baixar em PDF - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial
baixar em PDF - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial
baixar em PDF - Coleção Aplauso - Imprensa Oficial
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
46<br />
era. Era dinheiro pequeno mesmo, para comprar<br />
bala, chocolate, essas coisas, eu ficava feliz.<br />
E eu tinha duas tias solteiras, aliás, solteironas,<br />
irmãs da minha mãe, minhas duas madrinhas –<br />
falo solteirona com a maior tranqüilidade, porque<br />
também sou solteirona, nunca casei, naquela época<br />
isso era um palavrão. Eram Margarida, a Guida,<br />
e a Maria Amélia, muito engraçada, espirituosa à<br />
beça, faleceu há muito t<strong>em</strong>po, que ficaram muito<br />
chateadas quando entrei para a televisão. As duas<br />
trabalhavam, eram, como é que se fala? aquelas<br />
pessoas que caíam na letra óóóóó, funcionárias<br />
públicas – a m<strong>em</strong>ória, vou te falar, depois dos 60<br />
anos fica uma desgraça.<br />
Minha tia Maria Amélia, quando adolescente,<br />
gostava de um primo chamado Rafael e eles ficaram<br />
noivos. Só me contaram isso quando eu já<br />
tinha bastante idade, naqueles t<strong>em</strong>pos ninguém<br />
contava as coisas da família para a gente. E aí,<br />
já de casamento marcado, um dia sai no jornal<br />
a notícia de que o Rafael, casado com fulana de<br />
tal, estava batizando um filho. Ele já era casado<br />
quando ficou noivo da prima,e a família ficou<br />
sabendo pelo jornal. Minha tia ficou pra morrer,<br />
sofreu porque gostava muito dele, nunca mais<br />
teve ninguém. Uma vez, vi os dois perto um do<br />
outro, já b<strong>em</strong> adultos, num hospital, e aquilo<br />
me tocou profundamente porque eu também