seu poder de matar leões, chacais e seres<br />

humanos. O mel era somente um dos<br />

seus troféus.<br />

João estava sempre no seu melhor.<br />

João permaneceu afastado das tentações<br />

e das atrações da multidão ruidosa.<br />

Ele nunca foi a um jogo de futebol, nunca<br />

fez apostas, nunca assistiu a concertos<br />

barulhentos. Ele nunca correu atrás<br />

dos belos corpos das mulheres imorais.<br />

Ele permaneceu com Deus, no meio da<br />

Natureza, onde podia observar as maravilhas<br />

da Criação divina e onde podia<br />

pregar a mensagem divina sem ser perturbado.<br />

João era um libertador, mais do<br />

que Sansão, porque ele compreendeu a<br />

sua missão. Ele tinha que pregar sobre<br />

o arrependimento e o Reino do Céu; ele<br />

também tinha que preparar o caminho<br />

para o Salvador.<br />

João comeu mel porque tinha princípios<br />

elevados. João tinha uma dieta muito<br />

simples e equilibrada, não pela aventura<br />

ou capricho, mas porque desejava<br />

preservar a clareza do seu pensamento<br />

e da sua missão. Ele nunca se vangloriou<br />

ou criou enigmas inspirado pelo seu<br />

menu. Ele simplesmente escolheu viver<br />

saudável e tranquilamente.<br />

O Único que podia descer mais baixo<br />

sem ficar manchado. É mau quando<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

descemos cada vez mais baixo, não pelo<br />

nosso desejo de nos isolarmos ou devido<br />

a um complexo de superioridade, mas<br />

porque não somos capazes de controlar<br />

as consequências e resistir às tentações.<br />

A única pessoa que podia descer até ao<br />

fundo, no meio dos pecados obscuros,<br />

sem ficar manchada, era Jesus. Ele era o<br />

Único que não podia ser manchado pela<br />

maldade sedutora. “E n’Ele não há pecado”<br />

(I João 3:5), enquanto que “todos<br />

pecaram e destituídos estão da glória de<br />

Deus” (Romanos 3:23).<br />

João decidiu não se rebaixar e sabia<br />

porquê. João não era uma pessoa selvagem<br />

e assustadora. Era “cabeça-dura”,<br />

atento ao poder do Diabo e ao poder do<br />

pecado. Ele decidiu, tal como Daniel, não<br />

baixar os seus padrões. João conhecia a<br />

verdade.<br />

Descer até ao fundo do poço não é um<br />

problema. Reerguer-se é um problema. É<br />

mais difícil escaparmos ao controlo do pecado<br />

e voltarmos para a misericórdia oferecida<br />

por Jesus Cristo do que cairmos no<br />

poço do pecado. Se alguém necessita de<br />

ouvir a Palavra de Deus, Ele conduzir-nos-<br />

-á até um lugar seguro para não termos<br />

que entrar num lugar comprometedor.<br />

Não precisamos de nos manchar para salvarmos<br />

os outros. Não necessitamos de<br />

desistir da nossa salvação para podermos<br />

salvar os outros. Jesus pagou o preço total.<br />

Nós só temos de preparar o Seu caminho,<br />

tal como João fez.<br />

1. Fala acerca de três lugares que um jovem não deveria frequentar, mesmo dirigindo-se<br />

até lá com uma missão.<br />

2. Conta ao grupo sobre uma pessoa que te tenha ajudado a crescer espiritualmente.<br />

Como é que ela conseguiu fazer isso?<br />

3. Quais são as áreas em que um jovem se assemelha a João, e quais são as áreas<br />

em que se assemelha a Sansão? Fala dessas áreas com o teu grupo.<br />

O QUE FAZER<br />

COM A<br />

A<br />

nossa vida é um painel colorido.<br />

Por vezes, as nuvens escuras estão<br />

espalhadas pelo céu azul, outras<br />

vezes, os campos verdes tornam-se castanhos<br />

por causa da seca. Podemos ter<br />

sucesso e vitórias agora, mas amanhã podemos<br />

caminhar pelo vale da escuridão e<br />

do desespero. O nosso coração pode estar<br />

pacífico agora, mas pode parecer que<br />

vai saltar para fora do nosso peito quando<br />

é ameaçado no segundo seguinte. Caminharão<br />

os fiéis pela mesma estrada? É<br />

possível que um homem de Deus se desencoraje?<br />

O que podemos fazer quando<br />

estamos sozinhos? Estas são algumas das<br />

questões que consideraremos e a que tentaremos<br />

responder hoje enquanto analisamos<br />

outra cena da vida de João Batista.<br />

DÚVIDAS<br />

João teve a coragem de defender Deus<br />

e de proclamar abertamente a verdade<br />

acerca da relação ilegítima em que He-<br />

E João, ouvindo no cárcere falar dos<br />

feitos de Cristo, enviou dois dos seus<br />

discípulos, a dizer-Lhe: És Tu Aquele<br />

que havia de vir, ou esperamos outro?<br />

rodes Antipas se encontrava. Por isso ele<br />

perdeu a sua liberdade. João sentiu-se<br />

cada vez mais desencorajado. Porque é<br />

que se sentia assim? Sentia-se infeliz por<br />

ter sido injustamente preso? Não encontramos<br />

em lado algum provas de que ele<br />

tivesse um espírito exigente. Se analisarmos<br />

o que Ellen G. White disse sobre este<br />

assunto, podemos constatar alguns fatores<br />

que conduziram João até ao vale da<br />

dúvida: “A vida de João tinha sido de trabalho<br />

ativo, e as sombras e a inatividade<br />

da prisão pesavam fortemente sobre ele.<br />

Ao ver passar semana após semana sem<br />

haver qualquer mudança, o desânimo e<br />

a dúvida foram-se subtilmente apoderando<br />

dele. Os seus discípulos não o abandonaram.<br />

Era permitida a sua entrada na<br />

prisão; levaram-lhe notícias das obras de<br />

Jesus, e contaram-lhe como o povo se<br />

aglomerava à Sua volta. Mas perguntavam<br />

por que razão, se esse novo mestre<br />

era o Messias, não fazia nada para que<br />

QUINTA<br />

Mateus 11:2 e 3<br />

29<br />

SENTIR<br />

JA


30<br />

SENTIR<br />

JA<br />

João fosse liberto? Como podia Ele permitir que o Seu fiel precursor fosse privado<br />

