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Açores, EUA, Brasil: Imigração e Etnicidade - RUN UNL

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João João Leal<br />

Leal<br />

A segunda tem a ver com a emergência – histórica ou actual –<br />

de novas formas de etnicidade entre sectores da comunidade lusoamericana<br />

que se caracterizam por uma assimilação “por cima” à<br />

sociedade norte-americana. Estas novas formas de etnicidade, apesar<br />

de tudo relativamente minoritárias na primeira vaga migratória –<br />

com Frances Gracia, Mary Vermette e outros activistas a aparecerem<br />

como casos isolados – tenderão a ter uma papel mais destacado<br />

entre a segunda vaga migratória, em consequência quer do<br />

multiculturalismo dominante nos <strong>EUA</strong> – que favorece um movimento<br />

de incorporação na sociedade e cultura norte-americana compatível<br />

com o culto das raízes étnicas – quer de um conjunto de tendências<br />

políticas e culturais na terra de origem que favorecem a manutenção<br />

de laços entre Portugal e os diversos universos da “lusofonia”,<br />

incluindo aquilo que antes se apelidava de “comunidades<br />

portuguesas espalhadas pelo mundo”.<br />

Estas novas formas de etnicidade podem, por um lado, ser<br />

caracterizadas – como vimos atrás – como formas de “etnicidade<br />

simbólica”. Mas aproximam-se, por outro lado, daquilo que David<br />

Hollinger classificou de etnicidade pós-étnica ou de pós-etnicidade.<br />

Esta pode ser vista como etnicidade cosmopolita que “promove<br />

múltiplas identidades, enfatiza o carácter dinâmico e mutável de<br />

muitos grupos, e responde positivamente à necessidade de criar<br />

novas combinações culturais” (Hollinger 1995: 3-4). Em vez de<br />

identidades fixas, valoriza princípios de filiação voluntária, de<br />

flexibilidade e de consentimento, e em vez de uma perspectiva<br />

essencialista, valoriza uma perspectiva performativa da identidade<br />

(id.: 5-7).<br />

Vistas no seu conjunto estas tendências permitem regressar<br />

à questão do futuro da comunidade açoriano-americana, que<br />

começámos por evocar a propósito da 2ª geração. O que se<br />

parece esboçar aqui são um conjunto de respostas possíveis à<br />

questão do eventual declínio da comunidade tal como a conhecemos<br />

hoje. Uma concepção de cultura menos dependente da etnografia;<br />

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