Download Revista Louis Braille nº0. (.pdf, 563 KB) - acapo
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decisores políticos, educadores, formadores,<br />
encarregados de educação ou alunos, mantermos e<br />
exigirmos padrões elevados de qualidade na educação<br />
de crianças e de jovens com deficiência visual. A<br />
cegueira não pode, só por si, justificar a introdução de<br />
medidas facilitadoras do processo de estudo do aluno,<br />
medidas estas que, se nuns casos tentam encobrir<br />
carências da escola ao nível dos recursos técnicos e<br />
humanos especializados, em outros se explicam tãosomente<br />
pelo facto de professores, pais e até mesmo<br />
os próprios alunos estarem imbuídos da crença<br />
explicitada nos parágrafos anteriores, e que segundo a<br />
qual, a deficiência visual contamina outras<br />
capacidades, tornando o aluno menos preparado para<br />
acompanhar as aprendizagens da turma em que está<br />
inserido. A introdução destas medidas de discriminação<br />
positiva, desnecessárias e descabidas, tem vindo a<br />
comprometer seriamente o ingresso destes alunos com<br />
êxito em cursos de nível superior e no mercado de<br />
trabalho. Mais, estamos, no meu entender, a educar<br />
uma geração de alunos que, salvo boas e felizmente<br />
ainda umas quantas exceções, se encontra nivelada<br />
por baixo, acomodada, sem ter por referência padrões<br />
de exigência, de rigor e de perseverança.<br />
Sou da opinião que este não é um problema que afete<br />
apenas os alunos com deficiência visual, mas sim que<br />
se estende a todos os alunos quer tenham ou não<br />
algum tipo de necessidades especiais. Unicamente, e<br />
pelo facto das oportunidades de estudo e de trabalho<br />
disponíveis para as pessoas com deficiência visual<br />
serem substancialmente mais reduzidas, o impacto de<br />
uma cultura de menor exigência tem sobre elas<br />
maiores repercussões negativas.<br />
Por último, deixo-vos uma preocupação mas também<br />
um alerta que se prende com a difícil situação<br />
Ficha Técnica<br />
<strong>Louis</strong> <strong>Braille</strong><br />
económico-financeira que o País atravessa e que, no<br />
meu entender, não pode servir de pretexto para a não<br />
adoção de medidas tendentes à construção de uma<br />
sociedade verdadeiramente inclusiva, na qual as<br />
pessoas cegas ou com baixa visão participem de pleno<br />
direito, de forma autónoma e com igualdade de<br />
oportunidades. Tornar-se-á muito fácil, mas no meu<br />
entender de todo inaceitável, que se utilize a crise<br />
económica para justificar a não introdução de medidas<br />
e de soluções que tantas vezes não acarretam sequer<br />
quaisquer custos financeiros acrescidos. Estou certo de<br />
que todos nós, pessoas com deficiência, queremos dar<br />
o nosso melhor contributo para auxiliar Portugal a<br />
enfrentar e a superar este momento difícil, mas não<br />
podemos aceitar que se cave ainda mais o foço que<br />
nos separa da restante população no que concerne a<br />
nossa participação social.<br />
Ao longo deste editorial optei por me referir a três<br />
aspetos que, apesar de aparentemente avulsos,<br />
concorrem para a melhoria da qualidade de vida das<br />
pessoas com deficiência visual. Estou em crer que se<br />
adotarmos padrões de exigência elevados, de rigor, de<br />
empreendedorismo, de capacitação, se olharmos para<br />
as pessoas com deficiência como cidadãos de pleno<br />
direito, com algumas limitações mas também com<br />
muitas capacidades, se criarmos as condições que<br />
garantam a igualdade de oportunidades, nesse<br />
momento sim, estaremos a caminhar para uma<br />
sociedade verdadeiramente inclusiva.<br />
É esse caminho que <strong>Louis</strong> <strong>Braille</strong>, ainda que de forma<br />
humilde, pretende ajudar a desbravar. O restante,<br />
como disse acima, caberá a cada um de nós,<br />
individualmente ou em conjunto fazer. LB<br />
EDIÇÃO E SEDE ACAPO, Avenida D. Carlos I, n.º 126 9º andar 1200-651 Lisboa<br />
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REDAÇÃO Cláudia Vargas Candeias (claudiavargas@<strong>acapo</strong>.pt), Pedro Velhinho, Rodrigo Santos, Rúben Portinha<br />
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OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO | N.0 | 2011 |