da liberdade e talvez da vida?<br />

Estas perguntas não deixaram de produzir efeito. Dúvidas que, pelo contrário,<br />

nunca teriam sido suscitadas, foram então sugeridas a João. Satanás regozijou-se<br />

ao ouvir as palavras desses discípulos e ao ver como elas angustiaram<br />

o mensageiro do Senhor. Oh! quantas vezes os que se julgam amigos de um<br />

homem bom, e anseiam mostrar a sua fidelidade para com ele, se demonstram<br />

os mais perigosos inimigos! Quantas vezes, em lugar de fortalecer a sua fé, as<br />

suas palavras deprimem e desanimam! Como os discípulos do Salvador, João<br />

Batista não compreendia a natureza do reino de Cristo” (O Desejado de Todas<br />

as Nações, ed. Pub. SerVir, pp. 169 e 170).<br />

Inevitavelmente, existem algumas coisas que fazem a natureza humana<br />

tremer. Primeiro, é bem conhecido o facto de o ambiente em<br />

que vivemos influenciar bastante a nossa disposição. João tinha<br />

sido retirado do meio da Natureza e trazido para uma masmorra<br />

escura. Retirado de um espaço aberto, luminoso e vivo, ele foi<br />

levado para um espaço fechado, que também era insalubre.<br />

Mais do que isso, a falta de exercício físico conduz a um espírito<br />

abatido e à perda de uma atitude otimista, necessária para o<br />

bem-estar do ser humano. Consequentemente, o ambiente e a<br />

falta de exercício conduziram João ao desespero.<br />

As discussões que João tinha com os seus discípulos ainda<br />

pioraram mais a situação. E o facto de ele não compreender<br />

muito bem a missão do Messias também não ajudava. Os amigos<br />

podem ser muito úteis quando enfrentamos momentos difíceis.<br />

Mas no caso de João, as perguntas dos seus discípulos<br />

fizeram-no oscilar entre o desencorajamento e a dúvida. Poderia<br />

Jesus ser o Messias? Se Ele o era, porque é que não estava<br />

a agir para libertar aquele que Lhe preparou o caminho? Não<br />

é difícil compreender como é que os discípulos de João, neste<br />

caso, são os inimigos mais subtis a realizarem o trabalho do Diabo.<br />

Aconteceu o mesmo a Job algumas centenas de anos antes. Os<br />

seus amigos, que vieram animá-lo, tornaram-se instrumentos nas<br />

mãos de Satanás para desencorajarem o homem de Deus. E podemos<br />

ler sobre o mesmo assunto, antes da crucificação de Jesus:<br />

“Senhor, tem compaixão de Ti; de modo nenhum Te acontecerá<br />

isso” (Mateus 16:22). Pedro disse isto a Jesus porque não desejava<br />

que Ele fosse crucificado. Satanás tentou inspirar medo,<br />

utilizando os Seus inimigos, e dúvida, utilizando os Seus amigos.<br />

O facto de ele não compreender a natureza do Reino de Deus<br />

era outro fator que desencorajava João. Ele esperava que o Messias<br />

tomasse posse do trono de David, tal como os Judeus, e<br />

por isso parecia que as suas expectativas não eram satisfeitas.<br />

Deste modo, quando a realidade não correspondeu às suas expectativas,<br />

a alma de João oscilou entre o desencorajamento e<br />

a dúvida. Além disso, ele era permanentemente atacado pelos<br />

poderes das trevas, que faziam vacilar a sua fé: “Havia momentos<br />

em que as insinuações dos demónios torturavam o seu espírito e<br />

a sombra de um terrível temor se apoderava dele” (Idem, p. 170).<br />

Alguém pode, legitimamente, perguntar: Porque é que Deus permitiu que estas<br />

coisas sucedessem? Porque é que os grandes homens de Deus enfrentam desencorajamento<br />

e dúvida? Aconteceu o mesmo a Moisés (Números 20:1-12),<br />

a Elias (I Reis 19:9 e 10). E João enfrentou os mesmos desafios. João enviou<br />

dois discípulos para Lhe perguntarem: “És Tu Aquele que havia de vir, ou<br />

esperamos outro?” (Lucas 7:19; Mateus 11:3), para se certificar de que não<br />

estava enganado quando pensou que Jesus de Nazaré era “o Cordeiro de<br />

Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29). Que resposta deveria Jesus<br />

dar aos discípulos de João?<br />

CERTEZAS<br />

Os discípulos de João estão frente a Jesus, à espera de uma resposta:<br />

És Tu Aquele que havia de vir, ou esperamos outro? Jesus respondeu-lhes<br />

através das Suas palavras e ações. Enquanto fazia<br />

milagres, Ele respondeu-lhes o seguinte: “Ide e anunciai a João<br />

as coisas que ouvis e vedes; os cegos veem, e os coxos andam;<br />

os leprosos são limpos, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados,<br />

