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Emprego<br />
Empregar sem barreiras<br />
“Se a nossa sociedade é heterogénea, os nossos colaboradores<br />
também refletem essa diversidade”,<br />
afirma Susana Correia de Campos<br />
Por Cláudia Vargas Candeias<br />
Em 2006, o Grupo Jerónimo Martins e a ACAPO<br />
estabeleceram uma parceria que abriu portas a mais de<br />
30 pessoas com deficiência visual.<br />
“O trabalho é o fator mais forte e determinante de<br />
inclusão social”. A afirmação pertence a Susana<br />
Correia de Campos, Diretora de Relações Laborais e<br />
Responsabilidade Social Interna do Grupo Jerónimo<br />
Martins, e fundamenta a parceria que o Grupo<br />
estabeleceu, em 2006, com a ACAPO, com vista à<br />
integração profissional de pessoas com deficiência<br />
visual.<br />
Começando por integrar 15 colaboradores, o Grupo<br />
emprega hoje, ao abrigo desta parceria, 31 pessoas<br />
com deficiência visual, nas diferentes Companhias e<br />
em diversas funções. “Não sendo nós especialistas<br />
nesta matéria, o protocolo com a ACAPO serve para<br />
garantir que o fazemos bem”, justifica Susana Correia<br />
de Campos.<br />
A ACAPO, recorrendo às candidaturas rececionadas no<br />
Departamento de Apoio ao Emprego e Formação<br />
Profissional (DAEFP), assume o papel de mediador no<br />
processo de recrutamento, apresentando para cada<br />
oportunidade, os candidatos adequados. Tal função<br />
permite dar a conhecer um universo desconhecido<br />
pois, segundo a experiência do Grupo Jerónimo<br />
Martins, “nem sempre as pessoas com deficiência se<br />
dirigem aos processos de recrutamento. O que parece<br />
é que estas pessoas pensam que estão arredadas das<br />
condições normais de trabalho”, refere a responsável.<br />
E é neste domínio que a ACAPO intervém, dando a<br />
conhecer ao mercado que existem candidatos<br />
qualificados, e às pessoas com deficiência visual, uma<br />
7<br />
oportunidade de trabalho.<br />
Cinco anos decorridos, a parceria não podia ser mais<br />
bem sucedida. “Esta é uma experiência muito<br />
enriquecedora, não só para a empresa, mas para todas<br />
as equipas que trabalharam com estes colaboradores”,<br />
reforça Susana Correia de Campos. No entanto, recusa<br />
que o recrutamento de pessoas com deficiência se<br />
insira na política de responsabilidade social do Grupo,<br />
“Se a nossa sociedade é heterogénea, os nossos<br />
colaboradores também refletem essa diversidade. Por<br />
isso, isto é, simplesmente, política de recursos<br />
humanos. É uma atitude que qualquer empresa deve<br />
ter, numa sociedade evoluída e democrática, que não<br />
quer excluir”.<br />
“Motivados e Motivadores”<br />
<strong>Louis</strong> <strong>Braille</strong><br />
É deste modo que a Diretora de Relações Laborais e<br />
Responsabilidade Social Interna do Grupo Jerónimo<br />
Martins descreve os colaboradores com deficiência.<br />
“São pessoas que, uma vez criadas as condições para<br />
trabalharem, agarram a oportunidade de uma forma<br />
muito motivada”.<br />
Sónia Santos, 39 anos, é um desses exemplos. Entrou<br />
para o Grupo Jerónimo Martins, em 2006, na “altura<br />
certa”, conforme revela. Os horários exigentes e as<br />
deslocações constantes a que o anterior emprego a<br />
obrigavam, tornaram-se “inconciliáveis com a vida<br />
pessoal”. Por isso, este recrutamento não podia ter<br />
sido mais oportuno.<br />
Tal como 80% dos colaboradores integrados ao abrigo<br />
da parceria, foi colocada numa loja Pingo Doce, para<br />
exercer funções de atendimento telefónico com o<br />
objetivo de “auscultar as dúvidas, sugestões e<br />
reclamações dos clientes”.<br />
Porém, a sua elevada capacidade de trabalho foi<br />
reconhecida em pouco tempo. Bastaram pouco mais<br />
de dois meses para que a estas funções fossem<br />
acrescidas outras. “Tendo em conta que levei o meu<br />
computador portátil e tinha todas as ferramentas<br />
necessárias para trabalhar, foram começando a testar<br />
o meu potencial”.<br />
Assim, gradualmente, foi-lhe atribuída a<br />
responsabilidade de controlar algum economato e as<br />
reclamações dos clientes, passou a dar apoio em<br />
diversos serviços administrativos, ao nível da<br />
transcrição de documentos para suporte informático e<br />
pesquisa de conteúdos na Internet, e começou a ter<br />
também a seu cargo a gestão diária da distribuição de<br />
donativos alimentares por diversas instituições de<br />
solidariedade. Progressos que Sónia atribui a “alguma<br />
sorte” e ao “empenho que aplica em todos os projetos”<br />
mas sobretudo ao facto de “no Grupo não serem<br />
criadas barreiras, nem vedadas oportunidades”.<br />
Uma ideia partilhada e experienciada por Eduardo<br />
Sanca, 32 anos. Natural de Guiné-Bissau, Eduardo<br />
chegou a Portugal, em 2001, com um propósito:<br />
estudar.<br />
Com este objetivo no topo das suas prioridades,<br />
procurou formação na Associação Promotora de<br />
Emprego de Deficientes Visuais (APEDV) como<br />
OUTUBRO | NOVEMBRO | DEZEMBRO | N.0 | 2011 |