e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mateus 11:4<br />

e 5). A resposta dada a João continha a descrição do Reino que<br />

Jesus veio estabelecer. Se Jesus era misericordioso para com os<br />

necessitados e satisfazia as necessidades humanas, então isso<br />

significava que Ele não tinha esquecido aquele que tinha vivido<br />

para preparar o Seu caminho. Os discípulos de João viram as<br />

obras de Jesus e tornaram-se testemunhas que fortaleceram a fé<br />

daquele que os tinha enviado. Eles contaram a João o que tinham<br />

visto e ouvido. Assim, foram transformados de canais de dúvida<br />

para vasilhas de bênçãos. Era suposto eles testemunharem que<br />

Jesus era o Messias. Além disto, não existia qualquer outra certeza.<br />

Eles não tinham a certeza de que Jesus interviria para libertar João.<br />

João tinha que O aceitar e confiar n’Ele não se importando com<br />

qual seria o resultado da sua situação. Ter fé não significa compreender<br />

tudo. Significa permitir que Deus Se manifeste e opere em ti da forma<br />

que melhor se adeqúe. Ter a certeza da salvação e da orientação divina<br />

significa saber Quem Deus é.<br />

Se somos confrontados com muitas perguntas, os seguintes parágrafos<br />

podem dar-nos alguma luz a respeito do desenvolvimento<br />

da nossa fé:<br />

“Cristo nunca abandona aqueles por quem morreu. Nós podemos<br />

deixá-l’O, ao sermos esmagados pela tentação. Mas Cristo<br />

jamais pode deixar aqueles por quem pagou o resgate com a Sua<br />

própria vida. Se a nossa visão espiritual pudesse ser ativada, veríamos<br />

aqueles que estão curvados sob a opressão e carregados de<br />

aflição, oprimidos sob uma pesada carga, e prestes a perecer ao<br />

desencorajamento, e veríamos anjos a voar velozmente em auxílio<br />

desses tentados, forçando as legiões do mal, que os sitiavam, a<br />

retroceder, e colocando os seus pés sobre uma base bem firme. As<br />

batalhas entre os dois exércitos são tão reais como as travadas pelos<br />

exércitos deste mundo, e do resultado do conflito espiritual dependem<br />

destinos eternos.<br />

31<br />

SENTIR<br />

JA


32<br />

SENTIR<br />

JA<br />

Na visão do profeta Ezequiel, havia a<br />

aparência de uma mão sob as asas dos<br />

querubins. Isto deve ensinar aos servos<br />

de Deus que é o poder divino que dá sucesso.<br />

Aqueles a quem Deus emprega<br />

como Seus mensageiros não devem sentir<br />

que a obra do Senhor depende deles.<br />

Seres finitos não são deixados sozinhos<br />

a levar este fardo de responsabilidade.<br />

Aquele que não dormita, que está continuamente<br />

atento à Sua obra para a realização<br />

dos Seus desígnios, promoverá<br />

o Seu trabalho. Subverterá os propósitos<br />

dos ímpios, e levará a confusão aos conselhos<br />

dos que fazem planos contra o Seu<br />

povo. Aquele que é o Rei, o Senhor dos<br />

Exércitos, senta-Se entre os querubins. E<br />

no meio dos conflitos e tumultos das nações,<br />

continua a guardar os Seus filhos.<br />

Quando as fortalezas dos reis forem subvertidas,<br />

quando as setas da ira ferirem o<br />

coração dos Seus inimigos, o Seu povo<br />

estará seguro nas Suas mãos” (Profetas e<br />

Reis, ed. Pub. SerVir, pp. 118 e 119).<br />

Porquê duvidar? Cada um de nós é<br />

participante no grande conflito que está<br />

a abalar o Universo. Um dos efeitos deste<br />

conflito é sentirmo-nos sós, abandonados.<br />

Por essa razão é que temos de saber<br />

que Jesus está sempre perto de nós.<br />

Ninguém nos entende como Ele. Não importa<br />

quão grande seja a crise e não importa<br />

quão importante seja a nossa missão,<br />

temos que nos lembrar, uma e outra<br />

vez, de que Ele sabe tudo e que concluirá<br />

aquilo que nos confiou a fazermos.<br />

O QUE FAZER COM A DÚVIDA?<br />

A dúvida é uma das armas que o diabo<br />

tem utilizado desde o início do conflito no<br />

Céu. Ele utilizou-a com sucesso no Jardim<br />

do Éden. Está a utilizá-la para minar<br />

a autoridade de Deus e para destruir o<br />

nosso relacionamento com Ele. Habitualmente,<br />

a dúvida instala-se quando estamos<br />

sozinhos depois de um sucesso<br />

ou de um fracasso. É por essa razão que<br />

tentamos descobrir lições práticas na história<br />

de João Batista, para que essas nos<br />

ajudem na luta contra a dúvida.<br />

1. A importância de um estilo de vida<br />

saudável. Embora não estejamos<br />

presos como João Batista, os nossos<br />

hábitos podem trazer trevas à nossa<br />

vida. O ambiente onde vivemos e trabalhamos<br />

pode confundir-nos. Um<br />

espaço luminoso e limpo pode ajudar-nos<br />

a sermos felizes e mais competentes<br />

no nosso trabalho. O hábito<br />

de permitirmos que a nossa mente<br />

se demore em coisas positivas, altruístas,<br />

livres do ódio e do ciúme,<br />

ajudar-nos-á a conhecer a verdadeira<br />

liberdade. Sabemos que o exercício<br />

físico é bom não só para o corpo mas<br />

também para a mente. Um espírito<br />

alegre, uma mente sempre desperta,<br />

um otimismo saudável, facilitarão o<br />

desenvolvimento da nossa fé e ajudar-nos-ão<br />

a evitar a dúvida.<br />

2. É importante termos amigos fiéis e<br />

pedirmos o seu conselho, mas eles<br />

nunca devem ocupar o lugar de Deus.<br />

João teve um encontro real com<br />

Deus. Ele ouviu a Sua voz confirmar<br />

a identidade do Homem que tinha<br />

batizado e por isso é que as suas<br />

perguntas estavam em contradição<br />

com a afirmação divina. Deves rejeitar<br />

qualquer sugestão que traga dúvidas<br />

sobre uma certa verdade que te foi<br />

claramente revelada e compreender<br />

que foi o diabo que a lançou. Por vezes,<br />

parece que as coisas não são assim<br />

tão claras, não são brancas nem<br />

escuras, mas cinzentas. Vivemos num<br />

mundo cada vez mais confuso e a Palavra<br />

de Deus revela-nos a diferença<br />

e dá-nos uma direção e uma certeza.<br />

3. Deves saber aquilo em que acreditas,<br />

mas não deves acreditar que<br />

tudo o que sabes é verdadeiro. Os<br />

pensamentos de Deus são mais elevados<br />

do que os nossos. João sabia<br />

que o Messias estabeleceria o Reino<br />

de Deus e pregou acerca disso, mas<br />

ele não compreendeu que Jesus veio<br />

estabelecer o Reino de Deus no coração<br />

do povo. Precisamos de ver<br />

a profundidade das coisas e que as<br />

coisas espirituais são mais importantes<br />

do que as materiais.<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

1. Um dia alguém disse: “A dúvida é um dos maiores pecados.” Concordas, ou não?<br />

Explica porquê.<br />

2. O que é mais fácil de alimentar: dúvidas, fracasso ou sucesso? Explica a tua resposta.<br />

3. A solidão é a causa do efeito da dúvida?<br />

SUGESTÕES PARA ORAÇÃO:<br />

4. Quando estás confuso, permite que a<br />

tua mente se demore nos pensamentos<br />

de Deus. Houve momentos, na<br />

experiência de João, em que os anjos<br />

do mal sussurravam ao seu ouvido<br />

(O Desejado de Todas as Nações,<br />

ed. Pub. SerVir, p. 170), e só podiam<br />

ser expulsos pela Palavra de Deus.<br />

Quando és tentado, recorda versículos<br />

e promessas bíblicos, canta hinos<br />

e deixa o Espírito Santo controlar a<br />

tua mente.<br />

5. Dá crédito a Deus por todos os sucessos<br />

e apresenta-Lhe cada fracasso.<br />

João encontrava-se desencorajado<br />

e cheio de dúvidas depois de uma<br />

experiência de sucesso. O que poderia<br />

ter acontecido se ele fosse derrotado<br />

pelo diabo? É difícil dizer. Esta<br />

é a razão pela qual necessitamos de<br />

dar crédito a Deus por cada sucesso<br />

que alcançamos. Isso impedir-nos-á<br />

de cairmos e de nos tornarmos orgulhosos.<br />

Se falhámos, temos que o<br />

admitir e entregar o nosso coração e<br />

o nosso fracasso a Deus, pois a Sua<br />

misericórdia é maior do que qualquer<br />

fracasso nosso. Isto ajudar-nos-á a<br />

seguir em frente e dar-nos-á poder<br />

para prosseguirmos enquanto pensamos<br />

na vitória que Ele nos dará.<br />

1. Pensa nos membros da tua igreja que fizeram grandes coisas por Deus ultimamente<br />

e ora por eles.<br />

2. Escreve no teu diário alguns sucessos e fracassos que tenhas vivido até ao momento.<br />

Ora a Deus, em privado, e agradece-Lhe pelo teu sucesso e fala-Lhe abertamente<br />

acerca dos teus fracassos.<br />

33<br />

SENTIR<br />

JA


SEXTA<br />

João 3:30<br />

34<br />

SENTIR<br />

JA<br />

É necessário que Ele cresça e que eu diminua<br />

AJOELHAM-SE HERÓIS<br />

OS VERDADEIROS<br />

SEMPRE<br />

Estas palavras são normais num ambiente<br />

Cristão, na Igreja, mas foram<br />

pronunciadas por um homem que<br />

viveu num mundo como o nosso, um<br />

jovem que estava disposto a enfrentar a<br />

vida e a repetir estas palavras, o que as<br />

torna especiais e até mesmo estranhas.<br />

Estamos tão habituados a personagens<br />

com poderes: o Super-Homem, o Homem<br />

Aranha, os X-Men. Todas estas super-pessoas<br />

estão a tentar ser homens simples.<br />

São todos heróis, todos salvam alguém, e,<br />

por vezes, mesmo o Planeta inteiro, e são<br />

todos felicitados por isso. Isto é normal ou<br />

não? Para respondermos a esta pergunta,<br />

temos que descobrir se vivemos num<br />

mundo normal.<br />

UM MUNDO NORMAL É UM MUNDO<br />

DEVOTO<br />

“E Ele lhes disse: Os reis dos gentios<br />

dominam sobre eles, e os que têm autoridade<br />

sobre eles são chamados benfeito-<br />

res” (Lucas 22:25). É normal que aqueles<br />

que governam e nem sempre são bondosos<br />

e justos sejam chamados benfeitores,<br />

mesmo quando não fazem aquilo<br />

que está correto? Isto é uma anormalidade,<br />

o que demonstra que vivemos num<br />

mundo no qual os valores foram derrubados.<br />

Como é um mundo normal?<br />

“Mas não sereis vós assim; antes, o<br />

maior entre vós seja como o menor; e<br />

quem governa, como quem serve” (v.<br />

26). Podemos ver aqui um vislumbre de<br />

um mundo maravilhoso, um mundo onde<br />

alguém gostaria de viver e de ter regras<br />

porque elas querem o melhor para ti, não<br />

para elas. Jesus não só pregou sobre estes<br />

aspetos celestes, mas viveu de acordo<br />

com eles.<br />

“Pois, qual é maior: quem está à mesa,<br />

ou quem serve? Porventura não é quem<br />

está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou<br />

como aquele que serve” (v. 27). Como<br />

podes ver, João Batista compreendeu<br />

que existe um mundo normal, onde deves<br />

diminuir para que a pessoa ao teu lado<br />

possa crescer. Nesse mundo, isso é algo<br />

normal. Ele compreendeu e viveu em conformidade<br />

com isso. Assim, ele mostrou-<br />

-nos que é um cidadão deste mundo.<br />

CIDADÃO NO MUNDO NORMAL DE<br />

DEUS<br />

Não era de todo fácil. As coisas eram<br />

as mesmas naqueles dias: quem tinha<br />

mais amigos, quem era o mais famoso,<br />

qual era a opinião que contava? João era<br />

seguido por uma enorme multidão de<br />

pessoas que o ouviam atentamente, mesmo<br />

quando ele as admoestava. Até tinha<br />

discípulos. Isso significa que ele deixou<br />

para trás uma escola com o seu nome. O<br />

número dos seus seguidores aumentava,<br />

mostrando às pessoas que ele era um líder<br />

de sucesso. Mas, um<br />

dia, o número dos seus<br />

seguidores começou a diminuir,<br />

porque apareceu<br />

Alguém em cena. O teste<br />

da vida eterna de João<br />

surgiu inesperadamente:<br />

“E foram ter com João, e<br />

disseram-lhe: Rabi, Aquele<br />

que estava contigo além<br />

do Jordão, ao Qual tu<br />

deste testemunho, ei-l’O<br />

batizando, e todos vão ter<br />

com Ele” (João 3:26). Isto<br />

é um assunto sério, não achas?<br />

Um “amigo” sugeriu-lhe algo: Tu ajudaste-O,<br />

promoveste-O e agora Ele está<br />

a roubar os teus amigos. O que é que<br />

vais fazer? Luta contra Ele para seres<br />

“fixe”, para te rodeares de pessoas que<br />

te ouvirão a ti e não a Ele.<br />

“Quando estou sozinho, posso assegurar-me<br />

de que sou uma pessoa muito humilde.<br />

Então, quando alguém é elogiado,<br />

há uma voz a reclamar dentro de mim que<br />

não é nada humilde” (John Ortberg).<br />

João ouvia. Eles eram todos seus amigos.<br />

Todos eles o tinham seguido, estavam<br />

todos interessados na sua reputa-<br />

Não podes<br />

pregar acerca de<br />

Jesus enquanto<br />

quiseres<br />

evidenciar-te<br />

como pregador.<br />

ção e tinham todos desejado o seu bem.<br />

Como é que ele não poderia ouvi-los?<br />

Como é que poderia não acreditar neles?<br />

Como é que se recusaria a assumir a sua<br />

posição? João ainda encontrou o poder<br />

de responder com a seguinte afirmação<br />

esmagadora: “É necessário que Ele cresça<br />

e que eu diminua.” João ajoelhou-se<br />

como um verdadeiro líder do mundo futuro<br />

e, ao fazê-lo, conquistou tudo.<br />

Quando alguém se sacrifica, quando<br />

alguém entrega a sua posição e importância<br />

a outro, esperaríamos que a outra<br />

pessoa ficasse grata, escrevesse uma<br />

carta de agradecimento, entregasse um<br />

diploma, fizesse uma declaração na televisão,<br />

viesse visitar o outro. Nada disto<br />

aconteceu neste caso.<br />

Depois do batismo de Jesus, João e<br />

Jesus nunca mais se encontraram. Os<br />

discípulos de João aban-<br />

donaram-no quando ele foi<br />

preso em Jerrod. Apenas<br />

alguns amigos leais conti-<br />

nuavam a trazer-lhe “más<br />

notícias”. Cada má notícia<br />

era como uma seta para<br />

João. Contudo, João decidiu<br />

sair de cena depois de<br />

cumprir a sua missão.<br />

Ele podia ter resistido;<br />

podia ter continuado a<br />

ser uma pessoa grande e<br />

importante. João podia ter<br />

atualizado o seu estilo e podia ter pregado<br />

no meio das multidões nas cidades,<br />

tal como fazia antes. Mas ele fez algo incrível:<br />

Começou a diminuir propositadamente,<br />

para que Jesus pudesse crescer<br />

aos olhos do povo, na importância da<br />

Sua missão, no Seu poder de influência.<br />

Ele já não pregava muito, já não aparecia<br />

muito, já não juntava multidões ao seu redor.<br />

Ele tornou-se cada vez mais pequeno,<br />

até desaparecer.<br />

Ele não somente ajudou a aumentar a<br />

imagem e a importância de Jesus, mas<br />

também trabalhou no desvanecimento<br />

da sua própria imagem.<br />

35<br />

SENTIR<br />

JA


36<br />

SENTIR<br />

JA<br />

Quando queres ajudar alguém a crescer,<br />

deves diminuir.<br />

Não podes pregar acerca de Jesus enquanto<br />

quiseres evidenciar-te como pregador.<br />

Ou as pessoas veriam e ficariam<br />

impressionadas com Jesus, ou seriam<br />

impressionadas por ti e guardariam a tua<br />

imagem na sua mente.<br />

JOÃO SABIA A QUEM TINHA CEDIDO O<br />

SEU LUGAR<br />

João humilhou-se a si mesmo. Ele entregou<br />

a Outro o seu lugar e a sua honra.<br />

Imagino que os seus amigos lhe tenham<br />

dito: “Vês, eles foram todos ter com Jesus<br />

e agora estás sozinho. Mais tarde vais<br />

ser levado, aprisionado e decapitado. Ele<br />

não te libertará. Ele não fará nada por ti.<br />

Ou talvez faça alguma coisa. Talvez viva<br />

Terás que decidir<br />

entre ser fixe, estar no<br />

centro das atenções,<br />

ou ser um Cristão,<br />

conquistador de<br />

joelhos, exaltando<br />

aqueles que te<br />

rodeiam.<br />

de acordo com o Seu próprio ensino.”<br />

“E houve uma batalha no Céu: Miguel<br />

e os Seus anjos batalhavam contra o<br />

dragão, e batalhava o dragão e os seus<br />

anjos” (Apocalipse 12:7). O que é que<br />

estava em jogo? Porque é que Ele lutava<br />

contra o dragão? Encontramos a resposta<br />

na Bíblia: “E tu dizias no teu coração:<br />

Eu subirei ao Céu, acima das estrelas de<br />

Deus exaltarei o meu trono, e no monte<br />

da congregação me assentarei, da banda<br />

dos lados do norte. Subirei acima das<br />

mais altas nuvens, e serei semelhante ao<br />

Altíssimo” (Isaías 14:13 e 14). Aqui está o<br />

alvo: subir, trono, altas nuvens. Assemelha-se<br />

tanto ao nosso mundo, com todos<br />

os modelos que os meios de comunicação<br />

nos oferecem. É daqui que surgem<br />

todas as “super” palavras – aranha, X-Men<br />

– que pretendem ensinar-nos a sermos<br />

egoístas, narcisistas, preparados a pisar<br />

as pessoas só para sermos aclamados<br />

vencedores, tal como eles.<br />

Mas, pelo que é que Cristo lutava? Pelo<br />

trono? Não, porque o trono já era Seu.<br />

Então, pelo quê? Vamos ler Filipenses<br />

2:6 e 7: “Que, sendo em forma de Deus,<br />

não teve por usurpação ser igual a Deus,<br />

mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando<br />

a forma de servo, fazendo-Se semelhante<br />

aos homens.”<br />

O nosso Salvador tomou a forma de<br />

um servo e lutou pelo Seu direito de Se<br />

tornar no nosso servo. Podemos ler sobre<br />

a primeira vez que o Grande Herói<br />

Se ajoelhou: “Jesus, sabendo que o Pai<br />

tinha depositado nas Suas mãos todas as<br />

coisas, e que havia saído de Deus e ia<br />

para Deus, levantou-Se da ceia, tirou os<br />

vestidos, e, tomando uma toalha, cingiu-<br />

-Se. Depois, deitou água numa bacia, e<br />

começou a lavar os pés aos discípulos,<br />

e a enxugar-lhos com a toalha com que<br />

estava cingido” (João 13:3-5).<br />

Aqui está a segunda vez que Ele Se ajoelhou<br />

e lutou contra o dragão: “Humilhou-<br />

-Se a Si mesmo, sendo obediente até à<br />

morte, e morte de cruz” (Filipenses 2:8).<br />

Podemos ver a terceira vez que Ele Se<br />

ajoelhou: na cruz. Esta foi a mais difícil.<br />

Mas conquistou tudo através dela, como<br />

um verdadeiro herói do Novo Mundo.<br />

Eis aquilo por que Jesus lutou: pelo<br />

Seu direito de Se tornar num servo, de<br />

lavar os nossos pés e de morrer, crucificado,<br />

pelos nossos pecados.<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

Esta guerra começou no Céu e ainda<br />

não terminou. Uma luta feroz decorre entre<br />

os dois: o mestre do egoísmo, do orgulho<br />

e da autoexaltação e o Mestre do<br />

sacrifício próprio, da humildade e da Cruz.<br />

As pessoas de todas as eras e lugares<br />

escolhem por qual dos mestres desejam<br />

lutar. De um lado temos o mundo com os<br />

novos modelos que subjugam os outros<br />

através da violência e de artimanhas, do<br />

outro lado estão as testemunhas do Todo-<br />

-Poderoso, tal como João Batista, que nos<br />

demonstrou como os verdadeiros conquistadores<br />

ganham o coração, aqueles<br />

que se ajoelharam para poderem exaltar<br />

as outras pessoas.<br />

Encontramos textos sobre o mestre deste<br />

mundo, o qual engana a todos: “Porque<br />

o diabo desceu a vós, e tem grande ira,<br />

sabendo que já tem pouco tempo” (Apocalipse<br />

12:12).<br />

Sabemos que Cristo é “manso e humilde<br />

de coração” (Mateus 11:29). Ele não<br />

veio para ser servido, mas para servir. Escolher<br />

um estilo de vida significa escolher<br />

entre os dois mestres.<br />

Um dia, o teste da vida eterna surgirá<br />

inesperadamente. Terás que decidir entre<br />

ser fixe, estar no centro das atenções,<br />

ou ser um Cristão, conquistador de joelhos,<br />

exaltando aqueles que te rodeiam.<br />

Existirão palcos: um para o mundo, onde<br />

encontraremos um só lugar, o lugar do<br />

perdido, o teu lugar; e outro, o palco de<br />

Cristo, onde todos os que se ajoelharam<br />

para exaltarem os outros, tal como fez o<br />

Salvador, se enquadrarão.<br />

Tens de escolher.<br />

1. Recorda uma pessoa que ajudaste a tornar-se conhecida e importante, entre os<br />

teus amigos, e que te ignorou assim que se tornou “alguém”. Como te sentiste? O<br />

que te magoou mais?<br />

2. Porque pensas que Jesus não visitou João na prisão? O que pensas que poderia<br />

ter acontecido se Jesus tivesse visitado João na prisão?<br />

3. Quais são os sinais do orgulho? Como é que podem ser detetados?<br />

37<br />

SENTIR<br />

JA


2º SÁBADO<br />

38<br />

SENTIR<br />

JA<br />

“AQUELE QUE VEM<br />

APÓS MIM É MAIS<br />

PODEROSO<br />

DO QUE EU”<br />

Alguma vez assististe a um concerto?<br />

Alguma vez viste um concerto<br />

na televisão? Alguma vez viste de<br />

quantos camiões, com material de palco,<br />

eles precisam e como é que são? Catorze<br />

camiões chegavam a um lugar antes dos<br />

concertos de Michael Jackson e doze antes<br />

dos concertos de Madonna. Existem<br />

várias dezenas de técnicos que preparam<br />

os concertos.<br />

João Batista tinha que preparar o maior<br />

“concerto” da história do Universo. Consegues<br />

imaginar a quantidade de trabalho,<br />

que visão, que poder e que responsabilidade?<br />

Tinha que afixar os cartazes, tinha que<br />

passar nas ruas com a caravana de publicidade<br />

e tinha que apresentar o Cordeiro<br />

de Deus, o Salvador do mundo.<br />

Ele tinha quase 28 anos. Esta era a idade<br />

em que deveria interessar-se por raparigas.<br />

Ele podia frequentar as discotecas,<br />

podia fazer parte de uma equipa de futebol<br />

da sua cidade (era o filho de alguém<br />

muito importante), e podia ter sido sacerdote.<br />

Mas ele escolheu ser diferente. Ele<br />

parecia ser uma pessoa rebelde, mas,<br />

apesar disso, até os maiores dirigentes o<br />

ouviam; ele tinha um comportamento estranho<br />

e uma língua dura, mas as pessoas<br />

procuravam-no; será que a sua excentricidade<br />

atraía as multidões? Será que o<br />

povo necessitava de alguém que fosse<br />

direto e não falasse com rodeios quando<br />

queria dizer alguma coisa?<br />

Não conhecemos a razão, mas João<br />

tinha sempre pessoas à sua volta. Pessoas<br />

diferentes visitavam-no sempre. Ele<br />

tinha apenas uma ocupação, nomeadamente,<br />

pregar.<br />

Ele tinha a sua própria equipa, que se<br />

intitulava “os discípulos”.<br />

Todos os que o ouviam, todos os seus<br />

amigos e até os estrangeiros, acreditavam<br />

que ele era o maior profeta de todos os<br />

tempos. Ele era o segundo Elias, mas não<br />

realizava milagres. Ele era direto, aberto e<br />

não se inibia de proclamar a verdade.<br />

Se tivesse desejado, podia ter criado o<br />

seu próprio reino. Alguns chamavam-no<br />

Messias, o Libertador.<br />

Era um líder, uma pessoa<br />

interessante, sabia<br />

como captar a atenção<br />

do público, sabia coordenar<br />

um grupo de discípulos,<br />

era respeitado<br />

e era temido pelo povo.<br />

Poderia ter-se autoproclamado<br />

Messias e o<br />

povo tê-lo-ia seguido.<br />

João estava sempre<br />

a olhar por cima do ombro,<br />

como se esperasse<br />

por Alguém, como se<br />

não fosse o único que<br />

deveria vir e falar com o<br />

povo. Ele comportava-<br />

-se como uma pessoa<br />

cuja missão era preparar<br />

a atmosfera antes do concerto do<br />

convidado de honra.<br />

João estava a reparar os microfones;<br />

ele estava a colocar as luzes e as decorações.<br />

Aqueles que o ouviam e observavam<br />

estavam confusos: nunca tinham ouvido<br />

e visto uma pessoa tão respeitada;<br />

ele, porém, parecia não ver a multidão.<br />

Os seus amigos reprovavam-no, pois a<br />

multidão queria proclamá-lo Libertador;<br />

contudo, ele ainda estava a arrumar as<br />

cadeiras, a varrer o chão, a aprontar a cortina<br />

e as luzes. Não era fácil para ele. Não<br />

era fácil receber toda a honra enquanto<br />

se comportava como qualquer outro empregado<br />

enviado para preparar o caminho.<br />

A multidão gostava dos seus discur-<br />

O povo<br />

interrogava-se:<br />

Quem é Esse<br />

que virá? O que<br />

fez Ele por João<br />

que só fala da<br />

Sua vinda?<br />

sos e pensava que eram únicos, mas ele<br />

falava de um Mestre maior. Já tinha um<br />

grupo de discípulos e muitos mais queriam<br />

inscrever-se nas suas aulas, mas ele<br />

apresentava tudo como simples mediações<br />

de preparação. Ele poderia ter tido<br />

servos; no entanto considerava-se como<br />

um servo que não era digno de tocar nas<br />

sandálias do seu Senhor.<br />

O MAIOR DILEMA<br />

Depois de tanta publicidade, de tantas<br />

recomendações diretas e indiretas,<br />

a multidão ficou furiosa.<br />

Eles indagavam e estavam<br />

ansiosos por conhecer<br />

Aquela Pessoa tão<br />

importante de Quem João<br />

estava a falar, Aquela com<br />

quem João não ousava<br />

comparar-se.<br />

João era como ouro e<br />

todos desejavam adorá-lo.<br />

Mas ele tornou-se vidro,<br />

um material transparente,<br />

para que o povo não pudesse<br />

vê-lo. Era simplesmente<br />

a moldura para o<br />

personagem verdadeiramente<br />

importante: O Verdadeiro<br />

Personagem.<br />

Não havia nada tão importante<br />

e tão precioso para este jovem<br />

como a chegada d’Aquele que deveria vir.<br />

Perguntas:<br />

O povo interrogava-se: Quem é Esse<br />

que virá? O que fez Ele por João que só<br />

fala da Sua vinda? O que fez Ele para ter<br />

um poder sobre João (se realmente teve<br />

algum poder sobre ele)? João era habitualmente<br />

uma pessoa rude, mas porque<br />

é que estava radiante, porque é que se<br />

tornou gentil como uma criança e tímido<br />

como um adolescente que foi convidado<br />

para o casamento do seu amigo quando<br />

falava d’Aquele que viria?<br />

Os dirigentes estavam nervosos e interrogavam-se:<br />

Se João, que é tão pode-<br />

39<br />

SENTIR<br />

JA


40<br />

SENTIR<br />

JA<br />

Estar atento à tua missão. Serás<br />

capaz de não reclamar para ti<br />

mesmo a glória e a posição que<br />

outra pessoa merece quando<br />

compreenderes claramente aquilo<br />

que Deus quer de ti.<br />

roso, diz que não é importante em comparação<br />

com aquele que virá, quem será<br />

essa Pessoa? O que fará o povo quando<br />

Ela chegar? Seria tão importante que os<br />

líderes perderiam a simpatia e o respeito<br />

do povo? Perderiam a atenção que tanto<br />

lhes tinha custado a conquistar? Estavam<br />

bastante nervosos.<br />

João retratava uma imagem maior do<br />

Messias, que podia ser vista à distância,<br />

e o pintor tornava-se invisível em comparação<br />

com a sua obra de arte. Ele clamou<br />

com todo o seu poder: Por favor, sejam<br />

pacientes! Prestem atenção! Este não é<br />

o momento alto do espetáculo e o Ator<br />

principal ainda não chegou. Ainda não<br />

viram, nem ouviram nada importante. Só<br />

testei o som. A partir de agora começa o<br />

verdadeiro concerto. Preparem-se para O<br />

aplaudir.<br />

Para poderes admitir que não és o<br />

maior, necessitas das seguintes características:<br />

Humildade. A humildade é algo que<br />

gostamos de ver nos outros, mas não desejamos<br />

possuí-la. A humildade é como<br />

um vestido simples e incolor. Se vestires<br />

humildade a mais, não te destacarás, não<br />

serás elogiado, não serás admirado. Para<br />

poderes ser humilde precisas de não desejar<br />

ver o trono que foi preparado para<br />

ti; necessitas de te sentir indigno de uma<br />

tal honra.<br />

Estar atento à tua missão. Serás capaz<br />

de não reclamar para ti mesmo a glória<br />

e a posição que outra pessoa merece<br />

quando compreenderes claramente aquilo<br />

que Deus quer de ti.<br />

Respeito por Aquele que professas<br />

ser Maior do que tu. É fácil respeitares<br />

alguém mais velho do que tu. Podes<br />

facilmente respeitar um professor. É fácil<br />

admirares um ator famoso. Também<br />

admiramos os nossos pais. Mas é difícil<br />

admirar alguém que tem metade da tua<br />

idade, um desconhecido. Isto significa<br />

entregar a outra pessoa a tua glória e a<br />

apreciação. É perfeitamente normal per-<br />

guntares: Será que vale a pena? E se a<br />

pessoa de quem gosto me trair ou desiludir?<br />

Quem é que pode garantir-me de que<br />

não farei figura de tolo quando o/a promover?<br />

João respeitava Jesus. Tinha visto a<br />

Sua sabedoria, grandeza, profundidade<br />

e dedicação à salvação deste mundo.<br />

Ele não compreendia muitas coisas, mas<br />

respeitava-O.<br />

Justiça para aqueles que confiam em<br />

ti, que te dão importância. Precisas de<br />

respeitar aqueles que confiam em ti, para<br />

que não os enganes com promessas vãs,<br />

para não lhes dares a impressão de que<br />

és mais importante do que realmente és.<br />

João apreciava os seus ouvintes e nunca<br />

lhes transmitiu a impressão de que era<br />

outra pessoa, de que não era um mensageiro,<br />

uma voz que falava da Pessoa notável<br />

que viria. Não penses que João não<br />

seria tentado a pensar: Se eles acreditam<br />

que és o Messias, cala-te e faz-lhes a vontade,<br />

não foste tu que fizeste esta declaração,<br />

foram eles. Se surgirem problemas,<br />

só tens que fingir que não sabes do que<br />

eles estão a falar. As pessoas sempre enfrentaram<br />

a tentação de serem consideradas<br />

mais importantes do que são na verdade.<br />

João conseguiu controlar os seus<br />

pensamentos e a sua atitude. Sentia-se<br />

honrado pelo seu papel em oferecer a<br />

Salvação. Foi sobre ele que o Salvador<br />

disse: “Em verdade vos digo que, entre<br />

os que de mulher têm nascido, não apareceu<br />

alguém maior do que João Batista;<br />

mas, aquele que é o menor no reino dos<br />

céus é maior do que ele” (Mat. 11:11).<br />

MANTER UM PERFIL BAIXO<br />

Posso sempre sentar-me no banco traseiro.<br />

Há pessoas que podem fazer observações<br />

sobre o que fazemos. Há pessoas<br />

que ofuscam os nossos pensamentos, a<br />

nossa visão e o nosso caminho. Todos<br />

temos amigos, parentes que parecem lançar<br />

nuvens sobre nós sempre que nos encontramos.<br />

Por vezes, embora estejamos<br />

conscientes daquilo que nos acontece,<br />

41<br />

SENTIR<br />

JA


42<br />

SENTIR<br />

JA<br />

sentimo-nos impotentes quando temos<br />

que eliminar a má influência que exercem<br />

sobre nós. Cabe-nos a nós decidir se desejamos<br />

ser livres ou permanecer sob a<br />

influência negativa dos outros.<br />

SOB A LUZ DE OUTRO<br />

Se posso sentar-me no banco traseiro,<br />

posso escolher viver a minha vida sob a<br />

luz de outra pessoa (a luz de Jesus). Se<br />

Satanás só traz sombra e nuvens escuras,<br />

não importa se estás à sua frente ou atrás<br />

dele; no que diz respeito a Deus as coisas<br />

são diferentes. Perante Ele, sob as Suas<br />

PERGUNTAS PARA DEBATE:<br />

pegadas, perto d’Ele tudo é luz. Ele lança<br />

luz sobre nós. Ilumina os nossos passos.<br />

Torna-me importante para poder ter o meu<br />

próprio matiz, personalidade e caráter.<br />

Caminhar junto a Deus significa que Ele<br />

deseja que eu viva na Sua luz, para poder<br />

mostrar a minha vida ao mundo, mostrar<br />

aos outros os valores que Ele coloca no<br />

meu coração. Deus nunca lançará sombra<br />

sobre nós, porque Ele está rodeado de luz<br />

e porque a Sua sombra é luz.<br />

AQUELE QUE VEM DEPOIS DE MIM<br />

PROTEGE-ME<br />

Quando Jesus caminha atrás de alguém,<br />

essa pessoa sentir-se-á protegida,<br />

apoiada, defendida.<br />

Se Ele caminha atrás de mim, quer dizer<br />

que tenho que caminhar retamente.<br />

Se me é concedida a honra de caminhar<br />

diante de Jesus, preciso de ser responsável.<br />

Tenho que compreender que<br />

Ele verá os meus passos e que devo caminhar<br />

retamente. A Sua luz mostrar-me-<br />

-á o caminho e aqueles que seguem atrás<br />

caminharão num caminho reto, porque<br />

Jesus está atrás de mim.<br />

Podemos ler a declaração de Paulo:<br />

“Sede meus imitadores, como eu sou de<br />

Cristo” (I Coríntios 11:1).<br />

O facto de Ele seguir atrás de mim e reparar<br />

certos erros e falhas deveria dar-me<br />

o poder para ser mais ousado.<br />

Não existe maior alegria do que saber<br />

que Deus caminha atrás de<br />

nós e lança fora a escuridão,<br />

o medo, os inimigos, as faltas<br />

e a errância. Diante de Deus<br />

há verdadeira vida.<br />

1. Fala aos outros acerca da pessoa que estava atrás de ti, que te lançou uma mão<br />

ajudadora a nível moral, emocional e material.<br />

2. Como é que uma pessoa se deveria parecer para não sentires que ela fez uma<br />

observação sobre ti?<br />

3. Quais seriam as dificuldades e aparentes desvantagens se Jesus caminhasse<br />

atrás de ti? O que aconteceria se caminhasses atrás d’Ele?<br />

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5 a 8 de abril<br />

Acampamentos<br />

Regionais<br />

22 a 29<br />

de julho<br />

Acnac Tições<br />

Encerramento das inscrições para as atividades de verão<br />

25 de junho – Final das inscrições para o Acampamento Nacional de Tições<br />

9 de Julho – Final das inscrições para os Acampamentos Nacionais de Desbravadores,<br />

Companheiros e Impacto<br />

27 de agosto – Final das inscrições para o Acampamento Nacional de Rebentos<br />

30 de julho a 8<br />

de agosto Acnac<br />

Desbravadores<br />

a i<br />

d<br />

t<br />

ida<br />

v<br />

es<br />

2012<br />

<strong>Juventude</strong><br />

<strong>Adventista</strong><br />

9 a 19 de agosto<br />

Acnac Companheiros<br />

7 a 9 de<br />

setembro<br />

Acnac Rebentos<br />

22 de agosto a 2 de setembro<br />

Impacto – Vila Real de Santo António<br />

União <strong>Portuguesa</strong> dos <strong>Adventista</strong>s do Sétimo Dia<br />

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